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SINAL DOS TEMPOS A seca e as alterações climáticas A seca os incêndios florestais e as cheias estão intimamente ligados e chamam nos a um combate urgente e determinado Renato Sampaio As alterações climáticas o desordena mento do território e a desflorestação intensiva dos últimos anos estão na origem dos ciclos climáticos e hidro lógicos cada vez mais curtos no tem po e rigorosos na intensidade que temos vindo a vivenciar tornando cada vez mais perceptível a todos a necessida de de combater corrigir e controlar estes fenómenos numa abordagem de políticas interdisciplinares A falta de precipitação continuada e sistemática tem exposto Portugal e os países do Sul da Europa mais vul neráveis nesta matéria à ameaça da erosão numa escala preocupante Por tugal está neste momento a sofrer uma estiagem prolongada que vai provocar um período de seca extre ma Estes fenómenos de falta de pre cipitação prolongada e consequente mente o estado de seca têm efeitos devastadores em vários domínios que podemos considerar verdadeiras catás trofes naturais Têm efeitos negativos na sustentabi lidade dos ecossistemas com a degra dação da biodiversidade nas activida des económicas em que a água é um componente subsidiário dos proces sos de produção e provoca desequilí brios ambientais muito acentuados Sem esquecer os efeitos colaterais não menos perniciosos incêndios cheias e inundações nos incêndios florestais pelo grau de secura do cober to vegetal e nas cheias e inundações que se tomam mais intensas e ganham maiores proporções devido à associa ção da precipitação elevada e abrup ta com os terrenos compactos em con sequência da seca Estes fenómenos aparentemente naturais são devastadores para a eco nomia florestal e provocam a destrui ção das explorações agrícolas causan do imensos prejuízos às actividades económicas instaladas nas zonas das bacias hidrográficas A seca os incêndios florestais e as cheias estão intimamente ligados e chamam nos a um combate urgen te e determinado Não podemos ficar de braços caídos à espera que algum fenómeno sobrenatural possa evitar a calamidade Um combate que passa desde logo por mitigar os efeitos provocados uti lizando todas as medidas e os meios disponíveis na prevenção e por gerir com cuidado as estruturas de arma zenamento de água albufeiras e len çóis freáticos evitando a sobreutili zação das reservas hídricas e utilizan do o sistema de bombagem nas albufeiras As medidas estruturais de longo prazo necessárias envolvem pôr em prática um novo paradigma de urba nismo ordenar a floresta e concre tizar políticas de combate às altera ções climáticas O desenvolvimento socioeconómico e as alterações demográficas verifica das nos últimos anos levaram a um aumento exponencial do consumo de água razão suficiente para termos mais atenção ao ordenamento do ter ritório evitarmos edificar em leitos de cheia moderarmos a impermeabili zação dos solos e controlarmos a des florestação Num mundo moderno e com a cons ciência e os conhecimentos ao nosso dispor não podemos conceber uma política económica séria que não tenha em atenção a questão das alterações climáticas provocadas pelo efeito de estufa criado por emissões excessivas de dióxido de carbono Longe vai o tempo da dicotomia desenvolvimen to económico versus defesa do ambien te Hoje bem pelo contrário é preci so pensar que o equilíbrio ambiental não é contraditório com uma estraté gia de crescimento da economia e é possível compatibilizar estas políticas de modo a garantir que o clima de ama nhã na Terra não será afectado O Protocolo de Quioto previsivelmen te será prolongado até 2020 mas é uma evidência a sua fragilização uma vez que não se conseguiu a sua ratifi cação por alguns dos principais subs critores e não se conquistaram novas adesões Durban não foi um fracasso mas faltou ambição de trilhar um cami nho seguro e firme na redução de emissões O combate às alterações climáticas terá êxito se existir um compromis so vinculativo dos Estados Unidos da China e dos países emergentes que representam actualmente a fatia mais significativa das emissões e são os prin cipais poluidores mundiais Também não existe um combate às alterações climáticas consistente sem uma política energética assente nas renováveis em substituição das ener gias fósseis Até aqui Portugal tem estado no caminho certo ao apostar nas reno váveis particularmente ao projectar e incrementar o Plano Nacional de Barragens tão diabolizados pelos pseudo ambientalistas O Plano Nacional de Barragens cuja componente principal é a produção de energia não deixa de constituir uma reserva de água fundamental para em períodos de seca extrema minimizar mos os efeitos nefastos desta catástro fe ambiental económica e social e ain da um regulador dos caudais dos nos sos rios controlando cheias e inundações Apostar na energia eólica fotovoltai ca e aumentar a nossa capacidade de aproveitamento dos nossos recursos hídricos de 42 para 82 até 2020 duplicando assim a potência instala da com mais de 4000 MW de potên cia é ter visão de futuro Deputado do PS pelo Porto Escreve às terças feiras i 14 S/PB 366 80000 Nacional Informação Geral Diária Página (s): Imagem: Dimensão: Temática: Periodicidade: Classe: Âmbito: Tiragem: 28022012 Ambiente

A seca e as alterações climáticas

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A seca, os incêndios florestais e as cheias estão intimamente ligados e chamam-nos a um combate urgente e determinado.

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SINAL DOSTEMPOS

A seca e as alteraçõesclimáticas

A seca os incêndios florestais e as cheias estão intimamente ligadose chamam nos a um combate urgente e determinado

Renato Sampaio

As alterações climáticas o desordenamento do território e a desflorestaçãointensiva dos últimos anos estão na

origem dos ciclos climáticos e hidrológicos cada vez mais curtos no tempo e rigorosos na intensidade que temosvindo a vivenciar tornando cada vezmais perceptível a todos a necessidade de combater corrigir e controlarestes fenómenos numa abordagem depolíticas interdisciplinaresA falta de precipitação continuada

e sistemática tem exposto Portugal eos países do Sul da Europa mais vulneráveis nesta matéria à ameaça daerosão numa escala preocupante Portugal está neste momento a sofreruma estiagem prolongada que vaiprovocar um período de seca extrema Estes fenómenos de falta de precipitação prolongada e consequentemente o estado de seca têm efeitosdevastadores em vários domínios quepodemos considerar verdadeiras catástrofes naturais

Têm efeitos negativos na sustentabilidade dos ecossistemas com a degradação da biodiversidade nas actividades económicas em que a água é umcomponente subsidiário dos processos de produção e provoca desequilíbrios ambientais muito acentuados

Sem esquecer os efeitos colateraisnão menos perniciosos incêndioscheias e inundações nos incêndiosflorestais pelo grau de secura do coberto vegetal e nas cheias e inundaçõesque se tomammais intensas e ganhammaiores proporções devido à associação da precipitação elevada e abrupta com os terrenos compactos em consequência da secaEstes fenómenos aparentemente

naturais são devastadores para a economia florestal e provocam a destruição das explorações agrícolas causando imensos prejuízos às actividadeseconómicas instaladas nas zonas das

bacias hidrográficasA seca os incêndios florestais e ascheias estão intimamente ligados echamam nos a um combate urgente e determinado Não podemos ficarde braços caídos à espera que algumfenómeno sobrenatural possa evitara calamidadeUm combate que passa desde logo

por mitigar os efeitos provocados utilizando todas as medidas e os meios

disponíveis na prevenção e por gerircom cuidado as estruturas de arma

zenamento de água albufeiras e lençóis freáticos evitando a sobreutilização das reservas hídricas e utilizando o sistema de bombagem nasalbufeiras

As medidas estruturais de longoprazo necessárias envolvem pôr emprática um novo paradigma de urbanismo ordenar a floresta e concretizar políticas de combate às alterações climáticasO desenvolvimento socioeconómico

e as alterações demográficas verificadas nos últimos anos levaram a um

aumento exponencial do consumo deágua razão suficiente para termosmais atenção ao ordenamento do território evitarmos edificar em leitos decheia moderarmos a impermeabilização dos solos e controlarmos a desflorestaçãoNum mundo moderno e com a cons

ciência e os conhecimentos ao nosso

dispor não podemos conceber umapolítica económica séria que não tenhaem atenção a questão das alterações

climáticas provocadas pelo efeito deestufa criado por emissões excessivasde dióxido de carbono Longe vai já otempo da dicotomia desenvolvimento económico versus defesa do ambiente Hoje bem pelo contrário é preciso pensar que o equilíbrio ambientalnão é contraditório com uma estraté

gia de crescimento da economia e épossível compatibilizar estas políticasde modo a garantir que o clima de amanhã na Terra não será afectado

O Protocolo de Quioto previsivelmente será prolongado até 2020 mas éuma evidência a sua fragilização umavez que não se conseguiu a sua ratificação por alguns dos principais subscritores e não se conquistaram novasadesõesDurban não foi um fracasso mas

faltou ambição de trilhar um caminho seguro e firme na redução deemissões

O combate às alterações climáticassó terá êxito se existir um compromisso vinculativo dos Estados Unidos daChina e dos países emergentes querepresentam actualmente a fatia maissignificativa das emissões e são os principais poluidores mundiaisTambém não existe um combate às

alterações climáticas consistente semuma política energética assente nasrenováveis em substituição das energias fósseisAté aqui Portugal tem estado nocaminho certo ao apostar nas renováveis particularmente ao projectare incrementar o Plano Nacional de

Barragens tão diabolizados pelospseudo ambientalistasO Plano Nacional de Barragens cuja

componente principal é a produção deenergia não deixa de constituir umareserva de água fundamental para emperíodos de seca extrema minimizarmos os efeitos nefastos desta catástrofe ambiental económica e social e ainda um regulador dos caudais dos nossos rios controlando cheias e inundaçõesApostar na energia eólica fotovoltai

ca e aumentar a nossa capacidade deaproveitamento dos nossos recursoshídricos de 42 para 82 até 2020duplicando assim a potência instalada com mais de 4000 MW de potência é ter visão de futuro

Deputado do PSpelo Porto Escreve àsterças feiras

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Temática:Periodicidade:

Classe:

Âmbito:Tiragem:28­02­2012

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