8
A SEMANA PUBLICA-SE AOS SABBADOS AMO li. RIO DE JANEIRO, 18 DE SETEMBRO DE 1886 VOL. H-ü. 90. REDACÇÃO E GERENCIA- RUA DO CARMO N. 36 Vilen tim Magalhães, Filinto ".'Almeida, A. de Souza e K. de Magalhães ARTBUII MENDES G. OABBAL SUMMARIO Expediente Politica e políticos Tou. l)eS. PüUlO F. D-ALMEIDA. A Divina Comedia,soneto R. octavio.. Notas criticas V. Magalhães. O morto, poesia B. Lucas. Jornaeserevistas........ A.S. Epistola ao Mar, soneto.. J.deA.i.au'0. Tneatros p; í*""-* Penas,soneto A\?-SDJLS-» Sp0rt L.M. Bastos. Covardia, soneto U- Magalhães. Factos e Noticias Tratosábôla FR- Simplicio. Correio Exhico. Recebemos Annuncios EXPEDIENTE ASSIGNATÜRAS CORTE Trimestre 2S000 Semestre ü000 Anno BÍJOOO PBOVINCIAS Semestre -P00 AnnoIOS1"» «VINTE CONTOS» Aos Srs. assignantes de anno, resi. dentes na Corte, quites com a empreza, e que não tiverem recebido anterior- mente outro prêmio, rogamos o favor de virem ou mandarem buscar o exem- plar do livro Vinte Contos, a que têm direito. Aos das províncias, nas mesmas con- dições, que nos enviaram ou enviarem o respectivo sello (200 réis) será sem demora remettido o livro, com o porte simples, podendo nós registral-o para aquelles que nos pagarem a impor- tancia do registro. Receberá um exemplar dos Vinte Contos quem tomar uma assignatura d'A Semana por um anno, em qual- quer dos seguintes logares. nua do Carmo. 3«3 Livraria Faro & Kíunos, Livraria Laemmort, Empres-.a Litteraria Flu- mincnso, rua Sete de Setembro, 81, Oharutaria do Cate Brazil (com o Sr. Bittencourt). Calo Central, rua da Quitanda, esquina da do General Câmara, e Typograiiliia Contrai, R. N. do Ouvidor, 7. l-í. D. —Nao se encontra ã Tenda, D'este livro tiraram-se com exempla- res adornados com o retrato, em ma- onifica phototypia, trabalho do acredl- tado photograplio Pedro da Silveira, e com a. assignatura authograplia do auetor, sendo a capa de papol especial. São destinados estes exemplares a imprensa, aos colaboradores effectivos OVA Semana e a quem, d'ora avante, nos angariar cinco assignaturaa de política e políticos o modo porque o o..iaterpel- Questões parciaes que se prendem a de questõesi pa'e_,_mel,|,0 servil. grande questa QU. te 0 moii) da Causou narpieza*^ resposta, P»\^'l"esf,e qu0 'ella tinha rdia f?L pelo Sr presidente do Con- de„Se„ nae é o mais directo e o mais ge- sel!10- HreseSante d'esta politica sem ™°VJS que olha parajo negro como entranu.i», i lan,ca. para "'na » não fõi sóinente escravo- ^aS. „' mm séria natural em S. Ex. crata,'í » Residente do Conselho toi 0 "f it Ile as primeiras palavras do cruel. Desde abj, •" a inter. sea »u°_sseemescravüado, quan- pellaçaofa lasse e ^^ & { d0 S" E JX nilheria feita com a sorte escravo; ute a pmierconfissão de d'esses desgraçados, «i»30rte que o Governo i ao se oce p A_ dos ingênuos, ate *'u. do 0 seu tmenVcM^ contra totto partido, em nome a q ^ ^ ,a. e para o quadre ist0 vioseno Sr vras cruéis, em™T8lt0 í""tt« alarde de maus sent.men- firme.de «f^ *"tive s com a sua íllus- tos. .»el" Tcompativeis com o seu ta- tração, nem compa g com as lfJ lento, e so eomn { maram uma se- retrogradas que lhe tor ^^ ^uÍ?ou as qualidades de generos.dade, Stasno-pi^^-0' Escuso-me de reproduzir o discurso de S. Ex., discurso ein que foram emit- tidas opiniões, mas não adduzidas ra- zões. S. Ex. nem soquor entrou na quês- tão jurídica do slnli. liber, deixando ao illustrado Sr. Dr. Coelho Rodrigues, um dos espíritos mais cultivados da Câmara, a resposta áquolla questão, Mas como chronista fiel. vou en- lutar estas alegres paginas d'A Semana, e não posso deixar de fazel-o, com as opiniões do Sr. presidente do Conselho. E' preciso que ellas sejam conhecidas. Quanto ,-i posição cm que llc.irnm os escravos depois dn lei ile 28 de Setembro de 1883, que marcou prazo pari a extineção da escravatura: O Sr. presidente do Conselho entende nuo nenhuma modificação sofíreu a po- sicão dos escravos. Não reconheço o síaít. liber. O escravo continua escravo como sempre. Quanto .Is penas excepcio- naes lio código criminal para anplicaçfio aos escravos ile- üiiqiientes.bem como quanto ás penas du lei de lOdeJun lio de 1835: O Sr presidente do conselho entende nue essas penas subsistem, para todos os effeitos, e que o negro continuo, su- jeito ao bacalhau, emquanto nao hou- ver lei em contrario, lei que será nata- ralmente a da... Morte, por decreto... divino. Quanto ú protecçáò que o Governo pretende dar nos tn- r-enuns, e qunl a posiçuo em que está css:i classe : f! S.L.P.. o) O Sr presidente do conselho entendo que a melhor garantia d'esses ingênuos ll generosidade dos scnhores.Poi tanto, o Governo não cogita de semelhante questão. Quanto o condicção dc na- tufiilidiide na matricula; so está em vigor a lei de 7 do Nnvombro de 1831; se a con- diçãode africnnt-, constante da matricula de indivíduo importiido depois .Ia lei, si- gnillca liberdade: O Sr presidente do Conselho entende mie o collector deve limitar-se a copiar a" matricula de 1871, nada tendo quo ver com a condição de naturalidade. Nao dáSpfnião sobre a lei de 1831 ,e acha que ao poder judiciário compete decidir as questões que a respeito forem suscita- das. E ahi fica o que disse o Sr. barão de Cote-ipe, presiílente do Conselho, mi- nistrot estrangeiros e senador do império. Pois, sim senhor!,.. TOB

A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

  • Upload
    dolien

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

A SEMANAPUBLICA-SE AOS SABBADOS

AMO li. RIO DE JANEIRO, 18 DE SETEMBRO DE 1886 VOL. H-ü. 90.

REDACÇÃO E GERENCIA- RUA DO CARMO N. 36

Vilen tim Magalhães, Filinto ".'Almeida,

A. de Souza e K. de Magalhães

ARTBUII MENDES

G. OABBAL

SUMMARIOExpedientePolitica e políticos Tou.l)eS. PüUlO F. D-ALMEIDA.A Divina Comedia,soneto R. octavio..Notas criticas V. Magalhães.O morto, poesia B. Lucas.Jornaeserevistas........ A.S.Epistola ao Mar, soneto.. J.deA.i.au'0.Tneatros p; í*""-*Penas,soneto A\?-SDJLS-»Sp0rt L.M. Bastos.Covardia, soneto U- Magalhães.Factos e NoticiasTratosábôla FR- Simplicio.Correio Exhico.RecebemosAnnuncios

EXPEDIENTEASSIGNATÜRAS

CORTE

Trimestre 2S000Semestre ü000Anno BÍJOOO

PBOVINCIASSemestre -P00Anno IOS1"»

«VINTE CONTOS»Aos Srs. assignantes de anno, resi.

dentes na Corte, quites com a empreza,e que não tiverem recebido anterior-mente outro prêmio, rogamos o favorde virem ou mandarem buscar o exem-

plar do livro Vinte Contos, a quetêm direito.

Aos das províncias, nas mesmas con-dições, que nos enviaram ou enviaremo respectivo sello (200 réis) será semdemora remettido o livro, com o portesimples, podendo nós registral-o paraaquelles que nos pagarem a impor-tancia do registro.

Receberá um exemplar dos VinteContos quem tomar uma assignaturad'A Semana por um anno, em qual-quer dos seguintes logares.

nua do Carmo. 3«3

Livraria Faro & Kíunos,Livraria Laemmort,Empres-.a Litteraria Flu-

mincnso, rua Sete de Setembro, 81,Oharutaria do Cate Brazil (com

o Sr. Bittencourt).Calo Central, rua da Quitanda,

esquina da do General Câmara, e

Typograiiliia Contrai, R. N.do Ouvidor, 7.

l-í. D. —Nao se encontra ãTenda,

D'este livro tiraram-se com exempla-

res adornados com o retrato, em ma-onifica phototypia, trabalho do acredl-

tado photograplio Pedro da Silveira, e

com a. assignatura authograplia do

auetor, sendo a capa de papol especial.

São destinados estes exemplares a

imprensa, aos colaboradores effectivos

OVA Semana e a quem, d'ora avante,

nos angariar cinco assignaturaa de

política e políticos

o modo porque o o.. iaterpel-

Questões parciaes que se prendem ade questõesi pa 'e_,_mel,|,0 servil.grande questa QU.

te 0 moii) daCausou narpieza* ^resposta, P»\^'l"esf,e qu0

'ella tinhardia f?L pelo Sr presidente do Con-de„Se„ nae é o mais directo e o mais ge-sel!10- HreseSante d'esta politica sem™°VJS

que olha parajo negro comoentranu.i», i lan,ca.para "'na »

não fõi sóinente escravo-^aS. „' mm séria natural em S. Ex.

crata,'í » Residente do Conselho toi0 "f it Ile as primeiras palavras docruel. Desde abj , •" a inter.sea »u°_sseemescravüado, quan-pellaçaofa lasse e

^^ & {d0 S" E JX nilheria feita com a sorteescravo; ute a pmier confissão ded'esses desgraçados, «i» 30rte

que o Governo i ao se oce p _

dos ingênuos, ate *'u . do 0 seutmenVcM^

contra totto

partido, em nome a q ^ ^ ,a.

e para o quadre ist0 vioseno Srvras cruéis, em™ 8lt0

í""tt« alarde de maus sent.men-firme.de «f^ *"tive

s com a sua íllus-tos. .»el" Tcompativeis com o seu ta-tração, nem compa g com as lfJlento, e so eomn { maram uma se-retrogradas que lhe tor

^^^uÍ?ou as qualidades de generos.dade,

Stasno-pi^^-0'

Escuso-me de reproduzir o discursode S. Ex., discurso ein que foram emit-tidas opiniões, mas não adduzidas ra-zões. S. Ex. nem soquor entrou na quês-tão jurídica do slnli. liber, deixando aoillustrado Sr. Dr. Coelho Rodrigues,um dos espíritos mais cultivados daCâmara, a resposta áquolla questão,Mas como chronista fiel. vou en-lutar estas alegres paginas d'A Semana,e não posso deixar de fazel-o, com asopiniões do Sr. presidente do Conselho.E' preciso que ellas sejam conhecidas.

Quanto ,-i posição cm quellc.irnm os escravos depoisdn lei ile 28 de Setembro de1883, que marcou prazo paria extineção da escravatura:

O Sr. presidente do Conselho entendenuo nenhuma modificação sofíreu a po-sicão dos escravos. Não reconheço osíaít. liber. O escravo continua escravocomo sempre.

Quanto .Is penas excepcio-naes lio código criminal paraanplicaçfio aos escravos ile-üiiqiientes.bem como quantoás penas du lei de lOdeJun liode 1835:

O Sr presidente do conselho entendenue essas penas subsistem, para todosos effeitos, e que o negro continuo, su-

jeito ao bacalhau, emquanto nao hou-ver lei em contrario, lei que será nata-ralmente a da... Morte, por decreto...divino.

Quanto ú protecçáò que oGoverno pretende dar nos tn-r-enuns, e qunl a posiçuo emque está css:i classe :

f! S.L.P.. o)

O Sr presidente do conselho entendoque a melhor garantia d'esses ingênuosll generosidade dos scnhores.Poi tanto,o Governo não cogita de semelhante

questão.Quanto o condicção dc na-

tufiilidiide na matricula; soestá em vigor a lei de 7 doNnvombro de 1831; se a con-diçãode africnnt-, constanteda matricula de indivíduoimportiido depois .Ia lei, si-gnillca liberdade:

O Sr presidente do Conselho entendemie o collector deve limitar-se a copiara" matricula de 1871, nada tendo quo vercom a condição de naturalidade. NaodáSpfnião sobre a lei de 1831 ,e acha queao poder judiciário compete decidir as

questões que a respeito forem suscita-das.

E ahi fica o que disse o Sr. barão deCote-ipe, presiílente do Conselho, mi-nistrot dè estrangeiros e senador doimpério.

Pois, sim senhor!,..TOB

Page 2: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

3oiA SEMANA

DES. PAULO"Vonço a vadiagem de uma curta ville-

giatura e os rigores de um frio intenso,para não desacostumar os meus que-ridos leitores da minh prosa habitual.Ella ahi vae, pois, desataviada e sim-pies, em singolla loiletle de viagem, te-vando :': volta do pescoço um pequenocollarde-impressões.

Certo que dos leitores d A Semanapoucos serão os que não conheçam S.Paulo, esta bella terra de bom clima,talvez um pouco inconstante, verdade-verdade, mas onde a febre amarella eoutras que taes calamidades não logrampenetrar, talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado e finíssimo,impertinente e feroz, que nos enche ospulmões e muda a cór ás golas dosnossos casacos. Aqui o frio enrija ocorpo, espanta a preguiça o faz affluiro sangue ás fuces. O triod'estas ultimasnoites tem sido intensissimo. Estamosem pleno reinado do sobretudo e docache-nez. Até já o jornalista Américode Campos tem razão para trazer a suaindefectível manta sertaneja, sobre aqual heroicamente se dependura umcavaignac glorioso, cavaignac que aindaha de fazer uma revolução em S.Paulo,quando apparecer um barbeiro assásintrépido para o rasoirar de uma vez,á traição, illudindo o dono com bòaproza barbeiiil, ou cantando ao repu-blicanismo paulistano a marselheza daregeneração capillar, grito d'alma dasbarbas decentes, revendicação da liber-dade do mento, protesto da supremaciados bigodes I

Pois é verdade I Frio de rachar, friopenetrante como uma agulha, frio quenos faz admirar o cobertor de lã comoa obra suprema do engenho humano.O banho de chuva passou aqui dacathegoiia de goso hygienico á de re-médio violento. Só eu, de quando emquando, me aventuro a elle, no que doumaior prova de coragem do que a quedaria em ler de uma só vez, por inteiro,uni microcosmo do meu amigo C. deL.!Perdão! ha um outro desgraçado quetambém supporta todas as manhãs aágua fria de S.Paulo—e o Silva Pereira;esse, porém, mais infeliz do que eu, sup-porta-a por exigência do seu medico eporque ainda quer conservar por muitotempo os vinte e cinco annos que Deuslhe deu ao nascer.

Depois que cheguei á formosa terrados Andradas, o acontecimento demais vulto foi sem duvida a festa daPenha.

Não se ria o meu leitor da rua doCarmo : foi a festa da Penha sim se-nhor. E' que o meu illustre carioca nãoimagina o que seja a festa da Penha emS. Paulo. Iíio-se porque pensou na Pe-nha do Rio de Janeiro, aonde se vae decasaco branco, chifre a tiracollo, emcarroça affestoada de galhos e ban-deirólas, como nas romarias popu-lares da antiga metrópole. Pois estámuito enganado, e para provar-lheo que aflirmo basta dizer-lhe que os fes-teiros da Penha em S. Paulo são sempremembros da aristocracia e do alto com-mercie, honrando na egualdade dosin-tuitos as conquistas da democraciamoderna, a grande niveladora dasclasses.

Os festeiros d'este anno foram: aSra. condessa de Itú, D. Antonia deQueiroz Aranha, dr. Eleuterio da SilvaPrado e o Sr. Alberto Pereira Leite,negociante. Cumpre dizer, porém, queas tres primeiras pessoas apenas contri-buiram pecuniariamente para a grandefesta. íoi o ultimo, o Sr. Alberto Leite,quem se encarregou de todos os traba-lhos, quem tudo determinou e orga-nisou. Para isso teve um trabalho

horroroso t desenvolveu uma actiyi-dade espantosa, mas fez obra asseiada.Conseguio organisar uma festa comonunca se fizera em S.Paulo e que ha deficar na memória do povo para todo osempre. Também o Sr. Alberto Leite eum homem extraordinário para estascoisas: seria muito capaz de organisarum banquete sum carne e sem peru ouum baile sem musica de espécie ne-nliuma! .

Este anno su os trens da estrada deferro conduziram ao aprazível arra-balde da Penha cerca de quatorze milpessoas,- accrescente-se a este numero odas que foram a cavallo e de carrua-gem, e teremos, talvez, dezesseis milalmas admiradas deante os esplendoresda mais deslumbrante festa popular aque a província tem assistido I

E' uma multidão compacta, espes-sissima, ondeando na praça central,por detraz da egreja e nas mas late-raes até aos campos cercados do fundo,onde se faziam sobre a relva, secca dosúltimos calores, os alegres e expan-sivos pic-nies, onde eu vi bellos typosde mocas provincianas, sentadas nochão, em frente ás alvas toalhas dos-dobradas, subra- as quaes jaziam oscadáveres assados dos frangos e dosperfis, esperando na sua tranqüila-dade de mortos o delicioso suppbciodos brancos dentinhos, agudos e le-rozes, das donas e donzellas paulistas.

Todo o circuito que vae da estaçãodo caminho de ferro até á ultima ruaedificada estava magnificamente illu-minado a luz t-lectrica com as lampa-das Maxim, da força de 89 velas cadauma. A maquina de electricidade dosystema Westo a, e o respectivo motorestavam collocados no quintal da casado próprio Sr. Alberto Leite. Todoeste clillicil trabalho da illuminação,distribuição intelligente das lâmpadase montagem alas maquinas —foi exe-cutado pelo Sr. Abilio Marques, ama-dor, homem do muito talento e superiorillustração.

De dia houve visitação da egreja,onde um grupo de Exmas. amadoras,da capital, cantou correctamente agrande ilíissa de Carlos Gomes, acom-panhadas por uma boa orchestra, re-gida pelo maestro Pons. Houve sermão,pregado pelo vigário geral. Em se-guida, sahio a procissão, uma procis-são modesta, com um só andor, o dapadroeira festejada, carregado aos hom-bros de quatro senhoras da primeirasociedade paulista. Havia barracas debibelots e brinquedos de crianças, ebarracas de jogo, oh! muito jogo, umjogo desenfreado, a valer : roleta, búzio,cavallinhos, e mil outras caprichosasinvenções destinadas a esvasiar esrpon-tarteamente as algibeiras dos papalvosem proveito dos barraqueiros felizes.Em um coreto da praça tocou durantetoda a festa, graciosamente, a bandado Club Gymnastieo Portuguez, regidapelo maestro amador Augusto Portu-gal, um musico ale grande talento,absorvido á arte pelo commercio.

O que, entretanto, com a luz ele-ctrica constituía o principal attractivoda festa—era o fogo de artificio, fabri-cado pelo famoso Daniel de Camargo,de Taubaté, que é, sem a menor du-vida, o primeiro pyrothenico do Brazil.E' realmente incrível o que este nota-

a vel artista consegue na sua especiali-dade! Tudo o que a pyrothechnica temdemais caprichoso, de mais exquisitoe de mais deslumbrante; as mais va-riadas combinações de jorros e decores; de transformações ópticas; derepuchos igneos; de círculos gyrantes;de effeitos de luz,—que ora se esbate domais vivo para c. mais brando, emgradações vagarosas, ora passa rapi-damente do branco opaliuo para o

extremo rubro, ou do amarelio des-maiado para o azul ou para o roxoescuro—de t>alões transparentes ; que,depois de terem gyraclo presos aos pos-tes, soltam-se e vao por eeses ares numrodopio vertiginoso e reclinante, mos-trando, por eífeito de luz interior, umbello cambiante de colorido, jorrandoum fogo intenso e vivissiino, até sedesfazerem em chuva de oiro ede estrel-Ias de todas as cores, que descem len-tamente, tranformando-se de espaço aespaço, ora vermelhas, ora azues, oraverdes, ora amarellas; todos os des-lumbramentos, e.nlim, d'esta arte defoguetaria, no que ella tem de maisperfeito e de mais acabado, de maisdeslumbrante e de mais admirável;—tudo eu vi na esplendida festa po-pular de S. Paulo e tudo foi feito porum homem do talento, por um artistahumilde, só conhecido e apreciadonesta provincia 1 Note-se que não falaidos foguetes e dos morteiros, peçaspoderosas, que sobem rectamente aenorme altura e rebentam no ar, oraem chuva de oiro e de estrellas ca.n-biantes, ora em cobrinhas de fogo,querabeiam em ondulaçáes graciosas, oraein baiõesinhos de um intenso poderilluminativo, que por espaço de umminuto pairam no ar, produzindo unigrande clarão semelhante a um focoile luz electrica.

Para que nada faltasse a esta festapopular, houve também uina correriada policia, que, denodadainente, mon-tada em fogosos ginetes, espaldeií-ouo povo inerme e espalhou o terrorentre os romeiros pacatos; estes, in-dignados, responderam com algumaspedradas que, infelizmente, não offen-deram neniiuui valente da tropa. Isto,porém, foi batalha de alguns minutosapenas e desde que o commandante,por exigência dos festeiros, fez retiraro marcial piquete, serenaram os ani-mos e tudo correu em santa paz até ámeia noite, hora em que o ultimo tremconduzio os nltimos romeiros.

Houve também um lamentável desas-tre, devido somente á imprudência davictima : uma mulher, ao querer entrarnum ivagon.com a onda do povo que otomava de assalto, perdeu o equilíbriona plata-fórma e cahiu entre dois car-ros. No momento da quéda.bateu com acabeça nas ferragens e teve uma com-moção cerebral,de que resultou a morteinstantânea. W triste isto, mas nin-guem poderia prever tal incidente, es-tando o comboyo parado, como estava.

Finalmente, e para não fatigar maiso leitor, que, por desgraça sua, metenha acompanhado atèqui, direi queesta festa da Penha em S. Paulo foi amelhor festa popular a que tenho assis-tido.e que por largo tempo hei de con-servar na memória a impressão d'a-quelle fogo de artificio, d'aquella luzelectrica, d'aquella funda alegria dopovo, de todas as classes e de todas ascathegorias, qne affluio ao local, e dadelicada e gentil amabilidade do festeiroprincipal, que, além do nos dar umaesplendida ceia, ainda nos emprestou ogradil do seu jardim, de onde eu e ai-guns companheiros intrépidos, encara-pitados e suspensos como os paes-avósua Humanidade, assistimos ao fogo, áluz electrica e à pancadaria da policia.

FILINTO D'ALMEIDA

A JOAQUIM DE ARAÚJO

Aquella, que, lembrando a estatua fria,Em tempo me gelava o coração,NSo sei porque, mas res.ilveu-se um diaA olfertar-me de esposa a nivea raào.

Page 3: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

A SEMANA 3o3

E eu, que julgava até nadòr ser forte,Vencido pelo meu contentamento,Vi de longe, a acenar-me e a rir, a MorteE, cahindo, fiquei sem movimento.

Crèram-me morto, edesprondeu-se o prantoEstava inerte, mas ouvia tudo.Ninguém sabe dizer, ai! quanto, quantoSolfria por me vèr inerte e mudo.

Ouvi fallar da minha sepultura,Ouvi,pregar as taboas do caixão,Mas nada me causou tanta amargura,Como a falia da noiva, ao coraçio.

Estava ao pé de mim. Dizia: — « A MorteLevou-te o noivo, coração liberto iE foi talvez melhor, que o teu consorteNâo era para ti mais que um deserto. »

Nisto senti correrem-me na faceDuas lagrimas, frias como o gelo,E ergui-me, triste como se alfastasseUm estranho e horrível peadello.Todos se ergueram, mas sem dar nm passo.Só minha Mae, liberta do desgosto,Me envolveu, anciosa, num abraço,E me limpou as lagrimas do rosto _

Portü BERNARDO LUCAS.

NOTAS CRITICASE' notabilissimo o discurso que, com

0 titulo Pátria 1 devia ser pronunciadoBel0 seu auetor, o illustre pregadorportuguez, conego Alves Mendes, nainauguração do monumento aos res-tauradores de Portugal, e que osedictores Alcino Aranha & Cia. doPorto (*) publicaram em elegante opus-culo, cuidósamente impresso.

Abre com esta explicação: « Estediscurso foi composto para ser pronun-ciado gratuitamente em Lisboa, no so-lemne Te-Deum por occasião da grandefesta que se projectava para inauguraro monumento commemorativo da res-tauração da pátria, Altas emergênciasimperiosas.que não importa referir nemcommontar aqui.estorvarem asolemm-dade do Te-Deum e fantasmagonsaramcom soberana conspicuidade, a jei aeAbril corrente, uma festa cívica de talfeitio, que tudo aquillo pareceria pre-histórico se não fosse fiisíona e desçam-baria no inverosimil se não fosse real...Não se recitou, pois. o discurso; masestampa-se tal qual devia recitar-se.»

Foi pena que se não houvesse reci-tado. pois não podia tão grandiosacommemoração ser celebrada de ma-neira mais brilhante, mais digna nemmais solemne do que com esta altíssimacomposição oratória, que lembra, paraegnalar-se-lhes, as mais famosas de lios-suet, Massillon e Bourdaloue.

Ha muito não liamos uma peçadestegênero escripta com tão profundo sen-timento patriótico, com tantas e taofulgentes imagens, eom tanta mdepondencia de pensamento, com tantai energiadephrasee com tão castiça, vernaeula e castigada linguagem.

A excellente phototypia qne oi na ovolume moatra.no. Alves Mendes umhomem de cincoenta annos, de largafronte encampada e olhos contemplativos. Mas esta oração tem o fogo, osangue, ávida de um moço em todo oexuberar da seiva dos vinte annos.Um tópico, ao acaso, para sei vir ae"«Oh!0'quando

contemplo estes céu3inundados de ethere estas serras talha~FTÃ>

venda nesta Corte, na Agencia Com-merci.il Portugueza, u. do Carmo, 40.

das de mármore; quando aperceboestas águas tão remançosas e estascostas tão recortadas ; quandu remiroestes mares em que o sol fabrica fili-granas de ouro, e estes rios em quea lua borda arabescos de prata; quandoaspiro estes ares deliciosos e absorvoestas exhalaçoes salinas; quando escutoa nota metallica dos hy mnos patrióticose o eeho vibrante das canções populares;quando se me deparam maravilhas taes,digo; eu amo allucinadamento estaterra, que assim concretisa o aieu espi-rito e espiritualisa o meu coração 1 ese, ao vir á luz, Deus me houvera con-sultado sobre o ponto da minha morada,teria escolhido logo esta gleba querida,esta gleba incomparavel, onde nascihumilde mas contente, e onde queromorrer obscuro mas honrado —porqueas minhas ossamentas, depositadas emterreno estrangeiro, ainda que o fossemnum sareophago de malachite incrus-tado de brilhantes, estariam mais des-prezadas e mais frias do quo adlierentesaos seios tepidos da terra-patria, emborasó tivessem por passamanes os cardosdo ermo, por prantos os orvalhos daaurora, e por jazida a mais raza e amais bronca sepultura.»

Com esta imaginação, com este senti-mento, com esta elevação de linguagemfoi escripto todo o discursu. Fazendo arápidos traços valentes a historia dasgrandezas e das misérias de Portugal,depois de haver affirmado, compro-vando-o, quo « as expedições portu-guezas parecem inverosuneis, a torçade iuexequiveis: e parecem sobrelvuma-nas, á força de reaes», depois de haverdesvelado o immenso painel das gloriasluzitanas. commóve-se, com pa rioticaindignação, pela decadência, pelas des-ditas da pátria amada sob os sessentaannosda dominação castelhana eexcla-ma- «Não reproduzirei agera esseSuiadro apocalyptico, digno em tudodos relevos de Buonarotti oa das terce-fos do Dante. Não espertarei muitoessa horrível tragédia que, na sua lanei-

íí, iVi«twí exi»ir a soluços de Jobrlhrenosde Sas. Se

"eu inten-tasse eleitos oratórios, servir-me-h.ao assumo o á maravilha. Masnao tenhoo assumi"." aue a tivesse, nunca,for ai s mõesqde patriotismo e poraltíssimas razões de prudência, um tal

quldíò deveria ser nuamente exlnbido

Tm" exemplo da altiva e honesta

'¦?S:r63ír5i0íf íoróa ciue o invófucroSPfulgurantenma coroa quu un» abica-de um4i dia a dia abarrotadas deva™ pa^drarías. Esse ouro foi a nossaouro e.peararw» eaU1.

SsSwStfsBris-^S^pUnKS^nocentes in«?»'™P arvore venenosa^.rSXS-» arvoree maldita, que ia i: fautoresdae3°lVceíno mai Crente do todoso cúmplices no d t(jdos 03

°^d°os- ndolenteso estéreis dentro do

S do absolutismo ao vivoD^en^Tr'asla'dar punhados, d'este

SdÍepedraírasedPeouroemPo.

. Pa.ria! ó unia peça oratória nota-bilissima a todos os respeitos e o seuauetor,seja não fora illustre, conquis-taria com ella os foros de um dos maistalentosos, enérgicos, illustrados e in-dependentes pensadores do Portugalde hoje. Saudainol-o com admiração eenthusiasmo.

Ein um elegante volnmesinho de 30paginas fez imprimir o Dr. Lycurgodos Santos (S. Paulo ) o artigo que, nodia 2 de junho do corrente, publicou nojornal A provincia de S. Paulo paracommeinorar o õ° anniversario da mortedo grande Littré. E' um trabalho curtomas digno de leitura pelo talento eillustração qua condensa e pela altaadmiração que pelo mestre reveladapane do auetor. A ella attnbuimosunicamente o haver chamado Littre,(desde a capa do opusculo ) clie/e uaPhilosophia Positiva, o que me párocoinjusta obliteração da obra de AugustoOomte, que foi o creador e o chefe daphilosophia de que Littré não foi maisSo que convencido a laboriosissimopropagador ediscipulo.Ninguein talvezadmirará Littré mais do quo o auetord'esta noticia,mas—qitod Casara Caiar*.

A'parte esta observação, que docerto me será relevada, tem o opusculomerecimento como biographia ecritica da vida e obra de Littre.dequem com verdade disse o pr. l^y-curno: « Não se pode exigir de um sohomem nem inais sciencia nom maiseradição » e mais : « toda a sua longae honrada vida foi um combato mces-sante em prol da sciencia, uma lutaindefessa em prol da verdade. » fie-mata o sou rápido trabalho sobreaauelle « santo qae uão cria em Deus»,exalçando este voto: « Que a memóriaveneranda do mestre faça congregarsempre os discípulos verdadeiros emtorno dos sãos princípios da Philoso-nhia Positiva, e que a mocidade esta-Siósa de todos os paizes e as futurasgerações o tomem para modelo deSua vida moral e intellectual, repetiu-do-ltiecom gratidão e justiça as celebrespalavras de Dante a Virgílio ( DellInferno. CI. V.85):

« 7'u sé lo mio maestro, ei mio «iloro 11Prosiga o illústrado escriptor pau-

lista nõ seu benemérito empenho decommemorar annualmente e de maneiratão digna o non.ee a obra de um dosmais nobres, honrados e admiráveistrabalhadores do século.

V. MAGALHÃES

A DIVINA COMEDIAA XAVIER DA SILVEIRA

Penjtra-se a lloresta escura, cheioDe assombros e os cabellos irritados.Plangente soluçar, plangentes bradesDo silencio mortal ouvem-se em meio.

Surgem arada passoosenroscadosAnneis de uma serpente; horrendo e feioMonstro, de fulva escama, em bruto anceio,Roja-se e morde os solos abrazados.

Mas sempre vé-se dos horrores perto,Como um ceruleo ceu, limpido, aberto,O meigo olhar de Beatriz serena;

Que é como um astro em luminoso esmaioDe piedade ede amor, queé come um raioDe esperança, que brilha enos acena.

S. Faulo, 1880.RODRIGO OCTAVIO.

Page 4: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

3o4 A SEMANA

JORUÀES E REVISTASE' com desvanecimento e júbilo que,

dia a dia.registramos os progressos quevae fazendo a nossa folha na conside-ração, na sympathiil e no apreço daimprensa e dos escriptores de Por-tugal. Agora é O Occidente que nospenhóra com a sua gentileza e benevo-iencia.Em o N.» ultimo d'essa excellontepublicação escreveu o conhecidissimojornalista Gorvasio Lobato:

a Falíamos na nossa ultima chorniçados actores portuguezes no Brazil.Hoje temos informações mais minu-ciosas acerca da recepção que ahi lhesfizeram o publico e a critica, graças áamabilidade d'um distincto jornalistabrazileiro.que não conhecemos pessoal-mente, mas cujo brilhante talento eha muito tempo nosso conhecido, quonos enviou o seu jornal, jornal de quetínhamos ouvido falar muitas vezes,citar com elogio, mas que nunca noschegara ás mãos.

«Chama-se Valentim Magalhães essenosso illustre confrade do Rio de Ja-neiro, e a Semana o jornal que ha doisannos elle dirige com um alto critérioartístico e um bello gosto litterariomoderno .

«A Semana é um jornal pequeno muitoelegante no formato, na disposição ty-pograpbica, na direcção litteraria, eque, se pelo nome do seu redactor,pela boa escolha dos seus artigos temo condão de nos interessar sempre anós, como obra d'arte, actualmentetem, alem d'esse interesse, o de nos pórao facto do que pensa, do que julga, doque diz e do que faz o publico ea cri-tica brazileira acerca dos nossos ar-tistns dramáticos mais estimados, d'a-quelles que oecupam o primeiro thea-tro do nosso paiz.

«Por todos estes motivos, folheámosavidamente os números da Semana querecebemos, eem cada pagina, em cadacolumna encontrámos cousas interes-santes para nós lisboetas que frequen-tamos tbeatros, que lemos livros, queouvimos musica, que applaudimos ar-tistns.

«E um d'esses primeiros encontrosinteressantes foi um retrato de GuerraJunqueiro, o primeiro retrato bom, ver-dadeiramente bom, verdadeiramenteverdadeiro, do granda poeta da Mortede D. João.

«E'um retrato bom e um grupo excen-tricô, extravagante, phantastico.

«Por baixo tem este dístico estranho ecommercial:

GUEKRA JlJNQUEIRO & C.«A Companhiaé um volumoso eamplo

abbade minhoto, de soutaina, chapéuabacial, grande cacete ferrado, cararedonda, enorme, fradesca. Ao ladocTesse abbade d'oculos. na mesma posed'ordem de marcha, encostado tambémao seu caceto ferrado, está Guerra Jun-queiro, muito pequeno, ao pé d'aquellavolumosa montanha de carne, fazendolembrar aquelle grupo extravaganteque aqui ha três annos se mostravana feira de Belém por um pataco—Elhombre nino ij ia nina colossal.

«Esse retrato, que a Semana repro-duziu n'uma bella lyth.ograpb.ia, creioque é completamente desconhecido emPortugal. Eu pelo menos nunca o tinhavisto, nem d'elle ouvira falar.

«Gueria Junqaeiro mandou-o emphotographiaa Luiz d'Andrade,um dis-tineto escriptor portuense que ha annossegue no Brazil brilhantemente a suacarreira litteraria com o pseudônimo deJúlio Verim, e que conta n'um artigo,que na Semana acompanha o retraio deGuerra Junqueiro & C, a historiad'esse singular grupo.

«Essa historiaé uma partida bohemiado grande poeta da Morte de D. João,»

Eo illustre escriptor, depois de con-tar essa interessante historia.continiiaasna « pequenina viagem atravez daSemana brazileira» elogiando ora umartigo, ora uma poesia, e nella colhendonoticias de artistas e factos que inte-ressamasociedadelisbonen.se.

Agradecemos, penhoradissimos, tãofinas provas de distincção e sympathiapor parte de uni periódico tão impor-tante e de um escriptor tão notávelcomo sejam O Occidente a GervasioLobato.

Trouxe-nos o paquete ultimo o n. 14do 2» anno da importante revista —Chroniea Franco — Brazileira que se pu-blica em Pariz sob a direcção do nossodistincto e illustre compatriota Dr.Lopes Trovão.

Além cle-Viu-iüS artigos e das—Chosesdu llrésil en lUirope em que são tratadoscom verdadeira independência elucidezpelo Dr. Lopes Trovão os assumptos,políticos ounão.que mais se salientaramno nosso paiz, traz este numero um bomartigo de A. M. versando sobre traba-lhos parlamentares, onde o articulistatrata com btsllas palavras da eleição deJosé do Patrocínio au cargo de vereador.

Em o n. 438 da Revista Illustraia o pro-digioso lápis de Ângelo Agostini illus-tra a trapolhada das 70.000 librase, sob o titulo: Os horrores do par-Uio da Ordem, os factos, vergonhosis-simos e attentatorios á Civilisação, quese deram no Parahyba do Sul.

Quanto ao texto, além do CorreioPolitico firmado por Júlio Verim, appa-recém as secções do costume.

0 Esforço, que se publica na Feirai ( Bahia),"ao seu n. 101, além de um

variado noticiário e de trazer doisbellos sonetos de Narciza Amalia eGuerra Junqueiro, mimozeou-nos comgontilissimas palavras. Entre outrasamabilidades, diz o nossa estimavelcollega:

« O bem elaborado hebõomadario temconquistado as maiores adhesões emerecidos elogios, não só de toda aimprensa d'este paiz como da estran-geira, com preferencia de Portugal,onde, alem de ser recebido com geralsatisfação, tem collaboradores distin-ctos.

Agradecemos a O Esforço as suasmanifestações de sympathia.

O gentil Echo das Damas augmentoude formato. Parabéns.

A.S,

EPÍSTOLA ao marA VALENTIM MAGALHÃES

Tu, que biinütis as ilhas e os rochedos,Pomba e leão, cordeiro e jaguar,Que profundos, incógnitos segredosGuardas em ti, maravilhoso mar:','Eu, que nestes miserrimos degre losInterrogo os mysterios do luar,Eoíço ainda, atravez dos arvoredosOs prnplieticos druidas a cantar,Eu, que te adoro, ei sonhador sagrado !Km vão procuro em ti o illuminadoPalácio de columnas de marfim,Onde habitam as timidas ondinas,E sobre cujas torre i cristalinasEsvoaçaria o meu sombrio « spleen »

Jun lio, .1886.JOAQUIM DE ARAÚJO

THEATROSEstamos na quadra, das vaccas ma-

gras. Também, com franqueza, eratempo de descansar uin bocado. O¦Dubtico já estava fatigado de gastarâinheiro com tantas companhias e nçvi-dades theatraes e os jornalistas e cri-ticos estavam também exhaustos de„.tinta e adjectivos.

Estamos, pois, em baixa-mar deespectaculos. Apenas temos novidadesvelhas — pois que as novidades aqui,entro este povo versátil, voraginoso,desmémoriado, não têm tempo sequerde serem ... novos i envelhecem togoque nascem, ou antes: já nascem velhas.Temos A corça do bosque no SanfAnna,emquanto o

"Heller prepara o Ileróeá

força, libreto de Arthur Azevedo, mu-sica de Abdon Milanez, que, por signal,é lindíssima; O Bilontra uo Lucinda; osespectaculo, mosmissimos sempre, daestafada e reles companhia dos IrmãosCario; de voz em quando .1 filha do mare O Conde de Monte Christo, no Recreio,que está preparando A marlyr!—o fami-jerado drama peDennery para estréiada actrlz Ismenia.

Espera-se a companhia do PríncipeReal, de Lisboa, de volta da sua trium-phal excursão pela provincia de S.Paulo e ... mais não disse.

Depois de repetidos banquetes lucu-lianos — jejum quaresmal... fora doconvento, bem entendido, porque oajejuns conventuaes matam... de inrli.gestão. nal

Companhia do theatro D. liaria 11, de LitbotA companhia portugueza dirigida

pelo actor João Rosa estreiou-se em S.Paulo com o drama Dyonisia, o seumaior suecesso. A concorrência foiapenas regular e o agrado produzidopela companhia.não obstante os teleira-ramas expedidos pela empreza para osjornaes da Corte—que piedosamente ospublicam — esteve longe do attingir odelírio. Um justo apreço ; mais nada.Apenas em um jornal.na Gazeta, do Povo,encontrámos enthusiasmo desmedidopelos artistas, chegando ella a expellireste disparate:" E' a primeira vez que vemos emh. Paulo um grupo de artistas tãodistincto, e, st desse grupo destacarmosa actnz Virgínia e os actores João Rosae Augusto Rosa, poderemos avançarque a França os possue eguaes, porémnao superiores."

A apostar em que o auetor d'estaheresia não se suicidou de envergo-nhadu!

O Monitor tem dado as apreciaçõesmais]bem traçadas.com mais apuro litte-rario, mas tem-se deixado talvez cegarum pouco pela sympathia que innega-velmente despertam e merecem aquel-les, aliás excellentes, artistas. Sómonteo Diário Mercantil tem, a nosso ver, feitocritica, elogiando sem restricções o quesem restricções merece elogios, comoo trabalho dos Rosas e de Virgínia naDyonisia, e admirado com as devidasreservas aquillo que sem reservas pedeuma admiração — em termos, como nocompterendu da Fedora, em que disse ocollega :

« O suecesso do desempenho d'estapeça cabo ao actor João Rosa; é ummagnífico Loris Ipanoit": elegante, cor-recto, distinetissimo, calmo nasseenasde dissimulação, vehemente nas scenasde amor e de ódio.

«Virgínia é uma Fedora apenas accei-tavel; entretanto faz muito bem toda ascena final, que termina por uma mortede grande effeito.»Pensa comnosco.

Page 5: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

A SEMANA 3o5

Felizmente para os fanáticos da íroiipedo D. Maria, dos seus grandes fiascosella só exhibirá em S. Paulo A Estran-geira. A sociedade onde a gente se abor-rece, a Princesa de Bagãad, o Mestre deForjas, D. Cezar de Bazan e o PrincipeZiliih, somente nós é que tivemos ahonra de nos embasbacarmos deanted'elles. S. Paulo teve exactamente osmaiores trinmphos da companhia, áexcepção da referida detestável Estran-geira. E' natural, portanto, o seuetithu-siasmo ; mas nisto, como nas demaisr„ us, deve haver utn certo modus. Querdizer: elogiemos Virgínia e os Rosas,mas deixemos em paz Sarah Bernhardt,Got, Delaunay, os Coquelin, Baretta,Croizette, Reichemberg, Mounet-Soullye outros que taes actores francezes, quenão são tão fáceis de ser mcMneíladoscomo á Gaseta do Povo se afigura. E maisain la, lembremo-nos que lá ficaramainda em Portugal, artistas que sechamam—Antônio Pedro, Brazão.Pintode Campos, Rosa Damasceno, Joaquimde Almeida e outros que não são paraahi—quaesquer cravos de defuneto.

P.TALMA

Procuro em toda parte o teu olhar uuzente,P'ra dar-me luz à vi.ta, e o teu olhar, que è d'eiía,Não sei por onde brilha, afflicto e descontente,A procural-a, inquieto, ancio&o por vel-a.

Antes eu fosse a noite e fosses uma estrella lAo menos, sobre a treva, a tua luz fulgenteTeria, a derramar-se esplendorosamente,Para apagal-a Deus e Deus para accendel-a.

Triste separação ! Triste desejo o nosso !Tu não me podes ver, eeu quero, mas não posso,Ver teu semblante claro e teus negros cabellos!

Teus olhos, flor, que são dois olhos seduotores,Longe dos meus, estão, tristes, indagadores,Doudospor ver-me,emquanto estou doudopor veios!

Junho, 1836.ARTHUR MENDES.

I

No 3» pareô (1609 metro3) Garibaldivenceu em 113 " Exhibitor, que poucosesforços fez para disputar este pareô,mas demonstrou ser um parelheiroregular, que mais tarde mostrará suasforças. Sylvia II não correu.

No 4» pareô (1300 metros) _»rtrid fácil-mente bateu 03 sous adversários, per-correndo o tiro em 80 ", seguido bemde perto pelo irai,!/, que chegou em2» logar, fazendo muito boa corrida.Bauocco chegou em 3», depois de haverdado grande massadaaojuizdepartida.Biscaya chegou por ultimo. Aymorénão correu.

No 5» pareô (1800 metros) bateram-sesomente Dr. Jennere Echoron, que ines-peradamente venceu, o seu competidorque era o favorito, em 133" Dr. Janner,alem de ser um parelheiro muito ordi-nario, foi poupado pelo jockey nosprimeiros 1200 metros, mas ao finali-sar a corrida afrouxou inteiramente edeixou-se bater por um animal de doisannos. Coupon eScylla não correram.

No 6» pareô (11509 metros) Boyardofez uma boa corrida, vencendo os seuscompetidores em 111". Ivan chegou em2» e Intima ero 3". Tambem correramCaporal, Hegalia, Douro e Paulicêa.

No 7» pareô (1000 metros) sahiuvictoriosa, em 67", Cheapside, cremosquo bem contra a sua vontade. Africana,que não quiz saber de musicas, foi arre-bentando os cordas da rabeca e póz .os.lupas de cara á banda; quem nãoentende de musica não toca. Peruanochegou a muito custo em 2» logar,seguida pela Africana, que teve o 3»,depois de espalhar os musicas.

Tambem correram Carmen, Diana,Pancy. Gaudriole não correu.

Realisa amanhã o Derby Club umaesplendida corrida com um excellenteprogramma, perfeitamente organisadoe preenchido pelos melhores e maisvalentes animaes, que deverão fazermagníficas e interessantíssimas cor-ridas, não só pelos tiros em que foraminscriptos como tambem pelas forçasegualadas, mais ou menos, pela dis-tancia.

Consultem a nossa ultima pagina esejam felizes.L. M. BASTOS

[') Republicamos este soneto por haveremescapado nelle alguns erros graves derevisão. N. da R.

SPORTEstiveram magníficas as corridas rea-

Usadas no domingo, no Prado FtííaIzabel. O programma, que era excel-lente, constou de sete pareôs, preen-chidos por parelheiros superiores, quetravaram portiada luta, tornando ascorridas interessantes e os pateos perfeitamente disputados. Eis 0 resultado decada um delles:

No 1" pareô (1450 metros) sahio ven-cedor Pampeirp, etn 104" seguido deperto por üerodio.que.apezar de manco,Jez boa corrida e teve o 2» logar. Cario-linha chegou em fy.Nemo em 4».Tambetncorreram Buchinlia e Guacho. Eucharis eHigoletto não correram.

No 2» pareô (1000 metros) Bayoeco,depois de muitas manhas, afinal partiue bateu os seus competidores em 68".Americana chegou em 2» logar. Orpheuem 3°. Arabyem ultimo. Aurelia e Aldacecahiram ambas ao passarem a segundacurva, ficando o jockey Rocha, quemontava esta, muito contundido. Piratanão correu.

Casaste aos meus os olhos teus lascivos...Éramos sós, e eu, tremulo, a fliar-te,Nada te disso; e, entáo, por toda parteSoavam d'aves threnos plangitivos.

Por sob a espuma alvissima dos crh osOuvia o farto seio a latejar-te...E nâo tive a coragem de afogar-teNum turbilhão de beijos explosivos!,..

Sentisdo a carne a mendigar o goso,Eu deixei-te fugir t e só mui tarde .,.Lembrei-me de prender-te o corpo airoso t

Para que serve um peito que não arde? tCom o azorrague de um desdém furiosoFustiga-me este coraçüo covarde : t...

HEXRIQUEDE WACALBÍES.

FACTOS E NOTICIAS

Depois d'amanhã, 20, é o anniver-sario natalicio da nossa genttlissimacollaboradora D. Adelina Amélia LopesVieira,atalentosaauetora das Palestras

Femininas. A Semana, em falta de pero-Ias e rubins, derrama-lhe aos pés, agra-decidamente, uma grande braçada daflores.

Installaram-se hontem os curso3 pra-ticos da Escola Normal no MuseuEscolar, com a presença do Sr. Conded'Eu e do Conselho Director da Asso-ciacão Mantenedora do Museu. Oraramos Srs. Valentim Magalhães e Tlieo-philo das Neves Leão. Daremos maisampla noticia no próximo numero.

O nosso companheiro Filinto d'Al-meida tem sido immeiisamente obse-quiado em S. Paulo.

No dia 10, os conhecidos Drs. Fran-cisco d'Agostino e Mello e Oliveiraofferecerain-lhe no Grande Hotel umesplendido jantar a que, entro outrosamigos, assistiram Gaspar da Silva,Baptista Machado, Silva Pereira e Léod'Airouseca. O nosso collega regressaráno dia 21 do corrente.

Pelo distiucto clinico Dr. Oscar Bu-lhões foi amputado na Santa Uasa deMisericórdia de ambas as pernas umneto do general Tiburcio, menino queapenas conta 5 annos de edade.

Graças ao apparelho cirúrgico, con-stante de pernas e pés mechanicos,de aço e correias, com todos os movi-mentos e flexões, mandado fazer por SuaMagestade o Imperador nas offlcinas deJ. M. Saldanha & C.,e á invejável períciado illustre clinico, está hoje restituido áfamília do saudoso militar a gentilcriança ,que pode andar desembara-çadamente, como no tempo em que,em vez das de aço, tinha as suas pernasde carne e osso.

Registrando com verdadeiro prazereste duplo milagre cirúrgico e meca-nico.acceitem o illustre clinico Dr.OscarBulhões e a casa Saldanha os nossosemboras.

Temos em nosso escriptorio, á dis-posição de quem deseje examinal-as,tres photographias—apresentando acriança amputada ; com o apparelhoapplicado; e com este oculto sob asroupas, vestida e calçada, tal como avimos ante-hontem^na rua do Ouvidor,sobraçando muitos brinquedos e cami-nhando com desembaraço.

No dia 14 d'este partio para a Para-hyba do Sul, onde vae residir poralgum tempo, o nosso estimado cotia-borador Rodolpho Porciuncula.

Felicidades por lá, tantas quantasas saudades que andam cá por casa do

.jovial e prestimoso Porciuncula.

Em 9 do corrente chegou da Europa,onde foi fazer sortimento e buscar no-vidades para a sua papellaria, o esti-mado commerciante da nossa praça oSr. Alexandre Ribeiro. Andou de pas-seio pela França e pela Allemanha como Guimarães dos Tenentes do Diabo edos chromos, e voltou fero e prazen-teiro, trazendo após si um sortimentode tudo quanto ha de mais chie e me-lbor em artigos de escriptorio, desenhoe fantasias papellescas. Neste paiz, pa-tria do papellorio, quem mais papel lhedá mais bemerece d'elle. Saudámos,pois, o benemérito Sr. Ribeiro, «ute éo «Alexandre, o Grande» da papellarianacional.

Os Srs. A. de Carvalho & Gonçalvesmontaram na rua do Ouvidor n. 129um importante.bem sortidoe não menosalimentício estabelecimento.

Page 6: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

3o6 A SEMANA

Fundou-se no municipio de Ubatuba,S. Paulo, uma importante associaçãodenominada Centro Agricolo di Picin-guaba.

Do folheto — Una favorevole occasioncper ali emiijranli agricoltori que, em nomeda directoria do Centro, nos remettenio Sr. Cario Usiglio, tivemos oceasiãode conhecer dasvantagens proporcio-nadas por esta importante associaçãoaos emigrantes que procurarem o seuauxilio.

Sendo S. Paulo uma das nossas pro-vincias a que mais alfluein os emigran-tes, na maior parte italianos, estamoscertos que o Centro Agricolo de Picin-guaba terá em breve prazo conquistadoos fins a que se propõe, dentre os quaeso de desenvolver e aperfeiçoar o tra-balho agrícola.

5f Installou-se nesta Corte no dia 7 docorrente o Club Abolicionista Sete deSetembro. A sua directoria é formadapelos seguintes cavalheiros:

Presidente, Antônio Luiz Couto, vice-

Íresidente,Francisco Dutra da Silveira,

i secretario, José Francisco PoreiraLima, 2o secretario, Innocencio P. Cas-tro Brito, thesoureiro, Rufino SudréPeçanha e procurador, Jacintho JoséTeixeira.

FALLECIMENTOSf Temos a registrar, no dia3docorren-te, o passamento da esposa do nossoestimado collaborador Dr. Tristão deAlencar Araripe Junior, cujo coraçãode estremoso pae de familha tão dura-mente acaba de ser golpeado com aperda da virtuosa e bondosíssima com-panheira, que deixa em triste orfan-dade algumas crianças. A' missa ileseptimo dia, hontem rezada, compare-ceram muitos coílegas e amigos doDr. Araripe e de sua Exma. familia.Damos-lhes sinceros e fundos peza-mes.

Falleceu em Alagoas o antigo depu-tado geral e illustrado agricultorBarão do An adia. que se estreiou navida publica como membro db corpodiplomático. Era um distineto e bon-«ioso cavalheiro.

TRATOS Á BOLAMetteram o dente nos tratos últimos

os seguintes tratistas : Soror Lúcia( que não matou a 2» tib urciana), Cara-petão. Fausto Junior, 1'cpe, FricinalVassico, Alexandrina Bellora, JosephinaB, Um charadista da roça, Mané-Quim,Heitor Manmiano, Anviior e '£& dosPasteis.

BECIFRAÇÕESDas tiburcianas:—Catmenlo, Bêbado

( a esta charada o nosso revisor deumais uma syllaba) e Caraminhola; dapergunta-Qucm nâo tem cão caça com gato• da em quadro:

CAPAAROSPOPAASAR

PRÊMIOSO primeiro pertence ao Sr. Cara-

pttão e o segundo a Fausto Junior.Para hoje damos as seguintes tra-

tices:

CHARADASEsta lettra—1Muito além—1Com esta nota—1Navio tem.

1-2-De vento na matta e no mar.

2-1-Rasa a musica esta medida.

rERCUNTAS

Que faz um animal quando está nosol?

Qual é a cidade que se come cnla e écapital de um paiz que se comeassado ?

\\

Escrever nos lados d'este triânguloos nomes de uma mulher, de umapedra e de uma planta que, tendo cincolettras, comecem e terminem pela lettrarepetida nos vértices d'este triângulo.

Ao primeiro e segundo decifradoresdois cnibantes prêmios.

FREI SIMPLICIO

CORREIOSr. Sonjaj. A sua Coroersa com minha

filha está longe de ser um primor. Mastem algumas qualidades litterarias enão deslustrará as nossas paginas. Seráproximamente publicada, sob o tituloA gloria, passando o que V. lhe poz aservir de sub-titulo, Pôde continuar,querendo, mas attenderá a duas con-diçõos:—escrever curto, curtinho; ede uma banda só -—como aquelle cachor-rinko Totó da cantiga popular:

«Tenho um cachorrinhoChamado Totó.Todo malhadinhoDe uma banda só. i>

De uma banda só, sim?Sr. Bérlola. Agradecemos-lhe, 1»:

ser assignante d'A Semana; 2» haverofferecido o seu Phantastico a um dosnossoscompanheirosderedacção.Mas...mas... não é possível dar-lhe ingresso.Desculpe-nos. Ha muita cousa incor-recta o fraca no seu trabalho, que seconhece ser de principiante. Exemplos« O bronze solitário da velha ermidaacabava de soar as fatídicas badaladasetc »Soar ó verbo uitrausitivo. As bada-ladas é que soaram no bronze. «Asvelhas matronas exconjuravam o sati-guinario Falstaffe benziam-se etc...» V.confundio Falstaffcom Satanaz. LeiaShakspeare e reconhecerá que nada temde sanguinário o pobre Falstaff, emboraShakspeare tivesse feito d'elle umtiiliihlrtt descaradissímo.

Mas seria bastante o seguinte tópicodo seu artigo para condemnal-o:«...Lo«oapós, um doido fazia esgares de umaconcepção impossível, dos olhos sahiamchispas divinas, verdadeiros psalmosde uma philosophia profunda — eraAugusto Comte. » Visto que cré emalmas do outro mundo, tome cautela— com a alma do fallecido Centro Po-süivista.

ENRICO,

RECEBEMOSPor intermédio dos acreditados agentes

H. NiCOQll & G. -tfl saio» de Ia mode {18 selem-bro). K' um dos melhores números; trazmuitos figurinos e moldes para loileHe.debaile, visita, pasieio e noivado.e uns ínteres-sanl.es desenhos para guardanapos e sacospara lenços e outros objrctos.

Guiados Delegados e Subdelegados — peloDr. Tavares Bastos.

Considerações sobre o requerimento apre-sentado ao corpo legislativo pedindo conces-soes a f.ivor do projecto de abertura de umanova rua nesta capit d porGiuzeppe Foglianie Dr. Ferreira de Araújo. Utilissimo e gran-dioso projecto.

Dissertação do Snr. Max. Fleiuss no con-curso litlerario ellectuado no Club de Litte-ratura. Revela talento e estudo.

A Estaca. — n. 17 — nnno XV. Recom-mendavel nãu só pelos seus elegantes ligu-riuos como pelo texto. Traz este numeroduas bellas gravuras: Um cafê-concerto cmVienna ea Montagem de uma estatua em Gladen-beck.

A Distracção ~-n. 100, anno 2».

ANNUNCIOSO advogado Dr, Valentim Maga-

lhães é encontrado no seu escriptoriotodos os dias, das 10 horas da manhã ás3 da tarde—nua ao Carmo n. 36.

I>r. João Botelho, medicoe operador; moléstias venereas, syphi-liticasedas vias urinarias. Operaçõesde pequena e alta cirurgia. Applica-ções médicas e cirúrgicas de electrici-dade. Rua dos Andradas, n. 51, porcima da antiga pharmacia Fragoso.uas12 ás 3 horas.

J>i\ Xetto Machado {medico eoperador.) Esp. Moléstias da pelle esyphiliticas. Cons. rua do Visconde deInhaúma, 31, do meio-dia ás 2 horas.

r>r. Henrique ilo Sá, especia-lista de sypliilis e moléstias das crian-ças.—Rua Primeiro de Março, 12 (con-sultas de 11/2 ás 3 horas) — Kesiden-cia: Kua de S. Clemente, 94.

Recebe-se uma menina para edu-car, dando-se-lhe o preciso. — Rua deS. Christovão, 71 A.

JONGOMULHER-HOMEM

HENRIQUE DE MAOALHÃES

Acha-se á venda no escriptorio d'estafolha e no Café Brazil este famosojongo, a

A. CARVALHO k GONÇALVESestabelecidos com armazém de molha-dos á rua do Onvldor n. 189, emfrente á Confeitaria Pascoal, chamam aattenção dos seus amigos efre<mozespara o seu bom sortimento de gênerostanto por atacado como a varejo e paraa sua modicidade nos preços.

Page 7: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

A SEMANA 307

ORIENTEF' geralmente conhecido como uma

especialidade no seu gênero o Caféoriente, da fabrica a vapor doPinto Moreira & C.

DEPÓSITOS PRINCIPAES

25 RUA DA PRAINH A 259C LÀBGO DO R0SÀP1O 9C

47 Sua So Carmo 47E em todas as casas que tiverem a

respectiva taboleta— annuncio.

CÍILLE(1!0 llNTEltXAGIONALDlRltUDO 108

E. GAMBÁROPALACETB DO CURVELLO

Santa Thcroza

Pode ser visitado a qualquerhora. Estatutos em todas as livra-rias e na estação do Plano Incli-nado.

TKLEPHONES

ECAMPAINHAS ELECTSICAS

Faz-se todo e qualquer trabalho, ga-rantído e por módico preço

RUADOSGUSMÕES.N. 10-S. PAULO

Joaquim Francisco Lima.

O MONITORCHRONICA DOS FACTOS

PROPRIETÁRIOS

DOLIVAES & NAVARROESCRIPTORIO E REDACÇÃO

59 RUA DE S. BENTO 59S. PAULO

Agencia na Corte para assignaturase annuncios—Becco das Cancellas, 1 D.

Pela sua assignatura baratissima «OMonitor» já alcançou grande e largacirculação nesta provincia, na Corte eem muitas outras localidades do im-perio.

COLLEGIOSÃO PEDRO DE ALCÂNTARA

EM PETROPOLIS

Reabrir-se-ha no dia 1 de Janeirode 1887 este segundo estabelecimento,debaixo da direcção do Dr. A. ZeferinoCândido.

O collegio da Corte continua, comoaté aqui.a cargo do director João LopesChaves e com o seu antigo pessoal.

As condições de admissão, preçosprogrammas, methodos e disciplina são

perfeitamente eguaes para os dous es-tabeleciment03. E' facultativa a escolhado collegio para todos os alumnos.

No inverno descerão para o collegioda Corte, acompanhados pelo seu dire-ctor e mestres, os alumnos de Petro-

polis, para continuarem sem alteraçãoos seus trabalhos.

Informações, matrículas desde já, noCollegio S. Pedro de Alcântara, naCorte.

RUA DE S. CLEMENTE N. 30Os Directores

A. Zeferino Cândido,João Lopes Chares.

SFORT FLUMINENSEPROGRAMMA DA T CORRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 1886

io pareô - BSPERIENCIA-Trote montado-3.000 motros-Animaes do pal^Prmnlos : ÍSOS aonrlmelro, e 308 ao segundo,

„ vttt A riIARANY-SOO metros—Anima©» poJ.lud.os que ainda nio tennam sanho8,parM-

es oanno nAo?„u^oS pLoS-PremioS i lOOS ao primeiro e»OSao segundo

30 pareô-OAB.MS üBBANOS-1,300 metros- Animaes de qualquer paiz-Promlos : SOO» ao

4. pareô -^áslío-GOO*L0*^-^1%aos pelludos-Premiosi 100S ao primeiro, 30Sao segundoa o terceiro livra a entrada, _^_ .

50 pareô.-SPOBT PLUMINBNSE-1.100 metros-Animaes do paiz ate melo sanguo-Promios 1

6o pareô J?&&^%£^t&^E££~irm*m. peHudos-Fremios : IOOS ao primeiro,

,. pareô J2&£S£&ti£££:™ £ES ^tro^Animaes de qualquer pai.-rremios: «oofl

8. pareô -^^^0 !T^O°metros _ Animaes ató meio sangue - PromiosiSOoS ao

primeiro e 408 ao segundo.Rio de Janeiro, 15 de Setambro de 1886. o ^ socretarlo, A. pernandbs,

Os Srs. proprietários poderão procurar os seus cartões de ingresso, bem como para jockeys e criados, nesta secretaria

até a véspera da corrida, ás 8 horas da "*. p8twlaes COm destino ao prado, dos seguintes pontos: Barcas Ferry, por

HospicVeTSlígo tm^^^^s^^S^^til^ do Aderes; Ouvifor, poA Diogo ; S. Francisco d,

?aU V™Pz^ com de3tino a° Prad°' d°3 ^^^ P°nÍ0S! Pl"aÍa FOrD'0Sa- Larg0M°Vianna, por Aurora, Páo Ferro e Duque de Saxe.

O io secretario, VIRGIMO GOMES I>A SIIaVA NETTO.

Page 8: A SEMANA - :::[ BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca Digital …memoria.bn.br/pdf/383422/per383422_1886_00090.pdf · 2012-05-08 · ... talvez com medo do poda es-trada, um pó avermelhado

3oR A SEMANA

MftFHXUBPROGRAMMA DA 2a CORRIDA EXTRAORDINÁRIA A REALISAR-SE NO DIA 19 DE SETEMBRO DE 1886A's 11 3/1 lioras—1» pareô-E, B\ 3>. I*. II—l.OOO metros—Animaes cio menos d« melo sangue, quo

n&o tenham ganho esto anno—Prêmios : 35®S ao primeiro, 50$ ao segundo e 358 ao terceiro»Ns. NOMES PELLO IDADE NATURAL. PESO

Vampeiro Castanho 3 annos RioGrande.. 51 kilosFerfiena Idem 4 R. de Janeiro 53 »Tardia Zaino 5 Paraná 65 »Eucharis Tordillio 5 Idem 59 »Guciclio Chita 3 RioGrande... 51 >iBolero Castanho 3 Idem 51 »

Alegria Tordilho..... 5 R. de Janeiro 55 »

CORES DAS VESTIMENT. PROPRIETÁRIOPreto e encarnado J. Guimarães.Azul e ouro Coud. Santa Cruz.Azul e rosa H. J. da Silva.

A's 13 1/3 horas -

Pérola e grénat.Grénat e manchas azues..Preto branco e encarnado.Verde e encarnado..

pareô—VELOCIDADE —l.OOO metros-Animaesilo paiz

1

ganlio este anno os pareôs «Dertoy-Oluli o Progresso» -'•uiiílo e 50fi ao terceiro.

A. F.A. M.CP.Lázaro Ferreira.

que não tenhamPrêmios : 500$ ao primeiro, SOS ao

Monitor Castanho .Carmen AlazãoIWylorc. Alazão tost...Aranha AlazãoIvon ZainoRegina Douradilho..Sarfciriile Pretoildace Castanho.

3 i4553455

Alazão 5

S. Paulo 51 kilosIdem 53 i>R. de Janeiro 5G »S. Paulo 55 »Paraná 53 »S. Paulo 53 »Paraná 56 »S. Paulo '55Idem 58

Azul, branco e encarnado.. Coudelaria Cruzeiro.Azul e grénat Coud. Internacional.Branco e encarna lo L. A.Vermelho Coudelaria Mirim.Grénat e manchas azues.... C. P.Preto, branco e encarnado. Coudelaria Paraizo.Geranium e ouro J. W.Preto e branco J. Lemos-Azuleouro Coud. Santa. Cruz.Macaréo

1 J/4 nora- 3» parco--Dr.FRONTIW-l.600 metros-Intelros o osuas ao paiz,que não tenham,ganlio o pareô « Der by-Olub» — Prêmios : 60OS ao primeiro, 130S ao segando o 60S aoterceiro.SansSouci Castanho 5 annos Minas Geraes 56 kilosDiva Alazão 4 » R. de Janeiro 51

Idem 5SIdem 56S. Paulo 51Idem 51Idem 56E. de Janeiro 51

,._„„ . 1-r'°»metros-Polclrose poldras nacionaes de 3 annos —

D1 Prêmios : oOOS ao pnme.ro, 130S ao segundo e SOS ao terceiro.Plttlus Castanho 3 annos S.Paulo 53 kilos Azul, branco e encarnado. Coudelaria Cruzeiro.Vermelho Coudelaria Mirim.Ouro e rosa B. V.

Dtuid Tordilho »Caroiir Castanho »Mandarim Rosillio »Bonita Alazão »ISoijardo Idem »Douro Idem »

A's 3 lioras—40 paroo-ESCELSIOR

Azul e grénat Coud. Internacional.Ouro o branco Coud. Fluminense.Branco e bonet encarnado... Oliv. Júnior & Lopes.Aiuarello e encarnado A. S. S.Preto, branco e encarnado. Coudelaria Paraíso.Azule encarnado J. Machado.Branco e estrellas azues.... Coud. Guanabara,Verda e ouro José Guimarães.

lbiijuara Idem 3l'ip Pampa 3Dandij Vermelho 3Odaiúca Pampa 3Flotsam.,.., Zaino 3Feiticeira Alazão ....... 3Gakjo Zaino 3

Idem 47Idem 49Idem 51Idem 47Idem 49R. de Janeiro. 47S. Paulo 49 _

A's ií o J -1 Horas - 5« pareô - liENGRUBER-l .iTOmít^.""","'.",'quo não temiam ganüo este anno os pareôs «Sos^xos e iTio^e V°S

°.°siias de qualquer pais,primeiro. 150S ao segundo o SOS ao terceiro Janeiro »_ Prêmios ; GOOS ao

Grénat, anui e faixa branca F. Vianna.Verde, branco e encarnado. R. M.Vermelho e bonét preto.... Coudelaria Mirim.Grénat e rosa S. M.Branco, grénat e azul Idem.

Gaz idaPlutão iSpeciosa IdemCatila Castanho .africana ZainoAJtiítcima Castanho .Dujnitaire AlazãoCiieujjside Idem ,Sicampa Castanho..Gnribaldi Alazão....Ji,t; hibict or Zainoür.Jenner IdemFrànçoisc Alazão

Alazão tost... Saímos França.Alazão.., 6

4423333

Idem,Inglaterra.... 52•• 49Rio da Prata. 47

49 kilos5S »

França.IdemInglaterra....IdemRio da .Prata.Inglaterra...Rio da Prata.França.

A's 3 1/3 lis. —6» par co—RIO DE JANEIRO — 3. OOO

Branc A. T.Azul, branco e encarnado.. Coudelaria. Cruzeiro.Azul e grénat ,.AzulVerdee ouro ...'.Azul, branco e encarnado..Preto, branco e encarnado.Encarnado, branco e ouro.VerdeBranco eencarnadõ....'..'.'.'. Õliv. Júnior & Lopes,Grénat e bonet ouro A. de Aguiar.Grénat e ouro Coud. Nictheroyense.Verde, branco eencarnadõ. R. M

Coud. Internacional.F. Guimarães.D. O. L. da Costa.Coudelaria Cruzeiro.Coudelaria ParaísoIdem. Paulista.C.

„ , -Prêmios : naooS ao í30S**ó». « ,-«« °S «J^uas de qualquer paiz:

Curubayd Zaino 3 annos In»laterra HO tu ?S ao 3°-smim.. na_i„„i.„ "¦"""a 4VJ"_rra---- 9? kilos Encarnado e «reto n v r>Satan..' Castanho

Phrynéa Idem....França 51Inglaterra..,. 56

ado e preto D. F. P _ .. _...„„„„„ „, .

«renat e bonét ouro Mario de Souza.A's 1 IM lioras - .. pareô - ---O^D

^^t ^^e e^üas do

*£ ^=OS-." 5annos f^:::v. jg"?' S?r ou^.,*^

fzu • »r- encarnado o faixa. Coud. Cruzeiro.Azul, tranco e encarnado.. Idem idem.

1:OOOS aoBaioco Castanho..Sglviall Alazão....Talisman IdemDruid Tordilho.'.,Penj Castanho..Dwa Alazão....

A's 5 horas.— So

T1 56Idem 56R. de Janeiro 58S.Paulo 56R. de Janeiro. 51

123456789

10

Branco e bonet encarnado.. Oliv. Júnior & Lopeg.» Bianco preto eencarnadõ. M. S. Ferreira.pareo-SEis de Março -T45õ"metl.„ "roe. bl'?llc0 Coud. Fluminense.

que nao temiam ganlio no Dorby - Proml™ 4M«"n„ .'."T/ d° palz até meio >Wu«.

Castanho 3 annos S. Paulo. - ™ "nL4°°_?,a70..1'.' sos ao »." o -*<>S ao 30Monitor.

Anrelia Alazão 4Americana Tordilho 41'ampeiro Castanho.... 3Caporal. Alazão tost..- 4Apparecida Zaino.... 4Fiüa-Aom Idein.. .

"4

Sartarelle pret0 . 5

Orphcu Idem....'.'..".".' 5Pretória Líbano 5

Rio de Jan... 50Idem 50RioGrande.. 49S.Paulo...... 52Rio de Jan... 50Paraná 50Idem 54S.Paulo 54Idem 52

49 kilos

Typ. à'À smana, rua do Durmo n. 36, sobrado.

Azul,branco eencarnadõ... Coud. Cruzeiro ¦

Verde, branco e encarnado." ^^lmarae3-

Vermelho t t»™™

Azuiehavana..::.::::::::; i*.aA. OESAB laOaPES. »o secretario