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R O S A C R U C I A N I S M O 2 O ROSACRUZ 4º TRIMESTRE 2008 Por CLARICE N. V. PESSOA, SRC Ordem Rosacruz, A Senda da Iluminação AMORC © AMORC

A senda da iluminação Rosacruz

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Por CLARICE N. V. PESSOA, SRC É uma alegria abordar este tema que enfoca a própria AMORC, pelo que a Ordem representa em nossas vidas de estudantes rosacruzes, ou seja, a própria Luz de nossa existência.

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■ Por CLARICE N. V. PESSOA, SRC

Ordem Rosacruz,

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uma alegria abordar este tema queenfoca a própria AMORC, peloque a Ordem representa emnossas vidas de estudantes

rosacruzes, ou seja, a própria Luz de nossaexistência. Focalizar a Ordem, relembrar suasorigens, seu nascimento tradicional e marcosda expansão e propagação que a Luz dessaTradição percorreu entre os homens, desde ocomeço da Fraternidade até o presente, éreforçar em nosso âmago o que nós, estu-dantes, já conhecemos, e é, também, umaoportunidade de proporcionar uma maioraproximação entre a Ordem e os leitores não-rosacruzes, que desejam um maior contatocom a Rosacruz.

SENDA DA ILUMINAÇÃO – A Ordem éuma fraternidade identificada com a luz dacompreensão dos mistérios da existência, aluz do conhecimento que nos é dado atravésdos ensinamentos e percepções, e significacompreensão e sabedoria pessoais. A compre-ensão dos mistérios nos torna verdadeirosagentes da Criação. Mediante essa compre-ensão, nós aprendemos qual é o nosso papelno universo, nos harmonizamos com essepapel ou missão e passamos a viver emconformidade com os ditames do Deusinterior, do Deus de nossa compreensão; emoutras palavras, aprendemos a conhecer, arespeitar e a agir em conformidade com asleis cósmicas.

ORIGENS E A GRANDE FRATERNIDADEBRANCA – Houve uma época em que seacreditava que a origem dos rosacruzes nãofora anterior ao século 17, época em que aOrdem ressurgiu em um novo ciclo deatividades na Alemanha, e que seu nascimen-to tradicional se situava em algum período daera cristã. Documentos históricos, manus-critos e referências autênticos, descobertosno século 19, recuaram a verdadeira origem eexistência da Ordem até o chamado período

tradicional: seu nobre nascimento remontaao Antigo Egito, há mais de trinta séculos.Trechos dessa fascinante história foramdivulgados pela primeira vez na revistaAmerican Rosae Crucis, em 1916.

AS “ESCOLAS DE MISTÉRIOS” – Nocomeço da 18ª dinastia, os egípcios haviamalcançado um elevado grau de civilização edetinham um conhecimento avançado, apenascomparável ao da época do renascimentoeuropeu. Mas, os mais profundos segredos danatureza, da ciência e da arte não deviam serconfiados às massas e nem eram suscetíveis depreservação por meio de um registro empapiros. Assim, os mais sábios organizaramclasses onde tais segredos eram ensinados.

Inicialmente, os mistérios estudados eramos fenômenos cíclicos da natureza; maistarde, representaram o conhecimento inco-mum, esotérico, das leis e dos propósitos davida e do ser humano. Em alguns casos,classes muito seletas eram realizadas nascâmaras do faraó reinante; os membrosdessas congregações tornaram-se cada vezmais seletos, os ensinamentos mais profun-dos e as discussões tão dialéticas que delassurgiu uma sociedade autocrática e secreta,integrada pelas inteligências verdadeiramentegrandes da época. E desse modo, foramassentados os alicerces da Grande Fraterni-dade Branca, origem de nossa Fraternidade.

A Ordem Rosacruz teve, portanto, suaconcepção e seu nascimento no Antigo Egito,graças às atividades da Grande FraternidadeBranca (GFB) representada pelo conjunto dedoutrinas místicas e esotéricas, provenientesda sabedoria de muitas mentes iluminadas,ao longo dos séculos. Somente as organiza-ções autênticas e verdadeiramente místicassão a ela vinculadas, e este é o caso de nossaAmada Ordem, esplendoroso canal da GFB.Esta, por sua vez, é o aspecto visível daGrande Loja Branca, o Colégio Invisível dosMestres Cósmicos, também conhecido como

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Agartha, o governo oculto do mundo. Osensinamentos rosacruzes abordam, comprofundidade e reverência, o tema MestresCósmicos, seres que adquiriram o domíniodas Leis Cósmicas (espirituais, universais enaturais), tais como se manifestam nosplanos visíveis e invisíveis da criação. Seuspoderes não lhe foram dados arbitrariamentepor Deus; antes, resultam de seu desen-volvimento psíquico, alcançado ao longo desuas encarnações, que é, por sua vez, conse-qüência de seu alto nível de espiritualidade ede seu desejo incondicional de servir àhumanidade.

PERSONALIDADES TRADICIONAIS:OS FUNDADORES DE NOSSA ORDEM –São várias as personalidades consideradasfundadoras de nossa Ordem que desejamosdestacar:

■■■■■ Ahmose I (1580–1557 a.C), o primeiro faraóa dirigir uma classe em câmaras privadas;foi considerado pelos historiadores como o“libertador do Egito”.

■■■■■ Thutmose III (1500-1447 a.C), foi umgrande faraó e iniciado, e desempenhou umpapel fundamental na história da Ordem;organizou a presente estrutura física dafraternidade e esboçou muitas de suasnormas. As “escolas de mistérios” eramindependentes, tinham suas próprias regrasde funcionamento e métodos de ensino eele decidiu unificá-las: mandou construirno templo de Karnak um edifício destinadoa reunir, regularmente, os mestres dessasescolas. Na cerimônia em que se tornoufaraó, passou por uma significativa expe-riência mística: sentiu-se “elevado” como seseus pés mal tocassem o chão, como setivesse ascendido aos céus e, ali, Deus otivesse devidamente designado para servirao seu povo.

■■■■■ Amenhotep IV, Akhenaton (1378-1350 a.C),cuja história é de grande interesse paratodos os rosacruzes. Foi ele o últimoGrande Mestre na família dos fundadores ea quem devemos a filosofia e os escritosmaravilhosos empregados nas atividades daOrdem em todo o mundo. James Breasted,eminente egiptólogo da Universidade deChicago, homenageia Akhenaton em sua“História do Egito: “O mundo contemporâneoainda está para apreciar devidamente, oumesmo conhecer esse homem, que, em época tãoremota e sob condições tão adversas, tornou-sea primeira personalidade do mundo”.

AKHENATON, O FILHO DO SOL – Estefaraó iluminado, nascido Amenhotep IV,coroado aos 11 anos de idade, é uma luzfulgurante e perene na história de nossaOrdem. Já aos 15 anos compôs belos salmos,preces e cânticos até hoje lembrados Nos diasque se seguiram à sua designação como faraó,mandou construir, a leste de Karnak, um

FaraóAkhenaton.

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templo ao qual deu o nome de “Gem Aton”,que significa “encontrei Aton”; em seu reina-do, aboliu a idolatria então prevalecente noEgito e introduziu a adoração do Deus único,a Divindade suprema, cujo espírito estava emtoda parte e cuja manifestação física era o sol,símbolo da vida. Ergueu monumentos pelaglória da Fraternidade e mudou seu próprionome para glorificar ao Deus único: passou achamar-se Akhenaton, que significa “devotode Aton” ou “glória a Aton”, este represen-tado pelo disco solar, um símbolo da energiacriadora que emana através do sol, o sempi-terno Deus único, que está em todos oslugares, através de seus raios.

Akhenaton construiu uma nova capitalem El-Amarna, denominada Akhetaton, quesignifica “cidade do horizonte de Aton”; acidade tornou-se o centro da Grande Frater-nidade Branca do Egito, reunindo os maioresiniciados da época. Seu curto reinado foi ummarco no desenvolvimento científico, artís-tico e filosófico do Egito. Ele sabia que seriaimpossível converter o povo egípcio aomonoteísmo em tão pouco tempo de reinado;assim, o que ele desejava, verdadeiramente,era “plantar a semente” dessa crença entre ahumanidade. Quando sentiu que tinhaalcançado êxito e cumprido sua missão juntoaos homens, se isolou completamente dosassuntos terrenos. Tendo adoecido, ao invés

de usar seu grande conhecimento pararecuperar a saúde, seu constante desejo era ode ser purificado, a fim de que fosse elevadoao plano de onde o símbolo de Deus sobre elederramava sua luz. Aos 28 anos passou pelatransição. Nossos relatos registram queFratres e Sorores que o observavam viramquando, rogando ser absorvido na essênciadivina, com a mão direita estendida paraDeus, foi ele elevado, por um instante, paradepois descer, em suave repouso, com umsorriso de iluminação em seu semblante.Assim passou pela transição nosso GrandeMestre, que tanto fez e tanto deixou paranossa Organização.

EXPANSÃO DA LUZ – Filósofos vindos dooeste se dirigiram ao Egito para se iniciarem,e retornaram aos seus países com a missão defundar Lojas da Fraternidade. Daí a expressãotão conhecida dos rosacruzes: “Viajar para oleste em busca de luz”. Pitágoras, anos 500a.C., foi um dos primeiros messias da Ordem,tendo fundado uma Loja na Itália. Houvenomes igualmente importantes, como: Tales,Sólon, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito,Sócrates, Platão e Aristóteles. Desde essaépoca, até a era cristã, grandes inteligênciaspercorreram esse caminho: cruzaram oumbral da iluminação e, tendo completadoseus estudos, regressaram às trevas domundo para difundir a luz.

ESSÊNIOS E TERAPEUTAS – O estabele-cimento desses dois ramos da Fraternidade,os essênios e os terapeutas, foi um marconotável na expansão da filosofia rosacruz parao mundo. Os essênios se deslocaram para aPalestina e os terapeutas se estabeleceram naGrécia. Buscadores europeus que se dirigiamao Egito para estudar permaneciam algumtempo no mosteiro essênio de Monte Carmelo.Fatos interessantes e marcantes sobre onascimento de Jesus no seio de famíliaessênia, na Galiléia, constam da obra rosa-O disco solar

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cruz “A vida mística de Jesus”, de autoria deH. Spencer Lewis, primeiro Imperator daOrdem para o ciclo atual de atividades.

MILITIA CRUCÍFERA EVANGÉLICA – Éfundamental mencionar a Militia CrucíferaEvangélica como uma organização protetora,um movimento de guardiães da luz, ideali-zada pela Grande Fraternidade Branca. Criadana era cristã, seu propósito era o de protegera cruz como símbolo místico, contra seuemprego errôneo por parte dos que realizavamcruzadas de perseguições aos que não aceita-vam uma interpretação sectária de seu simbo-lismo; seus métodos eram silenciosos epacíficos. Esta organização ainda existe nosdias de hoje, com os mesmos ideais prote-tores, e constitui uma organização verdadei-ramente secreta, a que só os bem preparadostêm acesso.

FILÓSOFOS DA ERA CRISTÃ – Váriosfilósofos elaboraram interessantes escritospara a futura literatura rosacruz, além decolaborarem para a introdução da fraternidademística em seus respectivos países. Elescontribuíram para o enriquecimento de nos-sos ensinamentos. Destacamos: Jacob Böehme,1575-1624, autor de “Três Princípios” e“Mysterium Magnum”; Francis Bacon, 1561-1626, antigo Imperator da Ordem, autor de“Nova Atlântida”; Cagliostro, 1743-1795,tornou-se mestre e fundou várias Lojas naEuropa; Luis Claude de Saint-Martin, 1743-1803, místico e filósofo francês, deu conti-nuidade à obra do místico espanhol Martinezde Pasquale. Sua organização é conhecidacomo a Tradicional Ordem Martinista.

MARCOS DE DESENVOLVIMENTO –Nos primórdios da era cristã, o movimentorosacruz alcançou a região que hoje constituia França e recebeu sua maior acolhida;peregrinos regressos da Terra Santa traziamaos condes e senhores do Sul da França

notícias de uma certa sociedade secreta,dedicada à ciência e à fraternidade. Marcosdesse desenvolvimento: primeira Loja emToulouse, em 804; mosteiro rosacruz naFrança, em Nimes, 1001; expansão do rosa-crucianismo para a Alemanha, em 1100.

O CICLO DE 108 ANOS – Antes da eracristã a Ordem passou a adotar um regula-mento bastante antigo: a alternância deciclos de atividade e inatividade, cada um com108 anos de duração. Assim, um ciclo com-pleto de existência, do nascimento ao renas-cimento, seria de 216 anos. Seguindo-se umperíodo de adormecimento da Fraternidade,veio a restauração do movimento, na Alema-nha, no século 17, com o início de um novociclo de 108 anos. Na ocasião, a Ordemressurgiu num contexto de reformas religio-sas e lutas políticas em toda a Europa, e aRosacruz foi trazida à luz mediante os Mani-festos: “Fama Fraternitatis”, 1614, “Confes-sio Fraternitatis”, 1615 e “O CasamentoAlquímico de Christian Rosenkreutz”, 1616.

PRIMEIROS ROSACRUZES NA AMÉRICA– A ida dos primeiros rosacruzes para aAmérica foi inspirada na obra “ A NovaAtlântida”, de Francis Bacon. O objetivodesses pioneiros era fundar uma colônia derosacruzes e trazer à luz o conhecimento e asatividades rosacruzes; assim, no final doséculo 17, esses buscadores alcançaram acidade hoje denominada Filadélfia. Os notá-veis Benjamim Franklin e Thomas Jeffersonse associaram aos rosacruzes dessa faseamericana.

HARVEY SPENCER LEWIS: NOVOCICLO EM 1909 – Após novo período derecolhimento, emerge o ciclo atual daAMORC, com Harvey Spencer Lewis,1883-1939. O livro “Missão Cósmica Cumprida”,de Ralph Lewis, seu filho e sucessor, é umrelato minucioso, belo e comovente do

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Bibliografia: Livros editados pela AMORC – “AOrdem Rosacruz em Perguntas e Respostas”, com ahistória completa da Ordem, por H. Spencer Lewis,1987. “Filho do Sol”, 1982. Manifesto “PositioFraternitatis Rosae Crucis”, AMORC, 2001. “MissãoCósmica Cumprida”, por Ralph Lewis.

magnífico trabalho realizado por SpencerLewis como primeiro Imperator da Rosacruznessa nova fase de atividades. Destacamosdois trechos dessa extraordinária narrativa:

■■■■■ Depoimento de Ralph Lewis – “O homem arespeito de quem escrevo jamais revolucionouqualquer campo científico, nem se aventurou porselvas virgens em busca de novas terras, oumesmo foi responsável por um invento tãoengenhoso que estivesse além da capacidadecriadora de seus semelhantes; relato a vida deum filantropo, alguémque encontrou felicidade eêxito modelando o espíritode seres humanos”.

■■■■■ Testamento de SpencerLewis, 1934, evidênciada grandeza de suaalma e de seu imensoamor pela Ordem:“Pressinto que as forçascósmicas logo irão livrar-me deste corpo exausto eguiar minha alma à maisalta escola de preparaçãopara a próxima encar-nação. Enquanto houvervida e consciência emmeu corpo, servirei elutarei sempre pelaintegridade da Ordem,pois ela não pertence amim, mas a vós, ó Deus de meu coração’”.

HIERARQUIA – Assim como a hierarquiavisível de nossa Ordem está sob a responsa-bilidade suprema de nosso Imperator, FraterChristian Bernard, a hierarquia invisível édirigida pelos Mestres Cósmicos que esco-lheram servir à Rosacruz e, do plano espiri-tual onde se encontram, velam pelos destinosde nossa fraternidade. O Mestre Kut-Hu-Mi éo Hierofante da AMORC, o dignitário maiselevado da Tradição Rosacruz.

TRABALHO DE MUITOS SÉCULOS – Otrabalho dos rosacruzes é fruto de um planoelaborado e desenvolvido por mentes ilumina-das de muitos séculos, e se mantém emconstante evolução. O Manifesto “PositioFraternitatis Rosae Crucis”, de 2001, exem-plifica a importância que a AMORC dedica atodos os campos do conhecimento humano etransmite a visão da Fraternidade sobre ofuturo do mundo.

SERVIÇO: A META SUPREMA – Sob aégide e a inspiração dosMestres Cósmicos, aOrdem executa o seutrabalho para o mundo,fruto da união e dedi-cação de tantas mentes,há tantos séculos com-prometidas com a evolu-ção da consciênciahumana. Continuarservindo, esta é a meta.Numa singela home-nagem aos servidoresrosacruzes que, a cadadia, de corpo e alma, sededicam, integram evivenciam os ideaisrosacruzes, encerramoscom trecho de um dosmais belos hinos deAkhenaton, da obra

“Filho do Sol”, editada pela Ordem: “Ópoderoso símbolo do Deus único, Tu mandas teusraios e todas as terras se alegram; dá-me Tuasmãos, que seguram Teu espírito; que eu o possareceber, viver por meio Dele; lembra-Te de meunome na eternidade, ele não perecerá jamais”. ■

O mestreKut-Hu-mi.

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