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1 A promoção da bientraitance O exemplo de uma pesquisa na Suíça italiana Carla Sargenti, Luisa Lomazzi, Rita Pezzati, Paola Ferrari, Stefano Cavalli VII Fórum Internacional de Saúde, Envelhecimento e Representações Sociais (FISERS) I Fórum Internacional de Violência e Maus-Tratos (FIVMT) Évora, 3 setembro 2014

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A promoção da bientraitance O exemplo de uma pesquisa na Suíça italiana

Carla Sargenti, Luisa Lomazzi, Rita Pezzati,

Paola Ferrari, Stefano Cavalli

VII Fórum Internacional de Saúde, Envelhecimento e Representações Sociais (FISERS)

I Fórum Internacional de Violência e Maus-Tratos (FIVMT)

Évora, 3 setembro 2014

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O nascimento do projecto

• O Departamento da Acçao Social e da Familia (DASF), através da solicitação da Pro Senectute, expressou ao Center of Competence on Aging do Departimento de Saúde da SUPSI a vontade de aprofundar o fenómeno do maltratamento na visão do pessoal que trabalha no lares de idosos.

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Gruppo di ricerca

• Luisa Lomazzi, Professora SUPSI e investigadora DSAN, Sociologa da organizações

• Rita Pezzati, Professora SUPSI e investigadora DSAN, Psicoterapeuta

• Carla Sargenti, Professora-investigadora DSAN, Enfermeira especialista clínico

• Paola Ferrari, Investigadora DSAN, Enfermeira professora de enfermagem

• Elisabetta Cortesia, Professora DSAN, Enfermeira especialista clínica

• Sarah Lou Beltrami, Investigadora DSAN, Antropologa

• Stefano Cavalli, Responsável CCA-SUPSI, Sociólogo

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Objectivo da investigação

• Encontrar e valorizar os elementos de bientraitance

presente na estrutura e apoiar o pessoal neste

percurso.

• Evidenciar os factores de risco de maltratamento

“ordinário” (na vida quotidiana).

• Identificar pistas formativas / organizativas de

melhoramento e oportunas estratégias de

promoção da bientraitance.

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Contexto no qual se situa a pesquisa

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Mendrisiotto

Tre Valli

Locarnese e Vallemaggia

Bellinzonese

Malcantone e Vedeggio

Luganese

Legenda: 80 pl 51- 80 pl < 50 pl

Amostra:

17 lares de idosos

Cantão Ticino

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Premissa metodologica

• O método escolhido do grupo de trabalho baseia-se em uma aproximação positiva/propositiva que permite valorizar o empenho dos operadores, no garantir uma elevada qualidade de vida dos idosos e identificar os âmbitos de possível melhoramento.

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Valores guia da pesquisa

• Respeito da pessoa, da sua dignidade, intimidade, da sua

reserva e da privacidade.

• Respeito da AUTO - DETERMINAçÃO.

• Respeito da segurança e da liberdade.

• Reconhecer a identidade da pessoa e seu projecto de

vida.

• Garantia de continuidade:

no acolhimento, acompanhamento e ambiente social

(família, relação com pessoas e ambientes significativos).

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Etapas metedológicas

1. OBSERVAçÃO ESTRUTURADA durante a actividade da vida quotidiana, dia e

noite, 15/18 horas

2. RECOLHA CERTIFICADA colaboradores presentes, dia e noite (finalizada a

recolha, representação e sensibilidade)

3. ANALISE DA DOCUMENTACAO informação sobre a estrutura, protocolo,

instrumentos de cura, etc.

4. ENCONTRO – TROCA DE INFORMAçÃO com os quadros institucionais (para

aprofundar os elementos emergentes e recolher posteriores informações)

5. ELABORAçÃO DE UM RELATÓRIO grelha resumida: elementos extraidos dos

documentos do lar, observação directa dos pesquisadores e ferramentas de

consulta em uso, elementos adicionais surgirão do encontro com os quadros e

elementos significativos que surgiram a partir da uma otra pesquisa sobre a

qualidade de vida

6. ENTREGA DOS RESULTADOS E SENSIBILIZAçÃO aos colaboradores.

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Bientraitance 1

• “… a bientraitance é considerada como um estado

de vigilancia dinâmica que associa, o olhar da

pessoa idosa, a história de vida, o contexto

pessoal e institucional que lhe valoriza a expressão

da sua vontade” (Duportet, 2010)

• «… conjuntos de atitudes e comportamentos

positivos baseados nos principios de respeito,

escuta, confiança, solicitude, boa cura,

acompanhamento e compaixão, agindo na

direcção de sujeitos vulneraveis, frágeis e

dependentes » (Péoc’h, 2011)

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Bientraitance 2

«A bientraitance nasce do equilíbrio permanente entre as

exigências mais individuais e personalizadas, a interpretação

dos mesmos e uma resposta institucional, operativa, pontual e

dinâmica. E somente no encontro e no respeito de tudo isto,

que emerge um verdadeiro e legitimo bem-estar».

(Anesm, 2008)

• Deve tornar-se uma responsabilidade mútua!

• È pluri-profissional e trans-porfissional

• È um conjunto de pequenos / grandes atenções, pouco

espetaculares, mas de extremo impacto, porque escritos na

relação e no encontro com o outro e na abertura do seu

caminho pessoal.

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Bientraitance 3

… è, a qualidade da presença nos momentos mais imprevistos

… è, na capacidade de abrir a maravilha do humano que esta no outro

… è, a força de acolher completamente uma recusa (tratamento,

animação)

… è, a capacidade de interrugar velhos hábitos e velhas práticas

… è, a atenção dada ao bem estar do ambiente

… è, a palavra retribuida como espaço dado ao outro

… è, a atenção dada aos gestos

… è, ouvir/sentir a solidão

….

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MAUS-TRATOS REGULARES

(Compagnon e Ghadi, 2009)

• È aquele tipo de maus-tratos que se insinuan de modo

imperceptivél nos gestos da vida quotidiana de uma

estrutura.

• È muito arriscado e tende a ser banalizado, porque

aparentemente invisível e por isso quase aceite

passivamente…

• È insidioso porque não se manifesta através de gestos

clamorosos e claramente definidos, MAS, através de

«pequenas»

negligências e distraçoes quotidianas…

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Reflexão sobre a noção do tempo

• Tempo de espera, tempo de sofrimento, tempo de

intimidade e o tempo da suspensão, e TEMPO do

OUTRO… dos dias que nao correm...

em uma TENSÃO constante com o tempo do

curante, da instituição, da organização

Exigência de sincronizar-se com tempo do

outro e de harmonizar!!!

E… de viver os espaços de tempo (mesmo se

pouco)

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MAUS-TRATOS REGULARES

Estas situações constituem um risco e um perigo

para o equipo (para a qualidade da assistencia e da

qualidade da vida de todos os actores), porque:

Podem ser interiorizadas pelos residentes como se

fossem (norma) e

Podem escapar ao pessoal de saude, porque

integrados como (prática institucional), ou

Interiorizado pelo pessoal de saude como uma

(boa prática)

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Reflexão sobre conceito de liberdade

AUTODETERMINAçÃO é possível vivê-la no lar?

Que espaços de liberdade individual somos capazes e prontos

a aceitar??

Até onde estamos dispostos e capazes de receber o SEU

MODO DE VER O MUNDO E A VIDA (lavar-se, levantar-se,

vestir-se, tomar o comprimido, no participar numa

actividade,…)

TREINAR A NOSSA FLEXIBILIDADE !

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ONDE JÁ CHEGAMOS ATÉ AGORA

A observaçao foi efectuada em mais de metade dos

lares de idosos com os seguintes primeiros resultados:

- O pessoal demonstrou interesse geral, na ocasião de

ajuda ao grupo de trabalho, quando da análise,

- Uma ocasião de ajuda ao grupo para analisar os aspectos

importantes do seu trabalho e sobre a qualidade de vida

da pessoa,

- Uma oportunidade de leitura e de valorização do percurso

de melhoramento dos vários contextos,

- Um apoio a direcção nos seus conhecimentos de

dinâmica organização, clinica e relacional.

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Obrigada pela atenção

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«Uma verdadeira viagem de

descoberta não é procurar mas ter

novas visões»

Marcel Proust

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Bibliografia

• Duportet, Bernard. 2010. Du concept de maltraitance à celui de bientraitance.

Soins Gérontologie, n°84, août 2010.

• Péoc’h, Nadia, Bientraitance et éthique du care. RSI, n°105, juin 2011.

• Compagnon Claire e Ghadi Véronique. 2009. La maltraitance «ordinaire» dans

les établissements de santé.

http://www.serpsy.org/actualites_2010/rapport_ghadi_compagnon_2009.pdf

• HAS, FORAP. Octobre 2012. Les principes de bientraitance: déclinaison d’une

charte. http://www.has-sante.fr/portail/jcms/c_1323996/fr/le-deploiement-de-la-

bientraitance.

• OMS. 2011. European report on preventing elder maltreatment. World Health

Organization, Regional office for Europa

http://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0010/144676/e95110.pdf

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