114
Antonio José Marmiroli A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR COMO DOENÇA INCAPACITANTE Campinas Universidade Gama Filho Fundação UNIMED 2011

A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

Antonio José Marmiroli

A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO

ROTADOR COMO DOENÇA INCAPACITANTE

Campinas Universidade Gama Filho

Fundação UNIMED 2011

Page 2: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

ANTONIO JOSÉ MARMIROLI

A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO

ROTADOR COMO DOENÇA INCAPACITANTE

Trabalho apresentado ao curso de Pós-Graduação em Perícia Médica, ministrado pela Universidade Gama Filho e Fundação Unimed.

Coordenador: Prof. Dr.José Ricardo de Paula Xavier Vilela

Campinas Universidade Gama Filho

Fundação UNIMED 2011

Page 3: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

RESUMO

Rupturas do manguito rotador são facilmente identificadas após lesões traumáticas. Fratura da cabeça umeral e luxação do ombro devem ser sempre consideradas. Nestes casos, degeneração do manguito rotador ocorre gradualmente, resultando em ruptura incompleta e eventualmente em ruptura completa. Dor no ombro, fraqueza ao movimento de abrir o braço e perda da mobilidade ocorre em vários graus, variando de dor importante e discreta fraqueza à ausência de dor e fraqueza severa. Sinal de queda do braço com incapacidade para manter 90° pode estar presente em grandes ou severas rupturas. O tratamento cirúrgico é indicado nestas situações. O diagnóstico de ruptura do manguito é estabelecido por artrografia que mostra comunicação entre a cavidade gleno-umeral e a bursa subacromial. A ultra-sonografia e a ressonância nuclear magnética também podem identificar rupturas do manguito. Pequenas rupturas, completas ou incompletas, são tratadas conservadoramente com repouso, terapia física e uso de antiinflamatórios não hormonais.

Palavras-chave: manguito rotador, dor no ombro, rupturas, tendinite, articulações, degeneração, impacto.

Page 4: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

ABSTRACT

Ruptures of the rotator cuff are easily identified after traumatic injuries. Humeral head fracture and dislocation of the shoulder should always be considered. In these cases, degeneration of the rotator cuff occurs gradually, resulting in incomplete breakdown and eventually complete rupture. Shoulder pain, weakness of the movement to open the arm and loss of mobility occurs in varying degrees, ranging from slight weakness and severe pain to no pain and severe weakness. Signal drop arm with an inability to maintain 90 ° may be present in large or severe disruptions. Surgical treatment is indicated in these situations. The diagnosis of rupture of the cuff is established by arthrography showing communication between the cavity glenohumeral and subacromial bursa. Ultrasound and MRI can also identify cuff ruptures. Small ruptures, complete or incomplete are treated conservatively with rest, physical therapy and use of NSAIDs.

Keywords: rotator cuff, shoulder pain, fractures, tendonitis, joints, degeneration, impact.

Page 5: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

LISTA DE SIGLAS

AAOS Academia América de Cirurgiões Ortopédicos

AINES Antiinflamatórios não esteroidais (antiinflamatórios não hormonais)

ANMP Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CID Classificação Internacional de Doenças

CBOO Centro Brasileiro e Ortopedia Ocupacional

CFM Conselho Federal de Medicina

CLB Cabeça longa do bíceps

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CTD Cumulative Trauma Disorder,

DC Diretoria Colegiada

DORT Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho

DO Doenças Ocupacionais

DOU Diário Oficial da União

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

ISI Institute for Scientific Information

LER Lesão por esforço repetido

LILACS Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde

LME Lesões Músculo Esqueléticas

LMERT Lesões musculoesqueléticas relacionadas ou ligadas ao trabalho,

geralmente localizam-se no membro superior (LMEMSRT) e na

coluna vertebral

LMELT Lesões musculoesqueléticas relacionadas ou ligadas ao trabalho

LMEMSRT Lesões Musculoesqueléticas do Membro Superior ligadas ao

Trabalho

MEDLINE National Library of Medicine

Page 6: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

MG Minas Gerais

MRI Ressonância nuclear magnética

NRs Normas Regulamentadoras

OMS Organização Mundial da Saúde

OIT Organização Internacional do Trabalho

OS Ordem de Serviço

OVID Base de Dados

PNB Produto Nacional Bruto

RBO Revista Brasileira de Ortopedia

RNM Ressonância Nuclear Magnética

RX Exames de raios- "tirar uma radiografia " ou "bater uma chapa".

SOD Síndrome do Ombro Doloroso

SUS Sistema Único de Saúde

SCIELO Scientific Eletronic Library Online

LISTA DE ABREVIATURAS

art. - artigo

ed. - edição

et al - entre outros

jul. - julho

p. - página

Page 7: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 -Anatomia dos ossos do ombro.......................................................51

FIGURA 2 -Anatomia do ombro esquerdo........................................................53

FIGURA 3 -Músculo do ombro..........................................................................54

FIGURA 4 -Articulação do ombro.....................................................................55

FIGURA 5 -Vista anterior das estruturas articulares do ombro.........................62

FIGURA 6 -Músculos do Manguito Rotador.....................................................63

FIGURA 7 -Grupo muscular do Manguito Rotador...........................................64

FIGURA 8 -Cabeça, pescoço e extremidade superior do Manguito Rotador...65

FIGURA 9 -Músculo do ombro...........................................................................66

FIGURA 10-Complexo do ombro.......................................................................67

FIGURA 11- Ombro doloroso. Diagnóstico diferencial......................................68

FIGURA 12- Síndrome do impacto....................................................................69

FIGURA 13 – Osso da junta do ombro onde a cabeça do úmero se articula...72

FIGURA 14 – RX mostrando esporão subacromial...........................................74

FIGURA 15 – Tendinite do supraespinhoso......................................................76

FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular....................77

FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética evidenciando

rupturado Manguito Rotador.......................................................79

FIGURA 18 – Tenotomia artroscópia do bíceps nas lesões irreparáveis do

Manguito Rotador......................................................................79

FIGURA 19 – Tenotomia artroscópia do bíceps nas lesões irreparáveis do

Manguito Rotador.......................................................................80

FIGURA 20 – Teste de Neer e Jobe..................................................................91

FIGURA 21 – Teste de diagnótico úteis............................................................94

FIGURA 22 – Testes provocativos....................................................................95

Page 8: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

LISTA DE TABELA

TABELA 1 - Instrução Normativa INSS/DC nº. 98 - de 05 de dezembro de 2003

DOU DE 10/12/2003..............................................................................48

Page 9: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................

2 METODOLOGIA DA PESQUISA................................................…........... 2.1 Tema............................................................................................................ 2.2 Delimitação do tema................................................................................... 2.3 Formulação do problema............................................................................ 2.4 Hipótese da pesquisa................................................................................. 2.5 Justificativa e relevância do tema............................................................... 2.6 Objetivos da pesquisa................................................................................. 2.6.1 Objetivo geral......................................................................................... 2.6.2 Objetivos específicos............................................................................. 2.7 Método e técnicas de pesquisa..................................................................

3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 3.1 Linha histórica e conceituação das lesões músculo esqueléticas no contexto do trabalho.................................................................................... 3.2 Lesões por esforços repetitivos e os distúrbios osteomoleculares relacionados ao trabalho – realidade brasileira...........................................

4 ANATOMIA DO COMPLEXO DO OMBRO ..................................................... 4.1 Anatomia local do ombro ............................................................................... 4.1.1 Articulação esterno-clavicular – noções gerais......................................... 4.1.2 Articulação acrômio-clavicular – noções gerais......................................... 4.1.3 Articulação glenoumeral – noções gerais.................................................. 4.2.Manguito rotador – anatomia funcional.......................................................... 4.3 Considerações gerais sobre o ombro doloroso.............................................. 4.4 Síndrome do impacto do ombro......................................................................

5 CONDUTA MÉDICO-PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR. 5.1 Definição das categorias.................................................................................. 5.2 Perícia médica - capacidade/incapacidade laborativa..................................... 5.3 Abordagem médico-pericial da síndrome do manguito rotador....................... 5.4 Testes de Neer e/ou Jobe recomendados pelo INSS...................................... 5.5 Testes de diagnósticos úteis............................................................................

10 16 16 16 16 20 26 26 27 28 32 32 38

50 52 55 57 59 63 67 69 83 83 85 88 90 92

Page 10: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 97

REFERÊNCIAS ...............................................................................................102

Page 11: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

10

1 INTRODUÇÃO

A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável,

relacionada com lesão tecidual real ou potencial, ou descrita como se uma lesão

existisse. A Síndrome do Ombro Doloroso é caracterizada por dor e limitação

funcional decorrente do acometimento de estruturas estáticas e dinâmicas do

ombro, como ligamentos, cápsula e músculos.

A dor no ombro é uma das queixas mais comuns, e incapacitantes do

sistema músculo esquelético na população em geral. Apresenta prevalência

estimada entre 15% a 25% nos pacientes, que procuram clínicas ortopédicas e

de fisioterapia. A causa mais frequente de dor no ombro é a Lesão do Manguito

Rotador, que pode acometer indivíduos em qualquer faixa etária, sendo

potencializada com o envelhecimento e a ocupação laborativa ou recreativa.

Comumente a Síndrome do Ombro Doloroso é tratada de forma

conservadora por meio de medicamentos e fisioterapia, e quando não tratada

leva longos períodos de dor e limitações funcionais. O tratamento conservado

geralmente tem seus resultados avaliados com base na função e intensidade

da dor referida pelo paciente.

Dessa forma, é relevante se caracterizar e quantificar a dor no ombro,

visando melhor orientar o paciente com relação às posturas corretas, dos

membros superiores durante atividades laborativas e cotidianas. Condutas

baseadas na intensidade da dor poderiam prevenir a evolução crônica da SOD.

Entretanto, publicações na literatura que investigam as características clínicas

Page 12: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

11

e demográficas, bem como intensidade da dor em pacientes com SOD, são

muito escassas.

Frente às assertivas anteriormente mencionadas, não se pode negar

que com a constante e crescente evolução do sistema brasileiro de saúde, têm-

se percebido um grande aumento da demanda por profissionais médicos mais

qualificados, principalmente no que diz respeito às atividades relacionadas às

perícias médicas, que têm sido cada vez mais requisitadas, tanto no setor

privado quanto no público.

Todavia, a perícia médica tem evoluído bastante e se mostrado uma

atividade complexa, impondo aos profissionais da área médica,

independentemente de sua especialidade, uma atitude pró-ativa na busca de

conhecimentos e aprimoramentos.

Nesse sentido, é importante ressaltar que a capacitação e a

atualização se mostram pertinentes e, sobretudo, necessárias, tendo em vista

as diversas consequências, diretas e indiretas, da atuação do referido

profissional.

Por outro lado, esse assunto se torna relevante para a área médica

e também para a sociedade contemporânea, em decorrência de que nos

últimos tempos, a medicina permitiu um significativo aumento da expectativa

média de vida.

Além disso, os indivíduos desejam também viver com qualidade de

vida, livres de dores do sistema músculo esquelético, a ponto de permitir a

realização de ampla gama de atividades em geral (LECH; VALENZUELA

NETO; SEVERO, 2000).

Page 13: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

12

Assim, apesar de ser considerado um problema de saúde frequente

que acarreta sérios prejuízos pessoais e econômicos à população, muito pouco

se conhece sobre a epidemiologia da dor crônica no Brasil e no resto do

mundo. Diante disto, fazer estudos que demonstrem o conhecimento, atitude e

prática dos profissionais da saúde permitem uma visão mais ampla do

fenômeno na população, e fornece subsídios para o planejamento de ações

preventivas e organização dos serviços de saúde.

Neste sentido, importante demonstrar que o presente estudo na

medida, que nos dá a oportunidade do aprofundamento do tema escolhido, “A

relevância pericial da Síndrome do Manguito Rotador”, também nos motiva a

analisar as situações complexas do dia-a-dia do médico perito, no desempenho

do exercício de sua função, relacionado a essa doença.

O objetivo geral desta pesquisa é também apresentar uma breve

revisão da literatura sobre a “Síndrome do Impacto do Ombro”, buscando-se

evidências de associação com a área do trabalho. O estudo será norteado pela

experiência profissional do acadêmico, como médico perito dos funcionários

públicos do Estado de São Paulo, em Monte Mor, que evidenciou uma

prevalência desses transtornos nos pacientes que procuram clínicas

ortopédicas e de fisioterapia. Portanto, essa síndrome é uma queixa frequente

por parte de professores, dessa região, resultando num índice expressivo de

afastamentos por dor no ombro.

Por sua vez, esta pesquisa tem como escopo apresentar os

resultados de uma breve revisão da literatura pertinente, direcionada para o

tema “A relevância pericial da Síndrome do Manguito Rotador”. As publicações

Page 14: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

13

foram pesquisadas nos sites do Medline, Ovid, Lilacs, Scielo, ISI e periódicos

Capes, no período de janeiro de 1999 a julho de 2011, com as seguintes

palavras-chave: lesões músculo-esqueléticas, ler/dort, síndrome do impacto,

dor no ombro, manguito rotador, doença incapacitante, perícia e perícia

médica.

Para tanto, foram utilizadas publicações relevantes à área de estudo

em questão, buscando-se autores, bases teóricas e de dados para a

elaboração do estudo. Foram selecionados os artigos de acordo com os

seguintes critérios: estudo epidemiológico publicado em inglês, português ou

espanhol, com informações sobre a carga física ou sobre os fatores

psicossociais do trabalho, explicitação do método de avaliação da exposição,

presença de dor no ombro ou tendinopatia do Manguito Rotador, e até mesmo

fotos auto-explicativas da doença.

Ainda, para melhor compreensão dessa pesquisa, faz-se necessário

observar que o conteúdo será elaborado de forma dedutiva, pois parte-se de

ideias gerais, representadas pela Linha Histórica e Conceituação das Lesões

Músculo-Esqueléticas no Contexto do Trabalho, onde se reforça que desde os

meados do século XVII já eram reconhecidas manifestações clínicas, que

sugeriam o diagnóstico dessa síndrome até a atualidade.

Contudo, buscando-se neste estudo, sua especificidade,

representada ao se analisar a relevância pericial da Síndrome do Manguito

Rotador como doença incapacitante.

Por seu turno, o estudo será fundamentado em pesquisa exploratória

bibliográfica pertinente ao tema, sendo também baseado em material

Page 15: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

14

bibliográfico, internet e documentos como artigos de periódicos que dissertem

sobre o referido assunto.

Feito este aporte introdutório, desenvolve-se na sequência, a revisão

dos itens referente a metodologia da pesquisa utilizada na monografia, que

compõem-se dos seguintes elementos: tema, delimitação do tema, formulação

do problema, hipótese da pesquisa, ,justificativa e relevância do tema,

objetivos: geral e específicos, metodologia e técnica de estudo, revisão de

literatura e referências.

Nesse sentido, importante se observar que no item revisão de literatura

faz-se referência aos trabalhos anteriormente publicados, limtando-se às

contribuições mais importantes diretamente ligadas ao assunto. Nele,

menciona-se o nome dos autores, no texto ou em notas e, obrigatoriamente,

nas referências, proprorcionando assim, a base para a derivação da hipótese e

a explicação de sua fundamentação, quando for o caso.

Destarte, a revisão de literatura tem como finalidade apresentar de

forma sistematizada, um levantamento bibliográfico existente sobre o assunto,

que servirá como sustentação das principais ideias ali desenvolvidas.

Diante disso, inicialmente, traçar-se-á neste item,uma breve síntese

acerca do Contexto Histórico da Lesão Músculo Esquelética, analisando-se o

conceito das lesões músculo esqueléticas , versando-se sobre sua

historicidade, estabelecendo-se que desde a antiguidade, sabe-se que o

trabalho manual prolongado prejudica as mãos e os braços.

Na sequência, aborda-se, o item intitulado “Anatomia do complexo do

ombro”, onde se verifica que nenhuma articulação humana possui movimentos

Page 16: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

15

tão amplos quanto à do ombro. O complexo articular do ombro requer uma

coordenada interação entre, os ossos e os tecidos moles para que se obtenha

uma função normal do membro superior. Ainda neste mesmo capítulo,

desenvolve toda abordagem relacionada ao Manguito Rotador e a Síndrome do

Impacto.

Já no terceiro capítulo, apresenta-se o item denominado, “Conduta

Médico-Pericial da Síndrome do Manguito Rotador”, esclarecendo o conceito

de perícia e perícia médica, para podermos entender todo o contexto abordado

neste item, relacionado à conduta médico-pericial dessa doença, segundo as

determinações do Ministério da Previdência Social e do Instituto Nacional do

Seguro Social, que elaboram as diretrizes de apoio à decisão médico pericial

em ortopedia e traumatologia, Brasília – 2008 estabelecendo os princípios que

deve nortear a atividade do profissional médico.

Por derradeiro, no item conclusão, analisa-se as ideias relevantes

abordadas neste estudo.

Page 17: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

16

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

2.1 Tema

Manguito Rotador

2.2 Delimitação do tema

A relevância pericial da Síndrome do Manguito Rotador como

doença incapacitante.

Observa-se que as Lesões do Manguito Rotador representam um

distúrbio cada vez mais observado na prática clínica. Estas lesões geralmente

estão relacionadas com o impacto das estruturas tendíneas contra o arco

coracoacromial, que podem ser muito incapacitantes para os pacientes

acometidos. Segundo as estatísticas o ombro é a terceira articulação mais

importante em relação às patologias osteomusculares, que causam problemas

de afastamento do trabalho, e de queixas que afetam a qualidade de vida das

pessoas.

2.3 Formulação do problema

Qual a relevância pericial da Síndrome do Manguito Rotador como doença

incapacitante?

2.4 Hipótese da pesquisa

A tendinite do Manguito Rotador pode ser causada pela Síndrome

do Impacto. O Manguito Rotador é formado por um envelope muscular que

envolve a cabeça do úmero. Os músculos que formam o Manguito Rotador

são: o supra espinhal, o infra espinhal, o subescapular e o redondo menor.

Page 18: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

17

Tanto nos pacientes jovens quanto idosos, existem numerosas causas de dor

no ombro. Duas das principais causas ocorrem no estreito espaço entre os

ossos do ombro, a irritação desta área pode levar a uma condição chamada

Síndrome do Impacto, ou lesão dos tendões, conhecido como lesão do

Manguito Rotador. Essas doenças podem ou não coexistir.

Todavia, a Síndrome do Impacto ocorre quando os tendões do

Manguito Rotador e a bursa subacromial são “pinçados”, no estreito espaço

sob o acrômio. Isto faz com que a bursa e os tendões se tornem inflamados e

inchados. Este pinçamento é pior quando o braço acometido é elevado. O

impacto pode se desenvolver com o tempo como resultado de micro traumas,

ou movimentos repetitivos que levam à inflamação da bursa. Determinados

tipos de acrômio podem tornar certos indivíduos mais suscetíveis ao impacto.

Com o envelhecimento e o surgimento de artrose, o acrômio pode desenvolver

um esporão ósseo que estreita ainda mais o espaço subacromial. O impacto

causado pelo esporão subacromial é comum em pacientes adultos e idosos,

que praticam esportes e atividades laborativas que utilizam o braço acima da

cabeça. O esporão também pode ser formado pela calcificação de um dos

ligamentos do arco coracoacromial. O impacto é classificado em três graus:

a)Grau I- processo inflamatório da bursa e tendões.

b)Grau II- espessamento e processo cicatricial da bursa.

c)Grau III- degeneração e lesão do manguito rotador.

Contudo, a Lesão do Manguito Rotador ocorre quando a irritação

persistente da bursa e dos tendões do Manguito Rotador, pode levar a uma

deteriorização e lesão dos tendões do Manguito Rotador. O tendão do músculo

Page 19: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

18

supra espinhal é o mais acometido dentre os tendões do Manguito Rotador.

Este músculo forma o teto do manguito e ocupa o espaço estreito abaixo do

acrômio. Portanto, está mais suscetível ao pinçamento entre os tendões do

Manguito Rotador.

Resumindo, as causas mais frequentes de Lesões do Manguito

Rotador são: a síndrome do impacto, alterações degenerativas e traumatismos

(CHECCHIA & BUDZYN, 1991). Além disso, na região próxima à inserção do

músculo supra espinhoso, existe uma área de hipovascularização (área crítica),

o que torna essa região mais vulnerável à lesão e de reparo precário (WILK et

al, 2000). Se não tratado pode gerar rupturas tendinosas, que levam a uma

incompetência funcional do ombro.

Com relação ainda a questão da tendinite, por exemplo, o excesso

de esforço causa a inflamação do tendão, estrutura que liga o osso ao músculo

e que permite a realização dos movimentos. Entre as principais doenças

causadas pela LER/DORT estão: à tendinite, a Síndrome do Manguito Rotador

(tendinite do ombro), a lombalgia e o dedo em gatilho. Os montadores de

veículos, eletricistas, professores, por exemplo, são atingidos principalmente

pela Síndrome do Manguito Rotador.

Com relação a LER/DORT, essa síndrome é causada por alterações

funcionais, presentes no sistema músculo esquelético, associadas à

movimentos repetitivos e contínuos com consequente sobrecarga”. LER/DORT

afeta principalmente os membros superiores e atinge músculos, nervos e

tendões provocando microtraumas e inflamação.

Page 20: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

19

Por fim, a Síndrome do Manguito Rotador é uma doença que pode

estar relacionada ao trabalho, e que especificamente pode ser enquadrada

como LER/DORT, pois consta da lista de doenças relacionadas ao trabalho do

Ministério da Saúde e do Ministério da Previdência Social.

Neste sentido, se observa que se a doença ocupacional da qual o

trabalhador é portador foi adquirida, ou se desenvolveu em decorrência de

suas atividades na empresa, esta é responsável pelas despesas de tratamento

e também, pelo que o trabalhador perdeu ou deixou de ganhar, como danos

emergentes e lucros cessantes em razão dela.

Por outro lado, caso o trabalhador esteja incapacitado para o

trabalho, total ou parcialmente, a empresa deve indenizá-lo pelo que ele deixou

de ganhar, se trabalhando estivesse. Se estiver tendo despesas com

tratamento, a empresa deve ser responsabilizada.

Se o trabalhador estiver incapacitado para o trabalho, a pessoa pode

conseguir, inclusive, uma indenização por danos morais. Tudo isso, porém, se

a doença foi adquirida ou agravada em razão do trabalho que ele (a) realizava

na empresa, e se esta não tomou todas as medidas, não observou todas as

normas de proteção, a fim de lhe evitar o dano. Cabe então, a esta instituição a

responsabilidade civil, exigindo três requisitos indispensáveis: o dano, o nexo

de causalidade e a culpa, que neste caso se configura pela inobservância das

normas de proteção ao trabalhador. Encontrando resistência por parte da

empresa, a saída é buscar a Justiça do Trabalho.

Page 21: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

20

2.5 Justificativa e relevância do tema

Com a constante e crescente evolução do sistema brasileiro de

saúde, têm-se percebido um grande aumento da demanda por profissionais

médicos mais qualificados, principalmente no que diz respeito às atividades

relacionadas às perícias médicas, que têm sido cada vez mais requisitadas,

tanto no setor privado quanto no público.

A perícia médica tem evoluído bastante e se mostrado uma atividade

complexa, impondo aos profissionais da área médica, independentemente de

sua especialidade, uma atitude pró-ativa na busca de conhecimentos e

aprimoramentos.

Nesse sentido, é importante ressaltar que a capacitação e a

atualização se mostram pertinentes e, sobretudo, necessárias, tendo em vista

as diversas consequências, diretas e indiretas, da atuação do referido

profissional.

Por outro lado, esse assunto se torna relevante para a área médica

e também para a sociedade contemporânea, em decorrência de que nos

últimos tempos, a medicina permitiu um significativo aumento da expectativa

média de vida.

Além disso, os indivíduos desejam também viver com qualidade de

vida, livres de dores do sistema músculo esquelético, a ponto de permitir a

realização de ampla gama de atividades em geral (LECH; VALENZUELA

NETO; SEVERO, 2000).

Assim, apesar de ser considerado um problema de saúde frequente

que acarreta sérios prejuízos pessoais e econômicos à população, muito pouco

Page 22: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

21

se conhece sobre a epidemiologia da dor crônica no Brasil e no resto do

mundo. Diante disto, fazer estudos que demonstrem o conhecimento, atitude e

prática dos profissionais da saúde permitem uma visão mais ampla do

fenômeno na população, e fornece subsídios para o planejamento de ações

preventivas e organização dos serviços de saúde.

Segundo assevera Zorzetto (2003), aproximadamente 60% das

alterações do ombro estão ligadas a lesões do Manguito Rotador. As lesões

degenerativas e traumáticas que afetam o Manguito Rotador estão entre as

mais frequentes causas de dor no ombro, merecendo uma atenção cada vez

maior no diagnóstico e tratamento, sendo considerada hoje uma patologia que

exige equipe multidisciplinar (LECH; VALENZUELA NETO; SEVERO, 2000).

Neste sentido, importante demonstrar que o presente estudo na

medida, que nos dá a oportunidade do aprofundamento do tema escolhido, “A

relevância pericial da Síndrome do Manguito Rotador”, também nos motiva a

analisar as situações complexas do dia-a-dia de um médico perito no

desempenho do exercício de sua função, relacionado a essa doença.

O escopo desta pesquisa é também apresentar uma breve revisão

da literatura sobre a “Síndrome do Impacto do Ombro”, buscando-se evidências

de associação com o trabalho. O estudo será norteado pela experiência

profissional do acadêmico, como médico perito dos funcionários públicos do

Estado de São Paulo, em Monte Mor, que evidenciou uma prevalência desses

transtornos estimada entre 15% a 25% nos pacientes que procuram clínicas

ortopédicas e de fisioterapia. Portanto, essa síndrome é uma queixa frequente

Page 23: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

22

por parte de professores, resultando num índice expressivo de afastamentos

por dor no ombro.

Constata-se, que ela é mais comum após os 40 anos de idade e

está associada a profissionais que utilizam, durante um período longo, o

membro superior acima da linha do ombro, como os trabalhadores de linha de

montagem de veículos, os professores e os eletricistas.

Feitas tais considerações, relevante ainda se verificar que as Lesões

do Manguito Rotador são uma das causas mais frequentes, de dor e

incapacidade funcional do membro superior. Com o nível de atividade

crescente na população atual, lesões que no passado eram prevalentes em

pacientes mais idosos, atualmente são vistas em pacientes mais novos.

Neste sentido, pacientes mais jovens, geralmente, estão envolvidos

em atividades atléticas, com movimentos repetitivos do braço acima da cabeça,

acidentes de alto impacto ou trabalho pesado. Já indivíduos de meia idade,

frequentemente, apresentam tendinopatia resultante de sobrecarga repetitiva.

Nos pacientes mais idosos, o que pode ocorrer é um impacto subacromial

verdadeiro, causando atrito ao Manguito Rotador. A gênese das Lesões do

Manguito Rotador acredita-se hoje ser de origem multifatorial.

Desta feita, observa-se que o ombro pode ser sede de uma

variedade de lesões, a saber: estiramento, inflamação, fibroses, lesão

incompleta ou completa do Manguito Rotador, associada ou não a

degeneração articular. São várias as causas que concorrem para o

desenvolvimento dos distúrbios do ombro, entre as quais: o trauma, a

hipovascularização na inserção do músculo supra-espinhoso e o impacto

Page 24: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

23

subacromial primário. A Síndrome do Manguito Rotador tem sido descrita em

associação com exposições a movimentos repetitivos de braço, elevação e

abdução dos braços acima da altura dos ombros.

Da análise desses estudos realizados até o presente momento,

pode-se afirmar que os distúrbios do ombro são influenciados por fatores

biomecânicos relacionados ao trabalho, como flexão ou abdução dos ombros

por tempo prolongado, vibrações, postura estática ou com carga no membro

superior. Uma relação do tipo dose/resposta entre sobrecarga e doenças do

ombro foi encontrada no ambiente de trabalho. Os resultados dos estudos

evidenciam associação entre os distúrbios do ombro e os fatores psicossociais

como estresse, longas jornadas de trabalho, período de descanso

insatisfatório.

Nesse panorama, importante se faz a avaliação do efeito do trabalho

sobre as lesões do ombro, por um profissional médico que deverá conhecer

substancialmente os seus deveres, obrigações e direitos consignados no

Código de Ética Médica (CFM, 1996), no sentido de executar o seu ofício com

segurança, competência e com isso, seguramente, minimizará o risco de sofrer

processos judiciais na rubrica de responsabilidade tanto cível quanto criminal,

bem como evitará os procedimentos administrativos e éticos.

Portanto, observa-se, que a atividade Médico Pericial é especialmente

particular, pois difere frontalmente da atividade da medicina assistencial, nesta

há necessidade de um estreito vínculo médico-usuário, naquela é o papel de

juiz.

Page 25: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

24

Cabe ao Médico Perito, nesta função, manter um equilíbrio adequado

entre as postulações desejadas e as possibilidades das leis vigentes que exigem

do profissional a permanente atualização do conhecimento das mesmas, como

cumpri-las e assegurar o direito devido ao cidadão, por meio dos diversos dados

dispensáveis ao julgamento. É mister de sua função estar preparado para

reconhecer o direito, concedendo o que deva ser concedido e indeferir as

pretensões ilegítimas, sempre livre de qualquer forma de pressão que por acaso

ocorra no desempenho das suas atividades.

Para tanto, é fundamental a análise dos documentos apresentados

pelo cidadão, segurado ou não, avaliar o conteúdo e evitar oferecer

considerações desabonáveis para com outros colegas de profissão, médicos da

assistência, ou especialistas ou mesmo peritos. A informação das decisões

poderá ser feita, sempre, no momento adequado de caráter unicamente

explicável, mesmo quando desfavoráveis aos interesses do indivíduo.

Dessa forma, o médico perito deve ter competência técnica e

científica. Esse profissional deve ter os conhecimentos necessários das leis,

normas, portarias, ao desempenho das suas funções como também de plenos

conhecimentos de profissiografia. A associação da(s) patologia(s) à atividade do

indivíduo, sua idade e fatores diversos, todos devem ser avaliados para a

decisão da capacidade laborativa do cidadão, uma das suas fundamentais

funções. O perito, por meio das interfaces com que lida, busca informações para

a montagem de suas representações que subsidiarão a tomada de decisão.

Desde contextos sociais diversos, assim como a situação econômica, SUS,

Page 26: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

25

empresas e seus médicos do trabalho, processos produtivos, doenças que não

são pertinentes à sua especialidade e outras mais.

Deve agir com imparcialidade, isenção e independência; ter

urbanidade e discrição; ter disciplina operacional, respeitando com rigor os

prazos previamente estipulados e as formalidades pertencentes ao rol da

profissão; ter senso de justiça. “O perito médico deve ser justo para não negar o

que é legítimo e nem conceder, graciosamente, o que não é de direito”; atuar

com ética profissional.

Assim, o Código de Ética Médica é a “Bíblia” do médico perito, e

parafraseando Ruy Barbosa, fora dele não há salvação. O médico perito deve

pautar o exercício de sua função e o seu relacionamento baseado nesse

documento e nas suas complementações, limites éticos desta interface.

Sendo assim, o médico perito deve ter como diretriz em sua vida

profissional o Código de Ética Médica, que reserva os artigos 118, 119, 120 e

121 para o desempenho ético da perícia médica, como segue:

É VEDADO AO MÉDICO:

Art. 39 - Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos médicos.

Art. 118 – deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito ou auditor, assim como ultrapassar os limites de suas atribuições e competência.

Art. 119 – assinar laudos periciais ou de verificação médico-legal, quando não o tenha realizado, ou participado pessoalmente do exame.

Art. 120 – ser perito de paciente seu, de pessoa da família ou de qualquer pessoa com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho.

Page 27: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

26

Além dessas diretrizes, se destaca os seguintes pressupostos:

Agir com uniformidade de critérios.

Manter-se isento não se deixando influenciar pela posição funcional do examinado.

Não tentar resolver, através de decisões periciais, problemas que sejam puramente funcionais, administrativos e sociais.

Ter sempre presente a diferenciação essencial existente entre doença e doença incapacitante, procurando inclusive esclarecer à respeito, quando necessário.

Analisar sempre os antecedentes periciais do usuário e considerar também seu passado laborativo.

Ouvir com extrema atenção e tempo adequado as queixas, se possível expressão pelo cidadão, examiná-lo, mantendo um bom relacionamento e informando-o sobre a conclusão pericial.

Tal procedimento, quando desfavorável ao pretendente, torna a decisão de menor impacto.

Estar sempre atento às simulações.

Não comentar o tratamento realizado.

A responsabilidade pela conclusão final do laudo é sempre do perito clínico, pois o exame especializado, embora valioso, não é conclusivo.

Em suma, trata-se de uma atividade que exige o equilíbrio, o

conhecimento técnico (competência) e abrangência do papel social sempre

nos princípios fundamentados de justiça e humanidade (SOUSA, 2007).

2.5 Objetivos da pesquisa

2.5.1Objetivo geral

Analisar a relevância pericial da Síndrome do Manguito Rotador como doença

incapacitante.

Page 28: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

27

2.5.2 Objetivos específicos

a) Elaborar a linha histórica das lesões músculo-esqueléticas no contexto do

ambiente de trabalho.

b) Apresentar a historicidade e conceituação das lesões por esforços

repetitivos (LER) e dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho

(DORT).

c)Estudar os mecanismos que levam a Síndrome do Impacto, por

consequência a Síndrome do Manguito Rotador.

d) Descrever os principais métodos diagnósticos da patologia e os recursos

mais indicados nos tratamento conservador e cirúrgico.

e) Apresentar a revisão bibliográfica pertinente ao tema para se analisar as

evidencias anatomoclínicas.

f) Conceituar as categorias relacionadas ao tema como: Distúrbio Músculo-

Esqueléticas; Síndrome do Impacto; Síndrome do Manguito Rotador;

LER/DORT; Doenças Incapacitantes; Perito e Perícia Médica.

g) Identificar os sintomas das síndromes: LER/DORT, Manguito Rotador mais

frequentes entre os profissionais.

h)Identificar as regiões do corpo e fatores associados que mais

constantemente são afetadas por essas doenças.

i) Identificar as características como: sexo, idade, categoria profissional e setor

de trabalho dos adoecidos.

j)Verificar as atribuições do médico perito em seu ambiente de trabalho.

k) Analisar a conduta médico pericial relacionada à Síndrome do Manguito

Rotador, identificando fatores de risco para a saúde presente no ambiente de

Page 29: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

28

trabalho, potencialmente produtores de sofrimento, adoecimento e até morte do

trabalhador.

l) Analisar a revisão bibliográfica pertinente ao tema escolhido.

2.5 Método e técnicas de pesquisa

Esta pesquisa tem como objetivo apresentar os resultados de uma

breve revisão da literatura pertinente, direcionada para o tema “A relevância

pericial da Síndrome do Manguito Rotador”. As publicações foram pesquisadas

nos sites do Medline, Ovid, Lilacs, Scielo, ISI e periódicos Capes, no período

de janeiro de 1999 a julho de 2011, com as seguintes palavras-chave: lesões

músculo-esqueléticas, ler/dort, síndrome do impacto, dor no ombro, manguito

rotador, doença incapacitante e perícia médica.

Para tanto, foram utilizadas publicações relevantes à área de estudo

em questão, buscando-se autores, bases teóricas e de dados para a

elaboração do estudo. Foram selecionados os artigos de acordo com os

seguintes critérios: estudo epidemiológico publicado em inglês, português ou

espanhol, com informações sobre a carga física ou sobre os fatores

psicossociais do trabalho, explicitação do método de avaliação da exposição,

presença de dor no ombro ou tendinopatia do Manguito Rotador, e até mesmo

fotos auto-explicativas da doença.

Com essa busca verificou-se que vários artigos preencheram os

critérios de inclusão. Encontrou-se associação positiva entre os distúrbios do

ombro e o trabalho praticado pelos sujeitos dos estudos revisados. Restaram

como limite da revisão: a heterogeneidade dos artigos quanto à avaliação da

Page 30: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

29

exposição, ao tipo de diagnóstico, à metodologia utilizada na condução da

pesquisa, e aos meios para avaliação da dor. Os autores discutem a

necessidade de aprofundamento dos métodos de investigação de problemas

músculo-esqueléticos relacionados ao ambiente de trabalho.

Ainda, para melhor compreensão dessa pesquisa, faz-se necessário

observar que o conteúdo será elaborado de forma dedutiva1, pois parte-se de

ideias gerais, representadas pela Linha Histórica e Conceituação das Lesões

Músculo-Esqueléticas no Contexto do Trabalho onde se reforça que desde os

meados do século XVII2 já eram reconhecidas manifestações clínicas, que

sugeriam o diagnóstico dessa síndrome até a atualidade.

Contudo, buscando-se neste estudo, sua especificidade,

representada ao se analisar a relevância pericial da Síndrome do Manguito

Rotador como doença incapacitante.

Por seu turno, o estudo será fundamentado em pesquisa exploratória

bibliográfica pertinente ao tema, sendo também baseado em material

1Define-se Método Dedutivo como sendo o local por onde se caminha, do todo para as partes,

ou seja, de uma generalização para uma questão particularizada. Esses argumentos gerais se apresentam como verdadeiros, pois já foram validados pela ciência. Há, portanto, uma relação lógica entre as premissas gerais e particulares: pois caso a primeira seja considerada inválida, a conclusão também o será. Esse método foi proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega-se a uma conclusão. Usa-se o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada e conclusão. FONTE: GIL, Antonio Carlos. Método dedutivo segundo Antonio Carlos Gil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p.96. 2A primeira contribuição histórica ocorreu no século XVII, realizada pelo Dr. Bernardini

Ramazzini um médico italiano e professor de medicina de Modena e Pádua. Ele fundamentou sua obra no estudo de 54 profissões conhecidas à sua época, descrevendo a tenossinovite como o principal quadro clínico da LER, associando-a aos escribas, cuja causa ele relacionava com os movimentos repetitivos, posturas forçadas e estresse mental geral (MILLANDER, LOUIS e SIMMONS, 1992).

Page 31: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

30

bibliográfico, internet e documentos como artigos de periódicos que dissertem

sobre o referido assunto.

Dessa forma, a revisão de literatura resultará do processo de

levantamento e análise, do que já foi publicado sobre o tema e o problema de

pesquisa escolhido. Permitirá um mapeamento de quem já escreveu e o que já

foi escrito sobre o tema e/ou problema da pesquisa.

Nessa vertente, assevera-se que a revisão de literatura em um trabalho

de pesquisa pode ser realizada com os seguintes objetivos:

a) determinação do “estado da arte”: o pesquisador procura mostrar por meio da literatura já publicada o que já sabe sobre o tema, quais as lacunas existentes e onde se encontramos principais entraves teóricos ou metodológicos;

b) revisão teórica: você insere o problema de pesquisa dentro de um quadro de referência teórica para explicá-lo. Geralmente acontece quando o problema em estudo é gerado por uma teoria, ou quando não é gerado ou explicado por uma teoria particular, mas por várias;

c) revisão empírica: você procura explicar como o problema vem sendo pesquisado do ponto de vista metodológico procurando responder: quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vêm afetando os resultados? Que propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los? Que procedimentos vêm sendo empregados para analisar os resultados? Há relatos de manutenção e generalização dos resultados obtidos? Do que elas dependem?

d) revisão histórica: você busca recuperar a evolução de um conceito, tema, abordagem ou outros aspectos fazendo a inserção dessa evolução dentro de um quadro teórico de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças (LUNA, 1997, p.46-47).

Nesse panorama, adverte-se que a revisão de literatura/pesquisa

bibliográfica contribuirá para se obter informações sobre a situação atual do

tema ou problema pesquisado; conhecer publicações existentes sobre o

Page 32: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

31

assunto e os aspectos que já foram abordados; verificar as opiniões similares e

diferentes a respeito do tema ou de aspectos relacionados ao assunto ou ao

problema de pesquisa.

Page 33: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

32

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Linha histórica e conceituação das lesões músculo esqueléticas no

contexto do trabalho

Traçar-se-á , neste item, de uma breve síntese histórica, mas

primeiramente defini-se um dos objetos de estudo, que é a categoria Lesões

Músculo Esqueléticas (LER) relacionadas ao trabalho.

Segundo dispõe a Instrução Normativa do INSS/Nº. 98 de 5 de

dezembro de 2003:

[...] como sendo o estado patológico do sistema músculo esquelético, que surgem em decorrência do efeito cumulativo do desequilíbrio entre as solicitações mecânicas repetidas do trabalho, e as capacidades de adaptação da zona do corpo atingida, ao longo de um período em que o tempo para a recuperação da fadiga foi insuficiente (RANNEY, 2000).

Tendo em vista que a LER/DORT é um tipo específico de doença

ocupacional, que surgiu no Brasil há menos de duas décadas e que, em

decorrência da gravidade dos sintomas e da incidência crescente entre os

trabalhadores de quase todas as atividades econômicas dos vários estados, se

tornou o principal problema de saúde pública relacionado ao trabalho no país:

já responde por cerca de oitenta por cento dos "auxílios e aposentadorias" por

doenças ocupacionais concedidas atualmente pela Previdência Social

(BRASIL, 2001, p.245).

Por sua vez, complementa essa ideia a Sociedade Portuguesa de

Page 34: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

33

Medicina do Trabalho3 (2008, p.11), em documento específico alertando que:

A designação “lesões musculoesqueléticas relacionadas ou ligadas ao trabalho (LMERT ou LMELT) inclui um conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas do sistema locomotor”. Designam-se LMERT ou LMELT (lesões musculoesqueléticas relacionadas ou ligadas ao trabalho) as lesões que resultam da acção de factores de risco profissionais como a repetitividade, a sobrecarga e/ou a postura adoptada durante o trabalho. As LMERT geralmente localizam-se no membro superior (LMEMSRT) e na coluna vertebral, mas podem ter outras localizações, como os joelhos ou os tornozelos, dependendo a área do corpo afectada, da actividade de risco desenvolvida pelo trabalhador.

Neste passo, ainda, acrescenta esta mesma instituição (2008, p.9)

asseverando que:

As lesões musculoesqueléticas (LME) podem afectar diferentes partes do corpo, como, por exemplo, o ombro e o pescoço; o cotovelo, a mão e o punho; o joelho e a coluna vertebral. São síndromes de dor crônica que ocorrem no exercício de uma dada actividade profissional e, por isso, se designam “ligadas ao trabalho” (LMELT). As lesões musculoesqueléticas dos membros superiores relacionadas (ou ligadas) com o trabalho (LMEMSRT ou LMEMSLT) são as que são referidas com maior insistência em certas condições de trabalho como, por exemplo, as actividades implicando tarefas repetitivas, a aplicação de força ou o trabalho que requeira posições das articulações muito “exigentes”. Nalguns países europeus os encargos com as LMEMSRT situam-se em cerca de 0,5% a 2% do Produto Nacional Bruto (PNB).

Assim, feitas tais considerações acerca do conceito das lesões

músculo esqueléticas na sequência, versa-se sobre sua historicidade,

estabelecendo-se que desde a antiguidade, sabe-se que o trabalho manual

prolongado prejudica as mãos e os braços. Todavia, relevante ressaltar, que o

papiro de Sellier registra que os braços dos pedreiros "desgastavam-se com o

3 PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde. Direcção de Serviços de

Cuidados de Saúde. Guia de orientação para prevenção das lesões musculoesqueléticas e relacionadas com o trabalho: programa nacional contra as doenças reumáticas. Lisboa: DGS, 2008. - XXVIII p. - Documento elaborado na Direcção-Geral, no âmbito do programa nacional contra as doenças reumáticas.

Page 35: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

34

trabalho", e em Epidemia, Hipócrates afirmava que um trabalhador

desenvolveu paralisia após realizar constantemente movimentos

serpentiformes e giratórios prolongados das mãos. Ballonius descreve

reumatismos e degenerações de mãos e punhos em 1591 (DEMBE, 1996, p.

26-27).

Nesse panorama, se verifica que na Inglaterra em meados do século

XVIII, ocorreu a Revolução Industrial, na passagem do sistema artesanal, ou

familiar para o sistema fabril de produção, as empresas iniciaram uma

preocupação com os custos, métodos de fabricação e planejamento, apesar de

ser rudimentar, mas voltado para esse contexto fabril. Configuram-se a partir

deste período, quadros clínicos, em decorrência de um desequilíbrio entre as

exigências das tarefas realizadas no trabalho e as capacidades funcionais

individuais, tornando-se mais numerosos, como se esclarece:

Com o advento da Revolução Industrial, quadros clínicos decorrentes de sobrecarga estática e dinâmica do sistema osteomuscular tornaram-se mais numerosos. No entanto, apenas a partir da segunda metade do século XX esses quadros osteomusculares adquiriram expressão em número e relevância social, com a racionalização e inovação técnica na indústria, atingindo, inicialmente, de forma particular, perfuradores de cartão [...] (INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS98/2003, p.1).

Porém, tendo em vista esta situação, salienta-se neste aspecto, o

primeiro reconhecimento de que o trabalho poderia afetar adversamente a

saúde do trabalhador, tem quase 300 anos, pois desde o século XVIII, onde o

médico italiano Bernardini Ramazzini, pai da Medicina Ocupacional,

reconheceu a relação entre o trabalho e certas lesões do sistema músculo-

esquelético, devido à realização de movimentos bruscos e irregulares e à

Page 36: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

35

adaptação, pelo corpo, de posturas não naturais. Em seu livro intitulado “As

doenças dos trabalhadores”, por volta de 1777, estabelecem uma das primeiras

tentativas de descrever e sistematizar as alterações das mãos e punhos em

certas atividades ocupacionais (DEMBE, 1996, p. 25).

Neste sentido, o pai da Medicina Ocupacional relatava que:

Conheci um homem, notário de profissão, que ainda vive, o qual dedicou toda sua vida a escrever, lucrando bastante com isso; primeiro, começou a sentir grande lassidão em todo o braço e não pode melhorar com remédio algum e, finalmente, contraiu uma paralisia completa do braço direito. A fim de reparar o dano, tentou escrever com a mão esquerda; porém, ao cabo de algum tempo, esta também apresentou a mesma doença [...]. Três são as causas das afecções dos escreventes: a primeira, vida sedentária contínua; a segunda, uso continuado do mesmo movimento da mão; e a terceira atenção mental para não mancharem os livros e não prejudicarem seus empregadores na soma, restos ou outras operações aritméticas (RAMAZZINI, 1777 apud DEMBE, 1996, p.26).

Todavia, sabe-se que nos registros médicos antigos é, também,

possível encontrar referência a uma variedade de lesões relacionadas à

execução de determinados trabalhos. Estas assumiam as denominações

relacionadas com a profissão em que se contatavam, por exemplo, o “Cotovelo

de Carpinteiro”, o “Punho de Costureira” ou o “Ombro de Pedreiro” (PUTZ-

ANDERSON 1988).

Assim, em torno de 1830, a própria forma da escrita sofre alteração

e a pena de ave antes utilizada pelos escriturários foi substituído pelo aço, o

que tornou o trabalho de escrever muito mais veloz, e contribuiu para o

crescimento das denominadas Doenças Ocupacionais4 (DO) (RIBEIRO, 1997).

4 Doenças ocupacionais são as que estão diretamente relacionadas à atividade desempenhada

pelo trabalhador ou às condições de trabalho às quais ele está submetido. As mais comuns são as Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT), que englobam cerca de 30 doenças, entre elas a tendinite (inflamação de

Page 37: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

36

Esse é um caso típico de "câimbra do escrivão" iniciava-se com

uma "dor tipo fadiga nos dedos usados para escrever", que se acompanhava

de uma rigidez gradual e cada vez mais dolorosa com o desenrolar do tempo

profissional. Com a continuidade do trabalho repetitivo ao longo dos anos, as

dores tornam-se insustentáveis e os movimentos são comprometidos,

principalmente a apreensão da pena com os dedos, tornando a escrita quase

impossível. Além das dores, os doentes reclamavam de sensações de picada e

formigamento nos dedos ou na mão comprometida, que podia evoluir para

anestesia, paralisia ou contrações espasmódicas de dedos ou mãos(DEMBE,

1996,p.30).

Logo após, em 1870 com o desenvolvimento e expansão do

telégrafo, uma nova categoria profissional surge no mercado de trabalho,

denominada, telegrafistas. Essa classe passou a apresentar as Lesões

Músculo Esqueléticas relacionadas ao trabalho, pois seu instrumento de

trabalho não era mais a pena, mas o teclado do telégrafo (DEMBE, 1995).

Durante a segunda metade do século XIX, o número de casos da doença

cresceu. A maioria afetada era de homens, de modo coerente com a presença

tendão) e a tenossinovite (inflamação da membrana que recobre os tendões). As LER/DORT são responsáveis pela alteração das estruturas osteomusculares, como tendões, articulações, músculos e nervos No campo, doenças de LER/DORT acometem principalmente cortadores de cana após algumas safras, pelo excesso de movimentos repetidos. Na cidade, as categorias profissionais que encabeçam as estatísticas de LER/DORT são bancários, digitadores, operadores de linha de montagem e operadores de telemarketing. Outro exemplo de doença ocupacional é o câncer de traquéia em trabalhadores de minas e refinações de níquel. Também há doenças pulmonares de origem ocupacional, como asma e asbestose, por exemplo, causadas pela inalação de partículas, névoas, vapores ou gases nocivos. Se o trabalhador estiver com uma doença ocupacional grave, tem direito a pedir afastamento do INSS pelo auxílio-doença. Para isso, deve passar por uma perícia médica, que fará a avaliação do quadro da doença. Ele também precisa comprovar que a doença está relacionada ao seu emprego atual e, além disso, deve ter um mínimo de 12 meses de contribuição ao INSS. REPÓRTER BRASIL. O que são doenças ocupacionais?Disponível em: http://www.reporterbrasil.org.br/pergunta.php?id=93. Acesso em: 30 jul.2011.

Page 38: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

37

de população masculina, largamente dominante no trabalho de escritório

(DEMBE, 1996, p.31).

Por sua vez, no Japão, no final da década de 50, as desordens

músculo esqueléticas passaram a tornar-se conhecidas a partir de uma série

de relatos mundiais. Nessa época as primeiras narrativas foram de furadores

de cartão, abrangendo a posteriori diversas ocupações, tornando-se um

problema emergente no campo da saúde ocupacional (ITANI, 1987). Entre os

anos 1960 e 1980, foi considerada uma epidemia envolvendo as profissões de

datilógrafos, operadores em telefonia, digitadores, operadores de caixa

registradora, operadores de máquinas de empacotamento, operadores de

calculadoras e em auxiliares de linha de montagem.

Assim, em 1964, o Ministério do Trabalho japonês adotou novas

diretrizes para estas ocupações, onde os indivíduos foram orientados a não

trabalhar além de cinco horas por dia nestas ocupações específicas, para ter

dez minutos de intervalo a cada hora de jornada, e para executar menos de

40.000 toques em teclas por dia, diminuindo expressivamente a incidência do

problema, particularmente onde havia envolvimento das mãos e braços

(MAEDA, 1977; OHARA, AOYAMA e ITANI, 1976; NAKASEKO et al, 1982

apud HELFENSTEIN, 1997).

Bammer e Martin (1988) descrevem o aumento de 220% dos casos

relatados entre 1979 -1980 na Austrália, com relação ao número de casos em

1970 -1971, com o número de indenizações neste período passando de 605

para 1344. Este quadro levou alguns autores como Browne, Nolan e Faithfull

(1984), a considerar estas desordens como a maior e descontrolada fonte de

Page 39: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

38

incapacidade no comércio e na indústria com enormes reflexos sociais e

econômicos.

Segundo Alves (1995), em 1979 na Finlândia, foi publicada uma

série de artigos de revisão sobre as doenças ocupacionais do membro

superior, apontando o trabalho mecanizado como a etiologia do aumento da

incidência destas patologias.

Os casos ocorridos na indústria manufatureira sueca na década de

oitenta, do século XX, especialmente na eletrônica, transformaram esta

patologia em foco de interesse (KILBOM, 1987 apud ALVES, 1995), enquanto

nos Estados Unidos a incidência da CTD – Cumulative Trauma Disorder,

foram responsáveis por mais da metade das doenças ocupacionais desde 1989

(REMPEL, HARRISON e BARNHART, 1992).

A epidemia australiana, cujo pico ocorreu na metade da década de

oitenta, do século XX, gerou gastos tão imensos, para pagamento de

indenizações, pesquisa dos fatores ergonômicos, honorários médicos e

jurídicos, que representou o maior problema de saúde pública da história

recente da Austrália (LITTLEJOHN, 1989).

3.2 Lesões por esforços repetitivos e os distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho – realidade brasileira

Nota-se, destarte, que as LER/DORT no Brasil, foram primeiramente

descritas sobre a incidência de tenossinovite ocupacional, que ocorreu em

1973 no XII Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho.

Page 40: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

39

Estes relatos foram apresentados por Campana et al (1973, apud ALVES,

1995), nas profissões de lavadeira, engomadora e limpadoras, recomendando-

se que fossem observadas pausas de trabalho daqueles que operavam

intensamente com as mãos.

Porém, na visão de Bonfatti e Vidal (1998), tomando-se como marco

a epidemia dos digitadores na década de 80, a incidência da DORT tem

alcançado níveis em torno de 70% do conjunto das doenças profissionais

registradas. No campo social, sobretudo nessa mesma década, os sindicatos

dos trabalhadores em processamento de dados travaram uma luta pelo

enquadramento da tenossinovite como doença do trabalho.

Já, em 1987, o Ministério da Previdência e Assistência Social a partir

de reivindicações dos processadores de dados e por meio da Portaria nº. 4.062,

reconhece a tenossinovite como doença de trabalho. O texto deste dispositivo

legal permite o enquadramento de outras profissões a partir do nexo causal

com as condições de trabalho, como se verifica:

Posteriormente, observou-se no Brasil o surgimento de casos em diferentes ocupações exercendo atividade de risco. Por exemplo, em 1991 o Núcleo de Saúde do Trabalhador INSS/SUS/MG registrou casos de Lesões por Esforços Repetitivos nas seguintes funções: digitador, controlador de qualidade, embalador, enfitadeiro, montador de chicote, montador de tubos de imagem, operador de máquinas, operador de terminais de computador, auxiliar de administração, auxiliar de contabilidade, operador de telex, datilógrafo, pedreiro, secretário, técnico administrativo, telefonista, auxiliar de cozinha e copeiro, eletricista, escriturário, operador de caixa, recepcionista, faxineiro, ajudante de laboratório, viradeiro e vulcanizador (BRASIL, 1997b) [grifo nosso].

Nesse panorama, constata-se que no Brasil, segundo afirma Alves

(1995), a sigla LER – Lesões por Esforços Repetitivos que foi inserido pelo

Page 41: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

40

médico Mendes Ribeiro, em 1986, durante o I Encontro Estadual de Saúde dos

Profissionais de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul. De acordo

com a cartilha do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em

Santa Catarina LER, este termo tem por objetivo:

[...] identificar um conjunto de doenças que atingem músculos, tendões, nervos e vasos dos membros superiores (dedos, mãos, punhos, antebraços, braços, ombros, pescoço e coluna vertebral) e inferiores (joelho e tornozelo, principalmente) e que tem relação direta com as exigências das tarefas, ambientes físicos e com a organização do trabalho (SINTRAJUSC, 1998, p.8).

Nesse sentido, Monteiro (1995) descreve com detalhes o processo

de reconhecimento das LER/DORT no Brasil, como segue:

Em novembro de 1986, a direção geral do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) publicou a Circular de Origem nº. 501.001.55 nº. 10, pela qual orientava as Superintendências para que reconhecessem a tenossinovite como doença do trabalho, quando resultante de movimentos articulares intensos e reiterados, equiparando-se nos termos do parágrafo 3º, do artigo 2º da Lei nº. 6.367, de 19/10/76, a um acidente do trabalho. Ainda nessa Circular, há referência a todas as afecções que, relacionadas ao trabalho, resultem de sobrecarga das bainhas tendinosas, do tecido peritendinoso e das inserções musculares e tendinosas, sobrecarga essa a que, entre outras categorias profissionais, freqüentemente se entre outras categorias profissionais, freqüentemente se expõem digitadores de dados, mecanógrafos, datilógrafos, pianistas, caixas, grampeadores, costureiras e lavadeiras.

Continua ainda Monteiro (1995) complementando que: Em 6 de agosto de 1987, o então Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social, com base em pareceres do então Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e INAMPS, constantes no Processo nº. 30.000.006119/87, originado de requerimento do Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados do Estado do Rio de Janeiro, publicou a Portaria nº. 4.062, reconhecendo que a tenossinovite do digitador podia ser considerada uma doença ocupacional. Também essa Portaria enquadrava a síndrome no parágrafo 3º, do artigo 2º da Lei nº. 6.379/76 como doença do trabalho e estendia a peculiaridade do esforço repetitivo a

Page 42: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

41

determinadas categorias, além dos digitadores, tais como datilógrafos, pianistas, entre outros.

De outra feita, Couto (1994) e Stone (1983) criticam o termo LER por

reduzir os fatores causais aos movimentos repetitivos, bem como Helfenstein

(1997), porque o termo não envolve atividades em que possa ocorrer uma

sobrecarga muscular estática para manutenção de uma determinada postura

por períodos prolongados; não engloba o excesso de força empregada em

diversas tarefas nas quais não existam o movimento repetitivo ou a sobrecarga

muscular estática; não envolve situações de trabalho realizados em

temperaturas baixas ou mesmo com instrumentos vibratórios.

Em decorrência deste fator, e para evitar que na própria

denominação sejam apontadas causas definidas, o Ministério da Previdência e

Assistência Social utilizou a sigla DORT – Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho que na redação de sua Norma Técnica encontra-se

assim definida:

É uma „síndrome clínica‟, caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não por alterações objetivas e que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho (BRASIL, 1997a).

Complementando a ideia, assevera Gonzaga (2004, p.147) que:

[...] sobre o fenômeno da LER/DORT, em agosto de 1998 o INSS aprovou a Nota Técnica nº. 606, elaborada por uma comissão tripartite (governo, empresas e sindicatos), a qual estabeleceu as novas condutas que seriam adotadas pelos médicos-peritos para a concessão de benefícios acidentários pelas doenças conhecidas sob o nome genérico de "DORT".

Page 43: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

42

Assim, a antiga denominação de LER atinha-se apenas a

"determinados gestuais repetitivos", lembra o autor, a qual não contemplava

"diversas outras situações" em que tais gestos estariam ausentes, mas o

trabalho poderia provocar os mesmos sintomas. "Essas patologias ocorrem

quando o trabalhador executa suas tarefas com posturas anormais ou mesmo

com contratura estática, as quais, sabidamente são muito mais importantes na

gênese das DORT do que os movimentos repetitivos", resumindo o autor

(GONZAGA, 2004, p.148). Sobre as vantagens e reclamações dessa mudança

de nome, se expõe sua opinião:

A migração do nome LER para DORT encerra vantagens por englobar uma gama maior de patologias sem se afastar do conceito generalista de efeitos de trabalho, especialmente sobre os membros superiores dos trabalhadores, sem excluir a possibilidade de acometimento dos membros inferiores, pois qualquer segmento corpóreo pode ser comprometido. Há resistência de alguns setores sindicais que imagina ser a troca da denominação uma forma de minimizar a atuação histórica dos mesmos em defesa da classe trabalhadora, na busca de melhorias das condições de trabalho (GONZAGA, 2004, p.148).

Diante disso, Gonzaga (2004, p.149) também esclarece que a

característica principal da LER ou DORT, seja ela definida anatomicamente

como uma tendinite, epicondilite, sinovite, neurite etc., ou definida clinicamente

por meio de quadros sintomatológicos distintos, o "ponto de encontro" de todos

esses quadros clínicos são "os sintomas álgicos":

O sintoma principal é a dor, seguida de incapacidade funcional do tipo perda de força do membro atingido. O quadro álgico pode ser precedido durante dias ou semanas de uma sensação vaga de desconforto, peso ou mesmo sensação descrita como queimadura, sensação de que o membro atingido estaria mais quente do que o habitual. Quando os nervos periféricos são comprometidos, aparecem parestesias ou sensações de formigamento no trajeto ou nas regiões inervadas por tais segmentos nervosos (GONZAGA, 2004, p.150).

Page 44: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

43

Assim, a dor, seja em consequência das condições inadequadas em

que o trabalho é desempenhado, seja em resposta à repetitividade dos

movimentos de determinados segmentos corporais, às posturas forçadas, aos

mobiliários inadequados ou às sobrecargas estáticas, às pressões localizadas

de instrumentos sobre mãos e punhos etc., ou não, instala-se de maneira

insidiosa e com pouca especificidade, se cronifica, definindo-se como um

quadro clínico ou anatômico já conhecido ou persiste e, por fim, adquire a

autonomia e o status da forma clínica de "dor crônica" (GONZAGA, 2004,

p.150).

Quanto ao exame físico, se recomenda que:

[...] primeiro o perito deve inspecionar os membros superiores, "observar o aspecto e a coloração da pele", comparar "o membro comprometido com o membro contra - lateral, procurando detectar alterações, assimetrias etc." A seguir, deve palpar as mãos, observar as "manifestações de sudorese ou diminuição de temperatura" e procurar alguma "hipersensibilidade nos trajetos tendinosos, sinais de crepitação que retratem edema e processo inflamatório de bainhas e fascies" musculares. As fases iniciais da doença são habitualmente pobres em sinais físicos, mas se pode pesquisar sinais do edema inflamatório que caracteriza essas fases, através da palpação de certo "empastamento", certa falta de individualidade dos planos superficiais e profundos dos tecidos moles dos membros superiores (GONZAGA, 2004, p.150).[grifo nosso]

Além dos testes clínicos específicos, recomenda que se objetiva os

sinais visíveis, às vezes utilizando-se das manobras mais simples:

Uma fita métrica pode auxiliar na mensuração objetiva dos diâmetros dos braços e antebraços, nunca nos esquecendo de que o membro dominante apresenta geralmente maior massa muscular e diâmetro de cerca de um centímetro mais avantajado na circunferência. Quando o membro afetado fica em desuso, nas formas mais crônicas, o que se observa é certa atrofia em relação ao membro não comprometido (GONZAGA, 2004, p.151).

Page 45: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

44

Todavia, o médico perito, paradoxalmente, deve desconfiar sempre

e reforçar suas estratégias de detetive para investigar a presença da doença e

da dor, principalmente onde haja resistências ou possibilidades de fingimentos:

Recomenda-se que tais manobras sejam feitas, para avaliação médico pericial com cuidados especiais, para não chamar muito a atenção do segurado. Devendo ser inseridos ao longo do exame, quando se praticam outras averiguações, pois num exame dessa natureza não se pode contar com a colaboração completa deste, já que procura um objetivo bem definido, que é justamente o benefício. Numa avaliação clínica que não envolva aspectos periciais tais cuidados são dispensáveis (GONZAGA, 2004, p.152).

Por seu turno, em 23/11/90, o Ministro do Trabalho publicou a

Portaria nº. 3.751 alterando a NR 17 e atualizando a Portaria nº. 3.214/78.

Embora não se tratasse de uma portaria exclusiva para a prevenção das

LER/DORT, abordava aspectos das condições de trabalho desencadeadores e

agravantes desse problema, como segue:

Estabelecia, por exemplo, que nas atividades que exigissem sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e partir da análise ergonômica do trabalho, o sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie devia levar em consideração as repercussões sobre a saúde do trabalhador. Também estabelecia pausas para descanso e para as atividades de processamento eletrônico de dados, limitava a oito mil o número máximo de toques por hora e a cinco horas o tempo máximo efetivo de trabalho de entrada de dados na jornada de trabalho. Essa norma continua em vigor até hoje (INSTRUÇÃONORMATIVA INSS/98/2003, p.1).

Assim, em 1991, o então Ministério Unificado do Trabalho e da

Previdência Social, na sua série Normas Técnicas para Avaliação de

Incapacidade, publicou as normas referentes às LER, que continham critérios

de diagnóstico e tratamento. Ressaltavam aspectos epidemiológicos com base

Page 46: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

45

na experiência do Núcleo de Saúde do Trabalhador do INSS de Minas Gerais,

descrevendo casos entre diversas categorias profissionais, tais como:

[...] digitador, controlador de qualidade, embalador, enfitadeiro, montador de chicote, montador de tubos de imagem, operador de máquinas, operador de terminais de computador, auxiliar de administração, auxiliar de contabilidade, operador de telex, datilógrafo, pedreiro, secretário, técnico administrativo, telefonista, auxiliar de cozinha e copeiro, eletricista, escriturário, operador de caixa, recepcionista, faxineiro, ajudante de laboratório e vulcanizador (INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/98/2003, p.2).

Em 1992, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e as

Secretarias de Estado do Trabalho e Ação Social e da Saúde de Minas Gerais,

publicaram resoluções sobre o assunto (INSTRUÇÃONORMATIVA

INSS/98/2003, p.2).

Em 1993, o INSS publicou uma revisão das suas normas sobre LER,

ampliando o seu conceito, reconhecendo na sua etiologia além dos fatores

biomecânicos, os relacionados à organização do trabalho, traduzindo as

evidências da literatura científica nas letras normativas.

Em 1998, em substituição às normas de 1993, o INSS publicou a OS

Nº. 606/98, que basicamente restringia direitos dos trabalhadores, ao

determinar a notificação ao INSS pela CAT somente após a confirmação do

diagnóstico.

Por seu turno, o Ministério da Saúde publicou em julho de 2000 um

protocolo de investigação, diagnóstico, tratamento e prevenção e em 2001 o

manual de procedimentos para doenças relacionadas ao trabalho, que em seu

capítulo XVIII discorre sobre o assunto, de forma aprofundada.

Page 47: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

46

Em dezembro de 2003, a publicação da Instrução Normativa

resgatou aspectos legais abolidos na OS 606/98, definindo novamente que a

CAT seja emitida na suspeita da existência de LER/DORT (NORMATIVA DO

INSS 98/03)

Em abril de 2004, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº.

777/04, que tornou de notificação compulsória, vários agravos à saúde

relacionados ao trabalho. Dentre eles, as LER/DORT, que segundo esse

dispositivo dispõe:

Entende-se LER/DORT como uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela ocorrência de vários sintomas, concomitantes ou não, tais como: dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente [localizando-se] nos membros superiores, mas podendo acometer membros inferiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressão de nervos periféricos, síndromes miofaciais, que podem ser identificadas ou não. Freqüentemente são causas de incapacidade laboral temporária ou permanente. São resultados da combinação da sobrecarga das estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a falta de tempo para sua recuperação. A sobrecarga pode ocorrer seja pela utilização excessiva de determinados grupos musculares em movimentos repetitivos com ou sem exigência de esforço localizado, seja pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, particularmente quando essas posições exigem esforço ou resistência, das estruturas músculo-esqueléticas contra a gravidade. A necessidade de concentração e atenção do trabalhador para realizar suas atividades e a tensão imposta pela organização do trabalho são fatores que interferem de forma significativa para a ocorrência de LER/DORT (INSTRUÇÃONORMATIVA INSS/98/2003, p.1). [grifo nosso]

Atualmente, o conhecimento de elementos da causalidade da

LER/DORT é ressaltado na Instrução/2003:

A alta prevalência das LER/DORT tem sido explicada por transformações do trabalho e das empresas. Estas têm se caracterizado pelo estabelecimento de metas e produtividade, considerando apenas suas necessidades, particularmente a qualidade dos produtos e serviços e a competitividade do mercado,

Page 48: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

47

sem levar em conta os trabalhadores em seus limites físicos e psicossociais. Há uma exigência de adequação dos trabalhadores às características organizacionais das empresas, com intensificação do trabalho e padronização dos procedimentos, impossibilitando qualquer manifestação de criatividade e flexibilização, execução de movimentos repetitivos, ausência e impossibilidades de pausas espontâneas, necessidades de permanência em determinadas posições por tempo prolongado, exigência de informações específicas, atenção para não errar e submissão a monitoramento de cada etapa dos procedimentos, além de mobiliário, equipamentos e instrumentos que não propiciam conforto." (INSTRUÇÃO NORNATIVA INSS 98/2003, p.1).

Por último, complementa a referida normativa, que a conclusão

diagnóstica deve considerar o quadro clínico, sua evolução, fatores etiológicos

possíveis, com destaque para a anamnese e fatores ocupacionais. É

importante lembrar sempre que os exames complementares devem ser

interpretados à luz do raciocínio clínico. Um diagnóstico não-ocupacional não

descarta LER/DORT.

RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS ENTIDADES NOSOLÓGICAS

LESÕES CAUSAS OCUPACIONAIS EXEMPLOS

ALGUNS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

Bursite do cotovelo (olecraniana)

Compressão do cotovelo contra superfícies duras

Apoiar o cotovelo em mesas

Gota, contusão e artrite reumatóide

Contratura de fáscia palmar

Compressão palmar associada à vibração.

Operar compressores pneumáticos

Heredo – familiar (Contratura de Dupuytren)

Dedo em Gatilho Compressão palmar associada à realização de força.

Apertar alicates e tesouras

Diabetes, artrite reumatóide, mixedema, amiloidose.

Epicondilites do Cotovelo

Movimentos com esforços estáticos e preensão prolongada de objetos, principalmente com o punho estabilizado em flexão dorsal e nas prono-supinações com utilização de força.

Apertar parafusos, desencapar fios, tricotar, operar motosserra

Doenças reumáticas e metabólicas, hanseníase, neuropatias periféricas, contusão traumas.

Síndrome do Canal Cubital

Flexão extrema do cotovelo com ombro abduzido. Vibrações.

Apoiar cotovelo ou antebraço em mesa

Epicondilite medial, seqüela de fratura, bursite olecraniana forma T de Hanseníase

Síndrome do Canal de Guyon

Compressão da borda ulnar do punho.

Carimbar Cistos sinoviais, tumores do nervo ulnar, tromboses da

Page 49: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

48

artéria ulnar, trauma , artrite reumatóide e etc

Síndrome do Desfiladeiro Torácico

Compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço, elevação do braço.

Fazer trabalho manual sobre veículos, trocar lâmpadas, pintar paredes, lavar vidraças, apoiar telefones entre o ombro e a cabeça.

Cervicobraquialgia, síndrome da costela cervical, síndrome da primeira costela, metabólicas, Artrite Reumatóide e Rotura do Supra-espinhoso

Síndrome do Interósseo Anterior

Compressão da metade distal do antebraço.

Carregar objetos pesados apoiados no antebraço

Síndrome do Pronador Redondo

Esforço manual do antebraço em pronação.

Carregar pesos, praticar musculação, apertar parafusos.

Síndrome do túnel do carpo

Síndrome do Túnel do Carpo

Movimentos repetitivos de flexão, mas também extensão com o punho, principalmente se acompanhados por realização de força.

Digitar, fazer montagens industriais, empacotar.

Menopausa, trauma, tendinite da gravidez (particularmente se bilateral), lipomas, artrite reumatóide, diabetes, amiloidose, obesidade neurofibromas, insuficiência renal, lupus eritematoso, condrocalcinose do punho

Tendinite da Porção Longa do Bíceps

Manutenção do antebraço supinado e fletido sobre o braço ou do membro superior em abdução.

Carregar pesos Artropatia metabólica e endócrina, artrites, osteofitose da goteira bicipital, artrose acromioclavicular e radiculopatias C5-C6 .

Tendinite do Supra – Espinhoso

Elevação com abdução dos ombros associada a elevação de força.

Carregar pesos sobre o ombro,jogar vôlei ou peteca.

Bursite, traumatismo, artropatias diversas, doenças metabólicas

Tenossinovite de De Quervain

Estabilização do polegar em pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se acompanhado de força.

Apertar botão com o polegar

Doenças reumáticas, tendinite da gravidez (particularmente bilateral), estiloidite do rádio.

Tenossinovite dos extensores dos dedos

Fixação antigravitacional do punho. Movimentos repetitivos de flexão e extensão dos dedos.

Digitar, operar mouse

Artrite Reumatóide, Gonocócica, Osteoartrose e Distrofia Simpático–Reflexa (síndrome Ombro - Mão)

Obs.1 : considerar a relevância quantitativa das causas na avaliação de cada caso. A presença de um ou mais dos fatores listados na coluna “Outras Causas e Diagnóstico Diferencial” não impede, a priori, o estabelecimento do nexo.

Obs. 2 : vide Decreto nº 3.048/99, Anexo II, Grupo XIII da CID –10 – “ Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo, Relacionadas com o Trabalho” [grifos nossos]

TABELA 1 – Instrução Normativa INSS/DC nº. 98 - de 05 de dezembro de 2003 – DOU DE 10/12/2003. Atualização Clínica das Lesões por Esforços Repetitivos (Ler) Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Disponível em:http://www81.dataprev.gov.br/sislex/.../IN-DC-98-ANEXO.htm. Acesso em: 30 jul.2011.

Page 50: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

49

Em virtude dos sintomas, as LER/DORT costumam ser classificadas

em diferentes graus. É importante que o trabalhador conheça as características

da doença em cada estágio, pois a cura depende do diagnóstico precoce e do

efetivo tratamento. As partes do corpo mais afetadas são as mãos, punhos,

antebraço, cotovelos, braços, ombros e regiões da escápula e do pescoço.

Page 51: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

50

4 ANATOMIA DO COMPLEXO DO OMBRO

Nenhuma articulação humana possui movimentos tão amplos quanto

à do ombro. O complexo articular do ombro requer uma coordenada interação

entre, os ossos e os tecidos moles para que se obtenha uma função normal do

membro superior. Isso porque, quando o homem assumiu a posição o ereta,

sofreu um achatamento antero-posterior do tórax, levando a uma rotação

externa de 45 graus da escápula em relação ao plano sagital. O que

proporcionou um aumento na amplitude de movimento (ADM) articular, porém

uma perda da estabilidade (GREVE et al, 1992; FACCI, 2000).

Segundo Souza (2001), no complexo articular do ombro os músculos

atuam sobre três ossos para o desempenho da maior parte dos movimentos

proximais do membro superior: a escápula, a clavícula e o úmero.

FIGURA 1 - Anatomia dos ossos do ombro. Scientific & Medical Chart. Disponível em: http:// www.smartimagebase.com/view-item?.htm. Acesso em: 29 jul.2011.

Page 52: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

51

A escápula conecta a clavícula ao úmero e é amplamente móvel.

Esse osso tem uma face costal, fossa subescapular, e uma face posterior, da

qual se projeta a espinha da escápula. A espinha continua lateralmente em um

processo achatado denominado acrômio, que se projeta para frente e se

articula com a clavícula. Na região súpero-lateral, a escápula apresenta a

cavidade glenóide para articulação com a cabeça do úmero (MOORE, 1994).

O complexo do ombro não apenas proporciona uma ampla variação

para a colocação das mãos como também, executa importantes funções de

estabilização para o uso da mão, levantar e empurrar, elevação do corpo,

inspiração e expiração forçada e até mesmo sustentação de peso como andar

de muletas (COHEN; ABDALLA, 2005).

Só a boa estabilidade da escápula contra o tronco é que permite a

atuação do membro com destreza e força. A estabilização da mesma depende

basicamente da ação muscular do trapézio, rombóides, elevador da escápula e

serrátil anterior, esses músculos estão constantemente se contrapondo à ação

da gravidade. Posturas viciosas, desvios do tronco ou posições inadequadas

da escápula, podem proporcionar desequilíbrio no espaço subacromial e

consequências no seu conteúdo (bursas e tendões) (MORELLI; VULCANO,

1993).

A clavícula estende-se do manúbrio do esterno até o acrômio da

escápula. Esse osso é responsável pela conexão entre o membro superior,

esqueleto axial, e o tronco. Sua extremidade medial articula-se com o esterno

na articulação esternoclavicular, e sua extremidade lateral articula-se com o

acrômio da escápula na articulação acromioclavicular. A clavícula tem três

Page 53: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

52

funções: atua como suporte na manutenção do membro superior livre do

tronco, de forma que haja máxima liberdade de ação; fornece fixações para os

músculos e transmite forças do membro superior para o esqueleto axial

(MOORE, 1994).

O úmero é o maior osso do membro superior. Sua cabeça lisa e

esférica articula-se com a cavidade glenóide da escápula. Próximos da cabeça

estão ostubérculos maior e menor, que servem para a inserção dos músculos

que circundam e movimentam a articulação do ombro. Ântero-lateralmente há

uma rugosidade conhecida como tuberosidade deltóidea para a inserção do

deltóide (MOORE, 1994).

O ombro doloroso pode ser ocasionado por várias etiologias, muitas

vezes associadas, sendo originadas das estruturas da cintura escapular ou

irradiadas de outras regiões (DALBOSCO, 2004; SALVINI et al, 2005).

4.1 Anatomia local do ombro

O ombro é formado por um conjunto de articulações que,

associadas, proporcionam um grande arco de movimento nos três planos.

Porém, não é apenas a somatória de seus movimentos que é importante para o

bom desempenho final, mas também a maneira coordenada que eles ocorrem.

Essa harmonia tem como principais objetivos, a diminuição do esforço a que

são submetidas às diversas estruturas envolvidas e a manutenção da

estabilidade articular (MORELLI e VULCANO, 1993).

Page 54: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

53

O ombro ou a cintura escapular é composto por três articulações:

esterno-clavicular, acrômio-clavicular e glenoumeral, e duas

pseudoarticulações que são: escápulo-toráxica e subacromial. (DALBOSCO,

2004; SALVINI et al, 2005). Sendo a articulação glenoumeral a mais

importante, devido sua maior mobilidade e menor estabilidade, que pode ser

atribuída à rasa fossa glenóide, à grande e redonda cabeça umeral (HALBACH

e TANK, 1993; BOLLIGER, 1998).

FIGURA 2 - Anatomia do ombro esquerdo. Scientific & Medical Chart. Disponível em: http:// www.smartimagebase.com/view-item?.htm. Acesso em: 29 jul.2011.

Diante disso, verifica-se que as articulações trabalham junto em um

ritmo harmônico, o que permite a movimentação global do ombro. O ombro é

uma juntura móvel, com uma fossa glenóide rasa, com o mínimo em suporte

ósseo e a sua estabilidade da articulação depende dos tecidos moles como

músculos, ligamentos e cápsula articular. Essa conformação anatômica

determina maior mobilidade articular em troca de menor estabilidade

(CICCONE; OLIVEIRA; HILDEBRAND, 2007).

Page 55: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

54

MÚSCULO DO OMBRO – VISTA SUPERIOR

FIGURA 3 - NETTER, Frank H. Músculo do ombro – Vista superior. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Disponível em: http://www.auladeanatomia.com/artrologia/artombro.htm. Acesso em: 29 jul.2011.

O ombro é uma unidade funcional e lateralmente, temos a

articulação entre o braço e omoplata. Na face anterior do corpo temos a

articulação entre a clavícula e uma saliência do omoplata, a articulação

acrômio clavicular e na parte posterior a articulação plana entre o omoplata e

as costelas. Qualquer distúrbio, agudo ou não, deste complexo articular, com

alteração de sua biomecânica, pode levar a dor.

Page 56: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

55

FIGURA 4 – Articulação do ombro. Orientações médicas. Clínica Deckers. São Paulo. Disponível em: http://www.clinicadeckers.com.br/html/orientacoes/ortopedia/047_lesao_rotator.html. Acesso em: 31 jul.2011.

Na sequência, especifica-se a estrutura das três articulações que

formam a cintura escapular, como segue:

4.1.1 Articulação esterno-clavicular – noções gerais

A articulação esterno-clavicular é uma articulação em sela e suas

contenções ligamentares, juntamente com o disco intra-articular, permitem os

movimentos fundamentais à dinâmica do complexo (SPINELLI, 2005).

Page 57: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

56

Por sua vez, a articulação esterno-clavicular é formada pela união da

extremidade esternal na clavícula e o manúbrio do esterno. Possui as

seguintes estruturas articulares:

a)Cápsula Articular - Circunda a articulação e varia em espessura e resistência.

b)Ligamento Esternoclavicular Anterior - é um amplo feixe de fibras cobrindo a face anterior da articulação.

c)Ligamento Esternoclavicular Posterior - é um análogo feixe de fibras que recobre a face posterior da articulação.

d) Ligamento Interclavicular - é um feixe achatado que une as faces superiores das extremidades esternais das clavículas.

e)Ligamento Costoclavicular - é pequeno, achatado e resistente. Está fixado na parte superior e medial da cartilagem da primeira costela e face inferior da clavícula.

f) Disco Articular - é achatado e está interposto entre as superfícies articulares do esterno e clavícula (SPINELLI, 2005) [grifo nosso].

A articulação esternoclavicular é a que conecta o membro superior

ao esqueleto axial, especificamente a extremidade esternal com o manúbrio do

esterno. É uma articulação tipo selar com três graus de liberdade, existe um

disco entre as duas superfícies ósseas e a cápsula é mais espessa

anteriormente que posteriormente.

O disco separa o esterno da clavícula e aumenta a estabilidade, os

ligamentos dessa articulação são: o esterno-clavicular anterior e esterno-

clavicular posterior que suportam a articulação anteriormente, o costoclavicular

e o interclavicular, que limitam a elevação e o abaixamento excessivo

respectivamente. Essa articulação possui os movimentos de elevação,

Page 58: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

57

depressão, protração, retração e rotação (LIPPERT, 2003; RASCH, 1991;

HALL, 2000).

A elevação da articulação esternoclavicular é de aproximadamente

55º, a maior parte do movimento ocorrendo nos primeiros 90º de elevação do

braço, a depressão é de aproximadamente 5º. (LIPPERT, 2003; RASCH, 1991;

HALL, 2000).

Esta articulação localiza – se no sentido medial da clavícula com a

parte convexa na direção superior para inferior e côncava na direção anterior

para posterior. A artrocinemática diz que a parte côncava se movimenta no

sentido do movimento e a parte convexa no sentido oposto ao movimento.

Os movimentos da clavícula são em decorrência dos movimentos

escapulares de: elevação, depressão, protração e retração, respectivamente. A

rotação da clavícula ocorre quando o úmero é elevado e a escápula roda para

cima, isoladamente não se obtém esse movimento voluntariamente. A partir da

posição em repouso a protração da articulação esternoclavicular, é de

aproximadamente 30º e a retração também de 30º. A rotação é de

aproximadamente 45º ocorrendo após o ombro ser abduzido ou fletido a 90º e

é também indispensável para rotação da escápula para cima (SMITH et al,

1997 & SOUZA 2001; MAGEE, 2005).

4.1.2 Articulação acrômio-clavicular – noções gerais

Já, a articulação acrômio-clavicular é classificada como uma

articulação plana, a qual por meio do ligamento coraco-clavicular mantém a

Page 59: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

58

integridade articular em relação à configuração óssea desta articulação

(SPINELLI, 2005).

Porém, a articulação acrômio-clavicular é plana, encontra-se entre a

extremidade acromial da clavícula e a borda medial do acrômio. É formada

pelas seguintes estruturas:

a)Cápsula Articular - Envolve toda a articulação acromio-clavicular.

b)Ligamento Acrômioclavicular - é constituido por fibras paralelas que estendem-se da extremidade acromial da clavícula até o acrômio.

c)Disco Articular - geralmente está ausente nesta articulação.

d)Ligamento Coracoclavicular - une a clavícula ao processo coracóide da escápula. É formado por dois ligamentos: ligamento trapezóide e ligamento conóide.

Ainda podemos identificar mais dois ligamentos importantes no complexo do ombro: o ligamento coracoacromial e o ligamento transverso superior.

e)Ligamento Coracoacromial - é um forte feixe triangular estendido entre o processo coracóide e o acromio. É um ligamento importante para estabilização da cabeça do úmero na cavidade glenóide, pois evita a elevação da mesma nos movimentos de abdução acima dos 90 graus.

f)Ligamento Transverso Superior - é um fino fascículo achatado inserido no processo coracóide e na incisura da escápula (SPINELLI, 2005) [grifo nosso].

A articulação escapulo-torácica não é uma articulação anatômica

verdadeira, pois não possui nenhuma das características habituais, de uma

articulação, como uma cápsula articular. Os movimentos da escápula requerem

deslizamento da mesma sobre o tórax. Normalmente existe flexibilidade

considerável de tecido mole, o que permite que a escápula participe de todos

os movimentos do membro superior (FONTANA, 2005).

Page 60: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

59

A articulação acrômio-clavicular é uma articulação artrodial,

envolvendo a extremidade acromial da clavícula e o acrômio, esta articulação

possui três liberdades de movimento, e é nessa articulação que concentra a

maioria dos movimentos da escápula. A estabilidade é conferida pelos

ligamentos acrômio-clavicular, coraco-clavicular com a sua divisão em:

trapezóide e conóide (LIPPERT, 2003; RASCH, 1991; HALL, 2000).

A articulação acrômio-clavicular realiza um movimento de rotação,

desencadeada pela tensão do ligamento coraco-clavicular à medida que a

escápula roda lateralmente na abdução do braço, realiza uma rotação para

cima e para baixo de aproximadamente 60º, realiza também os movimentos de

protração e retração com aproximadamente 30 a 50º e movimentos para cima

e para baixo ou elevação e depressão de aproximadamente 30º (HAMILL &

KNUTZEN, 2008).

4.1.3 Articulação glenoumeral - noções gerais

Por sua vez, a articulação glenoumeral é uma articulação sinovial

esferóide com três graus de liberdade e três eixos. É uma articulação de

pequena congruência, que necessita do funcionamento normal do aparato

neuromuscular para obter estabilidade e manter sua grande mobilidade. A

articulação glenoumeral depende mais dos músculos que dos ossos e

ligamentos para seu suporte, estabilidade e integridade. Portanto, é susceptível

tanto a mudanças degenerativas quanto a disfunções por desarranjo

neuromuscular (FREITAS; ARAÚJO, 2005).

Page 61: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

60

Assim, a articulação glenoumeral é uma articulação esferóide

multiaxial com três graus de liberdade. As faces articulares são: a cabeça

hemisférica do úmero (convexa), e a cavidade glenóide da escápula (côncava)

(SMITH et al, 1997 & SOUZA 2001; MAGEE, 2005).

A articulação glenoumeral é formada pelas seguintes estruturas:

a) Cápsula Articular - Envolve toda a cavidade glenóide e a cabeça do úmero.

b) Ligamento Córaco-umeral - é um amplo feixe que fortalece a parte superior da cápsula.

c) Ligamentos Glenoumerais - são robustos espessamentos da cápsula articular sobre a parte ventral da articulação. É constituído por três ligamentos:

Ligamento Glenoumeral Superior

Ligamento Glenoumeral Médio

Ligamento Glenoumeral Inferior

d)Ligamento Transverso do Úmero - é uma estreita lâmina de fibras curtas e transversais que unem o tubérculo maior e o menor, mantendo o tendão longo do bíceps braquial no sulco intertubercular.

e)Lábio (Labrum) Glenoidal - é uma orla fibrocartilagínea inserida ao redor da cavidade glenóide. Tem importante função na estabilização glenoumeral e quando rompido proporciona uma instabilidade articular faciltando o deslocamento anterior ou posterior do úmero (luxação) (SPINELLI, 2005) [grifo nosso].

Do exposto acima, observa-se que a articulação glenoumeral é

formada pela cabeça do úmero e a cavidade glenóide, é uma articulação

sinovial tipo esferóide (bola e soqueta), possui quatro liberdade de movimento

e pouca estabilidade óssea, sua estabilização é dependente de ações

musculares (HALBACH e TANK, 1993).

Page 62: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

61

A diferença entre o tamanho da cabeça do úmero e da cavidade

glenóide torna o contato das superfícies articulares assimétrico, somente uma

parte da cabeça do úmero encontra em contato com a cavidade glenóide.

O lábio glenoidal é um anel formado por fibrocartilagem que circunda a

cavidade glenóide com a função de aprofundar dando maior espaço articular e

estabilização (SMITH et al, 1997 & SOUZA 2001; MAGEE, 2005).

A articulação glenoumeral é capaz de quatro movimentos

combinados: flexão e extensão, abdução e adução, abdução e adução

horizontal e rotação interna e externa. O movimento do ombro pode ser restrito

como resultado das contenções ósseas que dependem da posição do membro

(WILK et al, 1998). Sua estabilidade é extremamente dependente de fatores

dinâmicos: a ação sinérgica dos músculos do Manguito Rotador (MORELLI e

VULCANO, 1993).

A cápsula está presente na margem da cavidade glenóide e do colo

anatômico do úmero, é constituída externamente por membrana fibrosa e

internamente por membrana sinovial. Com o braço em posição neutra ao lado

do corpo, a parte superior da cápsula fica esticada e a parte inferior fica

relaxada na abdução acontece o oposto a cápsula fixa a articulação

glenoumeral reforçada por ligamentos (MOORE, 1994).

O ligamento coracoumeral reforça a parte superior da cápsula

articular. Os ligamentos glenoumerais reforçam a cápsula anteriormente e pelo

músculo subescapular, este sendo o principal estabilizador dinâmico da

articulação glenoumeral (LIPPERT, 2003; RASCH, 1991; HALL, 2000). Essas

articulações juntamente com os ligamentos, o Manguito Rotador, composto

Page 63: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

62

pela supra-espinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular, e a

musculatura que constitui os motores primários da extremidade superior devem

trabalhar em uníssono para produzir as várias amplitudes de movimento

possíveis na articulação do ombro (SILVA; LIMA, 2007).

Por fim, quando observamos o movimento da articulação

glenoumeral temos que levar em conta, a diferença entre o tamanho da cabeça

do úmero e da cavidade glenóide, outro ponto a ser observado é a ação do

músculo deltóide que ao início da elevação do braço possui uma tração

vertical, puxando a cabeça do úmero para cima colidindo com o arco

coracoacromial e entrando em contato com o acrômio. Com tudo isso grandes

amplitudes de movimento seriam impossíveis, o que torna possível alcançar as

grandes amplitudes de movimento é a ação do Manguito Rotador e os

movimentos da artrocinemática (LIPPERT, 2003; RASCH, 1991; HALL, 2000).

VISTA ANTERIOR DAS ESTRUTURAS ARTICULARES DO OMBRO

FIGURA 5 - NETTER, Frank H. Vista anterior das estruturas articulares do ombro. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Disponível em: http://www.auladeanatomia.com/artrologia/artombro.htm. Acesso em:29 jul.2011.

Page 64: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

63

4.2 Manguito rotador – anatomia funcional

O principal grupo muscular responsável pela movimentação do

ombro é o Manguito Rotador.

O Manguito Rotador é formado pelos seguintes músculos: supra-

espinhoso, infra-espinhoso, subescapular e redondo menor. Possui inserção

tendinosa no úmero, facilitando a estabilidade articular e propiciando

movimentação.

VISTA ANTERIOR DAS ESTRUTURAS ARTICULARES DO OMBRO

FIGURA 6 - NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana.Músculos do Manguito Rotador. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Disponível em: http://www.auladeanatomia.com/artrologia/artombro.htm. Acesso em:29 jul.2011.

Page 65: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

64

FIGURA 7 - SANTOS, Cristina Amaral. Complexo do ombro.Grupo muscular do Manguito Rotador. Disponível em: http://www.fisioweb.com.br.htm. Acesso em: 29 jul.2011

Coletivamente, cada tendão funde-se com a cápsula glenoumeral e

a reforça, e todos contribuem de maneira significativa para a estabilidade

dinâmica da articulação glenoumeral (WILK et al, 1998).

Superficialmente, encontra-se limitado pelas bursas subdeltóidea e

subacromial, que o separam do arco coracoacromial, facilitando o deslizamento

do manguito sob o referido arco (CHECCHIA e BUDZYN, 1991).

Segundo Wilk et al (1998), os músculos do Manguito Rotador

poderiam ser considerados os sintonizadores delicados da articulação

glenoumeral e da cintura escapular, ao passo que os músculos: grande dorsal,

redondo maior, deltóide e peitoral são os motores primários.

Os músculos do Manguito Rotador funcionam também comprimindo

a articulação glenoumeral e agem reduzindo ou controlando ocisalhamento

vertical transmitido na direção da cabeça do úmero (MOORE, 1994).

Page 66: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

65

FIGURA 8 - Articulação do ombro direito, após remoção do deltóide. WERNECK et al. Sobotta – Cabeça, pescoço e extremidade superior do Manguito Rotador.Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. v. 1, p. 167.

Por sua vez, Souza (2001) relata que os músculos do Manguito

Rotador induzem à abdução da escápula, que é contrabalanceada pelos

músculos rombóides e elevador da escápula e pelas fibras inferiores do

músculo trapézio. Esse equilíbrio de ações é fundamental para a adequação

dos ritmos escapulotorácico e escapuloumeral durante os movimentos do

membro superior.

Portanto, o Manguito Rotador é um estabilizador dinâmico da

articulação glenoumeral e inicia seu movimento por meio da fixação da cabeça

umeral contra a fossa glenóide, permitindo que o músculo deltóide exerça a

Page 67: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

66

função de elevação e abdução do braço, já que é o músculo que possui o

maior braço de alavanca (GODINHO; SOUZA; BICALHO, 1996).

FIGURA 9 - Músculo do ombro – Manguito Rotador. NETTER, Frank H.Atlas de Anatomia Humana. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Disponível em: http: www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/ombro.htm. Acesso em:31 jul.2011.

Quando íntegro, o Manguito Rotador permite a formação de um

espaço articular fechado, sugerindo uma participação na nutrição da cartilagem

e consequente prevenção de processos degenerativos. É responsável por 45%

da força de abdução, 79% da força de rotação externa e 31% de toda força da

musculatura do ombro (GODINHO, SOUZA e BICALHO, 1996).

O Manguito Rotador promove a rotação da cabeça do úmero,

quando o músculo deltóide eleva o braço. A rotação externa do úmero permite

Page 68: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

67

que a tuberosidade maior seja liberada debaixo do acrômio, permitindo com

isso a completa elevação do braço (CRAIG, 2000).

FIGURA 10 - SANTOS, Cristina Amaral. Complexo do ombro. Disponível em: http://www.fisioweb.com.br.htm. Acesso em: 29 jul.2011.

4.3 Considerações gerais sobre o ombro doloroso

O ombro doloroso pode ser ocasionado por várias etiologias, muitas

vezes associadas, sendo originadas das estruturas da cintura escapular ou

irradiadas de outras regiões. Além das causas articulares como lesões ósseas

e cartilaginosas, outras afecções também promovem dor na articulação do

ombro.

Conceitua-se “Ombro doloroso”, como sendo uma síndrome

caracterizada por dor e impotência funcional de graus variados, que acomete

estruturas responsáveis pela movimentação do ombro, incluindo as

articulações, tendões e músculos, ligamentos e bursas. A estes sintomas se

Page 69: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

68

agregam àqueles que caracterizam transtornos ou afecções locais, ou a

distância de implicações etiopatogênicas no aparecimento da síndrome.

FIGURA11 – Ombro doloroso. Diagnóstico diferencial. Clínica Deckers – Orientações médicas. São Paulo. Disponível em: http://www.clinicadeckers.com.br/html/orientacoes/ortopedia/047_lesao_rotator.html. Acesso em: 31 jul.2011.

A seguir apresenta-se uma das afecções mais frequentes que

causam dor no ombro, a Síndrome do Impacto.

Page 70: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

69

4.4 Síndrome do impacto do ombro

Das lesões no ombro que evoluem com dor e que aparece com

frequência de forma espontânea, a mais comum é a Síndrome do Impacto, se

excluírmos aquelas de origem traumática. As pessoas leigas costumam atribuir

a essas lesões dolorosas do ombro o termo “bursite”. Por isso, existe uma

associação entre “bursite” e a Síndrome do Impacto (LECH; SEVERO, 1998).

FIGURA 12 – Síndrome do impacto - MEIRELLES, Frederico. Disponível em:http://fredericomeirelles.com/2009/04/14/sindrome-do-impacto-nocomplexo-articular-do-ombro-%E2%80%93-uma-visao-osteopatica/ . Acesso em: 31 jul.2011.

Entretanto, existem diversas patologias que evoluem com dor e são

chamadas pelo leigo de “bursite”, mas que não é Síndrome do Impacto.

Assim, bursite é uma manifestação presente em várias doenças do

ombro como: Síndrome do Impacto, Rotura do Manguito Rotador, Artropatia do

Manguito Rotador, Tendinite Calcária, Tendinite do bíceps, Artrose acromio-

clavicular, Capsulite adesiva e etc. (LECH; SEVERO, 1998).

Page 71: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

70

Segundo afirma Souza (2001, p.35), “[...] a síndrome do impacto é o

termo geral designativo de variadas alterações no ombro que se manifesta por

dor e limitação funcional, sobretudo na realização de atividades acima da

cabeça”.

A Síndrome do Impacto é o que antigamente chamava-se de

“reumatismo” ou “bursite” do ombro. Síndrome do Impacto é o nome dado à

doença causada pelo atrito que ocorre nos tendões que movimentam o ombro.

Este atrito ocorre entre dois ossos: o úmero, no braço, e o acrômio, na ponta

do ombro. O impacto ocorre, principalmente, quando dormimos, trabalhamos

com o braço acima da cabeça ou, quando abduzimos o braço, movimento de

abrir o braço para o lado. Isto ocorre porque nessas situações diminui o espaço

entre os dois ossos (LECH; SEVERO, 1998).

O termo Síndrome do Impacto, impingemente syndrome, foi descrito

por Charles Neer em 1972. Ele caracterizou que a localização anatômica do

tendão do supra-espinhoso e do tendão do bíceps braquial, dentro do sulco

intertubercular, se encontra na região anterior ao arco coraco-acromial. Com o

ombro em posição neutra, no movimento de flexão de ombro, estas estruturas

precisam passar abaixo do arco coraco-acromial, dando possibilidade para

impactos. Estes impactos acontecendo frequentemente nas estruturas do

ombro causam tendinites, bursites, rupturas tendinosas, dor ao elevar o ombro,

fraqueza muscular, crepitação, etc. (LECH et al, 1992).

Todavia, o nome síndrome descreve em medicina um conjunto de

sinais e sintomas, presentes numa patologia que envolve vários órgãos ou

regiões. No caso da Síndrome de Impacto do Ombro, a patologia está restrita

Page 72: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

71

ao ombro, porém, envolve tendões, cápsula, bursa e músculos. Em estágios

mais avançados lesa a cartilagem articular, ou seja, pode atingir todas as

estruturas ao redor do ombro (LECH et al, 1992).

Em geral, uma Síndrome de Impacto existe quando a pressão

aumenta dentro de um espaço anatômico confinado, e os tecidos cercados são

afetados negativamente (WHITING; ZERNICKE, 2001).

Entretanto, a Síndrome do Impacto do Ombro é a afecção mais

frequente da cintura escapular; acomete principalmente mulheres entre a 4ª e

5ª décadas de vida e é eventualmente bilateral (BARBIERI, MAZER; CALIL,

1995). É assim designada por se tratar de um impacto que ocorre entre a

tuberosidade maior do úmero contra o arco coracoacromial, principalmente

durante os movimentos de elevação do braço, resultando de microtraumas

repetidos aos tecidos que estão no espaço umerocoracoacromial (HALBACH;

TANK, 1993).

Durante os movimentos diários, os músculos do Manguito Rotador

estão susceptíveis a microtraumatismos repetidos que podem resultar numa

lesão estrutural. Muitas vezes, a fonte da lesão é a colisão com o arco

coracoacromialquando a articulação glenoumeral é abduzida ou fletida

(GUIMARÃES, 1995).

Lech (1995) relatou que lesões por excesso de uso (overuse

injuries), ou por esforço repetitivo com o membro superior acima da cabeça têm

sido cada vez mais reconhecidas como causadoras de lesão dos tendões do

Manguito Rotador, principalmente do supra-espinhoso.

Page 73: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

72

A própria tendinite da cabeça longa do bíceps, que antes era uma

entidade separada, hoje é melhor considerada junto com o Manguito Rotador,

devido a sua situação anatômica (VEADO, MEDRADO, OLIVEIRA JR., 1998).

Na Síndrome de Impacto o que colide, na verdade, não é o osso, e

sim, as estruturas que estão entre os ossos, ou seja, os tendões e a bursa.

FIGURA -13 - Osso da junta do ombro onde a cabeça do úmero se articula. Síndrome do Impacto do Ombro. Dr. Marcos Britto da Silva. Ortopedista, traumatologia e medicina do esporte Disponível em :http:www// .marcosbritto.com/.../sindrome-de-impacto-no-ombro... Acesso em:31 jul.2011.

Os diversos fatores citados na literatura pertinente, afirmam que

geralmente ocorrem movimentos repetitivos do ombro acima de 90 graus.

Estes movimentos repetitivos se somam aos diversos fatores, tanto estruturais

como funcionais, que aumentam a probabilidade de desenvolver a síndrome do

impacto.

Por sua vez, Gould III (1993, p.263), afirma que, “[...] a síndrome do

impacto resulta de microtraumas de repetição aos tecidos que estão no espaço

úmero-acromial”. É uma tendinopatia que ocorre pela compressão do manguito

Page 74: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

73

rotador (principalmente do músculo supra-espinhal) e a cabeça longa do bíceps

braquial entre a cabeça umeral e o arco coracoacromial, formado

peloligamento coracoacromial, porção ântero-inferior do acrômio e articulação

acromioclavicular,especialmente à elevação do ombro acima de 90 graus,

(GREVE; AMATUZZI, 1999).

Em geral, a Síndrome do Impacto, se refere à abdução do braço que

fará com que as estruturas supra-umerais, mais particularmente o tendão do

supra-espinhal e as bolsas subacromias, sejam comprimidas com força contra

a superfície anterior do acrômio e o ligamento coracoacromial (WHITING;

ZERNICKE, 2001).

Com efeito, observa-se que a tendinite do Manguito Rotador pode

ser causada pela Síndrome do Impacto. Manguito Rotador é o conjunto de

músculos que coaptam a cabeça do úmero na fossa glenóide da escápula, ou

seja, eles estabilizam a cabeça do úmero para que ela possa se movimentar no

espaço. Podem-se agrupar as tendinopatias do manguito rotador em primárias:

bursite e tendinite calcária, ou também em secundárias: estreitamento do

espaço subacromial, calcificação do ligamento coracoacromial e fratura

desviadada grande tuberosidade. A etiologia da lesão do Manguito Rotador

pode estar relacionada a fatores mecânicos e biológicos, sendo geralmente

multifatorial.

A Síndrome do Impacto, na verdade, é uma função inadequada

destes movimentos do ombro que causam impactações excessivas. Estes

impactos lesionam os tendões e as estruturas ali presentes que começam a se

Page 75: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

74

degenerar. Se não tratado pode gerar rupturas tendinosas, que levam a uma

incompetência funcional do ombro.

Diante disso, verifica-se que existe uma relação entre a Síndrome do

Impacto e a degeneração do Manguito Rotador. O impacto ocorre entre o

manguito rotador, geralmente e supra-espinhoso, e a porção antero-inferior do

acrômio, o ligamento córaco-acromial e a articulação acromioclavicular, como

se observa na figura abaixo:

FIGURA 14- RX mostrando esporão subacromial – Lesões no Manguito Rotador. Clínica De Vita. Disponível em: http:// www.clinicadevita.com.br/pagina01.html. Acesso em: 31 jul.2011.

Nesse panorama, verifica-se que a principal queixa é a dor, seguida

de impotência funcional e diminuição de força. A dor é proporcional ao grau de

inflamação, e não ao tamanho da lesão. A exacerbação da dor à noite se deve

ao estiramento das partes moles do ombro enquanto o indivíduo está deitado e

pode ser agudizada ou precipitada por movimentos bruscos. A dor localiza-se

ao redor do ombro e normalmente se irradia para a porção lateral do braço, até

Page 76: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

75

o cotovelo, correspondendo ao dermátomo. Dores que atingem a mão devem

fazer o examinador ficar atento a patologias cervicais. A presença de

crepitação e de diminuição da força de elevação e de rotação externa deve

aumentar a suspeita de ruptura completa do Manguito Rotador.

Dessa forma, verifica-se que as rupturas do Manguito Rotador são

classificadas em parcial ou total e o tendão mais acometido é o supra-espinal.

Já as rupturas parciais são subdivididas em bursal, articular e intratendínea. As

lesões parciais articulares são as mais comuns, devido à diferença do tipo de

fibras do tendão do lado articular em relação ao lado bursal e também pelas

diferentes causas etiológicas que geram alesão do lado articular, em relação ao

lado bursal.

Neste sentido, como se mencionou anteriormente, em 1972, Neer

descreveu as três fases evolutivas da Síndrome do Impacto e a consequente

lesão do Manguito Rotador, que ocorrem em fases evolutivas como:a) Fase 1:

edema e hemorragia. b) Fase 2: fibrose e tendinite.c) Fase 3: ruptura do

tendão.

Para tanto, observa-se que na primeira fase, que é mais comum em

jovens, mas pode ocorrer em qualquer idade, caracteriza-se por edema e

hemorragia dos tendões devido a overuse ou trama, no qual o tratamento

conservador se aplica com sucesso e por meio de uso de analgésico e anti-

inflamatório não-esteroidal (AINE), seguido de reforço muscular para

reequilíbrio dos diferentes grupos musculares, diminuindo assim o impacto

subacromial. Pode ocorrer limitação de mobilidade e crepitação.

Page 77: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

76

Já, os sintomas da segunda fase se caracterizam, por fibrose e

tendinite de repetição do Manguito Rotador. Embora exista ainda indicação

para o tratamento conservador, as constantes reincidências levam à indicação

de acromioplastia por via artroscópica, acompanhada de ressecção distal da

clavícula nos casos em que houver sintomas na articulação acromioclavicular;

o procedimento artroscópico nesta fase visa aliviar os sintomas e evitar a

evolução natural da doença.

FIGURA 15- Tendinite do supraespinhoso – Lesões no Manguito Rotador. Clínica De Vita. Disponível em: http:// www.clinicadevita.com.br/pagina01.html. Acesso em: 31 jul.2011.

Todavia, a terceira fase é caracterizada pela ruptura completa do

Manguito Rotador, acompanhada ou não de alterações ósseas, como esporão

subcromial, cistos degenerativos na grande tubeosidade, artrose da

acromioclavicular etc. Geralmente ocorre após os 40 anos e possui diagnóstico

Page 78: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

77

clínico definido, que pode ser confirmado pela ecografia ou pela ressonância

nuclear magnética (RNM).

O tratamento de escolha é cirúrgico, seja artroscópio ou aberto,

objetivando a reinserção do Manguito rotador a grande tuberosidade e a

descompressão acromial, quando indicada. Todavia, a terceira fase é

caracterizada pela ruptura completa do Manguito Rotador, acompanhada ou

não de alterações ósseas, como esporão subcromial, cistos degenerativos na

grande tubeosidade, artrose da acromioclavicular etc.

FIGURA 16 - Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular – Lesões no Manguito Rotador. Clínica De Vita. Disponível em: http:// www.clinicadevita.com.br/pagina01.html. Acesso em: 31 jul.2011.

Como se referiu anteriormente, o tratamento inicial para ruptura

parcial do Manguito Rotador depende de seu tamanho e de sua localização. As

lesões bursais, intratendíneas e articulares, com acometimento menor do que

Page 79: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

78

50% da espessura do tendão e podem ser tratadas de forma conservadora.

Nas lesões mais profundas, o tratamento cirúrgico artroscópico é indicado,

sendo realizado a acromioplastia, liberação do ligamento coracoacromial e

bursectomia. A reparação da lesão com suturas nas faces bursais e articulares

podem ser realizadas.

Porém, nas lesões totais, alguns fatores devem ser analisados para

decisão do tratamento: a idade e nível de atividade do paciente são elementos

importantes; a etiologia da lesão também ajuda a definir o tratamento;

pacientes com boas condições clínicas, com nível de atividade moderado são

candidatos à cirurgia; pacientes que apresentam dor intensa, sem melhora com

tratamento conservador também são encaminhados ao tratamento cirúrgico.

As etiologias traumáticas ou secundárias à compressão pelo

ligamento ou esporão coracoacromial respondem bem ao tratamento cirúrgico,

enquanto pacientes com etiologia degenerativa dos tendões evoluem de forma

menos satisfatória.

Novos avanços na cirurgia artroscópica do Manguito Rotador

permitem resultados melhores, e o desenvolvimento de melhores implantes e

técnicas de sutura melhoram a biomecânica do reparo do tendão.

Resumidamente, indica-se para o melhor diagnóstico em qualquer

patologia, a anamnese e o detalhamento dos sintomas são fundamentais

como: localização da dor, frequência, intensidade, fatores desencadeantes.

O RX simples, a artrografia e a ecografia são úteis na confirmação do

diagnóstico e determinam à extensão da lesão.

Page 80: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

79

Em casos selecionados onde é fundamental maior informação pode-

se realizar uma Ressonância Nuclear Magnética.

FIGURA 17- Imagem do corte axial de ressonância magnética evidenciando rupturado Manguito Rotador. EJNISMANN, Benno;MONTEIRO, Gustavo Cará; UYEDA, Luís Fernando. Ombro doloroso. Disponível em:http: www// apps.einstein.br/.../745-Einstein%20Suplemento%20v6n1%20pS133-137.p...Acesso em: 31 jul.2011.

A ressonância nuclear magnética do ombro é o melhor método de

imagem, para se avaliar as lesões do Manguito Rotador, conforme se

demonstra na sequência, podendo ser realizado com ou sem contraste.

FIGURA – 18 Tenotomia artroscópica do bíceps nas lesões irreparáveis do manguito rotador.CHECCHIA, Sérgio L. et al. RBO- Revista Brasileira de Ortopedia. Set. 2003. Disponível em: http:// www. rbo.org.br/materia.asp?mt=868&idIdioma=1 . Acesso em: 31 jul. 2011.

Page 81: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

80

Constata-se nessa avaliação pré-operatória, o sinal do impacto

descrito por Neer esteve presente em todos os casos. Demonstrou-se também,

a diminuição da força muscular do supra-espinhal, após resistência oferecida

pelo examinador, em todos os pacientes. A mobilidade pré-operatória ativa, e a

pós-operatória ativa foram medidas utilizando-se técnica padronizada pela

Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (AAOS).

FIGURA 19- Tenotomia artroscópica do bíceps nas lesões irreparáveis do manguito rotador.CHECCHIA, Sérgio L. et al. RBO- Revista Brasileira de Ortopedia. Set. 2003. Disponível em: http:// www. rbo.org.br/materia.asp?mt=868&idIdioma=1 . Acesso em: 31 jul. 2011.

Page 82: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

81

Nessa avaliação radiográfica pré-operatória todos os pacientes

apresentavam sinais de lesões crônicas, extensas, do manguito rotador, como

diminuição do espaço subacromial, ascensão da cabeça do úmero,

aplainamento do tubérculo maior do úmero, entre outros. No entanto, nenhum

dos pacientes apresentava sinais significativos de osteoartrose do ombro.

Nesse caso, todos os pacientes foram submetidos à avaliação dos

tendões do Manguito Rotador por meio de imagem de ressonância magnética,

que mostrou, em todos os casos, rupturas extensas dos mesmos, assim como

graus avançados de degeneração gordurosa da musculatura periarticular

(figura 14). Foi também observada a luxação da CLB em quatro casos

(figura15).

Com relação ao tratamento, se for conservador, o planejamento do

tratamento inclui:

a)Sentar com a postura apropriada, com a cabeça e os ombros equilibrados.

b)Descansar os ombros, o que significa evitar movimentos abruptos e qualquer atividade que cause dor ao levar o braço por sobre a cabeça.

c)Compressas de gelo 2 ou 3 vezes ao dia, por 8 minutos, seguidos de 3 minutos de pausa, esse ciclo deve ser repetido até completar 30 minutos.

d)Antiinflamatórios indicados pelo médico.

e)Fisioterapia para diminuir a inflamação, amenizar a dor e, então, fortalecer os músculos.

Caso a ruptura for total, pode ser necessário realizar uma

Artroscopia, que nesse caso é utilizada como cirurgia e não apenas para

visualizar o interior da articulação.

Page 83: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

82

As extremidades brutas de um tendão rompido podem ser aparadas

e deixadas para cicatrizar. Grandes rupturas podem ser costuradas. Após a

cirurgia, o plano de tratamento inclui fisioterapia para acelerar a cicatrização,

evitar formação de tecido fibroso, amenizar a dor, manter a movimentação do

ombro livre e fortalecer os músculos desta articulação.

Por último, a recuperação total depende da gravidade da lesão e do

tipo de tratamento.

Page 84: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

83

5 CONDUTA MÉDICO-PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR

Neste estudo, preliminarmente, importante esclarecermos o conceito

de perícia e perícia médica, para podermos entender todo o contexto abordado

neste item, relacionado à conduta médico-pericial da Síndrome do Manguito

Rotado.

5.1 Definição das categorias

Sobre o assunto em tela, defini-se “Perícia” como sendo todo e

qualquer ato propedêutico ou exame realizado por médico, com a finalidade de

contribuir com as autoridades administrativas, policiais ou judiciárias na

formação de juízos a que estão obrigados. Para Alcântara (2006), perícia é a

capacidade teórica e prática para empregar, com talento, determinado campo

do conhecimento, alcançando sempre os mesmos resultados.

Por sua vez, conceitua-se a categoria Perícia Médica, em sentido

amplo, como sendo o ato privativo do médico, podendo ser exercida pelo

médico civil ou militar, desde que investido em função que lhe assegure a

competência legal e administrativa para tal. Tem a finalidade de contribuir com

as autoridades administrativas, policiais ou judiciárias na formação de juízos a

que estão obrigadas (RODRIGUES, 2003).

Diante disso, observa-se que o termo Perícia provém do latim peritia.

Segundo o novo Dicionário Aurélio, significa qualidade de perito; habilidade,

destreza; vistoria ou exame de caráter técnico e especializado; conjunto de

Page 85: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

84

peritos (ou um só) que faz essa vistoria; conhecimento, ciência (FERREIRA,

2006).

Por outro lado, na linguagem jurídica, significa: a pesquisa, o exame,

a verificação acerca da verdade ou da realidade de certos fatos; é um meio de

prova admitida no direito, sendo o perito, sob o compromisso da verdade,

nomeado pela autoridade judiciária, ou administrativa, para ajudar a esclarecer

um fato considerado relevante para o pronunciamento do órgão judicante

(FIGUEIREDO, FREIRE, LANA, 2006).

A finalidade da perícia é produzir a prova, e a prova não é outra

coisa senão o elemento demonstrativo do fato. Assim, tem a perícia à

faculdade de contribuir com a revelação da existência ou da não existência de

um fato contrário ao direito, dando ao magistrado a oportunidade de se

aperceber da verdade e de formar sua convicção (FRANÇA, 2000).

Neste sentido, relevante ainda se observar que “Perito” é todo e

qualquer profissional especializado em determinados ofícios, artes ou ciências,

capaz de conduzir quem quer que seja à verdade, quando para tal é solicitado.

É todo técnico que, designado pela justiça, recebe o encargo de esclarecer

fatos, acontecimentos num processo. A atuação do perito far-se-á em qualquer

fase, policial ou judiciária, do processo (RODRIGUES, 2003).

O perito, em geral não tem funções fiscalizadoras, mas função

específica no exame de documentos, objetos ou pessoas. Na área médica,

consiste no exame de pessoas, ou cadáveres, com a finalidade de avaliar

lesões, causas, quantificar sequelas e disfunções para fins de indenização,

Page 86: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

85

mensurar comprometimento da capacidade laborativa em trabalhadores, ou

atestar capacidade para ato ou função (FRANÇA, 2000).

O médico perito deve estar atento à ética particular de sua atividade.

A legislação ética define no seu Capítulo XI do Código de Ética Médica as

normas de condutas éticas, devidamente pontuadas nos artigos 118, 119, 120

e 121, complementadas pelas resoluções do Conselho Federal de Medicina

nº.1.488/1998, de 11 de fevereiro de 1998, sobre o desempenho ético da

perícia médica.

O médico perito é aquele que, por definição, deve possuir sólida

base clínica, noções de profissiografia e conhecimento das bases legais, para

concluir o laudo dentro da legislação. "Ele deve ser justo para não negar o que

é legítimo, nem conceder graciosamente o que não é devido e não é seu".

(MANUAL DO MÉDICO PERITO DO INSS, 2008).

Ressalta-se, também, que esse profissional precisa ter em mente

que, ao contrário da medicina assistencial, em que o médico está sempre em

estreito vínculo profissional com o paciente, o médico perito é colocado pela

instituição seguradora como um juiz, devendo manter um equilíbrio adequado

entre as postulações desejadas e as possibilidades da lei vigente que ele deve

conhecer. Deve estar preparado para reconhecer o direito, concedendo o que

deva ser concedido, mas negar as pretensões ilegítimas, fruto de desejos

pecuniários sem abrigo na lei constituída (GONZAGA, 2004).

5.2 Perícia médica-capacidade/incapacidade laborativa

O indivíduo é considerado capaz para exercer uma determinada

Page 87: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

86

atividade ou ocupação, quando reúne as condições morfopsicofisiológicas

compatíveis com o seu pleno desempenho. Não necessariamente implica

ausência de doença ou lesão (ANMP, 2007).

Por sua vez, defini-se a categoria incapacidade laborativa, como

sendo a impossibilidade temporária ou definitiva do desempenho das funções

específicas de uma atividade ou ocupação, em consequência de alterações

morfopsiquicofisiológicas provocadas por doença ou acidente, para o qual o

examinado estava previamente habilitado e em exercício (ANMP, 2007).

O risco de vida para si ou para terceiros, ou de agravamento, que a

permanência em atividade possa acarretar, está implicitamente incluído no

conceito de incapacidade, desde que palpável e indiscutível (ANMP, 2007).

A existência de doença ou lesão não significa incapacidade. Várias

pessoas portadoras de doenças bem definidas como: diabetes, hipertensão

arterial, etc., ou lesões como: sequelas de poliomielite, amputações de

segmentos corporais, podem e devem trabalhar. Entretanto, se houver um

agravamento e este agravamento, seja de natureza anatômica, ou funcional, ou

de esfera psíquica, impedir o desenvolvimento da atividade, aquelas doenças

de lesões não incapacitantes podem se tornar incapacitantes.

Para melhor compreensão do conceito de incapacidade, deve ser

analisado sob a égide do grau, da duração e à profissão desempenhada, como

segue:

Quanto ao grau - a incapacidade pode ser parcial ou total: a) o médico perito considerará como parcial o grau de incapacidade que ainda permita o desempenho da atividade, sem risco de vida ou agravamento maior, e que seja compatível com a

Page 88: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

87

percepção do salário aproximado daquele que o interessado auferia antes da doença ou do acidente; e b) a incapacidade total é a que gera a impossibilidade de permanecer no trabalho, não permitindo atingir a média de rendimento alcançada, em condições normais pelos trabalhadores da categoria do examinado. Quanto à duração - a incapacidade pode ser temporária ou permanente: a) considera-se temporária a incapacidade para a qual pode se esperar recuperação dentro de prazo previsível; e b) a incapacidade permanente é aquela insusceptível de alteração em prazo previsível com os recursos da terapêutica e reabilitação disponíveis. Quanto à profissão - a incapacidade laborativa pode ser: a) uniprofissional - é aquela em que o impedimento alcança apenas uma atividade específica; b) multiprofissional - é aquela em que o impedimento abrange diversas atividades profissionais; c) omniprofissional - é aquela que implica na impossibilidade do desempenho de toda e qualquer atividade laborativa, sendo conceito essencialmente teórico, salvo quando em caráter transitório (anmp, 2011).

Assim, sob esse prisma, constata-se que por incapacidade para a

vida independente e para o trabalho deve ser entendida aquela que

impossibilita a pessoa portadora de deficiência a prover a sua subsistência pelo

trabalho ou por outro meio que não o trabalho, mas que lhe dê independência

financeira (incapacidade para a vida independente).

Sendo assim, num caso hipotético, se o periciado apresentar

incapacidade laborativa permanente para ocupações que requeiram esforços

físicos, não possuindo formação intelectual que garanta a sua recolocação no

mercado de trabalho em atividades em que não seja essencial o esforço físico,

não poderá ser-lhe negado o benefício assistencial, desde atendido o requisito

econômico, sob o argumento que a incapacidade apresentada é apenas

parcial.

Com efeito, não podendo exercer atividades que exijam esforços

físicos, pouquíssimas são as atividades que podem garantir a subsistência de

Page 89: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

88

pessoa, que não possua formação intelectual compatível com as exigências do

mercado de trabalho. Ademais, necessário referir que a incapacidade parcial

não constitui óbice à concessão do benefício assistencial. Isso ocorre porque é

necessário cotejar a lei com a realidade social, não dissociando do sentido que

baliza a regra.

5.3 Abordagem médico-pericial da síndrome do manguito rotador

Neste item, apresentaremos alguns aspectos de como fazer uma

abordagem pericial aos pacientes com Síndrome do Manguito Rotador.

Assim, na sequência pretende-se fornecer àqueles que lidam com

perícia médica uma rotina de exame clínico para melhor facilitar a realização

delas.

Segundo as determinações do Ministério da Previdência Social e do

Instituto Nacional do Seguro Social, que elaboram as diretrizes de apoio à

decisão médico pericial em ortopedia e traumatologia, Brasília – 2008

estabeleceram os princípios que deve nortear a atividade do profissional

médico, como segue:

SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR (M75.1)

DESCRIÇÃO

Inflamação aguda ou crônica acometendo tendões da bainha dos rotadores, especialmente por compressão da bursa e do tendão supra-espinhal entre a grande tuberosidade do úmero e a porção anterior e inferior do acrômio e ligamento acrômio-clavicular, durante a elevação do braço.

Esta patologia é mais comum acima dos 40 anos, e com sua progressão a dor no ombro torna-se mais constante, podendo

Page 90: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

89

irradiar-se para a coluna cervical e membro superior. Atividades com membros acima da cabeça e movimentos repetitivos do braço agravam a patologia.

O quadro clínico caracteriza-se por dor intermitente no ombro, que piora com esforços físicos e à noite. A dor pode se irradiar para a face lateral do braço e associar-se com a diminuição das forças de rotação externa e abdução. O paciente queixa-se de crepitação, dificuldade ou impossibilidade para elevar ou manter o braço elevado.

O diagnóstico é essencialmente clínico, sendo auxiliado por radiografias simples do ombro com incidências especiais. O ultra-som do ombro, preferencialmente bilateral, pode mostrar tendinites, bursites e lesões incompletas do tendão supraespinhal,edema da cabeça longa do bíceps, afilamento, ausência parcial ou completa do tendão supra-espinhal, rupturas do tendão supra-espinhal e infra-espinhal e alterações degenerativas da bolsa subdeltóidea. EXAME MÉDICO PERICIAL

Estágio 1: Mais freqüente em menores de 25 anos;dor em trajeto de tendão de supra-espinhal, relacionada ao esforço, que melhora com repouso, geralmente sem dor noturna e sem limitação de movimentos. Ao exame físico evidenciam-se teste de Neer e/ou de Jobe positivos.

Estágio 2: Mais freqüente entre 25 e 40 anos; dor aos esforços e no repouso (noturna), pode haver limitação de movimentos (pela dor).Os testes de Neer e /ou Jobe são positivos.

Estágio 3:Mais frequente em maiores de 50 anos;dor de intensidade variável, que piora à noite, resistente à AINE e à infiltração com corticóides. Em fases tardias, pode haver hipotrofia do músculo deltóide (desuso). Movimentos do ombro geralmente são normais, podendo haver graus variados de restrição articular. Os testes de Neer e/ou Jobe são positivos.

Diagnóstico baseado em sinais e sintomas:

Na tendinite aguda, o braço pode abduzir 60 graus sem dor significativa. A dor manifesta-se na abdução entre 60 e 120 graus. Com braço em rotação externa, a elevação entre 120 até 180 graus o quadro passa a ser menos doloroso. CONDUTA MÉDICO-PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR Registrar, também, todas as amplitudes articulares, com o intuito de comparar com exames posteriores. Prognóstico geralmente favorável. O tempo de incapacidade laborativa depende da gravidade da lesão.

Page 91: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

90

Em AVALIAÇÃO INICIAL (AX1): a) estágio 1: incapacidade de até 60 dias;

b) estágio 2: incapacidade de até 6 meses;

c) estágio 3: incapacidade de 12 a 18 meses. A maioria dos

pacientes mostra redução gradual dos sintomas em períodos de

até 18 meses.

REABILITAÇÃO PROFISSIONAL: analisar posto de trabalho, em relação às atividades causadoras de impacto, ou seja, aquelas que utilizam postura do ombro acima de 60º. de abdução. Se necessário, adequar o posto de trabalho ou mudar de função.

REVISÃO EM DOIS ANOS (R2): casos excepcionais e com graves complicações.

LIMITE INDEFINIDO (LI): segurado em idade avançada e inelegível para cumprir Programa de Reabilitação Profissional.

5.4 Testes de Neer e/ou Jobe recomendados pelo INSS

Segundo preconiza o dispositivo do INSS (2008) para a avaliação da

Síndrome do Manguito Rotado, o Teste de Neer ou Teste para Síndrome do

Pinçamento

O Teste de Neer tem por escopo, a finalidade é avaliar a síndrome

do impacto. O examinador estabilizará a escápula do paciente com a mão

esquerda e elevará rapidamente o membro superior em rotação interna com a

mão direita. O choque da grande tuberosidade e do acrômio provocará dor.

Este teste também é positivo em capsulite adesiva, instabilidade

multidirecional, lesões das articulações acromioclavicular etc, como se observa

na figura abaixo.

Page 92: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

91

FIGURA 20 - Teste de Neet e Jobe. EJNISMANN, Benno;MONTEIRO, Gustavo Cará; UYEDA, Luís Fernando. Ombro doloroso. Disponível em:http: www// apps.einstein.br/.../745-Einstein%20Suplemento%20v6n1%20pS133-137.p...Acesso em: 31 jul.2011.

Já o Teste de Jobe, avalia especificamente o músculo

supraespinhoso. É realizado com o paciente em ortostatismo membros

superiores em abdução no plano frontal e anteflexão de 30º, e assim alinhando

o eixo longitudinal do braço com o eixo de movimento da articulação

glenoumenral. O examinador faz força de abaixamento nos membros,

simultânea e comparativa, enquanto o paciente tenta resistir. O teste será

considerado alterado no membro que oferecer menor força. Um resultado falso

positivo ou duvidoso pode surgir devido à interferência da dor.

Page 93: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

92

5.5 Testes de diagnósticos úteis

Segundo afirma Rômulo Brasil Fº, Canditio S. Filardi e Eduardo L.

Menniti, no artigo elaborado, Investigação no Ombro, Revista Brasileira

Ortopédica (2004), indicam os seguintes procedimentos para localizar

precisamente a lesão:

a)O exame físico consta de inspeção, palpação e manipulação:

1)A “lnspeção” é comparativa com os ombros descobertos na posição

ortostática com as escápulas totalmente visíveis, observando-se a postura das

extremidades superiores e da coluna dorsal. Deve-se inspecionar: contornos

musculares, deformidades, tumorações, cicatrizes e proeminências ósseas que

podem estar muito evidentes nas atrofias do supra-espinhoso, infra-espinhoso

ou do trapézio.

2) Por sua vez, a “Palpação” deve incluir todos os componentes da cintura

escapular, articulações esterno e acromioclaviculares, articulação

escapulotorácica, úmero e suas tuberosidades, processo coracóide, ligamento

coracoacromial, tendão do bíceps, além da massa muscular que se palpa

avaliando o tônus muscular e distúrbios de sensibilidade.

3)Já a “Manipulação” deve ter o seguinte procedimento:

Page 94: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

93

1) Coluna cervical: fazer flexão, extensão, rotação lateral, verificar se há

irradiação da dor para o ombro, reproduzindo a sintomatologia do paciente.

2) Empurrar a clavícula, na sua porção média, para cima e para baixo e

correlacionar os sintomas com a palpação direta das articulações acrômio e

esternoclavicular.

3) O grau de amplitude articular deve ser pesquisado, evitando que o paciente

adote posições compensatórias com a inclinação do tronco; para tanto,

podemos avaliar o paciente na posição sentada ou deitada. Quando não há

limitação da amplitude articular, basta pesquisar os movimentos ativos do

paciente; se houver limitação, pesquisar tanto ativa quanto passivamente o

grau de amplitude, como segue abaixo:

a) Rotação externa, 0 a 90 graus (comparativo): mantendo o cotovelo junto ao corpo, rodar externamente o braço; importante no diagnóstico do ombro congelado, rotura do manguito rotador e luxação posterior. b) Rotação interna, medida pelo local onde o paciente alcança o polegar, levando a mão pelas costas, podendo atingir grande trocanter, região glútea, até processos espinhosos das vertebras torácicas. c) Rotações interna e externa, com o ombro em abdução de 90 graus; importantes nas instabilidades e nas seqüelas de fratura.

d) Elevação, 0 a 180 graus, feita no plano da escápula, que é um movimento combinado da articulação glenumeral e escapulotorácica e, portanto importante na avaliação.

e) Flexão, elevação anterior no plano sagital.

f) Abdução, elevação lateral no plano coronal.

g) Extensão, elevação posterior no plano sagital.

Page 95: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

94

FIGURA 21 - Teste de diagnóstico úteis. EJNISMANN, Benno;MONTEIRO, Gustavo Cará; UYEDA, Luís Fernando. Ombro doloroso. Disponível em:http: www// apps.einstein.br/.../745-Einstein%20Suplemento%20v6n1%20pS133-137.p...Acesso em: 31 jul.2011.

A sensibilidade e a força muscular devem ser pesquisadas em toda

cintura escapular.

b) Testes Provocativos - Testes para Instabilidade

1) Sinal de apreensão anterior: colocar o membro superior em abdução de 90

graus e rotação externa, empurrar a cabeça umeral para frente; o paciente dará

sinais de medo e, além do fáscies apreensivo, reagirá movimentando o corpo

para evitar o deslocamento.

Page 96: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

95

2) Sinal de apreensão posterior: colocar o membro em flexão anterior de 90

graus, adução e rotação interna, com a escápula estabilizada, aplicar pressão

posterior no cotovelo; o paciente reagirá como no teste ante, conforme se

demonstra na figura abaixo.

FIGURA 22 - Testes provocativos. EJNISMANN, Benno;MONTEIRO, Gustavo Cará; UYEDA, Luís Fernando. Ombro doloroso. Disponível em:http: www// apps.einstein.br/.../745-Einstein%20Suplemento%20v6n1%20pS133-137.p...Acesso em: 31 jul.2011.

3) Teste da gaveta ântero-posterior: com a escápula estabilizada por uma das

mãos, segurar firmemente a cabeça umeral com a outra e aplicar uma força

para à frente e para trás, fazendo a translação da articulação; pode-se notar

Page 97: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

96

translação excessiva para anterior, posterior ou ambas, quando comparada

com o lado oposto.

4) Teste para mobilidade inferior anormal: com o membro em abdução de 90

graus, cotovelo apoiado no ombro do examinador, aplica-se pressão inferior

gradativamente.

5) Teste do sulco subacromial: com os membros ao longo do corpo, aplica-se

tração distal e aparece um sulco evidente entre o acrômio e a cabeça umeral,

podendo indicar frouxidão ligamentar global, comum nas instabilidades

multidirecionais.

Em síntese, se observou acima um roteiro básico, constando de

história, exame físico, exames laboratoriais e radiográficos, para a investigação

dos problemas mais comuns referentes ao ombro.

Page 98: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

97

6 CONCLUSÃO

Realizadas as considerações e delimitações necessárias, acerca da

“Relevância Pericial da Síndrome do Manguito Rotador como doença

incapacitante”, observa-se que o ombro é um órgão de choque, do Sistema

Nervoso Central. Algumas pessoas, quando submetidas a situações de

estresse emocional, sentem dores nas costas; outras apresentam dores e

distúrbios funcionais do sistema digestivo e do sistema cardiovascular, muitas

sentem dores nos ombros.

Todos esses fenômenos, aparentemente tão distintos entre si são,

na verdade, expressões físicas de distúrbios muito mais complexos, que tanto

podem ter origem no simples excesso de utilização do corpo, causado pelo

trabalho sem repouso suficiente, quanto pode ter sido originado em níveis

internos e intangíveis do nosso indissolúvel conjunto corpo-mente. Cabe ao

profissional de saúde, encarregado da atenção à saúde das pessoas que

trabalham, aprender a interpretar os fenômenos físicos e psíquicos presentes,

de maneira correta e, dentro de suas limitações, utilizar os seus conhecimentos

em benefício dos pacientes.

Todavia, posturas inadequadas, mantidas por muitas horas sem

interrupção, como pode ocorrer com profissionais que trabalham em postos

ergonomicamente inadequados, como digitadores, trabalhadores de linhas de

montagens, caixas de bancos, etc., produzem contratura muscular, dor e

impotência funcional dos membros superiores. Esse mesmo quadro, no

entanto, pode ser causado por situações que nada têm com o trabalho

Page 99: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

98

organizado. Pode acometer donas de casa que passam horas a fio fazendo

tricô; pode aparecer em pessoas que, num determinado final de semana

passaram horas deitadas em posição inadequada, assistindo televisão ou num

mecânico que, apesar de ser dono da oficina e de não ter que se submeter a

horas extras impostas pela empresa, ainda assim, não observa normas

ergonômicas de trabalho: passa dos limites trabalhando, durante horas, em

posições desajeitadas, porque tem prazos a cumprir, etc. Mesmo pessoas que

não trabalham em condições desfavor áveis podem apresentar síndromes

tensionais do pescoço, bastando para tanto que estejam enfrentando crises

verdadeiras ou imaginadas que acarretam sobrecargas emocionais

importantes.

Como o ombro tem estreita relação anatômica e funcional com a

região cervical, os estados de tensão do pescoço podem levar ao aparecimento

de dor referida ao ombro e mesmo de desequilíbrios funcionais que favoreçam

o aparecimento de síndromes do pinçamento subacromial.

Dessa forma, o manguito rotador é um grupo de músculos formado

pelos músculos Supraespinhoso, Infraespinhoso, Redondo menor e

Subescapular. Esses músculos cobrem a parte anterior, a superior e a posterior

da cabeça do osso do braço (Úmero). A função deles é fazer a rotação do

braço e manter o osso do braço bem conectado à escápula. A lesão é uma

distensão ou ruptura dos tendões dos mesmos.

Algumas vezes a lesão ocorre por algum trauma, como amparar

uma queda com o braço ou cair sobre o braço. Mas geralmente está

Page 100: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

99

relacionada à degeneração ligada à idade ou a falta de irrigação sanguínea

nesses músculos.

E também pode acontecer ao:

a) Levantar um objeto pesado.

b) Usar excessivamente o ombro em exercícios que exijam movimentos

repetidos do braço por sobre a cabeça.

c) Trabalhos manuais, como: pintar, podar árvores, etc.

Os pacientes comumente relatam dor no ombro por alguns meses,

que teve início após um movimento ou trauma específico. A dor é no ombro e

às vezes irradia para o braço. É comum sentir fraqueza no braço e perda do

movimento do ombro, especialmente movimentos do braço sobre a cabeça.

Alguns pacientes relatam dor noturna, que causa dificuldade para dormir.

O diagnóstico é feito pelo médico onde ele examinará o ombro à

procura de dor e rigidez enquanto o paciente movimenta o braço em todas as

direções. Ele questionará as características da dor. Normalmente o médico

pede um raio-x, para saber se houve fratura do osso, principalmente quando o

paciente sofreu uma queda.

Dependendo dos resultados o médico pode pedir:

a)Uma artografia, que é um raio-x tirado após um contraste ser injetado na

articulação do ombro, que realça as estruturas moles.

b)Ressonância Nuclear Magnética (RNM), que cria imagens do ombro e das

estruturas ao redor.

Page 101: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

100

c)Artroscopia, um procedimento cirúrgico, pelo qual um pequeno instrumento é

inserido dentro da articulação do ombro para que o médico possa visualizar

claramente o manguito rotador.

Algum tendão desses músculos pode inflamar-se e romper-se

parcialmente ou totalmente. O tratamento depende da gravidade da ruptura e

da dor. Se a ruptura for incompleta, ela cicatrizará sozinha, se não interferir

com as atividades do dia a dia.

O planejamento do tratamento inclui:

a) Sentar com a postura apropriada, com a cabeça e os ombros equilibrados.

b) Descansar os ombros, o que significa evitar movimentos abruptos e qualquer

atividade que cause dor ao levar o braço por sobre a cabeça.

c) Compressas de gelo 2 ou 3 vezes ao dia, por 8 minutos, seguidos de 3

minutos de pausa,esse ciclo deve ser repetido até completar 30 minutos.

d) Antiinflamatórios indicados pelo médico.

e) Fisioterapia para diminuir a inflamação, amenizar a dor e, então, fortalecer

os músculos.

Se a ruptura for total, pode ser necessário realizar uma Artroscopia,

que nesse caso é utilizada como cirurgia e não apenas para visualizar o interior

da articulação. As extremidades brutas de um tendão rompido podem ser

aparadas e deixadas para cicatrizar. Grandes rupturas podem ser costuradas.

Após a cirurgia, o plano de tratamento inclui fisioterapia para acelerar a

cicatrização, evitar formação de tecido fibroso, amenizar a dor, manter a

movimentação do ombro livre e fortalecer os músculos desta articulação.

Page 102: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

101

Registrar, também, todas as amplitudes articulares, com o intuito de

comparar com exames posteriores. Prognóstico geralmente favorável. A

recuperação total depende da gravidade da lesão e do tipo de tratamento.

Page 103: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

102

REFERÊNCIAS

ADLER, SUSAN S.; BECKERS, D.; BUCK, M. Facilitação neuromuscular proprioceptiva. São Paulo: Malone, 1999.

ALEXOPOULOS, E. C. et al. Prevalence of musculoskeletal disorders in dentists.

Disponível em: http://www.biomedcentral.com/. Acesso em: 24 jul.2011.

ALLANDER, E. Prevalence, Incidence and Remission Rates of some Common Rheumatic Diseases and Syndromes. Scand J Rheumatol v. 3, p. 145-153; 1974.

ALVES, Gisele Beatriz de Oliveira. Contribuições da Ergonomia ao Estudo da LER em Trabalhadores de Restaurante Universitário. 1995. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis, 1995.

ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. 2.ed. São Paulo: Pioneira, 1999.

AMERICANO, Maria José. Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/ Distúrbios Osteomúsculares Relacionados ao Trabalho. Instituto Nacional de Prevenção às LER/ DORT. Disponível em: <http://www.2.uol.com.br/prevler/oquee.html>. Acesso em:

ANTONAZ. Diana. A instituição de uma doença do trabalho. Texto apresentado ao GT 23 – Trabalhadores, Sindicatos e a nova Questão Social. XXIV ENCONTROANUAL DA ANPOCS. Rio de Janeiro, 22-26 out. 2002. Disponível em: http://sindicalismo.pessoal.bridge.com.br/textos2002.htm. Acesso em:25 jul.2011.

ANTONIO, Alda M. Apresentação. In: GONÇALVES, Rita de Cássia; CARDOSO, Flávio; RUEL, Maria. Doenças profissionais em processamento de dados. Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (SINDPDSP), 1987.

ANDERSSON, J.A.D. Rheumatism in Industry. A Review. Br I Ind Med v. 28, p.103-121,1971.

Page 104: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

103

ANTONALIA, Cláudio. LER/DORT prejuízos sociais e fator multiplicador do custo Brasil. São Paulo: LTr, 2001.

ARMSTRONG, T. J.; FOULKE, J. A.; JOSEPH, B.S. Investigation of Cumulative Trauma Disorders in a Poultry Processing Plant. Am Ind Hyg Assoc J v. 43, p.103-116, 1982.

ARMSTRONG, T. J.; FINE, L. J.; GOLDSTEIN, S.A. Ergonomics considerations in hand and wrist tendinitis. The Journal of Hand Surgery, v. 12, p. 830-837, 1987.

ARAUJO N. C; FERNANDES J. Á. Reumatismo de partes moles – I. Membros superiores. Temas de Reumatologia clínica. V.4, n.1, p.14 -19,2003.

BALINT, Michael. O médico, seu paciente e a doença. Tradução de Roberto Musachio. São Paulo: Atheneu, 2005.

BAMMER G. How Technologic Change Can Increase the Risk of Repetitive Motions Injuries. Seminars in Occupational Medicine, v.2, no. 1, março 1987.

_____;MARTIN, B. The arguments about RSI: An Examination. Community Health Studies,v.21, no. 3, p. 348-358, 1988.

_____. Work - related neck and upper limb disorders associated with office work - Prevalence and Causes, Aust NZ, 1989.

_____. Review of current knowledge-musculoskeletal problems. (L. Berlinguet and D.Berthelette (eds). North Holland: Elsevier Science Publishers B. V., 1990.

_____. Work-related neck and upper limb disorders - social, organisational, biomechanical and medical aspects. In: Anais do II Congresso Latino Americano e VI Seminário Brasileiro de Ergonomia. Florianópolis: Abergo/Fundacentro, 1993, p.23-38.

BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 3.ed. Florianópolis: UFSC. 1999.

BARBIERI, C. H.; MAZER, N.; CALIL, J. H. Síndrome do impacto do ombro: estudo comparativo dos resultados do tratamento cirúrgico pelas técnicas de Watson e de Neer. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 30, n.10, p. 753-760, out.1995.

Page 105: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

104

BARBOSA, Luís Guilherme. Fisioterapia preventiva nos distúrbios osteomúsculares relacionados ao trabalho – DORT‟s: a fisioterapia do trabalho aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A, 2002.

BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 3a ed. Florianópolis: UFSC. 1999.

BARREIRA, T. H. C. Abordagem Ergonômica da LER. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v.22,n.84, p.51-60, 1994 a.

_____. Fatores de risco de lesões por esforços repetitivos em uma atividade manual. 1994. Dissertação de Mestrado do programa de Pós-Graduação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994b.

_____. Abordagem Ergonômica da LER. Revista Brasileira de Saúde

Ocupacional, v.22,n.84, p.51-60, 1994 a.

_____. Fatores de risco de lesões por esforços repetitivos em uma atividade manual. 1994. Dissertação de Mestrado do programa de Pós-Graduação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994b.

BARTON, N. J.; HOOPER, G.; NOBLE, J. Occupational Causes of Disorders in the Upper Limb. BMJ v.304, p.309-311, 1992.

BELL, C. Partial Paralysis of the Muscles of the Extremities. In: The Nervous System of the Human Body 1a. ed. Washington: Duff Green 221; 1833.

BERNARDINO, Mônica T. S. M.; LEFÈVRE, Fernando. Lesões por Esforços Repetitivos – LER A Doença para o Indivíduo. In: Anais do IX Congresso Brasileiro de Ergonomia. Salvador: Abergo, 1999.

BJELLE, A.; HAGBERG, M.; MICHAELSON, G. Occupational and Individual Factors in Acute Shoulder-Neck Disorders Among Industrial Workers. Br J Ind Med, v. 38, p.356-363, 1981.

BLY, J.L.; JONES, R.C.; RICHARDSON, J.E. Impact of worksite health promotion on health care costs and utilization: evaluation of Johnson e Johnson & acutes Live for Live Program. JAMA, v.256, n.23, p.3235-3240, 1986.

Page 106: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

105

BRASIL. Instituto Nacional de Seguridade Social. Norma Técnica para Avaliação da Incapacidade sobre as Lesões por Esforços Repetitivos. Brasília, 1993. Disponível em: <http:// www.inss.gov.br/>.Acesso em: 27 jul.2011.

_____. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo Agrário 95-96. 1996. Disponível em: <http:// www.ibge.gov.br/. Acesso em: 10 jul.2011.

_____. Ministério da Previdência e Assistência Social. Atualização Clínica dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT. Seção 1, Brasília, 1997a. Disponível em: http:// www.mpas.gov.br/>. Acesso em: 29 jul.2011.

_____. Ministério da Previdência e Assistência Social. Norma Técnica para Avaliação da Incapacidade Laborativa. Seção 2, Brasília, 1997b. Disponível em: http:// www.mpas.gov.br/. Acesso em: 10 jul. 2011

_____. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora – 17 Ergonomia. Portaria nº. 3.435/90. Brasília, 1990. Disponível em: http:// www.mt.gov.br/. Acesso em: 10 jul.2011. _____. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Área São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005.

_____. Instrução Normativa. INSS/DC, n. 98, dez. 2003.

_____. Ministério da Previdência Social. Coordenação - Geral de Serviços Previdenciários – INSS. LER (Lesões por esforços repetitivos) - Normas técnicas para avaliação da incapacidade. Brasília, 1993.

_____. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde do Trabalhador. Diagnóstico, tratamento, reabilitação, prevenção e fisiopatologia das LER/DORT. Brasília: Editora MS, 2001.

_____. Ministério da Saúde. Representação no Brasil da OPAS/OMS. Doenças relacionadas ao trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde. Brasília: Editora MS, 2001.

_____. Ordem de Serviço INSS/DSS, n. 606, ago. 1998.

_____. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Área Técnica de Saúde do Trabalhador. LER/DORT dilemas,

Page 107: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

106

polêmicas e dúvidas. Brasília, 2001a, 23 p. Disponível em: http: //www.brasgolden.com.br.htm. Acesso: 25 jul.2011.

______Lesão por Esforços Repetitivos (LER). Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Brasília, 2001. Disponível em: http://www.brasgolden.com.br.htm. Acesso em: 22 jul.2011.

_____. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Área Técnica de Saúde do Trabalhador. LER/DORT dilemas, polêmicas e dúvidas. Brasília, 2001a, 23 p. Disponível em: http: //www.brasgolden.com.br.htm. Acesso: 25 jul.2011.

______Lesão por Esforços Repetitivos (LER). Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Brasília, 2001. Disponível em: http://www.brasgolden.com.br.htm. Acesso em: 22 jul.2011.

______.Ministério da Saúde. Perícia médica: Distúrbios Osteomusculares Relacionados Ao Trabalho – DORT, 2003. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/periciamedica/01_02.asp. Acesso em:20 jul.2011.

_____.Ministério da Previdência Social. Estatísticas de acidente do trabalho. Disponível em: http://previd%eancia%20social.gov.br/. Acesso em 26 jul.2011.

BONFATTI, Renato; VIDAL, Mario Cesar. O Uso de Órteses (Talas) para Prevenção de LER. In: Boletim da ABERGO. Rio de Janeiro: ago. v. 1. n. 2. p. 06-07, 1988.

BRITO, A. C. et al. Lesões por Esforços Repetitivos e outros acometimentos reumáticos em músicos profissionais. Revista Brasileira de Reumatologia, v.32, nº.2, 1992. BROWNE, C. D., NOLAN, B. M., FAITHFULL, D. K. Occupational Repetition Strain Injuries. The Medical Journal of Australia, mar., 1984.

BUCKLE, P. Musculoskeletal Disorders of the Upper Extremities: The Use of Epidemiologic Approaches in Industrial Settings. J Hand Surg v. 12A, p. 885-889, 1987.

BUSCHINELLI, José Tarcísio. Epidemiologia das doenças profissionais registradas no Brasil na década de 80. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública), Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, 1993.

Page 108: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

107

BUSSO, G. L. Proposta preventiva para laceração no manguito rotador de nadadores. Revista Brasileira de Ciências e Movimento,v.12,nº.3,2004.

CANDIDO, V.G. Saúde, Gênero e Trabalho: um estudo das lesões por esforços repetitivos “LER” na categoria metalúrgica de Belo Horizonte e Contagem. 1994. Dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1994.

CLARKSON, Hazel, M. Avaliação musculoesquelética: amplitude de movimento articular e força muscular manual. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

CHECCHIA, S. L.; SANTOS, P. D.; VOLPE Nº, F. V.; CURY, R. P. L. Tratamento cirúrgico das lesões completas do manguito rotador. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 29, n. 11-12, p. 827-836, dez. 1994.

CLELAND, L. G. “RSI”: A Model of Social Iatrogenesis. Med J Aust v.147, p.236-239, 1987.

CANNON, L. J.; BERNACKI, E. J.; WALTER, S. D. Personal and Occupational Factors Associated with Carpal Tunnel Syndrome. J Occup Med, v.23, p.255-258, 1981.

CARNEIRO, S.R.M.; COUTO, H.A. O custo das L.E.R. Proteção, p.31-34, out., 1997.

CHECCHIA, S.L.,Santos, P.D. Síndrome do impacto: tratamento cirúrgico. Revista Brasileira de Ortopedia, nº.26, p. 65-70, 1992.

CLELAND, L. G. “RSI”: A Model of Social Iatrogenesis. Med J Aust v.147, p.236-239, 1987.

COELHO, M. M. B; REIS, R. J. dos. Doenças músculo-esqueléticas dos membros

superiores de origem ocupacional. Belo Horizonte: Health, 1998.

CODO, W.; ALMEIDA, M. C. C. G (Org.). L.E.R. – diagnóstico, tratamento e prevenção. Petrópolis: Vozes, 1995.

COMPUTER Workstation Ergonomics. Centers for Disease Control and Prevention (CDC),Department of Health and Human Services (USA), revisado em agosto/2000, Disponível em: http://www.cdc.gov/od/ohs/Ergonomics/compergo.htm Acesso em:19 jul.2011.

Page 109: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

108

COSTA NETO, Pedro Luís de Oliveira. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher, 1977.

COUTO, Hudson de Araújo. Quatro Medidas Simples para Reduzir Drasticamente a Ocorrência de Tenossinovite (LER) nas Empresas. Informativo ERGO, nº. 50, 1994.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5.ed. São Paulo: Cortez/Oborá, 1987.

______; ABDOUCHELI, Elisabeth; JAYET Christian. Psicodinâmica do Trabalho. São Paulo: Atlas, 1994. p. 24-32.

DIAS, Elizabeth. A organização da atenção à Saúde no Trabalho. In: FERREIRA FILHO, Mário (org.) Saúde no trabalho. s/d. Disponível em: http: //www.medicina.ufmg.br/dmps/atencaosaudenotrabalho.rtf.htm.Acesso em:20 jul.2011.

DELGROSSO, I., BOILLAT, M. A. Carpal Tunnel Syndrome: role of occupation. Int. Arch. Occup. Environ Health, v.63, p.267-270, 1991.

DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia prática. São Paulo:Edgard Blücher, 1995.

EVANS, Ronald C. Exame físico ortopédico ilustrado. 2.ed. São Paulo: Manole, 2003.

FERNANDES, S. Tecnologia e Treinamento - no aparecimento das Lesões por Esforços Repetitivos: o caso da NPD da UFSC. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenhariade Produção)-Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

FERREIRA JUNIOR, M.;CONCEIÇÃO G.M.;SALDIVA P.H. Work organization is significantly with upper extremities musculoskeletal disorders among employees engaged ininteractiva computer- telephone tasks of an international bank subsidiary in São Paulo, Brazil. Am J Ind Med. 1997 apr.; 31 (4): 468 – 73.

FERREIRA, M. C. P. Bancários Portadores de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho e Identidade Profissional. Estudos Goiânia, v. 28, n. 4, p. 746 -781,jul./ago. 2001.

Page 110: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

109

FINE, L.J.; SILVERSTEIN B. A.; ARMSTRONG T. J.; ANDERSON, C. A.; SUGANO D.S. Detection of Cumulative Trauma Disorders of Upper Extremities in the Work Place. J. Occup Med, v.28, p.674-678, 1986.

FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. Tradução Roberto Machado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994.

FONSECA, A. G. Lesões por Esforço Repetitivo. Revista Brasileira de Medicina. Jun; 1998. Disponível em: http:// www.ler.org.br/. Acesso em: 25 jul.2011.

FRANCO, Giuliano. Ramazzini and workers' health. The Lancet, v. 354, n. 9181, p.858-861, 04, sept.,1999.

FREITAS, Nilton. Manual de ação sindical em saúde do trabalhador e meio ambiente. São Paulo: Kingraf , 2000.

FREDERICK, L. J. Cumulative Trauma Disorders. Official Journal of the American Association of Occupational Health Nurses, v. 40, no. 3, march 1992.

FRYMOYER, JW.; CATS-BARIL, W. Predictors of low back pain disability. Clinical Orthopaedics and Related Research, n.221, p.89-97, 1987.

GELBERMAN, R. H.; HERGENBRODER, P. T.; HARGENS, A. R. The Carpal Tunnel Syndrome: a study of carpal pressure. J Bone Joint Surg, v. 63A, p.380-383; 1991.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2000.

GRANDJEAN, Etienne Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

GREENBERG, P.E.; FINKELSTEIN, S.N.; BERNDT, E.R. Calculating the workplace cost of chronicdisease. Business & Health, v.13, n. 9, p.27-30, 1995.

GREVE, Julia, M.; AMATUZZI, M. M. Medicina de reabilitação aplicada à

ortopedia e traumatologia. São Paulo: Roca, 1992.

Page 111: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

110

GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1985.

GOMES, Arlindo. A Responsabilidade das empresas em reduzir e eliminar a nocividade do trabalho: enfoque e experiências. In: MENDES, René (Org.). Patologia do trabalho. São Paulo: Atheneu, 2003.

GONZAGA, Paulo. Perícia médica da previdência social. São Paulo: Editora LTr, 2004.

GROWERS, William R. A Manual of Diseases of the Nervous System. Vol. 2. London: Churchill, 656.676; 1888.

GUÉRIN, F.; LAVILLE, A.; DANIELLOU, F.; DURAFFOURG, J.; KERGUELEN, A. Compreender o Trabalho para Transformá-lo: A Prática da Ergonomia. São Paulo: Edgard Blücher, 2001.

GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo; ANTUNES JÚNIOR, José Antônio Valle. In: Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

HELFENSTEIN, Milton; FELDMAN, Daniel. Prevalência de síndrome da fibromialgia em pacientes diagnosticados como portadores de lesões por esforços repetitivos (LER). Revista Brasileira de Reumatologia, v. 38, n. 2, p. 71-77, 1998.

KINDER, T. The Use of Call Centers by Local Public Administrations. Departmentof Business Studies. University of Edinburgh, Scotland, UK. Elsewhere Science Ltd., 2001.

LECH O; SEVERO A. Ombro e cotovelo. In: HEBERT S; XAVIER, R; PARDINI JUNIOR,A.G et al. Ortopedia e traumatologia. 3.ed. São Paulo: Artmed; 2003.

LIMA, A; OLIVEIRA, F. Abordagem psicossocial da LER: ideologia da culpabilização e grupos de qualidade de vida. In: CODO, W; ALMEIDA, M.C.C.G. L.E.R - lesões por esforços repetitivos. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

LIMA, A et al. Contribuições da psicologia social para o estudo das lesões por esforços repetitivos (LER): Contribuindo uma agenda para a superação dos efeitos da organizaçãodo trabalho na saúde do trabalhador. Contribuições da Psicologia Social Instit., Londrina, v. 2, n.2, p.149-175,dez.2000.

Page 112: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

111

LIMA, Francisco de P. A. Contradições Sociais e Representações das Doenças Ocupacionais: o caso das Lesões por Esforços Repetitivos. In: I Conferência de Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental de Piracicaba e região. Piracicaba, 2003.

LIMA; ASSUNÇÃO; FRANCISCO. Aprisionado pelos Ponteiros de um Relógio: O Caso de um Transtorno Mental Desencadeado no Trabalho. In: JACQUES, M; CODO, W.(orgs.).Saúde mental & trabalho: leituras. Petrópolis: Vozes, 2002.

MAROFUSE N.T, MARZIALE M.H. Changes in the work and life of bank employees withrepetitive strain injury: RSI. Revista Latino- America de Enfermagem, v. 9, n. 4, p. 19-25, jul. 2001.

MENDES, René. Conceito de patologia do trabalho. In: Patologia do trabalho. São Paulo: Atheneu, 2003.

MOORE, K. L. Anatomia orientada para a clínica. 3. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 1994.

MORELLI, R. S. S.; VULCANO, D. R. Princípios e procedimentos utilizados na reabilitação das doenças do ombro. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 28, n. 9, p.653-656, set. 1993.

NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. NICOLETTI, S. J.; CARRERA, E. F.; ARCHETTI Nº, N.; VIVEIROS, M. E. N.; MANETTA Fº, E. Tratamento Artroscópico da Síndrome do Pinçamento Subacromial, com e sem Acromioplastia. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 33, n.5, p. 333-336, maio 1998.

_____. Literatura continuada de LER – Fascículo 1, 2005. Disponível em: <http://www.brisol.com.br/saúde/ler_dort/fasc1/l110.htm>. Acesso em: 20 jul. 2011.

OLIVEIRA, Regina Márcia Rangel de. A abordagem das lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomoleculares relacionados ao trabalho - LER/DORT no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Espírito Santo - CRST/ES. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2001.

Page 113: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

112

ORSO, Paulino José et.al. Reflexões acerca das lesões por esforços repetitivos e a organização do trabalho. Revista Online Biblioteca Prof. Joel Martins, Campinas, SP, v.2, n.2, 47-58, fev. 2001.

PEGO, C; CARNEIRO, C; ALMEIDA, E. História da LER no Brasil. In: OLIVEIRA et al.Manual prático de LER: Lesão por Esforço Repetitivo. 2 ed. Belo Horizonte: Livraria e Editora Health, 1998.

PENNELLA, I. Uma jornada de sofrimento. 2000. 198f. Dissertação (Mestrado em Sociologia)-Departamento de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade de São Paulo,São Luís – MA, 23 a 26 de agosto 2005,São Paulo.

RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. Tradução de Raimundo Estrela. São Paulo: FUNDACENTRO, 1999.

REIS, Ricardo J. et al. Perfil da Demanda Atendida em Ambulatório de Doenças Profissionais e a Presença de Lesões por Esforços Repetitivos. Revista da Saúde Pública, v. 34, n. 3, jun. 2000.

PEREIRA, V. C. G. A contribuição da ergonomia no registro e prevenção das LER/DORT nas centrais em atendimento: um estudo de caso. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)- Programa de Pós-graduação em Engenharia deProdução. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2001. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA. Como diagnosticar e tratar ombro doloroso. v. 57,dez. 2000.

SALTER, Robert B. Distúrbios e lesões do sistema músculo esquelético. 3.ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2001.

SANTOS, V; CHAVES, J.M.F.; PAVÃO, J.C.; BIJOS, P. Projeto Ergonômico de Centrais de Atendimento. Anais do IX Congresso Brasileiro de Ergonomia – ABERGO, 1999.

SANTOS, P.S.; BONAMIN, C.; SOBANIA, L.C.; OTSUKA, N.; SOBANIA, R.L. Síndrome do Impacto: Resultados do Tratamento Cirúrgico. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 30, n. 9, p. 655-659, set. 1995.

SETTIMI, Maria Maeno. Lesões por Esforço Repetitivo. Caderno de Saúde do Trabalhador, São Paulo, n. 08, 2001. Disponível em:http://www.coshnetwork.org/caderno8%20ler.pdf. Acesso em:19 jul.2011.

Page 114: A RELEVÂNCIA PERICIAL DA SÍNDROME DO MANGUITO … · FIGURA 16 – Lesão de tendões supraespinhoso e subescapular.....77 FIGURA 17 – Imagem do corte axial de ressonância magnética

113

_____. Diagnóstico, tratamento, reabilitação, prevenção e fisiopatologia das LER/DORT. CEST, 2000.

SEVERO, Carini et.al. Lesões por Esforços Repetitivos – Distúrbios Osteomúsculares Relacionados ao Trabalho (LER/ DORT): A Mais Nova Epidemia na saúde publica Brasileira. Revista FisioWeb, 2006. Disponível em: http://www.wgate.com.br/fisioweb/traumato.asp. Acesso em:20 jul.2011.

SOUTO, Daphnis. Saúde no trabalho: uma revolução em andamento. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2004.

SOUZA, Marcial, Z. de. Reabilitação com complexo do ombro. São Paulo: Malone, 2001.

TEIXEIRA, M. J.; PIMENTA, C. A. M. Avaliação do doente com dor. In: TEIXEIRA,M. J.; FIGUEIRÓ, J. A. B. Dor – Epidemiologia, fisiopatologia, avaliação, síndromes dolorosas e tratamento. São Paulo: Moreira, 2001. p. 58-68.

WHITING, Willlian C.; ZERNICKE, Ronald F. Biomecânica da lesão musculoesquelética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2002.

YOUNG, S. Terapia por ultra-som. In KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton. 10. ed. São Paulo: Manole, 1998.