A Ronda Nocturna

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A Ronda NocturnaOrigem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

Nota: Este artigo sobre uma pintura. Para o lbum de Guilherme Arantes, veja Ronda Noturna (lbum).

A ronda nocturna(De Nachtwacht)

Rembrandt, 1642 leo sobre tela 359 438 cm Rijksmuseum (Amsterd)

A ronda noturna (em neerlands: De Nachtwacht) o nome pelo qual se conhece comumente a uma das mais famosas obras mestrasdo pintor holands Rembrandt, pintada entre 1640 e 1642. Esta uma das jias da exposio permanente do Rijksmuseum de Amsterd, pinacoteca especializada na Pintura neerlandesa.ndice[esconder]

1 Ttulo 2 Representao

2.1 Personagens principais

3 Estrutura 4 Cor e luz 5 situao

5.1 Vandalismo

6 A ronda nocturna no

Barroco

7 Curiosidades 8 Referncias

8.1 Bibliografia

9 Ligaes externas

[editar]TtuloEmbora A ronda nocturna esteja consolidado como ttulo da tela, seu nome original foi provavelmente A companhia militar do capito Frans Banning Cocq e o tenente Willem van Ruytenburg, segundo a inscrio que foi encontrada num esboo preparatrio:

Esboo da pintura na qual o novo Heer van Purmerlandt (Banning Cocq), como capito, ordena ao seu tenente Heer van Vlaerderdingen (Willem van Ruytenburch), que ponha em marcha a companhia cvica.[1]O quadro foi chamado no sculo XIX Patrouille de Nuit[2] pela crtica francesa, e Night Watch[3] por Joshua Reynolds; da o nome pelo qual se conhece popularmente. A origem deste ttulo surge de uma equivocao de interpreta5054o, devida a que, nessa poca, o quadro estava to deteriorado e obscurecido pela oxidao do verniz e a sujeira acumulada, que suas figuras eram quase indistinguveis, e parecia uma cena noturna. Depois do seu restauro em 1947, onde se eliminou este verniz obscurecido, descobriu-se que o ttulo no se ajustava realidade, j que a ao no se desenvolve de noite seno de dia, no interior de um portal em penumbra ao que chega um potente raio de luz que ilumina intensamente s personagens que intervm na composio.

[editar]Representao

A companhia de capito Cocq serviu de guarda de honra na visita da rainha me francesa a Amsterd. Retrato de Maria de Mdicis. (c. 1622) realizado por Rubens, Museu do Prado, (Madrid).

A obra foi um encargo da Corporao de Arcabuzeiros de Amsterd para decorar a Kloveniersdoelen, sede da milcia. Devido a isto, Rembrandt usou monumentais dimenses para a tela. Nela aparece a milcia do capito Frans Banning Cocq no momento no qual este d a ordem de marchar ao alferes Willem van Ruytenburch. Detrs de eles aparecem os 18 integrantes da Companhia, que pagaram uma mdia de cem florins ao pintor por aparecer no quadro, uma soma mais que considervel para a poca. Os dois oficiais provavelmente pagaram mais, pelo lugar privilegiado que ocupam no quadro. Ao todo, Rembrandt cobrou 1600 florins por este quadro.[4] Ao ser a companhia de arcabuzeiros uma instituio municipal, A ronda nocturna segue sendo propriedade do municpio de Amsterd, o qual a cede ao Rijksmuseum em emprstimo de uso sem contraprestao econmica. Os personagens aparecem captados pelo pintor holands tal qual os pde contemplar em numerosas ocasies no momento em que a dirio a companhia se preparava para formar e sair a seguir ordenadamente para percorrer a cidade na sua misso de vigilantes da ordem. Alm disso, no quadro aparecem trs crianas correndo e um co que animam a cena. O encargo, que devia ser concludo para o banquete de inaugurao da sede da companhia, foi, junto a outros retratos corporativos, parte da comemorao da chegada em 1638 a Amsterd da rainha me Maria de Mdicis, viva de Henrique IV da Frana, exilada por ordem do seu filhoLus XIII e do intrigante cardeal Richelieu. Esta visita rgia capital holandesa foi celebrada pelas suas autoridades com grande pompa e boato.[5] O pagamento do trabalho atrasou-se devido a que no cobriu as expectativa dos membros da milcia, por no estar perfeitamente definida a presena da maioria de eles. Apesar da sua qualidade, tambm passou despercebida para a crtica no seu dia. A cena da companhia forma parte fundamental da tradio holandesa de retratos coletivos que surgiu na chamada "Idade de Ouro da arte holandesa". Autores contemporneos como Frans

Hals dedicaram-se quase em exclusiva a este tipo de retratos de encomenda.[editar]Personagens

principais

A crtica majoritria considera que a menina que aparece em A ronda nocturna um retrato da sua esposa Saskia, que faleceu no mesmo ano em que a obra foi realizada. Sua morte causou-lhe uma profunda depresso. Retrato de Saskia como Flora (1634), exposto no Museu

do

Hermitage deSo Petersburgo. Capito Frans Banning Cocq (1605 1655?): capito da companhia e figura central que articula os eixos do quadro. Com a mo indica a ordem ao seu tenente e a afasta o espectador, incluindo-o na cena. Em que pese a evitar uma ordem hierrquica na distribuio dos membros da milcia, Rembrandt outorga-lhe a posio predominante do seu cargo. Retratos do capito Cocq e sua esposa Maria Overlander no museu Stedelijk de Delf.

Tenente Willem van Ruytenburch: tenente da companhia, o que recebe a ordem de preparar a companhia para a formao. Ruytenburch era de baixa estatura, e, para que no ficara muito diminudo junto ao gigantesco capito Cocq, Rembrandt reala-o empregando no seu uniforme um tom amarelo ao que faz vibrar iluminado por um raio de sol.

Pormenor das personagens centrais.

A menina: uma personagem chave no quadro, por ser a nica feminina e servir de foco de luz. A menina no se encontra em penumbra e as sombras no a tocam. Parece um espetro que pouco tenha que ver com o restante de personagens. Por esta infreqente qualidade, muitos crticos vm na menina um retrato de Saskia van Uylenburgh (1612 - 1642), primeira esposa do pintor, que faleceu prematuramente o ano em que foi pintada a tela, possivelmente de tuberculose. Saskia era habitual modelo de muitos dos

retratos do autor. Veste um traje amarelo limo e na cintura porta um galo branco com pinceladas azuis. Este era o emblema da companhia, que Rembrandt representou desta singular maneira, em substituio do habitual braso deste tipo de retratos coletivos. Detalhe do arcabuzeiro de vermelho e a menina.

[editar]Estrutura

Representao em bronze das personagens deA ronda nocturna onde se demonstra sua composio "cuidadosamente catica". Esculturas de Alexander Taratynov e Mikhail Dronov para comemorar o 400 aniversrio do nascimento de Rembrandt (2005).

Rembrandt afastou-se do convencional, evitando uma cena esttica e formal, e gerando, por outro lado, uma de ao, mais do gosto doBarroco imperante. Amostra os soldados apurados para se embarcar numa misso (que tipo de misso, ou se se tratava de uma patrulha ordinria ainda motivo de discusso). Este ordenamento completamente original e constitui um novo jeito de conceber o retrato coletivo. Seu estilo causou a contrariedade de alguns membros da milcia, que pela sua situao no fundo da cena so dificilmente distinguveis. A diferena de quadros da mesma temtica, em que a disposio das figuras segue uma ordem hierrquica precisa, o pintor baseou a colocao das personagens unicamente em razes plsticas. Os rgidos cnones dos retratos corporativos somente exprimiam rotina e convencionalismo, impossibilitando a expresso pessoal e dramtica. Contudo, a composio aparentemente desordenada est na realidade construda de um jeito racional segundo os dois eixos meios do retngulo que forma a tela:

Eixo horizontal: Determina o telo de personagens que serve de apio s duas figuras principais, em primeiro plano. Os quatro personagens

com trajes de colorido caracterstico dominam o grupo central, dirigindo a olhada do espectador para eles mesmos.

Eixo vertical: Determina a posio do capito com a sua traje preto, que se v apoiado pela figura anexa do tenente, este de amarelo claro. Esta duas figuras fazem que a cena quede centrada, girando ao seu ao redor o restante de componentes.

As diagonais que formam a longa lana e o pau da bandeira cruzam-se no centro luminoso da cena, enquadrando os trs grupos de pessoas com uma linha imaginria, ficando os dois comandos da companhia na posio preponderante da cena.

A sensao de espao em diferentes nveis: o da penumbra do portal, o da rua radiante de sol e o do observador, assemelha outros jogos compositivos tipicamente barrocos como se podem encontrar nAs

Meninas de Velzquez ou nO jardim do amor de Rubens.[editar]Cor

e luz

O desenho, apenas esboado, fica diminudo pela importncia da cor e a luz, sendo pouco ntidos os contornos das figuras. Influenciado por Caravaggio, Rembrandt usa o chiaroscuro, criando fortes contrastes entre a penumbra e a luz. A luz provm da esquerda, segundo a direo das sombras projetadas. Esta luz, apesar da sua concepo realista, no age uniformemente, seno que ilumina e destaca-se a certos personagens, enquanto relega a outros sombra. Em ocasies parece que nasce do interior das figuras, como no caso da menina que corre. A iluminao a grande protagonista deste quadro, porque recreia uma atmosfera mgica de penumbras douradas, sombras envolventes e luzes cegantes. A cor aplicada com pinceladas espontneas. O cromatismo da tela desenvolve-se em tons clidos das terras e os ocres, com as excees do vermelho da echarpe de capito e do soldado do longo arcabuz sua direita e do branco ocre da moa, detrs, e do uniforme do tenente. Usa tonalidades opostas para contrastar como o uniforme claro e obscuro das duas figuras centrais, o preto rigoroso do capito ressaltando o alvo do seu togado ou mesmo o tom dourado da penumbra em contraste com os rostos iluminados.

[editar]situao

Cpia de A ronda nocturna anterior mutilao da tela em 1715, onde se pode observar suas dimenses originais.

O local original para o que foi pensada a tela foi o Groote Zaal, Grande Salo, do Kloveniersdoelen, sede municipal da Companhia de Arcabuzeiros da capital holandesa. Este edifcio foi destrudo e substitudo a metade do sculo XIX pelo atual hotel Doelen. Em 1715, A ronda nocturna trasladou-se sede do municpio de Amsterd na Praa Dam. As suas grandes dimenses fizeram que fosse mutilado nesta poca quando lhe foi cortada uma faixa no lateral esquerdo e superior, eliminando a trs das personagens da cena. Conhecemos seu aspecto originrio devido a diferentes cpias anteriores a 1715, entre as que se destaca uma cpia, obra de Gerrit Lundens e conservada na National Gallery de Londres. Quando as tropas napolenicas ocuparam os Pases Baixos e Napoleo entronizou ao seu irmo Lus como rei de Holanda em 1806, a sede do Municpio converteu-se em Palcio Real (que ainda mantm esta funo real) e os magistrados municipais trasladaram o quadro Trippenhuis, dizer, a casa da famlia Trip. Imediatamente, Napoleo ordenou sua volta a palcio e manteve-se ali at a queda doImprio

Napolenico. Aps isto, A ronda nocturna voltou Trippenhuis j tornadano Rijksmuseum, como Galeria Nacional de Arte dos Pases Baixos. Em 1885, finalizaram as obras do atual edifcio do Rijksmuseum e o quadro foi trasladado sua situao atual. Durante a II Guerra Mundial, para salvar o patrimnio artstico durante o conflito, os fundos mais importantes do Rijksmuseum foram depositados em diferentes bunkers denominados Refgios Nacionais construdos nas dunas de Heemskerk e Zandvoort. Em 1942, os quadros voltaram-se a trasladar a refgios em Steenwijk e Maastricht.

Atual situao de A ronda nocturna no Rijksmuseum, onde um dos seus reclamos artsticos mais importantes.

A ronda nocturna esteve oculta durante cinco anos sendo seu ltimo local um bunker no subsolo da capital do Limburgo . Foi separada do seu quadro e enrolada num cilindro. A 25 de Junho de 1945, A ronda nocturna voltou para Amsterd, sendo restaurado na oficina do Rijksmuseum.[6]

[editar]Vandalismo parte da mutilao do sculo XVIII, A ronda nocturna foi objeto de alguns ataques vandlicos. A 13 de Fevereiro de 1975, um desequilibrado mental atacou a obra com uma faca fazendo-lhe numerosos cortes em ziguezague. A tela foi restaurada com sucesso, embora ainda possa apreciar-se o rastro deste atentado. Em 1985, um visitante do museu aspergiu a pintura com um aerossol de cidoque levava oculto. A rpida interveno dos guardas de segurana e a gua que lhe foi pulverizada neutralizaram o cido que afortunadamente no chegou a tocar a tela e somente danou o verniz. De novo, a obra foi restaurada por completo.

[editar]A

ronda nocturna no Barroco

A ronda nocturna uma dos quadros mais representativos da obra pictrica de Rembrandt, pelas novidades compositivas e tcnicas que achega. a contribuio do gnio holands pintura barroca. No o nico retrato coletivo que realiza Rembrandt e, embora relevantes, o autor preferiu os retratos unipessoais e de pequenas dimenses (entre eles os seus auto-

retratos).

A Lio de Anatomia do Dr. Tulp, A ronda nocturna e Os sndicos do grmio de paneiros Retratos coletivos de Rembrandt

O sculo XVII foi uma poca de grandes quadros compostos por numerosos personagens seguindo a tipologia do Barroco. Prximos a Rembrandt, trabalham outros grandes gnios da pintura como Peter Paul

Rubens ou Frans Hals, que realizaram grandes telas com retratos coletivos.Rubens preferiu o tema mitolgico ou religioso em comprimidas cenas com mltiplos elementos. Hals, pela sua parte, dedicou-se aos tradicionais retratos corporativos na cidade de Haarlem, dotando-os de grande riqueza psicolgica na sua execuo. Por outro lado, desde uma ptica diferente, Diego Velzquez compe tambm telas monumentais com tcnica similares s de Rembrandt, embora a temtica complementar. Velzquez realiza cenas histricas ao servio da corte espanhola, sem dvida uma empresa maior que um quadro por encomenda de uma companhia militar e pagado a quotas. Mas o uso da disposio aparentemente descuidada e a distribuio de elementos para centrar a ateno ao centro da tela comum entre ambos os pintores.

A milcia cvica de Santo Adrio de Haarlem, A rendio de Breda e O combate das amazonas Obra de Frans Hals, Diego de Velzquez e Peter Paul Rubens Retratos coletivos no Barroco

[editar]Curiosidades

Esculturas de A ronda nocturna expostas na praa Rembrandt de Amsterd durante o IV centenrio do nascimento do pintor holands.

A ronda nocturna inspirou a numerosas obras posteriores. J na sua poca foi tremendamente popular e realizaram-se algumas cpias, graas s quais conhecemos seu aspeto originrio depois de todas suas alteraes. A comisso de IV centenrio do nascimento de Rembrandt exps na Praa Rembrandt de Amsterd junto ao busto do pintor, as rplicas das personagens do quadro, esculpidas por Alexander Taratynov e Mikhail Dronov. Ao finalizar esta comemorao as esttuas sero trasladadas para permanecer nos jardins do castelo de St. Gerlach, perto de Maastricht. Tambm em homenagem, o ano desta comemorao, o diretor de cinema britnico Peter Greenaway rodou um filme dedicado ao quadro intitulada Nightwatching,[7] protagonizada por Martin Freeman no papel de Rembrandt e Emily Holmes como sua segunda esposa, Hendrickje. Apresentou-se no Festival Internacional de Cinema de

Veneza a 6 de Setembro de 2007 e espera a sua estreia comercial nosPases Baixos em Janeiro de 2008.[8] A msica tambm olhou para a tela em busca de inspirao como o segundo movimento da Sinfonia N. 7 de Gustav Mahler ou a peraDe Nachtwacht composta pelo msico neerlands Henk Badings de 1942, sem deixar de mencionar as canes Night Watch de King Crimson ou The Shooting Company of Captain Frans B. Cocq do grupo Ayreon.

Impresses sobre o Barroco em uma narrativa de Agustina Bessa-Lus Viviane Vasconcelos (Universidade Federal Fluminense) RESUMO O escritor Severo Sarduy, na ltima parte do seu livro Barroco, ir dissertar sobre como certas manifestaes do barroco ainda so possveis na contemporaneidade. Uma das maneiras, segundo Sarduy, ser a subverso, por exemplo, por meio de uma lgica do desperdcio e da superabundncia, utilizados num tempo em que a economia vocabular parece prevalecer. Antes de chegarmos anlise do romance, no qual consideramos haver certas resistncias ou resduos barrocos, elucidaremos a perspectiva terica a ser seguida, a partir de algumas vises sobre o mundo contemporneo. No romance A Ronda da Noite, da escritora Agustina Bessa-Lus, podemos perceber uma narrativa em que h um exame crtico da experincia dos valores e dos ideais por meio de uma construo em que, seja por meio de procedimentos prprios da escrita, seja pela escolha da relao do livro com o quadro homnino do pintor holands Rembrandt, h um questionamento constante da condio e da situao humanas em nosso tempo. PALAVRAS-CHAVE: Barroco; neobarroco; Agustina Bessa-Lus ABSTRACT Severo Sarduy, the writer, in the last pages of his Baroque book will expatiate on certain expressions of the Baroque that are still possible in the contemporary. One way, according Sarduy, would be the subversion, for

instance, by a logic of waste and abundance, used at a time when the economy seems to prevail vocabulary. Before we believe that analysis of the romance book have certain resistances or baroque waste, we will elucidate the perspective of being taken from some views on the contemporary world. In the book "The Round of the Night", by Agustina Bessa-Lus, we can see a narrative in which there is a critical examination of the experience of the values and ideals through development that, through its own procedures in writing or by choice of the book with the same title as the painting of the Dutch painter Rembrandt, there is a constant questioning of the human condition of our time. KEYWORDS: Baroque; neobaroque; Agustina Bessa-Lus ABRIL Revista do Ncleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana da UFF, Vol. 2, n 3, Novembro de 2009 143