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A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa ... · Parlamento Galego, que votou a favor da Iniciativa Legislativa Popular (ILP) Valentim Paz Andrade por unanimidade. Também

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A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013 2

FEST-AGAL ·A revista da AGALque se distribui no dia da Festa Nacional

ASSOCIAÇOM GALEGA DA LÍNGUA (AGAL) · Ano [email protected] | www.agal-gz.org

Queres-te associar à AGAL? Informa-te em http://associar.agal-gz.org

EDITA: Associaçom Galega da Língua (AGAL) / DIREÇOM : Miguel R. Penas e Gerardo Uz

TEXTOS: Valentim Fagim, Eduardo Maragoto, Gerardo Uz (redaçom) e respetivos autores/as

REVISOM: Valentim Fagim, Iván Fontão, Eduardo Maragoto e Eugénio Outeiro

LOGÍSTICA: Noemi Nogueiras, Gerardo Uz e Miguel R. Penas

DIAGRAMAÇOM: www.tataracomunicacion.com

TIPOGRAFIAS EMPREGUES: “Carme” e “Milocha” (www.ipanemagrafica.com)

IMPRIME: Tameiga

AGAL

ASSOCIAÇOMASSOCIAÇOM

GALEGAGALEGA

DA LÍNGUADA LÍNGUAwww.agal-gz.org

Mais um ano a AGALedita a revistaFEST-AGAL e maisum ano o presiden-

te tem o honor e a responsa-bilidade de dar as boas-vindase de abrir a publicaçom comumhas primeiras linhas. Mu-dam as pessoas mas nommudam as estratégias. Desdeo passado 25 de Julho temmudado muita cousa, entreoutras que a Associaçom temum novo Conselho desdenovembro e um coletivo depessoas associadas maisalargado e sem o qual nada doque fazemos poderia tornar-se umha realidade.

Nos últimos doze meses te-mos o firme empenho de MULTI-PLICAR. O presente número doFEST-AGAL é continuador dacampanha encetada para con-vocar a mobilizaçom do 17 deMaio: MULTIPLICA X100 A TUALÍNGUA, umha palavra deordem inspirada na ILP ‘PazAndrade’, de que o ano passa-do recolhíamos assinaturas eque hoje está a ser debatida

no Parlamento galego. MUL-TIPLICA X100, umha mensa-gem que quer transmitir àcidadania que ser galega émesmo umha sorte. Umhamensagem que nom se resig-na, que nom quer ficar emresistencialismos, umha men-sagem para toda a sociedade.Umha proposta positiva, ale-gre e otimista. Umha mensa-gem que procura um futuromelhor e mais bem-estar paratodas e todos.

MULTIPLICAR é o que dese-jamos também quanto à basesocial da nossa associaçom,por isso nas últimas semanasé possível que até pudésseisver/ler na rede qualquer cousaao respeito da campanha da#GenteNovadaAGAL. Umhacampanha em que mostramoscomo som as pessoas queestám a aderir nos últimosmeses à nossa Associaçom ena qual convidamos e encora-jamos a que qualquer de vósnos acompanhe no trabalhodo dia-a-dia. Queremos umhaAGAL mais forte, com mais

agálicos e agálicas que nosajudem a construir projetosmais ambiciosos, a continuara trabalhar polo futuro dogalego no pais onde nasceu.Queremos ser um fator MUL-TIPLICADOR e para isso ne-

cessitamos também de vósNas próximas páginas até

pode ser que encontreis al-gumha razom ou motivo paraquerer MULTIPLICAR com aAGAL.

Boa festa!

Miguel R. Penas, presidente da AGAL | Foto: Xan Muras

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como um povo único no mundo,singulariza-nos como os úni-cos e únicas falantes ‘naturais’das duas línguas romances maisextensas e com maior expan-som no mundo. Só na Galizaacontece isto. Ou mais bemteríamos de dizer que só naGaliza pode acontecer isto.Umha das línguas, o castelha-no, nom tem nengum problemaem garantir a sua sobrevivên-cia, mentres que a outra, a lín-gua própria do País, nom o temassim tam fácil. Dous som osproblemas fundamentais.Todos os inquéritos mostramumha agudizada perda de falan-tes, nomeadamente nas cama-das mais jovens e urbanas. Poroutra parte, a visom ‘oficial’ dogalego, na Galiza, deixa-o res-tringido a umha fala local e cir-cunscrita unicamente ao nossoterritório.

Nem temos garantida a conti-nuidade da língua no territórioque a viu nascer, nem somosquem de aproveitar toda a suapotencialidade. Negro panora-ma, propício para o pessimismoe o desánimo. E mesmo assim,ano após ano, campanha apóscampanha, o reintegracionismoe toda a sua base social é cadavez mais ativo e mostra umhamensagem positiva, cheia defuturo e de ilusom. Casualida-de? Nós nom acreditamos nisso.

UM NOVO RUMOO novo rumo que propomos

assenta as raízes no que nos émais próprio: vai ao cerne dalíngua para resgatar formasgenuínas e confrontá-las como presente. Ao tempo, mostra autilidade de umha língua que setornou em global por causa dopercurso da história. Umhaestratégia que é útil para osfalantes. Útil para quem querconservar a sua língua natal, ada sua aldeia, a do seu bairro, ada sua família... e útil para quemchega ‘novo’ e quer poder ace-der a umha fala universal.

Que a língua galega éportuguês, ou que oportuguês é o gale-go que se fala além

das fronteiras da Galiza, é aideia central do reintegracionis-mo, resumida muito bem napalavra de ordem “MultiplicaX100 a tua língua”. Porque issoé precisamente o que pretendeesta estratégia para o galego,sem deixar de ser a língua pró-pria da cidadania galega, cons-truir um padrom que aproveitetoda a potencialidade quesupom ter umha origem comumcom o que hoje em dia seconhece internacionalmentecomo português.

Umha estratégia que já foiinsinuada por grandes mestrescomo o próprio Castelao, quemmanifestou em vários textosda sua obra esta unidade e quejá na primeira metade do séculoXX reconhecia as vantagens daLusofonia e da conceçom alar-gada da nossa língua. Agora,mais de meio século depois dasua morte, graças à ILP ‘PazAndrade’ encetou noParlamento um interessantedebate a respeito de comopodemos aproveitar as poten-cialidades do galego no mundo;um debate mínimo, mas que jánom pode ser paralisado. E oque ainda é mais importante: aideia está cada vez mais assen-te em muitos dos coletivos quea partir do seu esforço e since-ridade trabalham pola língua nodia-a-dia, por essas pessoasque realizam um trabalho debase desde o associacionismocultural ou juvenil, desde ascoordenadoras, sindicatos,escolas, empresas... que que-rem aproveitar também osbenefícios desta focagem parao galego, sem por isso perdernada da sua raiz.

Ser capazes de entender ogalego como umha parte dessediasistema que é o portuguêseuropeu, americano, africano emesmo asiático, coloca-nos

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Acampanha viralizouem poucos dias nasredes sociais com asp a l a v r a s - c h a v e

#X100 ou #galegoX100, queremetiam para o bloguex100.agal-gz.org. Neste espa-ço internético recolhêromdurante quase duas semanastestemunhos e reflexões depessoas defendendo a neces-sidade de multiplicar a nossalíngua X100, de 2,5 milhões degalegos e galegas para os maisde 250 milhões do universolusófono. Na mesma platafor-ma carregárom palavras deordem e cânticos para ·fazer afesta· o 17 de Maio. Precisa-mente, polas palavras deordem, as canções e o colori-do, o cortejo multiplicador nompassou despercebido.

Mas havia um outro elementoque chamou a atençom: a ale-gria. Como recolheu na alturaa crónica publicada pola ediçomdigital do Sermos Galiza,namanifestaçom também estavam“os reintegracionistas e lusistas(vá você saber qual a diferen-ça!). Eram distinguíveis porquelevavam um sorriso. Faixas comene-agá, ele-agá e muita brin-cadeira”.

APESAR DA CHUVA, UMHA LíNGUAQUE NOM ENCOLHE

A manifestaçom, que iniciarana Alameda de Compostela,finalizou na praça da Quintã. A

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meteorologia foi benévola namaior parte da manifestaçom,embora houvo momentos emque os guarda-chuvas fossemnecessários, como no final doevento: aquando as últimasestrofes do hino nacional gale-go, as precipitações faziamobrigatório abrir os guarda-chuvas. Era umha chuva moleque se levava bem, mas que ia amais segundo finalizava o hino,deixando trás de si um aguacei-ro antológico após o derradeiro“Naçom de Breo-gám”: os céusdescarregavam tensom, talco-mo acabavam de fazer os mani-festantes. Mas pouco importa-va, porque “ainda que se molhe,o galego nom encolhe”: multi-plica-se!

BLOCO LARANJAPara lá deste cortejo multipli-

cador, que se situou nos primei-ros postos da manifestaçom, oreintegracionismo estivo tam-bém representado polo BlocoLaranja. Sob a palavra de ordem“Crescer na nossa língua paraestar no mundo”, situárom-seno final da manifestaçom amodo de bloco crítico. Houvotambém outras faixas como“Para salvar a língua galeganecessitamos a independência”(Causa Galiza), “Contra o espa-nholismo: auto-defensa. Galizaceive e monolíngüe!”· (Briga) ouainda umha citaçom de Carva-lho Calero, ·”O galego, ou égalego-português ou é galego-castelhano. Nom há outra alter-nativa”.

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Parlamento Galego, que votoua favor da Iniciativa LegislativaPopular (ILP) Valentim PazAndrade por unanimidade.Também nesse sentido foi um

Odia 14 de maio foium dia históricopara a Galiza e parao reintegracionismo

galego. Três das suas reivindi-caçons históricas (a receçomdo sinal das televisons portu-guesas, o trabalho diplomáticopara a Galiza estar representa-da no mundo através de fórunslusófonos e a opçom de estu-dar português em todos osníveis do ensino) fôrom toma-das em consideraçom polo

O conjunto dasiniciativas des-ta ILP contacom o apoio

explícito de mais de 17.000pessoas e também com o[...] amplamente maioritá-rio da sociedade galega,que é consciente do desa-proveitamento das vanta-gens que temos como ga-legos em relaçom a todoo universo de língua por-tuguesa. [...] Desde quedisponhamos dos elemen-tos formativos e comuni-cativos para nos desen-volver com naturalidadeno modelo internacionaldo galego, estaremosaproveitando estas van-tagens”.

“No ano passado, a Dire-çom Geral de Política Lin-güística do governo gale-go levou a cabo umhacampanha, para nos fazerver, aos empresários eempresárias, que o gale-go é umha língua útil paraos nossos negócios inter-nacionais. Hoje tenhemnas suas maos a possi-bilidade de fazerem ver,nom só ao empresariado,mas a todos os galegos egalegas, aos nossos fi-lhos e filhas, que tenhemumha língua extensa eútil, com umha digníssimahistória de séculos e umimenso futuro por diante,como o que tem estepaís”.

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dia histórico para a Galiza, poisapenas três ILP de perto deduzentas tinham sido aprova-das antes no Hórreo.

O FEST-AGAL fijo a sua pró-pria compilaçom das que nosparecêrom as frases mais inte-ressantes que proferírom osnossos representantes políti-cos na defesa da ILP, à esperade que os grupos parlamenta-res traduzam o espírito da ILPem leis eficazes para a divulga-çom da cultura lusófona naGaliza. À esquerda, cartaz promocional da ILP; à direita, umha campanha institucional

XOSÉ CARLOS MORELL(Em representaçom da ILP)

ANA PONTÓN(BNG)

O isolacionis-mo ou nega-cionismo quese pratica na

Galiza em relaçom comos países da Lusofoniaimplica nom só umha ne-gaçom histórica da nos-sa própria realidade, co-mo tamém estragar gran-des potencialidades anível económico e cultu-ral. Portanto, cremos queesta é umha iniciativa empositivo que merece oapoio do conjunto do Par-lamento.”“Na Galiza houvo umhafilosofia oficial sobre alíngua galega que sepreocupou muito mais deindependizar a sua exis-tência frente ao portu-guês que em reforçar osvínculos e o conhecimen-to mútuo e fomentar todasas vantagens que talachegamento reportaria.”“Esta inciativa nom é sóde sentido comum. Tam-bém há todo um quadrolegal que nos está recla-mando que atuemos nes-sa direçom. Podemos ci-tar o nosso próprio Esta-tuto de Autonomia [...]artigo 35.3 (...)”.

XAVIER RON(AGE)

A presençada língua por-tuguesa no en-sino na Galiza

deve servir de elementode acolhimento da popu-laçom procedente dospaíses da Comunidade dePaíses de Língua Portu-guesa.”“É chamativo e entriste-cedor comprovar que naGaliza vamos por detrásda Estremadura e da An-daluzia no processo deimplantaçom dos estudosde português no ensinobásico e secundário. Épreciso, e nisso incideesta ILP, que o ensino dalíngua portuguesa sejamatéria de oferta obri-gatória na Galiza, polomenos à mesma alturaque o francês ou o in-glês. Temos umha exce-lente ocasiom para o re-conhecimento, sempreem chave de reciproci-dade, das artes, para atroca de experiências ar-tísticas, audiovisuais, mu-sicais, editoriais e tam-bém políticas e sociais,assim como económicas,que é o eixo que priorizaa ILP”.

FCO. CAAMAÑO(PSOE)

Aguardo queo governo, a-demais de vo-tar favoravel-

mente a esta iniciativa, fa-ga o possível por levá-laadiante. Espero que depoisda lei venham decretos eque as pretensons, que naILP se contenhem em trêsartigos, as podamos verbem cedo todos os ga-legos, para que nom sópodam estudar em por-tuguês as escolas da raia”.

A. BAAMONDE(PP)

Abordamosesta iniciati-va [...] que éumha oportu-

nidade que nom devemosdeixar passar [...] porqueabre a economia galega aum mercado [...] de 250milhons de pessoas. [...]oferece aos galegos e àsgalegas a possibilidade dese introduzirem nessa e-norme área [...] que repre-senta a Lusofonia[...]. E [..],porque defender o portu-guês representa, de algumjeito, defender o galego”.

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sobre estratégias, alicerçadasem dados estatísticos e econó-micos. Mas, como dissemos,não foi este o nosso desejo.

VONTADE ÚLTIMA DE MOSTRAR UMAREALIDADE DESCONHECIDA

Essa vontade última de mos-trar uma realidade desconheci-da, torna também o texto numlivro de suspense, onde conhe-cendo desde o seu começo oseu desfecho (tudo está notítulo), não saberemos dospequenos aspetos da história,sem ter lido a totalidade dassuas páginas.

O certo é que quem governanosso País conhece o conto.Como aparece na introduçãodo livro, a própria SecretaríaXeral de Política Lingüísticaexprime em determinados con-textos uma visão aberta danossa língua, mas infelizmenteisto não se reflete na realidadecom medidas ativas nessa dire-ção e, o que é pior, oculta essarealidade à sociedade galega.

MEDIDAS RECOLHIDAS NA ILPPAZ-ANDRADE

O texto da Iniciativa Legis-lativa Popular Valentim PazAndrade recolhia medidasmuito concretas e muito realis-tas para promover esta realida-de. Infelizmente, nestes momen-tos já conhecemos as mudan-ças que o grupo parlamentar do

Partido Popular quer introduzirnela. De qualquer maneira, eseja qual for a redação definiti-va da lei, deverá ser a própriasociedade galega quem deman-de estas mudanças, mas, antesde mais, é preciso dar a conhe-cer esta realidade: a nossa lín-gua é falada nos cinco conti-nentes por mais de 250 milhõesde pessoas.

Quando alguém apanhaum livro em cuja capaaparecem o verbo “ga-nhar” e o substantivo

“valor”, umha pessoa podeachar que se trata dum aborreci-do livro de economia e talveztente defazer-se rapidamentedele e devolvê-lo ao seu lugar.Mas apesar desta aparência ini-cial Falar a ganhar. O valor dogalego é por cima de tudo eantes de mais, um livro cheio devida. Trata-se de um texto cole-tivo com muitos olhares diferen-tes e onde são narradas asexperiências vitais destas pes-soas em diferentes âmbitos pro-fissionais. A leitora não podeficar indiferente a estas vivên-cias, muitas delas narradas emprimeira pessoa como é o casodo capítulo chamado de “Expe-riências pessoais”.

NASCER NA GALIZA FOI BOM PARAPESSOAS COM PERFIS DE TODO TIPO

Como se de um conto se tra-tasse, todas elas e todos elesprincipiam com “Ser galega/o foibom profissionalmente por-que...”. É assim que nascer naGaliza e/ou falar galego foi bompara um consultor pesqueiro,um diretor administrativo, umafuncionária de uma empresatecnológica internacional, umempresário, uma atriz, uma mes-tra de dança tradicional e um

biólogo. Estas pessoas, comnomes próprios, fazem partedeste livro, mas com certezaexistem outras muitas que nãoaparecem nele e que estão ausufruir a mesma língua nosseus respetivos âmbitos profis-sionais.

Esta vida encerrada nas suaspáginas, flutua também de múlti-plas maneiras. Para além destasexperiências pessoais, entrevis-tamos pessoas da política, daempresa, da música, da universi-dade, das relações internacio-nais..., e perguntamos sobre lín-gua em relacionamento com aatividade que desenvolvem.Neste caso são pessoas conhe-cidas de todos nós e que comcerteza vão chamar a tua aten-ção. De resto, admira encontrarpessoas que no seu dia a dia,trabalham com uma visão aber-ta da nossa língua, esquecendo,às vezes, o silêncio sobre oassunto, e outras vezes, supe-rando as mensagens que redu-zem o galego ao status de lín-gua autonómica.

RELATÓRIOS DE PROFISSIONAIS DEDIFERENTES ESPECIALIDADES

Outra maneira de contaresta historia foi através dosrelatórios de, agora sim, várioseconomistas, um engenheirode telecomunicações e umafilóloga. Contudo, se bem oartigo que abre o livro, o deJoám Lopes Facal, contenhadados estatísticos e sócio-económicos, também está adescobrir a realidade de vidada Galiza, de Angola e doBrasil, o que não é comum vere ouvir num telejornal.

Da mesma maneira, os outrosdois economistas, SantiagoLago e Enrique Saez Ponte,revelam-se muito benevolentescom as futuras leitoras.Santiago reflete sobre o País emque mora e indica aspetos deledos que gosta e outros quepoderiam melhorar realizandomudanças ou implementandonovos projetos. Enrique, comodiretivo do Banco Pastor, escre-ve sobre a sua experiência emPortugal trabalhando nas inicia-tivas da entidade ao sul doMinho. Com certeza a futura lei-tora não vai ficar indiferente.

Xavier Alcalá soma a sua con-dição de engenheiro de teleco-municações à de escritor, mis-turando ambas magistralmente.

Como nos seus romances,onde a vida pessoal dele enchemuitas páginas, neste texto alíngua atravessa a sua profis-são de engenheiro. Aliás, lem-bra uma época emocionante danossa história e o seu interes-sante contributo numa facetaartística que muitos desconhe-cíamos e que vai surpreendera mais de uma.

O último relatório é o daRaquel Bello. Focado nas indús-trias culturais e no seu relacio-namento com a língua, comentanegócios explorados na atuali-dade pela sua empresa e outroscom grandes potencialidades.

A maneira mais visual demostrar essa visão interna-cional da nossa língua é a doXico Paradelo. Os seus dese-nhos são oásis na leitura epresentes para pôr a funcio-nar o nosso cérebro.

Portanto poderíamos ter feitoum livro de economia da línguagalega, académico, utilizandodados estatísticos e bibliografiateórica sobre o tópico, mas afinalidade última do projeto nãoera essa. Queríamos transmitirà sociedade galega factos, ocul-tados à mesma, mas fugindodesse formato. Poderão e deve-rão vir outros livros que pesqui-sem sobre esta questão, de-monstrando teorias e cons-truindo modelos, refletindo

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Capa do livro coordenado por Manuel César Vila

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Picheleiro descendente dearçuáns, mas nascido na emigra-çom. Licenciado em História polaUSC, tivo os primeiros contactoscom o reintegracionismo naetapa universitária. Acabados osestudos, começou a trabalhar emOurense numha produtora deconteúdos para a rede. Nestacidade morou entre 2001 e 2006e entrou em contacto com pes-soal da AGAL.

Em fevereiro de 2002 come-çou a colaborar no redesenho doprimeiro web da AGAL paratransformá-lo no Portal Galegoda Língua. Entre 2003 e 2006 foimembro do Conselho da AGAL edesde finais 2004 trabalhou naárea editorial da Associaçom.Desde 2006 volta a morar emCompostela. Já nesta cidade, foivice-presidente da AGAL naetapa 2009-2012, bem comoprimeiro diretor da ATRAVÉS |EDITORA, a renovada marca edi-torial da AGAL.

Licenciado em Filologia Gale-go-Portuguesa e diplomado emHistória. Em 1996 funda a livra-ria A Palavra Perduda em San-tiago de Compostela e trabalhana distribuiçom de livros em por-tuguês. Desde 2001 até 2009foi professor de português naEscola de Idiomas de Ourense, eatualmente exerce na de Com-postela. Desempenhou diferen-tes responsabilidades no localsocial A Esmorga entre 2006 e2008.

Membro desde 2008 da AGLP,Academia Galega da LínguaPortuguesa. Entre 2009 e 2012foi presidente da AssociaçomGalega de Língua, AGAL.No seioda AGAL tem sido responsávelcriador e responsável de váriosprojetos e áreas de trabalho.

Tem publicados três livros, OGalego (im)possível [2001], DoÑ para o NH [2009] e O Galego éuma oortunidade/El gallego esuna oportunidad [2012].

Procedente de umha família dobairro de Teis (Vigo) com raízesmarinheiras e labregas, na suainfância foi muito marcante aluita de membros da sua famíliacontra o regime e a prol de tran-sitar para um regime democráti-co. A sua primeira experiênciacom o português foi aos 7 anos,após ouvir como uns familiaresque moravam há muito no Brasil,e que vinham de férias à Galiza,falavam com os seus pais. Ficousurpreendido ao saber que noBrasil, tam longe, falavam comoem casa…

Desde 1994 é bombeiro doConcelho de Vigo. Foi fundadorda Comunidade de Montes deTeis e presidente durante 8 anos.Atualmente é vice-presidente.

Galego-falante de berço, des-cobre a magnitude do seu idio-ma na Escola Oficial de Idiomasde Ourense em 2004, onde reali-za os seus estudos de portuguêsaté 2009.

Diplomado em CiênciasEmpresariais pola Universidadede Vigo. Atualmente está a reali-zar trabalhos de caráter adminis-trativo num escritório.

Foi tesoureiro da AssociaçãoCultural “A Esmorga” entre 2008e 2010. Desde o ano 2010 ésócio da AGAL.

Licenciada em Filologia Galegae em Filologia Portuguesa po-la USC, tem um mestrado emServiços Culturais, também polaUSC.

Em 2005 começa a dar aulas deportuguês para academias, sindi-catos, associações e na Univer-sidade de Vigo (Polo de Ourense).Também faz traduções e é docen-te dos ateliês Ops! (O portuguêsSimples, http://ops.agal-gz.org) .

Desde 2002 está envolvida noativismo ligüístico e cultural comdiferentes responsabilidades noMDL (Movimento de Defesa daLíngua), na Associação Cultural“A Esmorga”, na Pró- AGLP e naAGAL.

Tem organizado festivais demúsica como o Português Perto:Aquelas Nossas Músicas, que vaipola segunda ediçom, ou oFestival “Estou Lá”.

Filho de labregos da Terra Chã,residiu e estudou na comarca até2001, quando se deslocou aCompostela para se formar emjornalismo. As primeiras aproxi-mações à Lusofonia fôrom gra-ças a cartas e livros de família emi-grada no Brasil. Em 2003 come-çou a colaborar com iniciativasreintegracionistas, e no ano 2005começou a formar parte das equi-pas do PGL e do Novas. É sócioda AGAL desde 2006 e membrodo Conselho desde 2009.

Nasce em 1990 no bairro coru-nhês de Monte Alto. Em 2010 vaiestudar filologia galega a Com-postela, carreira da qual atual-mente está a cursar o terceiroano. É em Compostela onde tomacontato com o ativismo lingüísti-co colaborando no Portal Galegoda Língua após ter tornado sócioda AGAL.

Em maio de 2012 começa acolaborar como corretor doNovas da Galiza, do que é hojeresponsável de seçom.

Nado no bairro compostelanode Sam Lázaro no verão de 1967.Entre 2009 e 2012 foi tesoureiroda AGAL. Com catorze anoscomeçou a colaborar na associa-çom de vizinhos do bairro e, unsanos depois, os mais jovens cons-tituírom umha associaçom juve-nil. Daquela altura é a afiliaçompolítica ao nacionalismo galego euns anos mais tarde à CIG.

É licenciado em CiênciasEconómicas pola USC e anosdepois tirou a licenciatura deAdministraçom e Direçom deEmpresas, assim como o Di-ploma de Estudos Avançadosem Economia. Leciona adminis-traçom de empresas no IESMacias o Namorado de Padrom.

Desde os três anos morou nafreguesia de Feás (Carinho).Estudou Filologia Portuguesa emCompostela, cidade à qual che-gou em 1994 e onde participouna fundaçom do Movimento deDefesa da Língua (MDL). Depoisde morar um ano em Portugal,voltou a Compostela em 98,envolvendo-se no sindicalismoestudantil. Entre 2001 e 2006trabalhou na EOI de Valência, eatualmente na de Compostela.

Desde 2006 até 2010 perten-ceu ao conselho de redacçom dojornal Novas da Galiza, jornalonde coordenou os trabalhos decorreçom até 2012 . Também per-tence à comissom de defesa dalíngua da Gentalha do Pichel e àComissom Lingüística da AGAL. Éco-autor do Manual Galego deLíngua e Estilo e dos documentá-rios Entre Línguas e Em Com-panhia da Morte. Atualmente gerea área audiovisual da AGAL.

Nasceu em 1976 em Lugo, masé de Tedim, umha pequena aldeiacaminho de Porto Marim perto doMinho. Estudou filologia hispáni-ca e galega em Lugo e Compos-tela, cidades de onde fugiu depoisde terminar os estudos para viajarpola Europa. Morou e trabalhouem Vilnius, Paris, Moscovo e oPorto. Voltou à Galiza para traba-lhar no ensino secundário comoprofessora de galego e fazer umDEA em Lingüística e Traduçomna Universidade de Vigo.

Atualmente trabalha em Debre-cen, na Hungria, e é uma das dire-toras da editora ATRAVÉS.

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Após a assembleiageral da AGAL dopassado 20 de abril,o presidente da

associaçom, Miguel R. Penas,recolheu de maos de AlexandreBanhos o Prémio Meendinho,que anualmente entrega a fun-daçom do mesmo nome a proje-tos que salientam na defesa daGaliza e/ou da língua galego-portuguesa.

Para o padroado da Funda-çom Meendinho, sem a AGALnom se poderia entender a luitapola reintegraçom do galego noespaço lusófono.

Em diferentes ediçons dogalardom fôrom já premiadasentidades e iniciativas como oMovimento Internacional Lusó-fono (MIL), a Academia Galegada Língua Portuguesa (AGLP)ou o coletivo Sei o que nosFigestes.

9 A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013

Rúa das Orfas, 27, 1º

15703 Compostela

T. 981 571 521 - 622 858 806

[email protected]

www.acende.eu

Twitter / Facebook:

AcendeEnerxia

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Como nasce a ideia de criarCiranda?

Ciranda é formada por quatropessoas: Íria, Loaira, Xurxo eCarme. A nossa é a história dequatro sócias da AGAL (Asso-ciaçom Galega da Língua) quecolaboravam em projetos exis-tentes (OPS, Falarmos, Imper-dível...). A associação sabia queos projetos estavam a crescermuito como para serem susten-tados por trabalho voluntário edecidiu externalizá-los.

Decidimos chamar-nos Ciran-da, porque é uma dança existen-te em Pernambuco e também naGaliza. É um nome lúdico quesimboliza união.

Quais as vantagens de umespaço físico, partilhado aliáscom a Livraria Lila de Lilith?

É certo que a net está aganhar espaço, mas é importan-te sermos visíveis fisicamente.A Ciranda não é só uma livraria,atendemos outras áreas, comoas aulas, que precisam de umasala para serem realizadas. Aliás,o contacto direto com clientes éuma das nossas apostas. Asvantagens da parceria sãotodas: partilhar despesas, apro-veitar sinergias, organizar proje-tos comuns... A Galiza pode edeve ser uma referência culturala nível mundial e assim nós ache-gamos o nosso grãozinho paraisto se tornar realidade.

Qual é agora mesmo a vossaoferta de cursos?

Atualmente estamos a desen-volver o curso online FalarmosBrasil e os cursos aPorto deimersão linguística, mas durantetodo o ano tivemos formação

de todo o tipo e os projetos quenós temos vão nessa direção.

Lecionámos ateliês para pri-mário e secundário (OPS, Per-cussões), para o turismo, admi-nistrámos cursos para sindica-tos, escolas de idiomas...

Nesta altura temos as inscri-ções abertas para os cursosintensivos de verão na Ciranda.No começo do ano académicovamos dedicar bastante tempoà formação do professorado,com novos projetos dos quaisterão notícia muito em breve.

Como valorizam a ILP Va-lentim Paz-Andrade?

Que um Parlamento tenha emconsideração o debate de umaproposta como a ILP ValentimPaz-Andrade para introduzir oportuguês na vida da cidadaniagalega é, do nosso ponto devista, um passo muito importan-te que pode abrir um mundo depossibilidades ao futuro do idio-ma galego, assim como poderachegar-nos de uma maneira natu-ral ao universo cultural daLusofonia. E, com certeza, naCiranda vamos tentar aproveitaresta ótima oportunidade.

Qual é o balanço destes seismeses?

O balanço é claramente positi-vo. No início não sabíamoscomo ía ser digerido o projetonem qual ia ser o alcance.Comprovamos que o projetoestá a ter sucesso, que as pes-soas necessitavam tanto um

espaço como o da Ciranda paraa organização de eventos deteor lusófono assim como umaoferta de cursos de língua ecultura portuguesa acordescom os tempos que estamos aviver.

Cada vez são mais as pes-soas não vinculadas com o

mundo da Lusofonia ou do rein-tegracionismo que se achegama nós, tanto para ler em portu-guês quanto para aprender estalíngua, coisa que nos encoraja acontinuar e melhorar a nossaoferta.

Uma pessoa que não é deCompostela... que maneirastem de contactar convosco econhecer Ciranda?

Estamos na net no endereçowww.ciranda.pt, onde podemser consultadas informaçõessobre cursos, projetos e even-tos. O nosso fundo tambémestá disponível na loja onlinewww.imperdivel.net.

Podem também seguir asnossas atividades no Facebook(Ciranda, à volta do português)e Twitter (@cirandacompos).Para qualquer dúvida, atende-mos no telefone 981 557 104ou no e-mail [email protected].

XURXO MARTINS, CARME SABORIDO, LOAIRA MARTÍNEZ E ÍRIA MAYER · EMPRESA “CIRANDA, À VOLTA DO PORTUGUÊS”

REDAÇÃO

A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013 10

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11 A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013

OPS! - O Português Simples(www.opsciranda.wordpress.com)

São ateliês de 100 minu-tos dirigidos ao ensinosecundário. Mostram deuma maneira lúdica e

interativa que o galego é umaentrada privilegiada para acederao mundo em português e anossa vantagem competitiva noquadro espanhol e europeu.

A maioria dos nossos estu-dantes, quando finalizam o sis-tema educativo obrigatório,desconhecem que o portuguêspode formar parte do seu CV. Éa sexta língua mais falada nomundo, oficial em 4 continen-tes e 8 países, sendo um deleso Brasil, potência emergente. Oateliê põe em valor a língua daGaliza, fazendo ver a suapotencialidade e contrabalan-çando os preconceitos que asubvalorizam.

Espaço da Ciranda(Rua Travessa n.º 7, Compostela)

Ciranda tem um espaçofísico em Compostelaque mostra os fundosda livraria e os da edi-

tora ATRAVÉS, da qual somosdistribuidores.

Este espaço serve aliás pararealizar várias atividades noâmbito do ensino, como tam-

bém a realização de eventos dediferente teor mas sempre rela-cionados com a Lusofonia:apresentação de livros, músicaao vivo, palestras, etc.

Contar com um espaço pró-prio onde as pessoas nos pos-sam visitar quando quiseremacrescenta uma maior visibilida-

de a este projeto. Era precisoum espaço de referência, por-que a cidade estava orfã atéagora.

O nosso fundo está especia-lizado no livro português, mascontamos com livro galego.Todos os géneros literáriosestão na loja, para além demúsica, cinema e produtos por-tugueses. E também estamosna net mediante a loja on-linewww.imperdivel.net.

Cursos aPorto(www.aporto.org)

Trata-se de cursos deportuguês realizados noPorto, com uma semanade duração. Decorrem

na segunda quinzena de julho eno mês de agosto e incluem:n Durante as manhãs: Aulas(que têm como objetivo aexpressão oral)n Durante as tardes: Ativi-dades culturais e conversasinformais.

Duas particularidades fazemdos aPorto especiais e insupe-ráveis: serem preparados cien-tífica e pedagogicamente paradiscentes galegos e a comple-mentação da parte letiva comatividades culturais especifica-mente desenhadas que esten-dem a formação e permitem umconhecimento diversificado doPorto, dos portuenses e da cul-tura e língua portuguesa.

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do pela AtravésEditora, que reúnetodos os capítulose outras explica-ções.

A intriga parte dofurto do crânio deCastelao. Um Cate-drático de Medicinapede a um discípuloque o procure enessa busca, que le-va o jovem por váriasgeografias de Portu-gal, Cabo Verde, osAçores e o mesmo Ín-dico, interfere a filhado velho professor.Quando recebem avisofinal de regresso, poiso crânio fora substituí-do por outro, os meiosconseguiram fazer crerque o roubo nada maisera do que uma ficçãoliterária ligada ao mencionadoEncontro Galego no Mundo-Latim em Pó.

Aconteceu tal roubo? Per-tence a Castelao o crânio quehoje se encontra no Panteãode Galegos Ilustres? Foi tal-vez suplantado? E é tudo Li-teratura ou existe alguma

realidade por trásdesta narrativa...?

O caso resolveu-se com umsigilo que durante anos ficouescondido. Só agora, decor-rida uma dúzia de anos etendo falecido algumas daspessoas aludidas, podemosconhecer quase ao completoa verdadeira história.

Nasceu assim O Crâniode Castelao, um ro-mance em folhetim,escrito por 11 auto-

res galegos e de países lusófo-nos, numa espécie de diálogoentre a literatura galega e omundo da lusofonia a que tam-bém pertence. Cada capítulo oseu autor: aos galegos CarlosQuiroga, Antón Lopo, Suso deToro, Quico Cadaval, XavierQueipo e Xurxo Souto, juntam-se Miguel Miranda (Portugal),Bernardo Ajzenberg (Brasil),Germano Almeida (Cabo Ver-de), Possidónio Cachapa (Por-tugal) e Luís Cardoso (Timor).Os quatro primeiros capítulosestavam prontos nas semanas

anteriores ao Encontro. E pre-via-se a publicação semanal dofolhetim em três jornais doBrasil, Portugal e da Galiza, aoritmo de um capítulo por sema-na. O que não se chegou a veri-ficar, segundo o coordenador,devido a “misteriosas intrigas”.Mais de uma década volvida,publica-se finalmente O Crâniode Castelao, primeiro no Brasilpor via do melhor periódicoliterário desse grande país, oRascunho, em Portugal pormeio do prestigioso Jornal dasLetras, e no nosso país nosemanário Sermos Galiza, trêsmeios em que foi aparecendonos meses precedentes. E porfim temos já o livro, edita-

A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013 12

concebido em qualquer ponto daLusofonia. Ora, há espaços ondea sua génese era mais factível. AGaliza parece o local certo: berçoda língua portuguesa, o espaçogalego está inserido no estadoespanhol o que tem afetado aidentidade do seu particular por-tuguês, mais co-mummente deno-

minado de galego (não poracaso). Se hoje perguntarmos aoscidadãos da Galiza onde é faladoo galego, a maioria afirmará quena Galiza enquanto uma crescen-te minoria dará uma respostamais comprida: Galiza, Brasil,Portugal, Angola... Formas dife-rentes de viver uma língua.

Oprimeiro artigo temsabor galego-portu-guês: “Os limites nor-destinos do galego-

português europeu: o eunaviego”,de Xavier Frias. O eunaviego é avariedade de uma zona dasAstúrias que fala a nossa língua. Apartir do governo local é fomenta-do um formato de língua desligadodas outras variedades. O objetivo:facilitar a sua substituição e impe-dir a sua socialização.

A identidade não tem a naturezade uma pedra, mas, como o barro,pode ser modelada. É o que nosmostra Charles King em “Os mol-davos: Roménia, Rússia e as políti-cas de cultura”. Neste caso, todo opotencial de um super-estado, aURSS, serviu para afirmar identida-des e dissolver umas outras. Umdos casos mais emblemáticos é oda língua moldava. Medidas comoo uso do alfabeto cirílico, entremuitas outras, tinham como alvoaproximar a Moldávia da Rússia eafastá-la da Roménia.

Um terceiro caso onde a gloto-política (políticas da língua) vem à

tona com evidência é Valência,como veremos no artigo “O Idiomavalenciano. Um caso de individua-ção linguística num contexto demenorização”, de Miquel Pradilla. Anegação da catalanidade do valen-ciano que passa, por exemplo, porproibir a receção da TV públicacatalã ou que os diplomas deFilologia catalã não sirvam paradar aulas de língua, persegue faci-litar a menorização da língua semestado.

No caso do servo-croata, trata-do por Jairo Dorado em “Herdeirosou antepassados: o servo-croatae a ex-Jugoslávia”, estamos peran-te um caso, se me permitirem oneologismo, de puzzleamento. AJugoslávia de Tito, nascida em1945, tinha uma língua onde hojehá quatro, duas consolidadas, sér-vio e croata, e duas em processode se consolidarem, bósnio e mon-tenegrino. O capital de dor ema-nado da guerra talvez seja omelhor combustível do processo.

A identidade, outras vezes,deambula na corda bamba poroutros motivos. “O occitano na

França : qual e para que usos?”, deCarmen Alén vai-nos ilustrar sobreuma língua que o deixou de ser. Foiuma das primeiras realidades neo-latinas na Idade Média, e especial-mente fecunda. No entanto, acarência de Estado e de elitesnacionais que a sustentassem faci-litou um alto grau de substituiçãoe, achamos que ligado a isto, umaprofunda indeterminação a respei-to do que o occitano é e quem sãoos seus utentes.

O último artigo, “O neerlandês,idioma de flamengos e holande-ses”, de Fernando Venâncio debru-ça-se sobre uma realidade germâ-nica. Flandres foi na idade Médiaem relação ao Neerlandês, como aGaliza em relação ao português, azona predominante do ponto devista económico e cultural. Poste-riormente houve um período dedesconexão (séculos escuros nagíria galega) e diferentes episódioshistóricos levaram a que na atuali-dade a variedade da Holanda dete-nha o prestígio na Flandres.

Um livro como este, em volta dalíngua e a identidade, podia ter sido

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Quanto aos monográfi-cos sobre Lusofoniado Sermos Galiza, fô-rom elaborados três,

que se publicaron entre osmeses de fevereiro e maio. Oprimeiro foi dedicado à cultura,ao cerne cultural comum, aospassos que havemos de dar paratornar a nossa língua num instru-mento útil de trabalho para osgalegos e as galegas, para além defortalecê-la como o nosso princi-pal elemento de coesom cultural.O segundo, de abril, centrou-senas relaçons humanas e sociaisentre a Galiza e os países lusófo-nos, abrangendo, para além deoutras iniciativas populares, osmovimentos civis e os políticos. Oponto da situaçom quanto àssociedades lusófonas em definiti-vo. Já o terceiro, de maio, virou-separa umha temática fundamental-mente económica, descrevendo omapa das oportunidades que aGaliza e a cultura galega andam aperder por viver de costas viradasà Lusofonia, principalmente aoBrasil.

Sobre esta última linha temáti-ca, os argumentos a favor de umaproveitamento integral da nossacondiçom de lusófonos foi defen-dida em entrevista polo membrodo Conselho da AGAL ManuelCésar Vila, que na altura estava aultimar um livro em que definecomo umha língua pode ser apro-veitada para fortalecer a situaçomeconómica e sócio-cultural dosseus utentes. Vila mostra-se sur-preendido ao “ver como nummomento de esmagadora criseeconómica, com 22% de galegasno desemprego, sem ter em contaas que levam emigrado nestes últi-mos anos ou com a contínua desa-parição de empresas, nós comoPaís renunciamos a não aproveitaresta vantagem”. Esta é precisa-mente a ideia central do editorialdo número, no qual os coordena-dores destes monográficosNéstor Rego e Miguel Penas fri-sam: “o facto de não aproveitar-mos este potencial do galego ésinónimo de estar a estragar recur-sos, e os tempos que vivemosatualmente não convidam precisa-

mente a esbanjar a riqueza quepossamos entesourar. Aproveitarestes recursos seria enormementesimples se conseguíssemos dese-nhar uma estratégia de País quedecididamente deseje tirar provei-to deste potencial, entendendoque galego e português são sódois nomes da mesma língua.”Também oferecem argumentos afavor desta convergência o escri-tor Xavier Alcalá, o ex-deputado eeconomista Joám Lopes Facal e oex-delegado do Banco Pastor em

Portugal, Ernesto Sanz Ponte, e oporta-voz compostelano do BNG,Rubém Cela. Este último sublinha:“Ou vinculamos o futuro do gale-go ao do português ou -do meuponto de vista- simplesmente nãohaverá futuro”. O especial finalizacom um quadro comparativo comdados importantes de um ponto devista estratégico relativos a todosos países lusófonos.

O primeiro número especial con-tou com entrevistas ao presidenteda AGAL Miguel Penas e às artis-

tas Aline Frazão, Uxía Senlle, Narf eSérgio Tannus, para além de arti-gos de, María José CasteloLestom, Maite Vence, Marta Maciase Xemma Fernández. O editorial,de Néstor Rego, resume a linha edi-torial da publicaçom ao afirmar: “AGaliza tem, por força, de tomarposições neste novo cenário e aspessoas -no mínimo as mais cons-cientes e comprometidas- agir comdecisão para garantir que estasmudanças se produzam em sentidofavorável aos interesses do povogalego. De o lograrmos, dependeem boa medida a nossa supervi-vência como nação.”

Por outro lado, o número dedi-cado aos movimentos sociaisgalego-portugueses, para além defazer um resumo de diversas expe-riências em prol do reencontrogalego-português, conta comumha entrevista dupla ao ex-depu-tado galego Bieito Lobeira e a por-tuguesa Catarina Martins, abor-dando os principais desafios queenfrentam as classes popularesgalegas e portuguesas, nomeada-

REDAÇOM

mente aqueles em que a respostapoderia ser conjunta. O maisimportante país lusófono tambémestá presente neste número, comumha análise realizada pola coor-denadora do Partido dosTrabalhadores na Galiza JeannePereira. Por último, Xosé ManuelBoán defende a Comunidade dePaíses de Língua Portuguesa(CPLP) como espaço de interven-çom sindical e social dos galegose galegas: “para além da constata-ção de termos problemas simila-res e ainda alternativas comuns, asituação de dependência danossa nação e a necessidade deavançarmos para um futuro dife-rente, torna muito interessante enecessária a relação da Galizacom Portugal e os países daLusofonia. Do mesmo modo queo domínio e utilização da normainternacional contribui para des-castelhanizar a nossa língua eainda para se descolonizar men-talmente, deixando de consideraro espanhol como referência emedida de todas as coisas”.

13 A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013

LUSOAFONIA NO PRAZA

Lusoafonia.prazapublica.comé umha secçom gerida polaAGAL. Conta com umha médiade três contributos por mês,entre os quais salientam aquelasnotícias que dim respeito às rela-çons da Galiza com a Lusofonia,quer seja através de atividadesorganizadas polo próprio reinte-gracionismo quer iniciativas dasociedade galega em geral.

ASSOCIACIONISMO

A AGAL participou em todosos eventos de organizaçons polí-ticas, sindicais e sociais a que foiconvidada, com o objetivo detransmitir a sua mensagem daforma mais direta possível aosdiferentes coletivos que têm ati-vismo no nosso país. A últimas,do ano 2013, fôrom as assem-bleias de Anova, dos Comités ede Briga.

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É o teu primeiro livro de poe-sia, por que agora?

Eu violei o lobo feroz é a minhaentrada num gênero antes nãoabordado, a poesia, e numa temá-tica que sempre me fora solicita-da, a erótica. Muitas vezes per-guntaram-me "para quando apoesia?" Pois, eis a poesia.Escrevi relato, romance, teatro,ensaio e texto jornalístico. E nãoacredito na vigência dos génerosno século XXI.

Por outro lado, algumas críti-cas assinalaram que a autoraTeresa Moure era metafórica enão sexualmente explícita.Todas essas etiquetas de narra-dora de obras longas e recata-das constróem uma casa quevenho fazer voar pelo ar porqueEu violei o lobo feroz é umtexto sexual e politicamenteexplícito. Acho que vivemostempos de resistência, temposde estarmos presas na cadeia oude caminharmos pela rua em péde guerra, boicotando as insti-tuições, armadas até os dentesde suspeitas. Se tudo aquilo emque acreditávamos pode tornar-se contra nós, poderíamos con-cluir que não fica espaço para ocoletivo, para compormos uma

célula de ação efetiva. Porém, asolidão infinda racha no corpo.Política e erótica vão da mão:são uma e a mesma sensação. Eeu decidi explorar qual seria aerótica de uma presa indepen-dentista acusada vagamente devigiar arsenais de armas eGalicola, afastada do seu mundonuma prisão do Estado. Tantonos ensinaram com palavras gas-tas, que tudo em política devia serinsulso e correto até esquecemosa criatividade implícita na violên-cia, nessa vontade de violar oEstado e as suas leis, que nosmantém em pé de guerra.

Quiseste fazer um livrofemen?

Suponho há uma relação como movimento femen ou, quandomenos, com as estratégiaspunk, que sempre adorei. Esco-lhi a imagem dura, a da violação,com a repulsa que pode produ-zir, para exprimir um tabu bemassentado na sociedade: comoa liberdade apenas surge de vio-lar as leis.

Mas, antes que nos apresem poratentar contra a legalidade vigente,haverá que usar de arma os espa-ços privados, como o sexo. Se-guindo a estela de Foucault, pode-

ríamos assegurar que o inimigopretende que o corpo seja umacela onde nos manter em a maisestrita das vigilâncias. O podertem capacidade de censurar quemse atreva, governa que práticasdevem seguir-se, mesmo em queépoca da vida.

Quiçá o nosso seja o tempodas insurgências, de unirmos ainsurgência ortográfica, tãopresente no reintegracionismo,com essa insurgência corporal.A performance radical dasfemen, a de despir-se para fazerreivindicação política tem acapacidade de nos lembrar queapenas somos monas vestidas.Tirem-nos as sedas e ficaremostão ridículas, tão atrozmente

vulneráveis como a Chita, tãocômicas como ela.

Em Eu violei o lobo feroz, apresa não se concentra nasacusações de que é objeto por-que está a aguardar por ele. Eladeseja-o. Impudicamente. Numexercício reiterado de rebeldiacontra o modelo da honestida-de pacata, essa voz femininaquer ser beijada e amada. Quer:mais uma vez, desafia. O corpodessa voz poética está aencher de flores os barrotes dasua cela, está a achar espaçosde liberdade na prisão para quenão haja jeito de reprimir tantodesejo dormido, também nocampo, escrupulosamente ri-tual, do político, ainda que nãosaibamos com segurança seo lobo violado é o Estado ouum amante que, por nãodesejar tanto como Cara-puça, é violado.

Como está a ser a experiênciada escrita em galego-português?

Desde que assumi a mudançaortográfica insisti em que paramim era uma questão ética, nãoestética. Devo manifestar omeu reconhecimento à editorialAtravés que acreditou em mimdepois de ter saltado ao ladoescuro das normas ortográfi-cas. Bem sei que todas asmudanças produzem descon-fianças. É compreensível. É

mesmo lógico que alguns levan-tem as cautelas após estatransformação.

Por que, dirão, agora, após oreconhecimento da cultura ofi-cial, Teresa Moure adota estamudança? Por que não antes?Suponho que todas as pessoasprecisamos maduração. Emboranão tenha passado um momen-to da minha vida sem escrever,demorei mais que outras pes-soas em publicar porque preci-sei ter uma segurança em mimque hoje acho ridícula.

Daí vimos. E imagino quequando decidi publicar, abor-dou-me a pressa e já não podiaatender a outras questões que,aliás, exigiam uma notávelvalentia. A mim já me chegavacom o peso de aceitar a minhaescrita, que eu desejava privadae livre, como uma escrita públi-ca, que me colocava despidanas ruas, como as femen... Nãoposso evitar agora, nesta apre-sentação da minha primeiraobra escrita no Acordo Orto-gráfico, sentir um bocadinho deamargura para com as editorasque, após venderem obrasminhas, tornam-se de costaspelo facto, que devera ser episó-dico, de adotar um modelo orto-gráfico dissidente. Seria episódi-co, se não fosse que, quandoalgumas escritoras e escritoresassumimos este compromissoacrescentado a tantas militânciascomo implica continuar a escre-ver em galego para uma socieda-de que apenas lê, esse passodeveria incitar nessas editorasuma melhor acolhida. Estou cer-ta de que, tarde ou cedo, há-seproduzir essa reflexão.

Ultimamente criticaram-meter abandonado os meus leito-res e leitoras. Nada mais longeda realidade. Assumo um com-promisso que me parece ético,em resposta à ineficácia daspolíticas linguísticas desenvol-vidas neste país e convoco aleitoras e leitores a não nosabandonarem a quem damoseste passo... e aos escritores eescritoras a somar-se. As lutasdevem ser coletivas: se a escri-ta ainda comove alguém, nãonos deveriam deixar ser umacuriosidade.

TERESA MOURE · AUTORA DE EU VIOLEI O LOBO FEROZ

A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013 14

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Som um clásico da litera-tura galego-portugue-sa, um exemplo funda-mental da importáncia

histórica da nossa língua, umhaobra sem igual da música me-dieval... e umha das primeirasbandas desenhadas jamais fei-tas no mundo. As Cantigas deSanta Maria analisam-se desdea perspetiva da novena arte naexposiçom “As cantigas deSanta Maria, arte BDieval”, quea AGAL e BD Banda distribuempara centros culturais e deensino.

DEZ PAINÉISA exposiçom, composta por

dez painéis, percorre a históriadesta obra e o seu contexto his-tórico e amosa como já na IdadeMédia sabiam perfeitamentecomo contar histórias e açõescomplexas mediante desenhos.A partir das investigações deBreixo Harguindey, verifica-se apresença neste trabalho derecursos modernos como a ru-tura do quadrinho, o controlo

das elipses temporais ou oemprego de diferentes planos.Ainda, comprova-se a presençade personagens ainda hoje deatualidade nas nossas ficções,como os zumbis ou os meigos.

De modo paralelo, explica-seo processo de elaboraçom doscódices, a situaçom da nossa lín-gua na Idade Média e exibem-seoutros exemplos de bandadesenhada medieval e de obrasmodernas sobre este períodohistórico, convidando a se mer-gulhar na época.

APROXIMAÇOM ORIGINAL E ÚNICAA UMHA OBRA “MULTIMÍDIA”

A mostra permite um achega-mento original e único a umhaobra que se pode considerarmultimídia, ao mesturar imagem,literatura e música. A exposiçomvai acompanhada de um guiadidático que propom múltiplasatividades para diferentes faixasde idade e completa a informa-çom dos painéis achegando liga-ções e referências bibliográfi-cas de grande utilidade.

“Keep Calm and teach/learngalician portuguese”

apra atingir os objetivos de apren-dizagem das duas línguas. Poreste motivo, a associaçom pede aretirada da norma e a substituiçompor umha outra que explore apotencialidade internacional dogalego, evidenciada por projetosimplementados pola AGAL comoos ateliês Ops! —o manifestoinclui as reflexões de um alunoque participou num Ops emMonforte de Lemos—, e na linhatambém do que reivindica a ILPValentim Paz-Andrade. Precisa-mente, a associaçom aproveitou

a manifestaçom para colaborarcom a equipa promotora desta ini-ciativa legislativa popular na reco-lhida de assinaturas.

Como aconteceu com outrasaçons e propostas da AGAL, olema “Keep Calm”, junto com umvídeo promocional, dérom muitoque falar nas redes sociais, ondealgumhas das palavras chave maisutilizadas fôrom #OpaAGALStyle—inspirada polo vídeo, que sepode visionar no Youtube—,#KeepCalmAndJoinTheAGAL ou#WERTgonNHa.

AAssociaçom Galegada Língua (AGAL)participou com faixaprópria na manifesta-

çom convocada por QueremosGalego em Santiago de Compos-tela no passado 27 de janeiro. Arazom, exibir publicamente arejeiçom contra o decreto doEnsino imposto polo Governogalego e pola mais recente re-forma educativa do Executivoespanhol, que constituem umquadro normativo lesivo para onosso idioma.

Como em anteriores convoca-tórias, a palavra de ordem da faixada AGAL foi “A nossa língua éinternacional”, se bem se reforçounesta ocasiom com um manifestointitulado propositadamente “Keepcalm and teach / learn galicia portu-guese” (Mantenha a calma e ensine/ aprenda galego-português). Nes-

ta declaraçom, que se pode ler emkeepcalm.agal-gz.org, a AGALassinala que “o galego é a nossavantagem no mundo”, precisamen-te polo caráter de língua interna-cional.

COLABORAÇOM COM A ILPVALENTIM-PAZ ANDRADE

O manifesto da AGAL denunciaque o decreto que regula o uso dogalego e do castelhano no sistemaeducacional da Galiza nom servenem para incrementar o bem-estarcoletivo da sociedade galega nem

A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013 16

AGAL e BD Banda distribuem umha mostra que exploraesta obra como um clássico da banda desenhada

REDAÇOM

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O topónimo correto é Tourale portanto praça do Toural. Ouso de Toral aplicado a estapraça compostelana deveu-se àjá antiga castelhanizaçom datoponímia urbana, que o manti-vo deturpado durante séculos.

No entanto, a consulta faitodo o sentido, porque é ver-dade que na altura em que mui-tos nomes de lugar galegos fô-rom restituídos, produzírom-sealgumhas resistências à plenagaleguizaçom dos mesmos, re-presentando este que nos ocu-pa umha delas, mas nom aúnica (cf. praça da Quintá,que continua, oficialmente,Quintana).

Segundo certo boato (des-conhecemos a origem do mes-mo) que ainda nom foi total-mente neutralizado, sendo aGaliza de cultura tam poucotaurina, nom faria sentido que

umha praça tam central da suacapital figesse referência aostouros, explicando-se melhorque o topónimo remetessepara toro, 'tronco de árvorecortado horizontalmente'. Des-ta maneira, o nome da praçapoderia ficar como estava.

A proposta alternativa(Toral) à felizmente hoje oficial(Toural) nom conta com docu-mentaçom em galego que aabone e a própria semántica dapalavra dá para desconfiar,havendo como há outras pra-ças galegas 'da Lenha', nasquais se entende que era acu-mulada madeira, e nom apenasmadeira de um tipo concretocortada de umha maneira de-terminada.

Porém, ainda há outro argu-mento a favor de Toural, quepode ser aplicado como 'regrade ouro' noutras dúvidas to-

ponímicas. Tirando algunstopónimos que se perdem nosprimórdios da história ou napré-história, os nomes de lu-gar que se correspondem comnomes comuns costumam re-petir-se, tanto na Galiza, comoem Portugal, umha cheia devezes, e quando nom é assim,devemos andar nós mal enca-minhados.

Toural nom só se repeteumha cheia de vezes na nossaterra, como também se dá arelevante circunstáncia de sero nome de umha praça urbanade caraterísticas mui seme-lhantes na cidade portuguesade Guimarães. Em ambas seterá vendido gado outrora,porque os próprios dicionáriosportugueses atuais recolhem otermo toural com a seguintedefiniçom: “lugar público emque se vende gado.”

19 A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013

A AGAL disponibiliza no seu site coorporativo desde2011 umha interessante ferramenta para, respeitandoas particularidades galegas, promover a convergên-cia lexical, e nom só, com o português, dando res-posta a múltiplas consultas que muitos e muitas con-sulentes formulam. As respostas do blogue somredigidas pola Comissom Lingüística da associaçomlevando em conta a bibliografia reintegracionista em

relaçom a diversas matérias, nomeadamente OModelo Lexical Galego, volume da autoria destacomissom coordenado polo professor Carlos Ga-rrido. Apresentamos agora aos leitores e leitoras doFEST-AGAL umha consulta toponímica que di respeitoa umha praça compostelana mui importante tal diacomo hoje e mais algumhas perguntas respondidasao longo do último ano.

TORAL OU TOURAL?

É correto o emprego em gale-go da voz tenreira para a carnede vitela? Devemos empregarem galego estándar da Galiza avoz novilha para denotar carnede vitela jovem? Obrigado.

CONSULTA

Com o sentido de ‘carne dacria de vaca’, usaremos em gale-go, de harmonia com o que sefai em lusitano e em brasileiro, aexpressom galega (carne de)vitela. Para designarmos emgalego a cria de vaca, dispomosdas vozes supradialetais vitelo,bezerro e tenreiro (as duas pri-meiras, comuns com os padronslexicais lusitano e brasileiro; aterceira, presente também nonorte de Portugal, dialetal ouregional em Portugal). Nestecontexto, nom há necessidadede incorporarmos ao padromlexical galego o castelhanismo(próprio dos padrons lexicaislusitano e brasileiro) novilho, demodo que, utilizando a notaçome os critérios de O ModeloLexical Galego, surge a seguinteconfiguraçom lexical galega:PLGz: vitelo > (bezerro = tenrei-ro). Portanto, como resposta àsegunda pergunta colocadapolo consulente, aconselhamosutilizar em galego a expressomcarne de vitelo jovem, com asvariantes antes assinaladas.

RESPOSTA

Qual é a escrita recomendadaem galego para o nome destafesta? O nome em irlandês antigo(Samain), o nome em irlandêsmoderno (Samhain) ou uma adap-tação trocando o -n por um -m(Samaim/Samhaim)? Obrigado!

CONSULTA

Para já, diga-se que, no casode se querer celebrar o 31 deoutubro [...] com ritos ou ativi-dades como rondar ou dançarsob disfarce [...], esvaziar eesburacar abóboras para nelascolocar velas bruxuleantes, [...]chega, simplesmente, com revi-talizar as tradiçons (rurais) asso-ciadas ao dia e ao mês de Santose aos magustos!

[...] quanto à questom [...], aresposta é simples: trata-se, emgalego, de estrangeirismos queainda nom estám plenamentenaturalizados, polo que devemser reproduzidos, em tipo itáli-co, com a grafia original, querseja esta Samain (irlandês anti-go) ou Samhain (irlandês mo-derno) ou Halloween (inglês). Deresto, a festa de raízes célticasconhecida e celebrada nos paí-ses anglo-saxónicos como Ha-lloween, pode designar-se emgalego-português, convenientee castiçamente, polo nome deDia das Bruxas.

RESPOSTA

Qual seria a traduçom paragalego do castelhano vado ‘sinalsituado nas portas das garagens,[...] para nom autorizar o parquenessa entrada com o fim de dei-xar o acceso livre [...]’?

CONSULTA

A palavra galego-portuguesaetimológica e semanticamenteaparentada com a castelhana

Qual seria o equivalente emgalego do castelhano pareja?Par ou casal? Ou parelha estarácorreto? O galego parelha temum significado equivalente aocastelhano pareja ou, polo con-

trário, terá um significado maisrestrito, referido exclusivamen-te a ‘par de animais preferente-mente de carga’, como apareceem dicionários portugueses(Priberam, Houaiss...)?

CONSULTA vadoé vau. Todavia, nas varieda-des lusitana e brasileira da língua,a voz vau é utilizada, fundamen-talmente, com o seu sentido origi-nário, comum também ao caste-lhano vado, isto é, o de setor rasode um rio, mar, lago ou lagoa poronde se pode passar a pé ou acavalo, e ela nom adota o sentidoderivado, presente no cast. vado,de ‘direito de passagem de veícu-los sobre o passeio de umha via

pública (em sentidotransversal) paraacederem a umprédio ou para oabandonarem’.

Dado que nemem Portugal nemno Brasil se utiliza apalavra vau nessesentido "urbano",em resposta à con-sulta feita, aconse-lhamos recorrer naGaliza à expres-som passagem deveículos (no senti-do de açom oudireito) ou à vozrampa (no sentidomaterial).

A respeito dos valores [..], diga-se que no padrom lexical galegopropugnado pola CL-AGAL [...]som coincidentes com os presen-tes nas variedades lusitana e bra-sileira da língua, já que se entendeque a situaçom de indefiniçom ede assimilaçom ao castelhano quemostra [...] a atual fala espontá-nea se deve à atuaçom dos pro-cessos degradativos [...].

[...] a distribuiçom de usos querecomendamos em galego para asvozes par, parelha e casal é a quea seguir descrevemos. Paré a vozde significado mais geral, utilizadapara indicar um conjunto ou asso-ciaçom de dous elementos (ex.: "atraduçom combina um par de lín-guas [...]") e também para denotarum dos elementos de um tal con-junto a respeito do outro (ex.: parde dança; "o seu par estava

ausente"). Quando se trata dedesignar um par de pessoas queconvivem ou um par de animaisque se associam para a reprodu-çom, utiliza-se casal (ex.: "umcasal de namorados"; "a espécieestá em perigo de extinçom, poisque apenas restam 5 casais[reprodutores] [...]). Finalmente,parelha deve utilizar-se [...] paraindicar apenas um par de animaisusados na lavoura (ex.: "umhaparelha de bois") ou para outrasfunçons similares [...].

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Por que razom te inscreves-te no curso?

No local onde moro, naMarinha, nom sabia onde fazê-lo fisicamente, assim que reali-zá-lo online foi umha oportuni-dade. Por umha banda impós-te a disciplina e pola outra con-tas com a ajuda de um profis-sional.

Pensas que os conteúdos docurso deveriam ser dados noensino obrigatório?

Deveriam, acho que lá apren-demos um monte de cousasinúteis e ficamos ignorantes danossa própria língua.

Algumha surpresa?Por umha banda rematá-lo,

porque tivem algum momento

de apuro com o trabalho e isso,e por outra dar-me conta daquantidade de decalques eexpressons em espanhol queusava sem dar-me conta.

Achas que é difícil a mudan-ça ortográfica?

Acho que nom, com umpouco de prática e com osrecursos que há na internet.

O curso está pensado paragalegos e galegas. Isto traduz-se em pontos fortes?

Que só estám a instruir-senoutra forma de escrita e léxi-co que nom usavam, nom é omesmo que aprender umhaoutra língua totalmente dife-rente.

E, quanto aos pontos fracos?

Talvez a escolarizaçom nanorma RAG que fai com quetenhamos uns hábitos naescrita complicados de corri-gir.

Porque recomendarias estecurso?

Porque se aprende muitocom liberdade de horários,nom é muito caro e dá paracomeçar a escrever com jeito.

Falarmos.com. é umha plataforma de cur-sos on-line que organizam a AGAL e aempresa Ciranda. A oferta atual incluiEscrever.com.nh, voltado para a expres-som escrita do galego na norma reinte-gracionista da AGAL e Falarmos Brasil, umcurso de aproximaçom ao português bra-sileiro e à cultura desse país. Estám moni-torizados por professorado especialistae incluem exercícios de expressom escri-

ta bem como dinámicas de trabalho emgrupo. Desde a sua criaçom em março de2012 já houvo quatro ediçons, a última dasquais decorreu a começos deste mesmoverao. A quinta terá lugar com o regressodas aulas. Quem melhor pode explicar oscursos som as pessoas que já os provárom.Deixamos-vos com Bernardo e Xulio, quenesta plataforma já cursárom, respetiva-mente, Escrever.com.nh e Falarmos Brasil.

A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013 20

BERNARDO RODRIGUES ·ALUNO DE ESCREVER.COM.NH

Que te motivou a fazeres oFalarmos Brasil?

O fato de eu gostar desde sem-pre da língua portuguesa, a possi-bilidade de fazer o curso semnecessidade de frequentar aulas,o fato de o poder fazer on-line,quando eu quiser, quando eupuder, ao meu ritmo... e o desejoque possa me servir como prepa-ração para as provas da escola deidiomas.

Muitas pessoas passaram poloensino obrigatório sem acesso aconteúdos deste tipo...

Galiza nunca deveria ter viradoas costas a Portugal e à Lusofoniaem geral. A proximidade entre asduas línguas, mesmo geográfica,os contatos, a história compartida,deveria ser motivo para incorporaro português nas aulas.

Topaste alguma surpresa?A grande quantidade de conteú-

dos interativos, apesar de ser umcurso relativamente curto notempo, mas isso foi superado coma ajuda de muitas ligações parapoder completar ou implementaros conteúdos básicos.

É difícil a ortografia?Não é fácil escrever bem, sem

erros, mas também não é fácilescrever bem em galego ou emespanhol.

Quais os pontos fortes dos alu-nos galegos?

Com certeza, o fato de ser umalíngua românica, e de compartirmuito léxico, o qual permite umacompreensão quase total de qual-quer texto em português, e issofacilita muito a aprendizagem, queratravés da leitura, quer através dos

conteúdos orais via internet.E os fracos?Os falsos amigos e o fato de

termos perdido muitos fonemasque conserva o português.

Recomendaria-lo?Há vários motivos para isso. É o

melhor curso on-line que eu tenhafeito; permite-nos um achegamen-to integral à língua e à cultura por-tuguesa e também do Brasil; não écaro e abre-nos todo um mundode possibilidades.

XULIO CÉSAR ÁLVAREZ DOCAMPO ·ALUNO DE FALARMOS BRASIL

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A revista da AGAL que se distribui no dia da Festa Nacional · ano 2013 22

Manual normativo, com o subtí-tulo de Fundamentos da Codifi-caçom Lexical do Galego-Portu-guês da Galiza, elaborado polaComissom Lingüística da AGAL(CL-AGAL), sob a orientaçomcientífica de Carlos Garrido, naseqüência dos seus trabalhos depadronizaçom ortográfica e mor-fológica para a variedade galegada língua comum.

O livro estrutura-se em duaspartes dispositivas: a primeiraapresenta-se como um inventárioanalítico da histórica degradaçomdo léxico galego e das estratégiasmais eficazes para a combater; a

O MODELO LEXICAL GALEGO

Comissom Lingüística da AGAL

segunda constitui um corolárioque consta de quatro vocabulá-rios para explicitar de maneira efi-caz e económica os elementosque fam parte do padrom lexicaldo galego-português da Galiza.

Com esta publicaçom a CL-AGAL dá um importante passo napadronizaçom básica da varieda-de galega do galego-portuguêsfazendo um contributo funda-mental na tarefa de definir o seupadrom lexical.

Com o subtítulo A nossa línguana rede, a nossa língua no mundo,pretende ser umha pequena ho-menagem ao Portal Galego daLíngua (PGL) e às pessoas que seenvolvêrom nele nos primeiros 10anos desde o início, o 17 de Maiode 2002.

Prefaciado polo diretor da áreainformática da AGAL, Vítor Ma-nuel Lourenço Peres, está dividi-do em dez blocos: (1) Mais doque um web; (2) O projeto e aAGAL; (3) Língua e informação;(4) De portas abertas; (5)Focagem da Galiza; (6) Uma

PGL_10

Autoria coletiva

comunidade internacional; (7)Útil para todos os públicos; (8)Lusofonia e universalismo; (9)Três notícias marcantes; e (10)Três entrevistas PGL.

Vinte relatos curtos em que avontade de observar a sociedadee o mundo está por cima da von-tade de transformá-los sem queesse alento desapareça ou seresigne, e mesmo ao contrário,porque se pressente palpitar porbaixo com a certeza já irrenunciá-vel de quem nada tem de perder,explica Carlos Quiroga em “Docéu dos ursos”, prefácio destaobra.

O autor é José Alberte Corral(Monte Alto, 1946) . Participouem 1963 na fundaçom daAgrupaçom Cultural O Facho.

JANELA ABERTA

José Alberte Corral

Licenciado em Ciências Econó-micas, militou ativamente emorganizaçons clandestinas na lutacontra a tirania clerical-fascistado franquismo, o que o levou afugir para o Chile de Allende.Após intensas experiências noChile e na Argentina na época dedesenvolvimento da OperaçomCondor acabou por se estabele-cer na Venezuela, onde colaboroucom diversos ensaios em váriasrevistas de pensamento políticoaté o seu regresso à Galiza. Éautor de vários poemárioscomo Del amor y la memoria,Palavra e memória, Acarom dabrêtema, Detrás da palavra, Olivro de barro e também tempublicados alguns livros de

relatos como Do lusco-fusco eBuracos no espelho.

A autora, Sílvia Capon, passoua infância entre Vigo e Tui. Desdepequena as suas paixões foram aleitura, a música e a casa da suaavó materna, Rita. Basicamente,apresenta uma linha biográficacurva com função (+ ou -) incons-tante, com xy, pontos (de encon-tro e não), atualmente em pro-gressão ascendente da linha 0 doplano. Voilà... Uma parábola! Es-creve a autora sobre o seu primei-ro poemário:

se as palavras fossem prescindíveis. no

fundo, na superfície, o poema é a fugida, a

cambalhota a procura do além. escrevo para

SETE CH’IENS A UM POSSO

Sílvia Capon

rebentar o tem-

po pelas costu-

ras, como quem

pega na vida

arrastada do pas-

sado, borborigma

até parir dias como

gomos. se o mundo fosse um fundo de ocea-

no atravessado de uma lentidão que torne

tudo tacto, líquido acariciando ombros,

ondeantes os cabelos e os gestos. mole, afi-

nal de contas detesto as arestas, flujo sem-

pre à questão, porque a questão no fundo é a

distância, a fossa que nos afasta. escrevo

para esquecer que a matéria é breve e os cor-

pos são impenetráveis.

Quinto poemário de MárioHerrero que ele próprio descrevecomo “poesia leve, romântica, umfilho inesperado que surge de umanova crise, tentativa errada decatarse, exorcismo de um demoburguês. Escassamente perversa,limitado erotismo. Contas salda-das por duração indeterminada.Construir outra vida na mentirado papel”.

Segundo o próprio autor: “Amaior parte dos textos que com-põem este breve catálogo deimpúdicas torpezas são produtode um estranho agosto, queagora, por fim, acaba de morrer.Ou que talvez nunca morra já naminha memória. E no meu corpo.De um agosto em que quebrei aminha vida de uma forma impre-

OUTRA VIDA

Mário Herrero Valeiro

vista. De umassemanas plenas de ridícula fra-queza em que me destruí sem pie-dade”.

O autor: Mário J. HerreroValeiro (Corunha, 1968) éDoutor em Filologia Hispâ-nica pela Universidade daCorunha e Tradutor Jura-mentado de Português.Como sociolinguista, pu-blicou numerosos artigose o livro Guerra de Gra-fias. Conflito de Elites(Através Editora, 2011).Como poeta, é autordos livros No limiar dosilêncio, Poemas da es-trangeirice (VII Prémiode Poesia EspiralMaior, 1999), Carto-grafia da Atrocidade(Edições Tema, 2001)e A Vida Extrema

(ArcosOnline, edição eletrónica,2005), e do conjunto de poemasEspaços. Abismos (para umaleitura romântico-libertária dodous) (Agália n.º 79-80, 2004).

Inquérito com o subtítulo deFalam 56 figuras da cultura gale-ga. Nasceu das conversaçonsmantidas polos os seus coorde-nadores, o sociólogo Arturo deNieves e o politólogo CarlosTaibo, com diferentes personali-dades do mundo cultural galego.Freqüentemente surgírom discus-sons sobre ortografia e a relaçomentre o mundo lusófono e aGaliza.

As pessoas entrevistadas,entre eles escritores, artistas, pro-fessores, políticos, editores...,respondem três perguntas dandoa sua opiniom acerca da adequa-çom da vigente norma institucio-nal para o galego, a relaçom entregalego e português e a vincula-çom da Galiza com o resto da

GALEGO, PORTUGUÊS, GALEGO-PORTUGUÊS

Arturo de Nieves e Carlos Taibo (coords.)Lusofonia. No livro som reprodu-zidas de maneira literal as respos-tas recebidas, respeitando aopçom ortográfica escolhidapolos entrevistados.

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Os números da Asso-ciaçom Galega daLíngua (AGAL), quepoderá chegar a

500 pessoas associadas em2013, nom tenhem deixado decrescer ao longo dos últimosanos. Isso é o que pretende mos-trar a campanha Gente Nova daAGAL. Como parte da iniciativafoi divulgado um vídeo em quesom entrevistadas 4 das 50 novaspessoas associadas em 2012.Ainda, no blogue da Gente Novada AGAL fôrom publicadas entre-vistas realizadas a novos sóciosque também dérom o passo em2012, nomeadamente jovens,pois é nesta faixa de idade onde aAGAL está a ter maior incidência.

“Há pessoas de todas as ida-des, mas chama a atençom ajuventude dos novos associa-dos numha organizaçom queaté há pouco tinha fama de aca-démica. A diversidade entre asnovas incorporaçons nota-semais no que di respeito aosámbitos profissionais deles. Jánom é só professorado de lín-gua; agora também há enge-nheiros de telecomunicaçons,bombeiros…”, asseguram osresponsáveis da campanha.

Para os novos sócios esócias, as razons para assumiro reintegracionismo vam daspuramente práticas até às com-prometidas com a cultura gale-ga, mas costumam vir precedi-das por hesitaçons e incertezasrelacionadas com a ideologia dalíngua que nos foi transmitidaou com certa incompreensomno ámbito em que convivemos.

VANTAGENS DE SE ASSOCIARA crescente presença das pro-

postas reintegracionistas na so-ciedade tem equivalente no incre-mento da filiaçom à AGAL. Aassociaçom tem apostado nasmensagens dirigidas a ámbitosnom reintegracionistas e é espe-cialmente recetiva com as pes-soas que acabam de entrar. “Elastransmitem-nos novas sensibili-dades sociais e por isso som per-guntadas, entrevistadas, em defi-nitivo, ouvidas: todas tenhemexperiências vitais muito valiosaspara a associaçom”, indicam.Exemplo é o referido vídeo, grava-do na festa de boas-vindas aosno-vos associados que AGALrealiza anualmente. Para alémdisso, os novos sócios obtenhemdescontos em livros, jornadas ecursos on-line e, sobretodo, asatisfaçom de passar a fazerparte de umha das associaçonscom mais projetos em ativo.

Queres-te associar à AGAL?http://associar.agal-gz.org