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A Provação pelo Fogo do Trabalho de cada Homem
Título original: The Trial by Fire of Every
Man”s Work
Por J. C. Philpot (1802-1869)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Abr/2017
2
P571
Philpot, J. C. – 1802 -1869 A provação pelo fogo do trabalho de cada homem / J. C. Philpot / Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 29p.; 14,8 x 21cm Título original: The Trial by Fire of Every Man”s Work 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230
3
"E, se alguém sobre este fundamento levanta um
edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira,
feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois
aquele dia a demonstrará, porque será revelada no
fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um."
(1 Cor. 3: 12,13)
Paulo pregou um evangelho de graça livre. A graça
soberana, livre e superabundante de Deus, revelada
na Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, foi a alegria
de seu coração e o tema de sua língua; e contra nada
o santo zelo que queimava em seu seio ardeu mais
veementemente do que contra qualquer perversão ou
adulteração deste puro evangelho. Foi com este
evangelho em seu coração, e com este evangelho em
sua boca, que ele saiu em diferentes lugares, como ele
foi guiado pelo Espírito abençoado, pregando Jesus
Cristo e salvação através de Seu sangue e justiça.
Deus possuía seu testemunho; o Espírito Santo
acompanhou a palavra com poder divino; e muitos
pecadores gentios, anteriormente adoradores de
ídolos, e abandonados a toda sorte de luxúria, foram
trazidos ao arrependimento para com Deus e fé no
Senhor Jesus Cristo.
Este foi o "fundamento" que ele, como um sábio
mestre construtor, instrumental e ministerialmente
colocou como ele fala, "Segundo a graça de Deus que
me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada
4
um como edifica sobre ele." (1 Cor 3:10). Paulo está
falando aqui não tanto do fundamento que Deus
colocou em Sião, embora isso esteja incluído, como
parte de seu próprio ministério. Deixe-me explicar
este ponto, pois algumas pessoas parecem confundir
o significado de Paulo aqui. Deus, na verdade, de Sua
própria boa vontade soberana, lançou um
fundamento sobre o qual a Igreja é construída. Este
fundamento é Seu próprio Filho querido, "a Rocha
das Eras", e contra a Igreja construída sobre este
fundamento as portas do inferno nunca
prevalecerão. Mas, quando um ministro prega este
evangelho da graça livre, quando ele apresenta o
Senhor Jesus Cristo como o único fundamento da
Igreja, então ele estabelece essa fundação
ministerialmente. Ele é assim, como diz o apóstolo,
"um operário cooperador de Deus" (1 Cor 3: 9); para
o mesmo fundamento que Deus colocou em Sião, ele
coloca instrumentalmente na alma de um pecador.
Mas, esta gloriosa obra, pela qual, por meio da
pregação de Paulo, os pecadores foram salvos, as
igrejas edificadas e glorificadas por Deus, levantaram
a inimizade de Satanás. Ele não podia suportar ver a
glória trazida a Deus e a salvação para o homem; e
por isso ele despertou homens errôneos para
perseguir o caminho de Paulo, a fim de adulterar este
precioso evangelho misturando com ele às vezes as
exigências ou o espírito da lei, às vezes os princípios
da filosofia pagã, às vezes adoração espúria. O
5
primeiro foi o caso das igrejas da Galácia; o segundo
com a igreja de Colossos.
O espírito legalista foi assim introduzido nas igrejas
dos Gálatas que motivou a escrita pelo apóstolo da
Epístola aos Gálatas, que será sempre um baluarte
contra um falso evangelho de Gálatas enquanto o
mundo continua. As coisas não eram tão ruins em
Corinto. Os crentes naquela cidade estavam muito
bem instruídos para receberem o falso evangelho que
os Gálatas receberam, pois foram "enriquecidos por
Ele em toda a palavra e em todo o conhecimento", e
não "ficaram atrás em nenhum dom" (1 Cor 1: 5-7). E
parece que os pregadores que seguiram Paulo eram,
pelo menos alguns deles, homens bons, pois o
apóstolo fala que seu trabalho ministerial foi
queimado, mas eles mesmos sendo "salvos, como
pelo fogo" (1 Cor 3:15).
Eles, portanto, em seu ministério não procuraram
trabalhar contra o fundamento de Paulo. Lá, eles e
Paulo concordaram plenamente.
Mas onde eles diferiam era sobre a superestrutura -
o edifício que deveria ser construído sobre o
fundamento. "Eu estabeleci o fundamento, e outro
constrói sobre ele." Então vem a prudência solene,
"Mas cada um tenha atenção como constrói sobre
ele". Estamos de acordo, diz Paulo, quanto ao
fundamento. Nenhum dos construtores que vieram
6
após mim se atreveu a interferir com a minha
fundação. Ele acrescenta então as palavras que às
vezes são mal compreendidas: "Porque ninguém
pode lançar outro fundamento, além do que já está
posto, o qual é Jesus Cristo." Isto significa, como eu
entendo, "Vocês, sábios e bem instruídos coríntios
não deveriam tolerar que um homem viesse a Corinto
e pusesse outro fundamento além daquele que foi
colocado entre vocês por minhas mãos, e não
deveriam ouvi-lo por um só momento, e aqueles que
vieram entre vocês sendo, como espero, bons
homens, não há nenhuma diferença ou disputa entre
nós e eles sobre o trabalho de fundação. A fundação
é muito segura. Mas, agora vem a questão quase não
menos importante, qual é a superestrutura que estes
homens têm construído sobre a minha fundação?
Isso é certo ou não é? Aqui podemos ser muito
diferentes, pois a superestrutura deve concordar com
e ser digna da fundação, ou deve estar em desacordo
e ser indigna dela.
Agora vamos ler o nosso texto na conexão como
explicado, e então vamos ver qual é o significado do
apóstolo nele. "E, se alguém sobre este fundamento
levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno, palha, a obra de cada um se
manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque
será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a
obra de cada um."
7
Ao olhar para estas palavras, então, e tentar, como o
Senhor possa permitir, abrir e colocar diante de vocês
o seu significado espiritual, eu, com a bênção de
Deus, e olhando para Ele para a força no corpo, alma
e espírito, esforçar-me-ei para mostrar:
1. Qual é o fundamento que Deus realmente e
verdadeiramente estabeleceu em Sião e o
fundamento que cada verdadeiro servo de Deus
estabelece ministerialmente na Igreja.
2. A superestrutura construída sobre este
fundamento, que pode ser ouro, prata, pedras
preciosas, ou madeira, feno, restolho.
3. De que tipo é o fogo que prova o trabalho de cada
homem.
I. Nosso primeiro ponto principal é mostrar a
FUNDAÇÃO sobre a qual a Igreja de Deus está. Aqui
somos chamados a ser muito claros, e não obscurecer
o conselho por palavras sem conhecimento.
Vamos ouvir, então, a própria palavra de Deus pela
boca de Seu profeta Isaías. "Portanto assim diz o
Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce
uma pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de
esquina, de firme fundamento; aquele que crer não
se apressará." (Isaías 28:16). Este fundamento não é
outro senão coigual e coeterno ao Filho de Deus.
Portanto, quando Pedro fez aquela nobre confissão:
8
"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", o Senhor Jesus
respondeu: " Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu,
Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que
to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois
também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do hades não
prevalecerão contra ela;" (Mateus 16: 17,18).
Tomemos por um momento a confissão de Pedro,
pois não é sobre Pedro que se edifica a Igreja de
Cristo, mas sim sobre o Filho de Deus; e não é sobre
a pessoa de Pedro ou do papa, mas sobre a confissão
de Pedro e a verdade nela expressa, que Cristo à
direita de Deus sempre edifica a Igreja. Na confissão
de Pedro há dois pontos, que separam e abraçam
juntos o Senhor Jesus.
1. Ele é, "o Filho do Deus vivo". Há Sua Deidade e
eterna Filiação.
2. Ele é "o Cristo", o Messias, o Ungido. Sua
humanidade está em união com a Deidade. Pois,
embora fosse Sua natureza humana que foi ungida
pelo Espírito abençoado, contudo foi assim, como em
união com Sua Deidade. Este, então, é o fundamento
que Deus colocou em Sião - a Pessoa do Senhor Jesus
como Deus-Homem Mediador, Emanuel, Deus
conosco.
Mas, o apóstolo fala como se tivesse lançado os
alicerces. "De acordo com a graça de Deus que me foi
9
dada, como um construtor sábio, eu estabeleci o
fundamento". Não há uma aparente inconsistência
aqui? Deus estabelece um fundamento e outro, um
homem? "Não", diz o apóstolo, "Porque nós somos
cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e
edifício de Deus." (1Cor 3: 9). Deus lançou o
fundamento na verdade, e lançamos o fundamento
ministerialmente. O apóstolo disse: Eu vim para
Corinto. O próprio Senhor me disse que tinha
"muitas pessoas" ali (Atos 18:10). Lá eu preguei Jesus
Cristo e Ele crucificado, pois desejei não saber mais
nada entre vocês. Deus abençoou a Palavra para suas
almas; “Porque a minha palavra e a minha pregação
não foram com palavras sedutoras da sabedoria
humana, mas na demonstração do Espírito e do
poder” (1 Cor 2: 4). Assim, ministerialmente,
pregando Cristo e Ele crucificado, coloquei o mesmo
fundamento na igreja de Corinto e em seus corações,
que Deus colocou em Sião. "Não há, então, nenhuma
contradição, mas uma harmonia abençoada de
propósito quando o servo de Cristo é um trabalhador
junto com Deus, colocando pela sua boca o mesmo
fundamento que Deus colocou por Suas mãos.
Mas, tenha sempre em mente que é uma coisa ouvir
deste fundamento e outra ser construído sobre ele. É
uma coisa ouvir de uma rocha, é outra estar de pé
sobre ela. Uma coisa é concordar com a verdade de
que há um fundamento posto por Deus em Sião, mas
é outra que sua alma seja ensinada e trazida por um
poder divino para descansar sobre esse fundamento.
10
O primeiro é teoria, o outro é fato; um é noção, o
outro é experiência; um é o ensino do homem, o
outro o ensino de Deus; uma, a religião que está na
carne, a outra uma religião que está no poder divino.
Agora, em que fundamento estamos de forma
natural? Ego. E que fundamento é esse? Areia.
Milhares, dezenas de milhares, centenas de milhares,
miríades de pessoas, não têm outro fundamento
além de areia! Uma areia movediça, um banco de
areia, um banco de lama - pobre miserável,
inconstante, falso e sem fé - sobre isso, eles se
encontram para enfrentar as ondas do juízo divino.
Agora, se nossa casa for construída sobre a areia, ela
deve cair quando a tempestade irromper; mas se a
nossa casa for edificada sobre uma rocha, ela
permanecerá inabalável em meio às tempestades que
assolam o mundo. Mas, como todos nós,
naturalmente, por ignorância e por autojustiça
construímos sobre a areia, devemos ser tirados de
um fundamento antes que possamos suportar o
outro.
E como isso pode ser feito? Que descrição Deus deu
do caminho pelo qual uma alma é trazida do próprio
fundamento arenoso para se erguer sobre a rocha de
Cristo! Leia, marque, digite e veja se você tem algum
conhecimento pessoal com ele. "Porquanto dizeis:
Fizemos pacto com a morte, e com o Seol fizemos
aliança; quando passar o flagelo trasbordante, não
11
chegará a nós;” - aqui está a segurança carnal aqui
está uma profissão vazia, aqui está uma religião que
está na carne - "porque fizemos da mentira o nosso
refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos"
(Isaías 28:15). E em sequência a isto vem a resposta
divina: ”Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que
ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra
provada, pedra preciosa de esquina, de firme
fundamento; aquele que crer não se apressará. E
farei o juízo a linha para medir, e a justiça o prumo;
e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas
inundarão o esconderijo. E o vosso pacto com a
morte será anulado; e a vossa aliança com o Seol não
subsistirá; e, quando passar o flagelo trasbordante,
sereis abatidos por ele.” (Isa 28.16-18).
Como o Senhor aqui revela a hipocrisia e o engano de
uma religião que está na justiça da criatura,
colocando como se fosse na boca de seus professantes
sua própria visão dela. Esta é então a sua linguagem,
"Nós fizemos uma aliança com a morte". A morte e
nós somos bons amigos. Por que precisamos então
temê-la então como um inimigo? Temos uma religião
para morrer. E temos um acordo com o inferno. Por
que então precisamos temer o inferno? Nossa
religião certamente nos livrará de descer à cova; e
nossa própria justiça certamente nos dará uma
entrada na porta do céu. Sim, embora o próprio Deus
declare que é um refúgio de mentira, mas tendo-se
refugiado uma vez nela, estamos bem satisfeitos com
12
ela, e não queremos ser expulsos dela; e embora sob
a falsidade nós nos escondemos, contudo nós
preferiríamos tomar nossa possibilidade e viver e
morrer nela do que sofrer a dor e o incômodo de ser
expulso dela. Tal é o homem, tal a sabedoria da
carne; tal é toda a religião da criatura, tal o orgulho e
a obstinação do coração humano; tal a inimizade
mortal da mente carnal contra a salvação pela graça,
que mais cedo morreria e seria condenado a seu
modo; que viver e ser salvo no caminho de Deus.
Mas, o Senhor deixará Seu povo viver e morrer
nesses falsos refúgios? Ele mesmo responderá à
pergunta. "E farei o juízo a linha para medir, e a
justiça o prumo; e a saraiva varrerá o refúgio da
mentira, e as águas inundarão o esconderijo." (Isaías
28:17). Essa é a maneira de Deus de tirar a alma do
fundamento arenoso do ego, preparando-a para ser
edificada sobre a Rocha das Eras. A figura empregada
é aquela de um construtor que trabalha com linha e
prumo, e ao aplicá-lo à parede detecta
imediatamente o menor desvio da perpendicular.
O que corresponde a isso na graça? A aplicação da lei
à consciência, aquela lei santa, inflexível,
condenadora que exige amor perfeito a Deus e ao
homem. Isso é colocar o juízo na linha e a retidão no
prumo, pois a lei é tão rigorosa e tão infalível ao
detectar o menor desvio de seus comandos quanto a
linha detecta o menor desvio da perpendicular. E o
13
que se segue? A tempestade da indignação de Deus
contra a transgressão desta santa lei. "O granizo
varrerá o refúgio da mentira, e as águas
transbordarão o esconderijo". A ideia é de uma
pessoa se refugiando em vão da tempestade e do
granizo, que naqueles países era muitas vezes
composto de grandes pedaços de gelo, e a tempestade
e o granizo derrubando o abrigo, e o dilúvio
afogando-os e os colocando para fora de seu
esconderijo.
Esta tempestade de trovões e sua inundação
concomitante rompem a segurança carnal. "E o vosso
pacto com a morte será anulado; e a vossa aliança
com o Seol não subsistirá; e, quando passar o flagelo
trasbordante, sereis abatidos por ele." (Isaías 28:18).
A aliança com a morte que não deve ter nenhuma
picada – e a aliança com o inferno que não deve ter
nenhuma vitória - é quebrada e anulada; e a alma
está nua e culpada diante de Deus, como um fogo
consumidor. Sob estas sensações angustiantes, que
suspiros e gritos saem do coração! O que farei, para
onde fugirei, como escapar da ira vindoura, de
eternidade a eternidade, e como lidar com a
eternidade, como suportarei queimaduras eternas?
Por que nasci neste mundo miserável, para ser um
monumento eterno do desgosto de Deus? Que eu
fosse qualquer coisa menos o que eu sou - um cão,
um verme, um sapo - qualquer réptil que não tivesse
uma alma imortal!
14
Como o fogo da santa lei de Deus assim queima na
consciência de um pecador, e queima seu acordo com
a morte, e est cai de suas mãos como um pergaminho
inútil. Parece, à primeira vista, difícil que tais
medidas severas sejam necessárias para separar a
alma do ego; mas tão próxima é a união, tão crescida
juntamente, interligados e entrelaçados são os dois,
que nada além de um poder divino pode despedaçá-
los.
Agora, quando o Senhor Jesus Cristo é revelado à
alma pelo Espírito abençoado como a Rocha das
Eras, o fundamento que Deus colocou em Sião, há
uma visão pela fé de Sua gloriosa Pessoa, sangue
expiatório e justiça justificadora, Há uma vinda a Ele
como tal, como diz o apóstolo Pedro: "E, chegando-
vos para ele, pedra viva, rejeitada, na verdade, pelos
homens, mas, para com Deus eleita e preciosa, vós
também, quais pedras vivas, sois edificados como
casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de
oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus
por Jesus Cristo." (1 Pedro 2: 4,5). Cristo é a pedra
viva, e os crentes são pedras vivas. Assim, a pedra se
apoderada Pedra que é o Salvador, e se apega a Ele,
pelo Espírito Santo, e assim obtém uma união viva
com Ele. É assim que um pecador culpado, uma alma
desolada, é trazido da areia, e construído sobre e a
Rocha que Deus colocou em Sião.
II. Tendo assim visto o que é o fundamento, e como a
alma é trazida a ele, e construído em e sobre ele,
15
podemos agora olhar para a SUPERESTRUTURA;
pois há um edifício a ser levantado, bem como uma
fundação para ser colocada; e esta superestrutura
pode ou ser digna do fundamento ou indigna dele -
em outras palavras, de acordo com a expressão do
apóstolo, seja ouro, prata, pedras preciosas - ou
madeira, feno, restolho.
Quando um ministro espiritual e experimentalmente
prega o Senhor Jesus Cristo como o único objeto da
esperança de um pecador, ele instrumentalmente
coloca Cristo como o fundamento. Mas ele deve
continuar a construir a Igreja em sua santíssima fé, e
criar uma superestrutura digna do, e correspondente
ao fundamento. Não é assim na natureza? É uma
circunstância frequente que, quando um edifício
nobre deve ser erguido, a pedra fundamental é
colocada por alguma pessoa distinta com grande
cerimônia. Mas, isso não é uma garantia de que a
superestrutura corresponderá à fundação e estará em
harmonia com ela? Uma fundação para um palácio,
e a superestrutura uma choupana! Que contradição!
Que inconsistência! Assim, o apóstolo assume que
pode ser construído sobre Cristo, que é a fundação,
uma superestrutura digna, harmoniosa, consistente,
como ouro, prata, pedras preciosas - ou
inconsistente, indigna, vergonhosa, como madeira,
feno, e restolho.
1. Uma superestrutura DIGNA. O que devemos
entender por ouro, prata, pedras preciosas?
16
Evidentemente algo valioso, pesado, duradouro, e
sobretudo incombustível. O que na graça possui
essas qualidades inestimáveis? Primeiro, as grandes
verdades e doutrinas principais do evangelho, pode
ser dito delas que suportam estas características. A
escolha eterna de Deus de Seu povo no Filho de Seu
amor, sua redenção pessoal e particular pelo sangue
de Cristo, sua justificação por Sua justiça imputada e
sua plena e perfeita salvação nEle são todas as
realidades valiosas, preciosas que o fogo não pode
destruir, nem a água afogar.
Assim, as promessas do evangelho, que são todas sim
e amém em Cristo Jesus para a glória de Deus, são
ouro, prata e pedras preciosas, pesadas, valiosas e
duradouras. Nem os preceitos do evangelho e as
ordenanças da casa de Deus devem ser omitidos da
superestrutura harmoniosa. Tudo o que o evangelho
revela e proclama, tudo o que ele promete e ordena,
toda a santa obediência a que ele chama, deve ser
edificado pelos verdadeiros construtores de Sião
como uma superestrutura sobre Cristo, o
fundamento.
Mas, eu penso que nós podemos aplicar as palavras
mais particularmente à obra do Espírito abençoado
na alma, pela qual Ele a constrói para um templo
para Ele habitar, como o apóstolo fala - "Ou não
sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito
Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de
Deus, e que não sois de vós mesmos? " (1 Cor 6:19).
17
Se este for o caso, então as três coisas aqui faladas -
ouro, prata, pedras preciosas, terão referência
especial aos ensinamentos e operações do Espírito
abençoado.
O que podemos então entender pelo OURO?
Evidentemente fé. O próprio Senhor compara a fé
com o ouro em Seu discurso à igreja de Laodiceia:
"Eu te aconselho a comprar de Mim ouro provado no
fogo", (Apo 3:18), e isso significa que a fé é clara a
partir da linguagem de Pedro, “Para que a prova da
vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece,
embora provado pelo fogo, redunde para louvor,
glória e honra na revelação de Jesus Cristo;" (1 Pe 1:
7). Pois bem, esta preciosa fé pode ser comparada ao
ouro, pois enriquece a alma, colocando-a em posse de
todas as riquezas de Cristo. Portanto, o apóstolo diz:
"Todas as coisas são suas". Por quê? Porque "você é
de Cristo".
Como o ouro é o grande meio de troca, pelo qual, de
acordo com a quantidade que possuímos, obtemos
tudo o que precisamos, assim a fé é o meio de troca
do crente, pelo qual recebe da plenitude de Cristo um
suprimento para todas as suas necessidades. Assim
diz o Senhor: "Ó vós, todos os que tendes sede, vinde
às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde,
comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro
e sem preço, vinho e leite." (Isaías 55: 1). Esta divina,
esta fé viva, não é o exercício de qualquer faculdade
18
natural da mente de um homem; não é a mesma coisa
que credibilidade dada a algum evento histórico,
como eu acredito que há uma Austrália, ou que havia
um Bonaparte. Mas é um fruto especial e graça do
Espírito, uma bênção da nova aliança, o dom de
Deus, e operado no coração por um poder divino.
Um ministro constrói com esse ouro na
superestrutura quando ele aponta e insiste, descreve
e desdobra a origem e a natureza dessa fé; e quando
o Espírito abençoado detém o seu testemunho e
levanta fé no ouvinte sob o seu testemunho, Ele a
instila na alma e o edifica em Cristo. Tal foi a fé de
ABEL, o primeiro mártir; tal a fé de ENOQUE, que
andou com Deus; tal a fé de NOÉ, pela qual ele
construiu a arca; tal a fé de ABRAÃO, pela qual ele se
tornou o amigo de Deus; tal era a fé de JACÓ quando
ele lutou com o anjo; de DAVI, quando ele saiu contra
Golias, e tal foi a fé daquele glorioso grupo de quem
o mundo não era digno, cujos sofrimentos o apóstolo
registra em Hebreus 11. Esta fé é digna da fundação,
pois é a Obra do Espírito Santo, a única que concorda
e está em harmonia com a pessoa e a obra de Deus
Filho.
Mas, o apóstolo menciona a PRATA como formando
um segundo constituinte de uma superestrutura
digna e adequada. Não devemos esticar expressões
figurativas muito longe, para que não caiamos em
interpretações fantasiosas. Uma rédea aqui é
19
necessária ao invés de um estímulo, para que não
devêssemos ser levados para a região sem rumo da
imaginação em vez dos verdes pastos da verdade do
evangelho.
Mas, eu acho que, sem ser fantasioso, podemos
explicar a prata como referindo-se à graça da
esperança. Não é esta uma parte da superestrutura a
ser construída sobre Cristo o fundamento? Como o
hino diz,
Minha esperança é construída sobre nada menos
Do que o sangue e a justiça de Jesus.
Qual é a nossa esperança e seu valor se não for
construída sobre a Pessoa, trabalho e sangue do Filho
de Deus? Mas uma boa esperança através da graça é
a obra do Espírito abençoado e, portanto, está em
harmonia com a obra acabada de Jesus.
Mas, como um ministro constrói com essa prata uma
parte constitutiva da superestrutura? Ao pregar o
evangelho em sua pureza e plenitude; estabelecendo
a liberdade da graça; traçando a obra do Espírito no
coração; sustentando o Senhor Jesus Cristo como
Salvador e Amigo do pecador; descrevendo o caráter
da família pobre e necessitada de Deus e
apresentando as promessas, convites e declarações
de Deus em seu favor. Esta boa esperança através da
20
graça, sendo construída sobre a Pessoa, obra e
sangue de Cristo, e sendo forjada no coração pelo
Espírito abençoado, é uma parte da superestrutura
digna e adequada para a fundação.
Mas PEDRAS PRECIOSAS também são
mencionadas como parte do edifício espiritual. Estas,
é evidente, superam em raridade, beleza e valor, o
ouro e a prata. Mas qualquer coisa pode superar a fé
e a esperança? Sim. Manifestações preciosas do amor
de Deus, preciosas visitas de Jesus, preciosas
aplicações de Seu sangue à consciência, preciosos
sorrisos de Sua face e preciosas palavras de Seus
lábios. Estes são realmente raros. Não é frequente na
vida de um homem que ele tenha manifestações
especiais do Senhor Jesus.
A fé e a esperança, como o ouro e a prata, são mais
para todos os dias, pois pela fé vivemos, e lutamos, e
portanto precisamos continuamente; e pela
esperança ser salvos do desespero, e, portanto,
precisamos dela a cada hora. Mas, pedras preciosas
brilham senão sobre poucos dedos, e são apenas para
dias festivos. No entanto, que valor existe em um
pequeno diamante! Assim, uma manifestação de
Cristo, uma descoberta do amor perdoador de Deus
e uma aplicação do sangue expiatório à consciência,
embora não seja grande em extensão nem longa
duração, mas quão indizivelmente valioso e precioso
é! Estas pedras preciosas que um ministro edifica
21
como parte da superestrutura quando as descreve, as
impõe na consciência, insiste e contende por elas.
Agora dê uma olhada neste edifício, fundação e
superestrutura. A gloriosa Pessoa do Filho de Deus
com Seu sangue expiatório, justificar e o trabalho
consumado é o fundamento. A obra do Espírito, as
graças que Ele produz e as manifestações de Cristo
que Ele dá - que é a superestrutura.
Como o Senhor Jesus é o único fundamento sobre o
qual a alma pode descansar, assim pela obra do
Espírito é a única em que deve ser construída. Assim,
vemos a Trindade envolvida. Deus, o Pai, estabelece
os alicerces; Deus, o Filho, é ele mesmo o
fundamento; e Deus o Espírito abençoado constrói a
superestrutura gloriosa. Esses ministros, portanto, e
somente esses ministros, são "obreiros cooperadores
de Deus" que trabalham de acordo com a regra deste
padrão, e cujo ministério, de acordo com Sua palavra
e vontade, Ele possui e abençoa a construção de Sua
igreja.
2. Uma superestrutura indigna. Mas, havia aqueles
nos dias de Paulo, como encontramos em suas
epístolas, e os tais também existem em nossos dias,
que não têm olhos para ver nem corações para
valorizar o ouro, a prata e as pedras preciosas. E, no
entanto, eles seriam mestres construtores, colocando
sua mão na obra; e embora em vez de construírem
22
um templo para Deus, o que construíram? Uma
Babel. Um traz "madeira", um segundo traz "feno", e
um terceiro traz "restolho".
Há indubitavelmente um significado espiritual
nesses materiais. A ideia principal que permeia o
todo é, naturalmente, que todos eles são altamente
combustíveis - materiais perigosos em um incêndio.
Seu segundo caráter é, sua absoluta inutilidade; a
terceira, sua inaptidão para tal fundamento eterno.
Mas, vamos examiná-los um pouco mais de perto.
MADEIRA. Isso forma a porção principal da
superestrutura falsa. Um sistema bem compactado
de deveres da criatura apenas encontra a ideia de um
pináculo de madeira. Há as madeiras serradas de
vários comprimentos, os postes, vigas, e todos os
demais tipos - um dever aqui e uma regra lá; uma
oração para segunda-feira e um capítulo para terça-
feira; quando jejuar e quando se banquetear; quando
ficar de pé e quando se ajoelhar! - o que pode ser mais
puro e mais compacto do que o nosso bom pináculo
de madeira?
Mas, como é, dificilmente suportará a chuva e o mau
tempo. Existem violações agora e então feitas nestes
deveres e observâncias. A consciência torna-se
desconfortável, à medida que a luz entra através das
frestas. Bem; o que ocorre então? Traga alguns
remendos para fechar os buracos. Um conjunto de
23
resoluções, votos, determinações para fazer melhor
na próxima vez, a mortificação pela falta de sucesso e
uma luta fixa para não ser mais vencido pelo pecado
e pela tentação - este é o "feno" que os falsos
construtores empurraram para dentro das enormes
rachaduras da madeira da obediência da criatura.
Mas, o edifício ainda tem lacunas; a moldura de
madeira, com seus buracos cheios de feno, começa a
parecer um tanto ruinoso. Não é à prova de água. O
que deve ser feito em seguida? Fechar com restolho
para manter fora a chuva. Vá para o campo do mérito
humano, colete as palhas, junte-as, alise-as, regue-as
com algumas lágrimas e coloque-as como cobertura
para o telhado de madeira. A santidade carnal, a
piedade da criatura, um rosto recatado, uma voz
piedosa, uma caminhada suave, um traje solene e
uma seleção seleta de frases bíblicas - colocam toda
essa fingida humildade e zombam da religião, e
colocam o todo como uma cobertura de palha no
campanário de madeira.
Por estas figuras notáveis, o apóstolo descreve e
expõe toda a legalidade e o farisaísmo que, em todas
as eras, construtores ignorantes acumularam sobre
Cristo, admitindo que Ele fosse o alicerce, ainda que
criando sobre Ele esta superestrutura miserável e
sem valor.
Mas, esta superestrutura permanecerá? Não! O que a
destruirá e derrubará? Fogo. Este é o modo
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designado por Deus de provar a obra, quer seja para
perecer ou permanecer. "A obra de cada um será
manifestada, porque o dia a declarará, porque ela
será revelada pelo fogo, e o fogo provará a obra de
cada homem de que espécie ela é". De qual obra é
aqui falado? É principalmente ministerial. "Todo
homem" aqui significa, em geral, todo ministro, pois
é deles que o apóstolo fala principalmente. Agora, a
obra de cada ministro deve ser manifestada, quer seja
obra de Deus, quer seja obra do homem. Todo
ministro da verdade que se levanta diante de um
povo tem um trabalho a fazer; e esta obra deve ser
manifestada; é para ser revelado e trazido à luz de
que tipo é. E como Deus o torna manifesto? O
apóstolo nos diz aqui da maneira mais clara, para que
o que corre possa ler. Ele diz: "O dia o declarará,
porque será revelado pelo fogo, e o fogo provará a
obra de cada homem de que espécie ela é". Por esta
"obra", aqui, podemos entender não só a religião
imposta pelo ministro, mas também o povo que
recebe o seu ministério, e é construído
instrumentalmente por ele, seja na fé, na esperança e
no amor - ou na legalidade e santidade carnal.
Pelo fogo enviado de Deus para provar o trabalho
podemos entender várias coisas.
1. A PERSEGUIÇÃO é um fogo. Pedro parece aludir
a isto como uma parte da fornalha, onde fala da
"prova ardente"; porque ser um cristão naqueles dias
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foi muitas vezes uma fornalha que queimou o corpo,
e enviou a alma ao céu em uma carruagem de fogo.
2. Mas, a tentação também é um fogo, e uma fornalha
mais quente para a alma do que a fogueira é para o
corpo. Pedro fala de "os eleitos estrangeiros" como
sendo "provados para que a prova da vossa fé, mais
preciosa do que o ouro que perece, embora provado
pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na
revelação de Jesus Cristo;" (1 Pedro 1: 7).
A tentação é para a nossa natureza caída o que é
correspondente a restolho, feno, e madeira sendo
colocado na fornalha. O pecado em nossa natureza
está morto até que a tentação o incendeie. O que
derrubou Davi? Tentação. O que derrubou Pedro?
Tentação. O que moveu Moisés para a ira, Jó para
amaldiçoar o dia de seu nascimento, e Jonas a virar
as costas para fazer a obra de Deus? Tentação. E o
que muitas vezes nos faz cambalear e temer onde
nossos corações perversos não podem nos manter
firmes na fé? Tentação. Bem poderia o Senhor dizer:
"Vigiai e orai para que não entreis em tentação"; e
outra vez: "Não nos deixeis cair em tentação", pois,
se levados e deixados nela, quem pode nos livrar
ilesos?
3. Mas, a ira de Deus contra todo pecado é também
um fogo. Os relâmpagos de Sua santa indignação
contra o orgulho, a hipocrisia, a justiça própria e
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outros males abundantes em nossos corações são
parte da fornalha que o Senhor designou em Sião.
4. Medos de morte, picadas de consciência,
apreensões sombrias do que pode ser um leito
moribundo, visões dolorosas de nossas miseráveis
insuficiências, descobertas da profundidade do
pecado e da iniquidade que habitam em nós, uma
contínua luta com os levantes e a corrupção interna -
isto também faz parte do fogo que deve provar o
trabalho de cada homem de que tipo é. Pois você
observará que eu me limito principalmente a esses
fogos e fornalhas que queimam a lenha, o feno e o
restolho da falsa superestrutura.
Agora observe o EFEITO do fogo que é destinado a
provar de que tipo é a obra de cada um.
1. Primeiro, o ouro, a prata e as pedras preciosas - fé
da dádiva de Deus, esperança do amor inspirador de
Deus, amor pelo derramamento de Deus no exterior
- pode ser que estas graças do Espírito sejam
queimadas? Não! Eles não são consumidos na
fornalha mais quente. Eles podem, na verdade,
parecer às vezes perdidos e enterrados em fumaça e
cinzas, quando a lenha, o feno e o restolho são
incendiados; mas eles são absolutamente
indestrutíveis, embora a fornalha seja aquecida sete
vezes mais do que o usual (veja Dan 3:19).
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2. Mas, como a madeira, o feno e o restolho estão?
Onde está agora a obediência da criatura, a santidade
da carne, as suas formas e deveres? Onde está agora
a moldura bem compacta de madeira, os feixes de
feno, a palha de restolho? O fogo da perseguição, da
tentação, do pecado, da santa indignação de Deus,
das dúvidas e dos temores culpados, poupará essa
superestrutura feita pelo homem? Não! Arde em
nuvens de fumaça, afunda, cai, por mais alto que
levante sua cabeça elevada, acabará em cinzas negras
e ruína sombria.
Mas o que dizer da fundação? Essa também está
queimado? Não! Essa é Cristo, portanto permanece,
o mesmo ontem, hoje e eternamente. Observe o que
o apóstolo está falando aqui daqueles que são
eventualmente salvos. "Se a obra de alguém for
queimada, sofrerá perdas, mas ele mesmo será salvo,
assim como pelo fogo" (1 Cor 3:15). Sua obra deve ser
queimada, e assim sofre a perda; mas ele mesmo é
salvo, assim como pelo fogo, isto é, como um homem
puxado pela força de uma casa em chamas, apesar de
toda a sua propriedade ser consumida.
Agora isso lança uma luz misteriosa sobre alguns
ministros e sobre alguns ouvintes. Eles estão certos
quanto aos fundamentos, mas errados quanto à
superestrutura. Eles descansam realmente e
verdadeiramente em Cristo, e ainda, são enganados e
seduzidos por um espírito legalista, autojusto, e eles
trazem as ações da criatura. Por misericórdia de suas
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almas, Deus envia um fogo para queimar tudo isso.
Na natureza às vezes um fogo é a melhor coisa que
pode acontecer. O grande incêndio de Londres foi a
maior bênção que Londres jamais teve. Até então era
de vez em quando assolada pela praga. Mas o fogo
que queimava a velha Londres, com suas ruas
estreitas e pestilentas, queimava a praga. E assim, a
melhor coisa que pode acontecer à religião de
algumas pessoas é que ela seja queimada. Há então
alguma esperança de que, das ruínas enegrecidas e
das cinzas ardentes, possa surgir uma nova e melhor
religião.
III. Aplicação. Tendo assim apontado a minha flecha,
deixe-me agora colocá-lo na corda para eu possa
lança-la em algumas de suas consciências. Há vários
passos distintos e marcados estabelecidos pelo
apóstolo aqui. Vamos ver até onde podemos colocar
o nosso pé sobre eles.
1. O primeiro é, o ser retirado da base arenosa. Como
toda a natureza se constrói sobre a areia, e como
todos antes de serem construídos sobre a rocha, são
trazidos da areia, este é um evento para não ser feito
como se não soubesse o onde, o quando ou o como.
Ser vivificado na vida espiritual, ser convencido do
pecado e trazido da segurança carnal para as
apreensões da santidade, da justiça e da majestade de
Deus é o maior evento em todas as nossas vidas.
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2. O próximo passo é ser construído sobre Cristo
como o único fundamento da esperança de um
pecador. Mas, isso não pode ser sem uma descoberta
espiritual da Pessoa, sangue, justiça e graça do
Senhor Jesus Cristo. É a obra especial do Espírito
Santo glorificar Jesus e exaltá-lo no coração,
tomando as coisas de Cristo e revelando-as à alma.
Isso, portanto, é uma coisa que não pode ser feita no
escuro, quando um homem está dormindo e não sabe
nada sobre ele. Ser trazido da lei para o evangelho, do
Monte Sinai ao Monte Sião, de si mesmo a Cristo, da
incredulidade à fé, do desânimo à esperança e dos
temores ao amor, é um evento na vida espiritual de
um homem que não pode ser mais esquecido do que
uma fuga de um naufrágio.
3. Em seguida vem a questão da superestrutura.
Aqui, evidentemente, os tristes erros são cometidos
por operários desajeitados. Construir a torre requer
a habilidade principal do arquiteto. Deixe-o olhar
bem para seus materiais, e fazer a escolha correta. A
madeira, o feno e o restolho podem fazer um casebre
ou um estábulo ou um celeiro, mas não servem para
um templo. "Tu és o templo do Deus vivo", no qual
Ele habita e anda. Portanto, que seja uma mansão
digna de Sua morada, um templo do qual o próprio
Deus é o construtor, Cristo o fundamento, e as graças
do Espírito abençoado a superestrutura.