51
70 5 A representação gráfica do desenho no Design de Moda 5.1 Ferramentas e recursos para o desenvolvimento projetual. Para a projetação de peças do vestuário, um ferramental se constitui, englobando desde tecidos inteligentes até papel, que age como suporte físico para a realização da ferramenta essencial – o desenho. A representação gráfica do desenho, que interessa a este estudo, se sustenta no desenho de moda à mão livre enquanto recurso determinante da fruição das ideias e da criação do designer de moda. O desenho à mão livre é um instrumento “simples, mas, ao mesmo tempo, tão intrinsecamente elástico, que permite a narração, dos mais diversos modos, da complexidade” (Massironi, 1996, p.17), sendo um potencializador da criatividade na concepção projetual. É a utilização do desenho como meio de expressão a serviço do projeto, ou seja, um suporte indispensável, e insubstituível, ao processo projetual do Design de Moda. Aqui se faz necessário esclarecer as diferentes terminologias e as especificidades de cada desenho, com suas características e delimitações, utilizadas pelo designer de moda durante sua trajetória acadêmica e profissional. Os diferentes tipos de desenho de moda utilizados para a indústria de vestuário, mesmo que intrinsecamente interligados e interrelacionados, por possuírem elementos de ligação entre si, ainda geram confusões no ensino e aprendizagem do desenho de moda para ideação projetual. Por possuir características específicas, o desenho vai mudando em função da etapa em que ele é utilizado pelo designer na trajetória do processo de ideação projetual: 1. Croqui de moda: desenho inicial do projeto que representa a ideia de uma peça de roupa sobre um corpo, como suporte, representado pela figura de moda (estilizada ou na proporção da figura humana). Fase exploratória cuja finalidade é criar sem preocupação de respostas

A Representação Gráfica Do Desenho No Design

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Para a projetação de peças do vestuário, um ferramental seconstitui, englobando desde tecidos inteligentes até papel, que age comosuporte físico para a realização da ferramenta essencial – o desenho. Arepresentação gráfica do desenho, que interessa a este estudo, sesustenta no desenho de moda à mão livre enquanto recurso determinanteda fruição das ideias e da criação do designer de moda.

Citation preview

  • 70

    5 A representao grfica do desenho no Design de Moda

    5.1 Ferramentas e recursos para o desenvolvimento projetual.

    Para a projetao de peas do vesturio, um ferramental se constitui, englobando desde tecidos inteligentes at papel, que age como suporte fsico para a realizao da ferramenta essencial o desenho. A representao grfica do desenho, que interessa a este estudo, se sustenta no desenho de moda mo livre enquanto recurso determinante da fruio das ideias e da criao do designer de moda.

    O desenho mo livre um instrumento simples, mas, ao mesmo tempo, to intrinsecamente elstico, que permite a narrao, dos mais diversos modos, da complexidade (Massironi, 1996, p.17), sendo um potencializador da criatividade na concepo projetual. a utilizao do desenho como meio de expresso a servio do projeto, ou seja, um suporte indispensvel, e insubstituvel, ao processo projetual do Design de Moda.

    Aqui se faz necessrio esclarecer as diferentes terminologias e as especificidades de cada desenho, com suas caractersticas e delimitaes, utilizadas pelo designer de moda durante sua trajetria acadmica e profissional. Os diferentes tipos de desenho de moda utilizados para a indstria de vesturio, mesmo que intrinsecamente interligados e interrelacionados, por possurem elementos de ligao entre si, ainda geram confuses no ensino e aprendizagem do desenho de moda para ideao projetual. Por possuir caractersticas especficas, o desenho vai mudando em funo da etapa em que ele utilizado pelo designer na trajetria do processo de ideao projetual:

    1. Croqui de moda: desenho inicial do projeto que representa a ideia de uma pea de roupa sobre um corpo, como suporte, representado pela figura de moda (estilizada ou na proporo da figura humana). Fase exploratria cuja finalidade criar sem preocupao de respostas

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 71

    definitivas. registro e ao como instrumento de investigao com traos livre, soltos e dinmicos, para estudos das variaes, combinaes e possibilidades oferecidas por cores, formas e materiais, destacando apenas aspectos importantes. Esboo ainda inacabado do pensamento em processo, aproximativo, tateante, registro de um trao reflexivo que experimenta possibilidades. Aquele desenho que se faz enquanto se fala e se pensa, o registro plstico de um pensamento em curso (Rozestraten, 2006), como evidenciam as Figuras 8 e 9, a seguir.

    Figura 8: Desenho1 Croqui de moda Figura 9: Desenho2 Croqui de moda

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2009)

    2. Desenho de moda: o desenho que representa o produto final do projeto das peas de roupa sobre um corpo, como suporte, representado pela figura de moda, desenhada com os complementos como sapatos, echarpes, bolsas, chapus ou bijuterias, como na Figura 10. So desenhos realizados para a visualizao e interpretao dos detalhamentos do produto final. So funcionais e informativos, por isso, feitos com maior grau de preciso. Caracterizam tecidos que especificam sua materialidade, cor, texturas, estampas, ou outros materiais, com recursos criativos no campo da tcnica, dando maior impacto visual

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 72

    criao. So desenhos de registro ou de referncia do objeto criativo e esttico.

    Figura 10: Desenho. Figura de moda vestida

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2011)

    3. Desenho tcnico de moda: so desenhos operacionais para a etapa do desenvolvimento do produto direcionado para a modelagem e confeco, como na Figura 11. Seguem padres e so normatizados pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT. Bidimensionais, diagramados, especificam cortes, costuras e complementos da pea de roupa em linguagem especfica e comum ao profissional que ir confeccionar ou produzir a roupa (tridimensionalmente). O uso das normas tcnicas possibilita a visualizao e interpretao do produto tanto para confeccionar uma nica pea de roupa exclusiva, como para produo em srie.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 73

    Figura11: DesenhoTcnico de Moda

    Fonte: Aula de Puls (2009).

    Em um projeto de produto de design de vesturio, o desenho tcnico acompanha a representao dos modelos das peas de roupas projetadas. Na Figura 12, pode-se visualizar o produto pronto, a parte final de um projeto de produto de vesturio. O vestido um dos modelos de roupa da coleo projetada - item 2, descrito acima, com o seu respectivo desenho tcnico, item 3 - confeccionado pela aluna Stella Sapper para o Desfile de Formatura 2010. Atividade que consta na grade curricular do curso de Bacharelado em Moda com Habilitao em Estilismo da Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC.

    Figura 12: Foto.Produto de vesturio pronto

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 74

    Fonte: Acervo particular Stella Sapper.

    4. Ilustrao de moda: so desenhos que procuram representar os conceitos abstratos e subjetivos, Figuras 13 e 14, substituindo, em muitos casos, a fotografia em editoriais de moda. A ilustrao mostra o produto de vesturio pronto, mostra o conceito da marca, trabalhando a figura de moda num contexto diferenciado. O processo de criao livre, ou seja, no necessita de planejamento projetual, podendo utilizar diferentes e mltiplos tipos de expresso grfica, como tambm diferentes tcnicas de apresentao: colagem, suportes diferenciados etc. Cabe lembrar que esta modalidade de ilustrao tambm serve de registro da moda de determinada poca. Figura 13: Ilustrao de moda 1 Figura 14: Ilustrao de moda 2

    Fonte: Aulas ministradas por Puls (2009).

    5. Desenho de figurino: so desenhos que representam trajes usados por personagens de produo artstica: cinema, teatro, como nas Figuras 15 e 161. Para projetar os figurinos, o designer dever conhecer o enredo a ser tratado, pois a roupa criada tem que revelar muito dos personagens. A figura de moda construda nas propores da figura humana. H fatores, como poca em que se passa a trama, tipo fsico dos atores, perfil psicolgico do personagem, que devem ser considerados. Importa tambm a sintonia com luz, feita pelo diretor de arte, pois a mesma ir refletir nas cores dos figurinos. O desenho tcnico tambm compe o projeto de figurino.

    1 Estes desenhos concedidos pela aluna Alice Yumi esto tambm disponveis em

    http://www.flickr.com/photos/aliceyumi/2577143442/in/photostream.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 75

    Figura 15: Desenho de Figurino 1 Figura.16. Desenho de Figurino 2

    A interao das diferentes formas de apresentar o desenho tem grande importncia para o desenvolvimento de um projeto para a indstria de vesturio, como se pode ver no Quadro 3. As setas procuram demonstrar a ideia de um sistema de interao e as possibilidades entre os diferentes tipos de desenhos. So conhecimentos, na rea de Moda, considerados dinmicos, portanto, nos estanques ou separados uns dos outros. Possuem um forte elo de interatividade entre si que permitem ao aluno desenvolver habilidades e competncias prprias de cada um deles, necessrias para o desenvolvimento de um projeto de design que priorize a criatividade e a inovao.

    Quadro 3: Sistema de interao dos diferentes tipos de desenhos.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 76

    Fonte: Montagem da autora, a partir de Batista (2010)2. Ao fixar as estruturas bsicas para as Diretrizes Curriculares nos

    cursos de graduao na rea de formao de Design de Moda, imprescindvel tomar em considerao a importncia das disciplinas de desenho, porque o ensino e aprendizagem das diferentes tipologias de desenho devem ocorrer em concomitncia para que o aluno possa ter a viso do todo, do entendimento de quando e porque determinado tipo de desenho utilizado pela indstria txtil e de confeco.

    O percurso de forma coerente por todo o processo de desenho para a indstria de vesturio permite construir a pea de roupa com volume e cores (Quadro 4). O aluno trabalha com o croqui, seguido do desenho de moda, porm, como a pea deve ser produzida, ele precisa se exercitar pelo desenho tcnico. Se num passo a diante o aluno desejar trabalhar a subjetividade da pea de roupa, ento, ele precisar dos conhecimentos sobre os processos de ilustrao de moda.

    2 Material disponibilizado durante uma aula sobre Desenho Tcnico X Desenho de Moda

    e Ilustrao de Moda: desenho voltado para a indstria de vesturio. Aula proferida pela professora Dr Mrcia Luiza Frana da Silva Batista, na Universidade Federal de Minas Gerais em jun/2010.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 77

    Quadro 4: Interrelao dos desenhos para a indstria de vesturio.

    Fonte: Montagem da autora, a partir de Batista (2010).

    Conforme mostram os quadros 3 e 4, diferem os tipos de desenhos utilizados pelo designer para a comunicao de suas ideias projetuais

    [...]reconhecer as possibilidades e as limitaes de cada um dos meios em foco, a interao complementar entre os desenhos pode compensar as restries de cada meio isolado, e ampliar as possibilidades de dilogo sobre o projeto (Rozestraten, 2006).

    Estas diferenciaes entre as formas de representao de desenho na rea de Moda iro comprovar o modo como os fins diversos, para que foi executado um desenho conduzem "a escolher e a representar caractersticas diferentes do objeto tomado em exame; e por isso com recursos tcnicos apropriados (Massironi, 1996, p.75). O desenho criado para materializar a ideia, o momento de concepo e criao em suportes. So os modos manuais de desenho, visando representao de um produto final que ainda virtual, ou seja, no existe fisicamente, indo existir apenas na representao visual de sua imagem.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 78

    O designer de moda sente a necessidade de expressar-se atravs de seus desenhos e de suas produes. Tal expresso criadora resultante da interao entre o designer e seu meio ambiente, proporcionada por suas experincias sensoriais e cognitivas. O desenho esttico da figura de moda uma das muitas maneiras, alm do prprio produto e de suas diferentes maneiras de ser produzido, que o designer tem de mostra que suas criaes, iniciadas pelo pensamento, podem se transformar em um produto de design inovador e significativo.

    Em decorrncia dos fatos acima mencionados, considera-se o desenho como ferramenta, ou o conjunto de instrumentos (lpis, tintas, suporte/papis, e o desenho mo livre) que o designer usa para explorar a complexidade de todo esse processo de ideao projetual. Os desenhadores se munem de implementos particulares, sendo o uso de ferramentas grficas[...]uma parte importante dos processos naturais de projetar (Cross, 2004, p.134).

    O desenvolvimento das peas de roupas de um projeto de design de vesturio se processa em etapas. As peas de roupas primeiramente so criadas e desenhadas, usando-se a figura de moda como suporte, depois se desenha o produto tecnicamente, quando aprovadas pela pessoa responsvel pelo projeto, so construdos os prottipos das peas de roupas, que tambm so submetidos a aprovao. Somente depois desse processo, as peas de roupas projetadas sero produzidas e confeccionadas pelas indstrias, por equipes compostas no s por designers, mas por engenheiros txteis e costureiros. So fabricadas com matria-prima recente e tecidos da ps-modernidade, criados com artifcios que respondam inteno de propiciar no s esttica, ou de obedecer a um estilo, mas ergonomia e maior conforto do usurio. Para esta ltima finalidade, adaptam-se a variaes de temperatura do corpo, h camisas que leem frequncia cardaca e respiratria, entre outras inmeras utilidades da tecnologia posta a servio do vesturio.

    A exemplo, o aprimoramento de fios digitais inaugura possibilidades para esta indstria contempornea: a criao de roupas

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 79

    computadorizadas3, para fins de dar portabilidade a computadores e equipamentos, dispensando-se prender ao corpo dispositivos eletrnicos. Surge o vesturio computadorizado, pesquisadores testam a organza de seda, por ser feita de duas fibras que tornam este tecido um condutor de eletricidade, em detrimento do algodo, polister ou cetim, sem as propriedades necessrias para transportar corrente eltrica s roupas digitais.

    A constatao de um crescimento tecnolgico contnuo e veloz demanda que um profissional de moda esteja no s constantemente atualizado, mas abalizado para o desenho, de modo a conduzi-lo como meio de inovao de formas, processos e materialidade de cada produto.

    Dentre as ferramentas para o desenvolvimento projetual, o papel um dos suportes mais recorrentes entre os designers. sobre este apoio a seu servio que eles visualizam solues, refletem sobre suas criaes, desenvolvendo formas, materializando plasticamente seus pensamentos. Desenhando, percebem detalhes. Brincam e conversam com as linhas do estgio inicial de uma obra apenas delineada. Enfim, finalizam a representao dos produtos idealizados, porque sem fixar no traado rabiscos e esboos a sucesso de ideias, difcil para o desenhador solucionar problemas mais intrincados, pensar com o lpis na mo (Cross, 2004, p.140), sendo estas aes que permitem que se represente graficamente o que imaginamos, a fim de podermos materializar nossas ideias (Gomes, 1997, p.20).

    O papel4 merece descrio detalhada, porque, para cada tipo de concepo projetual haver tambm um tipo de papel, a partir da qualidade de fabricao, textura, gramatura, cor, alvura, transparncia, opacidade. Importa inclusive ao desenho mo livre, pela capacidade de reteno, no caso do uso de grafite, ou de absoro, quando tinta. No desenho, Figura 17, visualiza-se a experincia do aluno, ao representar uma figura sobre trs diferentes tipos de papel: na primeira parte o

    3 Disponvel em: http://informatica.hsw.uol.com.br/roupas-inteligentes.htm. Acesso em:

    24 jun.2011. 4 PULS. Disciplina Desenho de Moda. Ps - graduao. Gesto do Produto, 2010.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 80

    chamado casca de ovo, na segunda parte o papel verg cinza claro, na terceira parte trabalhado o papel canson branco e na ltima parte o papel o verg cinza escuro. Esta vivncia visava entender o nvel de influncia da superfcie do suporte/papel e da cor, uma vez que a cor e o trao podem sofrer alteraes, quando afetados pelo papel. Assim, em uma extenso spera, o traado se fragmenta em consequncia da irregularidade, resultando a configurao do todo em reas com padres desiguais.

    Figura 17: Desenho. Experincia sobre papis.

    1 papel casca de ovo

    2 papel verg cinza claro

    3 papel canson branco

    4 papel verg cinza escuro

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2009).

    Dentre os papis5 mais utilizados pelos alunos, futuros designers, desde as experimentaes de ensino do desenho mo livre ao processo projetual de design, realizados nas aulas de Desenho Artstico de Moda, esto:

    Papel Canson: cujo nome Debret; poroso e aveludado, serve aos lpis grafite e de cor, aguada de nanquim, guache ou aquarela. Papel Fabriano: original da cidade italiana de mesmo nome6, de algodo, feito mo ou pelo processamento mano-mquina; texturizado em vrios tons pastis; selecionado para trabalhos com aquarela ou lpis de cor. Papel couch: brilhante, revestido com camada de cola e pigmento; boa aceitao de nanquim. Papel casca de ovo: branco ou em cores, rugoso,

    5 Papis. Disponvel em: www.ivanacubas.com.br/papeis.html. Acesso em: 30 out.2009.

    6Disponvel em: www.fedrigoniclub.com/pt/sabias/quien-invento-el-papel-y-su-relacion-con-fabriano/. Acesso em: 30 out. 2009.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 81

    efeitos satisfatrios com lpis de cor, giz cera ou materiais secos. Papel Ingres: macio; para desenhos a pastel; em cores claras. Papel verg: deixa vista os sinais dos fios metlicos que formam o molde em que fabricado (Fernndes e Roig, 2009, p.26). Bom para desenhos com lpis de cor, guache e pastel. Tem boa apresentao para os books de coleo de moda. Papel vegetal: de transparncia e qualidade superior ao papel manteiga, permite a passagem de luz, facilitando a cpia; serve para produzir bons efeitos em desenhos de ilustraes de moda. Papel artesanal: prensado praticamente mo, sendo por isso spero e irregular. mais apropriado para um projeto de design de vesturio de inverno, produzido industrialmente ou roupas mais artesanais, pelas caractersticas inerentes a esse tipo de vesturio: com mais texturas, tecidos mais pesados, ls etc.

    Papis com bom grau de alvura so recomendados, quando se trata de reproduo de tcnicas plsticas secas ou midas, tanto mono como policromticas. Sendo mais indicados, os levemente amarelados, com alto grau de opacidade, pois evita o cansao visual e a transparncia para o verso da folha, o que essencial para a apresentao das figuras de moda, desenhadas nos books de coleo de moda. Para o designer em formao, essas vivncias em diferenas de cores e tonalidades, gramaturas e texturas so importantes no s no sentido de habilit-los, mas tambm para a desenvoltura do processo projetual no que diz respeito a incentivar a ideao e oportunizar o incio de um estilo pessoal e autoral.

    O papel , portanto, ferramenta participante do cotidiano do designer, para configurar os produtos. O termo configurar, para Coelho (2008, p.169), numa rea em que a atividade projetual a essncia de sua atuao, tem como significado geral o ato de dar forma ou figurar, ou de representar algo, sem a necessidade de informar o seu contedo (ou significado) interno. O contedo desenhado no interior da imagem a forma, que no pode ser entendida isoladamente do contedo e, mais: ela que permite a visualizao do contorno, ou seja, no se pode tratar forma e contedo como entidades estanques. Se o contedo manifesta-se

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 82

    atravs da forma, esta, por sua vez, representa o contedo (Salles, 2006, p.73).

    Nestes termos, a forma de uma roupa consiste no conjunto das disposies dos elementos: cores e tons, dimenses, texturas. Portanto, contedo interno capaz de afetar os sentidos da viso e do tato (texturas). O feitio da pea, por exemplo, um casaco longo com mangas largas, faz parte da forma deste casaco. Como resultado, a configurao passa a ser o limite grfico entre fundo e figura. So entendimentos mais abrangentes do desenho, que dentro da linguagem plstica de moda, cumprem o papel de ferramenta.

    Verificou-se durante as experincias realizadas com os Mdulos de Ensino que a representao bidimensional limitava a visualizao da ideia do produto como um todo. Na representao grfica dos modelos de roupas desenhadas com todos os critrios de caracterizao de tecidos e criao, exigidos pela indstria txtil e de confeco para produzi-las, pelo carter plano do suporte/papel, a imagem da figura de moda ao ser representada em duas dimenses, dificultava a leitura da informao e comunicao contidas em suas configuraes. Mesmo com emprego de tcnicas plsticas de sombreamento, demonstrando volume e profundidade. Para se examinar, identificar e ver com preciso todos os detalhes da pea de design de vesturio criada necessrio, portanto, que a figura de moda seja desenhada de frente, de costas, de lado e de perfil, como aponta o desenho na Figura 18, contendo o que chamamos de projees da figura de moda. Mesmo sendo um processo mais complexo, o recurso de que se tem utilizado o designer para concretude de suas ideias. Figura 18: Desenho. Projees da figura de moda

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 83

    Fonte: Adriana M. Montanheiro (2010).

    O aprimoramento das tcnicas plsticas, alm dos procedimentos de expresso grfico-visual, meio que possibilita mostrar os efeitos de panejamento, das formas e caracterizao visiva das peas, alm de detalhes dos movimentos dos tecidos, na figura vestida, como mostrado no desenho da Figura 19, imagens visuais das ilustraes. Figura 19: Desenho. Panejamento

    Fonte: Aula ministrada por Puls, 2011.

    Nas experincias realizadas pelas tcnicas de aprendizagem, o desenho , portanto, ferramenta de investigao, uma busca pessoal, no constituindo um mtodo. uma procura que se efetua por meios grficos ou elementos constitutivos, conforme ser visto no item 4.2.Trata-se de uma preocupao com a construo e composio da estrutura formal (abstrata ou figurativa) dos produtos de vesturio.

    Como ferramenta desta investigao no s grfica, mas de estudos sobre os recursos dos materiais expressivos e plsticos, aliados a tcnicas para construo da organizao visual formal na ideao projetual, o desenho oportuniza, na ao:

    1. Aguar a observao e a percepo visual;

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 84

    2. Emprestar leveza, destreza e fluncia e/ou experincias no trao para a configurao projetual;

    3. Dar capacidade de organizao e composio espacial; 4. Promover apropriao, abstrao e domnio de formas de

    materialidade fsica, imagtica e de referncias, atravs de imagens visuais;

    5. Dar capacitao para a representao grfica, pela utilizao dos elementos formais e compositivos: equilbrio, ritmo, entre outros, e pela integrao dos elementos espaciais, estruturais e formais (linhas, texturas, planos e cores);

    6. Ofertar experincias de selecionar, distinguir, compreender e descobrir reas de interesse em um objeto bidimensional e/ou tridimensional;

    7. Experienciar atividades de aprendizagem do desenho de moda pela integrao de tcnicas e materiais com fins projetuais de moda/vesturio;

    8. Capacitar a criao e configurao de novos objetos, como roupas e complementos;

    9. Dar capacitao de construo da figura de moda e seus complementos.

    Verificou-se que estas experincias, vivenciadas por alunos em um conjunto significativo de atividades operacionais, tais como: seleo, captao, explorao ativa, tentativas e erros permitem, tambm, mobilizar conhecimentos e informaes.

    5.2 Estruturas e experimentos formais e plsticos. Todos os objetos construdos para concepo projetual so

    compostos por elementos visuais que constituem a sua substncia bsica: ponto, linha, forma, direo, cor, tom, dimenso, escala, movimento, plano e textura (Dondis, 1991, p.50). Como a prpria autora menciona, a escolha dos elementos visuais, e a manipulao desses elementos, est na mo do artista e do designer, significando que as opes so infinitas. Utilizando estes elementos, manuseando-os, o futuro designer cria imagens visuais, texturas, estampas, compondo e

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 85

    configurando as formas projetuais de design de moda, conforme seu repertrio, meio utilizado e ordenao, tendo em vista o efeito pretendido pela representao visual. A utilizao destes elementos d liberdade de ao e criao aos designers de moda.

    Para conceituar os elementos do desenho de acordo com Gomes (2006, p.37), tanto pela forma geomtrica quanto da forma da natureza, tem-se: Os elementos grfico-conceituais, para a definio da forma, so: ponto, linha plano, volume; os elementos grfico-visuais so percebidos em sua dimenso e proporo; os elementos de relao estabelecem regras de associao entre as formas, tais como: direo, posio, espao, equilbrio, ritmo e gravidade (Gomes, 2006, p.37). Das tcnicas plsticas, so tomados o lpis grafite e de cor, aquarela, pastel, nanquim, rotulador ou marcador, guache etc., complementando a equipagem de utenslios do desenho mo livre. Estes so meios que no possuem regras nem cdigos. Cada designer os interpreta conforme sua viso e repertrio, determinando as estruturas e relaes formais que interligam os elementos constitutivos. a sintaxe da linguagem visual. Na aquisio e conhecimento progressivo dos elementos formais e na constante e contnua verificao das relaes entre os traos grficos e seus significados esto todos os percursos da tcnica grfica (Massironi, 1996, p.22). Entretanto, o percurso de aquisio do desenho comea pela compreenso das regras, dos fundamentos ou princpios gerais que regem as atividades, e de sua aplicao (Rodrigues, 2007, p. 32).

    Neste contexto, a organizao e/ou relaes entre os diferentes elementos compositivos compem a estrutura, garantindo a compreenso da construo grfico-visual do desenho de moda. A estrutura virtual, invisvel, mas presente atravs da disposio dos elementos (Gomes, 2006, p.39). Indo alm, o autor menciona que a transformao a ao que determina que uma estrutura seja manuseada, mudada e colocada em um novo contexto, mantendo suas caractersticas bsicas de origem (Gomes, 2006, p.39). Como, por exemplo, a experincia mostrada na Figura 20, onde um fragmento de uma foto-imagem seccionado e transportado para outra materialidade, transformando-o em estampa de criao artstica de uma pea de roupa e modificando sua estrutura

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 86

    relativa foto-imagem original, atravs de procedimentos plsticos e compositivos.

    Figura 20: Desenho. Transposies criativas

    Fonte: Aula ministrada por Puls, 2010.

    Para construo das estruturas do desenho de moda na concepo projetual, trabalham-se os elementos fundamentais da composio visual e plstica, tendo como objetivo desenvolver a capacidade do aluno em representar grfica e expressivamente a forma visual no plano do papel. A partir destes autores, Gomes (2006, 1998, 1997), Massironi (1996), Dondis (1991), Hsuan-na (1997), Puls (2003), Fernndes e Roing (2009) e Lupton e Phillips (2008), situam-se as reflexes a seguir.

    Alguns elementos que configuram a estrutura compositiva e visual do desenho de moda merecem estar descritos com mais informaes. Alguns, de forma mais elaborada, por serem fundamentais para a construo do desenho de moda. Porm, a sequncia descrita no segue uma ordem de importncia: linha, composio, volume, modelo, proporo, perspectiva intuitiva, contraste, equilbrio, texturas e cor. Vale salientar que a cor ocupa um lugar de destaque, pela sua importncia no

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 87

    contexto da Moda e na aprendizagem do desenho de moda esttico e plstico.

    preciso observar, entretanto, que a cor no faz parte dos contedos da disciplina Desenho Artstico de Moda. Por sua complexidade, este contedo trabalhado na disciplina Fundamentos da Cor. Faz parte deste estudo como um recurso do desenho. Na disciplina de desenho mo livre, trabalha-se:

    Linha usada para representao (visual) das ideias, a linha cumpre a funo de estruturar as configuraes visveis da forma numa ideao projetual. Pela sua dinamicidade, um elemento da composio visual que transmite firmeza, expressividade, flexibilidade nos traos mais finos e suaves; mais intensos e grossos; precisos ou imprecisos. As linhas so elementos que pertencem ordem, tal como reto/curvo, vertical/horizontal, longo/curto entre outras possibilidades que estabelecem a complexidade da forma na construo do desenho de moda para concepo projetual. A depender da presso exercida contra o papel e da gradao do lpis, as linhas elaboram contornos suaves ou intensos, podendo, ao se cruzar ou sobrepor-se, configurar esteticamente tramas e texturas as quais identificam determinados tipos de tecido que compem o vesturio. Composio e organizao espacial a ordenao das estruturas de construo do desenho no espao do suporte/papel. Trata-se de um processo complexo na busca de solucionar problemas estruturais e visuais, que seguidamente podem se apresentar para o designer de moda. neste momento que se pode retomar o ensinamento do aluno, pensar que ele quem exerce o controle sobre suas experincias, como tambm tem a oportunidade de expressar esteticamente o que quer transmitir. Atravs do perceptivo e intuitivo acerca de como suas decises refletiro no resultado processual de sua construo do desenho para concepo projetual, ele poder ordenar e vir a adequar os elementos estruturais da forma numa composio.

    Volume luz, sombra recurso grfico que produz aspectos de tridimensionalidade aos objetos de design de moda, atravs da perspectiva tonal. A elaborao de tons e de contrastes pode permitir se

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 88

    A parte de imagem com identificao de relao rId24 no foi encontrada no arquivo.

    ver uma figura de moda inteiramente dimensional. O uso de tcnicas, como a sobreposio de tons, pintada com marcador, possibilita mostrar os efeitos de volume na representao visual da ilustrao de moda no desenho, Figura 21, ou do sombreamento em dgrad, pintado com lpis aquarelvel seco, aplicado na representao da bolsa no desenho da Figura 22.

    Cabe uma distino acerca da Ilustrao de moda, por compreender os desenhos mais subjetivos, sem inteno de mostrar o produto de vesturio para ser produzido, mas sim o algo a mais, a marca etc. Portanto, esta no necessita ser desenhada em sua totalidade, como se v no desenho da Figura 21, a ilustrao toda a figura, o que ela transmite a atitude, o posicionamento, enfim, o conceito.

    O desenho uma bolsa na Figura 22, representa grfica e esteticamente um complemento de moda. So produtos que compem, em uma escala menor, o conjunto de roupas criadas e desenhadas. Acompanham a proporo da figura de moda. Ou ainda, fazem parte do projeto de produtos de design de bolsas. Esta foi aqui selecionada, por exemplificar o volume obtido pelo uso de recursos grficos, como o claro e escuro.

    Figura 21: Desenho. Ilustrao de moda Figura 22: Desenho. Volume em degrad

    Fonte: Aulas ministradas por Puls (2010/2011)

    Estabelecer os vrios tons que, em conjunto, transmitam sensao de volume, implica na representao de direcionamentos de luz sobre a

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 89

    figura de moda. Pela agilidade de acabamentos que o sistema de moda exige do designer, em geral, para dar volume ao desenho de moda, trabalham-se trs direcionamentos: luz da esquerda para a direita, luz frontal e luz da direita para a esquerda. O exemplo sobre o que foi mencionado poder ser visto nas Figuras 29, 30 e 31 no Mdulo de Ensino II do item 5.3 deste captulo. Descartando-se, portanto, as sombras projetadas e as luzes naturais, mas que eventualmente podem ser usadas nas ilustraes de moda.

    Modelo representao grfica de uma pea de roupa, com ou sem seu suporte. Ou seja, desenhando-se o modelo da roupa sobre a figura de moda ou no. Por exemplo, a criao de uma saia ou a representao do modelo de um chapu.

    Proporo seco urea relao dimensional de tamanho entre as partes, cada uma e o todo. Aqui entra tambm a quantidade, envolvendo uma associao visualmente agradvel, harmnica, entre os componentes. um dos recursos do desenho mo livre para dispor as informaes visuais na folha de papel. Suas determinaes obedecem a regras estticas ditadas pela matemtica, da mesma forma que os objetos de design de moda apresentam propores ureas, fenmeno similar que ocorre com as representaes visuais da figura de moda.

    Na representao grfica visual, usa-se a proporo como um recurso fundamental, principalmente em relao ao cnone (entendido como um cdigo orientador) que estabelece as propores ideais do corpo humano. No desenho da anatomia da figura humana, a proporo masculina de 8 cabeas e a feminina de 7 , considerando-se o comprimento da cabea como uma unidade de medida, ou cnone como mostram as Figuras 44 e 45 no Mdulo de Ensino VI do item 5.3 deste captulo. A representao da figura feminina, sob os cdigos da linguagem da moda, segue esta proporo, podendo ser desenhada com silhueta mais alongada. Assim, a figura de moda pode passar a se enquadrar na proporo de 9 unidades de medida, ou mais, acentuando-se a altura, e reduzindo-se a massa corporal.

    Para se compreender a construo da representao grfica da figura de moda necessrio primeiramente entender sua construo, do ponto

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 90

    de vista acadmico, para que depois, possam vir a ser modificadas algumas relaes proporcionais, no sentido de adaptar-se linguagem de moda. Entretanto, h que se considerar, neste caso, que o desenho pode se aproximar da ilustrao de moda, podendo perder sua objetividade informativa sobre a caracterizao e forma da roupa para ideao projetual.

    Perspectiva intuitiva linear e tonal trata-se de um recurso para representar a iluso da tridimensionalidade na superfcie bidimensional do papel. A perspectiva intuitiva linear (sem o rigor das regras matemticas) e a perspectiva tonal so recursos que criam a sensao de profundidade no desenho.

    Na primeira, usam-se as linhas inclinadas e na tonal, a variao de tons. Nos desenhos de produtos de moda, construdos durante experincias vivenciadas pelos alunos em aulas de desenho artstico de moda, tem-se no desenho da Figura 23, um exemplo que utiliza os preceitos da perspectiva intuitiva linear, sendo a sandlia pintada com lpis de cor e sombreada com sobreposio de traos ou hachuras.

    O desenho da Figura 24 mostra a perspectiva tonal, pintada com tcnicas em aquarela.

    Fig. 23: Desenho. Perspectiva intuitiva linear Fig. 24: Desenho. Perspectiva tonal

    Fonte: desenhos de Alice Yumi, em aula de Puls (2009/2010).

    Contraste atravs da presena ou ausncia de luz, a oposio entre os objetos explorada de modo que um faa com que o outro

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 91

    sobressaia. A importncia e significado do contraste no nvel bsico so identificados pela espessura e direcionamento de linhas e pelas diferenas formais. No desenho de moda, o contraste no s cria volume na representao das roupas, como define, d equilbrio ou modifica cor e forma, sendo um meio eficaz do efeito visual. Como um poderoso recurso do desenho, deve-se saber control-lo para se obter efeitos variados de acordo com a expresso ou necessidade de cada criao. um meio de intensificar, estimular e atrair a ateno do observador, no sentido de conduzi-lo a visualizar no s a forma, mas o significado das peas de vesturio desenhadas. Nas configuraes estticas das peas de roupas criadas para ideao projetual, muitas vezes, so percebidas em seus mnimos detalhamentos pelo uso dos recursos e qualidades tonais.

    Equilbrio recurso utilizado na configurao esttica do desenho de moda como um elemento da composio que, ao se relacionar com outro elemento, no plano da expresso, produz equilbrio visual. Tanto no peso e direo na representao do desenho de movimentos da figura de moda, como na simetria dos eixos de construo das diferentes posies dessa figura de moda. Ou ainda, em desenhos de complementos de moda, ou da prpria figura de moda onde a assimetria utilizada para produzir equilbrio visual. A utilizao desse recurso exige pacincia e dedicao, contudo, so seus efeitos que do vida ao desenho, valorizando o aspecto ttil do objeto, do ponto de vista esttico e plstico.

    Textura uma qualidade de superfcie, levando-se em conta aspereza, brilho, trama e cor do material. Por seu carter ttil, no desenho que bidimensional, tem importncia fundamental para percepo da profundidade, estando ligada tridimensionalidade, portanto. As texturas incluem a superfcie efetivamente empregada na pea de roupa, destacando visualmente sua materialidade, reproduzindo e reforando o efeito realista de seus elementos, as caractersticas especficas de cada tecido: l, tweed, peles, jeans, rendas, cetim, algodo, seda, camura, entre outros, bem como, o elemento textura, que produz o sentido visual ttil, mostrando a caracterstica e aparncia tica da superfcie do tecido a ser utilizado no projeto de Design de Moda.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 92

    Cor - para os designers de moda, representa um recurso poderoso na comunicao visual. Contudo, ele necessita estudar sua teoria profundamente para saber usar cor em sua totalidade. O uso da cor em seus diferentes contrastes em claro e escuro faz sobressair detalhes importantes, como tambm faz desaparecer outros, relevantes. Para o aluno, conhecer como se relacionam tons e as diferentes intensidades da cor, tem a finalidade de transmitir ideias, significados, tendncias, sentimentos e emoes. Na configurao esttica do objeto, o aluno trabalha a cor como elemento criativo, sendo que a cor pode exprimir uma atmosfera, descrever uma realidade ou codificar uma informao (Lupton e Phillips, 2008, p.71).

    Em toda a indstria de moda existem dois (2) cdigos de imitao de cores, reconhecidos internacionalmente: o Pantone e o cdigo SCOTDIC (Standard Color of Textile Dictionaire Internationale de La Couler), que evitam qualquer confuso que possa surgir a respeito da exatido da cor solicitada para determinada pea de roupa ou tecido. So cartelas (com mais ou menos 1.900 cores por ordem cromtica, com nmero de referncia), so cdigos com cores chapadas, o que significa dizer que no so sombreados. possvel compreender como as cores se classificam, se relacionam e como se complementam, segundo a posio que ocupam no crculo das cores, ou pela padronizao adotada pelo Pantone e do cdigo SCOTDIC. A opo por cores vizinhas no referido crculo ser feita se o objetivo for representar peas de roupas em tons mais suaves, como o nude (uma nova opo de neutro). Opta-se pelos tons quentes, vermelhos, laranjas ou rochosos se o resultado desejado for emprestar dinamismo e movimento. Com o uso de tcnicas plsticas, estudos e testes de combinaes de cores, o aluno poder produzir infinitas variaes de gamas de cores nas criaes de moda para ideao projetual.

    Experimentos e tcnicas com materiais plsticos, midos e secos: proporcionam efeitos pictricos capazes de tornar viveis as sensaes tteis dos tecidos. Dentre o material seco mais usado para o desenho de moda est o lpis grafite, por ser acessvel e possibilitar representar qualquer forma, do croqui ilustrao. Proporciona um trao

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 93

    limpo e preciso, cuja firmeza e expressividade dependem do grau de dureza do lpis, das diversas gradaes do grafite e da presso exercida ao se desenhar. Possui nivelaes para trao grosso, escuro e de maciez acentuada, indicadas para desenhos artsticos, sombreados e esboos em geral. As distintas graduaes variam geralmente de 8B (mais macios, utilizados para o desenho artstico) passando pelos F (que so os intermedirios) e vo at os lpis 8H (mais duros, utilizados para trabalhos tcnicos).

    J o lpis de cor formado por hastes ou minas internas, envoltas em madeira, compostas por matrias-primas, como pigmento, aglutinante, minerais e ceras. Alguns tipos so solveis em gua (lpis-aquarela), permitindo a modificao de cor e tonalidade. Na tcnica de desenho de moda a ferramenta mais utilizada na pintura, pelo fcil manuseio, e por ser apropriada tanto para tcnicas secas, como midas.

    As tintas aquarelas so compostas de goma arbica, glicerina e pigmentos de cores, principalmente, proporcionam uma gama de cores suaves. So utilizadas para produzir efeitos de transparncia e volume em desenhos de moda em tecidos com caractersticas de leveza, como as sedas. Podem ser aplicadas sobre outras tcnicas, com materiais no solveis. Ou para colorir produtos com aspectos mais delicados, como a bolsa na Figura 24. Para a aplicao, usam-se papis porosos ou de alta gramatura (especficos para pintura e desenho), pois tintas aquarelas absorvem gua.

    O pastel um basto feito de pigmento e giz aglutinante sob fraca presso com goma, classificado como macio e duro. Ferramenta verstil do desenho de moda permite misturar suas cores, produzindo aveludamento, caracterizando tipos de tecidos, como camura. Ou a mescla com outras tcnicas plsticas, como a aquarela, os acrlicos e o guache. Os macios se desfazem com facilidade durante o uso, deixando manchas de cor intensa nos desenhos de moda. Aconselha-se trabalhar com algodo ou cotonete, ou com o prprio dedo, para chegar-se ao ideal de cores, sombreados e superfcies de colorido mais claro. O pastel acompanha a tcnica de pintura com marcador, delineando suas sombras, quando h necessidade de trabalhar a profundidade.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 94

    Rotuladores ou marcadores so ferramentas do desenho, compostas por canetas de cores saturadas e uniformes, sem alterao de tonalidade. Proporciona acabamento ntido e exato, efeitos de veladura pela mescla e sobreposio de suas cores. So utilizados em desenhos para a moda de praia, ou em estampas com cores chamativas.

    Tinta guache e tinta acrlica para aplicao de tcnicas de pintura solvel em gua, com grande poder de cobertura, uniformidade de cor, sem brilho depois de secas. Por suas composies mais slidas e densas, so aplicadas em roupas com estampados em cores planas. So tambm utilizadas para produzir efeitos de luminosidade, realando pontos na construo do panejamento e como fundo, para serem trabalhadas outras tcnicas na representao de roupas.

    Alm destas, outras tcnicas tambm podem ser empregadas nas pinturas dos desenhos de moda, utilizando-se materiais comuns s artes plsticas, tais como: pigmentos coloridos, colas coloridas, plsticos, aguadas em nanquim, sal etc. E os procedimentos e habilidades pela colagem de papis e tecidos, quando se quer mostrar efeitos do prprio pano nas representaes grficas. No desenho da Figura 25, observa-se a mistura de desenho com colagem de tecido, onde a aluna trabalhou o panejamento, criando uma barra com flores pintadas com tinta guache sobre o vestido. No desenho da Figura 26, est o estudo sobre materiais, foto-imagem de referncia e a aplicao das colagens de tecidos e papis com a pintura, numa composio visual da figura de moda.

    Fig. 25: Desenho com colagem Fig. 26: Desenho e Estudo sobre materiais

    Fonte: Aulas ministradas por Puls (2009/2010).

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 95

    Conforme Gomes (1997, 2006), Massironi (1996), Dondis (1991), Hsuan-Na (1997), Puls (2003), Fernndes e Roing (2009), na apropriao, organizao, disposio e ordem dos elementos fundamentais que compem o objeto produto e, em especial, nas relaes operacionais que se realizam nas experincias para construo do desenho de moda mo livre, nestes processos de gerao de desenhos, muitas vezes, opta-se por excluir alguns elementos fundamentais. Outras vezes, h a recorrncia de outros. Os princpios bsicos e especficos precisam ser explorados e aprendidos tanto pelo ponto de vista de suas qualidades quanto pelo seu carter e potencial expressivo. Neste contexto, quando trabalhado em experincias de ensino e aprendizagem, o desenho e a cor podem criar domnios prprios na concepo projetual. Essas experincias sero apresentadas no prximo item 5.3.

    5.3 Mdulos de Ensino: tcnicas de aprendizagem para a construo do desenho mo livre para a projetao

    Mdulo de Ensino, assim chamada cada uma das experincias vivenciadas pelos alunos durante a aplicao da proposta prtica desta tese, que sero descritas ainda neste item 5.3. So experincias de ensino e aprendizagem desenvolvidas, seguindo a abordagem construtivista de incentivar o aluno a construir seu conhecimento a partir de sua ao e interao sobre o objeto de estudo. Neste caso, a construo do desenho de moda mo livre para ideao projetual.

    Estas experincias foram desenvolvidas durante um semestre, perfazendo um total de 54 horas-aulas, nas aulas de Desenho Artstico de Moda, com a durao de 03 horas cada aula, na primeira fase do curso de Desenho de Moda da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. Tanto as aulas tericas como as prticas foram ministradas nas salas de Desenho 1 e 2, por estarem adaptadas com pranchetas e tanques com gua, localizadas no Centro de Artes CEART. As experincias foram trabalhadas em sala aula com prticas e exerccios

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 96

    que poderiam se estender, quando necessrio, em atividades extra-classes.

    O contedo dos mdulos de ensino foi elaborado, seguindo a abordagem construtivista que consiste em respeitar o nvel de conhecimento do aluno relacionado ao seu conhecimento prvio em desenho. Em sala de aula, foram trabalhados diferentes contedos, ou diferentes Mdulos de Ensino, para contemplar o estgio de conhecimento de cada aluno. A partir desta compreenso, entende-se que no havia um tempo limite para as atividades. Eram atividades monitoradas pelo professor e o aluno tinha suas responsabilidades a cumprir.

    Trata-se de um trabalho rduo, cansativo, j que o professor tem que estar preparado, tanto com contedos tericos como prticos, para ministrar esta dinamicidade em sala de aula e conseguir dar conta da individualidade de cada aluno. Constatou-se que os resultados so compensadores para o aluno e para o professor. Esta prtica educativa se insere no pedaggico construtivista, baseado na epistemologia gentica de Piaget.

    O ambiente em sala de aula era de parceria e de relao entre professor e aluno. A turma era composta, por, no mximo, 20 alunos, de diferentes repertrios culturais e educacionais, visto que na classe existiam alunos de diferentes estados do Brasil, como tambm de outros pases como Espanha e Argentina, portanto, com diferentes nveis de esquemas de estruturas cognitivas e de conhecimento prvios e ainda com diferentes objetivos educacionais, j que a rea de Moda abre um leque enorme de possibilidades profissionais. Assim, cada acadmico tem suas prprias ambies profissionais futuras.

    A proposta dos Mdulos de Ensino de desenho atravs das experincias e vivncias concebe o uso de diferentes ferramentas e recursos como meio de aquisio de conhecimento e como meio de desenvolvimento de habilidades e destreza manuais do aluno. Pelo uso deste procedimento, o aluno explora um vasto campo de variveis e de possibilidades para a aprendizagem da construo do desenho de moda mo livre.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 97

    Os mdulos no constituem um conjunto ordenado e sequencial de procedimentos no campo da expresso grfica e esttica, mas constituem um conjunto de recursos, tcnicas, experincias e vivncias, que, realizadas pelos alunos, oportunizam o entendimento dos processos de configurao do desenho de moda mo livre.

    So estratgias de ensino e aprendizagem utilizadas como forma de organizar os recursos e ferramentas do desenho para capacitar o aluno a empreg-las de maneira coerente diante de inmeras informaes, atividades, pesquisas, orientaes e instrues necessrias em sala de aula. Nessas experincias os alunos no s aplicam, adaptam, mas transformam e reorganizam os contedos a novas situaes destinadas aprendizagem da construo do desenho de moda mo livre para concepo projetual de design de vesturio.

    Outro ponto importante que se destaca o direcionamento acerca da observao atenta, participativa e selecionadora dos objetos como esforo para obter informaes visuais na transposio dos objetos tridimensionais para o suporte bidimensional do papel. Evidencia-se, seguindo a abordagem construtivista de que no h necessidade de o aluno possuir dons especiais, por serem as tcnicas aperfeioveis pelo treino e pela srie de tentativas e erros e aprendizagens vivenciadas. Considera-se, desse modo, o desenvolvimento da destreza para construo do desenho projetual como parte da aprendizagem e das estruturas cognitivas do aluno, porm, como profisso independente nas aes projetuais, algumas pessoas revelaram-se mais talentosas do que outras seja pelo desenvolvimento social ou educacional (Cross, 2004, p.126).

    Cabe ressaltar que essas experincias so algumas das diversas trabalhadas e vivenciadas pelos alunos. So experincias que abordam igualmente o estudo sobre a construo de moda mo livre, demonstrando hipteses de criao e ideao projetual, aqui consideradas complementos dos mdulos apresentados. Os Mdulos de Ensino descritos foram fundamentais dentro deste estudo, por tratarem mais especificamente da compreenso, da intencionalidade e exigncia expressiva, funcional e comunicativa do desenho de moda.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 98

    So experimentaes que colocam o aluno em situao confortvel frente ao desenho. Levam-no a desenvolver suas capacidades bsicas no sentido de representar formal e expressivamente a essncia de uma ideia na concepo projetual.

    Nos procedimentos de ensino e aprendizagem, tudo depende de como o aluno entende, de seu interesse e capacidade para manusear as tcnicas plsticas, os elementos fundamentais e compositivos da expresso do desenho mo livre. Portanto, o foco de ateno o processo de construo do desenho, sendo as experincias vivenciadas pelos alunos, para dar forma e materialidade a partir das referidas estruturas compositivas, o que organiza o seu pensamento para ideao projetual.

    Esclarece-se que, para os exerccios e tcnicas vivenciadas com a utilizao de imagens de revistas, o aluno incentivado a usar a foto-imagem apenas como referncia, portanto, como fonte de informao visual, na busca de desenvolver caractersticas de um estilo pessoal de desenhar. O uso de foto-imagem tomado como recurso para auxiliar na construo do pensamento e consequentemente na delineao do produto, uma vez que no se possui modelo ao vivo em sala de aula, para observao da figura durante a realizao das experincias.

    Modulo de Ensino 0 So os desenhos dos alunos realizados para a anlise do

    conhecimento prvio, como visto no Captulo 03. Mdulo de Ensino I Assunto: Tabelas de Tons e produo de testes de pintura

    Materiais solicitados: lpis grafite de diferentes gradaes, caneta nanquim, aquarela, pastel, marcadores, rgua.

    Suporte: papel texturizado A4, preferncia dos que aceitam tcnicas midas como o papel Canson.

    Pincis redondos e/ou chatos. Iniciam-se as experincias em sala de aula aps a orientao do

    professor, com atividades de aquecimento para desenvolver a coordenao motora, habilidades e destreza manual do aluno relacionada

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • expresso grfica bidimensional (rascunhos, esboos, desenhos, rabiscos). So exerccios que orientam a produo de efeitos, para dar expressividade linha e forma, com diferentes gradaes que resultam dos diferentes posicionamentos do lpis de cor ou grafite, ou ainda do pincel. A posio completamente vertical gera um tipo de trao; a inclinao do lpis (lateral da ponta) produz espessura mais intensa, grossa, com maior expanso da linha e da cor sobre o papel. A sobre qual procedimento utilizar depender de qual efeito o aluno deseja para seu desenho, uma ponta mais fina ou mais grossa estar associada a traos correspondentes. Neste modulo tambm so trabalhadas as posturas do corpo e do brao no ato de d

    Para conhecer as funes, especificidades e utilizao das tcnicas plsticas de pintura, secas e midas, primeiramente o aluno observa as demonstraes realizadas pelo professor sobre a aplicao de cada tcnica. Segue aps, realizando experincerrando, descobrindo detalhes e possibilidades, refazendo etc.consiste em treino dirigido.

    Na Figura 27, visualizamdiferentes experincias com aquarela, pincis, marcador e pasteldemonstraes so constantemente revistas em conjunto e/ou trabalhadas individualmente, pelo aluno, em experincias e tcnicas diversificadas. Figura 27: Testes de pintura

    Fonte: Aulas ministradas por Puls (2011).

    expresso grfica bidimensional (rascunhos, esboos, desenhos, rabiscos). So exerccios que orientam a produo de efeitos, para dar expressividade linha e forma, com diferentes gradaes que resultam

    s posicionamentos do lpis de cor ou grafite, ou ainda do pincel. A posio completamente vertical gera um tipo de trao; a inclinao do lpis (lateral da ponta) produz espessura mais intensa, grossa, com maior expanso da linha e da cor sobre o papel. A sobre qual procedimento utilizar depender de qual efeito o aluno deseja para seu desenho, uma ponta mais fina ou mais grossa estar associada a traos correspondentes. Neste modulo tambm so trabalhadas as posturas do corpo e do brao no ato de desenhar.

    Para conhecer as funes, especificidades e utilizao das tcnicas plsticas de pintura, secas e midas, primeiramente o aluno observa as demonstraes realizadas pelo professor sobre a aplicao de cada tcnica. Segue aps, realizando experincias, testando, experimentando, errando, descobrindo detalhes e possibilidades, refazendo etc.consiste em treino dirigido.

    visualizam-se exemplos de testes realizados em diferentes experincias com aquarela, pincis, marcador e pasteldemonstraes so constantemente revistas em conjunto e/ou trabalhadas individualmente, pelo aluno, em experincias e tcnicas

    : Testes de pintura

    Fonte: Aulas ministradas por Puls (2011).

    99

    expresso grfica bidimensional (rascunhos, esboos, desenhos, rabiscos). So exerccios que orientam a produo de efeitos, para dar expressividade linha e forma, com diferentes gradaes que resultam

    s posicionamentos do lpis de cor ou grafite, ou ainda do pincel. A posio completamente vertical gera um tipo de trao; a inclinao do lpis (lateral da ponta) produz espessura mais intensa, grossa, com maior expanso da linha e da cor sobre o papel. A deciso sobre qual procedimento utilizar depender de qual efeito o aluno deseja para seu desenho, uma ponta mais fina ou mais grossa estar associada a traos correspondentes. Neste modulo tambm so trabalhadas as

    Para conhecer as funes, especificidades e utilizao das tcnicas plsticas de pintura, secas e midas, primeiramente o aluno observa as demonstraes realizadas pelo professor sobre a aplicao de cada

    ias, testando, experimentando, errando, descobrindo detalhes e possibilidades, refazendo etc., o que

    se exemplos de testes realizados em diferentes experincias com aquarela, pincis, marcador e pastel. Estas demonstraes so constantemente revistas em conjunto e/ou trabalhadas individualmente, pelo aluno, em experincias e tcnicas

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 100

    Um dos recursos utilizados como tcnica de ensino e aprendizagem pelo professor, para que o aluno compreenda como produzir o volume e a profundidade no objeto, a construo da escala de tons. Uma escala construda em lpis grafite ou em cores em degrad (do francs dgrad), perdendo intensidade gradativamente. A outra escala com sobreposio de cores, adquirindo novos matizes tanto com sobreposio de cores policromtica e monocromticas. Outra, ainda a escala trabalhada com sobreposio de traos com caneta nanquim mo livre. A sequncia destas aes pode ser vista na Figura 28.

    Quando um objeto possui na sua feitura a tridimensionalidade, perde-se essa dimenso no papel, passando-se a trabalhar com duas dimenses, largura e altura, logo, bidimensionalmente. Esta uma dificuldade encontrada pelo aluno no incio da elaborao do seu desenho de moda. Como gerar a sensao de volume? A escala de tons para efeito de volume (Figura 28) serve como fonte de pesquisa para pintura e sombreamento. Assim, na vivncia da experimentao, seguida pela aplicao nos desenhos, o aluno poder processar internamente as informaes, entendendo e produzindo o volume, dando profundidade a seus desenhos de moda.

    Figura 28: Pintura. Escalas de tons para efeito de volume

    Fonte: Aulas ministradas por Puls (2011).

    Procedimentos: experincia

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 101

    Aps construir quatro retngulos, o aluno sombreou com lpis grafite o primeiro retngulo, iniciando com a gradao 2B e aumentando at 6B, tentando conseguir o efeito do degrad. s vezes, escurecia demais e tinha que refazer, j que para produzir os matizes, deveria observar que a escala se iniciava com tons mais claros, indo para mais escuros. Para escurecer, a conduta seria voltar no papel e tentar novamente, sendo o contrrio, um processo mais difcil. Nestas escalas no havia necessidade de trabalhar com branco e preto, eram apenas experincias para produzir volume tridimensionalidade - nos desenhos de moda.

    Seguindo os mesmos procedimentos, passa-se elaborao de escalas com cores, material e cor do gosto pessoal do aluno, havendo opo tambm na construo da escala em sobreposies. Ao iniciar a construo da escala de tons o aluno realiza testes, com tcnicas secas e midas, para conhecer as possibilidades, os efeitos e a harmonia das cores. s vezes o aluno ousava, colocando cores contrastantes. Foram utilizadas sobreposies policromtica e monocromtica.

    Esta escala normalmente utilizada, quando o efeito de volume desejado mais visvel, no sendo sombreada, e com cor pura, chapada. O procedimento de colocao da cor segue o mesmo da escala com sombreamento em degrad, em que o aluno iniciou pela cor mais suave, sobrepondo as mais escuras. As tabelas visualizadas na Figura 28 foram construdas do seguinte modo:

    Para construiu a escala com sobreposio de traos ou hachuras, o aluno dividiu o retngulo em oito (8) partes iguais.

    - com linhas verticais, preencheu todas as divises da 1 8 parte. - partindo da 2 diviso, o aluno preencheu todas as divises com

    linhas horizontais, uma por uma at a 8 diviso. - a partir da 3 diviso, preencheu com linhas inclinadas, da direita

    para a esquerda, at a 8 diviso. - na 4 diviso, o aluno trabalhou com as linhas inclinadas da

    esquerda para a direita, novamente at o final. - nas divises 5, 6, 7 e 8, inicia-se todo o processo novamente.

    Ao final, o aluno tem uma escala com oito sobreposies de tons, conseguindo o efeito de degrad do claro para o escuro ao aumentar

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 102

    sucessivamente a quantidade de traos em cada espao. A escala foi trabalhada mo livre, pois a aplicao da luz, tons e meios-tons tem que ser bastante expressiva, sem a rigidez de linhas retas e duras, ocasionadas pelo efeito de uso de rgua. Alm destas tabelas, o aluno tem o entendimento, resultante de vrias outras experincias realizadas em sala de aula sobre tcnicas de traos e tons, utilizadas para modelar o produto de Design de Moda. Mdulo de Ensino II Assunto: Aplicao das sombras nos croquis

    Materiais solicitados: lpis grafite de diferentes gradaes, caneta nanquim, aquarela, pastel, marcadores, rgua.

    Suporte: papel texturizado A4, preferncia para os que aceitam tcnicas midas como o Canson.

    Pincis redondos e chatos. Utilizando a perspectiva tonal, o aluno entende que as sombras

    afastam, aproximam ou destacam as formas atravs do claro/escuro. Portanto, ele poder trabalh-las de maneira simples. Antes de comear a colorir, definir os espaos onde a luz incide sobre a figura, atravs de um mapeamento (palavra utilizada para delimitar levemente os espaos de incidncia da luz e sombras no objeto desenhado, antes de iniciar a pintura do mesmo. Esta tcnica ajuda o aluno a compreender onde colocar as diferentes tonalidades de sombras e como seus efeitos agem sobre o mesmo). Os traos podem produzir leveza e indicaes da incidncia da luz sobre a figura, mas a elaborao dos tons que efetivamente permite ao aluno visualizar a figura de moda, inteiramente dimensional. Este processo evita erros, como o de preencher os escuros alm da necessidade, no deixando possibilidades para colocar a luminosidade no desenho.

    Procedimentos: experincia Cabe esclarecer que este trabalho de aplicao das sombras em

    croquis na disciplina de Desenho Artstico de Moda no segue a sequncia aqui colocada, pois neste estgio, o aluno j passou pelo processo de ensino e aprendizagem da perspectiva e construo da figura de moda. Antes de sombrear os croquis, foi realizado um estudo

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 103

    sobre a qualidade de rotundidade do corpo da figura. Isso significa que, como o corpo humano, tambm a figura de moda utilizada possui esfericidade, portanto, as sombras precisam caminhar sobre esse corpo, causando variados tipos de gradaes em diferentes posies.

    O aluno utilizou trs (03) direcionamentos de luz sobre os croquis nus. Em suas experincias de pintura, ele optou por tcnicas de sombreamento em degrad, com lpis de cor, para intensificar a visualizao dos tons e meio-tons, da esquerda para a direita, Figura 29; luz frontal, Figura 30; e luz da direita para a esquerda, Figura 31. No sombreamento, foram utilizadas vrias sobreposies de cores com acabamentos em cinza. Geralmente utiliza-se a sombra em tons mais escuros, por este motivo aplicam-se tons de cinzas ou tons mais escuros das cores selecionadas para o sombreamento. Ao sombrear, o aluno inicia pela cor mais clara, para depois poder reforar, a partir dos tons mais escuros.

    Fig.29: Luz da esquerda direita Fig.30: Luz frontal Fig.31: Luz da dir esquerda

    Fontes destes desenhos: Aulas ministradas por Puls (2010).

    Mdulo de Ensino III Assunto: Estampas

    Materiais solicitados: lpis grafite de diferentes gradaes, caneta nanquim, aquarela, pastel, marcadores.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 104

    Suporte: papel texturizado A4, preferncia para os que aceitam tcnicas midas como o Canson.

    Pincis redondos e chatos. Imagens de revistas e/ou objetos fsicos para observao. Procedimentos: experincia realizada

    As operaes podem ser vistas no trabalho de dois alunos, realizados durante suas pesquisas acerca da construo de estampas criativas, para uma demanda funcional. Porm, sem seguir as regras especficas necessrias para o design txtil. Nesta experincia, o material utilizado como ponto de partida para organizar o pensamento constitui-se de foto-imagem de revistas, portanto bidimensionais.

    Cabe observar que na foto-imagem, Figura 32, perde-se uma das dimenses, a tridimensionalidade, o que tambm acontece com objetos de material fsico, logo, tridimensionais, como o p do tnis do prprio aluno, utilizado como modelo, Figura 34.

    A aplicao da cor foi resultado da utilizao da tcnica que melhor se adequou ao trabalho, ou por gosto esttico, ou do conhecimento e da habilidade de cada aluno. Um exemplo de uso de marcador mostrado na Figura 33 e na Figura 34. Na construo da estampa, a aluna utilizou a tcnica da aquarela e os detalhes foram feitos com caneta nanquim.

    Figura 32- Imagens de testes

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 105

    Figura 33 - Construo da estampa1 Figura 34: Construo de estampa 2

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2010). Fonte: Aula ministrada por Puls (2010).

    Mdulo de Ensino IV Assunto: Texturas

    Materiais solicitados: lpis grafite de diferentes gradaes, caneta nanquim, aquarela, pastel, marcadores.

    Suporte: papel texturizado A4, preferncia para os que aceitam tcnicas midas como o Canson.

    Pincis redondos e chatos. Imagens de revistas e/ou objetos fsicos: tecidos, retalhos, peas de

    roupa. Para o aluno, essencial o conhecimento sobre como representar e

    criar efeitos visuais e tteis de texturas que identifiquem e valorizem as caractersticas da superfcie de cada produto de moda como: tweed, peles, l, matelass, entre outros. So processos criativos fundamentais para visualizao de uma proposta projetual por parte de pessoas que no participam do processo criativo, como clientes ou futuros compradores, para que tenham o entendimento ou a compreenso exata das caractersticas da materialidade que ser utilizada na produo e confeco do produto final. Neste caso leva-se em considerao,

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 106

    tambm, aspereza, brilho, cor, trama etc., reforando o efeito realista das especificidades de cada produto.

    A apreenso do conhecimento sobre as caractersticas da feitura dos tecidos e materiais oportuniza o desenvolvimento da capacidade de escolha, representao de formas, memorizao e imaginao por parte do aluno, futuro designer.

    So estes trs momentos trabalhados neste mdulo: exerccios de texturas atravs da foto-imagem, do manuseio ttil do tecido e do manuseio de uma manta, objeto de vesturio. No exerccio sobre texturas, o aluno trabalhou a reproduo de imagens atravs da visualidade, como mostra a Figura 35. Trabalhou com os sentidos tteis e visuais, pelo manuseio dos retalhos para representao grfica de tecidos, como mostra a Figura 36, e pelo manuseio e reproduo de uma pea de roupa, demonstrados na Figura 37. A parte de cima a manta, a parte debaixo o desenho da aluna.

    Figura 35: Desenho X texturas Figura 36. Desenho. Tecidos X texturas

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 107

    Figura 37: Desenho. Objeto X texturas

    Fonte destes desenhos: Aula ministrada por Puls 2009

    Procedimentos: experincia realizada Partindo-se da escolha de uma foto imagem que contm texturas

    para a reproduo ou de um retalho de tecido, ou ainda, da reproduo da trama de uma pea de roupa, os alunos realizaram estudo das cores e de formas contidas na foto-imagem, a partir de vrios testes de misturas de cores e tons (pesquisar as escalas de tons), separando os lpis das cores escolhidas. Depois, construram esboos das formas das texturas da imagem e reproduzir o desenho da textura em papel prprio para receber tcnicas plsticas de pintura mida ou seca. Finalizando a experincia, pintando a textura com tcnica opcional sobre o suporte de papel texturizado, tendo como base os estudos realizados sobre cores e texturas.

    Mdulo de Ensino V Assunto: Panejamento

    Materiais solicitados: lpis grafite de diferentes gradaes, caneta nanquim, aquarela, pastel, marcadores.

    Suporte: papel texturizado A4, preferncia para os que aceitam tcnicas midas como o Canson.

    Pincis redondos e chatos. Imagens de revistas e/ou objetos fsicos para observao.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 108

    Para desenhar figura de moda vestida, essencial conhecer como o tecido ou a vestimenta reage sobre o corpo. Como seu drapeado7 em volta do corpo, assim como o movimento, franzidos, dobras, pregas, afetam o caimento da roupa na representao esttica da imagem da figura de moda. Portanto, com exceo dos acessrios e de alguns materiais alternativos, quase sempre o tecido a matria-prima que compe o desenho do vesturio. Neste mdulo de ensino, o objetivo principal configurar o panejamento, conhecer as diferentes qualidades de tecidos, sejam eles, opacos ou brilhantes, lisos, speros, rugosos (texturas) e a consistncia determinada pela grossura, peso ou dureza.

    O aluno estuda, compreende e interpreta no s o caimento dos tecidos, mas seus movimentos e efeitos, que dependem da qualidade de peso, grossura e textura que se apresentam de modo variado e tambm devem pesquisar os motivos que os provocam.

    Estes estudos e tcnicas de ensino e aprendizagem so realizados em vrias experincias e vivncias em sala de aula, sendo algumas demonstradas a seguir. Nestas, o aluno trabalha a linguagem grfica dos elementos formais e compositivos: texturas, linha, estrutura, ponto, composio e principalmente, o sentido de proporo, espao, volume e planos. Atravs da observao, ele representa graficamente, tendo em conta a forma que a roupa adquire, estando o corpo da figura em movimento ou em repouso.

    Aps o entendimento a respeito de como desenhar a roupa sobre um corpo, figurativamente, o aluno pode trabalhar o panejamento, abstraindo ou estilizando suas formas visuais em futuras experincias. O objetivo lev-los a conhecer a qualidade, espessura e movimentos especficos de cada tecido, com suas especificidades txteis um processo trabalhoso e demorado. Muitos alunos encontram dificuldades para perceber os detalhes; outros, para reproduzir, porm, respeitando-se o ritmo de cada um, suas particularidades, chega-se a um resultado satisfatrio. Durante todas as experincias e tcnicas vivenciadas e

    7Flexibilidade do tecido em dependurar-se em pregas elegantes. Aplicao direta de

    dobras ou ondulaes em um tecido ou vestimenta, sobre um boneco, manequim ou corpo, e manipulao de um tecido para desenvolver um desenho ou molde (Dicionrio da moda, 2002).

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 109

    realizadas, o aluno tem o apoio individual do professor, mediando as atividades propostas. Na descrio dos procedimentos visualizam-se exemplos do que aqui foi exposto.

    Procedimentos: experincia realizada O aluno escolhe uma foto-imagem com pessoas vestidas com

    roupas que apresentem movimentos: dobras, pregas ou outros movimentos causados pelo corpo, nos quadris, cintura, braos, pernas. Pode optar por retalhos de tecidos ou ainda um detalhe numa pea de roupa, sendo este, delimitado com caneta ou moldura de papel. Passa a realizar o escaneamento visual8. Um exemplo pode ser visualizado na Figura 38, na parte selecionada: a tenso do tecido, causada pelo movimento da perna produz dobras na roupa. Aps este processo, o aluno reproduz o panejamento pelo desenho, sombreando com lpis grafite, utilizando as diferentes graduaes e produzindo o volume da pea de roupa.

    Outro exerccio consiste em trabalhar o panejamento localizado na cintura, em exemplo que se pode visualizar na Figura 39. Da mesma maneira, escolhe uma foto-imagem, delimita uma parte para ser reproduzida graficamente pelo desenho figurativo. O aluno realiza vrios exerccios, desenhando os movimentos produzidos pela roupa, observando detalhes e o comportamento das dobras, alm de um estudo de tcnicas, cores e formas da roupa. Depois de optar por uma tcnica plstica, a proposta leva-o a fazer vrios testes com cores, misturas e tons, separando as cores escolhidas. Aps estes estudos, o aluno reproduz o desenho do panejamento em suporte prprio, para receber pintura seca ou mida (aquarela), observando a organizao do espao do papel. Faz o mapeamento das luzes e cores, reala zonas de luzes e sombras, para destacar os relevos ou volumes, o que est includo como tarefa. O aluno refora os limites das pregas, escurece um pouco com degrad as zonas sombreadas. O desenho pintado com tcnica plstica opcional.

    8 termo adotado pela pesquisadora para o exerccio de observao dos direcionamentos

    das linhas causadas por movimentos dos tecidos sobre o corpo.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • Figura 38: Desenho e panejamento

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2011)

    Ao se representar a figura de moda vestida, essencial observados os quatro fatores ou pontosrepresentao visual e consequentemente o panejamento.

    1 - Ponto de sustentaoo pano, como no desenhoraios, cujo tipo e tamanho sero determinados pela qualidade do tecido. Pode haver mais do que um ponto de sustentao, evidenciando ainda mais a qualidade do peso e grossura do tecido usado.

    2 - Ponto de convergnciapelo tecido, que sofre alguma influncia ao sercomo no desenho da Figura 41atuando sobre o pano, o atrai, provocando o ponto de sustentao. Para exemplo, o n do vestido vermelho pregas esticadas, ou no, dependendo da fora em ao do modelo da roupa desenhada.

    9 Este material sobre os quatro fatores foi adaptado de uma apostila acerca da influnci

    dos fatores nos tecidos Curso dos Famosos Artistas, lanada em 1967, pela escola Panamericana de Arte e Design. A adaptao para o desenho de moda foi elaborada durante as aulas de desenho de moda.

    : Desenho e panejamento Fig. 39: Panejamento: cintura

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2011).

    Ao se representar a figura de moda vestida, essencial que sejam os quatro fatores ou pontos9 que influenciam sua

    representao visual e consequentemente o panejamento. Ponto de sustentao: o ponto que segura de alguma maneira

    o pano, como no desenho da Figura 40. Provoca pregas em forma de tipo e tamanho sero determinados pela qualidade do tecido.

    Pode haver mais do que um ponto de sustentao, evidenciando ainda mais a qualidade do peso e grossura do tecido usado.

    Ponto de convergncia: o ponto que indica dobras causadas e sofre alguma influncia ao ser esticado ou repuxado,

    Figura 41. O efeito devido a uma fora que, atuando sobre o pano, o atrai, provocando o ponto de sustentao. Para exemplo, o n do vestido vermelho - ponto de convergncia pregas esticadas, ou no, dependendo da fora em ao do modelo da

    Este material sobre os quatro fatores foi adaptado de uma apostila acerca da influncidos fatores nos tecidos Curso dos Famosos Artistas, lanada em 1967, pela escola Panamericana de Arte e Design. A adaptao para o desenho de moda foi elaborada durante as aulas de desenho de moda.

    110

    : Panejamento: cintura

    que sejam que influenciam sua

    : o ponto que segura de alguma maneira . Provoca pregas em forma de

    tipo e tamanho sero determinados pela qualidade do tecido. Pode haver mais do que um ponto de sustentao, evidenciando ainda

    : o ponto que indica dobras causadas esticado ou repuxado,

    . O efeito devido a uma fora que, atuando sobre o pano, o atrai, provocando o ponto de sustentao. Para

    ponto de convergncia produz pregas esticadas, ou no, dependendo da fora em ao do modelo da

    Este material sobre os quatro fatores foi adaptado de uma apostila acerca da influncia dos fatores nos tecidos Curso dos Famosos Artistas, lanada em 1967, pela escola Panamericana de Arte e Design. A adaptao para o desenho de moda foi elaborada

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 111

    Fig. 40: Desenho. Ponto de sustentao Fig. 41 Desenho. Ponto de convergncia

    Fonte: Aulas ministradas por Puls (2009).

    3 - Ponto de Apoio: o ponto de conteno ou atrao da gravidade interrompida por uma base (ex: cho) que produz pregas em sentido oblquo ou transversal, de acordo com a qualidade do tecido Figura 42. Essas linhas (dobras) no so livres, nem retas, so curvas e pontiagudas. Figura 42: Desenho. Ponto de apoio

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2009). 4 - Ponto de inrcia: a representao de linhas curvas e soltas,

    provocadas pelo movimento do tecido sob a ao do vento (ar), como est no desenho na Figura 43.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 112

    Figura 43: Desenho. Ponto de inrcia

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2009).

    Mdulo de Ensino VI Assunto: Construo da figura de moda. Materiais solicitados: lpis grafite de diferentes gradaes, caneta

    nanquim, aquarela, pastel, marcadores. Suporte: papel texturizado A4, preferncia para os que aceitam

    tcnicas midas como o Canson. Pincis redondos e chatos. Imagens de revistas e/ou objetos fsicos para observao.

    No Desenho de Moda, a figura, tanto masculina, feminina ou infantil deve ser apenas um suporte, no devendo ficar em evidncia maior do que o vesturio, pois a roupa um objeto esttico, separadamente do corpo. Mas, como suporte, o corpo deve ser conhecido em todas as suas dimenses, propores e movimentos, pois ele que d o movimento, caimento e composio s roupas. No existe um padro corporal nico e perfeito esteticamente. Entretanto, h medidas corporais e propores que se mantm estveis, como, por exemplo, o tronco, o brao, o cotovelo, cuja medida proporcional est na altura da cintura.

    A apreenso desses conhecimentos facilita o entendimento para iniciao da construo da figura humana e posterior transformao para a figura de moda. Se por um lado a representao esttica visual da

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 113

    figura de moda, como ferramenta do desenho, deve produzir efeitos e caractersticas que permitam a identificao do futuro usurio, tanto por faixa etria quanto por raa ou gnero, por outro lado, esta ferramenta precisa identificar, tambm, todo o material a ser utilizado na confeco e produo da pea de roupa, passando a ser uma das principais ferramentas do desenvolvimento da concepo projetual em Design.

    Expe-se, atravs dessa experincia, uma das tcnicas usadas de aprofundamento do conhecimento sobre os elementos e processos que intervm e se relacionam em sua representao grfica. Logo, torna-se necessrio demonstrar ao aluno o desenho do corpo em seus componentes elementares, mos, ps, rosto etc., conduzi-lo a aprender a conhec-lo pela ao de desenh-lo, para determinar os efeitos das interaes e relaes destes mesmos componentes na montagem da construo da figura de moda completa.

    Salienta-se, tambm, que aqui so apresentadas apenas algumas partes do ensino e aprendizagem da construo do desenho mo livre, pelo entendimento de que se trata de procedimento longo, com inmeras partes, que por si s j seria considerado estudo para uma tese. Portanto, apresenta-se a sequncia de aplicao do ensino, porm, emitindo-se vrias experincias pelas quais necessariamente o aluno precisa passar dentro do processo de aprendizagem da construo da figura de moda.

    Procedimentos: experincia realizada O aluno inicia o estudo dos movimentos, dimenses e propores da

    figura de moda, sendo um dos diversos recursos didticos utilizados aqui pelo professor, a projeo de slides sobre os cnones da figura humana, paralelamente ao da figura de moda, para a visualizao e comparao simultnea das duas imagens. O conhecimento prvio do corpo humano, sua estrutura ssea e muscular (caractersticas anatmicas), fundamental para se obter a habilidade de transformao para a figura de moda.

    Nesse treino visual, o aluno olha cuidadosamente as formas e o direcionamento das linhas do corpo, desenvolve o pensamento analgico, atravs da observao alm do dilogo com as imagens, que ficam expostas para que o aluno realize estudos e reflexes. O boneco de

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 114

    madeira, articulado por sua tridimensionalidade, outro recurso utilizado, uma vez que possui sua escala reduzida e construo simplificada. Ao ser manipulado, mostra posies e movimentos, permitindo, do aluno, uma concentrao em sua forma, no eixo do plano de equilbrio e no movimento, sem ater-se a outros detalhes ou texturas. A etapa seguinte deste exerccio objetiva construir a estrutura ssea da figura de moda.

    O professor desenha no quadro as duas figuras: a humana e a figura de moda estticas e de frente , uma ao lado da outra, para que o aluno visualize as principais diferenas entre elas. O desenho realizado em ritmo lento, para que haja questionamentos, interiorizao e apreenso das informaes sobre, por exemplo, que traos utilizar para dar determinados efeitos de estrutura ssea na figura de moda em movimento.

    Neste procedimento, o aluno, sem desenhar, apenas observa o processo de construo da imagem visual da figura de moda na posio esttica. Somente inicia a construo do seu desenho, quando o professor repete o processo. construdo no quadro, novamente, o passo a passo da estrutura ssea, demonstrando onde cada parte se localiza em relao aos cnones de medidas, atravs da utilizao de linhas auxiliares e a linha do eixo do plano de equilbrio, que divide o corpo ao meio. Este eixo identificado por uma perpendicular, passando no centro da figura, o que possibilita a representao da figura de moda de p, de maneira equilibrada. Do centro do pescoo da figura, o aluno traa uma reta perpendicular at o cho, onde a mesma est posicionada. Mesmo que o corpo esteja em movimento, este eixo de equilbrio deve ser respeitado, para que a figura de moda no parea deslocada ou caindo. Este processo se repete tantas vezes quanto forem necessrias at o aluno compreender onde cada parte da estrutura ssea se localiza em relao aos cnones de propores, como aponta o desenho na Figura 44.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • Figura 44: Desenho. Estrutura ssea

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2010)

    Em um terceiro momento, o objetivo construir a estrutura muscular da figura de moda, como mostra

    Figura 45: Desenho. Incio da estrutura muscular.

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2010).

    O objetivo agora construir o detalhamento da estrutura da figura de moda, cabea, tronco e membros. Possuindo o conhecimento da

    Desenho. Estrutura ssea

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2010).

    Em um terceiro momento, o objetivo construir a estrutura muscular da figura de moda, como mostra o desenho na Figura 45.

    ncio da estrutura muscular.

    Aula ministrada por Puls (2010).

    O objetivo agora construir o detalhamento da estrutura da figura de moda, cabea, tronco e membros. Possuindo o conhecimento da

    115

    Em um terceiro momento, o objetivo construir a estrutura muscular

    O objetivo agora construir o detalhamento da estrutura da figura de moda, cabea, tronco e membros. Possuindo o conhecimento da

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 116

    estrutura ssea e muscular da figura, o aluno passa a pesquisar separadamente cada uma das estruturas dos detalhamentos da figura, como: mos, ps, pernas, braos, cabelos, rosto, olhos, boca etc. desenhando-as separadamente, como demonstram os estudos sobre cabelos e rostos dos desenhos nas Figuras 46 e 47, respectivamente.

    Fig. 46: Desenho. Detalhamento preto/branco Fig. 47:Detalhamento em cor

    Fonte: Aula ministrada por Puls (2011).

    Os cabelos emolduram o rosto, dando expressividade figura. O aluno pode desenhar de maneira mais acadmica, Figuras 46 e 47, detalhando os fios do cabelo, trabalhando com sombras internas, variando penteados e linhas. Ou desenhar as linhas do cabelo de maneira mais simplificada, ou estilizada, podendo nem mesmo simular cabelo, mas apenas recriar formas abstratas, criando uma figura desvinculada da realidade.

    Estes so exemplos, Figura 46, onde a aluna representou estudos de rostos com lpis grafite e caneta nanquim. No desenho da Figura 47, com aplicao da cor com caneta e marcador, so realizados todos os outros procedimentos de detalhar as partes do rosto e do corpo da figura de moda, como: olhos, boca, mos, ps etc. A tcnica utilizada pelo professor, neste processo, a mesma ao desenhar as formas no quadro,

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 117

    explicar os procedimentos da construo da estrutura das formas detalhadas do corpo.

    Outra maneira de o aluno pesquisar pela consulta a seu banco de imagens (pasta com imagens de desenhos de figura humana, do corpo da figura de moda, imagens de livros de moda, de croquis e ilustraes de estilistas; de imagens ou desenhos dos detalhamentos: mos, ps, boca, olhos etc., at mesmo de seus desenhos j construdos, utilizados para informaes visuais).

    Atravs da pesquisa, da observao e orientaes, o aluno inicia a construo dos detalhamentos corporais. So experincias realizadas para que ele encontre seu prprio caminho, fazendo esboos, associaes e relaes entre os desenhos e as imagens.

    Aps este estudo, o aluno possui conhecimento das partes do corpo da figura de moda e como estas se relacionam com outras, bem como a integrao de todas num todo ou unidade dos elementos estruturais. Est apto a iniciar a construo da figura de moda completa, com todos os seus detalhamentos, linhas auxiliares e eixo do plano de equilbrio, como se pode observar em vrios desenhos apresentados neste estudo.

    Nesta parte das experincias vivenciadas pelo aluno, ele comea a trabalhar a ruptura da forma, ou seja, onde ele inicia a representao grfico visual da transformao da figura humana para a figura de moda. So momentos que propiciam o esboar de um estilo prprio de desenhar e representar figuras de moda que expressem atitudes, revelem informaes a respeito do pblico gnero, raa e faixa etria - a que se destinam.

    Mdulo de Ensino VII Assunto: desenho da figura de moda e criao do objeto roupa - com uso de referncia.

    Materiais solicitados: lpis grafite de diferentes gradaes, caneta nanquim, aquarela, pastel, marcadores.

    Suporte: papel texturizado A4, preferncia para os que aceitam tcnicas midas como o Canson.

    Pincis redondos e chatos.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 118

    Imagens de revistas e/ou objetos fsicos para observao. Na realizao desta experincia, a maioria dos alunos j tem

    compreenso ou domnio da construo do desenho da figura de moda vestida, como suporte do produto de moda para ideao projetual. Portanto, consegue desenh-la em diferentes posies, no somente estticas, como mostradas nos exemplos de incio de construo dos desenhos nas Figuras 44 e 45, mas com poses que mostram movimento. A nica orientao para o aluno ter preocupao de no extrapolar na representao visual do movimento da figura, no desenhar poses extravagantes, pois estas so mais condizentes para trabalhar o conceito em uma ilustrao de moda. As roupas, como produtos de design de vesturio so projetadas, tendo em vista a produo ou confeco, e precisam ser nitidamente visualizadas e entendidas, em seu suporte, por quem vai produzir a pea idealizada.

    Essa diferena de estgios sobre a estrutura cognitiva se deve ao fato de que, em sala de aula, h alunos com distintas capacidades e habilidades manuais. Uns captam o ensinamento e orientaes mais facilmente, outros j ingressam no curso com o conhecimento bsico, aperfeioando o desenho com mais segurana. Outros ainda, mesmo no tendo esse nvel, buscam-no atravs do esforo e dedicao. E ainda h os que necessitam de orientao constante pela dificuldade do entendimento sobre a espacialidade da forma e entendimento de como construir a figura de moda em deus diferentes bitipos.

    Esses diferentes estgios so acompanhados individualmente pelo professor, como mediador do processo, durante todo o decurso de ensino dos mdulos. Outro procedimento para captar informaes visuais acerca de forma, cores, texturas, necessrio e imprescindvel para o ensino e aprendizado do desenho e da linguagem de moda, a visitao a museus e galerias de arte, com monitoria programada. Alm de visitas a bibliotecas.

    Procedimentos: experincia realizada.

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 119

    Nesta experincia, a tcnica de aprendizagem vivenciada criar um novo produto do vesturio a roupa , a partir do uso de referncia de uma foto-imagem, apresentada na Figura 49.

    Observando a imagem-referncia e aplicando os conhecimentos adquiridos sobre estrutura ssea, muscular, panejamento, entre outros, o aluno desenha primeiramente a figura de moda nua, Figura 48, com ateno ao movimento da estrutura corporal, pois ela que dar movimento s roupas, sendo o seu suporte.

    Por ltimo, o aluno cria um modelo de roupa, transformando o da referncia utilizada, compondo assim a imagem visual da figura de moda, Figura 50, pintando com a tcnica de lpis aquarela em dgrad.

    Fig.48: Foto-imagem Fig.49: Figura de moda nua Fig.50: Desenho de moda

    Fonte destes desenhos: Aulas ministradas por Puls (2011).

    Um projeto de produtos de design de vesturio parece depender das relaes que o aluno faz com suas experincias sobre construo de desenho conceitual com funes projetuais. Portanto, cabe a pergunta Existir frmula ou sequncia ideal de experincias para o desenho mo livre na concepo projetual?

    Entretanto, deve-se mostrar ao aluno que ele dever estar consciente de que apenas desenhar esteticamente, mostrando o produto de maneira expressiva com todas as informaes tcnicas necessrias para se entender a materialidade da roupa, pose e anatomia no promove

    DBDPUC-Rio - Certificao Digital N 0721269/CA

  • 120

    a funo geradora das capacidades criativas e perceptivas teis projetao em Design de Moda. Fazem-se emergenciais outros conhecimentos e habilidades contemplados nas disciplinas do Curso de Moda.