A revolução móvel no varejo

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  • 8/7/2019 A revoluo mvel no varejo

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    Momentum

    A revoluo mvel no varejo

    Marcos Gouva de Souza ([email protected]), diretor-geral da GS&MD

    Gouva de Souza

    Um dos temas que cresceu de importncia na 100 Conveno Anual da NRF,

    neste ms em Nova York, foi a perspectiva revolucionria que a mobilidade traz

    para o varejo. Na semana passada, o anncio de que a Starbucks implantou o

    pagamento via smartphone, que representa perto de um tero de todos os

    aparelhos mveis nos Estados Unidos, em 7.800 lojas colocou um pouco mais

    de cafena no tema.

    Depois de implantado, em projetos piloto no Japo, na Coria e tambm no

    Brasil, alm de outros pases, o anncio da Starbucks mobilizou a mdia, por se

    tratar de um movimento que torna tangvel muitas das previses feitas pelos

    analistas. Ainda que, por enquanto, o processo esteja disponvel apenas para

    plataformas iPhone e Blackberry e vinculado ao cart o de pagamentos e

    fidelidade da rede, que representa perto de 20% das transaes totais.A velocidade de transformao desse processo marcante, jogando por terra

    as mais ambiciosas previses do passado. Em 2005, estimava-se que os

    pagamentos por celular tivessem alcanado US$ 155 milhes naquele ano, no

    mundo. E se projetava pudessem alcanar US$ 10 bilhes em 2010. Os dados

    mais recentes, divulgados pela NRF, mostram em 2010 esse volume deva ter

    sido de US$ 100 bilhes, dez vezes o nmero anteriormente p rojetado,

    devendo dobrar j em 2011 e alcanando um total de US$ 630 bilhes em

    2014. E a realidade poder atropelar as previses , como aconteceu nopassado.

    Mas a revoluo mvel no varejo tem aspectos muito mais abrangentes do que

    o pagamento via celular, esse apenas uma das modalidades possveis de

    integrao no conjunto de negcios. As promoes, a comunicao, o

    relacionamento, a venda em si, a experincia complementar de compra, a

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    anlise e a comparao de preos em tempo real so outros elementos de um

    processo transformador.

    No mundo todo, a velocidade com que a mobilidade vai transformar o negcio

    do varejo ir depender da evoluo da base de smartphones; da participao

    dos ps-pagos; da disponibilidade da soluo para as diversas plataformas; dobarateamento do acesso; da regulamentao oficial em cada pas ; e da

    capacidade inovadora do varejo e seus fornecedores na criao de alternativas

    para oferecer servios, produtos e experincias a seus clientes.

    O que se deve discutir a velocidade dessa revoluo, mas no sua

    inevitabilidade e irreversibilidade. E o maior fato r determinante o nmero de

    aparelhos e linhas disponveis no mercado, que em muitos pases, entre eles o

    Brasil, com seus mais de 200 milhes de linhas, j ultrapassou a marca de um

    por habitante. Nos pases menos desenvolvidos, como a India, a penetrao

    em relao populao total de pouco mais de 50%, com seus apenas 700

    milhes de aparelhos.

    A tecnologia j est dispon vel para todas as plataformas e para todos os

    aplicativos possveis. A questo agora de introduo, incorporao e

    disseminao de uso dessas alternativas.

    Dos mais promocionais e experienciais aos mais prticos e operacionais, os

    aplicativos sero lanados aos milhes nos mercados e gradativamente sero

    incorporados pelos consumidores e pelas empresas, criando novas relaes

    pessoais com marcas, produtos e lojas, numa perspectiva mais individual e

    customizada, que favorece e acelera a sua incorporao no dia a dia das

    pessoas e na racionalizao de atividades.

    Boa parte desses aplicativos adaptar para o ambiente mvel o que j estava

    disponvel na internet e, esse aspecto, por si s, j tem um poder transformador

    relevante, permitindo, por exemplo, que se faa a comparao de preos em

    tempo real numa loja com outros canais ou marcas, antes da compra, dando

    mais poder de negociao para o consumidor.

    Da mesma forma que permite visualizar alternativas de uso do produto quando

    se faz a compra ou que atualiza e orienta a lista pessoal de compras num

    supermercado, trazendo mais convenincia para o consumidor.

    Nessa primeira fase da revoluo mvel no varejo, os elementos promocionais

    e de relacionamento pessoal so os que tm maior potencial para serem

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    incorporados aos hbitos e desejos dos consumidores. As ofertas, brindes,

    promoes e ativaes feitas pelo celular tendem a ser bem recebidas se

    trabalhadas e oferecidas de forma inovadora e com real valor agregado para o

    cliente.

    Mas tambm nessa primeira fase se destacam as aplicaes operacionais,incorporando ou substituindo funes anteriormente realizadas de outras

    formas, na captura e mudana de preos nos pontos de venda; controle de

    estoque; monitoramento de elementos fsicos da loja e dos centros de

    abastecimento; mensurao de desempenho; avaliao de reaes; medidas

    de trfego, converso e satisfao de clientes; e muito mais, incorporando uma

    nova dinmica em todo o negcio do varejo de produtos e servios.

    Em muito pouco tempo, ter disponvel um site mvel adequado, atualizado,

    interativo e operacional em todas as plataformas, como recm-lanado pelo

    Grupo Po de Acar no Brasil, ser o mnimo que os consumidores exigiro.

    Com o desafio de transform-los em elemento constantemente inovador e

    fundamental do processo de relacionamento das marcas, produtos e servios

    com os clientes.

    Os cupons promocionais, via celular, que direcionam o interesse para

    determinado produto ou servio numa loja (ou ponto de servio, nesse contexto

    mais amplo), tende a ser um dos hits entre os novos aplicativos, pelo seu efeito

    imediato e mensurvel de retorno, com algumas aes j sendo executadas no

    Brasil.

    E nesse aspecto, a prpria comunicao publicitria do varejo e dos

    fornecedores ser afetada pelo redirecionamento de verbas de aes de

    propaganda de criao e reforo de marca para outras mais direcionadas e

    passveis de terem seus resultados objetivamente medidos, redesenhando um

    novo quadro da participao das mdias na propaganda e na promoo.

    No difcil imaginar que, por seu poder transformador, muitas das maiores

    organizaes devero ter um CMOO, ou Chief Mobile Officer, coordenando e

    integrando todas essas atividades.

    O Brasil merece especial destaque nesse cenrio, pois gradativamente tem se

    transformado em benchmarking nessa revoluo, por conta da mdia de mais

    de uma linha de celular por habitante ; pela elevada penetrao de mais de 90%

    na base da populao; ainda que 80% dos celulares sejam pr-pagos; pela

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    adeso de um consumidor mais jovem e mais aberto ao novo; pela

    inventividade e criatividade de desenvolvedores e operadores ; e pelo

    dinamismo que vive o mercado brasileiro.