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A rejeição da intenção de recurso no pregão eletrônico: o eventual cerceamento ao direito de interposição do recurso administrativo

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Trabalho apresentado e publicado por Felipe Dalenogare Alves, Mariel Moraes de Oliveira e Patrícia Medianeira Mino Ferrari, nos Anais da 26ª Jornada Acadêmica Integrada da Universidade Federal de Santa Maria, 2011. Disponível em: http://portal.ufsm.br/jai/anais/trabalhos/trabalho_1001200764.htm

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Page 1: A rejeição da intenção de recurso no pregão eletrônico: o eventual cerceamento ao direito de interposição do recurso administrativo

Anais 26ª JAI

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A rejeição da intenção de recurso no pregão eletrônico: o eventual cerceamento ao direito de interposição do recurso administrativo

FELIPE DALENOGARE ALVES 1

PATRÍCIA MEDIANEIRA MINO FERRARI 2

MARIEL MORAES DE OLIVEIRA 3

Resumo

Introdução:

O presente trabalho teve por objeto o estudo de aspectos inerentes ao instituto denominado “Intenção de recurso” no pregão eletrônico e verificar sua íntima ligação com direito ao recurso administrativo que é garantido a qualquer licitante. Este instituto surgiu no art. 26 do Decreto 5.450/05 e contrapõe duas posições no âmbito das licitações públicas.

A primeira defende a possibilidade de o pregoeiro rejeitar a intenção de recurso, a fim de dar celeridade ao processo, quando não houver subsídios mínimos de motivação, servindo, apenas como forma protelatória.

A segunda defende que o pregoeiro, ao aceitar ou rejeitar a intenção de recurso, possui competência unicamente para examinar os aspectos formais de da mesma, não havendo guarida para analisar, segundo suas próprias convicções, de forma antecipada, o mérito da intenção, o qual ainda será tratado na peça recursal.

Diante deste contexto, surgiu a problemática pela qual a pesquisa se apresentou, tendo como epicentro a possibilidade ou não de o pregoeiro analisar o mérito da questão controversa no ato de aceitar ou rejeitar a intenção de recurso.

Objetivos:

A presente pesquisa teve por objetivo colaborar cientificamente para a discussão jurídico-administrativa, apresentando um estudo acerca dos aspectos pertinentes a possibilidade ou não do pregoeiro rejeitar a intenção de o licitante recorrer no pregão eletrônico, vindo a constatar se, ao recusá-la, estará cerceando o direito ao recurso administrativo, o qual deve ser garantido a qualquer licitante em todas as modalidades de licitação.

Metodologia:

Para a consecução do objetivo proposto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica utilizando-se a legislação pertinente ao tema, ou seja, a Constituição Federal de 1988, a Lei 10.520 de 2002 e o Decreto 5.450 de 2005, confrontando-a com a interpretação apresentada em artigos publicados nas principais revistas científicas do Brasil e em decisões jurisprudenciais, especialmente, do Tribunal de Contas da União.

Resultados:

O art. 26 do Dec. 5.450/05 dispõe que declarado o vencedor, qualquer licitante poderá, durante a sessão pública, de forma imediata e motivada, em campo próprio do sistema, manifestar sua intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de três dias para apresentar as razões de recurso.

O direito à "manifestação da intenção" de recorrer é inviolável para o licitante e, uma vez atendidos os requisitos formais, deve haver a sua admissibilidade, sem opiniões antecipadas a respeito das matérias de mérito (Lima, 2007).

Esta manifestação deve, necessariamente, ser feita no sistema eletrônico, não sobrando espaço para que ocorra, por exemplo, por meio de fac-símile, telefone, telegrama ou qualquer outro meio de comunicação (Santana, 2007).

O TCU outrora, em algumas decisões, mesmo sabendo da contrariedade da doutrina, reconhecia a competência do pregoeiro para analisar um “mínimo” de plausibilidade, reconhecendo que a finalidade da norma, ao autorizar o pregoeiro a examinar previamente a admissibilidade do recurso, é afastar do certame aquelas manifestações meramente protelatórias, podendo, assim, ir além da ausência do interesse de agir e do atendimento aos requisitos extrínsecos, como a tempestividade, em nome do princípio da eficiência e da celeridade processual. (Acórdão 1440/2007 – Plenário).

Atualmente, a Corte de Contas, diante de reiteradas representações contra intenções rejeitadas, vem apresentando maior prudência no trato deste instituto, determinando aos pregoeiros que, quando procederem ao juízo de admissibilidade das intenções de recurso, busquem verificar tão somente a presença dos pressupostos recursais, ou seja, sucumbência, tempestividade, legitimidade, interesse e motivação, abstendo-se de analisar, de antemão, o mérito do recurso. (Acórdão 339/2010 – Plenário).

Conclusão:

Diante dos resultados encontrados, conclui-se que o pregoeiro, ao realizar o juízo de admissibilidade da intenção de recurso deve ater-se aos aspectos formais atinentes ao recurso administrativo, pois, do contrário, poderá cercear este direito subjetivo da licitante.

Assim, diante dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, a fase recursal no pregão eletrônico não deve ser vislumbrada como um entrave à celeridade do processo licitatório, mas como um meio auxiliar da Administração Pública na busca do julgamento da melhor proposta, não bastando apenas conferir ao licitante o direito recursal, mas, principalmente, concedendo e respeitando os mecanismos efetivos para o exercício do direito ao recurso, tal qual se apresenta a “intenção de recurso”.

26ª Jornada Acadêmica Integrada

http://portal.ufsm.br/jai/anais/trabalhos/trabalho_1001200764.htm

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Referências

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1 apresentador, 2 orientador, 3 co-autor

26ª Jornada Acadêmica Integrada

http://portal.ufsm.br/jai/anais/trabalhos/trabalho_1001200764.htm