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A RECEPÇÃO DA NARRATIVA UM GAROTO CHAMADO RORBETO, DE GABRIEL, O PENSADOR
Luzia Marques Queiroz1
Orientadora Ms. Nelci Alves Coelho Silvestre2
Resumo
O presente artigo contém a descrição de uma experiência de um professor PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional 2010/2011) com o ensino de literatura no Ensino Fundamental (5ª série, 6º ano). Partindo dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção, o objetivo deste trabalho consistiu em promover a leitura do texto literário Um garoto chamado Rorbeto, de Gabriel, o Pensador, numa relação dialógica com outras linguagens artísticas como a música, a poesia, o cinema e com problemas da atualidade como o analfabetismo do pai do protagonista e o fato de ele se considerar diferente por possuir um dedo a mais na mão direita. Tal proposta decorre em função do crescente desinteresse dos alunos do Ensino Fundamental quanto à prática da leitura e da necessidade de superar essa realidade. Para tanto, verificou-se que é preciso proporcionar aos leitores mirins textos literários que venham ao encontro de seus anseios, com o intuito de que se mantenham motivados à prática da leitura. O incentivo à leitura por meio de diferentes gêneros textuais teve o propósito de ampliar os horizontes de expectativas dos alunos além de desafiar sua compreensão enquanto leitores.
Palavras-chave: Leitura; literatura; formação do leitor.
1- Introdução
A importância da leitura na formação do cidadão pensante é fato inegável.
Sabemos que a ausência dela pode interferir na apropriação do saber acumulado
pela humanidade, negando, então, a possibilidade de transformação da sociedade.
1 A autora é professora de Língua Portuguesa e Literatura da SEED, grupo PDE 2010, especialista em Didática e Metodologia de Ensino.2 A orientadora é Doutoranda em Letras pela UEL – Londrina - e docente da UEM - Universidade Estadual de Maringá.
2
Por isso, a necessidade de praticá-la na sala de aula, assiduamente, com textos
variados, a fim de que os alunos tenham condições de atuar autonomamente em
seu meio social. Na tentativa de minimizar essa lacuna entre o aluno e o texto, os
alunos da 5ª série/6º ano do Ensino Fundamental, alvo de nossa pesquisa,
receberam incentivo a fim de desenvolver o gosto pela leitura do texto literário. Para
tanto foram desenvolvidas estratégias que procuraram enfatizar a relação do leitor
com o texto literário e a sua realidade.
Nesse sentido, a Estética da Recepção dá embasamento a propostas de
ensino de literatura que colocam o leitor tanto como o ponto de partida,
considerando seus interesses e conhecimentos prévios, quanto de chegada,
levando-o à reflexão acerca da construção de sentidos elaborada a partir do texto.
No ambiente escolar, as contribuições dessa teoria têm sido bastante
relevantes, visto que contemplada nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná
(2008). Nesse documento, a figura do leitor é fundamental no processo da leitura,
pois seu papel deve ir muito além da decodificação e compreensão das informações,
por essa razão, a preocupação do professor mediador diante desse desafio é de
instigar o aluno levando-o a perceber que um texto pode carregar em si muitos
sentidos.
Se a escola é um local privilegiado em que a maioria de nossos alunos tem
acesso à leitura, devemos pensar o ensino de língua e literatura como práticas
pedagógicas voltadas para a formação do sujeito leitor que, numa relação dialógica
com o texto, possa reconhecer vozes sociais presentes no discurso e seja capaz de
produzir sentidos sobre a realidade de forma autônoma.
Desse modo, observamos que nosso papel enquanto professores de Língua
Portuguesa realmente é muito difícil, uma vez que para formarmos o leitor
competente não podemos negar os letramentos que o aluno possui. Trata-se de um
trabalho que deve ser realizado de forma gradativa e conjugando leituras escolares
e mundividência.
Para tanto, é preciso proporcionar aos educandos um universo de leituras
variadas em que eles possam se encontrar, se retratar, construir e reconstruir
sentidos. Mas como fazer isso se as bibliotecas de nossas escolas possuem um
pequeno acervo e se na maioria das vezes não há bibliotecários capacitados?
Uma forma de minimizar este problema seria aumentar o número de obras
com os mesmos títulos para que os docentes pudessem levar para a sala de aula
3
um exemplar para cada aluno. Assim, os alunos seriam capazes de acompanhar a
leitura orientada pelo professor e discutir o texto literário com a turma. Outra
alternativa seria ampliar o acervo e dispor de bibliotecários capacitados, com
formação para atuar nas bibliotecas das escolas públicas.
Por entendermos que o incentivo à leitura do texto literário deve nortear a
prática da leitura que se realiza na escola propusemos um trabalho voltado à
Estética da Recepção, tomando a narrativa como texto primeiro para promover o
gosto pela leitura. Dessa forma, pretendemos que o aluno ao chegar na 5ª série/6º
ano continue desenvolvendo o hábito e o gosto pela leitura de obras infantis
adquirido nas séries iniciais, agora com uma linguagem mais elaborada.
A obra escolhida foi Um garoto chamado Rorbeto, de Gabriel, o Pensador,
narrativa em forma de poesia. A opção pela narrativa baseia-se no fato de que,
desde cedo, a criança entra em contato com histórias reais e/ou imaginárias
dependendo do universo em que vive. A narrativa trabalha uma história na qual as
personagens são caracterizadas em certo tempo e espaço, vivenciando uma
trajetória; em determinado momento se evidencia um conflito que ruma para um
desfecho.
Diante dos fatos mencionados, nosso trabalho foi pautado na Estética da
Recepção. As autoras Bordini e Aguiar (1993) sugerem cinco etapas para o Método
Recepcional, a saber: (1) determinação do horizonte de expectativas, (2)
atendimento do horizonte de expectativas, (3) ruptura do horizonte de expectativas,
(4) questionamento do horizonte de expectativas e (5) ampliação do horizonte de
expectativa. Tais etapas foram observadas no desenvolvimento de nosso trabalho.
2- Desenvolvimento
2.1 Histórico da Literatura Infantil
A literatura é poderosa aliada na construção de um mundo mais crítico, mais
humano, mais igualitário e mais sonhador. Só a literatura é capaz de revelar os
desejos mais secretos do ser humano. Ela atua como organizadora da mente
4
depuradora da sensibilidade, num mundo de valores conturbados, portanto precisa
ser ensinada para o alargamento da visão de mundo dos alunos. De acordo com os
PCNs “O trabalho com a literatura constitui forte influxo capaz de fazer aprimorar o
pensamento trazendo sabor ao saber” (1999, p. 77). O gênero Literatura Infantil
surgiu no final do século XVII e início do século XVIII; manifestou-se primeiramente
na Europa (com as obras de Charles Perrault, Os Irmãos Grimm e Hans Christian
Andersen) veio para o Brasil por volta do século XIX (com os escritos de Monteiro
Lobato). A partir de então, são vários os estudiosos que têm tentado conceituar a
literatura infantil.
Ana Maria Machado (1999) conceitua literatura infantil os livros que são lidos
também por crianças. Para a autora, o adjetivo infantil amplia o substantivo porque
abrange um campo muito maior de leitores. Nelly Novaes Coelho (1991) assegura
que o termo “literatura infantil” lembra livros coloridos, dirigidos ao público infantil
para seu deleite e prazer. Essa afirmação, como esclarece a autora, implica em
considerar a literatura infantil enquanto criação literária, um gênero menor. De fato,
durante longa data, a literatura infantil foi assim considerada.
Conforme cita Regina Zilberman (1988), a literatura infantil surgiu no final do
século XVII e início do século XVIII. Foi somente nesse período que apareceram os
primeiros escritos para as crianças. Até então, não havia a valorização da infância. É
com a nova concepção de família (designado de modelo familiar burguês) que as
crianças recebem o devido valor e passam a ser o centro das atenções. E, assim, a
literatura e a escola ganham incumbência de caminharem juntas com o propósito de
promover o desenvolvimento dessa faixa etária.
A literatura infantil surgiu no século XVII na Europa com o francês Charles
Perrault. O autor recolheu contos e lendas da tradição oral e adaptou-os aplicando
nova roupagem às estórias. No ano de 1697, ele publicou esses contos sob o título
de “Contos da Mamãe Gansa”. Depois dele, outros escritores notáveis também
conquistaram seu espaço tais como os alemães Jacob e Wilhelm Grimm e o
dinamarquês Hans Christian Andersen.
Mas, no Brasil, a produção literária infanto-juvenil só se concretizou por volta
dos anos de 1920 e 1945 com os escritos de Monteiro Lobato, (“A Menina do
narizinho arrebitado” 1920) e de Graciliano Ramos (“A terra dos meninos pelados”
1939).
5
Monteiro Lobato foi o escritor que inovou o gênero infantil, produziu os valores
de comportamentos e incentivou a fantasia. Segundo Zilberman “Lobato tinha a
necessidade de escrever histórias para crianças numa linguagem que as
interessasse” (ZILBERMAN, 1988, p.45).
Na década de 1970, a literatura infantil sofre uma transformação, pelo
aparecimento de autores como Lygia Bojunga, Wander Piroli, Fernanda Lopes de
Almeida, Henry Corrêa de Araújo, etc. Esses escritores passaram a retratar a
criança de forma diferente, pois chegaram à conclusão de que elas eram mais
adultas e espertas do que as de antes.
Já na década de 1980, o aumento na vendagem de livros para crianças
superou as expectativas dos escritores voltados à literatura infantil. Esse boom nas
vendas aconteceu porque o governo entendeu que precisava investir mais na
Educação Básica e que o livro era o melhor instrumento.
Durante muito tempo, a concepção de livros infantis e juvenis esteve
convencionada como algo diretamente ligado à transmissão de conhecimentos e à
didatização da criança e do adolescente. Os livros desenvolvidos para essas faixas
etárias apresentavam conteúdos relacionados à escolarização e a difusão de valores
que os mais velhos julgavam serem necessário para a formação do homem. Muitas
vezes o que se percebia nesses livros era a visão da criança como um adulto em
miniatura que precisava incorporar regras determinadas pelos adultos.
A escola desempenhou e ainda desempenha papel muito importante na
formação do jovem, nos dias atuais, pois a sociedade moderna responsabiliza à
escola a iniciação da infância tanto em seus valores ideológicos, quanto nas
habilidades técnicas e conhecimentos necessários, sobretudo, a produção de bens
culturais. Nesse sentido, surge um tipo de produção didática e literária direcionada
em particular ao público infantil destinada à divulgação de elementos didáticos para
o desenvolvimento do caráter jovem.
Vale lembrar que o contato com a leitura do texto literário proporciona ao
homem um enriquecimento político, social e existencial, contribuindo para sua
emancipação, pois a literatura além de acionar a fantasia do leitor suscita o
posicionamento intelectual. Por intermédio da literatura, o leitor pode refletir sobre
ele mesmo e ter a possibilidade de enriquecer suas experiências, partindo da
oportunidade de compartilhar sua experiência de leitura, compará-la com a de outros
leitores no afã de perceber os diferentes pontos de vista.
6
2.2 Estética da Recepção e Leitura
Para formar leitores ativos, no processo de leitura, que decodifiquem sinais e
façam escolhas, preencham lacunas e se solidarizem com o autor e completem seu
trabalho de criação, é preciso basear-se em uma teoria e seguir uma metodologia.
A Estética da Recepção é uma das correntes que tem oferecido bom
resultado na formação do leitor à literatura, por ampliar o horizonte de expectativa do
leitor por meio da leitura de obras distantes de sua realidade.
Segundo Bordini & Aguiar, a teoria da Estética da Recepção “desenvolve
seus estudos em torno da reflexão sobre as relações entre narrador-texto-leitor. Vê a
obra como um objeto verbal esquemático a ser preenchido pela atividade de leitura,
que se realiza sempre a partir de um horizonte de expectativas” (BORDINI &
AGUIAR, 1993, p.31).
Dessa forma, as autoras, utilizando-se dos pressupostos teóricos da Estética
da Recepção, elaboraram algumas etapas para o ensino de leitura de obras
literárias a partir do Método Recepcional – que se tem revelado eficaz na formação
do leitor. Nesse método, os alunos partem de leituras de obras próximas de seus
horizontes de expectativas para, gradativamente, ampliarem esses horizontes de
expectativas por meio de diferentes tipos de textos literários com níveis estéticos
diferenciados.
É claro em todos os segmentos que a leitura é o caminho para ampliação da
percepção do mundo à nossa volta, a não prática da mesma pode comprometer o
direito à apropriação do saber acumulado pela humanidade, negando, assim a
possibilidade de transformação da sociedade. A necessidade de praticá-la
assiduamente, na sala de aula com todo tipo de texto é essencial para que os alunos
vislumbrem, em seu exercício cotidiano, a capacidade de transformar a sociedade
na qual está inserido.
Nesse sentido, a prática de leitura como capacidade de compreensão,
interpretação, apreciação e posicionamento crítico, ainda é um grande desafio por
parte de nossos alunos. Tal tarefa não cabe somente aos professores de Língua
Portuguesa, mas sim a professores de todas as disciplinas. Na verdade, a escola em
7
si junto com todas as áreas do conhecimento pode promover temas
interdisciplinares para a sua prática.
Antonio Candido define a leitura como sendo uma transposição do real para o
ilusório por meio de modelo formal que propõe um tipo arbitrário de ordem para as
coisas, os seres, os sentimentos, em que veicula a realidade natural ou social numa
atitude de gratuidade (CÂNDIDO, 1967, p. 53). Essa gratuidade vem tanto do
criador, no momento de conceber e executar, quanto do receptor no momento de
sentir e apreciar. O autor diz ainda que isto ocorre em qualquer tipo de arte, primitiva
ou civilizada, quer dizer tanto no indivíduo do meio rural, quanto no do meio urbano.
Quando referimos a ler e compreender, estamos referindo em conhecer. O
melhor autor é aquele que faz seu público avançar na medida em que propõe novas
leituras da realidade. O melhor mediador-professor – é aquele que, gostando da
leitura, sabe explorar um texto propondo atividades de promoção da leitura por meio
de estratégias que atendam aos interesses dos jovens.
As práticas de leitura propostas pela sociedade e pela academia para a
formação de um leitor ativo dão preferência a livros de aspecto cultural, leituras que
não estão no universo da população brasileira. Às vezes, os leitores até gostam de
ler os livros indicados pelos professores, mas tal atividade não chega a se tornar um
hábito. As práticas de leitura podem ser apropriadas a partir de técnicas e recursos
de outras áreas como panfletos das revistas em quadrinhos, da fotografia, placas e
artes plásticas.
Nesse sentido, a leitura é uma experiência profundamente pessoal e resulta
da permanente confrontação entre a narrativa do autor e as histórias de vida do
leitor. O leitor seria, portanto um coautor da obra literária.
De acordo com Zilberman (1989), a literatura compete na formação do leitor,
a leitura como propiciadora de uma experiência única com o texto literário, como
forma de expressão com a ficção que é alimentada pela fantasia do autor elabora
imagens interiores para comunicar com o leitor. Quem lê consegue se posicionar
criticamente, levando o leitor a refletir sobre sua rotina, auxilia a ter mais segurança,
colaborar com a sua autoafirmação a incorporar novas experiências.
ZILBERMAN (1989) cita Roman Ingarden que faz questão de acentuar que o
leitor, bem como o autor, são instâncias exteriores que não interferem na natureza
do texto; o leitor responsável pelo preenchimento dos pontos de indeterminação
próprios ao estrato dos objetos apresentados. Segundo o autor, essa circunstância
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não confere maior relevância ao destinatário, nem restringe a autonomia da obra,
por outro lado sugere que o texto possui uma estrutura de apelo. Por isso, o leitor
converte-se numa peça essencial da obra que só pode ser compreendida enquanto
modalidade de comunicação.
Assim, o trabalho de leitura de narrativas infanto-juvenis por alunos do Ensino
Fundamental deve resultar na ampliação da visão de mundo dos educandos e na
assumpção da categoria de coautores.
2.3 Narrativa
A narrativa é uma manifestação que segue o homem desde sua origem. As
gravações em pedra nos tempos da caverna, por exemplo, são narrações. Os mitos
das histórias das origens (de um povo, de um objeto, de lugares), transmitidos pelos
povos pelas descendências, são narrativas. Toda a narrativa se estrutura por cinco
elementos básicos, sem os quais ela não existe. Sem os acontecimentos não há
história, e quem vive os acontecimentos são as personagens, num determinado
tempo e lugar. As estórias ou histórias sempre reúnem aqueles que as narram e
aqueles que as ouvem, leem ou assistem (GANCHO, 2004). Uma narrativa é
estruturada em cinco elementos principais que são: enredo, personagens, tempo,
espaço e foco narrativo. A seguir vamos ver cada uma delas.
O enredo
Há a existência do enredo também conhecido como trama, intriga ou ação.
Para se entender a organização dos fatos no enredo não basta perceber que toda
história tem inicio, meio e fim; é preciso cada leitor compreender o elemento
estruturador: o conflito. O conflito é qualquer componente da história (personagens,
fatos, ambiente, ideias, emoções) que se contraria ao outro, criando uma tensão que
organiza os fatos da história e cativa a atenção do leitor. O enredo em uma obra
envolve a partir da fluência dos acontecimentos.
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Personagens
A personagem ou o personagem é quem pratica a ação. O personagem é um ser
que pertence à história e que, portanto, só existe como tal se participa realmente do
enredo, isto é, se age ou fala, não deve ser confundido com o autor. Se um
determinado indivíduo é mencionado na história por outros personagens, mas nada
faz direta ou indiretamente, ou não interfere de modo algum no enredo, pode-se não
o considerar personagem. O protagonista é o personagem principal e o antagonista
é o que se contraria ao protagonista, é o vilão da história. Já os personagens
secundários, são menos importantes na história, isto é, que têm pouca participação
no enredo; podem desempenhar papel de ajudantes do protagonista ou do
antagonista.
Tempo
É o nome que se dá ao tempo que transcorre na ordem natural dos fatos no
enredo, isto é do início para o fim. Está, portanto, ligado ao enredo linear (que não
altera a ordem que os fatos aconteceram); denomina-se cronológico porque é
contado em horas, dias, meses, anos, séculos, numa forma sequencial. O nome que
se dá ao tempo que transcorre numa ordem determinada pelo desejo ou pela
imaginação do narrador ou dos personagens. Denomina-se tempo psicológico, está,
portanto, ligado ao enredo não-linear (no qual os acontecimentos estão fora da
ordem natural). Para Cardoso, “no texto narrativo, os eventos passam de um estado
a outro. Esse tipo de texto caracteriza-se por apresentar acontecimentos que se
sucedem no tempo” (Cardoso, 2001, p. 38).
Espaço
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Espaço é, por definição, o lugar onde acontece a ação numa narrativa. O
espaço tem como função principal situar as ações dos personagens e determinar
com eles uma relação, querem influenciando suas atitudes, pensamentos ou
emoções, quer sofrendo eventuais modificações provocadas pelos personagens.
Como os personagens, o espaço pode ser caracterizado mais detalhadamente em
trechos descritivos, ou as referências espaciais podem estar dissolvidas na
narração. Gancho afirma que “O termo espaço, de um modo geral só dá conta do
lugar físico onde ocorrem os fatos da história; para designar um “lugar” psicológico
social, econômico, empregamos o termo ambiente” (GANCHO, 2004, p. 24).
Narrador e foco narrativo
Não existe narrativa sem narrador, porque ele é o elemento estruturador da
história. Dois são os termos mais usados para determinar a função do narrador na
história: foco narrativo e ponto de vista da narração. Tanto um quanto outro se refere
à atitude ou perspectiva do narrador frente aos fatos narrados. Segundo Cardoso há
narrativas em primeira pessoa e narrativas em terceira pessoa. Tal característica da
narrativa é consequência das funções de seu narrador dentro da mesma. Nas
palavras de Barthes na obra “A aventura semiológica” (2001, p. 137). o narrador
observador é o tipo mais corriqueiro identificado nas narrativas dos mais diversos
meios. É especialmente comum nas narrativas visuais.
O método recepcional em ação
De acordo com o método recepcional, algumas etapas devem ser seguidas a
fim de privilegiar o leitor no processo de ensino. Seguindo os passos sugeridos
por Vera Teixeira de Aguiar e Maria da Glória Bordini, priorizamos os interesses
dos alunos.
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A- Determinação do horizonte de expectativas do aluno quanto às preferências de
leitura.
A primeira atividade foi realizada por intermédio de um questionário, com o
propósito de averiguar se os aprendizes têm hábitos de leitura e quais são suas
preferências temáticas. Os resultados dessa sondagem serviram de base para o
encaminhamento das próximas estratégias, incluindo a seleção de material para o
desenvolvimento da próxima etapa.
B - Atendimento do horizonte de expectativas.
Aqui propusemos um trabalho com diversos gêneros textuais em torno da
temática proposta pelo projeto de intervenção: origem e significado do nome, vídeo
sobre o analfabetismo, poema Identidade, confecção da carteira de identidade,
certidão de nascimento, árvore genealógica, canção “Você é especial”, o poema
“Quem eu sou? de Pedro Bandeira, texto que aborda questões sobre conhecer a si
mesmo, de saber quem você é. Sugerimos também técnicas atrativas como leitura
oral, em grupo, coleta de impressões, conversação sobre a estrutura do poema:
versos, estrofes e rima. Enfim, atividades que propiciam a participação e a interação
entre os alunos e professor.
C – Ruptura do horizonte de expectativas
Nesse momento, introduzimos textos e atividades que se assemelham à
temática, mas que possuem outros recursos composicionais.
Nessa etapa, realizamos a leitura do livro “Um garoto chamado Rorbeto”, de
Gabriel, O pensador. Durante a leitura, os alunos observaram a caracterização de
12
seus personagens, quem são, o que fazem, as relações que estabelecem uns com
os outros na obra, perceberam também que é uma narrativa em forma de poesia.
D – Questionamento do horizonte de expectativas
Essa etapa decorreu da comparação entre as duas anteriores. Foi um
momento de reflexão em que os alunos analisaram seus conhecimentos escolares e
vivências pessoais que facilitaram o entendimento do texto e abriram possibilidades
para enfrentar os problemas encontrados.
Aqui analisamos, comparativamente, os gêneros textuais estudados para que
os alunos observassem quais exigiram mais reflexão.
E – Ampliação do horizonte de expectativas
Após a realização de todos os passos anteriores, os alunos perceberam que
as leituras realizadas não foram apenas uma tarefa escolar, mas que se refere à
experiência de mundo de cada um.
Ao comparar seu horizonte de expectativa inicial com os interesses atuais, os
alunos perceberam que suas experiências foram ampliadas.
Então, após a seleção da turma da 5ª série/6º ano da Escola Estadual
Princesa Izabel - Ensino Fundamental, implementamos as atividades propostas na
Produção Didático-Pedagógica, denominado “Sequência Didática - A recepção da
narrativa Um garoto chamado Rorbeto, de Gabriel, O Pensador”.
Vale evidenciar que a implementação do projeto PDE/2010 correspondeu ao
terceiro período do programa e ocorreu no segundo semestre de 2011, em que se
iniciaram as atividades da produção didático-pedagógica, tendo como referência o
método recepcional.
De início, houve a exposição oral sobre a realização do projeto para os
alunos. Como a primeira etapa consistia em investigar o que os alunos sabiam em
13
relação à leitura, um questionário foi entregue para que fosse possível uma
sondagem sobre os hábitos de leitura e preferências temáticas.
Estas questões foram respondidas por 35 alunos dos 37 matriculados na série
trabalhada. Pela pesquisa, constatou-se que a maioria dos alunos considera a leitura
muito importante, pois adquire conhecimento, melhora a comunicação e o
vocabulário, possibilita viajar na imaginação para outro mundo.
Tabela 1 – Influência na leitura
Influência Nº de alunos PorcentagemProfessores 24 68,57% Amigos 08 22,85%Pais 03 8,57%
Fonte: alunos da 5ª C, matutino, ano letivo 2011.
Quanto à influência sobre os hábitos de leitura, destacam-se, em primeiro
lugar, os professores; em seguida, os amigos e, por último, os pais. As temáticas
preferidas são variadas, as mais citadas foram: religião, humor, aventura, terror e
lazer.
Tabela 2 - Gênero literário preferido
Gênero Nº de alunos Porcentagem Literatura infantil 25 71,42% outros 10 28,57%
Fonte: Alunos da 5ª C, matutino ano letivo 2011
Os gêneros preferidos variaram e um dado que nos chamou a atenção é que
a narrativa foi o gênero mais citado, seguidas as histórias em quadrinhos, textos da
internet, poesias, humor e lazer.
Tabela 3 – Incentivo dos pais à prática leitora
Incentivo dos pais Nº de alunos Porcentagem Sim 14 40% Não 21 60%
Fonte: Alunos da 5ª C, matutino, ano letivo 2011.
Um dado importante, representado na Tabela 3 e citado pela maioria dos
alunos, é que os pais não exigem que leiam os livros cobrados pela escola. De todos
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que responderam a pesquisa, 14 citaram os seguintes livros: “Harry Potter e a
câmara secreta”, “Alice no país da poesia”, “Cinco semanas em um balão”, “Viagem
ao redor da lua”, “Viagem ao centro da terra”, “A volta ao mundo em oitenta dias”, “O
frio pode ser quente”, “O aniversário de Asterix e Obelix”, “Asterix e Cleópatra”,
“Asterix e a volta às aulas”, “Maluquinho por arte”, “Maluquinho por futebol”, “MSP:
Maurício de Souza por 50 artistas” e o “Diário da Julieta”. Dentre estes alunos que
estavam lendo apenas quatro eram meninos.
Após a aplicação do questionário, um círculo foi feito para que os alunos
pudessem partilhar suas experiências com a leitura. Como já constatado nas tabelas
acima, alguns alunos relataram que leem por incentivo da professora, outros pela
apreciação crítica de um colega. Poucos atestaram que leem por incentivo da
família.
A fim de preparar a turma para a temática proposta, a segunda atividade foi
sobre os nomes, foi exibida uma reportagem na TV pendrive sobre pessoas com
nomes diferentes, raros. Logo após houve uma discussão sobre os nomes ouvidos
na reportagem. Os alunos contaram que conhecem pessoas próximas e membros
da família com nomes diferentes. Foi interessante a participação e envolvimento de
todos. Para finalizar essa etapa, foi feita a leitura do texto “Um nome completo” de
Tatiana Belink. Foram desenvolvidas atividades de compreensão, interpretação e
correção das questões propostas tais como: Qual é o nome do personagem
principal? Por que ele não gostava de seu nome? Como foi a infância desse
personagem? O que ele resolveu fazer? Você conhece alguém que possui nome
diferente, raro? Comente. Os alunos teceram comentários sobre os nomes
diferentes que eles haviam escrito no caderno.
Com a finalidade de enfatizar a importância da leitura e de preparar a turma
para a leitura da narrativa, foi lido o poema “Identidade”, de Pedro Bandeira. Trata-
se de um poema que apresenta um autorretrato de uma pessoa. A leitura foi feita em
forma de jogral, em que cada grupo lia uma estrofe do poema. Depois cada aluno
escolheu uma estrofe para fazer a leitura. Em seguida, os alunos responderam
algumas questões sobre o modo de ser de cada pessoa, além do significado de
algumas palavras desconhecidas do poema.
Na próxima etapa do trabalho foi envolvida a certidão de nascimento dos
educandos. Cada aluno tinha em mãos a fotocópia da certidão de nascimento para a
realização da atividade. A atividade consistia em uma pesquisa sobre os dados dos
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discentes. Vale ressaltar que em determinado momento da realização da atividade,
foi lembrado que nem todas as crianças trazem registrados os nomes do pai e da
mãe na certidão de nascimento. Assim, os alunos registraram nome do cartório,
nome completo, data e local de nascimento, nomes dos pais, avós maternos e
paternos, dia/mês/ano e hora em que nasceu. Alguns alunos comentaram que não
conheciam os avós. Apesar do fato de que as famílias de hoje não possuem o
mesmo perfil das famílias tradicionais, a proposta atingiu seus objetivos, pois houve
envolvimento da sala, a descoberta de que nunca tinham prestado atenção nos
dados contidos na certidão e da ausência dos avós na vida de alguns dos alunos.
Foi solicitado aos alunos que perguntassem a seus pais, avós, tios, ou
alguém da família a origem do seu nome. Na aula seguinte, um círculo foi feito para
cada aluno relatar o que sabia sobre seu nome. Em seguida, foi comentado que a
palavra identidade também pode significar um documento que registra informações
sobre uma pessoa. Nesse momento, foi necessária a apresentação da carteira de
identidade, em que aparece a fotografia, a assinatura, a impressão digital, estado,
data da expedição entre outros dados. Os alunos confeccionaram sua carteira de
identidade com base nos dados apresentados na certidão de nascimento. Todos se
mostraram bastante empolgados com a confecção de sua carteira de identidade e
em especial com a impressão digital.
Foram lidos os nomes e seus respectivos significados pela professora e
compartilhada com os aprendizes. A origem dos nomes foi alvo de vários
questionamentos. Após a discussão, foi proposto um acróstico com o nome do aluno
e de alguém da família. A participação foi bastante positiva, pois no momento de ler
o acróstico, os aprendizes sempre colocavam características positivas para os
nomes.
Ainda com relação aos nomes, houve a proposta da árvore genealógica.
Como já foi dito anteriormente, muitos participantes desconheciam os avós e
bisavós, portanto a árvore ficou com algumas lacunas.
Para finalizar esta etapa foi passado o vídeo sobre o analfabetismo no Brasil
que trata de pessoas que não tiveram oportunidade de estudar. Tais pessoas
enfrentam diversas dificuldades no dia a dia, pois não são capazes de ler placas nas
ruas, entender os preços expostos nos mercados, não ser capaz de assinar o nome,
entre outras. Após o vídeo, a discussão girou em torno da questão: Vocês conhecem
alguém que não frequentou a escola? Por quê? Quais dificuldades essa pessoa tem
16
enfrentado? Na sua família tem alguém que não sabe ler e escrever? Você pode
comentar como é o mundo de uma pessoa analfabeta?
Após a realização das pesquisas e dos debates em torno das temáticas
sugeridas, a professora apresentou aos alunos textos literários que atenderam a
seus interesses. Os textos selecionados para esta fase foram o poema “Quem sou
eu” de Pedro Bandeira e a música “Você é especial” de Aline Barros e alguns textos
que abordam questões sobre diferenças sociais e bullying.
Realizada a leitura do poema, os alunos responderam algumas questões
sobre a temática, estrutura composicional e a linguagem empregada em cada
gênero. Houve a produção do texto descritivo “Como eu sou”. Após a produção,
cada aluno leu seu texto falando de si mesmo, nome, cor dos olhos, altura, onde
mora, o que faz quando não está na escola, suas características psicológicas, sua
maneira de ser entre outros. Pelo número de alunos em sala e pelo número de aulas
para desenvolver a sequência, foi escolhido apenas um texto para re-estruturação.
Já na canção “Você é especial”, foi feita a leitura da letra da música, depois a
audição na TV pendrive, para depois solicitar o acompanhamento da canção pelos
alunos. Essa letra possibilitou uma reflexão sobre autoestima, gostar de si mesmo e
de se aceitar. A letra da música fala sobre o apelido, por isso a professora comentou
a importância de chamar as pessoas pelo nome. Os alunos comentaram quais
apelidos ouvem falar em casa pelos familiares. Neste momento, foi sugerida a
produção textual “O meu nome”, em que os aprendizes deveriam escrever tudo o
que sabiam sobre a origem dos nomes deles. Após a correção e re-estruturação, o
texto passou a fazer parte do mural da classe.
Para finalizar esta etapa do módulo, foi feita a dramatização do texto literário
“O problema da centopeia Zilá”. Trata-se de uma narrativa que conta a história de
uma centopeia que tinha uma deficiência em uma das de suas patinhas e isto lhe
causava muito constrangimento perante seus amigos. Um dia, ela descobre que
pode usar um sapatinho especial na patinha, compra-o e depois recebe um convite
para sair com o caracol, que é vendedor da loja. Ela usa o sapatinho que comprou e
supera sua diferença. A leitura foi feita com o auxílio da TV pendrive. Depois houve
a impressão de cada página, o que possibilitou a leitura da página em questão, a
ilustração e a dramatização. Seria interessante que a dramatização fosse feita para
outras turmas também, mas o tempo não foi suficiente.
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O módulo 3 propiciou a leitura do livro Um garoto chamado Rorberto, de
Gabriel, o Pensador. A temática já foi discutida por intermédio de diversos gêneros
textuais, nas etapas anteriores, agora será aprofundada. O primeiro passo foi leitura
silenciosa do texto em questão. Posteriormente, foi feita uma leitura coletiva na
quadra da escola. Neste momento, os alunos registraram as páginas que tratavam
do analfabetismo; destacaram o nome do personagem principal e discutiram o texto.
Após a leitura foram socializadas as impressões diante das situações narradas.
Logo após a leitura, os alunos foram organizados em grupo de quatro
pessoas, para reler e identificar os trechos que eles mais gostaram no livro, bem
como elaborar a ilustração da parte que mais chamou sua atenção. Todos os
desenhos foram colocados no mural. Várias ilustrações apresentavam a parte em
que Rorbeto vence a diferença e sai para jogar bola com os colegas.
Na quarta etapa do projeto ocorreu a comparação entre as duas anteriores.
Foi um momento de reflexão em que os alunos, a partir das atividades realizadas,
relataram quais gêneros textuais estudados exigiram mais reflexão. A maioria dos
alunos gostou do gênero musical, mas também mostrou interesse pela narrativa.
Então, para fechar a discussão proposta no livro de Gabriel, foi trabalhada a
música “Nomes de gente”. Os educandos leram a canção, ouviram e analisaram o
texto.
Finalmente, foi possível chegar à quinta etapa do projeto que contemplou a
realização de todos os passos anteriores. Foi proposto o filme “Mãos Talentosas” do
diretor Thomas Carter, roteiro de John Pielmeier. O enredo revela a história de um
garoto que não tinha muita chance na vida. Cresceu em um lar desfeito em meio à
pobreza e ao preconceito, suas notas eram baixas e seu temperamento inflamado.
Sua mãe nunca perdeu a fé no filho e insistiu para que ele seguisse as
oportunidades que ela nunca teve, por isso o ajudou a expandir a imaginação, a
inteligência e a crença em si mesmo. Como resultado, o menino se transformou em
um “Neurocirurgião Pediátrico”. Já no livro de Gabriel, o preconceito de Rorbeto em
relação à sua mão, o medo dos amigos descobrirem, apresenta certa semelhança
com o filme, pois o garoto também teve que superar suas dificuldades, seus traumas
e acabou descobrindo que sua letra era a mais linda da sala e todos o chamaram
Rorbeto da mão de ouro.
Como atividade referente ao filme, foi solicitado aos alunos que comentassem
oralmente os trechos que discutiam as seguintes temáticas: Alfabetização de
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adultos; bullying na sala de aula, incentivo à leitura; escolha da profissão, entre
outros.
Como análise dos resultados, os alunos fizeram a dramatização; um aluno
falou sobre o Projeto PDE, outro foi o narrador que fazia o comentário sobre o livro
lido pela turma. A apresentação aconteceu em duas turmas de 5ª série. Foi feita
uma dramatização, sem cenário, nem figurino, mas houve participação da maioria
dos alunos do grupo. Foi bem marcante essa apresentação visto que alguns alunos
da outra turma foram buscar o livro na biblioteca para ler em virtude da
apresentação.
Considerações Finais
Considerando que o objetivo da leitura e da literatura é criar condições para
que o educando se torne um cidadão pensante e transformador perante a
sociedade, foi gratificante o trabalho com alunos da 5ª série/6º ano. A Estética da
Recepção é uma teoria que nos auxilia em nossas aulas de leitura, pois partimos do
pressuposto de que os alunos sabem, ou seja, eles não são uma tábula rasa,
observamos os horizontes de expectativas e vamos aprofundar nas leituras com as
mesmas temáticas.
Surpreendentemente, os aprendizes começam a ler, porque uma temática
puxa a outra e enreda os leitores mirins a continuar. Os estudantes com hábitos de
leitura e frequência na biblioteca da escola motivaram os colegas de sala a fazer
como eles: trocar os livros.
Houve dificuldade de acesso à obra, pois ela estava esgotada nas livrarias, e
na biblioteca da escola havia apenas cinco exemplares. Sendo assim, foi preciso
digitalizar o livro e passar no datashow, a fim de que os alunos acompanhassem a
leitura. Além disso, o texto literário contido no livro foi digitado, impresso e entregue
uma cópia para cada aluno para que pudessem fazer uma leitura em casa, pois os
mesmos queriam participar da dramatização da obra, e a leitura do texto em casa,
facilitaria a memorização da fala.
Fica evidente que uma parte do sucesso obtido nas aulas de leitura está na
mão do professor, na escolha de um método a ser utilizado, na preparação de
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material e na execução das aulas. É essencial que estejamos preparados para
nossas aulas, o que por certo levará às respostas positivas de nossos alunos.
Percebemos que as atividades com textos curtos tais como poemas, letras de
música, entre outros fez com que todos lessem na íntegra todos os textos
trabalhados.
Vale ressaltar que durante a aplicação do projeto todas as atividades
propostas na sequencia didática foram bem direcionadas ao público-alvo,
motivando-os à leitura, às atividades escritas, às compreensões e interpretações. O
problema da diferença suscitado no livro e em outros gêneros textuais resgatou a
autoestima de alguns de nossos alunos e valorizou o que eles apresentavam de
diferente.
Quanto ao método utilizado na aplicação do projeto, observamos que foi de
grande valia, pois havia um grande número de atividades que partia do horizonte de
expectativas dos alunos e se estendia até a ampliação desses horizontes. Esse
crescimento intelectual dos alunos e da professora PDE só foi possível mediante o
afastamento, pois o professor precisa de tempo para a formação continuada, para a
leitura de diferentes obras e para a junção de teoria e prática.
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leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
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