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A ruiva misteriosa

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Grace Sherridan volta a Los Angeles para se tornar atriz profissional. É sua segunda tentativa para conquistar seu grande sonho. Será que, com a ajuda de sua agente e melhor amiga, esse sonho se tornará realidade? Ou será que, aos trinta e três anos, Grace já perdeu a oportunidade de se destacar? Um excitante e inesperado caso com Jack Hamilton, o novo queridinho da indústria de entretenimento, ameaça colocá-la sob os holofotes de maneira indesejada. Como isso irá afetar a carreira dela... E a dele? Título: A ruiva misteriosa Título original: The Unindentified Redhead Autor: Alice Clayton Divertida e quase neurótica, Grace é perfeita em suas imperfeições, e o clima sensual entre ela e o charmoso e desatento Jack é fora de série. Com diálogos hilários e um romance de tirar o fôlego, se esgueirar em Los Angeles fugindo dos paparazzi nunca foi tão divertido.

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Diretor editorial: Luis MatosEditora-chefe: Marcia BatistaAssistentes editoriais: Cássio Yamamura, Nathália Fernandes e Raíça AugustoTradução: Angélica Beatriz HalcsikPreparação: Paula FazzioRevisão: Natália GuiradoArte e adaptação de capa: Francine C. Silva e Valdinei GomesFoto: YuriyZhuravov/Shutterstock

© 2014 by Universo dos Livros Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser re-produzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Título original: The unidentified redhead

Copyright © 2012, by Alice ClaytonAll Rights Reserved.

Published by arrangement with the original publisher, Gallery Books, a Division of Simon & Schuster, Inc.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Angélica Ilacqua CRB-8/7057

C622r Clayton, Alice

A Ruiva misteriosa / Alice Clayton; tradução de Angélica Be-atriz Halcsik. – São Paulo: Universo dos Livros, 2014.

272 p.

ISBN: 978-85-7930-689-1

Título original: The unidentified redhead

1. Literatura americana 2. Literatura erótica 3. Ficção I. Título II. Halcsik, Angélica Beatriz

CDD 813.614-0072

Universo dos Livros Editora Ltda.Rua do Bosque, 1589 – Bloco 2 – Conj. 603/606CEP 01136-001 – Barra Funda – São Paulo/SPTelefone/Fax: (11) 3392-3336www.universodoslivros.com.bre-mail: [email protected] no Twitter: @univdoslivros

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– Você sabe que já te vi pelada antes, né? – grita Holly atrás da porta do quarto.

– Sim, querida, mas já faz um tempo. Acho que você não está prepa-rada para isso.

– Você quer dizer: ‘‘não acho que você esteja preparada para minha bunda enorme’’?

– Você realmente acabou de dizer isso para uma garota seminua? Espe-rava mais de você. Você vai me deixar complexada. Idiota.

– Quanta dureza, Grace.– Foi isso o que ela disse – resmunguei.– Uau, – escuto-a dizer, rindo discretamente. Estava no processo de

tentar colocar minha bunda dentro de um jeans novo, com a cintura tão baixa que poderia até ser uma ilegal.

– Pronto, – anunciou Holly – vou entrar. Não estou nem aí, Grace!Ela entrou rapidamente pela porta, parando repentinamente quando

viu que eu estava fazendo um esforço na cama. Eu estava deitada, estirada nos lençóis, com um charmoso sutiã de renda cor de pêssego, com meta-de da porcaria da calça jeans que ela me convenceu a comprar, apesar de eu saber que, de nenhum modo, estava jovem o bastante para conseguir usá-la como ela deveria ser usada. Holly sempre conseguiu me convencer a fazer coisas que ela queria que eu fizesse (com a desculpa de que sabia o que era melhor para mim). Mas o pior de tudo é que ela quase sempre estava certa.

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– Lindos peitos – disse ela, apreciando meu sutiã – Será que preciso pegar um conjunto de alicates para puxar esse zíper? Não vimos isso acon-tecer uma vez em algum filme? – refletiu ela, mudando de assunto.

– Isso, isso, vimos num filme… pode me dar uma mãozinha? Estou dando uma visão geral aqui. Queria que a menina voltasse a ficar escon-dida – respondi, tentando ficar na cama neste ângulo estranho.

– Posso ver isso. Tudo bem, segure sua respiração – advertiu ela e agarrou os botões da minha calça jeans. Eu puxei com toda minha força e, finalmente, conseguimos fechar o zíper, deixando-me sem ar.

– Deus do céu. Acho que meu útero acabou de sair. Lá se vai ele – resmunguei.

Não conseguia acreditar no quanto essa calça era apertada, apesar de estar me sentindo superorgulhosa por estar vestindo-a. Senti uma empolgação, um espírito de “vai nessa”, mas isso também pode ter sido a falta de oxigênio da cinta de brim que está agora restringindo meu suprimento de ar.

As pessoas ainda dizem “vai nessa”?Acho que tenho que pensar em outra tirada.Holly me ajudou a sair da cama e me virei para admirar como este

jeans fodão caía em mim, pensando que talvez eu ficasse muito bem nele. Algumas vezes, eu me olhava no espelho e tinha que olhar duas vezes para garantir que aquela era eu. Ela viu que eu estava me analisando e riu.

– Você está parecendo ser bem atrevida, amiga. Eu, com certeza, te comeria.

– Isso é encantador, Holly. Muito obrigada – sorri para ela enquanto continuava fazendo poses para o espelho. Comecei a dançar vogue e aca-bei dando gargalhadas.

– Grace. Recomponha-se. Vogue é… bem, é errado. Nunca há uma boa razão – riu ela, fazendo um sinal de aprovação com seu polegar, ao sair do quarto.

Recentemente, perdi um pouco de peso. Na verdade, estou mais magra agora do que quando estava na faculdade. Holly estava orgulhosa por mim e me dizia isso frequentemente.

Holly Newman e eu nos conhecemos na faculdade. Enquanto nós duas nos especializávamos em teatro, ela sempre soube que preferia o mundo dos bastidores, principalmente o ramo dos negócios, e eu era boa em fazer drama. Durante o período que passamos juntas na faculdade, fizemos planos para quando conquistássemos o mundo do entretenimento. Ela

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teria sua própria agência e gerenciaria somente os melhores talentos, tra-balharia com artistas que compartilhavam a mesma visão criativa que ela tem. Eu, no entanto, tinha estrelas em meus olhos e queria ficar famosa, famosa, completamente famosa.

Ela foi para a costa oeste seis meses antes de mim, e, quando finalmente cheguei lá, ela já estava progredindo como uma agente júnior em uma das maiores empresas da cidade. Ela tinha uma aptidão natural para gerenciar artistas, sabia quando devia ser rigorosa ou quando devia mimá-los. Sabia quando realmente devia lutar por seus artistas e quando era melhor prepa-rar o espaço para projetos futuros. Quando cheguei, ela tinha conseguido um emprego temporário para mim na agência, e eu ficava impressionada como ela ciculava naquele mundo que, na época, ainda era dominado por homens. Devido ao cabelo dourado perfeito, à aparência fantástica e à sensibilidade elegante de Holly, toda hora perguntavam-na a razão dela trabalhar nos bastidores ao invés de estar em frente às câmeras. A garota era muito atraente. Mas ela sempre ria e dizia “Não é meu estilo”, e depois trabalhava mais do que todo mundo para fazer valer sua boa reputação.

Quando me mudei pela primeira vez para Los Angeles, amei. Fui morar com Holly, comecei a ter aulas de atuação, trabalhei na agência com ela e ainda servia mesas à noite em um restaurante em Santa Monica. Eu realmente achava que estava vivendo aquele estilo de vida hollywoodiano que sempre sonhei em ter.

Após aproximadamente seis meses, Holly convenceu seu chefe que eu devia fazer uma leitura e ser levada em consideração para repre-sentação. Eu estava preparada, sou boa com leituras, minhas fotos esta-vam impecáveis… então, esperei. E esperei. E esperei mais um pouco. Finalmente, decidiu-se que iam me aceitar se Holly concordasse em me inscrever pessoalmente como representação individual.

Ela começou a me mandar para fazer audições e eu as fiz. Caramba, eu fiz audições pela porra daquela cidade inteira. Eu era muito boa, assim como todo mundo.

Não consegui um único trabalho.Ninguém te diz, quando você nasce no Centro-Oeste, a anos luz de

distância de Los Angeles, que, ao se mudar para Hollywood, todo mundo é a próxima Miss Superimportante. Achamos que somos as mais bonitas, que somos especiais, as únicas que realmente têm o necessário para se sair bem. Achamos que nossos talentos são únicos e verdadeiros, achamos que

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temos algo para compartilhar com o mundo e não conseguimos entender o porquê de não estarmos agendando trabalhos a todo instante.

A verdade é que, em Los Angeles, não basta apenas ter um rostinho bonito, já que retoques podem ser feitos. Não basta apenas ter um corpo razoavelmente bom, pois toda a população já mudou algo em lugares inimagináveis. Não bastam apenas umas risadinhas e jogadas de cabelo ou ser o alvo das brincadeiras, pois outra pessoa já tem este posto. Todas as pessoas que se mudam para Los Angeles a cada ano, quase na mesma proporção que vão embora, mancando para suas cidades como pobres co-itados, contando suas estórias de “Eu morei na Califórnia” durante festas com seus antigos amigos do ensino médio.

Eu me tornei um desses pobres coitados — consegui ficar em Los Angeles por apenas dezoito meses. Eu meio que fugi, sentindo-me como uma fracassada pela primeira vez na minha vida. Saí da cidade e a in-dústria me venceu.

Mas agora eu voltei. Demorei dez anos para conseguir voltar e desta vez… não vou a nenhum outro lugar.

* * * *

Holly estava dando uma festa na sua casa para comemorar o lança-mento de sua nova empresa de gerenciamento. Ela havia acabado de dei-xar um cargo muito alto em uma grande agência e convidou todos seus amigos mais próximos e diversos atores e atrizes que ela representava. Alguns escolheram ficar com a outra agência, mas ela era tão boa em construir uma carreira, especialmente com talentos novos, que muitos escolheram segui-la.

Desde que voltei a viver em Los Angeles, estou morando com ela, na casa das colinas. Ela conseguiu se dar muito bem e tem uma ótima casa ao lado da Mulholland Drive, com vista para a cidade.

Isso nos leva à calça jeans ilegal. Sendo uma mulher de trinta e três anos com alguns problemas de imagem corporal preexistentes, estava ten-tando entrar na mentalidade necessária para navegar nesta festa com essa calça. Combinei o jeans ilegal com uma blusa turquesa, um pouco mais conservadora, sem mangas, e coloquei meus pés em uma sandália peep toe bem bonita. Meus dedos do pé tinham um belo decote.

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Meu cabelo estava solto, o que é raro, mas Holly proibiu qualquer tipo de rabo-de-cavalo nesta noite. Saímos hoje à tarde para arrumarmos nossos cabelos, e meu cabelo ruivo estava cheio de cachos leves bagunça-dos. Aquele cabeleireiro realmente mereceu o que ganhou, e mesmo eu tive que admitir que os cachos eram dignos de um comercial de xampu.

A festa estava bem agitada e todos estavam se divertindo. Holly con-tratava apenas os talentos que realmente queria para investir, então, eles acabaram se tornando amigos próximos. Eles sempre estavam na casa dela, e seu círculo tinha se tornado o meu círculo de amigos.

– Grace, você não pode estar falando sério. Feldman é muito mais gostoso do que Haim.

Estava tendo uma conversa séria com Nick, um roteirista que Holly conhecia há anos. Ele havia se tornado um dos meus novos amigos des-de que voltei e podia contar com ele como um bom companheiro em uma festa. Nesta noite, estávamos muito envolvidos nos dirty martinis. Superfortes. Ele estava esperando um ator chegar, Holly havia acabado de começar a representá-lo, alguém que aparentemente seria o próximo grande sucesso. Ainda tinha que conhecê-lo, embora Nick já tivesse fa-lado que ele era “delicioso, saboroso… um pouco sujo, mas de um jeito excitante” (palavras dele). Também tinha sotaque britânico que era “ado-rável”, “irresistível” e soava como “me jogue e me coma”.

Sim, Nick é “gay”…– Tudo bem – comecei – Vou concordar que Corey Feldman estava

genial nos Goonies e um pouco fofo em Conta Comigo, mas ninguém chega aos pés do meu Lucas – protestei, determinada a ganhar desta vez. Tínhamos acabado de ter uma conversa semelhante sobre Steve Carell contra Ricky Gervais, que não terminou muito bem. Alguém levou um arranhão.

Escutei um riso reprimido atrás de mim e alguém falando com um “adorável” sotaque britânico:

– Acho que você tem que dar vantagem a Haim, pelo menos por ele ter beijado Heather Graham.

Eu me virei para verificar o evidente recém-chegado genial que conhe-cia Sem Licença para Dirigir, quando consegui ver quem era.

– Ei, você é o Cientista Supersexy! – falei muito alto, colocando mi-nhas mãos sobre a minha boca assim que disse isso. Instantaneamente, senti que meu rosto havia ficado vermelho. Holly tinha uma imagem de

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um cara em seu computador e falou sobre ele durante o mês inteiro, cha-mando-o de Cientista Supersexy. Este era seu novo cliente — o próximo grande sucesso. Ele é o ator principal de um filme que vai estrear no outono, mas que já está criando uma grande repercussão na cidade. Não sabia muito sobre o filme, mas sabia que Holly estava bem empolgada em poder representar este novo ator.

O Cientista Supersexy deu um sorriso confuso e um pouco encabula-do. Será que ele sabia o quanto aquele sorriso era sexy?

Ah claro, ele com certeza sabia.Ele esticou uma mão para mim e, com aquele inglês da Rainha, disse:– Na verdade, é Supersexy Jack Hamilton.