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    A reconquista crist e a formao do Reino de Portugal

    Sumrio: Ocupao muulmana e reconquista crist. Do Condado Portucalense formao do

    Reino de Portugal. Formas de relacionamento entre os dois mundos - cristo e muulmano.

    Como vimos na aula anterior, a invaso da Pennsula Ibrica, pelas tropas muulmanas

    comandadas por Tarique, deu-se em 711. O primeiro confronto, vitorioso para os

    muulmanos, aconteceu na Batalha de Guadalete, nesse mesmo ano. A progresso dos

    muulmanos por terras peninsulares foi muito rpida, aproveitando divises entre os

    visigodos. A esmagadora maioria dos habitantes no ofereceu grande resistncia e em cerca

    de trs anos a pennsula ficou praticamente nas mos dos ocupantes com exceo da regio

    muito montanhosa das Astrias, no norte, regio onde se refugiou um grupo de cristos

    visigodos que no se resignaram e no aceitaram a ocupao muulmana e que, comandados

    por Pelgio, um nobre visigodo que foi o primeiro rei do primeiro reino cristo, o Reino das

    Astrias, iniciaram, a partir da, a resistncia e a luta contra os invasores em 718. Em 722 deu-

    se a Batalha de Covadonga, ganha pelos exrcitos cristos e assim teve incio um perodo da

    histria peninsular conhecido por Reconquista Crist, que foi muito lenta e feita de avanos e

    recuos. Outros ncleos de resistncia formaram-se nos Pirenus e na Catalunha.

    Entretanto a reconquista prossegue e os reis cristos recebem, frequentemente, a ajuda de

    nobres estrangeiros que vinham ajudar na luta contra o inimigo. Ao tempo de D. Afonso VI, rei

    de Leo e Castela, vieram dois nobres originrios da Borgonha, atual Frana, que se

    destacaram na luta contra os muulmanos e que o rei recompensou pelo auxlio prestado

    dando a um, D. Raimundo, a filha legtima, D. Urraca, em casamento e o governo da Galiza e a

    D. Henrique a mo de sua filha bastarda, D. Teresa, e o governo do Condado Portucalense com

    a possibilidade de reconquistar e anexar ao condado mais terras que reconquistasse para sul,

    poltica seguida pelo Conde D. Henrique que procurou aumentar o seu poder e a sua

    autonomia mas sem se libertar por completo dos laos de vassalagem devidos ao rei de Leo e

    Castela. Aps a morte de D. Afonso VI ficou regente D. Urraca at o seu filho, o futuro rei D.

    Afonso VII, ter idade para assegurar a governao.

    morte de D. Henrique, quem assegurou a governao foi D. Teresa uma vez que D. Afonso

    Henriques era ainda muito pequeno. D. Teresa, tia de D. Afonso VII de Leo e Castela, e

    influenciada pela nobreza galega, nomeadamente uma famlia muito poderosa, os Peres de

    Trava, enceta uma poltca que no visa minimamente a independncia do condado. Mas parte

    da nobreza portuguesa e o prprio D. Afonso Henriques aspiram libertao e independncia

    do reino e estas duas faes, com interesses antagnicos, confrontam-se na Batalha de S.

    Mamede, em 1128, saindo vitoriosas as tropas leais a D. Afonso Henriques, que, a partir desta

    data, passou a governar o Condado Portucalense. Segue-se um perodo de relacionamento

    difcil e em 1137 assinada a Paz de Tui em que D. Afonso Henriques se compromete a manter

    "fidelidade e segurana" ao seu primo, D. Afonso VII. Em 1138 deu-se a Batalha de Ourique em

    que as tropas comandadas por D. Afonso Henriques saem vitoriosas. Foi uma vitoriaimportantssima para o aumento do poder e do prestgio de D. Afonso Henriques que, no ano

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    seguinte, 1140, se vai intitular Rex Portugallensis", ou seja, Rei de Portugal, independncia s

    reconhecida por D. Afonso VII, em 1143, pelo Tratado de Zamora, e s em 1179, pelo papa

    Alexandre III, atravs da Bula Manifestis Probatum.

    Entretanto a reconquista prosseguia para sul e, em 1147, D. Afonso Henriques, O

    Conquistador,

    recupera duas importantssimas cidades - Santarm e Lisboa. E continua para sul, ajudado

    tambm pelas ordens religiosas militares dos Templrios, Hospitalrios e de Santiago, muito

    embora as reconquistas feitas no Alentejo tenham sido posteriormente recuperadas pelos

    muulmanos. Nos ltimos anos do seu reinado, incentivou a efetiva ocupao de terras,

    promoveu o municipalismo e concedeu forais para atrair populaes s terras despovoadas.

    Aps a morte de D. Afonso Henriques, em 1185, a reconquista prosseguiu com D. Sancho I, D.

    Afonso II, D. Sancho II e D. Afonso III e foi com este rei que a reconquista acabou em territrio

    portugus, com a conquista de Silves e Faro, em 1249.

    Em 1297 assinado o Tratado de Alcanises, tratado que regula a fronteira entre Portugal e

    Castela e Portugal ganha, basicamente, os contornos fronteirios que ainda hoje mantm.

    A reconquista crist s termina em 1492 do lado castelhano, com a reconquista do Reino de

    Granada.

    A convivncia entre muulmanos e cristos nem sempre foi violenta e pautou-se por longos

    perodos de relacionamento pacfico entre as duas comunidades, uma rural e senhorial e outra

    urbana e comercial. Aos cristos, que permaneceram em terras ocupadas pelos muulmanos,

    chamamos morabes, enquanto os cristos que se convertem ao islamismo so os muladis.Os mouros so os muulmanos que permaneceram em terras recm ocupadas pelos cristos e

    que continuaram a professar o islamismo.

    Os cristos beneficiaram enormemente do avano e sofisticao da civilizao rabe. A eles

    lhes devemos a numerao que usamos na atualidade, a chamada numerao rabe, muitas

    palavras de origem rabe, a introduo de novas tcnicas de aproveitamento de gua e de

    rega, novas plantas, nomeadamente os citrinos, o desenvolvimento da qumica, medicina,

    geografia, cincia nutica, astronomia, to importantes para a poca dos descobrimentos

    O desenvolvimento econmico nos sculos XII e XIII e o fortalecimento do poder real

    Sumrio: O desenvolvimento econmico nos sculos XII e XIII e o fortalecimento do poder real.

    A partir do sculo XI acabaram as invases no continente europeu e a insegurana e a violncia

    recuaram. Tambm se verificou neste perodo uma melhoria climtica generalizada, com

    consequncias positivas no aumento das produes agrcolas em quantidade e qualidade, a

    populao europeia aumentou quase para o dobro, de 42 para 73 milhes de habitantes e

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    Portugal no escapou a esta tendncia pois passmos de 400 mil para cerca de 1 milho de

    habitantes.

    Foi ento necessrio arrotear novas terras e prepar-las para o cultivo e um pouco por toda a

    Europa desbravaram-se florestas e matas, drenaram-se pntanos, estendendo a terra

    produtiva para fazer face ao aumento populacional. O aumento da produo agrcola ficoutambm a dever-se a um cada vez mais generalizado uso de ferro nas alfaias agrcolas o que

    torna o trabalho da terra mais eficaz, substituio progressiva do afolhamento bienal pelo

    afolhamento trienal o que aumenta a quantidade de terra cultivada, ao aumento das cabeas

    de gado e, consequentemente ao aumento da quantidade de estrumes disponveis, ao uso da

    ferradura, do jugo nos bois e da coelheira nos cavalos o que faz com que o trabalho animal

    seja mais rentvel, seja ele traduzido em trabalho de auxlio ao campons na agricultura, seja

    ele nos transportes de mercadorias excedentrias que necessrio transportar para

    comercializar.

    O comrcio reanima-se um pouco por todo o lado e faz-se por terra, voltam a construir-seestradas e pontes, mas, essencialmente, faz-se usando as vias fluviais, rios, e martimas por ser

    mais econmico e seguro. Surge a vela latina, o leme popa, os rabes introduzem a bssola,

    o astrolbio, surgem as cartas-portulanos que no so mais do que os mapas da poca com

    informaes preciosas para os navegadores. Fazem-se obras de melhoramento dos portos, nos

    molhes e nos cais.

    As cidades desenvolvem-se, surgem burgos novos, ou seja cidades novas, os antigos ncleos

    medievais extravasam para o exterior das muralhas. Surgem os burgueses, gente do povo

    muito dinmica que vais enriquecer devido ao comrcio. Graas a esta reanimao do

    comrcio devido ao aumento de produes e ao surgimento de excedentes, surgem osmercados e as feiras. As feiras eram institudas pelos monarcas atravs das chamadas Cartas

    de Feira onde estavam estipuladas as condies ou regras de funcionamento da referida feira

    criada.

    A economia voltou a ser monetria pois a moeda voltou a circular, surgiram os embries dos

    bancos atuais e as letras de cmbio.

    Os domnios senhoriais em Portugal, coutos se pertenciam ao clero, honras se pertenciam

    nobreza, coexistiram com os concelhos. Os concelhos eram institudos pelo rei atravs de uma

    Carta de Foral que regulava a vida dos seus habitantes e cujas regras procuravam atrairpopulaes para zonas mais perigosas e despovoadas que era necessrio, efetivamente,

    povoar. Tinham autonomia administrativa, eram administrados por Homens-Bons, ricos

    mercadores e proprietrios rurais. Os concelhos escapavam lgica do senhorio ou domnio

    senhorial onde o povo vivia esmagado pelo pagamento de impostos e trabalho.

    D. Afonso Henriques morreu em 1185 e sucedeu-lhe o seu filho D. Sancho I, de cognome O

    Povoador, que prosseguiu a poltica expansionista e povoadora do seu pai. Em 1189

    conquistou Silves com a ajuda dos cruzados da 3 cruzada que se dirigiam para oriente, mas

    viria a perder posteriormente o domnio da cidade.

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    Sucedeu-lhe D. Afonso VII, O Gordo, sem vocao militar mas que mesmo assim prossegue a

    reconquista sendo a sua principal vitria a reconquista de Alccer do Sal. No seu reinado

    fazem-se inquiries e confirmaes no sentido de fortalecer o poder real. D. Sancho II

    sucedeu-lhe em 1223 e vai prosseguir a reconquista e o fortalecimento do poder real. Durante

    o seu reinado e com a ajuda da ordem de Santiago, reconquistou o Alentejo. Sucedeu-lhe o

    seu irmo, D. Afonso III, O Bolonhs, e com este rei que a reconquista acaba em territrio

    portugus, com a conquista de Silves e Faro, em 1249.

    As inquiries, confirmaes e ainda as leis de desarmotizao inserem-se numa lgica de

    fortalecimento do poder real ecom as inquiries o monarca inquire sobre a legitimidade da

    posse de determinados bens.

    As confirmaes visam a confirmao dos bens doados os senhores ou s povoaes e as Leis

    de Desamortizao visam impedir a concentrao de terras na posse do clero.

    At ao sculo XIII existia um organismo, de aconselhamento do rei em matria de governao,chamado Cria Rgia onde somente marcavam presena as duas ordens privilegiadas -Clero e

    Nobreza. Em 1254 rene a Corte, nas Cortes de Leiria, pela primeira vez com a presena das

    trs ordens - clero, nobreza e povo.