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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO CONCEDER A CADA CRIANÇA A OPORTUNIDADE DE SOBREVIVER

A PRÓXIMA REVOLUÇÃO - Resource Centre · crianças morrem durante o seu primeiro mês de ... porque houve uma geração que se preocupou e preocupou-se o suficiente para agir

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃOCONCEDER A CADA CRIANÇA A OPORTUNIDADE DE SOBREVIVER

A PRÓXIMAREVOLUÇÃOCONCEDER A CADA CRIANÇA AOPORTUNIDADE DE SOBREVIVER

Publicado em nome de Aliança Internacional Save the Children Save the Children UK1 St John’s LaneLondres EC1M 4ARUK

Primeira Publicação 2009

© International Save the Children Alliance 2009

Organização de Foro Caritativo nº 1076822

Esta publicação tem direitos de autor mas pode ser reproduzidaatravés de qualquer método sem qualquer pagamento ouautorização prévia, para fins de ensino, mas não para venda.Para quaisquer outros fins, deve ser pedida autorização préviapor escrito e talvez mediante pagamento.

Tradução: Mizé AnastácioRevisão: Filomena Oliveira

Está relatório está também disponível em Árabe, Inglês, Francêse Castelhano.

Capa: Menina de três anos de idade, vive com a sua família numa aldeia da Libéria. Não têm acesso a água potável ou asaneamento seguro, e embora a malária seja uma doençacomum, não têm redes mosquiteiras com insecticida.(fotografia: Jane Hahn/Panos)

Composição Tipográfica: Grasshopper Design Company

A Aliança Internacional Save the Children é a principalorganização mundial de defesa dos direitos da criança.Tem membros em 29 países e programas operacionais emmais de 100. Lutamos em prol dos direitos da criança econseguimos melhorias duradouras na vida das criançasde todo o mundo.

Agradecimentos iv

A História em Números vi

Resumo Executivo viii

1 Introdução 1

2 Onde estão a morrer crianças 3

3 Como e porquê estão a morrer crianças 7

4 Sobrevivência da Criança – resumo 16

5 Aprendendo com os casos de sucesso 19

6 Desmascarar os mitos 23

7 Plano de sete pontos e apelo para acção 26

Apêndice 1: Diferenças na sobrevivência da criança por quintil de riqueza 31

Apêndice 2: Reduções na mortalidade infantil por quintil de riqueza 33

Notas de fim de documento 35

ÍNDICE

Este relatório foi elaborado por David Mepham,com contribuições de Kitty Arie, Fanwell Bokosi,Nouria Bricki, Margaret Crotty, Leslie Elder, RicaGarde, Michael Klosson, Adrian Lovett, ShireenMiller, Michael O’Donnell, David Oot, Sue Rooks,Renu Singh, Anna Taylor, Anne Tinker, Simon Wright e Delphine Vallette. Estamos também agradecidosaos colegas da Save the Children Índia e da Save the Children UK localizados na Etiópia, Libéria,Serra Leoa e Nigéria.

Um obrigado especial a Maria Pizzini pela sua ajudana preparação e edição do relatório e a TessaWardlaw e Danzhen You da UNICEF pelo apoio que nos prestaram.

Estamos gratos a Terry McKinley, Director do Centro para a Política e Investigação deDesenvolvimento (Centre for Development Policyand Research) e a Hannah Bargawi, Investigadora na Escola de Estudos Orientais e Africanos emLondres da Universidade de Londres, pela sua ajuda com algum dos trabalho de estatística.

Muito obrigado a Frances Ellery pela edição dorelatório e também à equipa de Comunicações da Save the Children UK e a Mizé Anastácio eFilomena Oliveira pela tradução do texto a partirdo original em Inglês.

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AGRADECIMENTOS

“…SOMOS GUIADOS PELA NOSSA CONSCIÊNCIA MASTAMBÉM PELOS NOSSOS INTERESSES COMUNS, POISCADA VEZ QUE EM ACCRA MORRE UMA CRIANÇA DEUMA DOENÇA EVITÁVEL ENFRAQUECEMOS EM TODO O MUNDO.”

Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos da América,11 Julho de 20091

“…A NOSSA PREOCUPAÇÃO A LONGO TERMO É COMO FUTURO DAS NOSSAS CRIANÇAS. ELAS PRECISAMDE SER SAUDÁVEIS, BEM INSTRUÍDAS, COM ESPERANÇANO FUTURO… VAMOS FAZER GUERRA CONTRA ADESNUTRIÇÃO INFANTIL, LUTAR CONTRA A MALÁRIA,A TUBERCULOSE, O VIH/SIDA E OUTRAS DOENÇAS

Manmohan Singh, Primeiro-ministro da Índia, Agosto de 20062

“A SOBREVIVÊNCIA DAS CRIANÇAS NA LIBÉRIA É UMPONTO FUNDAMENTAL NA NOSSA AGENDA PARA ODESENVOLVIMENTO, POIS MOLDA A FORMA COMOPROGREDIRMOS COMO NAÇÃO… É NECESSÁRIOQUE EXISTA UM MOMENTO DE RENOVAÇÃO SOBRE A QUESTÃO DA SOBREVIVÊNCIA DA CRIANÇA E ALIBÉRIA ESTÁ À FRENTE DESTE APELO ESTRIDENTE.”

Ellen Johnson Sirleaf, Presidente da Libéria, 20083

6O número de países onde ocorrem mais de metade de todas as mortes infantis – Índia, Nigéria,República Democrática do Congo, Etiópia,Paquistão e Chinaa

57A avaliação da Organização Mundial de Saúde donúmero de países com “falta crucial” de técnicos de saúde – 36 dos quais são em Áfricab

6O número de países da União Africana queatribuem à saúde 15% do seu orçamento – apesarde, em 2001, todos os 53 membros teremprometido que o fariamc

15O número de vezes em que há menos probabilidade de uma criança de tenra idade morrer de pneumonia se for exclusivamentealimentada com leite materno durante os primeiros seis meses, em comparação a um bebé em que esse não é o casod

28%A percentagem de mortes entre as crianças associada à falta de saneamento e de água potávele

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A HISTÓRIA EM NÚMEROS

a UNICEF (2008) A Situação Mundial das Crianças

b Organização Mundial da Saúde (2006) Relatório sobre a Saúde Mundial 2006: Trabalhando em Conjunto emProl da Saúde (World Health Report 2006:Working together for health) p xvii, http://www.who.int/whr/2006/en/acedido a 3 de Agosto de 2009)

c Organização Mundial da Saúde (2009) Estatísticas da Saúde Mundial (World Health Statistics)

d R Black et al, Desnutrição Materno – Infantil: revelações globais e regionais e as consequências a nível dasaúde (Maternal and Child Undernutrition: Global and regional exposures and health consequences) Documento 1,Lancet, Desnutrição Materno-Infantil, Lancet 2008, p 5

e Water Aid (2009) Negligência Fatal: Como os Sistemas de Saúde Estão a Falhar na Procura de Soluções paraa Mortalidade Infantil (Fatal Neglect: How health systems are failing to comprehensively address child mortality)

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22O século em que seguindo os padrões actuais sevão concretizar os Objectivos de Desenvolvimentodo Milénio sobre a água potávelf

200.000–400.000Os possíveis números adicionais de crianças quemorrerão todos os anos até 2015 devido à crisefinanceira global, segundo o Banco Mundialg

$36–45 milmilhõesAs verbas totais adicionais necessárias até 2015 paracumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio sobre a mortalidade materno-infantil h –menos de metade do que os consumidores gastamglobalmente em água engarrafada por anoi

8.8 milhõesO número de crianças que morreram em 2008antes de atingirem os cinco anos de vidaj

f Water Aid (2009) ver anotação acima

g Banco Mundial: Remando contra a maré: Como os países em desenvolvimento estão a lidar com a criseglobal (Swimming against the tide: How developing countries are coping with the global crisis)

h Equipa Especial de Alto Nível sobre Financiamento Internacional Inovador para Sistemas de Saúde(2009) Grupo de Trabalho (2009) 2: Restrições e Custos do Alargamento, versão não publicada: página 10

i E Arnold e J Larsen (2006) Água Engarrafada: Deitando os Recursos pelos Canos Abaixo (Bottled Water:Pouring resources down the drain) Actualizações de Eco-Ecomonia, Instituo de Politicas da Terra (Earth Policy Institute) Segundo este relatório gastam-se por ano US$100 mil milhões em água engarrafadahttp://www.earth-policy.org/Updates/2006/Update51.htm acedido a 21 de Agosto de 2009

j Vide D You, T Wardlow, P Salama e G Jones,“Níveis e tendências na mortalidade dos menores de 5 anos,1990–2008 (‘Levels and trends in under-5 mortality, 1990–2008’ ) The Lancet, publicado online a 10 deSetembro de 2009, D01:10.1016/S0140-6736(09)61601-9

Cerca de 9 milhões de crianças morrem antes doseu quinto aniversário* – quase uma criança a cadatrinta segundos. Pouco menos de 4 milhões destascrianças morrem durante o seu primeiro mês devida, ao qual chamamos período de recém-nascido.Quase três milhões de bebés morrem na primeirasemana de vida, incluindo cerca de 2 milhões que morrem no seu primeiro dia de vida. Quasetodas – 97% – estas crianças morrem em paísescom baixo ou médio rendimentos e de formadesproporcionada dentro das comunidades mais pobres e marginalizadas desses países.4

No Afeganistão, uma criança em cada cinco morre antes do seu quinto aniversário;5 na Áfricasubsaariana as estatísticas apontam para uma emcada sete.6

Há trinta anos, Jim Grant, na altura o presidente daUNICEF, encabeçou uma acção global para salvar avida a milhões de crianças. Defrontado com o factode que muitas crianças estavam a morrer de causasque podiam ser facilmente evitáveis, deu início auma campanha para promover sensibilização e apoio monetário e político para a mudança. Os seus esforços e os de muitos outros tornaram-seconhecidos por “revolução para a sobrevivência edesenvolvimento da criança”.

Agora, ao entrarmos na segunda década do novoséculo, podemos calcular o sucesso dessa revolução.Milhões de crianças sobreviveram, crianças essas

que não teriam sobrevivido se não por essesesforços extraordinários. Muitas frequentaramescolas e cresceram de uma forma saudável eprontos para darem a sua própria contribuição às comunidades. São médicos, professores,enfermeiros, homens e mulheres de negócio queestão a mudar o mundo que os rodeia – tudoporque houve uma geração que se preocupou epreocupou-se o suficiente para agir.

Cada criança – independentemente de onde e dequem nasceu – tem o mesmo direito e merece amesma oportunidade de sobreviver. Cada um denós tem a responsabilidade de agir. Chegou a alturapara uma segunda revolução para a sobrevivência da criança e do recém-nascido.

Há um consenso geral sobre as acções necessáriaspara diminuir o nível da mortalidade infantil e neo-natal. O escândalo é que os governos e outrasentidades com influência falharam até agora emproporcionar a liderança, recursos e sentido deurgência necessários para que tal aconteça. No ano2000, os líderes mundiais comprometeram-se com o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 4(ODM), que pedia a redução da mortalidade dosmenores de cinco anos em dois terços, entre 1990e 2015.

Este relatório é publicado de forma a coincidir como lançamento da nossa campanha global para a

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RESUMO EXECUTIVO

* Vide D You, T Wardlow, P Salama e G Jones,“Níveis e tendências na mortalidade dos menores de5 anos, 1990–2008 (‘Levels and trends in under-5 mortality, 1990–2008’ ) The Lancet, publicado onlinea 10 de Setembro de 2009, D01:10.1016/S0140-6736(09)61601-9

sobrevivência da criança e do recém-nascido. Onosso objectivo para esta campanha é obter umadiminuição significativa nas mortes evitáveis dascrianças. Enquanto que as crianças são o nossoponto central de atenção, a saúde, o estatuto denutrição e o bem-estar em geral da criança estãointrinsecamente ligados ao bem-estar da sua mãe.Por conseguinte, a campanha inclui esforços nosentido de se abordar a saúde e o bem–estar dasmães e acelerar os progressos em direcção aoODM 5 – a diminuição em três quartos damortalidade materna até 2015.

As elevadas taxas de mortalidade infantil podem serexplicadas em três níveis.

1. Existe uma pequena quantidade de doenças quesão a causa directa de mais de 90% das mortesnas crianças com menos de cinco anos. São apneumonia, o sarampo, a diarreia, o VIH/SIDA edoenças neo-natais que ocorrem durante agravidez ou imediatamente após o nascimento.Estas últimas são particularmente significativasno que diz respeito à morte dos recém-nascidos.As infecções graves, a asfixia e os nascimentosprematuros são responsáveis por 86% dasmortes dos recém-nascidos.7 Em quase todos oscasos, as doenças que são a causa directa damortalidade infantil são evitáveis e tratadasatravés de uma intervenção comprovada. Masestas intervenções continuam indisponíveis ouinacessíveis a muitas das crianças mais pobres do mundo.

2. Existe uma série de factores intermédios quefazem com que algumas crianças sejam maisfacilmente vítimas destas doenças e que limitamas suas possibilidades de recuperação. Estesfactores incluem: a falta de cuidados de saúdeessenciais ou a incapacidade de muitas mães e crianças de terem acesso aos mesmos; oselevados níveis de desnutrição materno-infantil emás práticas de amamentação; a falta de acesso aágua potável e a saneamento; o analfabetismomaterno e o acesso limitado a métodosanticoncepcionais.

3. A morte das crianças não é causada por razõesaleatórias para além do nosso controlo. São, emgrande parte, o resultado das opções políticasdos governos. São também influenciadas porfactores culturais, económicos, ambientais,políticos e sociais, que os governos, asinstituições internacionais, o sector privado e a sociedade civil podiam ajudar a formar.Estas são as causas subjacentes da mortalidadeinfantil e neo-natal.

Destes factores, a pobreza, a desigualdade e adiscriminação são particularmente importantes.As mulheres e as raparigas são vítimas de umadiscriminação penetrante em muitos países – osseus direitos e oportunidades são-lhes negados.Esta é a razão pela qual é absolutamente essencialum compromisso pela justiça e igualdade – diminuira disparidade, concretizar direitos e empoderar asmulheres mais pobres e marginalizadas – para aredução das taxas de mortalidade infantil.

A má governação, os conflitos violentos e ospadrões de enfraquecimento nas condiçõesambientais, tais como alterações climáticas, sãofactores subjacentes adicionais que têm um impactonas probabilidades de sobrevivência das crianças.Oito em cada dez países com as piores taxas a nível da mortalidade infantil experimentaramrecentemente conflitos, violência e instabilidadepolítica,8 e as alterações climáticas estão já aaumentar a frequência de catástrofes que matam as crianças pobres.9

A oportunidade de sobrevivência das crianças étambém influenciada pelas condições económicas a nível global. O Banco Mundial calcula que podemexistir 200.000 a 400.000 mais mortes de crianças,por ano, entre 2009 e 2015 como resultado da crisefinanceira e económica.10 Novas pandemias globais a nível da saúde, como o vírus H1N1 (gripe A),podem alastrar-se mais rapidamente e mais longe,ou sofrerem mutações e tornarem-se ainda maisviolentas, sufocando sistemas de saúde que já sãofrágeis e aumentando assim as taxas de mortalidadeinfantil e do recém-nascido.

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RESUMO EXECUTIVO

ENTÃO, O QUE PODEMOSFAZER?

A Save the Children acredita que devia existir umaverdadeira iniciativa para alargar a abrangência dasintervenções provadas que reduzem a mortalidadematerno-infantil e do recém-nascido. Estas incluem:pessoal habilitado para dar apoio às mães durante oparto; cuidados pós-natais; tratamento de prevençãoe cura para a pneumonia, a diarreia e a malária;apoio para a nutrição, inclusive a amamentação,os complementos alimentares, a transferência dedinheiro e programas de protecção social maisalargados. Estas intervenções devem ser realizadasatravés de sistemas mais fortalecidos, para que asfamílias mais pobres e marginalizadas possamreceber os cuidados de saúde, a nutrição e outrosserviços necessários. Estas acções deviam sercombinadas com políticas que resolvam as causassubjacentes da mortalidade infantil. As políticas para diminuir as taxas de mortalidade infantil e do recém-nascido devem ser flexíveis, pois terão de ser aplicadas em estados frágeis e afectados pelo conflito, assim como durante situações deemergências crónicas e situações de catástrofesinesperadas.

Dadas as dificuldades económicas e ambientais queo mundo enfrenta, é fácil sermos pessimistas emrelação às perspectivas de alcançarmos o ODM 4.No entanto, sabemos que é possível uma diminuiçãoverdadeiramente dramática na quantidade demortes infantis. Como? Porque todos os paísesconseguiram já uma redução substancial nos níveisda mortalidade infantil ao longo do século XX. Em1900, a taxa de mortalidade infantil no RU era de140 em cada 1000 partos,11 e nos EUA,100.12 Estesníveis são piores do que os da Libéria hoje em dia(93 per 1000).13 Ainda mais importante, sabemo-loporque muitos dos países com baixos ou médiosrendimentos reduziram, durante as últimas décadas,as taxas de mortalidade de forma significativa, emuitos conseguiram-no mais rapidamente do que as economias desenvolvidas de hoje conseguiram no século passado.14 Embora precisemos de maisprogressos, desde 1990 que mais de 60 paísesreduziram em 50% as suas taxas de mortalidade

infantil.15 Não é necessário um grande avançotecnológico para resolver este problema. Noentanto é necessário:• Dar prioridade nas agendas nacionais e

internacionais à questão da nutrição das mães e das crianças, criar um maior nível desensibilização e compreensão relativamente àforma como a morte e as doenças continuamtão espalhadas em muitos países pobres edireccionar um sentimento de ira e indignaçãoresultante em acção decisiva

• Expor os falsos pressupostos que aindaobscurecem o debate sobre a mortalidadeinfantil nos países pobres, criando pretextos para a falta de acção e cinismo

• Defender o que algumas comunidades e países alcançaram, as respostas e intervenções a nível político que provaram dar resultado edemonstrar como este sucesso pode serreplicado noutros locais

• Acentuar o facto que o mundo perde com oselevados níveis de mortalidade infantil e quetodos ganhamos quando se salvam as vidas das crianças.

Ligar o radar

Ao contrário de outras doenças como o VIH eSIDA, ou de novas questões como as alteraçõesclimáticas, a mortalidade infantil e dos recém-nascidos nos países pobres não recebe uma atençãosignificativa a nível político e do público. Os nossosesforços, e o de outras organizações semelhantesprecisam de formas inovadoras de se ligarem aopúblico para que esta questão se torne mais real e importante para este e, assim, comecem a responsabilizar os políticos para agirem. Acampanha da Save the Children está elaboradaprecisamente com este objectivo em mente.

Desmascarar os mitos

Muitas pessoas são cépticas em relação àpossibilidade de se fazer algo relativamente àmortalidade infantil. Algumas pensam que édemasiado caro; outras que reduzir a mortalidadeinfantil conduziria a um crescimento populacionaldemasiado rápido num planeta que já se encontra

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

sobrepovoado. Muitos crêem que as tentativas parase melhorar a saúde e a nutrição das crianças levaminevitavelmente à corrupção e desgovernação nospaíses mais pobres e que há poucos benefícios emmanter as crianças vivas se o futuro que as espera éo de uma pobreza desesperada.16

Estes argumentos são falsos, muitos países pobresreduziram já as suas taxas de mortalidade. Oscustos de se alcançar o ODM 4 são reduzidos,em termos globais. As diminuições na taxa demortalidade infantil estão correlacionadas com adiminuição nos níveis de fertilidade e servem paraabrandar e estabilizar o crescimento populacional.Embora a corrupção e a má governação sejamtópicos importantes, não demonstraram ser umabarreira intransponível para a redução dos índicesde mortalidade infantil em muitos países. Manter as crianças vivas não é o final da história – deveexistir um complemento em forma de políticas quepermitam que cresçam saudáveis, bem instruídas,devidamente nutridas e em segurança – factores que se reforçam mutuamente.

Aprendendo com os casos de sucesso

Vários países, incluindo o Bangladesh, o Brasil,o Egipto, a Indonésia, a China, o México, o Nepal e as Filipinas, estão no caminho certo paraconcretizarem o ODM 4,17 e existem liçõesconcretas a aprender a partir destas experiências.Alguns destes países conseguiram reduzir amortalidade, apesar de problemas a nível degovernos indecisos ou corruptos e num contextode profunda pobreza.

Partilhando os benefícios

Todos ficamos reduzidos – económica emoralmente – quando morrem crianças. A influenteComissão sobre Macroeconómicas e Saúde calculaque o impacto global das mortes das mães ecrianças seja de uma perda de produtividade deUS$15 mil milhões por ano.18 Calcula também que 30 a 50% do crescimento económico na Ásia,entre 1965 e 1990, é atribuído a melhorias a níveldemográfico e da saúde, incluindo a redução namortalidade infantil e melhor acesso aos serviços

de saúde reprodutiva bem como à redução nastaxas de fertilidade.19 Investigação mais recentedemonstra que as melhorias ao nível dodesenvolvimento humano estão correlacionadascom níveis mais elevados de crescimentoeconómico, com uma redução de cinco pontospercentuais nas taxas de mortalidade infantilassociada a um aumento de um ponto percentual no crescimento económico na década seguinte.20

Numa altura em que os governos procuramreanimar as suas economias, existem motivossólidos para se investir nos primeiros anos da vida das crianças.

Apelo para acção

O prazo meta para se concretizarem os Objectivosde Desenvolvimento do Milénio, incluindo os ODM 4 e 5, é 2015. Tendo em conta os padrõesactuais, estas metas não serão cumpridas. Opróximo ano, 2010, é portanto absolutamentecrucial para que o mundo esteja no caminho certopara cumprir as promessas feitas às crianças maispobres do mundo e às suas mães. Este relatóriosugere como isto pode ser feito e a razão porquetem que ser feito.

A Save the Children, trabalhando de perto emcolaboração com outras organizações e utilizandonovas provas e novos argumentos, está determinadaa pôr um fim à grande injustiça que são os elevadosníveis da mortalidade materno-infantil e a defenderrespostas políticas e programas que visam ajudar o mundo a concretizar os ODM 4 e 5. Precisamosde uma nova “revolução para a sobrevivência dacriança” que complete o trabalho iniciado por JimGrant e pela UNICEF nos anos 80, e que ajude aconseguir reduções drásticas na mortalidade infantil.O nosso objectivo é que os governos nacionais e os doadores assumam maior responsabilidade noseu desempenho a nível da redução da mortalidadematerno-infantil, especialmente entre as criançasmais pobres. Para que isto aconteça são necessáriasorganizações da sociedade civil que sejam maisfortes – a nível internacional, nacional e local – e que estejam concentradas nesta questão,pressionado e persuadindo os governos e outrasentidades a tomarem as medidas necessárias.

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RESUMO EXECUTIVO

RECOMENDAÇÕES

Fazer da sobrevivência materna, infantil e do recém-nascido a fita métrica com que se mede o sucesso

Os níveis de mortalidade entre as comunidadesmais pobres são um indicador muito mais real dosprogressos a nível do desenvolvimento (ou da nãoexistência dos mesmos) que os rendimentos per capita. Os países deviam ser incentivados amedir e a informar quais os progressos a nível da mortalidade infantil e do recém-nascido,especificados por quintil de riqueza e grupo social,e os governos nacionais e doadores deveriam serresponsabilizados perante a sociedade civil pelaconcretização de melhor resultados.

Estamos também a fazer uma série de apelos aosdoadores, países em desenvolvimento, organizaçõesinternacionais e outros para políticas concretas umplano de 7 pontos – que ajudem a salvar a vida dascrianças e suas mães.

O plano de sete pontos da Save the Children

1. Implementar planos nacionais credíveis.Os países em desenvolvimento precisam deimplementar planos nacionais para a redução da mortalidade materna, infantil e do recém-nascido. Alguns destes planos existem em papelmas não estão a ser implementados com eficácia.Em outros casos estes planos precisam de serdesenvolvidos ou bastante fortalecidos. Osplanos nacionais devem ser sujeitos a uma análisede custo e definir de uma forma clara quais osmarcos de medição dos progressos. Os planosdevem centrar-se em alcançar uma coberturauniversal de intervenções comprovadas quereduzam a mortalidade assim como nofortalecimento de sistemas e mecanismos decumprimento. Os doadores e as instituiçõesinternacionais devem ajudar os países adesenvolver e implementar estes planos, e devem prometer que nenhum país, que tenha um plano credível e um compromisso para com

a implementação do mesmo, falhe devido à faltade recursos. Os doadores devem acelerar aentrega de recursos a estes países.

2. Concentração nos recém-nascidos. Sãonecessárias intervenções que acentuem a saúde,a nutrição e o bem-estar das mulheres e que apoiem as mães e os bebés durante eimediatamente após o parto (o período em quea mãe e o recém-nascido se encontram maisvulneráveis). O apoio é prestado de uma formamais eficaz através de cuidados contínuos – aolongo do ciclo de vida, desde a idade reprodutivaaté ao nascimento e primeiros anos de vida das crianças, assim como desde cuidadosdomiciliários até cuidados hospitalares e emoutras instalações de saúde.

3. Dar prioridade à igualdade. Deve incluirmetas para a diminuição das diferenças nadisponibilização de cuidados de saúde materno-infantil e do recém-nascido, nas intervenções denutrição, assim como nas taxas de mortalidadeentre os ricos e os pobres. Para tal seránecessário a eliminação de barreiras aoscuidados, tanto financeiras como não –financeiras (como consultas pagas ou outro tipode pagamento informal) e procurar soluçõespara as causas subjacentes dos elevados níveis de mortalidade, tais como a desigualdade, adiscriminação e a violação dos direitos.

4. Mobilizar recursos adicionais. Calcula-seque, para se cumprirem as metas acordadasrelativas à mortalidade materno-infantil nospaíses mais pobres do mundo, os doadores,governos nacionais e outros, têm quedisponibilizar mais do que o dobro do quedisponibilizam actualmente em intervenções anível da saúde e outras, passando de cerca deUS$31 mil milhões em 2008 para US$67–76 milmilhões em 2015. Este valor adicional tem queser proveniente de várias fontes. Dada a escalada necessidade e da urgência de um aumentorápido a nível de recursos, recomendamos quepelo menos metade dos US$36-45 mil milhõesadicionais venha de doadores, e que estes

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

recursos sejam utilizados em actividades quediminuam a mortalidade materno-infantil e dorecém-nascido.

5. Dar formação e colocar mais profissionaisde saúde. Parte do investimento adicionalnecessário para se cumprirem os ODM 4 e 5deve ser atribuído ao recrutamento, formação,equipamento e colocação de mais trabalhadoresda saúde. Devem definir-se metas para seaumentar o número de trabalhadores da saúdedevidamente formados e equipados em cadapaís, particularmente para se satisfazerem asnecessidades das comunidades mais pobres emarginalizadas.

6. Enfrentar a desnutrição. A nutrição deveriaser uma questão muito mais prioritária e deviaprestar-se apoio para intervenções comprovadas,como os suplementos de micro nutrientes,amamentação materna exclusiva, alimentação

complementar e fortificantes alimentares, assimcomo a transferência de dinheiro e programas deprotecção social. Os países em desenvolvimentoe os doadores deviam prestar informações sobreo seu desempenho em relação aos indicadoresde nutrição acordados internacionalmente (partedo ODM 1), o que não acontece actualmentecom muitos.

7. Aumentar a preocupação para com ascrianças durante as situações deemergência. Nos casos em que os países emdesenvolvimento não têm capacidade para lidarcom as situações de emergência, os doadores eoutros deviam prestar assistência às crianças esuas famílias, durante as situações de emergênciae de conflito. Deviam ajudar os países pobres a diminuir os riscos e os custos do conflito e das catástrofes através do desenvolvimento desistemas mais resistentes e de programas deredução de risco de catástrofe.

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RESUMO EXECUTIVO

Os governos fizeram muitas promessas às pessoas mais pobres do mundo, em forma deacordos de direitos humanos e declaraçõespolíticas. A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (UNCRC) contémcompromissos claros para salvaguardar a vida dosrecém-nascidos e das crianças assim como o PactoInternacional sobre os Direitos Civis e Políticos, e oPacto Internacional sobre os Direitos Económicos,Sociais e Culturais. Por exemplo, o Artigo 6 daUNCRC faz referência ao direito inerente dascrianças à vida, sobrevivência e desenvolvimento,enquanto que o Artigo 24 apela aos governos para:”tomarem as medidas adequadas para reduzirem amortalidade entre as crianças de tenra idade e amortalidade infantil e assegurar a assistência médicae os cuidados de saúde necessários a todas ascrianças” No entanto, os governos estão a falhar nas suas obrigações legais para com as crianças.

Mais recentemente, na Cimeira das Nações Unidas para o Milénio, os líderes mundiaiscomprometeram-se com oito metas para a reduçãoda pobreza e para o desenvolvimento. Uma delas,o Objectivo para o Desenvolvimento do Milénio(ODM) 4, consiste na promessa de se reduzir astaxas de mortalidade das crianças com menos de 5 anos em dois terços, entre 1990 e 2015. Houvealguns progressos. Em 2006, pela primeira vez desdeque se começaram a manter registos, o número demenores de 5 anos que morreram situou-se abaixodos 10 milhões. Neste momento situa-se em 8.8 milhões.21 Em 1960 calcula-se que tenhammorrido cerca de 20 milhões de crianças com

menos de 5 anos. No entanto, os progressos a nívelmundial continuam a ser incrivelmente lentos edesnivelados. Existe ainda menos progresso no quediz respeito ao ODM 5 (reduzir em três quartos até 2015 a mortalidade materna). O compromissoassumido para se reduzir a quantidade de criançascom menos de 5 anos que passam fome e que nãotêm o peso suficiente – parte do ODM1 – tambémnão tem sido devidamente cumprido.

Os progressos alcançados têm sido particularmentepobres no que diz respeito às mortes dos recém-nascidos (durante o primeiro mês de vida). Estasrepresentam neste momento 40% das mortes dascrianças com idade inferior a 5 anos que ocorremtodos os anos. Em África não houve praticamentequaisquer progressos no que diz respeito à reduçãoda mortalidade dos recém-nascidos, enquanto queno Sul da Ásia os progressos têm sido limitados(com a excepção do Bangladesh e do Nepal).22

É também importante que recordemos que todosos anos morrem 3.2 milhões de bebés durante oparto ou nas últimas 12 semanas do período degestação,23 e que, por cada recém-nascido quemorre, há 20 outros que sofrem de doenças oudeficiências adquiridas durante o parto, quer devido a infecções quer a complicações durantepartos prematuros.24

Apesar de tudo isto, não existe um acordo a nível internacional sobre o que é necessário fazerpara se solucionar o problema da mortalidade materno-infantil e do recém-nascido. A ContagemDecrescente para 2015* avaliou a abrangência de

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INTRODUÇÃO

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* Contagem Decrescente para 2015 é uma iniciativa das principais organizações internacionais– incluindo aUNICEF, a OMS, o Fundo Populacional das Nações Unidas (UNFPA), o Banco Mundial, a Fundação Gates, aSave the Children e outras – para reduzir a mortalidade materno–infantil e dos recém-nascidos.

25 intervenções em 68 dos países que representama quase totalidade da mortalidade materno-infantil e do recém-nascido. A implementação destasintervenções de prevenção e cura reduziria em dois terços a mortalidade infantil nestes países.25

O objectivo deste relatório é estimular umempenho político e do público muito maior, assimcomo acções decisivas por parte dos governos e de outras entidades, no sentido de ajudar aimplementar as intervenções a que aqui nosreferimos – não apenas para algumas crianças e suas mães, mas para todas as crianças; não apenas a curto prazo, mas através de sistemas e deestruturas sustentáveis.

Os capítulos 2 e 3 apontam para os países ecomunidades onde estão a morrer largos númerosde bebés e de crianças, e explica o porquê destatragédia continuar a acontecer.

O capítulo 4 apresenta uma visão geral da históriada sobrevivência da criança até aos dias de hoje.O que aconteceu na primeira revolução para asobrevivência da criança nos anos 80 e 90? Porquemotivo se perdeu o entusiasmo? Que liçõespodemos aprender? O que é preciso fazer de mododiferente na próxima revolução para a sobrevivênciada criança?

O capítulo 5 realça alguns exemplos de sucesso – ospaíses que estão no bom caminho para cumpriremo ODM 4 ou que estão a fazer esforços reais paradiminuir a mortalidade infantil.

O capítulo 6 desafia os conceitos errados sobre asobrevivência da criança.

O capítulo 7 é o nosso apelo para a acção – asreacções políticas que acreditamos seremnecessárias e a razão porque são tão urgentes.

2

A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

97% de todas as mortes de crianças ocorrem emsessenta e oito países de baixo e médio rendimento.Metade destas mortes – 4.7 milhões – ocorrem emÁfrica, e cerca de 3.8 milhões de recém-nascidos e crianças morrem na Ásia.26 Os últimos dadosdisponíveis demonstram que a taxa de mortalidade

infantil (mortes de crianças por cada 1000nascimento) são de 148 em 1000 na Áfricasubsaariana e 78 por 1000 no Sul da Ásia, até 25 vezes as taxas dos países industrializados (6 mortes por cada 1000 nascimentos).27

3

ONDE ESTÃO A MORRERCRIANÇAS

2

Na Índia morrem quase 2 milhões de criançastodos os anos – mais do que em qualquer outropaís. Os seus registos da mortalidade infantil e dos recém-nascidos (72 em cada 1000nascimentos) é pior do que os dos paísesvizinhos, o Bangladesh (61 em cada 1000) e Sri Lanka (21 em cada 1000).28 Representa umquinto de todas as mortes de recém-nascidos.Neste país encontra-se também um terço dascrianças desnutridas do mundo. Estas cifraspersistem, apesar de quase uma década decrescimento económico – que não se traduziuem melhorias nos cuidados de saúde ou nosníveis de nutrição da maioria das crianças.

Contudo, existem diferenças imensas entre osestados, entre os diferentes grupos económicos,grupos tribais e castas. Por exemplo, enquantoque em Kerala a taxa de mortalidade dosmenores de cinco anos é de 16/1000 e em Goa 20/1000, em Uttar Pradesh é de 96/1000,em Madhya Pradesh 94/1000, e em Rajasthan85/1000. Em todo o país, a mortalidade dosmenores de cinco anos por quintil de riquezamais baixo é de 92/1000 comparado a 33/1000no quintil de maior riqueza.29

LUTANDO CONTRA A DESIGUALDADE NA ÍNDIA

Para muitos pais e crianças pobres procurarcuidados médicos é um luxo e os serviços desaúde estão frequentemente demasiado longe.As regras patriarcais, que colocam restriçõesseveras à mobilidade das mulheres, impedem que estas possam buscar auxílio médico. Para se concretizar o ODM 4, a Índia terá queconfrontar a pobreza, a desigualdade, a exclusão e a discriminação e adoptar medidas decisivasque fortaleçam os direitos da mulher.

O governo federal está já a tomar alguns passosimportantes. A sua ambígua Missão Nacional para a Saúde Rural tem o objectivo de reduzir a mortalidade infantil para 30 por cada 1000nascimentos até 2012. Aumentou os recursosatribuídos ao governo nacional para fins de saúde.Os Serviços Integrados para o Desenvolvimentoda Criança – o programa nacional desuplementos nutricionais para crianças commenos de cinco anos – foi reestruturado para dar maior prioridade às crianças até os três anosde idade O verdadeiro repto será garantir que os compromissos a alto – nível são convertidosem melhores resultados para as crianças maispobres e marginalizadas e suas mães.

Um pequeno número de países de grande densidadepopulacional representa o maior valor absoluto denúmero de mortes de recém-nascidos e de crianças.Ligeiramente acima de metade – 51% – de todas as mortes de menores de cinco anos de idade têm lugar em seis países – na Índia, na Nigéria, naRepública Democrática do Congo (RDC), noPaquistão, na China e na Etiópia (ver Tabela 1).36

Os países com a pior taxa de mortalidade infantil (o número de mortes por 1000 nascimentos) têmtendência a ser muito pobres e a terem passado por situações de guerra ou de conflitos violentos,

como é o caso do Afeganistão, de Angola, doChade, da RDC, da Libéria e da Serra Leoa.

As mortes dos recém-nascidos (durante o primeiromês de vida) estão concentradas de formasemelhante, com quase todas – 98% – a ter lugarnos países em desenvolvimento.37 Um relatório de2005 publicado por Lancet calculou que mais dedois terços de todas as mortes dos recém-nascidos(2.7 milhões em cada 4 milhões todos os anos)ocorrem em apenas dez países. Quatro dos países com maior densidade populacional – Índia,

4

A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

Todos os anos, mais de um milhão de criançasmorrem na Nigéria antes de atingirem o seuquinto aniversário.30 O país tem o maior númerode mortes de recém-nascidos em toda a África e o segundo a nível mundial. Quase um terço de todas as crianças tem pouco peso para a suaidade e 43% são raquíticas devido à desnutriçãocrónica.31

A situação nos estados do norte é muito piorque a dos estados do sul do país. As taxas demortalidade para os menores de cinco anos são quase o dobro, o dobro de crianças sofre de raquitismo e os níveis de vacinação são umafracção dos níveis do sul.32 Enquanto que 44.6%das crianças no sudeste e 32.5% no sudoeste são vacinadas, no nordeste apenas 6% e nonordeste apenas 3.7%. recebem as vacinas.33

Em 2006, uma revisão da igualdade na saúdeinfantil em 16 países africanos realçaram aNigéria como sendo o país com a maiordisparidade entre pobres e ricos. A taxa demortalidade de recém-nascidos entre o quintilmais ricos era de 23 por 1000 nascimentoscomparada com 50 no quintil mais pobre.Se a taxa de mortalidade dos recém-nascidosfosse de 23 por 1000 nascimentos para toda a

FORTALECENDO A CAPACIDADE E A RESPONSABILIDADE NA NIGÉRIA

população, morreriam menos 133.000 bebéstodos os anos.34

A maioria das mortes infantis na Nigéria poderiaser evitada. Apenas 1% das crianças dormemdebaixo de uma rede mosquiteira, o que as deixavulneráveis à malária, que é responsável porquase um quarto das mortes das crianças comidade inferior a 5 anos no país. Apenas 28% dascrianças doentes com diarreia recebem umaterapia oral de hidratação adequada e apenas33% daquelas com suspeitas de pneumonia sãotransportadas a um prestador de cuidados desaúde adequados. Menos de um quinto dascrianças são exclusivamente amamentadas ao peito.35

O repto é melhorar as provisões de cuidados de saúde acessíveis, nutrição e serviçosrelacionados para que as crianças mais pobres e marginalizadas possam receber a ajudanecessária. O governo federal tem umaestratégia para a saúde materno-infantil, mas éessencial que este e os governos provinciais seresponsabilizem mais pelo seu desempenho nosalvamento da vida das crianças. A sociedade civil tem um papel crucial em ajudar a obterestes resultados.

China, Paquistão e Nigéria – representam mais demetade.38 Aproximadamente um quinto das mortesdos recém-nascidos em todo o mundo acontecemem apenas um país – a Índia.39

Tal como demonstram as tabelas do Apêndice 2,existem frequentemente variações nos níveis de

mortalidade entre diferentes grupos económicosdentro do mesmo país, mesmo nos países que seencontram no caminho certo para cumprirem oODM4. O Paquistão, por exemplo, reduziu a médiada mortalidade infantil em 23% entre 1990 e 2007,e a quantia por quintil mais pobre é de apenas 3%.Na Tanzânia, houve uma redução de 18% na média

5

2 ONDE ESTÃO A MORRER AS CRIANÇAS

País População total Nº anual de partos Nº actual mortes Taxa de (milhares) (milhares) de menores de mortalidade de

2007 5 anos (milhares) menores de 5 anos 2007 (mortes em cada

1000 nascimentos)

Índia 1.169.018 27119 1953 72

Nigéria 148.093 5959 1126 189

RDC 62636 3118 502 161

Paquistão 163.902 4446 400 90

China 1.328.630 17374 382 22

Etiópia 83099 3201 381 119

Afeganistão 27145 1314 338 257

Bangladesh 158.665 3998 244 61

Uganda 30884 1445 188 130

Tanzânia 40454 1600 186 116

Tabela 1: Países com o maior valor absoluto do número de mortes infantis (2007)

Fonte: UNICEF (2008) A Situação Mundial da Criança 2009

Tabela 2: Países com as taxas mais elevadas de mortalidade infantil (2007)

País População total Nº anual de partos Nº actual mortes Taxa de (milhares) (milhares) de menores de mortalidade de

2007 5 anos (milhares) menores de 5 anos 2007 (mortes em cada

1000 nascimentos)

Serra Leoa 5866 268 70 262

Afeganistão 27145 1314 338 257

Chade 10781 492 103 209

Guiné Equatorial 507 20 4 206

Guiné-Bissau 1695 84 17 198

Mali 12337 595 117 196

Burkina-Faso 14784 654 125 191

Nigéria 148.093 5959 1126 189

Ruanda 9725 435 79 181

Burundi 8508 399 72 180

Fonte: UNICEF (2008) A Situação Mundial da Criança 2009

de mortalidade infantil de 1999 a 2004. No entanto,isto representa uma redução de 31% no quintil maisrico comparado com apenas 14% no mais pobre.Na Etiópia houve em média uma diminuição de 30%entre 2000 e 2005. No entanto, enquanto a reduçãoentre os mais ricos foi de 37%, entre os mais pobresfoi apenas de 18%. Na Costa do Marfim, as taxas demortalidade dos menores de cinco anos de idadenas classes sociais mais ricas diminuíram 14% entre1994 e 1999, enquanto que entre os mais pobresaumentaram cerca de 21%. As provas demonstram,

de uma forma muito poderosa, que temos que nos dedicar muito seriamente às necessidades dascrianças mais pobres e marginalizadas e a diminuir o fosso entre os ricos e os pobres. Demonstramtambém que o ODM 4 poderia ser alcançado maisrapidamente se conseguíssemos garantir maior nível de progressos no que diz respeito à reduçãodas taxas de mortalidade entre as crianças dascomunidades mais pobres e marginalizadas. (VideApêndice 2.)

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

As elevadas taxas de mortalidade infantil podem serexplicadas a 3 níveis, separados mas relacionados:1. causas directas da morte, 2. causas intermediáriase 3. causas subjacentes.

CAUSAS DIRECTAS

Uma pequena quantidade de doenças é responsáveispor mais de 90% das mortes entre os menores decinco anos. São a pneumonia, o sarampo, a diarreia,a malária, o VIH/SIDA e uma série de doenças neo-natais que ocorrem durante a gravidez e durante eimediatamente após o parto.40

Infecções graves (como a sepsia, a pneumonia, otétano e a diarreia), a asfixia e os nascimentosprematuros contabilizam 86% das mortes dosrecém-nascidos.41 Em quase todos os casos, asdoenças e outros problemas médicos que estão a matar as crianças são evitáveis e tratáveis.42

A pneumonia e a diarreia – que em conjunto matam 3.5 milhões de crianças todos os anos – são os maiores assassinos de menores de cincoanos fora do período pós-natal.43 1 milhão adicionalde crianças morre de infecções graves, incluindo a pneumonia, durante o período neo-natal.44

Isto acontece apesar da maioria destas doenças

7

COMO E PORQUÊ RAZÃOESTÃO A MORRER CRIANÇAS

3

Ilustração 1: A mortalidade infantil pode ser explicada a três níveis

VONTADEPOLÍTICA

RESPONSABILIDADE

Causas directasPneumonia,

sarampo, diarreia,malária,VIH e SIDA,doenças neonatais

Causas intermediáriasServiços básicos de saúde;

práticas de nutrição e alimentação;água potável e de saneamento seguro;

educação materna; acesso e utilização de planeamento familiar

Causas subjacentesPobreza, desigualdade e exclusão;

governação, estados frágeis e conflito;alterações climáticas e catástrofes naturais;

economia política global

serem evitáveis ou tratáveis com antibióticos e do facto de que uma terapia de hidratação oral de baixo custo pode acelerar a recuperação dadiarreia. A incidência, tanto da pneumonia como da diarreia, poderia ser ainda mais reduzida se osbebés fossem criados ao peito e crianças masivelhas fossem vacinadas.45

A Malária, responsável por 18% das mortes nascrianças na África subsaariana poderia diminuir deuma forma significativa se todas as crianças nospaíses de alto – risco dormissem protegidas porredes mosquiteiras e se as crianças que adoecemrecebessem tratamento imediato e adequado.46

As vacinas contra a difteria, a coqueluche (tosseconvulsa), o tétano, a hepatite B, a poliomielite e o sarampo salvam a vida das crianças. As mulheresgrávidas que recebem a vacina contra o tétanoprotegem as suas vidas e as dos seus filhos.De facto, os sucessos a nível da sobrevivência da criança durante a última década podem serlargamente atribuídos a um aumento na vacinação e outras medidas de prevenção.47

Uma terapia anti-retroviral pode diminuir o riscodas mães transmitirem aos bebés o vírus do VIH.Esta terapia é sem dúvida uma intervenção essencial se tivermos em mente que mais de 90% das transmissões do VIH ocorrem durante a gravidez, o parto ou a amamentação. Astransmissões do vírus do VIH de mãe para filhorepresentam cerca das 350.000 mortes anuais.48

Grande parte das crianças com VIH e SIDA morrem de pneumonia ou de diarreia, doenças que podem ser facilmente tratadas.

Entre as estratégias provadas de entrega deintervenções salva-vidas das mulheres grávidas e dos recém-nascidos incluem-se os cuidados pré e pós natail. O risco de morte dos recém-nascidos e das mães pode ser ainda mais reduzidoatravés de cuidados pré – natais eficazes, e doencaminhamento rápido para instalações de saúde seguras e adequadamente equipadas quando surgem complicações durante o parto. A atençãoqualificada durante o parto é crucial, assim

como uma iniciação imediata da amamentação e os cuidados pós natais. No entanto, apesar destas intervenções comprovadas poderem salvarmilhões de crianças todos os anos continuamindisponíveis ou inacessíveis a milhões de mães e seus filhos.

CAUSAS INTERMEDIÁRIAS

Para além das causas directamente responsáveispelas mortes infantis, existem um conjunto defactores intermediários que definem a possibilidadede sobrevivência das crianças. Estes são:• A acessibilidade e a qualidade dos sistemas

básicos de saúde • As práticas de nutrição e amamentação • A disponibilidade de água potável e de

saneamento seguro • A educação das raparigas • O acesso e uso de contraceptivos e a relação

idade – gravidez

Sistemas de saúde frágeis

No mínimo, os sistemas de saúde devem terequipamento, funcionários e estarem organizados de forma a levar a cabo intervenções comprovadas,com eficácia e igualdade às mães, recém-nascidos e crianças que delas necessitam, sobretudo nascomunidades mais pobres e marginalizadas. Estessistemas têm que prestar o que chamamos“cuidados contínuos”. Existem duas dimensõesneste tipo de cuidados – o tempo e o local. Osserviços devem ser direccionados às mulheres deidade reprodutiva, durante a gravidez, o parto e nos primeiros dias e anos de vida da criança. Devetambém existir uma ligação entre os cuidadosdomiciliários, na comunidade e nos hospitais eoutros centros de saúde.49

No entanto, em muitos países e comunidadespobres, os sistemas de saúde sólidos – que prestem cuidados contínuos – são simplesmentenão existentes. As instalações de saúde sãofrequentemente muito longe ou demasiado caras.Em muitos casos, as que existem não têm os

8

A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

funcionários adequados e falta-lhes medicamentos e equipamento essenciais. Os pobres estão por issorelutantes em investir tempo, esforço e dinheiro que lhes é precioso na procura de cuidados médicosque podem não estar disponíveis ou serem de uma qualidade extremamente deficiente. Outros podem não reconhecer os sintomas de doençaspotencialmente graves ou podem virar-se para oscurandeiros tradicionais ou para espíritas. Aspolíticas e os sistemas de saúde deveriam, tantoquanto possível, levar os cuidados de saúde àscomunidades e agregados familiares onde ocorrem a maior parte das mortes das crianças.

A questão do custo do acesso aos cuidados desaúde é também importante.Vários estudosrevelaram que quando é preciso pagar a procura das pessoas pobres aos serviços de saúde primáriosdecresce e que quando os serviços são gratuitosessa procura aumenta drasticamente.50 A questãovai para além do pagamento de consultas. Namaioria dos casos, outras despesas – como ostransportes, os medicamentos, a alimentação e osrendimentos perdidos – são superiores aos custosdirectos. Embora existam diferentes opiniões sobre os meios mais adequados para se financiar os serviços de saúde, o G8 em 2009 apoiouexplicitamente o conceito de que os cuidados desaúde materno-infantil devem ser “gratuitos noscasos em que os países os providenciam”.51

A falta de trabalhadores de saúde bem formados e equipados é, em muitos países pobres, o maiorobstáculo para a prestação de cuidados de saúdeeficazes às mães e crianças. Esta situação é aindamais agravada pela distribuição desigual dostrabalhadores de saúde existentes nos paísespobres. Poucos apreciam postos em condiçõesdifíceis, portanto, a falta de técnicos de saúde naszonas urbanas mais inseguras ou em áreas ruraisremotas é frequentemente grave. A OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) calcula que sãonecessários mais 4 milhões de técnicos de saúde –1.5 milhões apenas para África.52 Em todo o mundo,foram identificados 57 países com “défice crítico de técnicos de saúde” – 36 destes países são emAfrica.53 Este problema tem sido em alguns casos

intensificado pela imigração de técnicos de saúdepara trabalharem na Europa, na América do Norte ena Austrália, por vezes incentivados pelos governosdos países ricos.

Os doadores têm também, em muitos casos,contribuído para o enfraquecimento dos sistemasnacionais de saúde. A nível global, o sector da saúdeestá a ser atormentado por uma proliferaçãoconfusa de fundos e iniciativas, muitas das quaiscentradas em intervenções dirigidas a doençasespecíficas. Enquanto que algumas destas iniciativas“verticais” têm aumentado com sucesso as taxas de abrangência de tratamentos de prevenção e cura para doenças específicas, este sucesso tem sido frequentemente em detrimento dodesenvolvimento de sistemas de saúde nacionais e comunitários igualitários e eficazes. Existem maisde 40 doadores bilaterais e 90 iniciativas globaiscentradas no sector da saúde. Competem pelaatenção e por escassos recursos nacionais,sobretudo a nível dos recursos humanos. Criamuma obliquidade a nível das prioridades do país,aumentam os custos das transacções e incentivamsoluções fragmentadas aos problemas da prestaçãode serviços.54

A qualidade dos sistemas nacionais de saúde e a sua capacidade ao nível das intervenções chave élimitada também pelas restrições severas causadas por uma escassez global de recursos. Os Chefes dos Estados Africanos prometeram em 2001distribuir pelo menos 15% dos orçamentosgovernamentais ao sector da saúde.55 Foram muitopoucos os que o cumpriram. O Quénia gasta 9.7% do orçamento governamental na saúde, aEtiópia 9%, a Serra Leoa 7.8%, Angola 5%, o Gana4.4%, a Eritreia 4.2%, a Nigéria 3.5% e o Burundiapenas 2.4%.56 Os doadores estão também, a falharno cumprimento das suas promessas. Os países do G8 estão muito longe de cumprir as promessasde aumento de auxílio que fizeram em 2005 e que reiteraram durante as subsequentes cimeiras.As crianças pobres nos países pobres continuam a morrer porque os governos dos países doadores e em desenvolvimento não cumprem as suas promessas.

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3 COMO E PORQUÊ RAZÃO ESTÃO A MORRER CRIANÇAS

A subnutrição materno-infantil

A morte de 3.2 milhões de crianças todos os anos – cerca de um terço das mortes dos menoresde cinco anos – está associada à desnutrição.*

Os danos podem começar quando a criança ainda está no útero, uma consequência indirecta da deficiência nutricional da mãe. Globalmente,todos os anos nascem 18 milhões de bebés compeso baixo porque são prematuros ou foram malnutridos enquanto no ventre. O Sul da Ásia tem a maior incidência de nascimentos de crianças com pouco peso – um quarto dos recém-nascidospesa menos de 2500 gramas – assim como a maior prevalência de crianças com peso abaixo donecessário.57 Se uma criança estiver severamentemagra tem 10 vezes mais probabilidade de morrerdo que se tiver o peso médio para a sua idade. Seforem moderadamente magras as probabilidades de morrer são de duas vezes e meia.58

A falta de determinados micro nutrientes podemtambém danificar a saúde da mãe e do bebé eaumenta o risco de mortalidade materno-infantil.Por exemplo, a anemia afecta 42% das mulheresgrávidas a nível global – desde 24% nas Américas até 57% em África, aumentando o risco de partosprematuros, baixo peso à nascença, hemorragias e sepsia.59

A subnutrição enfraquece o sistema imunitário dascrianças, tornando-as mais susceptíveis às doenças e menos capazes de lutar contra as infecções.As primeiras semanas no útero até ao segundo anode vida representam um período particularmentecrítico para o desenvolvimento cognitivo e físico.Se uma criança for cronicamente sub nutrida ouenfraquecida durante este período, os efeitos são irreversíveis.

Um dos melhores meios de se garantir asobrevivência da criança, fortalecer o seu sistemaimunitário e um desenvolvimento mais saudável é a amamentação. Os bebés que são amamentadosexclusivamente ao peito durante os primeiros seismeses de vida têm dez vezes menos probabilidadede morrer de diarreia e 15 menos de morrer depneumonia, em comparação aos bebés que não sãoamamentados com leite materno.60 Muitas mulheresnão conhecem os benefícios da amamentaçãoexclusiva e poderão introduzir outros líquidos ealimentos que não são necessários nos primeirosseis meses de vida. Outras mães, enfrentam asdifíceis tarefas de trabalho fora e dentro de casa –tais como recolher água e cozinhar – o que reduz afrequência e a duração da amamentação. Os bebésficam muitas vezes aos cuidados de irmãos ou avóse apenas parcialmente amamentados. Quando umacriança é alimentada com outros tipo de alimentosque não o leite materno durante os primeiros seismeses, o risco de morrer aumenta três vezes.61

As provas demonstram também que as práticas de amamentação que não cumprem as normasinternacionais recomendadas (relacionadas com a duração e a frequência da amamentação e aintrodução de outros alimentos) são responsáveispela morte de 1.4 milhões de crianças todos os anos.62

A pressão dos fabricantes de substitutos daamamentação pode desincentivar a amamentaçãomaternal e aumentar o risco da mortalidade infantil.Em muitos países em desenvolvimento, as condiçõesgerais para as preparação do leite ou são poucohigiénicas ou as mães são forçadas a preparar o leitecom água pouco segura ou até contaminada. Alémdo mais, o bebé não recebe a imunidade transmitidaatravés do leite materno. Existe um códigointernacional de conduta, definindo as directrizes

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

* Existem três medidas de subnutrição: 1. as crianças com subnutrição crónica são demasiado baixas para asua idade; 2. as crianças com subnutrição aguda ou as crianças fracas são demasiado magras (são demasiadomagras para a sua altura); e 3. uma criança com pouco peso para a sua idade pode sofrer de desnutriçãocrónica e aguda . Os três tipos variam no seu grau de gravidade e são classificadas como leves, moderadas ouseveras. Existe também um lado escondido da subnutrição: as deficiências a nível de micro nutrientes afectammilhares de milhões de pessoas em todo o mundo, calculando-se que um terço das crianças nos países emdesenvolvimento têm insuficiências de vitamina A.

para a promoção do leite em pó para os bebés, masestas nem sempre são cumpridas.

Apesar da importância da resolução do problema damortalidade materno-infantil e da nutrição infantil,muitos governos dos países em desenvolvimento edoadores internacionais estão a negligenciar estaquestão crucial. A situação está a começar a mudare não apenas como resultado da crise alimentar.Existe agora uma maior atenção da parte dacomunidade internacional na segurança alimentar e na agricultura. As medidas necessárias paraestimular o rendimento agrícola nos países mais pobres têm que estar ligadas a medidas

que garantam que as pessoas mais carenciadaspossam comprar ou produzir os alimentosnecessários. As transferências de dinheiro e osprogramas de protecção social têm um papel crucial no sentido de garantir que isto seja uma realidade.63

Tal como acontece com a saúde, o sistemainternacional para a resolução das questõesrelacionadas com a subnutrição é altamentefragmentado. São necessárias medidas para garantir que as várias iniciativas internacionaisdireccionadas à nutrição e segurança alimentar sejam melhores coordenadas.

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3 COMO E PORQUÊ RAZÃO ESTÃO A MORRER CRIANÇAS

Os elevados preços dos bem alimentares estão a ter um impacto grave nas pessoas mais pobresdo mundo, incluindo as crianças pobres. O preçodos bens alimentares aumentou a níveis de picoentre 2005 e 2008. Embora tenha descido a nível global, espera-se que continuem em média35–60% mais elevados que na década anterior.64

Em Abril de 2009, a Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura levou a cabo um inquérito sobre os preços altos dos bensalimentares em 58 países em desenvolvimento.Concluíram que os preços dos alimentoscontinuavam muito elevados e que em algunscasos tinham atingido níveis recorde. Em 80%dos países analisados os alimentos eram maiscaros do que no ano anterior e, em cerca de40% dos países, tinham aumentado a partir deJaneiro de 2009.65

Uma série de factores de longo prazo vai levartambém a um aumento nos preços durante os próximos anos, incluindo as alteraçõesclimatéricas e o seu impacto no rendimento

PREÇO DA CRISE ALIMENTAR

agrícola, a escassez da água, o aumento no preço da energia, a competição pelas terras e oaumento na procura de produtos alimentarescomo resultado do crescimento populacional.Como exemplo, o Banco Mundial calcula que em 2030 a procura mundial de alimentos será50% maior.66

O que é que isto significa para as crianças? Asfamílias carenciadas nos países com elevadosníveis de subnutrição necessitam por vezes degastar metade e, por vezes, até 80% dos seusrendimentos em comida, dependendo da estaçãodo ano.* As flutuações de preços, por muitopequenas que sejam, podem por conseguinte ter um impacto muito grave. Usando os dadosdo Banco Mundial, a Save the Children calculaque só em 2008 um mínimo de mais 4.3 milhõesde crianças (potencialmente podem até ser 10.4 milhões) nos países em desenvolvimentopodem ter-se tornado vítimas da subnutriçãocomo resultado do aumento global do preço dos alimentos.67

* J Bernard (2008) O Impacto dos preços na subsistência dos agregados familiars no Burkina Faso (Impact ofprices on households’ livelihoods in Burkina Faso), pesquisa não publicada, Save The Children UK

Acesso limitado a água potável e asaneamento seguro

A OMS calcula que 28% das mortes dos menoresde cinco anos estão ligadas ao nível de qualidadedeficiente do saneamento e da água.68 Muitas destas mortes estão associadas à diarreia quealastra rapidamente em ambientes sem higiene ou com práticas de higiene pouco adequadas.A falta de água potável e de saneamento adequado aumenta também o risco de infecções respiratórias agudas, uma das causas principais da mortalidade infantil.

As crianças mais pobres tendem a ter um acesso limitado a água potável e a instalações de saneamento adequadas. Nas áreas afluentes das cidades na Ásia, América Latina e Áfricasubsaariana, muitas famílias têm casas de banho e agua canalizada que lhes é providenciada pelosserviços públicos a baixo preço. Em contraste,os habitantes dos bairros de lata e as famílias daszonas rurais pobres nos mesmos países, muitoprovavelmente não possuem casas de banhohigiénicas e têm acesso a muito menos água do que os 20 litros por pessoa necessários por dia.De facto, a maioria dos 1.1 mil milhões de pessoascategorizadas como não tendo acesso a águapotável utilizam apenas cerca de cinco litros pordia.69 As mulheres e as meninas sofrem um fardoduplo – perdem oportunidades e instrução escolarporque são forçadas a passar horas todos os dias arecolher água.

Embora tenham ocorrido progressos consideráveisno que diz respeito à provisão de água potável, oinvestimento no saneamento adequado continuamuito longe do prometido. Em 2006, 2.5 mil milhõesde pessoas continuavam sem acesso a saneamentoadequado. Seguindo os padrões actuais, o ODM 7relativo à provisão de saneamento adequado não vai ser concretizado na África subsaariana até aoséculo XXII.70

Falta de instrução escolar para asraparigas

A incapacidade de acesso das raparigas a instrução escolar de boa qualidade tem claramenteconsequências desastrosas a nível educativo.Tem também um grave impacto negativo nasobrevivência materno-infantil e do recém-nascido.

As conclusões da pesquisa resultante de 35relatórios sobre inquéritos nacionais com respeito à demografia e saúde sugerem que os filhos de mães sem instrução têm o dobro da probabilidadede morrerem ou serem sub nutridos do que osfilhos das mães que receberam educação secundáriaou superior.71

As mães com alfabetização e capacidades educativaslimitadas têm também muito menos probabilidadesde receber apoio qualificado durante a gravidez e o parto. Na Nigéria, por exemplo, apenas 15% dosnascimentos entre as mulheres sem instrução sãoacompanhados por pessoal médico qualificado emcomparação aos 56% dos nascimentos entre asmulheres que completaram o ensino primário e aos 88% entre as mulheres que terminaram oensino superior.72

A nível mais generalizado, as limitações nasoportunidades educativas das raparigas têm umimpacto na sua própria saúde e na dos filhos quevirão a ter. Entre estas está o não saberem ler asinformações sobre boas práticas de saúde, a falta de auto –confiança e autoridade para tomaremdecisões assim como a falta de capacidade paranegociarem a burocracia governamental relativa àprestação de serviços.

Acesso limitado a planeamento familiare cuidados no principio da gravidez

Existe uma ligação muito forte entre os elevadosníveis de mortalidade materno-infantil e do recém-nascido e a incapacidade das mães e seus parceirosem obterem e utilizarem métodos contraceptivosmodernos. As crianças que nascem menos de dois

12

A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

anos depois do último irmão ou irmã têm duasvezes mais probabilidade de morrer do que as que nascem com três anos de intervalo.73

A utilização eficaz de contraceptivos pode ajudar as mães a controlar a sua fertilidade e espaçar as gravidezes de forma a melhorar a sua saúde e a dos seus bebés. Embora o acesso aos meiosanticoncepcionais tenha aumentado nas últimasdécadas, milhões de mulheres que dizem quegostariam de poder evitar a gravidez não estão ausar métodos contraceptivos modernos. Enquantoque a nível global a utilização de anticoncepcionaismodernos é de 55%, na África subsaariana é emmédia 16%, com 17 países a informar que a médiade utilização é inferior a 10%.74

As taxas de mortalidade materno-infantil sãotambém influenciadas pela idade da mãe. As últimasestatísticas apresentadas pela ONU sugerem que agravidez na adolescência contribui para cerca de70.000 mortes entre mães dos 15 aos 19 anos eque o risco de um recém-nascido morrer durante o primeiro ano de vida é 60% maior se a mãe tivermenos de 18 anos.75 Os casamentos precoces –geralmente entre meninas e homens mais velhos –contribui para grande percentagem da gravidez naadolescência e coloca em sério risco a vida dasjovens mães e seus filhos.

CAUSAS SUBJACENTES

Por detrás das causas directas da mortalidadeinfantil e do recém-nascido e dos factoresintermediários que aumentam o risco de morte dascrianças está um conjunto de causas subjacentes.

Pobreza, desigualdade e exclusão

São as crianças mais pobres, nas comunidades mais pobres, nos países mais pobres que correm o maior risco de morrer antes de atingirem o seuquinto aniversário. A sua pobreza reflecte a falta deoportunidades a nível de subsistência ou de bensdos pais ou a sua maior vulnerabilidade aos choqueseconómicos e ambientais.

A pobreza pode ser causada ou intensificada peladesigualdade e pela exclusão. Em muitos países –incluindo o Brasil, a Nigéria e a Índia – os níveis de mortalidade entre os 20% dos agregados maisdesfavorecidos podem chegar a ser duas ou trêsvezes superior aos dos 20% mais ricos (VideApêndice 1). No Peru, a taxa é cinco vezes maiselevada.76 Em alguns países – por exemplo na Costado Marfim e no Senegal – as taxas de mortalidadeinfantil estão a deteriorar-se para os agregados mais pobres à medida que melhoram para os maisricos (Vide Apêndice 2).

A desigualdade não se limita à disparidadeeconómica. A discriminação com base no género,na casta, na etnia e na religião pode conduzir a taxas mais elevadas da mortalidade infantil e dorecém-nascido. Em muitos países, a relativa falta de poder das mulheres e das raparigas impede-as de ter acesso a serviços sem o consentimento dos seus maridos ou familiares do sexo masculino.Realizar os direitos das mulheres e das raparigas efortalecer o seu estatuto, poder e oportunidades é a chave para o progresso a nível da sobrevivênciados recém-nascidos, mães e crianças.

Governação, estados frágeis e conflito

A natureza e a qualidade da governação podem ter um impacto significativo nos prospectos desobrevivência dos recém-nascidos e das crianças,assim como das suas mães. Os Estados malgovernados ou corruptos, ou os países comsistemas de administração pública fracos, tendem ater menos capacidade ou vontade de proporcionarserviços de saúde e outros ao seu povo.77 Estespadrões são ainda mais pronunciados quando setrata de estados afectados pelo conflito. Oito dospaíses com as mais elevadas taxas de mortalidadeentre os menores de cinco anos experimentaramconflitos recentes ou violência e instabilidadepolítica.78 Por exemplo, a taxa de mortalidade demenores de cinco anos na Serra Leoa continua arecuperar de uma década de guerra civil e é de 262 por cada 1000 nascimentos. No Afeganistão é de 257 em 1000 e no Chade de 209 em 1000.

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3 COMO E PORQUÊ RAZÃO ESTÃO A MORRER CRIANÇAS

Alterações Climáticas e DesastresNaturais

As catástrofes relacionadas com as alteraçõesclimáticas afectam já 250.000.000 pessoas – cercade metade das quais são crianças – num ano típico.79

Nos próximos 20 anos estima-se que as alteraçõesclimáticas e outros factores venham a aumentar emmais de 300%80 o número de pessoas afectadas porcatástrofes. Actualmente, as alterações climatéricasestão a afectar seriamente a saúde das crianças e o seu acesso a comida e a água. Estão também aexpandir a distribuição, frequência e severidade dascatástrofes que têm um impacto desproporcionadonas crianças.81

Algumas das principais doenças responsáveis pelamorte das crianças – incluindo a malária e a diarreia– são altamente sensíveis às condições climáticastais como inundações e temperaturas elevadas. Amalária mata neste momento 800.000 crianças commenos de cinco anos.82 As temperaturas elevadasvão aumentar a área geográfica e a sazonalidade dasdoenças.83 Em algumas áreas onde as temperaturaseram previamente suficientemente baixas paramanter a malária afastada – como nas terras altasdo Quénia – a temperatura subiu agora para um nível que aumenta o risco de transmissão.84

Globalmente, até 2008, uns adicionais 260 a 320 milhões de pessoas vão ser afectadas pelamalária pois a doença está a espalhar-se por novas áreas.85

A maioria dos casos de diarreia entre as criançascom menos de cinco anos resultam do saneamentoinadequado, da pobre higiene e de beberem águaque não é potável.86 O acesso a água potável é já um repto diário para mais de mil milhões depessoas em todo o mundo.87 Se a temperaturaglobal aumentar mais 2°C, mais 1 a 3 mil milhões de pessoas vão sofrer com a escassez da água. Porsua vez, isto vai contribuir para um aumento a nívelda incidência de diarreia e doenças relacionadascom a segurança da água.88

As alterações climatéricas têm também implicaçõesmuito graves no que diz respeito à disponibilidadealimentar e nutrição.89 Até ao ano 2020, a produçãodas colheitas em certas partes de África podereduzir tanto quanto 50%,90 e nas regiões tropicais e subtropicais as colheitas de arroz e de milhopodem cair até cerca de 40%.91 Esta situação podelevar a que muitos países em desenvolvimento se tornem ainda mais dependentes no auxílioalimentar e ainda mais expostos aos caprichos dosmercados internacionais criando, assim, uma maiorinsegurança alimentar para as crianças mais pobrese suas famílias.92

A Economia Política Global

As perspectivas de sobrevivência das crianças sãoinfluenciadas pelos desenvolvimentos económicosglobais, incluindo as condições internacionais de comércio, a instabilidade financeira global, adiminuição da velocidade económica e os custos da alimentação e do combustível. De acordo comestimativas do Banco Mundial a mortalidade infantilpoderá ser 200.000 a 400.000 por ano mais elevadaentre 2009 e 2015 como resultado da crise globalfinanceira e económica.93

Este relatório apresenta amplas provas que asmortes infantis não são um acaso para além donosso controlo. São em grande parte o resultado de medidas políticas tomadas pelos governos.São também influenciadas por factores culturais,económicos, políticos e sociais que os governos e outros actores poderiam ajudar a definir ou a mitigar.

Enquanto que os países em desenvolvimento queapresentam níveis elevados de mortalidade infantil e do recém-nascido deviam desenvolver e liderar as suas próprias estratégias para a resolução desteproblema, as causas subjacentes da mortalidadeacentuam as responsabilidades dos países maisricos. Primeiro, estes países deveriam utilizar os seusconsideráveis recursos, conhecimentos e outros

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

instrumentos políticos de forma mais eficaz paragarantir a prestação de cuidados de saúde básicos,nutrição e serviços relacionados que impedem quemorram crianças.

Os países mais prósperos devem também alterar as políticas que prejudiquem as perspectivas dedesenvolvimento dos países mais pobres. Devem,por exemplo, pôr um fim a subsídios massivos ao comércio agrícola que alteram os mercadosalimentares a nível global. Deviam deixar de“usurpar” técnicos da saúde dos países emdesenvolvimento através de politicas activas de recrutamento e abandonar as abordagensdanosas às reformas económicas que comprimem o investimento em sectores como a saúde,o saneamento e a educação. Devem também reduzir a emissão a grande escala de carbonos que aceleram as alterações climatéricas.

Vontade Política e Responsabilidade

Existem dois outros factores importantes queinfluenciam as taxas de mortalidade infantil: avontade política e a prestação de contas. Se nãoestão a ser postas em prática intervençõescomprovadas, se a água potável e o saneamento não estão disponíveis, se as raparigas vêem negadoo acesso à educação, se existe discriminação e preconceito em relação a determinadascomunidades, a razão é que aqueles com influência e poder não têm vontade política para resolverestas desigualdades e não sentem responsáveis pela entrega de melhores condições de saúde enutrição às mães e crianças pobres. A sociedade civil tem um papel crucial na mobilização da vontade política necessária e em responsabilizar os governos e outras entidades responsáveis pelas suas acções. Este é o objectivo da campanhada Save the Children.

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3 COMO E PORQUÊ RAZÃO ESTÃO A MORRER CRIANÇAS

A questão da mortalidade infantil não é umaquestão recente. Há mais de um século que osgovernos, as fundações privadas, os profissionais de saúde e outros procuram reduzir o número demortes de crianças e de recém-nascidos. De facto,o grande declínio na mortalidade infantil em muitaspartes do mundo – sobretudo nos que hoje sãopaíses desenvolvidos – ao longo deste período detempo é um dos maiores sucessos na história dasaúde pública internacional. No início do século XX,muitos destes países tinham níveis de mortalidadepiores do que os dos mais pobres países de hoje.Por exemplo, em 1900 os níveis de mortalidadematerno-infantil na GB era de 140 em cada 1000 nascimentos e nos EUA 100 em 1000. Emcomparação hoje são cinco em 1000 e 7 em 1000.94

Como é que estes países conseguiram diminuir as taxas de mortalidade infantil? Investiram noscuidados de saúde, no saneamento e na provisão deágua potável. O aumento no nível de rendimentoslevou a melhorias nas dietas alimentares e aprovisão de instrução universal e maior acesso ao planeamento familiar levou a famílias maispequenas mas mais saudáveis.

Nas décadas mais recentes, a atenção internacionaldedicada a esta questão está centrada nos países em desenvolvimento, precisamente porque as taxasde mortalidade infantil continuam elevadas emmuitos destes países. Em 1978, realizou-se em Alma Alta uma conferência internacional sobre asaúde que se tornou um marco de referência, naqual participaram representantes de 134 nações e67 organizações não governamentais (ONG), assimcomo as principais agências da ONU. O primeiro

deste género, este evento procurou obter umconsenso internacional mais sólido sobre aimportância dos cuidados de saúde primários,tendo como base as experiências de países como a Nigéria, a Índia, a Guatemala, Cuba, a Indonésia e a China. A Declaração de Alma Ata95 acentuou a importância da igualdade, do envolvimento eparticipação da comunidade, de uma abordagem à saúde completamente integrada, a utilização detecnologia adequada, de capacidade financeira e da educação sobre a saúde.

Embora existisse um grande elemento depensamento inovador na abordagem de Alma Alta, a adopção e aplicação destes princípios foiamputada em muitos países pobres pelo contextoeconómico geral. Em vastas áreas do mundo emdesenvolvimento – sobretudo na América Latina e na África subsaariana – os anos 80 foram uma época perdida no que diz respeito aodesenvolvimento. Foi um período de crise financeira e de dívidas, de ajustes estruturais e de um aumento nos níveis de pobreza.

No entanto, apesar deste contexto poucoauspicioso, alguns elementos da abordagem de Alma Ata foram adoptados pela UNICEF, nocontexto da “revolução para a sobrevivência e desenvolvimento da criança”. Esta iniciativa foi uma ideia original de Jim Grant, o novo Director Executivo da UNICEF. Sob esta liderançacarismática, a UNICEF foi pioneira e promoveuquatro intervenções de baixo custo, colectivamenteconhecidas como GOBI: monitorização docrescimento e promoção de melhor nutrição;terapia de hidratação oral para o tratamento de

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SOBREVIVÊNCIA DA CRIANÇA – RESUMO

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crianças com diarreia; amamentação materna paragarantir que as crianças de tenra idade estivessemdevidamente alimentadas; e a vacinação contra seis doenças da infância que podem ser letais.Posteriormente, acrescentaram-se três intervençõesadicionais: suplementos alimentares, espaço entre asgravidezes através do apoio ao planeamento familiare a educação das mulheres. Esta abordagem totalficou conhecida como GOBI-FFF.96

Este pacote de intervenções foi altamente bemsucedido catalisando os governos nacionais e osdoadores internacionais a entrar em acção o queconduziu a uma quebra intensa nos níveis demortalidade infantil. No início da época, cerca de 15 milhões de crianças continuavam a morrer antesdo seu quinto aniversário. No início dos anos 90 acifra tinha diminuído para cerca de 12 milhões.97

Não obstante, o sucesso desta abordagem não se deveu apenas às intervenções técnicas em si.O que foi mais impressionante nesta iniciativa e na liderança de Jim Grant foi a forma como semobilizaram energicamente tantos governos ecomunidades. A visão foi articulada de uma formaclara e atraente. Esta visão foi acompanhada poracções práticas – medidas concretas contra as quaisse podiam medir ou avaliar os progressos – porexemplo o aumento na abrangência das vacinas ou o uso da terapia de hidratação oral para tratar a diarreia.

Nessa altura o apelo era aos melhores instintos do público e dos políticos. No que dizia respeito a estes, a redução da mortalidade infantil eraapresentada como algo possível de se conseguircom facilidade e a baixo custo, que conseguiria,resultados concretos e mensuráveis em poucotempo e pelos quais receberiam os louros. Comodizia Jim Grant:“A boa saúde é a boa política”.

Existem lições mais abrangentes a retirar destaprimeira revolução para a sobrevivência edesenvolvimento da criança. Porque razão nãohouve sustentabilidade? Quais os objectivos que não atingiu? Em que deve esta nova revolução diferir da primeira?

LIÇÕES PARA A SEGUNDAREVOLUÇÃO

Muitos elementos da primeira revolução são aindaaltamente relevantes para a situação actual. Temosque reavivar o sentido de idealismo, gerar umaliderança política sustentável a todos os níveis eligar estes factores a uma agenda política concreta eviável. A nossa tarefa colectiva é tornar novamentea sobrevivência da criança no centro das atenções.

Todavia, o repto hoje é muito mais difícil pois, emmuitos locais, a parte mais “fácil” foi já levada a cabo – os níveis de vacinação estão mais elevados,a utilização de sais de hidratação oral é comum emalguns países e muitas famílias têm menos filhos ecom períodos de tempo mais longos entre cadagravidez. Além disso, grande parte dos recém-nascidos e das crianças que estão a morrer vivemnum ambiente muito mais difícil e ao qual é muitomais difícil chegar. Tal como a UNICEF diz no seurelatório deste ano: A Situação das Crianças doMundo (State of the World’s Children):“a maior partedos esforços [reduzir a mortalidade infantil e dorecém-nascido] deve ser centrada nas situações ecircunstâncias mais difíceis: nos países mais pobres,nos distritos e comunidades mais empobrecidos,isolados, sem acesso à instrução onde se encontramas comunidades a serem destruídas pelo SIDA, peloconflito, por uma governamentação deficiente, ondeos sistemas públicos de saúde e as infra-estruturasfísicas são insuficientes.”98 Para que o progresso seja possível são necessárias novas respostaspolíticas do tipo a que nos referimos na Secção 7deste relatório.

Embora a primeira revolução para a sobrevivênciada criança tenha levado a progressos positivos anível da redução das taxas de mortalidade entre as crianças ligeiramente mais velhas, teve menossucesso em relação à redução da mortalidadematerna e do recém-nascido. Cerca de 500.000mulheres continuam a morrer todos os anos de complicações relacionadas com a gravidez e o parto. A mortalidade do recém-nascido diminuiuao longo das últimas décadas mas mais devagar

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4 SOBREVIVÊNCIA DA CRIANÇA – RESUMO

que a mortalidade global dos menores de cincoanos. O resultado é uma maior percentagem debebés que morrem à nascença (40%).99 As medidaspara a promoção da sobrevivência materno-infantile do recém-nascido precisam de ser integradas emintervenções de cuidados contínuos.

O ajuste seguinte centra-se não apenas em chegar a uma maior quantidade de crianças e de mães massim em ajudar a construir sistemas e estruturascapazes de criar melhorias sustentáveis nas suasvidas Uma crítica em relação à última revolução foique não prestou atenção suficiente às mudançasduradouras. A sustentabilidade tem que ser umponto central de atenção. Em termos de política,significa garantir que existe a quantidade suficientede profissionais de saúde onde necessário; queexistem equipamento e provisões disponíveissempre que necessário e que os programasrecebem o financiamento adequado para asdespesas de rotina. É também necessário que seprocurem soluções para os factores determinantes

dos elevados níveis de mortalidade materno-infantile do recém-nascido como por exemplo ascondições ambientais e económicas adversas.

Apesar dos progressos a nível global em relação àredução das taxas de mortalidade infantil tenhamsido menos impressionantes desde os anos 90 do que nos anos 80, têm existido algunsdesenvolvimentos importantes durante a últimadécada sobretudo no que diz respeito aoestabelecimento de um consenso técnico ecientífico mais claro sobre a necessidade de se reduzir a mortalidade.*

Globalmente, a história da sobrevivência infantildeve ser uma de inspiração e motivação. Asexperiências do último século – especialmente noque se refere à revolução para a sobrevivência edesenvolvimento da criança – demonstram o que épossível alcançar. Há muito a fazer e muitas lições a retirar desta experiência.

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

* Incluem os documentos de especialidade e séries do Lancet: Série da Bellagio sobre a Sobrevivência daCriança (Bellagio Child Survival Series (2003)), Mortalidade do Recém – Nascido (Newborn Mortality (2005))Sobrevivência Materna e Saúde Sexual Reprodutiva (Maternal Survival and Sexual Reproductive Health (2006)),Questões mais amplas sobre o Desenvolvimento das Crianças nos Países em Desenvolvimento (BroaderIssues of Child Development in Developing Countries (2007)), Sistemas de Saúde e Mulheres (Health Systems and‘Women Deliver’ (2009)), Saúde e Nutrição Materno-Infantil (Maternal and Child Health and Nutrition (2008)).

A Tabela 3 na página 21 indica o nível de progressoalcançado nos países com as piores taxas demortalidade. As más noticias são o facto que dos 68 países onde se concentram os mais elevadosníveis de mortalidade infantil e do recém-nascido,31 (46%) estão a ter progressos insuficientes no que diz respeito à redução desses níveis e 20 (29%)não conseguiram quaisquer progressos ou os níveisestão efectivamente a piorar. No entanto 17 paísesestão no caminho certo para realizarem o ODM 4.É importante que saibamos como e porque razão alguns países fizeram progressos. As suasexperiências demonstram que é possível que outros também o consigam.

CASOS DE SUCESSO

Bangladesh – no caminho certo para concretizaro ODM 4 – conseguiu os progressos através de:aumento na quantidade de pessoas abrangidas pelas vacinas, especialmente a protecção ante natalantitetânica; provisão de suplementos de vitamina Ae de terapia de hidratação oral e de apoio aoplaneamento familiar. É um exemplo invulgar dacolaboração entre os governos e as ONG,sobretudo com o Comité do Bangladesh para oDesenvolvimento Rural (BRAC), que tem ajudado a levar até às comunidades mais pobres do paísintervenções salva – vidas a nível da saúde e danutrição. Os esforços do BRAC e de outrasorganizações ajudaram a garantir que as raparigasrecebem instrução, que existe maior acesso aplaneamento familiar moderno e a cuidadosobstétricos de emergência.

O Bangladesh introduziu também programas de redução da pobreza em muitos distritos,com uma ênfase na geração de rendimentos e na auto-dependência das mulheres, sobretudo asque pertencem aos extractos mais pobres dapopulação.100 Como demonstra o Apêndice 2, nosúltimos anos, o Bangladesh tem alcançado rápidosresultados a nível da redução da mortalidade infantil entre os extractos de riqueza mais baixos do que a nível da nação como um todo. Apesar detudo, continuam a existir níveis de desigualdadeinaceitáveis no que diz respeito à mortalidade e àabrangência das intervenções entre os extractoseconómicos mais favorecidos e os mais pobres. Umadiminuição nesta desigualdade levará o Bangladesh aconcretizar mais rapidamente o ODM 4.

Nepal – também no caminho certo paraconcretizar o ODM 4 – uma história extraordinária.Apesar da instabilidade política generalizada e deuma pobreza extrema, a mortalidade dos menoresde cinco anos diminuiu 50% desde 1990. Entre 1996e 2006 as vacinas e os tratamentos da diarreia e da pneumonia passaram para mais do dobro, autilização de anticoncepcionais modernos aumentoude 26% para 40%, e a distribuição de vitamina Aaumentou para mais de 90%. Um ambiente depolítica de apoio – que permite que outrosprofissionais de saúde que não os médicos sejamresponsáveis por intervenções – o fortalecimentode sistemas, sobretudo a nível da formação e dalogística e o apoio dos doadores – foi crucial paraeste sucesso. Muito importante é o facto de umnúcleo nacional do grupo Voluntárias Para a Saúdena Comunidade ter tido um papel fundamental em

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APRENDENDO COM OS CASOS DE SUCESSO

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

levar a cabo intervenções como os tratamentos àpneumonia, o que levou a um aumento na procuradeste tratamento e criou laços entre o sistemaformal de saúde e as comunidades locais.101

O Sri Lanka teve tantos progressos na redução da mortalidade infantil durante os últimos 40 anosque nem sequer faz parte da lista da ContagemDecrescente. A sua experiência continua no entanto a ser relevante. O país chegou a baixosníveis de mortalidade infantil ao enfrentar osdeterminantes sociais da falta de saúde. Uma ênfaseno empoderamento e na alfabetização da mulhergarantiu que a população exigisse o seu direito aos serviços básicos. Cuidados de saúde dequalidade e gratuitos, significaram que a maior parte dos partos têm lugar em instalações de saúde, são assistidos por pessoal habilitado,existe um bom acompanhamento no sentido demonitorizar os progressos dos bebés e evitardoenças. O investimento na formação e nodesenvolvimento de profissionais de saúde tem sidotambém um factor importante nas impressionantestaxas de sobrevivência infantil no Sri Lanka.102

Em termos de desafios actuais, são claramentenecessárias medidas para reduzir a disparidade na provisão de cuidados de saúde entre a população de maioria singalesa e a comunidadeTamil minoritária, incluindo o auxílio e a protecçãopara as crianças e suas famílias deslocadas pelaviolência e pelo conflito.

A Tanzânia não está actualmente no caminhocerto para a concretização do ODM 4, mas está a ter progressos e as suas políticas eintervenções de programas começam a reflectirtaxas de mortalidade infantil mais baixas. O país tem uma estrutura política progressiva, incluindoserviços gratuitos para todas as mulheres durante a gravidez, o parto e o período pós – natal assimcomo para todas as crianças com menos de cinco anos. O governo está também maisdeterminado a encontrar soluções para o problema da desnutrição infantil.

Embora existam factores contextuais específicos a cada um destes casos, existem também temascomuns. A prioridade política parece serimportante, assim como a provisão de serviçosatravés de estratégias com base na comunidade e o alargamento do acesso a intervenções deprevenção. O empoderamento das mulheres e oacesso ao planeamento familiar fazem uma diferençareal.103 Em certos países, os progressos são maisrápidos nos casos em que os governos se dedicamao fortalecimento de sistemas tanto a nível nacionalcomo a nível comunitário. A sociedade civil parecetambém ter um papel importante sobretudo noBangladesh. Estes estudos de caso são consistentescom a melhor literatura sobre as causas dodesenvolvimento social, como é por exemplo otrabalho de Amartya Sen sobre as oportunidades,o empoderamento e a participação.104

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5 APRENDENDO COM OS CASOS DE SUCESSO

Tabela 3: Progressos em direcção à concretização do ODM 4

ODM 4 (reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, as taxas de mortalidade das crianças com menos de cinco anos)

País ou Território Taxa de mortalidade dos Meta 2015 Redução média anual da Progressos em menores de cinco anos Objectivo taxa de mortalidade (%) direcção à

Desenvolvimento meta de 1990 2007 do Milénio Observada Necessária concretização

1990–2007 2007–2015 do ODM

Afeganistão 260 257 87 0.1 12.1 Sem progressos

Africa do Sul 64 59 20 0.5 13.8 Sem progressos

Angola 258 158 87 2.9 12.2 Insuficiente

Azerbeijão 98 39 35 5.4 10.2 No bom caminho

Bangladesh 151 61 50 5.3 3.6 No bom caminho

Benin 184 123 62 2.4 9.7 Insuficiente

Bolívia 125 57 42 4.6 4.2 No bom caminho

Botsuana 57 40 19 2.1 20.7 Insuficiente

Brasil 58 22 19 5.7 0.6 No bom caminho

Burkina-Faso 206 191 69 0.4 12.1 Sem progressos

Burundi 189 180 63 0.3 11.7 Sem progressos

Camarões 139 148 46 -0.4 13 Sem progressos

Cambodja 119 91 39 1.6 8.3 Insuficiente

Chade 201 209 67 -0.2 12.6 Sem progressos

China 45 22 15 4.2 5.2 No bom caminho

Congo Brazzaville 104 125 34 -1.1 14.5 Sem progressos

Costa do Marfim 151 127 51 1 10.1 Insuficiente

Djibouti 175 127 58 1.9 8.9 Insuficiente

Egipto 93 36 30 5.6 1.6 No bom caminho

Eritreia 147 70 49 4.4 4.6 No bom caminho

Etiópia 204 119 68 3.2 6.6 Insuficiente

Filipinas 62 28 21 4.7 4.8 No bom caminho

Gabão 92 91 31 0.1 12.1 Sem progressos

Gambia 153 109 51 2 8.8 Insuficiente

Gana 120 115 40 0.3 12.2 Sem progressos

Guatemala 82 39 27 4.4 4.5 No bom caminho

Guiné 231 150 78 2.5 8 Insuficiente

Guiné-Bissau 240 198 80 1.1 10.2 Insuficiente

Guiné Equatorial 170 206 57 -1.1 14.3 Sem progressos

Haiti 152 76 51 4.1 5.1 No bom caminho

Índia 117 72 38 2.9 7.6 Insuficiente

Indonésia 91 31 30 6.3 1.3 No bom caminho

Iraque 53 44 18 1.1 10.6 Insuficiente

Lesoto 102 84 34 1.1 15.2 Insuficiente

Libéria 205 133 78 2.5 12.2 Insuficiente

Madagáscar 168 112 56 2.4 8 Insuficiente

Malawi 209 111 74 3.7 5.4 Insuficiente

Mali 250 196 83 1.4 10.6 Insuficiente

Marrocos 89 34 30 5.7 204 No bom caminho

Mauritânia 130 119 44 0.5 11.5 Sem progressos

México 52 35 18 2.3 7.6 No bom caminho

Moçambique 201 168 78 1.1 6.3 Insuficiente

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

Myanmar (Burma) 130 103 43 1.4 9.7 Insuficiente

Nepal 142 55 47 5.6 2.5 No bom caminho

Níger 304 176 107 3.2 9.6 Insuficiente

Nigéria 230 189 77 1.2 10.1 Insuficiente

Papua Nova Guiné 94 65 31 2.2 9.4 Insuficiente

Paquistão 132 90 43 2.3 9 Insuficiente

Peru 78 20 26 8 -0.4 No bom caminho

Quénia 97 121 32 -1.3 14.7 Sem progressos

República Centro Africana 171 172 58 0 12.3 Sem progressos

República Democrática do Congo 200 161 68 1.3 12.2 Insuficiente

República Popular Democrática da Coreia 55 55 18 0 12.2 Sem progressos

RPD de Lao 163 70 54 5 3.6 No bom caminho

Ruanda 195 181 59 0.4 11.1 Sem progressos

Senegal 149 114 50 1.6 9.4 Insuficiente

Serra Leoa 290 262 97 0.6 11.4 Sem progressos

Somália 203 142 68 2.1 8.5 Insuficiente

Suazilândia 96 91 37 0.3 16.6 Sem progressos

Sudão 125 109 40 0.8 8.9 Sem progressos

Tajiquistão 117 67 38 3.3 6.4 Insuficiente

Tanzânia 157 116 54 1.8 8.7 Insuficiente

Togo 150 100 50 2.4 8.6 Insuficiente

Turquemenistão 99 50 33 4 4.8 No bom caminho

Uganda 175 130 53 1.7 10.2 Insuficiente

Yemen 127 73 46 3.3 8.6 Insuficiente

Zâmbia 163 170 60 -0.2 12.3 Sem progressos

Zimbabué 95 90 25 0.3 15.8 Sem progressos

Anotação: Esta tabela demonstra os progressos obtidos em relação ao ODM4, com os países classificadosde acordo com os três princípios seguintes (com base no método classificativo utilizado pela UNICEFwww.childinfo.org/mortality_progress.html):

No caminho certo: A TMM5 é inferior a 40 ou a TMM5 é 40 ou superior e a taxa média anual de redução(TMAR) na taxa de mortalidade dos menores de cinco anos observada entre 1990 e 2007 é igual ousuperior a 4.0 por cento.

Progressos Insuficientes: A TMM5 é igual ou superior a 40 e a TMAR observada entre 1990 e 2007 situa-se entre os 1.0 por cento e os 3.9 por cento

Sem progressos: A TMM% é 40 ou superior e a TMAR observada entre 1990 e 2007 é inferior a 1.0 por cento

Fontes: A informação sobre a Taxa de Mortalidade dos Menores de 5 anos relativa ao período de 1990 a 2007 foi retirada do relatório da UNICEF A Situação Mundial da Criança 2009 (The State of the World’s Children 2009, UNICEF). As taxas observadas de redução entre 1990–2007 foram calculadas por Dados da ONU utilizando dados retirados do relatório A Situação Mundial da Criança(http://data.un.org/Data.aspx?d=SOWC&f=inID%3A81)

Tabela 3 (continuação)

País ou Território Taxa de mortalidade dos Meta 2015 Redução média anual da Progressos menores de cinco anos Objectivo taxa de mortalidade (%) em direcção

Desenvolvimento à meta de 1990 2007 do Milénio Observada Necessária concretização

1990–2007 2007–2015 do ODM

Existem uma série de conceitos errados sobre asobrevivência da criança. É importante desmistificarpara que possamos impulsionar medidas planeadas e urgentes por parte dos governos e de outrasentidades em posições de influência e poder.

Mito 1 – Entre as crianças pobres hámuitas que morrem. Sempre foi assim.Não há muito que possamos fazerquanto a isso.

Esta afirmação é falsa. Há imensas coisas quepodemos fazer para diminuir a mortalidade infantil.Até países pobres como é o caso da Eritreia,Bangladesh, Bolívia, Guatemala, Haiti, RPD Lao e doPeru estão no caminho certo para concretizarem o ODM 4. Nos últimos anos têm-se conseguidograndes reduções a nível da mortalidade infantil e do recém-nascido, através de intervenções debaixo custo tais como a vacinação, a hidratação oral, as redes mosquiteiras tratadas com insecticidae os suplementos de vitamina A acompanhadas por medidas de fortalecimento dos direitos e dasoportunidades da mulher assim como ao acesso ao ensino. O que estes países conseguiram pode ser realizado em todo o lado.

Mito 2 – Os custos para se conseguirreduzir as taxas de mortalidadematerno-infantil e do recém-nascidosão elevados.

O custo para se diminuir a quantidade de mortes decrianças é em termos globais bastante reduzido. Até2015, para poder garantir a realização dos ODM 4 e5 nos países mais pobres, o mundo precisa de gastar

uns US$36–45 mil milhões adicionais aos $31 milmilhões que gasta actualmente. Parece muito mas émenos de metade do que os consumidores gastamglobalmente em água engarrafada todos os anos.105

Mito 3 – A redução da mortalidadeinfantil vai acelerar o crescimentopopulacional num planeta que já seencontra sobrepovoado.

É exactamente o contrário. A redução nas taxas demortalidade ajuda a diminuir as taxas de fertilidadee a estabilizar o crescimento populacional. Enquantoque, seguindo os padrões actuais, a populaçãomundial deve crescer cerca de 9 mil milhões até2050, tem havido uma redução nos níveis decrescimento pois as mulheres, em muitas partes domundo estão a optar por ter menos filhos do que o que tiveram os seus próprios pais.106 O motivoprincipal para isso é a redução na mortalidadeinfantil.107 Quando as mães e os pais sentemsegurança na sobrevivência dos filhos e as mães têm a capacidade de controlar a sua fertilidade,optam por famílias mais pequenas.

A diminuição da mortalidade infantil e o aumentono controlo da mulher na sua própria fertilidade éessencial para as famílias muito pobres poderemultrapassar a pobreza. Este facto aplica-se também a comunidades e países que não têm a capacidadeeconómica para uma população que duplica comcada geração.108 Os níveis elevados de fertilidadeaumentam também as pressões ambientais,sobretudo em determinadas zonas de África,onde o tamanho das hortas por família é já muitopequeno. Mas – associado ao apoio ao planeamento

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DESMASCARAR OS MITOS

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familiar e ao empoderamento da mulher – adiminuição nas taxas de mortalidade infantil leva àredução das taxas de fertilidade e ao crescimentopopulacional o que facilita a redução da pobreza.

Mito 4 – As tentativas para semelhorarem a saúde e as condições de nutrição das crianças vão serinevitavelmente frustradas pelacorrupção e má governação dos países mais pobres.

A corrupção e a má governação representam umdesafio significativo para o desenvolvimento e asobrevivência das crianças. No entanto, estesobstáculos não são intransponíveis. Todos os anos a organização Transparência Internacional(Transparency International) elabora um Índex dePercepção da Corrupção que mede os níveis depercepção da corrupção no sector público dedeterminado país, tendo como base diferenteslevantamentos de perícia e empresariais. Todos os 16 países prioritários na lista da organizaçãoCountdown que se encontram no caminho certopara concretizar o ODM estão no final desta mesma

lista – países considerados como tendo elevadosníveis de corrupção (Vide Tabela 4). Reiteramos que não estamos a dizer que a corrupção não é uma questão importante apenas que, apesar de tudo, existem meios para se reduzir amortalidade infantil.

Mito 5 – Não há vantagem em manter as crianças vivas se o futuro que as espera é de uma pobreza atroz.

Para além dos motivos morais óbvios, as pessoasmais ricas nos países em desenvolvimento têm todo o interesse em ajudar a cortar as taxas de mortalidade entre as comunidades mais desfavorecidas.

Todos perdemos quando as nossas crianças estãosubnutridas e mais vulneráveis à doença e à morteprecoce, e todos ganhamos quando estão saudáveis,bem nutridas e instruídas. A nível global, calcula-seque os custos directos da subnutrição infantilvariem entre os US$20 mil milhões e os $30 milmilhões por ano.109 O impacto económico da

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

Tabela 4: Corrupção nos países no “caminho certo” para concretizaremo ODM 4

Classificação do País Percepção da corrupção em 2008 País (em 180 países) (1 = completamente corrupto

10 = sem qualquer corrupção)

72 China 3.672 México 3.672 Peru 3.680 Brasil 3.580 Marrocos 3.596 Guatemala 3.1102 Bolívia 3.0115 Egipto 2.8121 Nepal 2.7126 Indonésia 2.6126 Eritreia 2.6141 Filipinas 2.3147 Bangladesh 2.1151 RPD de Lao 2.0166 Turquemenistão 1.8177 Haiti 1.4

Fonte: Relatório 2008 da Contagem Decrescente para 2015 (Countdown to 2015) e do Índex Internacional2008 da Percepção da Corrupção, da organização Transparência Internacional (Transparency International)

subnutrição é também significativo a nível nacionallevando a baixas no PIB que podem chegar aos 6% como resultado da perda de produtividade e de rendimentos.110

Além do mais, a redução da mortalidade infantil tem também vantagens económicas importantes.A influente Comissão sobre Macroeconómicas eSaúde calcula que o impacto global das mortesmaterno-infantis é de cerca de US$15 mil milhõespor ano em produtividade perdida.111 Analisaramtambém os benefícios económicos a longo prazo deum país com melhores níveis de saúde. Defenderamque os resultados de melhores níveis de saúdedevem aumentar a expectativa de vida nos paísescom baixos rendimentos para cerca de metade dos19 anos de diferença que existem em comparaçãoaos países com elevados rendimentos – porexemplo dos 59 para os 68 anos – o que deveconduzir a um impulso nos níveis de crescimentoeconómico. A estimativa é que os rendimentos per

– capita dos países com baixo rendimento são, aofinal de 20 anos, 10% mais elevados.112

A avaliação de outra investigação levada a cabo foique 30 a 50% do crescimento económico da Ásiaentre 1965 e 1990 pode ser atribuído às melhoriasa nível demográfico e da saúde, incluindo reduçõesnas taxas de mortalidade infantis, melhor acesso aoscuidados de saúde reprodutiva e a diminuições nosníveis de fertilidade.113 A investigação mais recentedemonstra que as melhorias no desenvolvimentohumano estão correlacionadas com níveis maiselevados de crescimento económico, uma reduçãode 5 pontos percentuais nas taxas de mortalidadeinfantil associada a um aumento de 1 porcento no crescimento económico ao longo da décadaseguinte.114 Numa época em que os governosprocuram uma recuperação nas suas economiasexistem motivos sólidos para se investir nosprimeiros anos de vida das crianças.

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6 DESMASCARAR OS MITOS

O prazo meta para se concretizarem os Objectivosde Desenvolvimento do Milénio, incluindo os ODM4 e 5, é 2015. Tendo em conta os padrões actuais,estas metas não serão cumpridas. O próximo ano,2010, é portanto absolutamente crucial para que omundo esteja no caminho certo para cumprir aspromessas feitas às crianças mais pobres do mundoe às suas mães. Este relatório sugere como istopode ser feito e a razão porque tem que ser feito.

A Save the Children, trabalhando de perto emcolaboração com outras organizações e utilizandonovas provas e novos argumentos, está determinadaa pôr um fim à grande injustiça que são os elevadosníveis da mortalidade materno-infantil e a defenderrespostas políticas e programas que visam ajudar omundo a concretizar os ODM 4 e 5.

É necessário não menos que uma “revolução para a sobrevivência da criança” – uma revolução queremate o trabalho iniciado por Jim Grant e pelaUNICEF nos anos 80. O nosso objectivo é que os governos nacionais e os doadores assumammaior responsabilidade no seu desempenho a nível da redução da mortalidade materno-infantil,especialmente entre os mais pobres. Para que istoaconteça são necessárias organizações da sociedadecivil que sejam mais fortes – a nível internacional,nacional e local – e que estejam concentradas nestaquestão, pressionando e persuadindo os governos eoutras entidades a tomarem as medidas necessárias.

RECOMENDAÇÕES

Fazer da sobrevivência materna, infantile do recém-nascido a fita métrica comque se mede o sucesso

Os níveis de mortalidade entre as comunidadesmais pobres são um indicador muito mais real dos progressos a nível do desenvolvimento (ou danão existência dos mesmos) que os rendimentosper capita.

Sabemos, por exemplo, que nem todos os paísesque alcançaram altos níveis de crescimentoeconómico converteram estes níveis em reduçõesmensuráveis dos níveis da mortalidade ou emmelhorias a nível do desenvolvimento humano.Para a globalidade dos países em desenvolvimentoas provas sugerem que um aumento de 1% nosrendimentos per capita está associado a um declínio de 0.3% (0.1% na África subsaariana) nastaxas de mortalidade infantil.115 Esta pesquisa éconsistente com a experiência de outros países.É impressionante que 40% de todas as mortesinfantis tenham ocorrido nas 20 economiasmundiais em maior crescimento, durante os últimos cinco anos (2005–2009).*

Os países deviam ser incentivados a medir e ainformar quais os progressos a nível da mortalidadeinfantil e do recém-nascido (por quintil de riqueza

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PLANO DE SETE PONTOS E APELO PARA ACÇÃO

7

* As taxas de crescimento económico são a média calculada para o período entre 2005–2009 retirada dedados disponibilizados pelo Grupo de Desenvolvimento das Perspectivas Económicas do Banco Mundial.Os cálculos sobre a mortalidade infantil são retiradas dos últimos dados disponíveis por altura da publicação deste relatório de acordo com A Situação das Crianças do Mundo 2009, publicado pela UNICEF.Os 20 países são: Angola, Rep. Árabe do Egipto, Azerbeijão, Bangladesh, Cabo Verde, China, Etiópia, Gambia,Guiana, Índia, RPD LAO, Malawi, Panamá, Peru, Ruanda, Eslováquia, Sudão, Tanzânia, Uganda e Uzbequistão.

e grupo social), e os governos nacionais e doadoresdeveriam ser responsabilizados perante a sociedadecivil pela concretização de melhor resultados.

Segue-se uma série de apelos aos doadores, paísesem desenvolvimento, organizações internacionais –um plano de 7 pontos – para que seja possívelconcretizar reduções na mortalidade materno-infantil e do recém-nascido.

Plano de Sete Pontos da Save the Children

1. Implementar planos nacionais credíveis

Todos os países deveriam ter um plano credível para a redução da mortalidade materno-infantil e do recém-nascido. Este plano deve centrar-se noalargamento de intervenções provadas tais comocuidados pré natais eficazes, parto acompanhadopor um profissional qualificado, cuidados pós parto,suplementos de vitamina, gestão comunitária dadiarreia, pneumonia e malária e um aumento noacesso às vacinas. Estas intervenções devem seracessíveis às pessoas mais pobres e funcionar numabase de cuidados contínuos em contextos frágeis,de emergência ou de desenvolvimento. O planodeve ser acompanhado por uma estratégia dedesenvolvimento do país que seja coerente edevidamente integrada em medidas que enfrentemas causas intermediárias e subjacentes damortalidade materno-infantil e do recém-nascido.

Muitos países têm boas estratégias em papel mas que frequentemente não são devidamenteimplementadas. Um plano credível deve contermarcos de referência claros (com parâmetros demedição dos progressos), estruturas bem definidasde responsabilidade política, níveis adequados derecursos, assim como um plano de implementaçãoque garanta que todas as crianças e suas mães,especialmente as mais pobres, tenham vantagensreais. Os governos doadores e as instituiçõesinternacionais deveriam estar preparados paraacelerar os recursos necessários aos países que têm um plano credível.

Na realidade, os doadores deviam obrigar-semoralmente a que nenhum país, que tenha um

plano credível e um compromisso para com aimplementação do mesmo, falhe devido à falta de recursos.

2. Concentração nos recém-nascidos

As mortes entre os recém-nascidos (dentro doprimeiro mês de vida) contabilizam agora 40% damorte de todas as crianças com idade inferior a 5 anos ou seja, 4 milhões de mortes em todo omundo. À medida que os países têm logrado reduzira taxa da mortalidade das crianças ligeiramente mais velhas, a morte entre os recém-nascidosaumentou proporcionalmente. Para se concretizar o ODM 4 vão ser necessárias medidas e umaatenção sustentáveis no sentido de se incentivar a sobrevivência do recém-nascido.

São necessárias intervenções que acentuem a saúde, a nutrição e o bem-estar das mulheres e que apoiem as mães e os bebés durante eimediatamente após o parto. O apoio é prestado de uma forma mais eficaz através de cuidadoscontínuos – ao longo do ciclo de vida, desde a idadereprodutiva até ao nascimento e primeiros anos de vida das crianças, assim como desde cuidadosdomiciliários até cuidados hospitalares e em outrasinstalações de saúde.

Os exemplos incluem anticoncepcionais, serviços de visitas ante-natal, parto acompanhado porprofissionais qualificados, cuidados pós natais nacomunidade e apoio ao aleitamento.

3. Dar prioridade à igualdade

A desigualdade nos níveis de mortalidade infantil e dos recém-nascidos, tanto entre países comodentro dos próprios países, é imensa e vergonhosa.Uma em cada sete crianças na África subsaarianamorre antes de celebrar o seu quinto aniversário.Nos países industrializados o ratio é de 1 em 167.116

Existem também enormes diferenças nos níveis decobertura das intervenções provadas, tais como as visitas de cuidados pré natais, presença deprofissional qualificado durante o parto e vacinas.Em quase todos os países prioritários da Countdownto 2015 as famílias mais privilegiadas tem acesso aintervenções chave muito mais rapidamente do que

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7 PLANO DE SETE PONTOS E APELO PARA ACÇÃO

as famílias pobres. Para se concretizarem os ODM 4e 5 é necessária uma diminuição das desigualdadesglobais e nacionais.

Queremos, especificamente que os doadores,as instituições internacionais e os governos dospaíses em desenvolvimento definam metas para a redução da disparidade na abrangência dasintervenções comprovadas entre os ricos e ospobres assim como metas para a redução das taxas de mortalidade entre diferentes gruposeconómicos e outros grupos sociais.

Reduzir as taxas de mortalidade entre as criançasmais pobres exige também medidas planeadas parase fazer face às causas subjacentes – os factores quelimitam a capacidade das crianças pobres e suasfamílias em obterem cuidados de saúde decentes,nutrição adequada, água potável e saneamento eoportunidades educativas. Isto significa reconhecerque as crianças são muitas vezes discriminadas pormotivos de etnia, género, casta, estatuto de VIH eoutros factores sociais. Em termos de política e de programação é necessário uma abordagemabrangente que quebre barreiras e as formasmúltiplas de discriminação e preconceito, assimcomo é necessário garantir que os direitos dascrianças e das mulheres são respeitados.

4. Mobilizar recursos

Os progressos em direcção aos ODM 4 e 5 sãoseveramente dificultados pelos níveis inadequadosde financiamento assim como pela utilização ineficaz de verbas e por múltiplas – e muitas vezesmal coordenadas – incitativas globais de saúde emecanismos de financiamento. Foi esta a conclusãoa que chegou recentemente uma Equipa Especial de Alto Nível sobre o Financiamento para a Saúde,presidida pelo primeiro – ministro do Reino Unido,Gordon Brown, e pelo Presidente do BancoMundial, Robert Zoellick.*

A Equipa Especial tem em consideração uma série de opções associadas a diferentes tipos deprestação de cuidados. Consistente com as suasrecomendações, a Save the Children apela para que os doadores, governos nacionais e outrasentidades gastem na saúde e intervençõesrelacionados mais do dobro do que o valor actual,ou seja, que passem de cerca de US$31 mil milhõesem 2008 para US$67–76 mil milhões em 2015.117

Estes US$36–45 mil milhões extras terão que tervárias fontes, incluindo possivelmente mecanismosde financiamento inovadores como por exemplo o Mecanismo Financeiro Internacional para asImunizações (International Finance Facility for

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

* A Equipa Especial levou a cabo uma avaliação detalhada do nível de financiamento necessário para secumprirem estes objectivos assim como fez outras recomendações. Centraram-se nas lacunas de recursosque os 49 países de baixo rendimento enfrentam em comparação aos 68 países avaliados pelo Countdown,e os seu trabalho representa a maior autoridade disponível neste momento no que diz respeito àsnecessidades a nível de recursos para a concretização dos ODM 4 e 5 e às intervenções necessárias paraque tal seja possível nos países pobres. No entanto, como a Índia e a China foram excluídas destes cálculos,as recomendações subestimam o nível de recursos adicionais necessários para se concretizarem os ODM 4e 5 a nível global.

Além do mais, os cálculos da Equipa Especial fazem um pressuposto sobre a quantidade de recursosadicionais para a saúde e intervenções relacionadas que são oriundos de pessoas individuais (despesasextras) e não de doadores, governos locais e nacionais ou outro tipo de fonte. Fazem referência ao facto deque no total, os países com baixos rendimentos gastam apenas US$25 por pessoa em saúde. A categorizaçãodo total de despesas por capita obedece a esta tendência geral: os doadores e os governos nacionaiscontribuem $12 por pessoa e os restantes $13 resultam de financiamento privado. Sabemos também quemais de 75% das despesas privadas são despesas correntes e que os restantes 25% são cobertos pelosseguros de saúde. A Equipa Especial pressupõe que continuarão a existir individuais responsáveis por grandepercentagem das contribuições para a saúde e custos relacionados, chamando no entanto a atenção para ofacto que as despesas correntes “representam a forma mais desigual de financiar os sistemas de saúde poisos mais pobres, marginalizados e vulneráveis são prejudicados de forma desproporcional. Impede muitasdestas pessoas de procurarem ou continuarem a receber cuidados de saúde e resulta em graves problemasfinanceiros que empobrecem mais ainda os utentes desses serviços. É por este motivo que os sistemas desaúde precisam de mecanismos de financiamento previsíveis, bem estruturados e sustentáveis que tenhammedidas de protecção social”.

Immunisation). No entanto, este tipo de mecanismosnão deve ser utilizado pelos governos ou doadorescomo uma desculpa para não investirem o suficientenos cuidados de saúde de qualidade e outrosserviços relacionados. Dada a enorme necessidade e urgência de um aumento rápido nos recursos etendo em conta a sobrecarga desproporcional quesofrem os pobres, recomendamos que pelo menosmetade deste investimento adicional seja daresponsabilidade dos doadores.

Embora um aumento nos recursos sejaextremamente importante, a eficácia da forma como esses recursos são gastos e onde são gastos é essencial. Em muitos países pobres,até os orçamentos destinados à saúde que são já extremamente limitados são canalizados parahospitais para os mais privilegiados na capital emvez de utilizados em intervenções destinadas aospobres tanto nas zonas urbanas como rurais. Ospaíses variam consideravelmente na forma comotraduzem os investimentos a nível da saúde emresultados mais positivos.118

5. Dar formação e colocar mais profissionaisde saúde

Como parte dos esforços para se aumentar o acesso aos serviços básicos de saúde, osdoadores, instituições internacionais e países emdesenvolvimento têm que recrutar e formar equipas e colocar muitos mais profissionais de saúde.

A estimativa é que são necessários mais 4.2 milhões de profissionais de saúde nos países em desenvolvimento para que seja possívelconcretizarem-se os ODM relacionados com a saúde,119 e que estes trabalhadores têm que estar colocados no máximo até 2012.

Os técnicos de saúde são necessáriosurgentemente, especialmente em instalações de prestação de serviços de primeiro nível esobretudo a nível comunitário. Para se atrair emanter profissionais de saúde de alta qualidade –especialmente nas zonas remotas rurais – sãonecessários pacotes de apoio que incluam salários adequados, formação, alojamento digno,

apoio de pares e oportunidades de crescimento na carreira. De forma a não minar estes esforços os países industrializados deveriam implementarcódigos de conduta que impeçam o recrutamentode profissionais de saúde originários de países em desenvolvimento ou que, sendo este o caso,compensem de forma adequada os países deorigem. Acolhemos com agrado o facto dos G8incentivarem a OMS a desenvolver até 2010 oCódigo de Prática sobre o RecrutamentoInternacional de Profissionais de Saúde.

6. Enfrentar a desnutrição

Os países em desenvolvimento e os doadoresdeviam aumentar o financiamento para asintervenções destinadas a fazer face à fome infantil incluindo o apoio ao aleitamento materno,suplementos de micro nutrientes e fortificação,benefícios para mães e crianças, educação sobre anutrição, tratamento da desnutrição aguda, sistemasde alerta rápidos e investimento na produçãoagrícola. As transferências de dinheiro e a protecçãosocial são intervenções importantes que ajudam asfamílias pobres a adquirir quantias adequadas decomida e a ter acesso a cuidados de saúde.

As provas recolhidas em países como a África doSul e o México demonstram que os programas de transferência de dinheiro podem conduzir amelhorias significativas no estatuto de nutrição dascrianças. Estes programas podem ajudar a enfrentaro problema da mortalidade infantil. Os programasde transferência de dinheiro em alguns países – por exemplo no México, na Colômbia e no Malawi –levaram a reduções nos níveis de doença entre as crianças de tenra de idade, enquanto que naNicarágua, nas Honduras e no Perú levaram a umaumento na presença de mulheres pobres e seusfilhos nas clínicas de saúde e a um aumento nosníveis de vacinação.120

São necessárias medidas para racionalizar aarquitectura global relativa à nutrição incluindo um mecanismo internacional de coordenação doapoio à diminuição da fome, melhor coordenação a nível nacional e responsabilização por parte dos governos. Os governos dos países em

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7 PLANO DE SETE PONTOS E APELO PARA ACÇÃO

desenvolvimento e os doadores deveriam chegar aum acordo sobre a transmissão de informações dedesempenho em comparação a indicadores sobre anutrição acordados internacionalmente (MDG 1),algo que de momento muitos países não fazem.

7. Aumentar a preocupação para com ascrianças durante as situações de emergência

Durante as situações de conflito ou emergência ascrianças correm maior risco de morte e doença eprecisam de intervenções salva vidas imediatas. Osgovernos, as ONG e as organizações internacionaisprecisam de dedicar recursos adicionais pararesponder às necessidades das crianças durante este tipo de situação. Devem também coordenaracções que garantam acções rápidas e de igualdadeque cheguem a todas as comunidades afectadas.

Seja uma crise de cólera ou uma crise política o queimpede as crianças e suas famílias de terem acesso a serviços essenciais de saúde, a comunidade globaltem que trabalhar em parceria de forma a garantirque os grupos mais vulneráveis não só recebem o apoio necessário durante o período inicial daemergência mas também que as crianças e famíliascontinuam a ter serviços e apoio sustentáveisquando a situação de emergência chega ao fim.

Uma forma de se ajudar os países a reduzirem oimpacto do conflito e dos desastres é através dodesenvolvimento de sistema de resistência a níveislocal e nacional, tais como a saúde e a educação, edos programas de apoio à redução dos riscos dedesastre (RRD). Estes programas incorporam oplaneamento e a preparação antecipada de forma atornar as comunidades mais fortes e mais capazesde sobreviver no caso da ocorrência de catástrofes.As agências internacionais e os governos nacionaisdevem trabalhar em conjunto para incluir o RRDnos planos locais e desenvolverem sistemas queajudem a proteger as populações e a diminuir oimpacto das emergências.

Existem reptos especiais que dizem respeito àdiminuição das taxas de mortalidade infantil e dos

recém-nascidos nos estados mais frágeis e malgovernados. Sempre que possível, os doadores e as instituições internacionais deveriam trabalharatravés dos sistemas existentes a nível local enacional no sentido de os fortalecer e acentuar a sua responsabilidade para com os cidadãos. Noentanto, em determinadas situações difíceis poderáser necessário que as agências externas canalizemos seus recursos através de ONG ou outrasorganizações da sociedade civil.

CONCLUSÃO

As crises financeiras e ecológicas têm demonstradoo quão interligadas e mutuamente dependentes setornaram as vidas das 6.6 mil milhões de pessoas do mundo. Mas realçam também o grau de injustiça global. Nada demonstra mais o quanto esta desigualdade é flagrante do que a morte de milhões de recém-nascidos e crianças inocentestodos os anos.

Este relatório demonstra onde e porque razõesestão a morrer crianças e o que pode ser feito parasalvar as suas vidas. Os países desenvolvidos de hojereduziram já as suas taxas de mortalidade durante o último século. Muitos países em desenvolvimentotêm conseguido grandes progressos muitas vezes sob circunstâncias muito difíceis. Não sãonecessárias inovações tecnológicas significativas para terminarmos com esta injustiça. Precisamosapenas que aprender com as histórias de sucesso de outros países e aplicar as soluções comprovadasde forma mais sistemática e urgente.

A morte de milhões de crianças todos os anos, noséculo XXI é uma afronta moral, comparável aospiores abusos e problemas sociais do passados.Todos nós temos um papel na resolução desteproblema. Não há desculpas para mais atrasos oufalta de acção.

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

Apesar da meta do ODM 4 ser baseada numa média nacional, os números podem esconderelevados níveis de desigualdade entre diferentesgrupos no mesmo país. A tabela que se segue temduas colunas, a primeira representa a disparidadeabsoluta nas taxas de mortalidade dos menores de cinco anos entre os 20% mais ricos e os maispobres da população de um país – ie, a diferença no número de crianças que morrem por cada 1000 nascimentos (a unidade padrão de mediçãodas taxas de mortalidade infantil). A segunda coluna demonstra a disparidade como proporção.Por exemplo, uma criança que viva nos agregados

mais pobres da Nigéria tem três vezes maisprobabilidades de morrer antes de celebrar o seu quinto aniversário do que uma criança dosagregados mais privilegiados.

Os dados sobre a mortalidade infantil por quintil de riqueza não são directamente comparáveis aos levantamentos Demográficos e de Saúde queforam levados a cabo em períodos diferentes.No entanto, os dados relativos a cada país foramrecolhidos segundo o mesmo método de forma a permitir comparações dentro do próprio país.

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APÊNDICE 1

DIFERENÇAS NA SOBREVIVÊNCIA DACRIANÇA POR QUINTIL DE RIQUEZA

País Disparidade absoluta na Quociente das taxas de mortalidade das crianças menores mortalidade das crianças menores de 5 anos entre os 20% mais ricos de 5 anos entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres e os 20% mais pobres

Zâmbia 2007 13.6 1.12

Suazilândia 2006/2007 16.9 1.17

Libéria 2007 21.3 1.18

Mauritânia 2000/01 19.8 1.25

Zimbabué 2005/06 15.2 1.27

Níger 2006 49.4 1.32

Lesoto 2004 31.4 1.38

Etiópia 2005 38.0 1.41

Burkina Faso 2003 62.2 1.43

Ghana 2003 39.1 1.44

Tanzânia 2004 44.0 1.47

Turquemenistão 2000 35.7 1.51

Eritreia 2002 34.6 1.53

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

Azerbeijão 2006 22.3 1.55

Congo (Brazzaville) 2005 50.8 1.60

Quénia 2003 57.8 1.63

Malawi 2004 71.8 1.65

Gabão 2000 37.7 1.68

Togo 1998 70.7 1.73

Ruanda 2005 89.4 1.73

Moçambique 2003 88.1 1.81

Mali 2006 109.7 1.89

Congo, República Democrática 2007 86.9 1.90

Guiné 2005 103.9 1.92

Republica Centro Africana 1994/95 94.6 1.96

Guatemala 1998/99 38.3 1.97

Bangladesh 2007 43.0 1.99

Paquistão 2006/07 60.8 2.01

Nepal 2006 51.4 2.10

Camarões 2004 101.1 2.15

Yemen 1997 90.1 2.23

Haiti 2005/06 70.1 2.28

Indonésia 2007 45.5 2.43

Costa do Marfim 1998/99 146.2 2.76

Senegal 2005 118.6 2.84

Madagáscar 2003/04 92.4 2.87

Cambodja 2005 84.1 2.96

Brasil 1996 65.6 2.97

Egipto 2005 49.5 2.97

Marrocos 2003–04 51.5 2.97

Índia 2005/06 78.2 2.98

Bolívia 2003 82.1 3.21

Filipinas 2003 45.7 3.22

Nigéria 2003 177.7 3.24

Africa do Sul 1998 65.5 3.99

Perú 2000 75.0 5.26

Fonte: Macro International Inc (2009). Tabela de Medidas DHS STAT. Acedida através de http://www.measuredhs.com a 21 de Julho de 2009

Anotação: Os agregados familiares estão divididos em quintis utilizando um composto de medição de riqueza intitulado “Índex de Riqueza do DHS”.

País Disparidade absoluta na Quociente das taxas de mortalidade das crianças menores mortalidade das crianças menores de 5 anos entre os 20% mais ricos de 5 anos entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres e os 20% mais pobres

As tabelas seguintes analisam as mudanças a nível da mortalidade infantil das crianças com menos decinco anos tanto nos 20 % dos grupos com os mais baixos rendimentos como nos 20% com os rendimentos mais elevados. O sinal desubtracção significa uma redução nos níveisde mortalidade de crianças com menos de 5 anos.

A primeira tabela analisa os países que segundo a iniciativa Contagem Decrescente para 2015(Countdown to 2015) se encontram no caminhocerto para concretizarem o ODM 4. A segundatabela analisa alguns dos países que não estão nocaminho certo. Ambas as tabelas apresentam amédia nos progressos em reduzir os níveis demortalidade a nível nacional.

33

APÊNDICE 2

REDUÇÕES NA MORTALIDADE INFANTILPOR QUINTIL DE RIQUEZA

Países que estão no caminho certo para concretizar o ODM 4

País Primeiro Último Alterações nas taxas de mortalidade infantilano ano

Mais baixas 20% Mais elevadas 20% Média nacional

Eritreia 1995 2002 -35% -37% -30%

Egipto 2000 2005 -24% -26% -28%

Marrocos 1992 2003/04 -30% -33% -36%

Bangladesh 2000 2007 -29% -39% -23%

Indonésia 1997 2007 -29% 9% -28%

Nepal 2001 2006 -24% -31% -27%

Bolívia 1994 2003 -32% -30% -30%

Perú 1996 2000 -16% -20% -12%

Fonte: Macro International Inc (2009). Tabela de Medidas DHS STAT. Acedida através de http://www.measuredhs.com a 21 de Julho de 2009

Anotação: Os agregados familiares estão divididos em quintis utilizando um composto de medição de riqueza intitulado “Índex de Riqueza do DHS”.

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

Países que não estão no caminho certo para concretizar o ODM 4

País Primeiro Último Alterações nas taxas de mortalidade infantilano ano

Mais baixas 20% Mais elevadas 20% Média nacional

Benin 1996 2001 -5% -15% -12%

Costa de Marfim 1994 1998/99 21% -14% 16%

Etiópia 2000 2005 -18% -37% -30%

Madagáscar 1997 2003/04 -27% -51% -32%

Malawi 2000 2004 -23% -31% -22%

Mali 2001 2006 -6% -17% -10%

Ruanda 2000 2005 -14% -21% -12%

Senegal 1997 2005 1% -7% -3%

Tanzânia 1999 2004 -14% -31% -18%

Cambodja 2000 2005 -18% -32% -13%

Paquistão 1990/91 2006/07 -3% -19% -23%

Fonte: Macro International Inc (2009). Tabela de Medidas DHS STAT. Acedida através de http://www.measuredhs.com a 21 de Julho de 2009

Anotação: Os agregados familiares estão divididos em quintis utilizando um composto de medição de riqueza intitulado “Índex de Riqueza do DHS”.

1 Comentários feitos pelo Presidente dos EUA, Barack Obama,ao Parlamento do Gana, no Centro Internacional de Conferênciasde Accra. Gabinete da Comunicação Social, Casa Branca,Julho de 2009. Acedido a 21 de Agosto de 2009 através de http://www.whitehouse.gov/the_press_office/Remarks-by-the-President-to-the-Ghanaian-Parliament/

2 Discurso de Manmohan Singh, Primeiro-ministro da Índia no Diada Independência, 15 de Agosto de 2006. Acedido a 24 de Agostode 2009 através de http://www.india-defence.com/reports-2347

3 UNICEF (2007) A Situação Mundial da Criança 2008 (The State of the World’s Children 2008): página 24

Resumo Executivo4 UNICEF (2008) A Situação Mundial da Criança 2009 (The State of the World’s Children 2009): páginas 8–9

5 ibid: página 118

6 Organização Mundial da Saúde (2009) Estatísticas da SaúdeMundial 2009 (World Health Statistics 2009)

7 UNICEF (2008) op cit: página 13

8 UNICEF (2008); Base de Dados de Uppsala sobre o Conflito e Grupo de Trabalho sobre a Crise, Universidade deUppsala (Suécia). Acedido a 3 de Agosto de 2009 através dewww.pcr.uu.se/database.index.php

9 Departamento do RU para o Desenvolvimento Internacional(2009) Eliminando a Pobreza Mundial: Construindo o Nosso FuturoComum (Eliminating World Poverty: Building our Common Future)

10 Banco Mundial (2009) Remando contra a maré: Como os paísesem desenvolvimento estão a lidar com a crise global (Swimmingagainst the tide: How developing countries are coping with the globalcrisis), Documento Informativo preparado pelos Funcionários doBanco Mundial para a Reunião de Ministros das Finanças eGovernadores do Banco Central do G20 em Março de 2009

11 J Hicks e G Allen (1999) Um Século de Mudanças: Padrões nasestatísticas do RU desde 1900 (A Century of Change: Trends in UKstatistics since 1900) Documento de Investigação 99/111 da Câmarados Comuns

12 Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (1999)Sucessos na Saúde Pública 1900–1999: Mães e Bébés maissaudáveis, (Achievements in Public Health, 1900–1999: HealthierMothers and Babies), Relatório Semanal sobre a Morbilidade eMortalidade 48(38): páginas 849–58

13 UNICEF (2008) op cit: página 119

14 H Rosling (2008) Diminuindo a Mortalidade Infantil (ReducingChild Mortality), Gapminder. Acedido a 21 de Agosto de 2009através de http://www.gapminder.org/videos/gapcasts/gapcast-11-reducing-child-mortality/

15 UNICEF (2007) op cit: página 9

16 Departamento do RU para o Desenvolvimento Internacional(2009) Atitudes do Público em Relação ao Desenvolvimento (PublicAttitudes Towards Development)

17 Contagem Decrescente para 2015 (Countdown to 2015) (2008) Localizando os Progressos na Sobrevivência das Mães,Recém-nascidos e das Crianças: Relatório 2008 (Tracking Progress in Maternal, Newborn and Child Survival: The 2008 Report):páginas 18–19

18 Projecto da ONU para o Milénio (2005) Investindo noDesenvolvimento: Um Plano Prático para se Cumprirem osObjectivos de Desenvolvimento do Milénio.Visão Geral (Investing inDevelopment: A Practical Plan to Achieve the Millennium DevelopmentGoals. Overview)

19 D E Bloom e J G Williamson (1998) ‘Transições Demográficas e Milagres Económicos na Ásia Emergente’ (‘DemographicTransitions and Economic Miracles in Emerging Asia’) RevisãoEconómica do Banco Mundial 12(3): páginas 419–55

20 E Anderson e S Hague (2007) O Impacto de se Investir nasCrianças: Avaliando as provas econométricas em todo o país (TheImpact of Investing in Children: Assessing the cross-country econometricevidence) Documento de trabalho do ODI 280, OverseasDevelopment Institute

1 Introdução21 Vide D You, T Wardlow, P Salama e G Jones,“Níveis e tendênciasna mortalidade dos menores de 5 anos, 1990–2008 (‘Levels andtrends in under-5 mortality, 1990–2008’ ) The Lancet, publicado onlinea 10 de Setembro de 2009, D01:10.1016/S0140-6736(09)61601-9

22 Countdown to 2015 (2008) op cit: página 19

23 ibid

24 Grupo de Trabalho de Alto Nível sobre FinanciamentoInternacional Inovador para Sistemas de Saúde Grupo de Trabalho 1 (2009) Restrições ao Alargamento e Custos (Constraintsto Scaling Up and Costs), Relatório Técnico do Grupo de Trabalho 1:Versão não editada. Acedida a 20 de Agosto através de http://www.internationalhealthpartnership.net/en/taskforce/taskforce_reports

25 G Jones et al (2003) ‘Quantas crianças podemos impedir demorrer este ano?’ (How many child deaths can we prevent this year?)The Lancet 362:9377 páginas 65–71

35

NOTAS DE FIM DE DOCUMENTO

2 Onde estão a morrer crianças26 UNICEF (2008) op cit

27 UNICEF (2008) op cit

28 ibid

29 Instituto Internacional para as Ciências Populacionais (IIPS) eMacro International Inc, Levantamento Nacional da Índia sobreDemografia e Saúde 2005–06, Relatório Final. Acedido a 26 deAgosto através de http://www.measuredhs.com/pubs/pub_details.cfm?ID=723&ctry_id=57&SrchTp=ctry&flag=sur&cn=India

30 UNICEF (2008) op cit: página 120

31 Countdown to 2015 (2008) op cit

32 Instituto Internacional para as Ciências Populacionais (IIPS) eMacro International Inc, Levantamento Nacional na Nigéria sobreDemografia e Saúde 2003: página 164. Acedido a 26 de Agostoatravés de http://www.measuredhs.com/pubs/pdf/FR148/11Chapter11.pdf

33 ibid: página 130

34 A Parceria para a Saúde Materna, do Recém-nascido e da Criança (2006) Oportunidades para os Recém-Nascidos de África(Opportunities for Africa’s Newborns): página 15

35 Countdown to 2015 (2008) op cit

36 UNICEF (2008) op cit

37 UNICEF (2008) op cit: página 9

38 J E Lawn, S Cousens e J Zupan (2005) Quatro Milhões de mortesà nascença: Quem? Onde? Porquê? (Four million neonatal deaths:When? Where? Why?), The Lancet 365:9462: páginas 1147–5

39 ibid

3 Como e porquê estão a morrer crianças40 R Black, S Morris e J Bryce (2003) Onde e porquê estão amorrer 10 milhões de crianças todos os anos (Where and why are 10 million children dying each year?), The Lancet, 361:9376:página 2230

41 UNICEF (2008) op cit: página 13

42 Countdown to 2015 (2008) op cit

43 UNICEF (2007) Progressos para as Crianças: Um MundoAdaptado para as Crianças (Progress for Children: A World fit forchildren) Revisão Estatística

44 UNICEF (2007) ibid

45 S A Madhi et al (2008) Vacinas para prevenir a pneumonia emelhorar a sobrevivência das crianças (Vaccines to prevent pneumoniaand improve child survival), Boletim da Organização Mundial de Saúde86: páginas 365–72 e Organização Mundial de Saúde Iniciativas para a Investigação sobre as Vacinas (Initiative for Vaccine Research).Acedida a 19 de Agosto através de http://www.who.int/vaccine_research/diseases/diarrhoeal/en/index5.html

46 Concelho Para a Saúde Global (Global Health Council) Mortalidade Infantil: Causas das Mortes (Child Mortality: Causes of death). Acedida a 3 de Agosto de 2009 através dehttp://www.globalhealth.org/child_health/child_mortality/

47 Organização Mundial de Saúde (2009) op cit

48 UNICEF (2007) Progressos para as Crianças: Um MundoAdaptado para as Crianças (Progress for Children: A World fit forchildren) Revisão Estatística

49 UNICEF (2008) op cit: página 27

50 K Deininger e P Mpuga (2005) Impacto Económico e do Bem-Estar na Abolição de Honorários nos Serviços de Saúde: Evidenciado Uganda (‘Economic and Welfare Impact of the Abolition ofHealth User Fees: Evidence from Uganda’), Journal of AfricanEconomies 14 (1): páginas 55–91; L Gilson (1997) As liçõesaprendidas da experiência de serviços de saúde gratuitos em África (‘The lessons of user fee experience in Africa’), Health Policyand Planning 12 (4): páginas 273–285; B McPake (1993) (Serviços de saúde pagos nos países em desenvolvimento: um estudo da literatura económica (User charges for health services indeveloping countries: a review of the economic literature), SocialScience Medicine 36 (11): páginas 1397–1405; Save the Children UK;(2005) Quanto Custa Lidar-se Com a Doença, notas informativassobre o Sudão, a Etiópia, o Burundi, a Tanzânia, o Ruanda e o Uganda (The Cost of Coping with Illness, Briefings on Sudan, Ethiopia,Burundi, Tanzânia, Rwanda and Uganda); R Yates (2007) O Impacto de se Abolirem os Serviços de Saúde Pagos em África –Desenvolvimentos Recentes em Seis Países Africanos (The Impact of Abolishing User Fees in Africa – Recent Developments in Six AfricanCountries) Departamento do RU para o DesenvolvimentoInternacional, Desenvolvimento Humanos; R Yates (2009) CuidadosUniversais de Saúde e a Abolição de Serviços Pagos (‘UniversalHealth Care and the Removal of User Fees’), The Lancet 373:9680:páginas 2078–81

51 Comunicado do G8 (2009) L’Aquila, Itália

52 Organização Mundial de Saúde (2006) Relatório sobre a SaúdeMundial 2006 – trabalhando em conjunto em prol da saúde (WorldHealth Report 2006 – working together for health)

53 ibid: página xvii

54 Equipa Especial de Alto Nível sobre Financiamento InternacionalInovador para Sistemas de Saúde (2009) Grupo de Trabalho 1 opcit: página 11

55 União Africana, Financiamento para a Saúde em Africa (2009)Acesso Universal a Serviços de Saúde de Qualidade: Melhorar aSaúde Materna, Neo-Natal e da Criança (Universal Access to QualityHealth Services: Improve Maternal, Neonatal and Child Health), QuartaSessão da Conferência da União Africana de Ministros da Saúd,Adis Ababa, Etiópia, Maio 2009. Acedido a 19 de Agosto através dehttp://www.africa-union.org/root/ua/Conferences/2009/mai/SA/ 04-08mai/CAMH-EXP-13b(IV)%20Health%20Financing%20and%20Development.doc

56 Organização Mundial da Saúde (2009) op cit

57 Nações Unidas (2009) Relatório 2009 sobre os Objectivos deDesenvolvimento do Milénio (The Millennium Development GoalsReport 2009): página 12

58 R Black et al (2008) Subnutrição Materno–Infantil: Exposiçãoglobal e regional e consequências a nível da saúde (Maternal andChild Undernutrition: Global and regional exposures and healthconsequences) documento 1, Série sobre a SubnutriçãoMaterno–Infantil, The Lancet: página 5

59 B de Benoist, E McLean, I Egli e M Cogswell (eds) (2008)Predomínio Mundial da Anemia 1993–2005 (Worldwide prevalence

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

of anaemia 1993–2005) Base de dados da OMS sobre a anemia,Organização Mundial da Saúde e Centros para o Controlo ePrevenção de Doenças. Acedido a 24 de Agosto através dehttp://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241596657_eng.pdf

60 R Black et al (2008) op cit: páginas 5

61 ibid: página 12

62 ibid: página 5

63 Save the Children UK (2009) Benefícios Duradouros: O papel datransferência de dinheiro na resolução do problema da mortalidadeinfantil (Lasting Benefits: The role of cash transfers in tackling childmortality)

64 Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (2008) O Aumento nos Preços da Agricultura: Causas,Consequências e Respostas (Rising Agriculture Prices: Causes,Consequences and Responses) Documento Informativo, Observadorda OECD

65 Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura,Os preços dos alimentos continuam altos nos países emdesenvolvimento: Apesar de melhorias globais nas provisões de cereais as emergências alimentares continuam em 32 países(Food prices remain high in developing countries: Despite improved global cereal supplies food emergencies continue in 32 countries),Comunicado de Imprensa da FAO, 2009

66 A Evans (2009) Alimentando os Nove Mil Milhões: SegurançaAlimentar Global para o Século XXI (The Feeding of the Nine Billion:Global Food Security for the 21st Century) Relatório da ChathamHouse, Londres

67 Save the Children UK (2009) Quantas crianças desnutridas maissofrem de subnutrição como resultado da crise dos preços dosprodutos alimentares? (How many more malnourished children arethere as a result of the food price crisis?) Por Publicar

68 WaterAid (2009) Negligência Fatal: Como os Sistemas de SaúdeEstão a Falhar na Procura de Soluções para a Mortalidade Infantil(Fatal Neglect: how health systems are failing to comprehensively addresschild mortality)

69 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2006)Para Além da Escassez: Poder, Pobreza e a Crise Mundial a Nível da Água (Beyond Scarcity: Power, poverty and the global water crisis)Relatório de Desenvolvimento Humano

70 Water Aid (2009) op cit

71 Save the Children US (2006) O Estado das Mães do Mundo 2006,Salvando as Mães e os Recém-Nascidos (State of the World’s Mothers2006, Saving the Lives of Mothers and Newborns)

72 ibid

73 ibid

74 Dados sobre a População Mundial, Departamento de Referênciada População (2008) Acedido a 21 de Agosto através dehttp://www.prb.org/pdf08/08WPDS_Eng.pdf

75 Nações Unidas (2009) Relatório de 2009 sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (The Millennium Development GoalsReport 2009) página 28

76 Macro International Inc (2009) MEASURE DHS STAT_compiler.Acedido a 21 de Julho de 2009 através dehttp://www.measuredhs.com

77 Save the Children UK (2009), Health in Fragile States,Policy Brief

78 UNICEF (2008) op cit: página 117 e Base de Dados sobre oConflito, Universidade de Uppsala. Acedida a 3 de Agosto de 2009at www.pcr.uu.se/database.index.php

79 Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedade doCrescente Vermelho (2009) Relatório Sobre as CatástrofesMundiais: Alerta Rápido, Acção Rápida (World Disasters Report:Focus on Early Warning, Early Action)

80 M Webster et al (2008) Os Custos Humanitários das AlteraçõesClimatéricas (The Humanitarian Costs of Climate Change), FeinsteinInternational Center

81 A Costello et al (2009) Gerindo os efeitos na saúde dasalterações climatéricas (‘Managing the health effects of climatechange’), The Lancet, 373: 9682: páginas 1693–1733.Ver também Save the Children, Crianças num clima em mudança (Children in achanging climate) (disponível em breve)

82 Organização Mundial de Saúde (2003) Alterações Climatéricas eSaúde Humana (Climate Change and Human Health)

83 Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climatéricas (2007)Quarto Relatório de Avaliação: Alterações Climatéricas 2007:Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade (Fourth Assessment Report:Climate Change 2007: Impacts, Adaptation and Vulnerability)

84 A Githeko e W Ndegwa (2001) Prevendo as epidemias de malária nas terras altas do Quénia utilizando dados climatéricos:uma ferramenta para decisores (‘Predicting malaria epidemics in theKenyan Highlands using climate data: a tool for decision makers’),Mudanças Globais na Saúde Humana (Global Change Human Health)Vol 2:1, páginas 54–63

85 B Obama (2007) Uma Promessa para pôr fim às mortes pelamalária até 2015 (A pledge to end deaths from malaria by 2015)Acedido a 20 de Agosto de 2009 através de http://obama.3cdn.net/c66c9bcf20c49ee2ce_h6ynmvjq8.pdf

86 Organização Mundial da Saúde (2007) Combater as DoençasRelacionadas com a Água a nível dos Agregados (Combatingwaterborne disease at the household level)

87 Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climatéricas (2007)Quarto Relatório de Avaliação: Alterações Climatéricas 2007:Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade (Fourth Assessment Report:Climate Change 2007: Impacts, Adaptation and Vulnerability)

88 ibid

89 ibid

90 ibid

91 A Costello et al (2009) op cit: páginas 1693–1733

92 IPPC, Síntese sobre as Alterações Climatéricas 2001: Resumopara os Decisores,Wembley UK

93 Banco Mundial: Remando contra a maré: Como os países emdesenvolvimento estão a lidar com a crise global (Swimming againstthe tide: How developing countries are coping with the global crisis)

4 Sobrevivência da Criança – resumo94 J Hicks and G Allen (1999) A Century of Change: Trends in UKstatistics since 1900, House of Commons Research Paper 99/111;Centers for Disease Control and Prevention (1999) Achievements in Public Health, 1900–1999: Healthier Mothers and Babies, Morbidityand Mortality Weekly Report 48(38); pages 849–58; UNICEF (2008)op cit: page 121

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NOTAS DE FIM DE DOCUMENTO

95 Declaração de Alma-Ata, Conferência Internacional sobre osCuidados de Saúde Primários, Alma-Ata, URSS, 6–12 Setembro de1978 Acedido a 27 de Agosto 2009 através de http://www.who.int/hpr/NPH/docs/declaration_almaata.pdf

96 R Jolly (ed) (2001) Jim Grant: UNICEF visionary, UNICEF InnocentiResearch Centre

97 UNICEF (2008) op cit: página 32

98 UNICEF (2007) op cit: página 1

99 UNICEF (2008) op cit: páginas 4 e 9

5 Aprendendo com os casos de sucesso100 Parceria para a Saúde Materno-Infantil e do Recém-nascido(2008) Liderança com sucesso: Acções Nacionais para a SaúdeMaterno-Infantil e do Recém-Nascido (Successful Leadership: CountryAction for Maternal Newborn and Child Health)

101 BASICS II, Projecto MOST e USAID (2004) Estudo de Caso dasobrevivência Infantil no Nepal: Relatório Técnico (Nepal ChildSurvival Case Study: Technical Report) publicado pelo Projecto BASICSII para a Agencia dos EUA para o Desenvolvimento InternacionalArlington,Virgínia; Parceria para a Saúde Materno-Infantil e doRecém-Nascido (2008) op cit

102 K McNay, R Keith e A Penrose (2004) Bucking the Trend: How Sri Lanka has achieved good health at low cost – challenges and policylessons for the 21st century, Save the Children UK

103 J Sachs (2008) Common Wealth: Economics for a Crowded Planet,London: Allen Lane

104 J Dreze e A Sen (2002) India: Development and Participation,Oxford: Oxford University Press

6 Desmascarar os mitos105 E Arnold e J Larsen (2006) Bottled Water: Pouring Resources Downthe Drain, Eco-Economy Updates, the Earth Policy Institute. Segundoeste relatório gastam-se, US$100 em água engarrafada. Acedido a 21 de Agosto de através de http://www.earth-policy.org/Updates/2006/Update51.htm

106 Departamento da ONU para as Questões Económicas e Sociais(2009) Revisão 2008 da World Population Prospects

107 J Sachs (2008) op cit: página 174

108 ibid

109 Programa Mundial Alimentar e UNICEF (2006) Global Frameworkfor Action, Ending Child Hunger and Under-nutrition Initiative, December2006

110 Um estudo encomendado pelo Programa Mundial Alimentar e pela Comissão Económica para a América Latina e Caraíbasconcluiu que em 2004 o custo médio da desnutrição infantil naregião representava 6.4% do PIB.

111 Projecto da ONU para o Milénio (2005) op cit

112 Equipa Especial de Alto Nível sobre Financiamento InternacionalInovador para Sistemas de Saúde, Grupo de Trabalho 1 (2009) opcit: página 59

113 D E Bloom e J G Williamson (1998) Transições Demográficas eMilagres Económicos na Ásia Emergente (‘Demographic Transitionsand Economic Miracles in Emerging Ásia’) Revisão Económica doBanco Mundial páginas 419–55

114 E Anderson e S Hague (2007) op cit

7 Plano de sete pontos e apelo para acção115 R Gottschalk, P Martins e S Hague (2008) Crescimento a Favordos Pobres: As Provas para além dos Rendimentos (Pro-poor Growth:The evidence beyond income) documento apresentado durante aConferência sobre Desenvolvimento e Economia do Conselho para a Pesquisa Económica e Social 17–18 de Setembro 2008

116 UNICEF (2008) op cit

117 Equipa Especial de Alto Nível sobre Financiamento InternacionalInovador para Sistemas de Saúde (2009) Grupo de Trabalho (2009) 2: Restrições e Custos do Alargamento, Relatório Técnico:página 10

118 ibid: página 57

119 Organização Mundial da Saúde (2006) op cit

120 Resumo em Save the Children UK (2009) BenefíciosDuradouros: O Papel da Transferência de Dinheiro em Fazer Face à Mortalidade Infantil (Lasting Benefits: The role of cash transfers intackling child mortality)

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A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

CONCEDER A CADA CRIANÇA A OPORTUNIDADE DE SOBREVIVER

“Este relatório da Save the Children chama a atenção para os sucessos e para os desafi os em garantir-se a sobrevivência das crianças com menos de cindo anos de idade. A sua publicação coincide com o lançamento da campanha global sobre a sobrevivência da criança e do recém-nascido e serve para relembrar os líderes mundiais da necessidade de honrarem o seu compromisso para com a concretização do Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 4. A triste realidade, é que as crianças de tenra idade, especialmente nos países em desenvolvimento, continuam a morrer vítimas de doenças evitáveis, enquanto os governos gastam quantias imensas de dinheiro em armas de destruição massiva. Temos que agir agora pelo bem das nossas crianças pois elas são o nosso futuro. Todas as crianças têm o direito à vida.”

Arcebispo Desmond Tutu

“É chocante e vergonhoso que cerca de 9 milhões de crianças em todo o mundo continuem a morrer, anos após ano antes dos cinco anos de vida, quando existem intervenções comprovadas a nível da saúde e da nutrição que podem ajudá-las a viver e a prosperar. Dado que o mundo ainda está muito longe de concretizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 4 e 5 referentes à redução da mortalidade infantil e a melhorias a nível da saúde materna, este relatório deve servir de alerta aos governos e outros para a necessidade de medidas urgentes.” Dr. Gro Harlem Brundtland, antigo Director-Geral da Organização Mundial da Saúde, antigo Primeiro-Ministro da Noruega e membro de Os Anciões

“A Save the Children tem estado na linha da frente dos esforços realizados no sentido de mobilizar a atenção e as medidas necessárias para se enfrentarem os níveis horríveis e não aceitáveis da mortalidade infantil e do recém-nascido nos países em desenvolvimento. Este novo relatório de política vai ser um instrumento efi caz na luta em prol de melhorias na saúde das mulheres, dos recém-nascidos e das crianças, apresentando as necessidades e os factos, identifi cando as prioridades de uma forma clara e apresentando razoes efi cazes sobre a necessidade imediata da tomada de acção.”

Ann M Starrs, Co-Presidente da Parceria para a Saúde Materno-Infantil e do Recém-Nascido

“Este é um excelente novo relatório da Save the Children. Chama a atenção para a dimensão da mortalidade infantil a nível global e para as políticas que podem ajudar a salvar a vida das crianças, incluindo o pôr em evidência a concretização dos direitos humanos, a redução da desigualdade e a atribuição de poder às mulheres. Merece ser extensamente lido.”

Rageh Omaar, jornalista e escritor

A PRÓXIMA REVOLUÇÃOCONCEDER A CADA CRIANÇA A OPORTUNIDADE DE SOBREVIVER

Organização de Foro Caritativo nº 1076822 www.savethechildren.net