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A QUESTAO DO VfRUS DA IMUNODEFIClêNCIA HUMANA E A AUTOPROTEÇAo NO TRABALHO Alcione Bastos Rodrigues 1 Myrian Biaso Bacha Magalhães 2 Stella Maris Monteiro Sales 3 RESUMO: O trabalho é um estudo descritivo exploratório com o objetivo de verificar a existência de normas e utilização de medidas de biossegurança pelo pessoal de enfer- magem, na prevenção da transmissão do HIV durante a execução de procedimentos em unidades de internação de cl in icas médico-cirúrg icas, em dois hospita is de Belo Horizonte. Através da obseação destes procedimentos, detectou-se a existên cia de riscos decorrentes do manuseio inadequado de secreções, excreções, roupas e cam- pos contaminados, bem como a man ipulação do material pérfucoante, l ixo e deje- tos resultantes da execução dos procedimentos. Pode-se afirmar que os profiss ionais de enfermagem nas diversas categorias, conhecem as medidas de b iossegurança, entretanto não as empr gam adequa damente. A situação ob seada é preocupante e merece ser olhada com rigor pelas chefias de enfermagem dos estabel ecimentos d e saúde, vi sando maior controle da veiculação do HIV e bsca de condições seguras de trabalho para os profi s siona is de enfermag em. Esta área necessita de investigação mais profunda visto serem percebidas condutas de risco na visão das pesqui sadoras. UNITERMOS: HIBiossegurança - Risco Ocupacional - HIV/Prát ica de Enfermagem. 1. INTRODUÇÃO Existem diversos questionamentos sobre o exercício da profissão pelo enfermeiro e pelas diversas categorias que compõem a Enferma- gem no Brasil. A estrutu ra dos ho spitais bra sileiros prioriza a divisão do trabalho por categorias; a Enferma- gem é uma d as que tem marcado muito nitida- mente a divisão do trabalho na área assistenci- al através d a execução de tarefas desempenha- das por pessoal não qu alificado. Segundo AL- MEIDA 1 , as instituições de saúde vêm inse- rindo pessoas desp repa radas no me rcado de trab alho, delegando-lhes tarefas para as quais não se exige conhecimento teórico e sim pro- dução, pois o importante é a execução do tra- balho com economia d e tempo e movimen- tos. Essa situação se confronta com a que hoje os enf ermeiros vivenciam, de qu estionamentos do seu papel como li deres da equipe de Enfer- magem. OGUISS0 22 , analisando os papéis do enfermeiro e a qu estão da ampliação de suas funções, cita q ue a l egislação em vigor em 1 984, sobre o exercício profissional, atribuí a ao enfer- meiro, em ca ráter específico, a penas as ativi- dades administrativas e de e nsi no. As ativida- des componentes do exercício dessa p rofissão foram distribuídas igualmente a toda a equipe de Enfermagem, sem delimitação alguma entre as categorias que a compõem. Es sa situação permanece ainda hoje, mes- mo com a aprovação da Lei nO 7498/86, que re- Enfermeira - Professora auxiliar do Depaamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da UFMG. 2 Enfermeira - Professora Assistente do Depaamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfemagem da UFMG. 3 Enfermeira da Central de Material Ester il izado do Hospital das Clínicas da UFMG. Enfermeira Maria Rizoneide N. de Araújo. Mestra em Enfermagem. Professora da Escola de Enfermagem da UFMG. Orientadora do trabalho. 272 R. Bras. Enfe. Brasília, v. 48, n. 3, p. 272-285, jul. lago.lset. 1 995

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A QUESTAO DO VfRUS DA IMUNODEFIClêNCIA HUMANA E A AUTOPROTEÇAo NO TRABALHO

Alcione Bastos Rodrigues 1

Myrian Biaso Bacha Magalhães 2

Stella Maris Monteiro Sales 3

RESUMO: O trabalho é um estudo descritivo exploratório com o objetivo de verificar a existência de normas e util ização de medidas de biossegurança pelo pessoal de enfer­magem, na prevenção da transmissão do H IV durante a execução de procedimentos em unidades de internação de clin icas médico-cirúrg icas, em dois hospitais de Belo Horizonte. Através da observação destes procedimentos, detectou-se a existência de riscos decorrentes do manuseio inadequado de secreções, excreções, roupas e cam­pos contaminados, bem como a manipu lação do material pérfurocortante, l ixo e deje­tos resultantes da execução dos procedimentos. Pode-se afirmar que os profissionais de enfermagem nas d iversas categorias, conhecem as medidas de biossegurança, entretanto não as empr�gam adequadamente. A situação observada é preocupante e merece ser olhada com rigor pelas chefias de enfermagem dos estabelecimentos de saúde, visando maior controle da veicu lação do H IV e bl!sca de condições seguras de trabalho para os profissionais de enfermagem. Esta área necessita de investigação mais profunda visto serem percebidas condutas de risco na visão das pesqu isadoras.

UNITERMOS: H IVlBiossegurança - Risco Ocupacional - H IV/Prática de Enfermagem.

1 . INTRODUÇÃO

Existem d iversos questionamentos sobre o exercício da profissão pelo enfermeiro e pelas diversas categorias que compõem a Enferma­gem no Brasi l .

A estrutura dos hospitais brasi leiros prioriza a d ivisão do trabalho por categorias; a Enferma­gem é uma das que tem marcado muito n itida­mente a d ivisão do trabalho na área assistenci­al através da execução de tarefas desempenha­das por pessoal não qual ificado. Segundo AL­ME IDA 1 , as institu ições de saúde vêm i nse­rindo pessoas despreparadas no mercado de trabalho, delegando-lhes tarefas para as quais não se exige conhecimento teórico e s im pro­dução, pois o importante é a execução do tra-

balho com economia de tempo e movimen­tos.

Essa situação se confronta com a que hoje os enfermeiros vivenciam, de questionamentos do seu papel como l ideres da equipe de Enfer­magem. OGUISS022, analisando os papéis do enfermeiro e a questão da ampl iação de suas funções, cita que a legislação em vigor em 1 984, sobre o exercício profissional , atribu ía ao enfer­meiro, em caráter específico, apenas as ativi­dades administrativas e de ensino. As ativida­des componentes do exercício dessa profissão foram d istribu ídas igualmente a toda a equ ipe de Enfermagem, sem del imitação alguma entre as categorias que a compõem.

Essa situação permanece ainda hoje, mes­mo com a aprovação da Lei nO 7498/86 , que re-

Enfermeira - Professora auxi l iar do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da UFMG. 2 Enfermeira - Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfemagem da UFMG. 3 Enfermeira da Central de Material Esteril izado do Hospital das Clín icas da UFMG.

Enfermeira Maria Rizoneide N. de Araújo. Mestra em Enfermagem. Professora da Escola de Enfermagem da

UFMG. Orientadora do trabalho.

272 R. Bras. Enferm. Brasíl ia, v. 48, n . 3 , p. 272-285, ju l .lago.lset. 1 995

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gula o exerclcio profissional, apesar do empe­

nho das entidades de classe em regulamentar a formaçao profissional.

O exerclcio da Enfermagem exige do profissi­onal atitudes de enfrentamento diante da diversi­dade e gravidade das doenças que hoje acome­tem as pessoas. Dentre as doenças que constitu­em desafio para a Enfermagem, a AIDS assume relevência pela alta morbidade e mortalidade. Na área hospitalar, o enfermeiro depara-se com bar­reiras institucionais, pessoais, econOmicas e téc­n icas para a implementação de medidas de bios­segurança, essenciais ao atendimento à saúde e à proteçao dos profissionais da àrea.

PRAÇA e GRANDI24 enfocam que é relevan­�e os riscos a que estao sujeitas as populaçOes que atuam na àrea hospitalar, devido ao conta­to com sangue e fluidos corpóreos dos pacien­tes nela tratados. Os autores citam que a Se­cretaria de Saúde de São Pau lo considera poritencialmente infectados os indiv lduos aten­d idos em ambulatórios, emergências, necroté­rio e na anatomia patológica, recomendando a util izaçao das medidas de biossegurança.

BERGAM04 recomenda que.as cirurgias de emergência devem ser encaradas de forma es­pecial no que d iz respeito à transmissão do H IV e contaminaçao dos profissionais de saú­de. Enfoca a necessidade de d iminu ir a trans­missão do vlrus da AI DS por contato direto do paciente com o profissional através da determi­naçao de técnicas especificas, assepsia rigoro­sa e orientaçao da apl icaçao dos procedimen­tos técnicos.

Algumas publ icaçOes do Min istério da Saú­de1 7, 20 abordam àreas de risco diferentes e outras reforçam a necessidade de se atuar pre­ventivamente para controlar a AIDS, enfocando que pode ocorrer um maior risco de contrair HIV por tra�smissão parenteral , no Terceiro Mundo. Esse risco , segundo eles, deve-se .à falta de treinamento do pe�soal que admin istra medica­mentos, à precariedade do equipamento dispo­n ivel e às práticas inadequadas de esteri l iza­ção.

A transmissão do H IV atualmente não pode ser min imizada. O conhecimento das vias e for­mas de transmissão do vfrus e séus mutantes

pelo enfermeiro deve ser priorizado no empre­go das medidas de biosseguran·ça u niversais, para' o desenvolvimento de suas atividades.

As medidas de precauçao e biossegurança e o controle do número de casos são formas de se efetuar a vigi lência epidemiológ ica no senti­do de evitar-se endemias.

MARIN e colaboradores1 5 reforçam a impor­tência de as pessoas se conscientizarem da necessidade de mudança, na prática, das me­d idas de controle de infecção, em face da rele­vência dos portadores assintomáticos de H IV e de outros agentes patogênicos ainda não muito explorados.

As publ icações referentes à transmissão do virus em profissionais da área de saúde são controvertidas e algumas: Jornal dos Conse­Ihos1 3; KLEIN 14; Min istério da Saúde1 7,20 ; PRA­ÇA e GRANDI24; MARIN 1 5 consideram extre­mamente baixos os riscos de infecção pelo vi­rus, principalmente se as condições básicas de controle de infecçao .estiverem estabelecidas.

Durante nossas atividades docentes assis­tenciais nas unidades de internação médico-ci­rúrg icas de d iversos hospitais de Belo Horizon­te, observamos a existência de pessoas des­qual ificadas desempenhando funções às vezes privativas do enfermeiro , em decorrência do seu tempo de casa e por serem tidos como compe­tentes para uma determinada tarefa.

A admissão de pacientes era uma dessas atividades, normalmente delegadas ao pessoal mais desqual ificado, recebendo uma supervisão indireta do enfermeiro, em muitos locais por nós util izados para o ensino. Nestes, os funcionári­os de Enfermagem se l imitavam a executar as prescrições médicas e de enfermagem sem to­marem conhecimento do diagnóstico do paci­ente, com risco de se contaminarem e d issemi­narem doenças, quando as pessoas eram por­tadoras de infecção.

Alguns profissionais envolvidos na prestação do cu idado ao paciente encaram, até com certo descaso, a util ização de medidas de biossegu­rança, ind ispensáveis com o advento da AIDS.

Em relação aos riscos ocupacionais, é d ifícil estabelecer os parâmetros de contaminação bi­ológica pela não-util ização de medidas de pro-

R. Bras. Enfenn. Brasfl ia, v. 48, n . 3, p. 272-285, jul ./ago.lset. 1 995 273

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taçao individual e coletivas, em virtude da exis­tência de d iferentes fatores que interferem na contaminaçêo, tais como: resistência individual, patogenicidade do agente, processo de esteril i­zaçêo utilizado, desinfecção e tipo de hospital , dentre outros, como a util izaçêo prioritária de materiais descartáveis.

Em se tratando de exposiçao ao H IV, as medidas de biossegurança sao fundamentais para prevenir a contaminaçêo daqueles que es­tao em contato direto com portadores do vlrus ou doentes, independente dos fatores acima mencionados.

PRAÇA e GRANDI24, em investigaçêo junto ao pessoal que atende na área obstétrica, afir­mam haver negl igência quanto a aspectos pre­ventivos e que isto pode contribuir para a disse­minaçêo da AIDS. As autoras citadas, analisan­do o papel da enfermeira obstétrica como I Ider do pessoal de Enfermagem do centro obstétri­co, citam que a sua liderança nao se faz sentir de maneira a contribuir para a diminuiçêo da ansiedade da equipe quanto á contaminaçao pelo H IV, quer supervisionando-a, quer formu­lando rotinas para o atendimento da clientela, visando uniformizar condutas de enfermagem diante do risco da doença.

O Ministério da Saúde 17 e o Código da Ética Médica1 0 enfocam a questao do sigilo do profis­si�nal médico no que d iz respeito ao diagnósti­co de AIDS, reforçando a manutençao deste quando o paciente nao autoriza o profissional a divulgar esse diagnóstico. Entretanto esse có­digo garante o conhecimento pelos outros pro­fissionais do diagnóstico do cliente, também em caráter sigiloso, para prestar assistência com segurança, evitando submeter os trabalhadores de Enfermagem a fontes maiores de risco, por nao utilizarem as medidas de biossegurança universais. Várias vezes observou-se que o di­agnóstico in icial é outro, secundário à AIDS, como, por exemplo, as patologias que acome­tem o aparelho respiratório e o sistema auto­imune, sendo o diagnóstico defin itivo estabele­cido posteriormente quando já ocorreram vári­os contatos do cliente com a equipe de Enfer­magem sem que fossem tomadas as devidas precauções.

A situaçao é tao séria que o M in istério da Saúde 1 9 afirma que a AI DS tem colocado em discussao posiçOes éticas do profissional de saúde até entao t idas como i n d u bi táve is , como, por exemplo, a q uestao do seg redo médico, ante a saúde de terceiros e a coleti­vidade.

Portanto, considera-se relevante conhecer o que ocorre na prestaçêo de cuidados aos paci­entes pelo pessoal de Enfermagem, em relaçêo à uti l izaçêo de medidas de biossegurança em unidades de internaçêo.

2. OBJETIVO

Verificar a existência de normas e ut i l iza­Çao de medidas de biossegu rança pelo pes­soal de enfermagem, na prevençao da trans­missao do H IV durante execuçao de proced i­mentos em un idades de internaçao de cl in i­cas médico-cirúrg icas, em dois hospitais de Belo Horizonte.

3. METODOLOGIA

Foi desenvolvido u m estudo exploratório, descritivo, em dois hospitais gerais da cidade de Belo Horizonte.

Um dos hospitais selecionados pertence à rede públ ica de saúde e o outro pertence à rede privada, ambos atendendo a clientes adultos, sem distinçêo de sexo, nas clin icas médica e cirúrgica.

A escolha dessas institu içOes para o estudo proposto deveu-se a:

• serem campo de estágio de aluhOs do cur­so de graduaçêo em enfermagem, das d iscipli­nas ministradas pelas pesqu isadoras;

• nao serem hospitais espE.clficos para o tra­tamento de AI DS;

• admitirem pacientes decorrentes de um atendimento de emergência;

• possulrem recursos humanos, materiais e equipamentos que permitam a apl icaçao das medidas de biossegurança no desempenho das atividades de enfermagem.

274 R. Bras. Enfenn. Brasilia, v. 48, n. 3, p. 272-285, jul .lago.lset. 1 995

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3.1 . Populaçlo

A população a ser estudada foi constitu lda por unidades de internação de Cl ln ica Médica e Cirúrg ica e os respectivos prQcedimentos de enfermagem nela executados.

Foi uti l izada uma metodolog ia quantitati­va, na tentativa de conhecer a situação vigen­te, na área de enfermagem quanto à existên­cia e à uti l ização das med idas de b iossegu­rança .

Para o presente estudo, foram consideradas Normas de Biossegurança aquelas preconiza­das pelo Min istério da Saúde21 , que visam tor­nar mais seguro o relacionamento dos profissi­onais de saúde entre si e com os pacientes. São relativas ao paciente, ao profissional de saúde, ao local e equ ipamento e à manipu lação do material t?iológico.

Visando à operacional ização das normas propostas, a Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde do Min istério da Saúde faz recomendações aos enfermeiros de como apl i­car as medidas de b iossegurança no seu exer­cício profissional , sendo o presente trabalho subsid iado por essas medidas.

Para o estudo proposto, as autoras defi­niram como medidas de biossegurança o conjunto de medidas empregadas pelo indi­víduo, no seu processo de trabalho, que per­mite a sua autoproteçlo e a manutenção de sua condição de saúde, ao mesmo tempo que estabelece condições seguras e protetoras para o paciente.

3.2. Amostra

Constou de procedimentos real izados rotinei­ramente nas Un idades de I nternação selecio­nadas para o estudo.

4. COLETA DE DADOS

Foi real izada pelas autoras, com a colabora­ção de duas alunas do 7° perlodo do curso de g raduação em enfermagem da UFMG, nos me­ses de novembro e dezembro de 1 993, nas ins­titu ições A e B.

Efetuou-se observação direta dos procedi­mentos selecionados, executados pelos mem­bros da equipe de Enfermagem, durante o pro­cesso de trabalho na Un idade de I nternação.

As pesquisadoras optaram por coletar dados no turno matutino, visto ser este o perlodo de maior concentração de atividades.

A coleta iniciou-se após comunicação escri­ta à chefia de enfermagem e apresentação à enfermeira responsável pelo setor.

Relatado o objetivo do estudo, passou-se ao levantamento dos procedimentos a serem reali­zados no perlodo da observação de acordo com a l istagem pré-elaborada. No momento da apli­cação do instrumento, fez-se a apresentação do pesqu isador ao funcionário, na qual esclareceu­se tratar de uma observação de procedimentos, sem explicitar os objetivos propostos. Essa con­duta foi adotada para evitar que o funcionário modificasse seu comportamento no que se re­feria à uti l ização de medidas de biossegurança, fato observado no pré-teste.

O instrumento uti l izado constou de três par­tes, sendo a primeira uma identificação da insti­tu ição e da existência na mesma de medidas de biossegurança sistematizadas. A segunda par­te relaciona-se à observação do procedimento referente à util ização de medidas de biossegu­rança. A terceira parte refere-se a cu idados na util ização de determinados materiais hospitala­res, manuseio de secreções e dejetos hospita­lares.

5. TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados foram apurados pelo processo manual e tratados estatisticamente através de percentuais (%), bem como anal isados qual ita­tiva e quantitativamente.

6. VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO

A val idação foi real izada em um hospital de g rande porte, com caracterlsticas semelhantes às das duas institu ições escolh idas para reali­zação da pesqu isa, tais como:

• ser campo de estágio de alunos do curso de Enfermagem;

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• atender pacientes decorrentes de um aten­

dimento de emergência; • atender diversas clInicas médicas e cirúrgicas.

, O instrumento foi apliéado na unidade de in­temaçAo na medida em que ocorriam os procedi­mentos, sem seleçAo prévia, fazendo-se a ob­servaçAo sem interferência do pesquisador, com a finalidade de verificar a viabilidade do mesmo quanto ao conteúdo, objetividade e clareza.

A validaçao determinou a necessidade de algumas alteraçOes no instrumento, tais como a delimitaçao de procedimentos que implicassem na util izaçao de medidas de biossegurança no seu desempenho, sem entretanto incorrerem nele mudanças estruturais.

Os procedimentos selecionados para obser-vaçao foram:

• curativo; • banho no leito; • lavagem intestinal; • retirada de pontos; • aspiraçao de traqueostomia; • manuseio de cateter heparin izado; • administraçao de dieta por sonda; • soroterapia; • administraçao de medicaçao por via sub­

cutânea; • administraçao de medicaçao por via intra­

muscular; • administraçao de medicaçao por via endo­

venosa.

Não houve preocupaçao com o quantitativo, e sim com o q ual itativo, garantindo a observa­çao de cada procedimento selecionado.

7. ANÁLISE E APRESENTAÇAo DOS DADOS

A análise e apresentaçao dos dados foi se­parada em três partes, compatrveis com o ins­trumento de coleta de dados supracitado.

7.1 . Dados Referentes à Instituição e Exis­tência de Material Descartável

A existência de normas de biossegurança foi constatada nas duas instituiçOes. Essas normas,

na instituiçao A, constitulram;.se de um manual

e cartazes que orientavam sobre a lavagem das mãos e a não reencapagem de agulhas, bem como seu destino após o uso. O manual encon­trava-se na sala da supervisão de Enfermagem.

Na instituiçao B, existiam quatro folhetos afi­xados nos postos de enfermagem e em prontu­ários dos pacientes.

Estes folhetos possu lam caracterlsticas dis­tintas entre si , identificados como procedimen­tos 1 , 2, 3 e 4, com i lustraçOes das medidas pre­conizadas na parte anterior; no verso, inclu fa

'

orientações sobre essas medidas ind icadas, quais sejam: paramentaçao, lavagem das mãos, util izaçao e descarte de material perfurocortan­te e tipo de acomodaçao (quarto privativo ou n�o).

Um folheto possula indicaçao sobre a utiliza­çao de várias medidas de biossegurança e, den- ,

tre elas, o uso de máscaras; entretanto, no verso !

não havia explicaçOes da necessidade de seu uso. I

Tais folhetos ficavam afixados em um quadro do posto de enfermagem e em alguns prontuários, sendo visfvel apenas a gravura, ficando impedi­da a leitura das orientaçOes contidas no verso.

Segundo o Min istério da Saúde20, o uso de normas de biossegurança impõe-se tanto no aspecto de proteçao do profissional de saúde quanto no controle da AIDS e na melhor assis­tência aos pacientes. Todo profissional de saú­de deve conhecer as normas de biossegurança e empregá-Ias adequadamente.

Foram levantados alguns dados gerais so­bre categoria funcional , sexo, tempo de serviço, escolaridade e turno de trabalho.

TABELA 1

c:.t.gona Func:ionlil do PeUOIII de Enf1lrmllgem ObMrvedo na U11 cI.s Inatltulç6es A • B • BH • Dez/1"3

A B Categoria

N" % N" %

Auxüiar de 7 87,5 5 50

Enfermagem

Téa1ico de 1 12,5

Enfermagem z z

Alendenla z z 5 50

Total 8 100 10 100

' Z= Zero

276 R. Bras. Enferm, Brasilia, v. 48, n. 3, p, 272-285, jul .lago.lsat. 1 995

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Os dados mostram, na institu ição A, uma predominância (87 ,5%) da categoria auxiliar de enfermagem entre os funcionários que execu­taram os procedimentos observados, e na insti­tu ição B, uma equ ivalência entre as categorias auxil iar e atendente de enfermagem (50%).

Dentre as categorias observadas não ocor­reu desempenho de procedimentos envolvendo o enfermeiro. Tal fato reforça a afirmação de FERNANDES12 de que o que se tem observa­do, em realidade, é uma escassez de recursos humanos de todos os n íveis. E, dessa escas­sez, nota-se a predominância de uma mão-de­obra elementar não qualificada e, portanto, mais barata, além de uma carência de profissionais de n ível superior.

MENDES16 afirma que o enfermeiro se afasta de sua função de responsável d ireto pela assis­tência de enfermagem ao paciente , famll ia e comunidade, assumindo outras funções, como a ,admin istrativa, sofrendo influência de uma série de fatores extrínsecos ao seu campo de prática e dos quais ele não detém controle, que d istorcem ainda mais suas funções; a assisten­cial é freqüentemente delegada aos demais com­ponentes da equ ipe de enfermagem inabil itados para as funções que executam, exercendo-as sem eficiência e eficácia.

Nas un idades de internações observadas, existia um enfermeiro apenas para o exercício da supervisão de enfermagem.

Segundo MENDES16, o que se tem obser­vado é uma inversão da prática, com predomi­nância das funções administrativas , e outras, distanciando o enfermeiro da função assistenci­al , embora os instrumentos normativos delimi­tem legalmente o espaço assistencial , tentan­do, inclusive, evitar as possíveis invasões ao campo da prática médica.

Quanto ao sexo dos funcionários de enfer­magem na instituição A, 87,5% eram pertencen­tes ao sexo feminino e 1 2 ,5% ao sexo mascul i­no. Na institu ição B, 70% dos funcionários per­tenciam ao sexo femin ino e 30% ao sexo mas­culino.

Os dados coletados quanto ao sexo refor­çam as afirmações de vários autores FERNAN­DES1 2, MENDES1 6, ALMEIDAo2, de que a en-

fermagem é uma profissão predominantemente feminina, com raízes históricas quanto à pres­tação de cuidados aos doentes pelas mulheres, desde a Idade Média em que o cuidado era pres­tado no lar, associado às atividades domésti­cas.

O levantamento sobre a força de trabalho em enfermagem no Brasi l , efetuado em 1 985 pelo COFENI ABEN, relata haver uma tendência de crescimento da participação mascul ina nessa profissão, sendo que nas décadas de 70 a 80 houve aumento do contingente mascul ino com formação em n ível superior.

Comparando-se as duas institu ições, verifi­ca-se que o contingente de funcionários mas­culinos da institu ição B representa mais que o dobro do percentual obtido na institu ição A.

Os dados obtidos mostram que na institu i­ção A os funcionários possuem a escolaridade mín ima exig ida pelo CFE para a função exerci­da, visto a totalidade ter o primeiro ou segundo grau conclu ído. Coincidentemente essa institu i­ção é públ ica, o que pressupõe que se exija a qualificação prevista em lei.

Na institu ição B , apenas 1 0% dos funcioná­rios têm o segundo grau conclu ído e só 60%, o primeiro grau completo. 30% dos funcionários não tem nem a escolaridade mín ima exig ida. Destacamos que esta é uma institu ição priva­da. SI LVA26 afirma que os hospitais privados buscam racional ização de custos no âmbito do setor privado, regendo-se pela lóg ica da lucrati­vidade; percebe-se que pouca importância se dá à titu lação de determinadas categorias pro­fissionais no setor privado, pois isso impl icaria em maiores gastos, diminuindo a margem de lu­cro em face da exigência de salários compatíveis e melhorias quanto à prestação da assistência.

ANGERAMI3 complementa esta posição com a afirmação de q ue quanto mais elevada a for­mação profissional , maior é a d istância deste profissional do paciente, desenvolvendo funções denominadas administrativas. Os elementos de menor preparo profissional , ou seja atendentes e auxil iares, são os que realmente permanecem 24 horas ao lado do paciente.

Reverter essa situação deve ser compromis­so dos enfermeiros, especialmente daqueles que

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atuam no êmbito hospitalar e no ensino. Os pri­meiros têm responsabi l idades no sentido de permitir e veicular informações técn icas no n l­vel de instrução de seus funcionários para a autoproteção no trabalho e no manuseio seguro de pacientes g raves e de risco, inclusive aque­les com AIDS. Os que atuam na área de ensino têm responsabil idades no que diz respeito à for­mação de consciência crItica dos novos profis­sionais, alertando-os para os perigos de sua omissão na util ização das medidas universais de biossegurança preconizadas.

A priorização do uso de material descartável ocorre nas duas institu içOes observadas. Esse material se encontra ao alcance de todos , visto que 1 00% dos funcionários informaram essa ocorrência. Entretanto, mediante as observa­çOes da não-util ização de medidas de biosse­gurança, parecem carecer de informaçOes acer­ca da pertinência e adequação das mesmas aos procedimentos executados.

O Min istério da Saúde21 afirma que é res­ponsabil idade dos profissionais prover cuidado adequado à g rande demanda de doentes, ado­tando normas corretas de biossegurança, mas reconhece que a resposta a esse desafio não tem sido a mais adequada.

DESSUNTI 1 1 apud MENEGHIN ( 1 986), re­força que há um grupo de profissionais de en­fermagem ating ido pela desinformação, seja pela d ificuldade de acesso à literatura atualiza­da, seja pelas atuais condições de vida que exi­gem do profissional maior dedicação ao traba­lho em detrimento da própria atualização e do aprimoramento cientIfico.

O observado nas institu ições investigadas é que na maioria das vezes o funcionário tem du­plicidade de emprego com conseqOente sobre­carga da jornada de trabalho. A institu ição não lhe exige aquisição de novos conteúdos e nem os proporciona através de treinamentos formais no horário de trabalho para que ele aprofunde seus conhecimentos visando à melhoria e se­gurança na assistência. Exigem produtividade para o atendimento da demanda, sem anal isar riscos e qualidade da assistência prestada.

DESSUNTI 1 1 cita OLIVEI RA ( 1 986), MENE­GHIN ( 1 986), GUERRA ( 1 985) e PRATT (1 987),

que reforçam a situação descrita anteriormente alegando que muitos problemas relativos à AIDS foram amenizados com a educação continua­da.

Outro fato observado que merece maior apro­fundamento é o gasto ind iscriminado de materi­al descartável em face da desinformação do fun­cionário, provavelmente onerando os estabele­cimentos de saúde, desviando verbas que po­deriam ser util izadas em benefIcio do próprio paciente ou na educação continuada desses profissionais.

A minimização de g rande parte dos proble­mas observados, na percepção das pesquisa­doras, poderia ser feita através da melhoria da comunicação interprofissional , visto estar ocor­rendo maior comunicação escrita e visual que a verbal , esclarecedora de situações de conflitos.

7.2. Dados Referentes à Util ização das Medi­das de Blossegurança no Desempenho dos Procedimentos

As medidas de biossegurança observadas nas duas institu ições foram:

1 . lavagem das mãos; 2 . uso de luvas; 3 . uso de óculos; 4 . uso de máscara.

7.2.1 . Lavagem das Mãos

A lavagem das mãos, segundo normas mi­nisteriais, deve ser feita de paciente para paci­ente, a cada procedimento e, no mfn imo, antes e após cada procedimento executado. É reco­mendável o uso de água e sabão.

Na institu ição A, antes da execução dos pro­cedimentos, 25% dos fu�cionários lavaram as mãos com água e sabão, 37,5% uti l izaram so­mente água e 37,5% não lavaram as mãos.

Na institu ição B, antes da execução dos pro­cedimentos, apenas 1 0% lavaram com água e sabão; 1 0% uti l izaram somente água e 80% não lavaram as mãos.

A situação encontrada pode ser considera­da alarmante, visto ser a lavagem das mãos o

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procedimento mais elementar e ind ispensável ao lidar com d iversas pessoas, quanto mais nos casos observados, que eram pacientes de clini­cas cirúrgicas, com integridade cutâneo-muco­sa interrompida temporariamente pelo ato cirúr-

g ico, estando sujeitos a infecções secundárias pela manipulação sem cuidados, visto a cober­tura epitelial da ferida cirúrgica efetivar-se a partir de 48 horas, de acordo com o Manual de I nfec­ções Hospitalares8.

GRÁFICO 3

OCORR�NCIA DA LAVAGEM DAS MÃOS, ANTES DA EXECUÇÃO DO PROCEDIMENTO NAS U. I . DAS INSTITUIÇOES A e B - BH - DEZ.l93.

INSTITUiÇÃO A

Após a execu çã o dos p roced i mentos , a s ituação nas d uas i n st i tu i ções fo i a seg u i n ­t e :

Instituição A: 1 2,5% dos funcionários lava­ram as mãos com água e sabão, 25% somente

INSTITUiÇÃO B

com água, 25% não lavaram e 37,5% util izaram apenas antissepsia com álcool .

I nstituição B: apenas 1 0% dos funcionários lavaram com água e sabão, 1 0% somente com água e 80% não lavaram as mãos.

GRÁFICO 4

OCORR�NCIA DA LAVAGEM DAS MÃOS, APÓS A EXECUÇÃO DO PROCEDIMENTO NAS U. I . DAS INSTITUIÇOES A e B -BH - DEZ./93.

INSTITUiÇÃO A INSTITUiÇÃO B 1 2,50

25,00 o Aouo . .... • Aouo • MIo "vo

25,00

11 Não lavou • Água e sabão D Água D Alissepsia com álcool

R. Bras. Enfenn. Brasilia, v. 48, n. 3, p. 272-285, jul./ago.lset. 1 995 279

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Analisando-se a util izaçao da lavagem das mãos, percebe-se, nas duas instituiçOes, que os percentuais estão abaixo do desejado, pois esta medida requeria 1 00% de uti l izaçao.

A Comissão de I nfecção do Hospital das Cl I­nicas da UFMG8 precon iza que deve-se " lavar as mãos antes e após a execuçao de procedi­mentos. "

O Min istério da Saúde21 recomenda a lava­gem das mãos com água e sabão e secagem com papel-toalha branco ou compressa estéri l , antes e após o atendimento de cada paciente.

Pode-se afirmar, med iante as situações observadas, que as d uas institu ições têm uti­l izado essa med ida de biossegu rança de for­ma inadequada, i nseg u ra para o desempenho das atividades de enfermagem, d iante do sur­g imento da A IDS , q uando a ut i l ização das med idas de biossegu rança são imprescind í­veis.

A lavagem das mãos com água e sabão é um proced imento eficaz no controle das in­fecções , tanto nas u n idades de internação quanto nos locais de atend imento à saúde, pois apresenta a vantagem de ser um proce­d imento de mais baixo custo que o uso dos anti-sépticos precon izados, exig indo poucos recu rsos para ser v iab i l izado, já que a rea l i­dade encontrada é que todas as un idades dis­punham de uma pia com sabão e papel-toa lha.

Não se , polemiza a questão do acesso aos mesmos, visto existirem situações opostas de fáci l ou d ifícil acesso. O que se questiona é o fato de se omitir o passo " lavagem das mãos ao final do proced imento executado ", substitu in­do-o pela anti-sepsia com álcool , quando se sabe que a remoção mecân ica da flora, através da água e sabão, é efetiva.

A omissão desse passo ocorreu com um percentual expressivo dos funcionários obser­vados (37 ,5%) , aumentando o risco de o cliente cirúrg ico adqu i ri r infecção cruzada, pela neg li­gência dos profissionais que dele cuidam.

OGUISS022 já alertava o pessoal de enfer­magem quanto a sua responsabil idade legal, po­

dendo ser inclu ídos no art. 1 35 do Cód igo Penal

brasi leiro, pois este prevê que constitu i crime

de maus-tratos expor a perigo a vida ou a saú-

de de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vi­g ilância, para fim de tratamento ou custódia. A autora reforça que não é d ifícil ser envolvido em crime de homicídio culposo em pleno exercício da enfermagem, se não houver di l igência, aten­çao e correta observância das regras técnicas da profissão. Finaliza afirmando que o pessoal médico e de enfermagem pode tranformar-se num veiculo importante de transmissão de mo­léstias graves e que o uso de lavagem das mãos pOde reduzir o risco de infecção. Enfatiza que os enfermeiros precisam estudar e acompanhar a evolução dos conhecimentos cientificos, man­tendo-se atual izados, especialmente quanto às responsabil idades legais da profissão.

7.2.2. Uso de Luvas

O Ministério da Saúde21 , nas Normas Técni­cas para prevençao da transmissão do H IV nos serviços, preconiza para o profissional o uso de luvas sempre que houver possibi l idade de con­tato com sangue.

Os tipos de luvas a serem usados são clas­sificados, segundo o próprio Ministério da Saú­de em relaçao ao material e aos procedimentos a que se destinam, em:

• vini l - tipo ginecológ ico. Encontradas em tamanho ún ico, não são elásticas, o que as tor­nam frágeis. São suficientes para a realização de um exame clin ico;

• látex - luva cirúrg ica. Usada para procedi­mentos clin icos e cirúrg icos;

• borracha - uti l izadas para l impeza de ins­trumentai e superficies contaminadas, por se­rem mais grossas e mais resistentes.

O uso de luvas torna-se cada vez mais ne­cessário nos d ias atuais, pois já em 1 989 o Mi­nistério da Saúde alertava que o contato dos profissionais da área com indivíduos infectados pelo H IV, sem que qualquer dos dois saibam da existência da infecção, torna-se cada vez mais freqüente. Diante dessa realidade, afirma que este profissional deve considerar todo sangue e secreção, exclu indo lágrima, suor e sal iva como potencialmente infectantes.

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Isso significa que estão indicadas rotineira­mente precauções com sangue e secreções que não são especIficas para o H IV.

Para MARIN1 5, esta crescente prevalência

do H IV aumenta o risco dos profissionais, espe­

cialmente quando não seguem as precauções

necessárias. A CCI H do Hospital das Cl in icas da UFMG

reforça que as luvas deverão ser, de preferên­cia, descartáveis e usadas para contato d ireto com material biológico ou artigos de superflcies contaminados pelo mesmo.

GRÁFICO S

Na instituição A, 25% dos funcionários utili­zaram luvas para banho de leito e curativo. Nestes procedimentos havia a possibi l idade de contato com sangue e fluidos. Os funcionários justificaram a sua util izaçêo alegando a exigên­cia do procedimento e conduta pessoal .

Merece destacar que a utilizaçêo das luvas não impediu a contaminaçêo dos funcionários durante os procedimentos, uma vez que em uma situaçêo observada houve contato direto da pele do funcionário com o sangue do paciente, sendo esta superffcie l impa com algodêo, sem que se procedesse à lavagem da superffcie atingida. Em outra situaçêo observada, houve contato do an-

OCORRÊNCIA DO USO DE LUVAS DURANTE A EXECUçAo DO PROCEDIMENTO

NA U.I . DA INSTITUIÇAO A - BH - DEZ./1 993.

tebraço do funcionário com a urina do paciente, mas o local não foi lavado após a contaminaçêo.

Na institu içêo S, 44% dos funcio­nários uti l izaram luvas para: aspiração de traqueostomia, banho de leito, cu­rativo e lavagem intestinal . A uti l iza­çêo das mesmas foi justificada por eles como devida à possibi l idade de con­tato com sangue e outros flu idos, con­duta pessoal e exigência do proced i­mento.

Utilizou luv • • Nlo utilizou

GRÁFICO 6

OCORRÊNCIA DO USO DE LUVAS DURANTE A EXECUçAo DO PROCEDIMENTO NAS U. I . DA INSTITUIÇAo B - BH - DEZ./1 993.

Utilizou luvas Nlo utilizou

Pressupõe-se que a util ização das luvas visava apenas à autoproteção, pois observou-se a uti l ização de um mesmo par de luvas na real ização de vários curativos envolvendo manuseio de sang ue, resu ltando em risco de contaminação do paciente, do ambi­ente e do pessoal .

Esses fatos são agravados pela conduta do funcionário não ter remo­vido as luvas mesmo quando uti l izou as instalações san itárias.

Apesar de inferirmos que a util iza­ção das luvas visava à autoproteção, questionamos se estas serviram mes­mo para tal fim, uma vez que conside­ramos ser a auto proteção a uti l ização de medidas para evitar contaminação pessoal , o que é reforçado pelo Ma­nual de Infecções Hospitalares da CCI H do HC da U FMG8: " para quem vai p resta r serv iços e m co ntato

R. Bras. Enferm. Brasfl ia, v. 48, n . 3, p. 272-285, ju l . lago.lset. 1 995 281

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permanente com doentes deverá ficar bem cla­

ro que na sua atividade é essencial a biossegu­rança, colocando em prática normas básicas de higiene rigorosa, adotando as Precauções Un i­

versais para contato com sangue e I Iqu idos cor­

porais independente da patologia do doente el ou potencialmente contaminante do material" .

A incidência do uso de luvas de 44% pelos funcionários, apesar de relevante, não se mos­tra significativa , visto q ue a uti l izaçêo não ga­rante a minimização do risco.

7.2.3. Uso de Óculos e Máscara

A observaçêo referente ao uso de óculos e máscara não mereceu d iscussão mais aprofun­

dada, pois não ocorreu nos procedimentos ob­servados nas duas instituições.

7.3. Dados Referentes a Cuidados na Utiliza­ção de Determinados Materiais, Secre­ções e Dejetos Hospitalares

A realidade vivenciada pelas pesquisadoras em Belo Horizonte é d icotômica em relação ao manuseio de materiais perfurocortantes.

Algu mas institu ições uti l izam materiais de ú ltima geraçêo, extremamente precisos e sofis­ticados com fabricaçêo amparada por parece­res técnicos de profissionais da área da saúde, com o objetivo de proteção do cliente e do pro­fissional que o manipula , garantindo melhores desempenhos técn icos e, conseqüentemente, aumento de produtividade.

Em contrapartida, outras instituições util izam material perfurocortante com potencial de risco

aumentado, considerando-se o aparecimento da AI DS. Esse risco se caracteriza por: util ização de agu lhas não rosqueadas, permitindo a soltu­ra espontãnea e ferimentos no profissional; não­uti l izaçêo de recipientes de descarte adequados conforme recomendações ministeriais; displicên­cia e desatenção no decorrer de preparo, admi­nistração e descarte de material perfurocortan­te pelos profissionais de enfermagem, quer em decorrência do desconhecimento dos perigos l igados ao material , quer em relação ·90 seu bai­xo grau de escolaridade. Aliada a esses fato-

res, a falta de treinamento em serviço e as ár­duas e sucessivas jornadas de trabalho, resul­tantes em fad iga e ampliando a possibi l idade de acidentes hospitalares.

O Min istério da Saúde1 7 afirma que a conta­minação de profissionais de saúde envolvidos na assistência a ind ividuos infectados pelo H IV, através de acidentes com agu lha ou sangue sobre a pele e na mucosa é ínfima, entretanto reforça que a adoção de medidas preventivas na rotina de atendimento é desejável .

O que se questiona é se existem estatísticas confiáveis quanto a essa ocorrência, que pos­sam merecer a afirmaçêo de que são mínimas, ou se o que existe é u ma subnotificação, uma vez que o registro da ocorrência impl ica em õnus financeiro e compromisso social com o aciden­tado, o que nem sempre faz parte dos objetivos institucionais.

7.3.1 . Manuseio de Secreções e Excreções

A situaçêo do manuseio de secreções e de­jetos no meio hospitalar é discrepante . Existem referências - Min istério da Saúde21 , Boletim Controle de Infecçl1oS, CCI H/HC8 - quanto ao destino adequado de l ixo e materiais perfuro­cortantes dentro dos padrões aceitáveis para um ambiente seguro, em n ível hospitalar.

Entretanto, os riscos tendem a ser maiores para pacientes e trabalhadores, quando estes

min imizam os princípios de assepsia e as reco­mendações dos órgãos governamentais quan­to a precauções un iversais.

Na institu ição A, 75% dos proced imentos possibi l itaram risco e 25% não possibil itaram.

Na institu ição B, 87,5% dos proced imentos

possibi l itaram risco e 1 2 ,5% não possib i l itaram. Convém ressaltar a afirmativa do Min istério

da Saúde21 que adverte que o profissional de saúde deve considerar todo sangue e secreção, exclu indo lágrima, suor e sal iva, como potenci­almente infectantes.

7.3.2. Manuseio de Material Perfurocortante

Analisando o manuseio de material perfuro­cortante qupnto à possibi lidade de risco, consta-

282 R. Bras. Enferm. Brasfl ia, v. 48, n. 3, p. 272-285 , ju l .lago.lset. 1 995

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tOU-5e, na instituição A, que 29% dos procedimen­tos observados possibil itaram risco ao funcioná­rio e 71 % não possibilitaram risco. Na instituição B, 57% dos procedimentos observados possibili­taram risco e 43% não o possibil itaram.

É importante realçar que os 57% (referentes à instituição B) possibi l itaram risco, devido à re­encapagem de agu lhas, fato que se contrapõe às informações veicu ladas nos folhetos sobre a util ização das medidas de biossegurança exis­tentes na instituição pr.oibindo a reencapagem de agu lhas.

Em dados publicados no Boletim Controle de Infecçao, editado pela Becton Oickinson5, "a cada 30 segu ndos - cerca de um milhão de ve­zes por ano - um médico, enfermeiro ou qual­quer outro profissional de saúde norte-america­no fura-se acidentalmente com agu lha potenci­almente contaminada, sujeitando-se, desta for­ma , aos riscos de contaminação com vírus, como o da AIDS ou da hepatite. Em 1 989, mais de 1 2 mil profissionais de saúde naquele país infectaram-se com hepatite e 250 destes vieram a falecer" .

Outro dado de estatfstica nqrte-americana registra a ocorrência de 800 mi l casos anuais de acidentes com materiais perfurocortantes, sendo em 1 990 contaminados 1 8 mi l profissio­nais de saúde com o vírus da hepatite B, ocor­rendo 300 óbitos deste total .

Enfatizando o risco decorrente do manuseio

inadequado de perfurocortante, PRAÇA e GRAN-

0124 relataram que vários autores abordaram a possibil idade de maior risco de transmissão do H IV por exposição parenteral nos países do Ter­ceiro Mundo. Tal fato se deve à falta de treina­mento de pessoal que- administra medicamentos, à precariedade do equipamento dispon ível e às práticas inadequadas de esteri l ização.

7.3.3. Manuseio de Roupas e Campos Con­taminados

Na institu ição A, observou-se a ocorrência de manuseio de roupas e campos usados em 25% dos procedimentos; entretanto, os princí­pios científicos foram assegurados no manuseio de todos eles.

Segundo o Min istério da Saúde, no Manual de Controle de Infecçao Hospitala,s, as trocas de roupa deverão ser feitas com a menor ag ita­ção possivel , a fim de evitar a dispersão de mi­croorganismos no ar, especialmente as de pa­cientes submetidos a isolamento respiratório, as de doenças com lesões cutâneas suturadas, ou com infecções intestinais. O recolh imento deverá ser feito em sacos impermeáveis, identi­ficando-se os mesmos contendo as roupas dos pacientes acima citados, devendo ser encami­nhados à lavanderia, fechados. A manipulação da roupa usada deve ser reduzida ao mínimo e seguida sempre de anti-sepsia das mãos.

Na institu ição B , o manuseio ocorreu em 30% dos procedimentos e constatou-se que apenas um funcionário desprezou a roupa em carrinho próprio, imediatamente após o uso. Os demais, após a uti l ização, continuavam executando os procedimentos nas d iversas enfermarias, per­manecendo com o material contaminado em saco plástico ou envolvido no próprio campo no carrinho de curativo que uti l izava para a execu­ção de outros procedimentos. Ta l prática foijus­tificada por uma funcionária, a legando falta de tempo para o deslocamento até o local de des­carte da roupa e do material , bem como econo­mia de saco plástico para acond icionamento.

A uti l ização de sacos plásticos é necessária ao acondicionamento de roupas, principalmen­te quando a planta física não atende a requ isi­tos mín imos de assepsia para o desempenho dos profissionais.

A exposição a riscos constantes, pelo pes­soal de enfermagem não qual ificado a agentes patogên icos veiculados pela roupa, é "corriquei­ra " . Essa situação é preocupante em face do surg imento advento de novas cepas de bactéri­as e vírus altamente patogên icos e multirresis-

. tentes.

8. CONCLUSÃO

O presente estudo perm it i u observar a existência e a uti l ização das med idas de b i ­osseg urança pelo pessoa l de enfermagem, em duas i nstitu ições de saúde de Be lo Hori­zonte .

R . Bras. Enferm. Brasí l ia , v . 4 8 , n . 3 , p . 272-285, ju l . lago./set. 1 995 283

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Pode-se afirmar que os profissionais de en­fermagem, nas d iversas categorias, conhecem as medidas de biossegurança, entretanto não as empregam adequadamente, embora ocorra priorização do uso de materia l descartável nas duas instituições observadas.

A observãncia às normas governamentais não é total , visto que:

- a lavagem das mãos apresentou dados pre­ocupantes, pois na instituição A 37,5% dos fun­cionários não lavaram as mãos antes da execu­ção dos procedimentos e na instituição B 80% não o fizeram.

Ap6s a execução dos procedimentos, 25% dos funcionários da instituição A não lavaram as mãos e 37,5% uti l izaram apenas álcool , pro­cedimento que, por si s6, não representa medi­da para garantir uma devida assepsia.

Na instituição B 80% dos funcionários não lavaram as mãos após a execução dos procedi­mentos;

- O uso de luvas foi omitido em 75% dos pro­cedimentos observados, e nem mesmo esse uso pelos funcionários em 25% dos procedimentos impediu a autocontaminação durante a execução.

Esses dados deveriam atingir um percentual de util ização de 1 00%, em face da d issemina-

ção da AIDS e de outras doenças infecto-conta­g iosas. Há risco de transmiti-Ias ou adquiri-Ias durante a execuçâõ dos procedimentos de en­fermagem, mesmo utilizando material descartá­vel .

O traba lho permit iu detectar, também, a existência de riscos decorrentes do manuseio inadequado de secreções , excreções, roupas e campos contaminados, bem como da mani­pu lação de material perfu rocortante , l ixo e dejetos resultantes da execução dos proce­d imentos .

A situação observada é preocupante e me­rece ser olhada com rigor pelas chefias de en­fermagem dos estabelecimentos de saúde. Tal conduta objetiva um maior controle da veicu la­ção do HIV e busca de condições seguras de trabalho para os profissionais de enfermagem.

Essa área necessita de investigação mais profunda, visto serem percebidas condutas de risco na visão das pesquisadoras, que alertam os profissionais de enfermagem para os fatores de risco e necessidade da uti l ização das medi­das preconizadas, no seu processo de traba­lho, minimizando o risco de contrair doenças, incluindo a AIDS, em decorrência do exerclcio profissional .

ABSTRACT - The work is a descriptive exploratory study aiming to verify the existence of rules and the use of biosafety means by nursing staff, for the prevention of HIV transmition , during the procedures in medical-surg ical clinicS in two hospitais in the city of Belo Horizonte. Through the observation of these procedures, it has been found the existence of risks derived trom inappropriated handling of contaminated secretion , ex­cretion , cloths and sheets as well as perforative and cutting material waste and garba­ge. I t can be said that the nursing professionals in their various categories, know the biosafety means, but don't use them appropriately . The observed situation is preoccu­pying and deserves to be looked upon with strictness by the supervisor nurses in Health Institutions, aiming a better control of the veiculation of H IV, and seeking safety work conditions for nursing staff. This area needs a deeper investigation once it has been perceived dangerous conducts, in the eyes of the researchers. KEYWORDS: H IV/Biosafety - Occupational Risk - HIV/Nursing Practice

284 R. Bras. Ent.mr. ara.Uie, v. 48, n. 3, p. 272-285, jul .lago.lset. 1 995

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