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FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT A Serviço das Comunidades Impresso Especial 9912259129/2005-DR/MG CORREIOS MITRA JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 319 | JUNHO DE 2016

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A Serviço das Comunidades

ImpressoEspecial

9912259129/2005-DR/MG

CORREIOSMITRA

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 319 | JUNHO DE 2016

Dom José Lanza Neto

2 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Editorial

A Voz do Pastor

Jornalista responsável ALEXANDRE ANTONIO DE OLIVEIRA - MTB: MG 14.265 JPProjeto grá�co e editoração BANANA, CANELA E DESIGN - bananacanelaedesign.com.br (35) 3713-6160ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃOTiragem3.950 EXEMPLARES

ExpedienteDiretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorSÉRGIO BERNARDES - MTB - MG14.808Equipe responsávelPADRE JEREMIAS NICANOR ALVES MOREIRA, JANE MARTINS e JULIANNE BATISTARevisãoJANE MARTINS e ROSEMARY EVANGELISTA RODRIGUES SILVA

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 – Centro CEP: 37.800-000 – Guaxupé (MG)Telefone(35) 3551.1013E-mail [email protected] Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.Uma Publicação da Diocese de Guaxupéwww.guaxupe.org.br

Estamos vivendo um tempo forte marcado pelo fechamento, pelo indivi-dualismo, isolamento, separação, auto suficiência, a ponto de chegarmos a pensar que para viver a vida humana não dependemos de nada e muito me-nos de alguém.

Quando dizemos: “sou livre, não devo satisfação, sei o que quero, nin-guém precisa me ensinar”, estamos ig-norando o que existe de mais sagrado e essencial na vida humana: nossas re-lações, amizade, admiração, solidarie-dade, fraternidade e, acima de tudo, o amor, que é a fonte e o sustentáculo de todas as expressões humanas.

Na primeira carta de São Paulo Apóstolo aos Coríntios, capítulo doze, dos versículos doze a trinta um, o mes-mo apóstolo usa a imagem do corpo para falar da unidade, cada membro

depende do outro para formar o corpo todo. Ora, vocês são o Corpo de Cristo e são membros dele, cada um no seu lugar. Nenhum membro pode ignorar o outro e sua função no bom funcio-namento do corpo. A comunidade é o Corpo de Cristo. Cristo é a cabeça do corpo, isto é, da Igreja. A vivência da co-legialidade na Igreja é a condição para sua sobrevivência e projeção de toda a sua ação evangelizadora na sociedade e no mundo. A vivência da colegiali-dade passa pela escuta, pelo diálogo, pelo perdão, pelas capacidades, dons e talentos dos irmãos e irmãs. A vivência da colegialidade leva em conta a matu-ridade, a experiência, os avanços e até mesmo a inexperiência de quem está começando a caminhar. A vivência da colegialidade supõe, acima de tudo, o diferente, as novas expressões e o que

nos incomoda. A vivência da colegia-lidade extirpa os radicalismos, a indi-ferença, a doença do conformismo e a filosofia do “vamos deixar como está para ver no que vai dar”.

O Corpo de Cristo deve ser vigoroso, apesar de cada membro ser diferente entre si, cada um, na sua originalida-de, contribui de maneira indispensável para a construção e o crescimento de todos. Portanto, não há lugar para com-plexos de superioridade e inferioridade. O cimento da vida comunitária é a soli-dariedade que faz todos voltarem-se para cada um, principalmente para os mais fracos e necessitados, partilhando os sofrimentos e as alegrias.

Desde o momento em que nossa Igreja Particular optou pela estrutu-ra Sinodal, ganhou e fortaleceu ainda mais suas raízes na vivência de uma co-

munidade fraterna e missionária. Cada membro valorizando e respeitando os vários níveis de suas etapas de cresci-mento na espiritualidade, na formação, na pastoral e na evangelização como um todo. Da vivência de colegialidade surge, como expressão maior, a comu-nhão eclesial.

A comunhão eclesial é a força mo-tora que a Igreja traz no seu bojo. A comunhão eclesial sempre foi e será o testemunho mais eficiente e seguro para que o Evangelho seja implantado. Na comunhão, há encontro de ideais, de pessoas, de vida. Na comunhão, so-nhamos e projetamos um mundo novo na superação das desigualdades.

Na luz e na força do Espírito, reze-mos para que sempre apareça, em pri-meiro lugar, a comunhão eclesial como expressão de nossa fé.

Assim, o Apóstolo das Nações exor-ta a comunidade a construir sua fé numa experiência comunitária que se fundamenta na caridade e na alterida-de entre seus membros. A essência da Igreja estende-se para além da vontade e ação divinas, mas compromete ho-mens e mulheres, de ontem e de hoje, a formarem uma autêntica família, um indissolúvel corpo, um sólido edifício construído sobre a Palavra e a Eucaris-tia.

Mas, seria possível aprofundar a re-lação com o Totalmente Outro, mistério imperscrutável, abandonando o cará-ter mediado da fé? Ou ainda, avançar numa espiritualidade que não motiva a avançar e a aproximar-se do outro? As sendas que se abrem diante desse questionamento fundamental, talvez desemboquem na frutificação da coe-

rência entre fé e vida nas comunidades cristãs. “Aquele que diz estar na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas tre-vas. O que ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar” (1Jo 2, 9-10).

“Onde dois ou três estiverem reu-nidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles.”(Mt 18,4), portanto o local por excelência onde o cristão toma consciência desse caráter comunitário é a liturgia. A dimensão celebrativa do mistério deve permear-se da realidade. O ato litúrgico torna-se mais autênti-co e profundo à medida que promove a abertura dos fiéis, marcados por sua experiência histórica, a contemplarem a infinitude do divino.

É na tessitura diária da experiência de fé que cada membro desperta para sua vocação no interior da comunida-

“com toda humildade e mansidão, com paciência, suportai-vos uns aos outros no amor, solícitos em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo

e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados”.(Efésios 4, 2-4)

de. Nesse percurso, surgem verdadei-ros ministros e ministras, inspirados pelo Paráclito, que fazem de suas vidas uma oblação ao Criador e se esforçam em retomar os passos do Mestre de Na-zaré. Embora pertencentes a um mes-mo Corpo, santos e santas anônimos iluminam as vidas daqueles que ainda não se abriram integralmente à Luz que rompe a transcendência e faz morada junto à humanidade.

Diante de tantas realidades desa-fiantes, marcadas pela ignorância, raiva e ganância, cabe a homens e mulheres, cônscios do amor trinitário e íntegros em sua individualidade, esforçarem-se para construir uma nova realidade fra-terna, capaz de adequar-se às necessi-dades mínimas de cada um.

Comunhão Eclesial : A vivência da Colegialidade na Igreja (1 Cor 12, 12-31)

3JUNHO/2016

Opinião

Cristianismo: experiência de alteridade e compaixão

A proposta cristã, por unir o céu e a terra, traz em seu bojo uma dupla tarefa aos discípulos missionários: abrirem-se ao Totalmente Outro e compadecerem-se do próximo. Uma efetiva hermenêutica da simbologia da cruz: duas setas que se intercru-zam - vértice e horizonte. Sem esse encontro não existe cruz no senti-do estético e, mais especificamente, segundo a Teologia cristã, sem cruz não há salvação. Trata-se, portanto, de um imperativo inexorável. Fugir desta ambivalência, verticalidade e horizontalidade, significa negligen-ciar o cerne da mensagem cristã. É a conjugação, na simultaneidade, dos mistérios Encarnação, Redenção e Conversão: reconhecemos a presen-ça do Verbo, somos salvos por Ele e, animados por Seu espírito, nos dis-pomos a segui-Lo no cuidado com o mundo.

Contudo, o tempo presente mos-tra-se, não raras vezes, hostil à alteri-dade. Embebidos na trama da posse, do controle e da superficialidade, apesar da tão propalada volta do sa-grado, constata-se, nos homens con-temporâneos, uma expressiva indife-rença ao Mistério. Um paradoxo que mereceria melhor e maior debate, o que demandaria um artigo específi-co. Entre outros sintomas de tal hos-tilidade, a título de ilustração, chama atenção o seguinte fato: o excesso

do religioso, a escassez da mística e, nessa senda, o esmorecimento da fé.

O mistério é vivenciado como uma dimensão puramente estética e emocional. Não que não o seja. Po-rém, sua distorção revela a perversa coisificação do Ser. O mistério fasci-nante e tremendo, expressões caras aos especialistas da Religião, passa a trafegar nas gôndolas dos refeitórios dominicais, como uma alternativa a mais para apaziguar o vazio existen-cial de cada comensal. O numinoso converte-se em ideologia e, con-sequentemente, em munição para combater a saudável pluralidade de sentido do Mistério. O que deveria levar as pessoas a uma ação solidá-ria, a uma tomada de posição sócio transformadora e, por isso mesmo, modificadora de si mesmas, fica es-camoteado no plano do individual, do emocional e das controvérsias moralizantes.

Ora, se a experiência com o Total-mente Outro é escamoteada e redu-zida ao estético e emocional, como chegar ao destino natural que é a compaixão?

Diante desse desafio, faz-se ne-cessário, no entendimento de K. Armstrong, “deixar Deus ser Deus”. A renomada conferencista inglesa, especialista em Religião Compara-

da, levanta um oportuno questiona-mento: o que nos permite legislar em nome de Deus? Deus, já sentenciava o grande dominicano Santo Tomás de Aquino, não pode ser objeto de nossas especulações e, muito menos, álibi para a manutenção nem sempre fraternal das instituições ditas reli-giosas. Ao contrário: Ele será sempre sujeito inspirador de nossas inves-tigações, construções e decisões. E como fazê-lo? A partir da escuta, da meditação e reflexão de Sua Palavra.

Ao longo dos processos revelató-rios, o Ser divino sempre se mostrou compassivo e misericordioso, muito especialmente com os sofredores e esquecidos da sociedade. Como é bom ouvir e crer na voz do salmista que sussurra: “Deus ordenou a seus anjos que te protegessem por onde quer que tu fores” (Sl 91,11). Não menos agradável é conferir o que o profeta Isaias diz: “não tenhas medo, pois eu te libertei e te chamei pelo nome; tu és meu” (Is 43,1). E Jesus, a Revelação plena de Deus? Vejamos o que diz à mulher adúltera: “ninguém te condenou? Eu também não te con-deno. Vá em paz e não peques mais” (Jo 8,11). Portanto, é mister não im-pedir que Deus seja Deus. Caberá a todos/as discípulos/as missionários/as a excelsa missão de proclamar: Deus caritas est! Não existe definição mais completa e, ao mesmo tempo,

mais misteriosa do que essa. Deus é amor! Ele nos ama desde sempre e sem motivos!

Dentro de nossa Tradição cristã católica, é o que tem feito, recor-rentemente, o Papa Francisco. O bispo de Roma não se cansa de nos recordar a bondade, o amor e a mi-sericórdia de Deus. Em seus textos, simples e diretos, o Sumo Pontífice insiste para que a nau de Pedro seja um hospital de campanha, voltada para os mais sofridos e mais pobres. No lugar da auto referência, da ex-cessiva preocupação institucional, o peregrino da paz propõe uma Igreja da Misericórdia, acolhedora e Casa de Fraternidade.

Atentos à Palavra que sempre nos interpela, dóceis às auspiciosas pala-vras do Santo Padre, estejamos dis-postos a vivenciar a experiência da cruz: abrir-nos ao Totalmente Outro e, como consequência, numa atitu-de samaritana, compadecer-nos do próximo. Este é o escopo do cristia-nismo: abertura do coração e aco-lhida da Graça e, ao mesmo tempo, compadecimento do próximo que, por sua vez, é sinal e sacramento do próprio Deus.

Por padre José Augusto da Silva,Poços de Caldas

4 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

A Pascom da Diocese de Guaxupé realizou, no dia 30 de abril, o Encontro Diocesano de Comunicação. Refletindo o tema “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo”, título da carta do Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais, o encontro contou com a participação de setenta comunicadores de diversas paróquias da Diocese.

Padre Sandro Henrique, assessor da Pascom Diocesana, deu início ao evento apresentando a grande novidade desse encontro: um dia voltado à espiritualida-de do comunicador. Reforçou a ideia de que o trabalho da Pascom não pode ser apenas técnico, antes, é preciso celebrar a vida litúrgica e pastoral das comunida-des para depois poder, com maior fide-lidade, noticiá-la a tantos outros. Padre Sandro conduziu a adoração ao Santíssi-mo Sacramento para que diante daque-le que, de forma sublime, comunicou ao mundo o Pai amoroso e misericordioso, os participantes do encontro pudessem contemplar a Mensagem basilar que deve ser anunciada.

O encontro teve a presença do bispo diocesano que deixou sua mensagem sobre a importância da comunicação na

Entre os dias 29 de abril e 1º de maio, Nova Resende foi a sede do 33º Encontro Diocesano de representan-tes das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s). Cerca de 250 participantes dos sete setores pastorais da Diocese de Guaxupé estiveram presentes no en-contro, assessorado pelo frei Gilvander Luís Moreira, da Ordem dos Carmelitas. Além de mestre em Exegese Bíblica e membro do Conselho Estadual dos Di-reitos Humanos de Minas Gerais, o frei está desenvolvendo sua tese de dou-torado em Educação pela FAE/UFMG.

Com a temática consonante com a Campanha da Fraternidade 2016, Casa Comum: Nossa Responsabilidade, o encontro promoveu debates intensos

Igreja, incentivando os participantes a perseverarem, mesmo diante de desafios.

Em seguida, o seminarista Sérgio Bernardes falou sobre a carta do Papa Francisco para o Dia das Comunicações Sociais, destacando a importância de se lançar um novo olhar sobre as notícias da vida das paróquias. É preciso valori-zar, também, as mais simples atividades que acontecem nas paróquias, mas que revelam as obras de misericórdia que nela ganham vida.

À tarde, foram feitos grupos de par-tilha sobre os desafios e as boas notícias da Pastoral da Comunicação nas comu-nidades paroquiais, permitindo à equi-

Notícias

Espiritualidade marca o Encontro Diocesano de Comunicação

Encontro motiva participantes a se comprometer na realidade social

Aos comunicadores, papa Francisco recomenda um trabalho aberto à alteridade e à escuta do outro

Encontro incentivou a implicação da fé na vida das comunidades

Foto: Paulo Sobral, estagiário pastoral

Pascom - Nova Resende

pe diocesana fazer um diagnóstico da caminhada da Pascom para programar novas ações.

A jornalista Julianne Batista apresen-tou os membros da Pascom Diocesana e os diversos meios de comunicação que a Diocese de Guaxupé utiliza, atualmente, para evangelizar. E deu algumas orienta-ções sobre como deve ser o trabalho da Pascom nas paróquias.

Para encerrar o encontro, padre San-dro celebrou a Eucaristia e, em sua ho-milia, enfatizou que “a comunicação não pode ser apenas uma paixão, ela é uma missão. É preciso abraçar a causa funda-mental da nossa comunicação, anunciar

Jesus Cristo e sua mensagem para o mundo”. E expressou seu enorme desejo de encontrar novos caminhos para que a Pascom cumpra sua missão.

Os participantes do encontro trans-mitiram os bons frutos que o encontro proporcionou. Dyala Castilho Prescilia-no, da Paróquia Nossa Senhora Auxilia-dora, de Paraguaçu, que participou pela primeira vez do encontro, disse que se surpreendeu pois, na expectativa de um encontro técnico sobre como a pastoral precisa articular seu trabalho, ela desco-briu que antes de tudo é preciso encon-trar-se com a Mensagem. E destacou: “o encontrou trouxe exatamente o que estávamos precisando para fazer fluir o nosso trabalho na pastoral da comuni-cação”.

Pedro Henrique Lopes, integrante da Pascom da Paróquia de Santa Rita, em Nova Resende, destacou o trabalho feito pela equipe diocesana com o intuito de integrar os comunicadores espalhados pela diocese formando uma rede de co-municação: “a Pascom está criando um elo importante entre as paróquias, for-talecendo os trabalhos que estão sendo desenvolvidos”.

Por Filipe Zanetti, seminarista

sobre a realidade do saneamento bá-sico no país, as alternativas para con-servação ecológica, relação da Sagra-da Escritura com a vida do povo, além de tratar da situação atual da política nacional.

Um dos organizadores do encontro e assessor diocesano das CEB’s, o pa-dre José Luiz Gonzaga do Prado, co-mentou sobre a relevância de promo-ver a reflexão nos grupos e pequenas comunidades. “Para a gente conseguir criar a Igreja do Vaticano II, como diz o objetivo do Plano Diocesano da Ação Evangelizadora, que a Igreja seja aque-le modelo antigo e novo de ser Igreja, antigo porque é modelo da Igreja pri-mitiva, a Igreja que se reunia nas casas

e também uma Igreja perseguida e, por outro lado, novo, porque diferen-te do modelo que nós temos”. O padre ainda citou a 2ª Conferência do Conse-lho Episcopal Latino-Americano, reali-zada em 1968. “Toda a Igreja deve ser representada na comunidade, todos os seus valores devem estar na comu-nidade, rede de grupos de reflexão”.

A avaliação dos participantes desta 33ª edição do evento foi muito positi-va. Para a poços-caldense Aidée Cecí-lia Bouças do Lago, membro da coor-denação diocesana das CEB’s, foi uma experiência marcante dentre os mais de 30 anos de participação nos en-contros. Aidée destacou a celebração de abertura, na qual os participantes mencionavam os nomes de pessoas falecidas e que lutaram pela concreti-zação das CEB’S. “Acolhida muito signi-ficativa, relembrando os participantes falecidos que fizeram diferença em suas comunidades”.

Para o anfitrião Márcio Rodrigues Silva, o tom provocativo do assessor foi importante para a construção de uma mentalidade comunitária e com-prometida. “Os questionamentos nos incomodam, mas nos levam à conver-são, mudança de vida. O compromisso de cada um é fazer a sua parte”. Assim, também, conclui a catequista Ivoneti Silva Lopes, de Guaranésia, lembrando a relevância de se “arregaçar as man-gas” e não esperar somente o poder

público, “são lutas diárias, mas que de-vem ser constantes. Quando a gente quer, consegue”.

Numa avaliação do encontro, José Roberto Peixoto, de Guaxupé e mem-bro da coordenação diocesana das CEB’s, destacou a figura do assessor que apresentou um caminho possível. “Com a mística libertadora, nos levan-do a nos aproximarmos do Evangelho com ações concretas. Na Diocese, te-mos uma ótima ferramenta que são os grupos de reflexão, que nos ajudam a sermos missionários em nossas comu-nidades”.

“Nós temos de nos entender com o outro e com todas as coisas que Deus criou. É claro que a política também é criação de Deus, dado que ela é nada mais que a garantia do bem comum e isso é o que Deus quer”. Isso é o que destaca o assistente social e diretor regional da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, Gilberto Donizete Ribeiro. De acordo com ele, o encontro foi iluminador, pois trouxe esperança de construção de uma sociedade em que a política seja um espaço ético e com valores autenticamente cristãos e não par-tidários. “Nós não estamos em lados opostos, nós somos da mesma raça humana e a gente quer que todas as pessoas deem certo e sejam felizes. Esse é o sentido das coisas na fé cristã”.

Da Redação

5JUNHO/2016

No dia 22 de maio, a Diocese de Gua-xupé ofereceu um dia de formação so-bre o Evangelho de Lucas para os volun-tários envolvidos com as Santas Missões Populares. Cerca de 150 missionários estiveram presentes no encontro. O as-sessor foi o padre José Luiz Gonzaga do

Com a sua 112° edição, a Festa em lou-vor a São Benedito é tradição na cidade de Poços de Caldas e reúne milhares de pesso-as, não somente da cidade, mas também de toda a região. Com uma grande estru-tura, o evento é coordenado pelas paró-quias da cidade que, com barracas e muitas equipes formadas, servem pratos variados, como por exemplo, comidas típicas, caldos, salgados e bebidas.

A festa surgiu com a devoção dos ne-gros a esse santo tão querido por grande parte dos brasileiros. Oficialmente, ela acontece na cidade desde 1904. Mas, pro-vavelmente, já era realizada antes dessa data. Em 1905, foi construída a primeira capela de São Benedito, atrás da Basílica, a qual funcionou até meados da década de 20, quando foi inaugurada a atual capela. A devoção ao santo foi só aumentando ao longo do tempo, de forma que se tornou a maior festa religiosa poços-caldense.

A participação efetiva das paróquias da cidade na festa de São Benedito não é anti-ga. Até 1999, a festa era realizada e coorde-nada apenas pela Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em cujo território se encontra a capela. A partir daquele ano, por decisão da autoridade diocesana, a festa foi reestrutu-rada e as paróquias da cidade começaram a participar, com uma barraca cada uma, na Praça de São Benedito. A importância da fes-ta para as paróquias é, sobretudo, o fato de possibilitar uma maior aproximação entre as mesmas. Nos treze dias de festa, as paró-quias se revezam nas celebrações litúrgicas, levadas a efeito todas as noites. Além disso,

Tradição em Poços de Caldas: Festa de São Benedito reúne fé, cultura e lazer

Missionários participam de formação bíblica sobre o Evangelho de Lucas

Evento tradicional é local de confraternização de familiares e amigos durante 13 dias consecutivos

Foto: Redes Sociaisa festa favorece a aproximação e o encontro entre os diversos paroquianos, além de con-tribuir financeiramente para a manutenção das comunidades paroquiais.

“Gosto muito de participar, pois trabalho com amor. É gratificante, damos risadas e é muito bom se sentir útil podendo colaborar para a construção do Reino de Deus. Acre-dito que o valor dessa festa está no envol-vimento de várias pessoas das paróquias e na ajuda que ela traz para a evangelização”, comentou a voluntária Eliana Bender.

Tradicionalmente, a festa de São Be-nedito de Poços de Caldas se realiza de 1º a 13 de maio. Nesse período, se celebra a Missa e a Trezena de São Benedito, todas as noites, com grande participação do povo, sendo que cada noite uma paróquia é res-ponsável pela liturgia. Portanto, o aspecto da evangelização acontece de forma dinâ-mica e corresponsável entre as comunida-des paroquiais. Quanto à parte social, no interior da praça da capela, são instaladas as barracas das paróquias, com dimensão igual para todas, nas quais é oferecido va-riado cardápio de comidas típicas. Atual-mente, existem 14 paróquias na cidade e, na praça, existem 12 espaços para barracas. Quando todas as paróquias desejam par-ticipar, faz-se um sorteio, visto existir mais paróquias do que espaço. No restante da praça é colocado um parque de diversões. Nas calçadas em volta da praça, acham-se as barraquinhas de doces e outras comidas, também essas muito frequentadas. Tanto nas celebrações quanto nas barracas das paróquias, uma multidão de voluntários

dá o melhor de si para atender o grande número de pessoas que aflui ao local. Co-lorido especial na festa é dado pelos Ternos de Congos e Grupos de Caiapós, os quais se apresentam diversas vezes, particularmen-te, na procissão, no último dia dos festejos. A coordenação geral da festa está a cargo da Paróquia Nossa Senhora Aparecida.

Para Sirlene de Oliveira, da Paróquia São Sebastião, “um dos destaques desta festa é a tradição em relação aos congos e folias de Reis. A cidade toda a frequenta, tanto a Mis-

sa como as barracas de alimentação. Todos que trabalham são voluntários como eu, e se unem para obter um bom resultado. O lucro obtido pelas paróquias não é somen-te financeiro, mas também de fraternidade e amor”. Para os católicos poços-caldenses, São Benedito é, de fato, um fator que in-tegra e irmana a todos, sugerindo, desse modo, que a união é o caminho para cons-truir um mundo mais feliz.

Por padre Hiansen Franco, Poços de Caldase Douglas Ribeiro, seminarista

Prado, mestre em Teologia Bíblica e autor de várias obras sobre exegese.

Com uma metodolo-gia acessível e que valori-za o contato com o texto sagrado, padre José Luiz motivou os participantes a refletirem a mensagem do Evangelho diante da realidade atual. O assessor lembrou a necessidade de não olhar para a Bíblia simplesmente com uma curiosidade histórica, mas compreendendo a men-sagem profunda que os autores sagrados querem comunicar.

Padre José Luiz forne-ceu um subsídio sobre a temática desenvolvida. Segue o texto:

As Histórias de Lucas - O Evangelho dos PobresJanela

A preocupação com os pobres per-corre todo o Evangelho de Lucas. Je-

sus não nasce num berço de ouro, seu berço é o cocho de um estábulo. Seu nascimento é anunciado aos pastores, gente pobre e temida, como os ciganos e sem-terras de hoje. “Hoje nasceu para vós um salvador”. Salvador dos pobres, ele será reconhecido na pobreza do ber-ço. Seu programa é a Boa Notícia para os pobres. As viúvas pobres estão presen-tes neste Evangelho bem mais do que nos outros. As parábolas próprias de Lu-cas falam do homem sem nome, rouba-do e caído à beira do caminho, falam dos pobres forçados a entrar para a festa do rei, falam do pobre Lázaro caído à porta do banquete diário do rico e do abismo que os separa aqui e na eternidade.As comunidades apostólicas

As comunidades que nos deram este Evangelho eram, em sua maioria, po-bres, mas preocupadas com outras mais pobres. Quando se resolveu o problema com as comunidades da Judéia, foi com-binado que as comunidades dos gentios não se esqueceriam dos judeus pobres (Gl 2,10). As comunidades da Macedô-nia (Filipos, Tessalônica), apesar de sua profunda pobreza, participaram de uma campanha em favor deles (2Cor 8,1-2).

Em Corinto, a grande maioria era de pobres, sem nome e sem estudo (1Cor 1,26), mas a minoria rica os humilhava até na celebração da Ceia do Senhor (1Cor 11,17-34). As comunidades de hoje

Quando as autoridades da Igreja pa-reciam ter se esquecido dos pobres e da pobreza, permitindo que o poder e a riqueza as governasse, São Francisco inventou o presépio, para lembrar o nas-cimento de Jesus segundo Lucas. Ainda há lugar para o presépio?

Há, ainda, um ser humano roubado e caído à beira da morte e do caminho. Como na parábola, pode acontecer que aqueles que estão mais ligados à reli-gião e ao culto, o sacerdote e o levita, se esforcem por não vê-lo, enquanto o “inimigo”, o sem religião, o samaritano, se debruce sobre ele.

Ainda há ricos que, todos os dias, dão esplêndidos banquetes para os quais convidam os líderes da Igreja. Os pobres Lázaros continuam esperando migalhas e só encontram solidariedade nos cães que se alimentam de seu sangue e, com a saliva, lhes aliviam as feridas.

Da Redação

6 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Entrevista

Notícias

Na Solenidade de Pentecostes (15/5), em comunhão com a Igreja em todo o mundo, o movimento eclesial Renovação Carismática Católica, destacando sua iden-tidade pentecostal, realiza, todos os anos, eventos em toda a Diocese para celebrar a manifestação do Espírito Santo sobre a co-munidade cristã. Por isso, encontros foram realizados em quase todos os setores pas-torais. Leia um resumo de como foram as celebrações por toda a diocese. Alfenas

Em Machado, cerca de três mil pessoas se reuniram num ginásio poliesportivo para um programa de pregações e orações, ministra-das por Marilza Valentim. Os padres Alexandre José Gonçalves e Rovilson Ângelo celebraram a Missa de encerramento do encontro.

Já em Alfenas, houve um evento des-tinado aos participantes dos grupos de oração no período da manhã. À tarde, o evento foi aberto ao público, atingindo um público de oitocentas pessoas. Vários pre-gadores participaram do evento: Eduardo, Danusa e o padre Éder Carlos. Na missa, concelebraram os padres Reinaldo Mar-ques Rezende e Gilmar Antônio.Areado

A Renovação Carismática Católica de Areado realizou o Encontro de Pentecostes, ministrado pelo ministério-missão Voz do Santíssimo e por Felipe Torres, membro da Comunidade Immanuel (SP). O encontro foi realizado no período da tarde e foi con-cluído com a Missa. Houve momentos de oração, louvor, adoração e pregações.Cássia

Em Capetinga, o movimento realizou uma Vigília Eucarística na noite do sábado (14/5), com momentos de louvor, pregação e adoração ao Santíssimo Sacramento.Guaxupé

Na sede diocesana, o encontro teve como pregadores, os membros da Coor-denação Diocesana, Renato dos Reis e José Nivaldo de Petúnia, distrito de Nova Resen-

Assessor do 33º Encontro Diocesano das Co-munidades Eclesiais de Base, realizado em Nova Resende em abril e maio, Gilvander Luís Moreira é frei e padre da Ordem dos car-melitas. O religioso é bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teolo-gia pelo ITESP/SP, mestre em Exegese Bíbli-ca pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutorando em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB e Via Cam-pesina, em Minas Gerais. Durante sua passa-gem pela Diocese de Guaxupé, ele concedeu esta entrevista ao Jornal Comunhão.

As Sagradas Escrituras, através da ex-periência de reflexão em grupos, podem contribuir na construção de novas pers-

RCC promove eventos em toda a Diocese para a celebrar Pentecostes

“A luta coletiva contribui para se explicitar a força interior que tem nas pessoas”

de. Os pregadores conduziram cinquenta participantes a uma verdadeira experiência com o Espírito Santo. Durante o encontro, houve a Celebração Eucarística, da qual participaram os padres Glauco Siqueira e Claiton Ramos. Realizou-se uma tarde de adoração ao Santíssimo Sacramento orien-tada pelo padre Reginaldo Silva.

Em Juruaia, o encontro teve início às 15 horas no Centro Catequético com um mo-mento mariano, onde os participantes senti-ram a presença de Maria de Nazaré, também presente com os apóstolos no dia de Pente-costes. Logo após, aconteceu a adoração a Jesus Eucarístico e depois um momento de pregação com Tiago Ribeiro. Os participan-tes puderam se encher do Espírito Santo e revigorar as forças para suas atividades.

A Associação Rainha da Paz, em Petúnia, organizou uma tarde de oração e pregação. O encontro foi realizado à tarde com a acolhida do novo pároco, Padre Heraldo Freitas Lamin.

As duas paróquias de Guaranésia cele-braram conjuntamente a data. O evento teve o objetivo de fortalecer a espirituali-dade e o comprometimento de todos os membros da RCC e, ainda, a unidade entre

os movimentos e pastorais da Diocese e da comunidade local. O início do encontro foi com uma missa celebrada na Paróquia Mãe Rainha pelo pároco, Padre Donizete. Em seguida, as atividades se intercalaram em momento de animação, pregação e oração. Passos

Em Passos, reuniram-se, aproxima-damente, trezentas pessoas na noite de sábado, para uma experiência de louvor, animação, música e dança. Houve prega-ções, celebração eucarística da Vigília de Pentecostes presidida pelo Padre Pedro e o encerramento com a Vigília Eucarística.

No domingo, além de animação e ora-ção, houve pregações e a missa, presidida pelo Padre Alessandro, de Itaú de Minas, atual diretor da RCC no setor. Os participan-tes participaram de uma arrecadação de alimentos não perecíveis.

O encontro em Fortaleza de Minas se re-alizou num bairro rural da cidade, reunindo aproximadamente cento e trinta pessoas. Houve pregações com as temáticas: Nossa Senhora e Pentecostes; a Pessoa e Missão do Espírito Santo; “Arrependei-vos e recebei os dons do Espírito Santo”; Efusão do Espíri-

to Santo; e Vida Nova no Espírito.Em Alpinópolis, pela manhã, o encon-

tro foi iniciado pelo padre Donizetti Brito e prosseguiu com pregações. Na oração inicial, houve um momento de espiritua-lidade mariana, conduzido por Ana Paula. Em seguida, a primeira pregação foi do lei-go Francisco sobre as promessas de Deus. Sobre os frutos do Espírito Santo, a respon-sável pela palestra foi Ana Geralda. Após o almoço, foi rezado um terço com a presen-ça dos movimentos do Terço dos Homens e das Mulheres. Uma apresentação teatral re-tratou os capítulos 1 e 2 dos Atos dos Após-tolos pelo Ministério de Artes. A última pregação foi de Juliano, coordenador paro-quial da RCC, sobre o tema “Arrependei-vos e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 38). Finalizando o encontro, a missa foi ce-lebrada pelo Padre Donizetti, que destacou em sua homilia a autenticidade da fé cristã.Poços de Caldas

A tarde de Pentecostes promovida pelo grupo de oração “Água Viva” da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Poços de Caldas, contou com a participação de apro-ximadamente cento e cinquenta pessoas que se uniram para celebrar a vinda do Es-pírito Santo sobre a Igreja.

“Estou muito feliz e grato por respon-derem positivamente ao convite que fiz ao grupo de oração. Com certeza, esse foi um encontro de edificação para a vida de mui-tas pessoas que participaram”, destacou as-sim o Padre Darci Donizeti da Silva.

As palestras ministradas no encontro foram: Maria em Pentecostes, proferida por Rita Mariano destacando a importân-cia de Nossa Senhora naquele dia tão im-portante para a Igreja; e Um Novo Pente-costes, por Reginaldo Virgile, que abordou como vive uma pessoa que se entrega a ação do Espírito Santo diariamente. Para encerrar, houve a exposição do Santíssimo Sacramento.

Da Redação

Foto: Alexandre Oliveira

Reginaldo Virgile destacou a importância de se viver sob a ação do Espírito Santo

pectivas para a realidade atual?A Bíblia em si é ambígua, ela precisa ser

interpretada. Mesmo os fundamentalistas e literalistas, dentro ou fora da Igreja católica dizem: “a Bíblia não precisa interpretar não, é só ler e colocar em prática”. Isso é uma estu-pidez, pois a Bíblia foi escrita, a grosso modo, de 1200 anos a.C. até 115 d.C.. São 1300 anos da experiência de caminhada de um povo, por isso precisa ser interpretada. Ao longo de 2 mil anos de história do cristianismo, Deus e a Bíblia, infelizmente, através de lei-turas fundamentalistas, têm justificado um monte de ilusões, de violências. Se os textos bíblicos são interpretados de uma maneira comunitária, libertadora, transformadora, ecumênica, podem libertar e emancipar.

Há um documento da Pontifícia Comissão Bíblica [A Interpretação da Bíblia na Igreja], de 1993, que analisa os vários métodos de interpretação da Bíblia e o único método fortemente criticado é o da leitura funda-mentalista. A Bíblia é um facho de luz, mas precisa ser interpretada de forma comunitá-ria com uma perspectiva ecumênica a partir dos oprimidos. Pegando versículos isolados você pode abusar da Bíblia para justificar o que quiser.

Existem elementos norteadores que ofereceriam uma compreensão autêntica do texto sagrado?

O fio condutor é se a gente vê de ponta a ponta na Bíblia um Deus trans-descenden-

te, que está sempre descendo. “Deus ouve o clamor do povo oprimido e desce para li-bertá-lo” (Ex 3, 7-10). “Eis um novo céu e uma nova terra, o povo tem vida, tem justiça, paz, a violência é superada, o povo está vivendo muito, quem constrói as suas casas mora nelas, sinal do Reino de Deus na terra” (Is 65, 17-25). Em todos os Evangelhos se mostra Deus se encarnando, assumindo a condição humana. E, quando chega ao Apocalipse, Deus se cansa de viver lá no céu, desce e arma sua tenda no meio do povo. Então, é sempre esse movimento de trans-descen-dência, Deus se comprometendo, se fazen-do solidário.

Desse modo, a experiência de fé deve

7JUNHO/2016

Entrevista

Foto: Arquivo pessoal

Frei Gilvander, em doutorado e trabalho pastoral, pesquisa a educação como via de fortalecimento de lutas sociais

pautar-se também por esse princípio de alteridade e responsabilidade?

A constituição magna do povo de Deus na Bíblia é o Decálogo. Mas não é para ser vivenciado só por pessoas isoladas, mas pela comunidade, pelo povo e pela sociedade. Quem não deve matar não é só o indivíduo, mas a sociedade deve se organizar de modo que não aconteça nem morte, nem roubo, nem adultério. [Esse último] não é só uma questão de traição amorosa, por exemplo, [o uso de] agrotóxico é adulteração da Mãe Ter-ra, da irmã água. Com os transgênicos, você está adulterando as sementes.

A palavra que está no centro do Decá-logo, “não matarás”, se lido de forma positi-va [poderia ser compreendido como] “faça viver”. A vida é o carro-chefe do Primeiro Testamento, no Segundo Testamento, [no evangelho de] João, [Jesus diz:] “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundân-cia” (Jo 10, 10).

Portanto, o fio condutor que devemos ter para compreender a Bíblia é Deus trans--descendendo. [Ao longo dos textos bíbli-cos, percebe-se] sempre os profetas e as profetizas, o povo com fé no Deus libertador e solidário, lutando por vida, justiça, ética e solidariedade e isso vai permeando toda a Bíblia. Essa interpretada na perspectiva das comunidades eclesiais de base, do CEBI, das pastorais sociais, da Teologia da Libertação, gera-se vida não só pessoal, mas social e ecológica.

Há situações concretas do caráter emancipatório da experiência cristã fun-damentada na Bíblia que foram vivencia-das em seu trabalho de acompanhamento de grupos sociais?

Eu cito dois exemplos da força da Bíblia quando é interpretada de maneira liberta-dora. O primeiro, quando frei Carlos Mesters, um dos biblistas fundadores do CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos), celebrava 60 anos de aniversário, recebemos um tele-fonema do frei Albert Nolan, biblista domi-nicano, [que estava] na África do Sul. O frei se identificava e parabenizava Mesters, pois havia recebido na África do Sul vários dos livrinhos de sua autoria. Lá, eles traduziram o livro Leitura popular, militante, transfor-madora e ecumênica da Bíblia. Nolan ainda afirmava: “nós estamos muito felizes, porque o tipo de interpretação bíblica que o CEBI faz

tem nos ajudado na luta contra o apartheid racial e social”. [Ainda hoje] há muitas leituras racistas e xenófo-bas, que discrimi-nam as minorias que são as maio-rias.

Outro exemplo. Na Guatemala, nas décadas 60 e 70 [do século passa-do], ocorreu uma das mais sangren-tas ditaduras da América Latina, da

África e da Ásia. Foram 40 mil pessoas de-saparecidas, assassinadas e exiladas. Logo após o golpe militar e empresarial no país, os generais mandaram confiscar as bíblias, porque estavam se disseminado em todo o país os círculos bíblicos. O povo, semanal-mente nas comunidades eclesiais de base, faziam os roteiros, liam uma passagem da Bíblia e um fato da vida e se animavam para lutar por terra, direitos e liberdade. Os gene-rais da ditadura descobriram que a força do povo pobre estava na Bíblia. Então, o exérci-to foi de casa em casa confiscando as bíblias. Houve casos em que juntaram, por ordem da ditadura, montanhas de bíblias em pra-ça pública, jogaram gasolina e incendiaram. Mas a sabedoria e a fé do povo é uma mara-vilha. Sabe o que muitos fizeram? Correndo a notícia do confisco das bíblias, muita gen-te pegou seu exemplar, colocou dentro de um saco plástico e o enterrou no quintal de casa. Passando o exército em revista, os mo-radores diziam que não havia bíblia. Assim, os grupos dos roteiros bíblicos continuaram fazendo as reuniões semanais nos terreiros e quintais das casas, onde sabiam que a bíblia estava protegida. A liderança das comunida-des dizia estar proibida de ler a bíblia, mas se lembrava de várias passagens da bíblia. Iam puxando pela memória e, assim, acontecia o círculo bíblico, funcionando mesmo sem a leitura da Bíblia.

Na última Assembleia Geral, em abril, a CNBB aprovou um documento sobre a participação dos leigos e sua missão na Igreja e na sociedade. Qual seria o itinerá-rio para que eles cumpram seu ministério numa realidade indiferente aos valores evangélicos?

A gente nunca pode esquecer que Jesus nasceu leigo, viveu leigo e foi condenado à pena de morte como leigo e, como leigo, celebrou a primeira Eucaristia e ressuscitou. Jesus de Nazaré foi condenado pelos três principais podres poderes: econômico, re-presentado pelos saduceus, os grandes pro-prietários de terra da época; político, o Impé-rio Romano, Jesus exerceu sua missão numa colônia, consolou os aflitos e incomodou os arautos do Império; religioso, Jesus foi con-denado pelos sacerdotes do Sinédrio. Nos primeiros 300 anos das comunidades cristãs, a regra geral era sobreviver nas catacumbas. Depois com Constantino, quando os cristãos

optaram pelo caminho mais fácil e entraram debaixo das asas do Império, começou uma tragédia na história. Quando a Ação Cató-lica e o Concílio Vaticano II dizem “a Igreja é Povo de Deus”, depois na América Latina se concretiza a opção pelos pobres e, quando em Santo Domingo, [compreende-se] a pri-mazia do laicato, que deve ser protagonista e liderança. O documento de Aparecida confirma isso numa perspectiva de encar-nar, de assumir a história e de potencializar a dimensão comunitária, onde estão os leigos. O rumo que a Bíblia, o Evangelho, a fina flor do ensinamento social da Igreja [apontam] é na perspectiva da gente colocar em prá-tica esse movimento mais comunitário de descentralização do poder, ser fermento na massa que some e faz crescer.

Como pode ser analisada a relação en-tre serviço e poder dentro da instituição católica?

Há muitos padres, diáconos e bispos, que estão na instituição, mas estão a serviço dessa Igreja-Povo. Infelizmente, há segmen-tos religiosos que não fortalecem essa Igreja comunitária, em rede, mas fortalece uma Igreja piramidal. Toda pirâmide só sustenta uma minoria que está lá em cima às custas de uma base que a sustenta. Quando você centraliza o poder no padre e no bispo e eles passam a mandar e os outros a obedecer, você está formando uma pirâmide, você está exercendo o poder e os outros são infantili-zados. O maior poder que nós, sacerdotes, temos é o poder de explicitar a sacralidade que está nas pessoas, na dignidade huma-na e em todos os seres vivos. Quanto mais a gente faz circular e torna como regra o co-munitário, mais a gente estará acordando as infinitas forças e luzes divinas existentes nas pessoas. Outro aspecto grave no exercício do poder religioso é o tipo de interpretação bíblica, de moral, de espiritualidade que o padre promove na comunidade. “Eu preciso diminuir para que Jesus cresça”. Se eu fico atraindo todas as atenções para mim e inibo o crescimento espiritual das pessoas, estou alimentando poder-dominação e não po-der-serviço.

As relações humanas se alteraram nos últimos anos, com uma predominância do individual sobre o coletivo. As instituições tradicionais são capazes de oferecer à so-ciedade atual uma proposta satisfatória?

Estamos no meio de uma crise plural e das instituições. Se nós olhamos o início de todas as instituições, eram propostas origi-nárias, revolucionárias e libertadoras. Com o crescimento da instituição, tem-se a grave tentação de acomodar-se e cuidar mais de si mesma e, assim, deixa de ser emancipadora. Precisamos fazer uma autocrítica constante e permanente no sentido de não deixar ne-nhuma instituição enrijecida, de modo que não se esqueça das suas origens. A socieda-de capitalista investe o tempo todo em aco-modação, sedentarismo, vida cômoda e fá-cil. Para se ter uma educação emancipatória, libertadora, não se pode pensar: ‘nós vamos conscientizar, formar e aí depois que [as pes-soas] estiverem conscientizadas, vão fazer as

ações’. É nadando que se aprende a nadar. O capitalismo incentiva através dos seus instrumentos as pessoas a serem isoladas, individualizadas, egocêntricas e ambiciosas. Mas o que emancipa mesmo [o indivíduo] é a perspectiva comunitária, o que vale é a gente atuar coletivamente. Se o poder dos ricos está no dinheiro e o poder do Estado está nas armas e nas leis, o poder dos peque-nos está no número.

Qual seria a alternativa para uma trans-formação social mais justa e solidária?Quando se vai para uma luta coletiva, a gente tem força, passa a ser respeitado, aí se emancipa. A luta coletiva contribui para se explicitar a força interior que há nas pes-soas. O processo de emancipação humana passa obrigatoriamente pela distribuição de tarefas, de valorização dos talentos e a criati-vidade de todo mundo. Isso é o remédio que combate o espírito do individualismo, insu-flado pelo capital na mente da sociedade. Quanto mais a gente valorizar esse germe do comunitário, da ação coletiva, melhor. Cito uma característica de Jesus de Nazaré que me inspira muito. Se formos olhar os quatro evangelhos, a grosso modo, na pri-meira fase de atuação de Jesus, do início até o meio dos evangelhos, o que se vê é um Jesus basicamente sendo solidário, esban-jando ternura, misericórdia e compaixão. Quando chega ao meio dos evangelhos, começam a aparecer ameaças e Jesus faz uma análise, percebendo que há uma en-grenagem causando essa situação. Do meio do evangelho, aparece outra característica básica: Jesus vai aprofundando e radicali-zando a luta por justiça. Então ele começa a denunciar e a desmascarar [a corrupção e a exploração]. Solidariedade e Luta por justiça são os dois braços do ensinamento de Jesus Cristo, [isso foi] o que desencadeou as amea-ças de morte e levou à sua condenação. Não foi sua atuação solidária, mas o que incomo-dou foi a luta por justiça. Muitas vezes, para consolar os aflitos, a gente tem que incomo-dar os acomodados. .

8 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Ano da Misericórdia

Campanhas do Agasalho incentivam obras de caridade nas cidades da regiãoDas sete obras de caridade que se

pode viver mais intensamente neste Ano da Misericórdia, a terceira delas “Vestir os nus” tem sido bastante in-centivada nas cidades da região. Com a chegada dos dias mais frios do ano, surgem também diversas campanhas de arrecadação de roupas e cobertores. São iniciativas da Igreja e também das mais diversas entidades. Todas com o objetivo social e cristão de aquecer um pouco mais o corpo e o coração daque-les que passam por necessidades.

A Basílica Nossa Senhora da Saúde, de Poços de Caldas, está distribuindo folhetos com a explicação de quais são as Obras de Misericórdia Corporais e as Espirituais. Além de entender quais são elas, os católicos são convidados a levar este folheto na Missa de Corpus Christi, assinalando quais obras praticou nesse período. No mesmo impresso, a doação de sangue também é incentivada.

Na mesma cidade, existe o colégio católico Jesus Maria José que, por ter a Pastoral Escolar, durante todo o ano cria iniciativas sociais. Em 2016, por conta do Ano da Misericórdia, o colé-gio está trabalhando quase que men-salmente com campanhas, como foi, por exemplo a Páscoa Solidária, que arrecadou doações de chocolates para a instituição de crianças carentes Casa do Menor Dr. Ednan Dias.

Além desta, estão também ativas a campanha de arrecadação de roupas, agasalhos e acessórios para ajudar na Feira da Pechincha do Projeto Artístico Semear; Piquenique e Pilates Solidário do Dia das Mães, cujo ingresso para participação era a doação de um pro-duto de higiene pessoal para o Asilo São Vicente de Paulo.

Segundo a coordenadora de Eventos e Pastoral do Colégio Jesus Maria José, Flávia Pires de Carvalho, a Campanha do Agasalho é tão tradicional que basta chegar o frio que pais e alunos já co-

meçam a pergun-tar. “Tivemos três campanhas até o momento e não só na de agasalhos, mas percebemos uma melhoria na receptividade das campanhas, pois, em nossas divul-gações, inserimos essa informação e principalmente dese nvolve mos um trabalho com todos os alunos e funcionários do colégio sobre o Ano da Misericór-dia com suas obras corporais e espiri-tuais”, explica.

Flávia conta ainda que, para incentivar as do-ações, as campa-nhas geralmente são associadas a gincanas, visitas, orações ou estudos sobre um público específico. “Quem quiser nos ajudar basta entrar em contato pelo telefone 3722-2021 ou pessoalmente no colé-gio”, informa.

Também em Poços de Caldas, até mesmo os fãs do futebol são convida-dos a ajudar quem precisa. A Torcida do São Paulo Futebol Clube Dragões da Real sub-sede Poços de Caldas está promovendo uma Campanha do Aga-salho. O objetivo é arrecadar diversas peças de roupas como calças, blusas, sapatos e também cobertores que es-tejam em bom estado.

As doações para a campanha po-dem ser feitas até o dia 15 de junho, quando todo material recolhido será selecionado e encaminhado às entida-

des assistenciais que atendem crianças, idosos e moradores de rua.

Estão à disposição da população dois pontos de arrecadação. Um deles é a loja de roupas Kiss, localizada no Sho-pping Gibimba, rua São Paulo, 46, loja 1, no centro de Poços. Outra opção é o Restaurante Japa-Dal, na avenida Mon-senhor Alderige,176, Jardim Country Club. Os dois locais estão identificados com o cartaz da campanha.

Segundo Marcos Cássio Batista Jú-nior, um dos diretores da torcida, a ideia é que esse seja um momento de união entre torcedores de todos os ti-mes. “Não queremos apenas a ajuda dos são-paulinos, mas de toda a cidade de Poços de Caldas. Independente do time do coração de cada um, o objetivo

de ajudar quem precisa é muito maior”, esclarece.

Outras iniciativas muito significativas são das pa-róquias que aproveitam a festa de Corpus Christi para arrecadar cobertores. To-dos os anos, os fiéis da pa-róquia Nossa Senhora Apa-recida, de Alfenas, doam cobertores que são usados para enfeitar o altar, a en-trada da igreja e também a procissão. Após a soleni-dade, todo o material é en-caminhado para as pessoas mais carentes.

As doações são feitas na secretaria paroquial no horário das 8h às 12h e das 13h às17h, durante a sema-na, e no sábado, das 8h às

12h. De acordo com a agente da Pas-toral da Comunicação, Angélica Souza, existe um retorno muito grande por parte das pessoas que ajudam fazendo as doações. “Recebemos tantos cober-tores que dá para atender as pessoas carentes que vivem no território da pa-róquia, as pessoas que vivem nas ruas e também à Associação de Proteção aos Condenados de Alfenas (APAC).

Uma iniciativa parecida também acontece na cidade de Guaxupé. Re-centemente, foi lançada, pela Catedral Nossa Senhora das Dores e pela Polícia Militar, uma campanha para coleta de cobertores que também serão utiliza-dos na procissão de Corpus Christi e, posteriormente, doados às famílias ca-rentes. As doações podem ser deixadas no Quartel da Polícia Militar que fica na avenida Dona Floriana e também na Igreja Matriz, no centro da cidade.

Mesmo com tantas ações sendo rea-lizadas, todos os cristãos são chamados a fazer seu algo a mais, principalmen-te nesse tempo em que tantos irmãos passam frio e estão às margens da so-ciedade. Vestir quem precisa é vestir o próprio Cristo, conforme pede o papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “Os excluídos con-tinuam a esperar (…) Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do dra-ma dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe…” (cf. EG. 54).

Por Julianne Batista

Paróquia em Alfenas realiza a arrecadação de cobertores na festa de Corpus Christi, motivando os fiéis a partilhar com os mais necessitados

Campanha do Agasalho é uma iniciativa de múltiplas entidades que se unem para atender o maior número de pesso-ascom os mais necessitados

Fotos: Redes Sociais

9JUNHO/2016

Liturgia

“Dimensão comunitária da Fé:As Celebrações Litúrgicas como exaltação da fraternidade”

A fé nasce no íntimo do coração de cada ser, posteriormente, brota um desejo de agrupar-se com os que comungam com sua crença e é sobre-tudo neste encontro que se dá em um corpo - que aqui descrevemos como Igreja-comunidade - que contribuirá para a uma vivência mais profunda e frutuosa da fé. “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou Eu no meio deles” (Mt 18,20).

Jesus foi um judeu que orava! Cum-pria os preceitos e celebrações de seu povo. Tudo isso sem se distanciar do culto da vida, da oração e da ação. As críticas de Jesus sempre foram pau-tadas na sinceridade de coração, no amor à solidariedade e ao perdão ao próximo. O filho do carpinteiro que pregava na Sinagoga era o mesmo que estava entre os doentes e fazia refeição com os pecadores impuros. Em tudo isso vemos como Jesus, em perfeita maestria, unia a ação ritual à solicitude e à solidariedade, ao amor e ao serviço.

Nos relatos do evangelho de João, na última ceia, Jesus deixa aos seus discípulos o seu maior testamento e o que os distinguiria como seus segui-dores: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amar-des uns aos outros” (Jo 13,35). Como Jesus presenciou inúmeras vezes a se-

paração que havia entre lei e vida, ritos e práticas, comunidade e sociedade, exortou seus seguidores a serem dife-rentes, e a se destacarem no serviço e amor aos irmãos.

Os primeiros cristãos, contagiados pela radicalidade da proposta de Je-sus, dispunham de seus bens, viviam em fraternidade e buscavam sempre a participação e a edificação de todos (cf. Tg 2, 1-9; 1Cor 14, 1-39). Nos rela-tos, em Atos dos Apóstolos, lemos que é a “fração do Pão” o ato central da co-munidade. Nesses encontros eram re-lembrados os ensinamentos de Jesus difundido pelos Apóstolos. Realizava--se a fração do Pão em memória do Se-nhor e, por fim, a distribuição dos bens de acordo com a necessidade de cada um (cf. Atos 2,5 – 11,41). Nos momen-tos de conflito, quando a fraternidade e a solidariedade não eram observa-das e a comunidade se distanciava dos princípios evangélicos, a comunidade era convidada por seus líderes a re-lembrar aquilo que nos ensinou o Se-nhor. Um episódio que bem ilustra tal convite encontramos em 1Cor 11,17-34, onde Paulo exorta os membros da comunidade de Corinto a examinar a consciência e a buscar uma coerência de vida.

As celebrações litúrgicas são ex-pressões de fé de um povo, reunido

em nome de Deus para render-lhe um culto agradável. Esse mesmo povo está inserido em um corpo social e tem como obrigação cristã a transforma-ção do mesmo - DGAE 2015-2019 n.º 109-127. Essa transformação se dá de modo mais perfeito no testemunho da caridade e da fraternidade. A liturgia da Igreja em seus sacramentos e sacra-mentais prefigura a Jerusalém celeste (SC n.º 8), acena para o homem qual é sua meta e, ao mesmo tempo, aponta para condições humanas e nos convi-da a vivermos, no dia a dia, aquilo que celebramos.

Uma comunidade reunida para a celebração dos sacramentos deve dei-xar com que a eficácia destes sacra-mentos despertem uma consciência de fraternidade, para que o culto a Deus não se desvincule do compro-misso com os mais pobres. Pensemos que no mesmo instante em que Jesus ceava com os seus, em preparação para sua Páscoa, instituindo a Eucaris-tia e o Sacerdócio, muitos outros, do lado de fora, estavam vivendo condi-ções sub-humanas, havia discrimina-ções, abuso de autoridades civis e re-ligiosas como bem sabemos, porque isso nasce no coração humano e não provem de Deus. Não devemos nos acomodar com as oposições entre li-turgia e vida, como se a liturgia fosse

oposta a cotidianidade da existência humana ou, até mesmo, culpada pelo egoísmo presente no ser humano.

O Concílio Vaticano II afirma que a Igreja é sacramento de salvação, ou seja, sinal de esperança e de conforto para todos nós. Sinaliza o que nos é oferecido pelo Senhor, pois todos nós participaremos do mesmo banque-te, onde não houver injustiça, porque nossas debilidades humanas serão completadas pela graça de Deus. Em suas catequeses semanais, papa Fran-cisco disse “ser a Igreja o lugar dos se-guidores de Jesus e não uma comuni-dade de seres perfeitos”. Ser seguidor de Jesus é nutrir em nossos corações “os mesmos sentimentos de Cristo” (Fl 2,5).

Façamos da prece da Igreja a nossa prece: “Dai-nos olhos para ver as ne-cessidades e os sofrimentos de nossos irmãos; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e opri-midos; fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo seu mandamento, nos em-penhemos lealmente no serviço a eles. Vossa Igreja seja testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, para que toda a humanidade se abra à esperança de um mundo novo” (Oração Eucarística para diversas cir-cunstâncias VI-D).

Por Guilherme Ribeiro, seminarista

10 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Formação da Identidade em ComunidadeToda cultura tem sua própria per-

sonalidade formada por seus motivos, objetivos, ideais e valores. Estas carac-terísticas são valorizadas e absorvidas pela maioria das crianças que crescem e convivem nesta comunidade. A esta aquisição de normas, crenças e padrões de comportamentos chamamos de so-cialização - responsável por produzir indivíduos que se ajustem à cultura e ajudem a mantê-la.

A socialização de uma criança se dá segundo seus motivos (necessidades) e seus comportamentos (aprendizagem). Desta maneira, a criança é incentivada, primeiramente pelos pais, a adquirir independência para a construção da autoconfiança, fator importante para aprender a superar obstáculos e obter satisfação pelo seu trabalho e pelas

suas conquistas.A ausência de contatos sociais e a

redução de interação social aumentam os comportamentos de dependência e podem influenciar na formação da personalidade adulta. O período pós moderno desencadeou uma corrida aos bens de consumo e à aquisição de novos valores sociais - consumir e competir. Valores individuais prevale-cem sobre os coletivos e o sucesso tem representações palpáveis (casa, carro, celular, viagens etc.) sobrepondo aos interesses comunitários.

A geração jovem deste século 21 é ansiosa, insegura e com profunda sen-sação de desamparo e inadequação so-cial. Jovens sem ideais se tornam adul-tos dependentes de pequenos eventos introspectivos e voltados para seu pró-

prio universo.A sociedade exige, cada vez mais,

capacidade para rápidas adaptações e mudanças, mas o homem vive a era do individualismo e do desprendimen-to de valores e ideais proclamados por instituições como Família, Estado, pela própria consciência social e outros. Tais valores, hoje, parecem utopia e não são acolhidos como essenciais e formado-res de uma personalidade independen-te, saudável e voltada ao bem comum. Fica um vazio na concepção do homem como pessoa, e responsabilidade como cidadão culturalmente adaptado.

Ao invés de ampliar a independên-cia, fator primordial na formação da identidade, as pessoas têm se posicio-nado diante do mundo em atitudes de defesa e não mais de confraternização

social.Esses novos comportamentos são

geradores de medo, isolamento e pos-sessividade.

A perda de valores sociais e espiritu-ais leva o homem a viver apenas o co-tidiano e, em consequência, sua iden-tidade se perde no caos criado por ele mesmo ao desvincular-se dos valores sociais e culturais. Cresce o isolamen-to psíquico do indivíduo que busca ansiosamente em quem ou em que se apegar, tornando-se um ser sem metas, sem sonhos e sem ideal; alguém que não tem identidade própria e que vê o mundo apenas em sua perspectiva e não como ele realmente é. Suas convic-ções refletem apenas suas ações e não as ações do mundo que o rodeia.

Por Neusa Maria Figueiredo

Fé e Psicologia

11JUNHO/2016

Comunhão Presbiteral : Somente alcançada com formação permanenteAo iniciar este

comentário, gos-taria de destacar algumas palavras de dom Murilo Krieger, em Cele-bração Eucarísti-ca que presidiu aos padres no 16º Encontro Nacio-nal de Presbíteros (ENP). Disse: “mui-tos olhares estão voltados para eles (padres) na expec-tativa de um ver-dadeiro testemu-nho de alegria”. E mais: o bispo lem-brou também a relação de mútua cooperação entre presbíteros e bis-po, dizendo: “Que-ro testemunhar o que eu aprendi ao longo dos meus anos de episcopa-do: a maior parte do que o bispo consegue realizar em sua diocese, consegue fazê-lo por meio de seus sacerdotes”.

Estas palavras foram trazidas como experiência de nossos legados dioce-sanos deste encontro anual em Apa-recida – SP, e nelas, me senti muito feliz em perceber o quanto o reconhe-cimento do bispo diocesano ao seu presbitério é razão de enlevo espiri-tual e motivação, seja para o trabalho, bem como para vivência entre irmãos de uma mesma caminhada.

Em tempos de extrema seculari-zação, quando a atualidade coincide com a perda do sentido ‘sobrenatural da missão sacerdotal’ e, por vezes, da própria convivência entre irmãos de missão, essas são palavras de encora-jamento e motivação ministerial, para uma constante renovação do desejo de servir bem a Cristo junto aos irmãos e com os irmãos de uma mesma voca-ção, com alegria.

E como nos diz o texto do 16º ENP entre os números 307-309: 1) nossas alegrias não se reduzem ao nível psi-cológico, é uma bem-aventurança, é felicidade na esperança. 2) nossa esta-bilidade como padres está na Palavra de Deus; 3) e conclui-se que é preciso navegar, e por vezes, fabricar barcos para navegar sem medo de possíveis naufrágios, porque estes acontecem, e é, justamente por isso, tão necessária colaboração e amizade entre irmãos-a tão aludida comunhão presbiteral.

Logo, as palavras de dom Murilo são, na verdade, a essência de todo o encontro que foi motivacional e, ao

mesmo tempo, provocador a meu ver, a fim de que uma pastoral presbiteral possa ter sua eficácia diante de cons-tantes desafios que nos são apresenta-dos. Para justificar esta assertiva, colo-co aqui alguns elementos trabalhados no Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros como pontos chaves, seja da formação, seja de uma profí-cua proliferação ‘cultural’ do convívio entre irmãos, essa que deve existir, desde os primeiros momentos, na pre-paração daquele que é candidato ao irmão presbítero com anos de ministé-rio sacerdotal, uma vez que, a Forma-ção Permanente é uma proposta e um meio para o autoconhecimento.

Podemos, com certeza, perceber que toda a dinâmica da Igreja de Je-sus Cristo, para os dias de hoje, requer muito mais do que uma hierarquia es-tática, monolítica, e sim, a participação de todas as vertentes desta estrutura que chamamos de ‘Igreja’. E aqui, vale dizer, o padre é um dos pontos mais importantes dessa matéria, em função da sua vocação no processo de evan-gelização.

Para tanto, não podemos prescin-dir daqueles elementos doutrinários que são fundamentais e são o centro da identidade, da espiritualidade e da formação permanente de todo padre que, na verdade, ajudam o mesmo a descobrir o verdadeiro sentido de sua missão quanto presbítero e sua rela-ção com o Cristo Cabeça e Pastor e, por sua vez, a sua relação com o res-tante do presbitério.

Quais seriam esses elementos? Em primeiro lugar, o sacerdote na sua re-lação (intimidade) com o Deus Trino, ou seja, aquele que é dispensador da misericórdia de Deus, que manifestou seu amor, que cria e salva e ao redimir recria, e ao recriar faz todas as coisas novas. Logo, o sacerdote como Mi-nistro de Deus é braço, extensão para vida nova. Isso, independe de sua ca-pacidade, dos seus talentos, dos seus limites. Em segundo lugar, a dimensão ontológica da oração, pois aqui o pa-dre prolonga o sacrifício eucarístico, nele, não obstante sua condição mo-ral, por todos os efeitos é “oração de Cristo” com o mesmo empenho e efi-cácia. E terceiro lugar, a sua formação integral, não vista como adestramen-to, mas como meio de transformação do próprio homem, uma vez que se confia na graça operada pelo próprio Deus, por seu Santo Espírito a quem confiamos a obra!

A meu ver, levando em conta todos estes pontos ou elementos, como pre-ferirem, seremos capazes de dar su-porte ao grupo chamado presbitério. Estes homens necessitam com toda certeza, para sua inter-relação, da ca-ridade recíproca e da constante união à comunidade como exercício de vida para bem reproduzir a comunhão tão necessária, seja entre o clero, seja en-tre os que são servidos por sua prega-ção.

O Santo Padre o Papa, na aber-tura da Conferência Episcopal Italia-na 2016, afirmou que o presbítero é:

“essencialmente missionário, e um critério decisivo para uma decisão vocacional está na capacidade de se relacionar”. E continuou dizen-do da comunhão com os leigos e da importância de sua valorização e participação, tor-nando assim este ato “marca distin-tiva” da vida do sacerdote e que o “cenáculo do pres-bitério” é vital para o seu ministério, portanto, liberta do narcisismo e dos ciúmes cleri-cais; faz crescer a estima, o apoio e a benevolência re-cíproca; favorece não só uma comu-nhão sacramental ou jurídica, mas fraterna e concre-

ta.Aqui faço reforçar: a devoção a

Santa Eucaristia, sinal de Cristo que se faz dom incondicional e dom total do amor do Pai aos irmãos; o celiba-to, sempre tão mal compreendido por muitos e o dom espiritual da obedi-ência, tão necessário para a chamada comunhão. E, não menos importante, o amor à mãe de Deus também se faz essencial, uma vez a exemplaridade de Maria.

Portanto, diante desse processo formativo, razões teológicas ajudam todo o clero a se encontrar diante da-quele chamado que Deus lhes faz no dia a dia, numa contínua conversão em vista da caridade pastoral. “É a pra-xe da caridade pastoral, da vida em co-mum com seus coirmãos, da partilha da vida com o povo, sobretudo com os pobres, o ir atrás dos que se dispersa-ram, enfim, é na monotonia enervante do dia-a-dia que se forja o autêntico presbítero” (ENP, n.º 465). Consequen-temente, um presbitério deveria ser unido a uma ideia que não é sua, mas daquele que os atraiu a uma missão. Logo, vejo nessa proposta uma das muitas possibilidades para a tão so-nhada comunhão presbiteral: uma for-mação que seja pautada nos valores do Reino e que tenha um profundo e sincero desejo de cada padre, em con-verter-se a cada dia, num crescer como pessoa em vista do comunitário. Daí, a formação permanente.

Por padre Gentil Lopes de Campos Júnior, Guaranésia

Dia de Oração Pela Santificação do Clero

12 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Comunicações

Agenda Pastoral de Junho

Comemorações de Junho

Crônica

2 Encontro do Clero para Dia de oração pela santificação do Clero – Guaxupé3 Solenidade do Sagrado Coração de Jesus Reunião do Conselho de Formação Presbiteral - Guaxupé Setor Poços: Cursilho Feminino em Poços de Caldas4 Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral - Guaxupé Congresso Diocesano de Pregadores e Intercessores – RCC - Petúnia Cursilho Feminino em Poços de Caldas - Setor Poços de Caldas5 Encontro Setorial de MECE’s - Setor Alfenas Congresso Diocesano de Pregadores e Intercessores – RCC - Petúnia Cursilho Feminino - Poços de Caldas7 - 9 Assembleia CONSER e Encontro Regional dos Coordenadores Diocesanos de Pastoral – Belo Horizonte10 Cursilho Masculino - Poços de Caldas Encontro Vocacional – Seminário São José – Guaxupé11 Reunião Diocesana da Pastoral da Criança - Poços de Caldas Cursilho Masculino em Poços de Caldas Encontro Vocacional – Seminário São José – Guaxupé12 Formação CMPS – Mãe Rainha – Setor Poços

Natalício14 Padre Sidney da Silva Carvalho14 Padre Adivaldo Antônio Ferreira19 Padre Wellington Cristian Tavares

22 Padre Donizete Miranda Mendes29 Padre Pedro Alcides Sousa

Ordenação19 Padre Clayton Bueno Mendonça19 Padre Juliano Borges Lima25 Padre Eder Carlos de Oliveira

26 Padre Bruce Éder Nascimento30 Padre Luiz Caetano de Castro30 Padre Danilo Silva Bártholo

12 Cursilho Masculino - Poços de Caldas Encontro Vocacional – Seminário São José – Guaxupé15 Encontro dos Presbíteros até 5 anos de ministério18 Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPS)19 Encontro Diocesano de Catequistas - Guaxupé Encontro Setorial dos MECE’s em Poços de Caldas Formação CMPS – Mãe Rainha – Setor Alfenas Ultréia do Cursilho – Setor Paraíso22 Reunião da Pastoral Presbiteral - Guaxupé25 Reunião do GED do Cursilho - Guaxupé Reunião da Coord. Diocesana dos MECEs - Guaxupé Reunião da Coord. Diocesana de CEBs - Guaxupé Reunião da Coord. Diocesana da equipe do TLC - Guaxupé Reunião do Conselho Diocesano do ECC - Guaxupé26 Encontro Diocesano de Coord. de Grupos de Jovens - Guaxupé Formação CMPS – Mãe Rainha no Setor Passos Solenidade de São Pedro e São Paulo Apóstolo – Óbolo de São Pedro

Todos os anos, no dia 22 de maio, a cidade de Cássia recebe inúmeros devo-tos, vindos de várias cidades de Minas Gerais, de São Paulo, além de outras lo-calidades mais distantes. A cidade vive um verdadeiro “Monte Tabor” a cada ano. Cassienses e romeiros celebram com fé, amor e emoção a Festa de uma das santas mais populares da Igreja.

Santa Rita viveu no século XIV. Uma mulher simples, como qualquer mulher pobre da região da Umbria, na Itália. O que a diferenciou das demais mulheres foi a postura de uma pessoa obediente, temente a Deus e cheia de fé. Mas al-guém pode-se perguntar: mas isso não a diferencia de ninguém, pois muitas pessoas agem assim e não são reco-nhecidas como santas. A sua santidade deu-se porque ela muito amou e, aman-do, ela transformou sua obediência, seu temor e sua fé num exemplo de pessoa que exalava o aroma de Deus. Mesmo quando ela foi isolada num quarto, devi-do ao mal cheiro da ferida em sua fron-te, sua resignação e delicadeza atraíam pessoas que queriam vê-la, mesmo que fosse impossível.

A Cidade de Cássia, no sudoeste de Minas Gerais, diocese de Guaxupé, quando ainda era apenas um caminho de tropeiros, no início do século XVIII, co-nheceu a história dessa Santa poderosa,

Festa de Santa Ritaque intercedia a Deus pelas causas im-possíveis. Logo após sua morte, inexpli-cavelmente, multidões acorreram para venerar “A Mulher sem Rancor”. Não se tem explicação porque a cidade de San-ta Rita de Cássia, hoje somente Cássia, começou a receber a visita de romeiros.

Ao longo de mais de cem anos de história de devoção, desde que a região da chamada Prainha foi povoada até a atualidade, cassienses e romeiros ma-nifestam suas gratidões por inúmeras graças alcançadas. Não há registrado qualquer milagre que tenha sido cons-tatado e oficialmente reconhecido, mas há milhares e milhares de milagres que o povo, pobre ou rico, reconhece e oficiali-za pelos olhos, pela boca e pelo coração. A Santa dos Impossíveis acolhe a todos e intercede a Deus com tanto amor que não precisa de um caráter oficial para atrair multidões ao Santuário de Cássia, no dia 22 de maio em cada ano.

Quem conhece a história de Santa Rita e começa a contar com sua interces-são, logo passa a ser, não só um admi-rador de sua história, mas um devoto e propagador incansável de sua devoção. Que Santa Rita de Cássia nos ajude a ser-mos aqueles que manifestem a presen-ça e o olor de Deus.

Por padre Sandro Henrique, Cássia

Discípula do perdão!

Santa R itacáss ia - mg

FESTA EM LOUVOR

D e 1 3 a 2 2 d e m a i o

Realização