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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A TECNOLOGIA EDUCACIONAL A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: A EAD MEDIADA PELA INTERNET Por LUIZ LOVATE JUNIOR Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho VITÓRIA-ES 2010

A TECNOLOGIA EDUCACIONAL A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO … · Ignorar o advento da EAD mediada pela Internet ou colocar obstáculos ao desenvolvimento de softwares educacionais que envolvam

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A TECNOLOGIA EDUCACIONAL A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR:

A EAD MEDIADA PELA INTERNET

Por LUIZ LOVATE JUNIOR

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

VITÓRIA-ES

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A TECNOLOGIA EDUCACIONAL A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR:

A EAD MEDIADA PELA INTERNET

Trabalho monográfico apresentado por Luiz Lovate Junior como requisito de avaliação final do curso de especialização em Docência do Ensino Superior da Universidade Cândido Mendes orientado pelo professor Doutor Vilson Sérgio de Carvalho.

VITÓRIA ES

2010

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................04

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ . 05

METODOLOGIA...............................................................................................................11

CAPÍTULO I. NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS ......................................... ..14

1.1 Educação à Distância ......................................................................................... ..17

1.2 Informática e a EAD..............................................................................................20

1.3 EAD: Opção educacional e contemporaneidade ................................... ............. ..21

1.4 Professores e EAD ................................................................................................24

CAPÍTULO II TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ............................................................ ..25

2.1 Inclusão Digital e Educação ................................................................................ ..30

2.2 Ensino Online: implicações e considerações.................................................. .... ..32

2.3 Mídias Educacionais..............................................................................................33

CAPÍTULO III. EAD: Do planejamento, estruturação à avaliação ................................ ..35

3.1 EAD: Fundamentos e Desafios .......................................................................... ...37

3.1.1 Fundamentos....................................................................................... ................38

3.1.2 Políticas................................................................................................................40

3.1.3 Práticas.................................................................................................................41

3.1.4 Desafios................................................................................................................43

3.2 EAD – Legislação....................................................................................................44

3.2.1 Educação Básica na Modalidade EAD.................................................................45

3.2.2 Educação Superior e Educação Profissional na Modalidade EAD.......................45

3.2.3 Pós graduação à Distância ....................................................................................46

3.2.4 Diplomas e Certificados EAD emitidos por Instituições estrangeiras..................46

CAPÍTULO IV. EAD E Ensino Superior...............................................................................48

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ ....51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. ............. ....52

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RESUMO

A contribuição do estudo é fornecer uma análise sobre as potencialidades do uso da

informática como recurso metodológico no processo de ensino-aprendizagem como componente

importante na difusão da EAD, proporcionando diversidades de experiências que envolvem a teia

de relações que a EAD dispõe no referido aos conhecimentos difundidos, na elaboração da prática

educacional e no intercâmbio de relações para promover a multidisciplinaridade, interatividade e

democratização do conhecimento. As relações interativas e democráticas propostas pelo presente

estudo constituem padrões de articulação para promover o desenvolvimento de atividades

educacionais e desenvolvimento cognitivo.

Defende-se a idéia de que a utilização da Internet como mediadora na EAD contribui para

favorecer a multidisciplinaridade e a construção cognitiva, constituindo uma estratégia fundamental

para a democratização da educação, rompendo fronteiras territoriais.

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INTRODUÇÃO

Assistimos nesta primeira década deste novo século a um crescente avanço de novas formas

didáticas no processo de ensino-aprendizagem. Dentre as novidades educacionais, destaca-se a

Educação à Distância (EAD) e o desenvolvimento de novos ambientes educacionais de

interatividade. A EAD permite reduzir significativamente as barreiras geográficas e temporais que

dificultam o ensino presencial.

O tema deste estudo trata de uma nova perspectiva para a educação de populações distantes

que não tem disponibilidade ou mesmo acesso a uma escola tradicional: a Educação à Distância

(EAD), permitindo a quebra de uma barreira geográfica e elevando a educação tradicional para um

modelo sem fronteiras, ao mesmo tempo em que solidifica a necessidade de uma discussão mais

abrangente e esclarecedora a respeito do que a EAD pode oferecer aos seus usuários, visto que, a

mesma pode ser definida como sendo uma forma de educação que busca oferecer subsídios eficazes

tanto de comunicação e interatividade quanto de qualidade.

O uso da Internet na EAD marca uma nova e próspera fase no processo educacional, pois

permite o que ambientes de aprendizagem altamente interativos sejam criados.

A Educação à Distância (EAD) vem se difundindo no mundo todo, principalmente com o

advento e difusão do uso da Internet. Utilizando instrumentos e meios de comunicação capazes de

colocar em contato comunidades de pessoas geograficamente dispersas, a EAD tem desenvolvido

experiências de sucesso comprovado no mundo todo com este modelo de ensino-aprendizagem.

A propagação e utilização da Internet como ferramenta de ensino no processo educacional

da EAD, permite o estabelecimento de um ambiente inovador, visto que esta nova e revolucionária

tecnologia interliga computadores em todo mundo, propiciando a interatividade dos seus usuários.

Potencialmente, a Internet permite reproduzir, de forma simplificada, em termos de interatividade, o

ambiente da “sala de aula”, permitindo a fácil integração de texto, som, imagem, modelos,

simuladores, animação, etc., a interação com pessoas dispersas geograficamente em qualquer lugar

do planeta, a repetição dos conteúdos gravados, além de poder funcionar de forma assíncrona onde

cada membro do ambiente virtual escolhe o melhor horário para realizar suas tarefas; etc.

Ignorar o advento da EAD mediada pela Internet ou colocar obstáculos ao desenvolvimento

de softwares educacionais que envolvam novas metodologias e meios tecnológicos, é estar nulo no

mundo contemporâneo, na sociedade atual que se consolida, cada vez mais, como Sociedade da

Informação. É necessário aprender a identificar os caminhos de descoberta da inovação, vencer

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velhas resistências em relação ao novo e cooperar com mudanças no campo educacional que visem

a melhoria da qualidade do ensino.

A problemática do presente trabalho enfoca questões ligadas à utilização do computador e

da Internet no processo de ensino-aprendizagem, especificamente na EAD, procurando elucidar

como os recursos tecnológicos, aliados a prática pedagógica, podem enriquecer a ação educacional,

tornando o desenvolvimento cognitivo mais interessante e atrativo.

Desse modo, como a utilização da Internet na EAD, associando a comunicação e

interatividade pode contribuir de forma positiva no processo de ensino-aprendizagem e

desenvolvimento cognitivo dos educandos?

O objetivo deste trabalho monográfico é ressaltar a importância da utilização da Internet

como ferramenta didático-pedagógica na EAD destacando a comunicação e a interatividade durante

todo o processo de desenvolvimento cognitivo como uma de suas grandes vantagens.

A realização do presente estudo justifica-se no anseio e necessidade do mundo atual que

exige um aprendizado contínuo. A sociedade contemporânea vive uma evolução dinamicamente

acentuada, ocasionada pelo poder do homem que culmina numa reação em cadeia, determinando

inovações introduzidas e vinculadas com diversos aspectos da estrutura social em todos os planos

sociais, do cultural e econômico, ao educacional e das relações sociais.

As inovações tecnológicas nos permitem armazenar informações e torná-las

instantaneamente disponíveis em diferentes formas e em quase todo lugar. O reconhecimento do

papel das inovações tecnológicas e suas utilizações poderão transformar a estrutura educacional e

processo de ensino-aprendizagem.

Com a finalidade de que o conhecimento pode ser adquirido através da EAD fazendo uso da

Internet como ferramenta didático-pedagógica recíproca e simultânea da parte dos usuários,

trabalhando em direção do desenvolvimento cognitivo, reconhecer a potencialidade do uso da

Internet no processo educacional, como instrumento de aprendizagem.

A hipótese aponta que o uso das novas tecnologias de informação e comunicação na EAD

poderá contribuir para o crescimento desta modalidade de ensino, articulando uma nova forma de se

desenvolver ensino-aprendizagem no nosso século. A construção de um ambiente interativo

dependerá, fundamentalmente, da articulação em uma grande teia de significações por meio de

relações estabelecidas entre os gestores, tutores e os alunos para a realização das atividades

educativas e projetos propostos pela EAD mediada pela internet. Dependem de ações que precisam

ser construídas a partir da interação entre todos os atores educacionais envolvidos em tal processo.

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Por isso, é fundamental a interação entre a proposta da EAD mediada pela Internet e todos os

envolvidos direta ou indiretamente na formação deste processo.

O trabalho encontra-se divido nos seguintes capítulos:

CAPÍTULO I – Nesta parte serão enfocados os conceitos básicos de educação, tecnologias

educacionais como recursos didáticos, Internet, ensino superior e EAD. Trata das mudanças nos

paradigmas educacionais dos processos ensino-aprendizagem à luz da velocidade do nosso tempo e

da revolução dos processos de comunicação. Foca a EAD como opção de educação, participativa,

interativa e democrática e as TIC’s (informática) como molas que proporcionariam tal revolução no

trato com o conhecimento e principalmente em relação ao acesso democrático ao mesmo.

CAPÍTULO II – Trata das TIC’s e sua estreita relação com a contemporaneidade e sua

necessidade de rapidez e facilidade nas relações humanas. Ressalta o peso de uma “revolução da

comunicação tecnológica” que poderá imprimir novos conceitos e paradigmas e alterará de maneira

inexorável os processos de interação humana. Faz um breve histórico da trajetória do conhecimento

e das relações humanas para, a partir daí, estabelecer possibilidades de mudanças caso haja a efetiva

associação Tecnologia – Conhecimento – Educação mediada pela autonomia.

CAPÍTULO III – Detalha aspectos relevantes da estruturação e da legislação que rege as

EAD: seus fundamentos, práticas, políticas e desafios. Nessa perspectiva trata da EAD na Educação

Básica, Educação Profissional, Pós Graduação e ainda da certificação feita por Instituições

Estrangeiras.

CAPÍTULO IV – Os caminhos da EAD na Educação Superior, entraves a serem

transpostos, possibilidades, esforços para efetivação de um processo educativo pautado na

qualidade.

Debater os rumos que a educação pode tomar é, e deve continuar sendo, um dos principais

pontos norteadores de pesquisa para a educação, atualmente. Manter o currículo, as normas e a

estrutura educacional tal como estão, na prática, é inconcebível. A educação como instituição

precisa ser mais pró-ativa e incentivar mudanças, flexibilização, criatividade, MORAN (2000).

Dessa forma, além do debate da reformulação da educação como um todo, vem à tona a inserção de

novas tecnologias nesse processo de transformação, MORAN (2000):

“Uma educação inovadora se apóia em um conjunto de propostas com alguns grandes eixos que lhe servem de guia e de base. As tecnologias favorecem mudanças, mas os eixos são como diretrizes fundamentais para construir solidamente os alicerces dessas mudanças. As bases ou eixos principais de uma educação inovadora são: o conhecimento integrador e inovador, o desenvolvimento da auto-estima/autoconhecimento, a formação do aluno-empreendedor e a construção do aluno-cidadão. São pilares que,

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com o apoio das tecnologias, poderão tornar o processo de ensino-aprendizagem muito mais flexível, integrado, empreendedor e inovador” (s/p)

A proposta de inserção das novas Tecnologias de Informação e comunicação (TIC’s) na

educação deve se pautar na correta utilização das mesmas e não mais discutir se esta deve ou não

ser implantada, uma vez que a sociedade atual está inserida em um meio cada vez mais tecnológico

e interagindo com esse meio, o que leva à busca de propostas adequadas ao interesse do educando,

procurando adequar a educação neste novo cenário.

Deve-se propor um espaço inovador, de aspiração cognitiva e experimentação. MORAN

(2000) defende a buscar de soluções mais adequadas ao nosso tempo e, conseqüentemente, ao nosso

educando:

“É hora de partir para soluções mais adequadas para o aluno de hoje. (...) A escola pode ser um espaço de inovação, de experimentação saudável de novos caminhos. Não precisamos romper com tudo, mas implementar mudanças e supervisioná-las com equilíbrio e maturidade”. (MORAN, 2000, Web)

Mais do que recursos audiovisuais, as TIC’s podem ser aplicadas no processo de ensino-

aprendizagem e, em particular, atender à Educação à Distância (EAD). Implantando-se

corretamente as TIC’s no processo de ensino-aprendizagem, o educando tem a possibilidade de

desenvolver a aprendizagem, a pesquisa e a interação. A interação bem sucedida aumenta a

aprendizagem, enriquece a pesquisa e o espaço de atuação educacional se amplia. Mais do que isso,

o espaço cognitivo se redimensiona, bem como suas formas de atuação.

A revolução tecnológica presente no cotidiano da sociedade atual possibilita movimentos de

circulação de informações com velocidade e intensidade jamais previstas na história. Neste

contexto, a modalidade de EAD é vista como uma estratégia emergente na busca de alternativas da

educação de interagir com tais recursos.

A EAD pode ser utilizada como uma ferramenta de ensino para ofertar educação a regiões,

grupos da população que, por diversas razões, não têm acesso ao ensino regular e presencial. Pode-

se definir EAD como uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos

processos de ensino e aprendizagem ocorre através da utilização das TIC´s, com educandos e

educadores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos e diferentes.

O desenvolvimento desta modalidade de ensino (EAD), nos últimos anos, serviu para

implementar os projetos educacionais mais diversos e para as mais complexas situações. As

múltiplas possibilidades oferecidas pela EAD estão diretamente relacionadas à flexibilidade e

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redimensionamento do espaço educacional. Segundo MORAN (1998) a EAD está pautada nas

seguintes características:

§ Processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias (TIC’s), no qual educadores e

educandos estão separados espacial e/ou temporalmente;

§ Educadores e educandos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar

conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet,

mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o

telefone, o fax e tecnologias semelhantes.

A EAD faz uso da comunicação bidirecional, substituindo a interação pessoal na sala de aula

entre professor-aluno, usando como recursos de apoio a tecnologia disponível para efetuar essa

comunicação que propicie a aprendizagem e que faça a intermediação entre os mesmos.

A EAD é uma área em desenvolvimento e que, ainda, é recebida com receio pelos

administradores das instituições de ensino (públicas ou privadas), MORAES (2004) salienta a

necessidade de se desenvolver e demonstrar qualidade nas iniciativas, investindo em pesquisa e

definindo políticas claras.

A Secretaria de Educação a Distância do MEC sugere os Referenciais de Qualidade de

Cursos a Distância para nortear a oferta de tal modalidade pelas instituições de ensino. Dentro do

contexto dos referenciais de qualidade propostos pelo MEC, pode-se identificar o uso do ambiente

virtual de aprendizagem, que serve de apoio ao aluno, age como canal de comunicação e fornece as

informações aos estudantes a distância.

O uso das TIC’s disponíveis pela educação é essencial para que o processo de EAD se

concretize. São elas que permitem diminuir a distância que existe entre os estudantes e os

professores ao facilitar a comunicação, diminuir o impacto que a longevidade causa. Pode-se dizer

que o desenvolvimento acelerado das TIC’s são as principais responsáveis pela implementação de

sistemas de EAD. É por meio delas que é possível a interatividade entre o aluno e o tutor, bem

como o aluno e o professor.

Seguramente, as mídias digitais e a Internet são o suporte a uma produção coletiva do

conhecimento via rede. Suportam a criação de fóruns e de listas de discussão, possibilitam

conversas por meio de chats, de mensagens instantâneas e de correio eletrônico; apóiam a geração

de conteúdos digitais como vídeos-chat, bibliotecas digitais, vídeos-aula, tecnologias de animação e

de simulação; permitem que estudantes possam gerenciar sua demanda por conhecimento e por seu

ritmo de aprendizagem; reconfiguram os espaços de acesso ao aprender, por meio de ambientes

virtuais de aprendizagem; favorecem as relações pedagógicas que, antes centradas no modelo

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professor-aluno, descentrem-se e operem por múltiplos agentes de educação, incluindo os próprios

educandos, e propiciam uma convivência virtual na proximidade possível às ferramentas de

comunicação, onde tais potencialidades das mídias digitais e da tecnologia Internet dependem de

estratégias pedagógicas para tornarem-se capazes de potencializar educação BIAGGI (2000).

A Internet é hoje uma das mídias mais importantes para a EAD, sendo que, por meio dela,

há possibilidade de várias alternativas de interação, como, por exemplo: e-mail, chat, fórum, lista de

discussão, mural, FAQ, ajuda online.

O presente estudo, quanto à metodologia adotada, pode ser classificado como qualitativo-

bibliográfico. A escolha por este tipo de metodologia foi baseada na afirmação de BIAGGI (2000),

onde a base qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é,

existe um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode

ser traduzido em números. A pesquisa bibliográfica caracteriza-se pela utilização de materiais

publicados, como livros, revistas ou meios eletrônicos, sendo que visando dar um embasamento

teórico para o mesmo, procurou-se aprofundar o tema através de pesquisa bibliográfica em livros,

jornais, revistas, publicações técnicas e sites na Internet.

O principal objetivo do presente estudo é qualificar o ambiente virtual de aprendizagem

(Internet) na EAD, pois permite a comunicação e interatividade entre os agentes envolvidos no

processo de ensino com as informações disponibilizadas de tal maneira que o educando pode

acessar todo o material didático do curso, e informações acerca de seu desempenho e da

programação de atividades da disciplina, onde e quando quiser.

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METODOLOGIA

O objetivo desse estudo é identificar a potencialidade do uso das novas tecnologias de

informação e comunicação, em especial, a internet, como recurso de ensino-aprendizagem na EAD.

Pretendeu-se analisar a relação entre como os recursos tecnológicos podem ser usados a favor da

educação; identificar a melhor forma de inserir tais recursos nas diferentes modalidades de ensino;

analisar como a internet pode contribuir para a autonomia do aluno no seu processo de

desenvolvimento cognitivo e identificar as melhores oportunidades de inserção da informática no

processo educacional.

A hipótese de estudo aponta que o uso da informática, principalmente a internet pode

contribuir para o desenvolvimento da EAD propiciando um ambiente de integração aluno-ensino e

contribuindo para uma maior autonomia do aluno na busca do desenvolvimento cognitivo. A

construção de um espaço democrático e articulado para o desenvolvimento da pesquisa e do

conhecimento cientifico por meio da interação aluno-tecnologia-EAD em uma grande teia de

significações por meio de relações estabelecidas entre os gestores, coordenadores, professores,

alunos e internet.

A metodologia do presente estudo orientou-se pela pesquisa bibliográfica e exploratória

centrada nas contribuições teóricas de vários autores que realizaram estudos sobre informática e

educação, EAD e o uso das tecnologias no processo educacional.

a) Pesquisa Bibliográfica

A metodologia do estudo orientou-se pela pesquisa bibliográfica e exploratória centrada nas contribuições teóricas de vários autores que realizaram estudos sobre a contribuição do uso da informática na educação. Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado como: livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, todo material acessível ao publico em geral.

Assim, a pesquisa se desenvolve através da interpretação e análise de pressupostos teóricos a partir de material já organizado, composto fundamentalmente por livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir fontes bibliográficas. Buscou-se bibliografia publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita assim permitindo ao pesquisador contato direto com o material pertinente ao tema e a partir daí buscar a possibilidade de construção de uma análise fundamentada.

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A pesquisa tem o objetivo de explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Pode ser obtida independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental para favorecer ao pesquisador conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas já realizadas, existentes sobre determinado assunto, tema ou problema.

b) Pesquisa Exploratória

Conforme ANDRADE (2003), a pesquisa exploratória é a fase inicial de todo trabalho

científico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando bibliográfica, fornecer

maiores informações sobre um assunto especifico, facilitar a delimitação do estudo, a definição de

objetivos ou formulação de hipóteses. É através da pesquisa exploratória que se avalia a

possibilidade de desenvolver uma boa pesquisa sobre um determinado assunto.

MARTINS (2000), sobre a pesquisa exploratória expõe, “estas pesquisas têm como

objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou

a constituir hipóteses”. Assim sendo, podemos afirmar que estas pesquisas têm como objetivo

principal o aperfeiçoamento de idéias ou a descoberta de intuições.

O estudo tem a finalidade de conhecer as contribuições científicas sobre o tema, tendo

como objetivo recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas existentes sobre o

fenômeno pesquisado, tem base descritiva das características apresentadas pelos vários autores que

fundamentaram a pesquisa.

c) Pesquisa Descritiva

A pesquisa descritiva, “compreende os fatos observados, registrados, analisados e

interpretados”, conforme ANDRADE (2003).

De acordo com MARTINS (2000), com relação à pesquisa descritiva, “é a pesquisa que

descreve o comportamento dos fenômenos. É usada para identificar e obter informações sobre as

características de um determinado problema ou questão”.

Conforme BARROS (2003) a pesquisa descritiva, “observa registra, analisa e correlaciona

fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Procura descobrir, com a precisão possível, a

freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e

características.

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Quanto à natureza da pesquisa deste estudo do ponto de vista da abordagem do problema

pode ser classificada como qualitativa. A pesquisa qualitativa considera que há uma relação

dinâmica entre o mundo real e o sujeito, ou seja, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e

a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e

a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de

métodos e técnicas estatísticas.

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CAPÍTULO I

NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS

Vive-se, atualmente, uma época de mudanças importantes em todos os setores da sociedade,

da política á ciência, nas concepções de mundo, nas artes e até mesmo na guerra. No contexto

educacional, a mudança se tornou inerente e não é mais uma opção ou apenas uma “moda” de

alguns. De acordo com o SEABRA (1994), novas demandas de pensamentos, novas ideologias,

novas técnicas de ensino e aprendizado, novos processos de cognição, novos assuntos, sistemas

mais eficientes de educação e comunicação, surgem a cada dia e cada vez mais rápido:

“Com as rápidas transformações nos meios e nos modos de

produção, resultado da revolução tecnológica e científica, estamos entrando em uma nova era da humanidade. A natureza do trabalho e a relação econômica entre as pessoas e as nações sofrerão enormes transformações, mudando a natureza do que hoje podemos entender por profissão. Neste quadro a educação não apenas tem que se adaptar às novas necessidades como, principalmente, tem que assumir um papel de ponta nesse processo”, (SEABRA, 1994. p. 34).

A grandeza e a velocidade de tais transformações exigem novas formas de aprendizagem e

de posicionamento da educação, decisões rápidas sobre fatos novos para os quais não se pode contar

com regras defasadas. Diante deste contexto, VALENTE (2002) instiga à uma transformação

pedagógica:

“A mudança pedagógica que todos almejam é a passagem de uma

educação totalmente baseada na transmissão da informação, na instrução, para a criação de ambientes de aprendizagem nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu conhecimento. Essa mudança acaba repercutindo em alterações na escola como um todo: sua organização, na sala de aula, no papel do professor e dos alunos e na relação com o conhecimento. Embora tudo indique que a escola deverá sofrer ajustes para se adequar aos novos tempos, o quanto ela deverá mudar é polêmico. Ela oscila entre o ensino conservador e a aprendizagem mais liberal”, (VALENTE, 2002, web).

Qualquer processo de transformação seja ele de ordem social, educacional, econômico ou

outra qualquer, não é algo simples e de fácil execução e implantação. A resistência às mudanças, na

maioria dos casos, é freqüente e comum. A inovação se torna um desafio e para a sociedade atual,

uma necessidade. A implantação de uma nova idéia ou solução pode encontrar barreiras e

dificuldades, também não é raro haver uma reação negativa diante de qualquer empreendimento que

diverge do comum, do vulgar e do já conhecido.

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Segundo VASCONCELLOS (2004), a promoção de condições para o desenvolvimento das

potencialidades presentes em todo ser humano e despertar a consciência das instituições

educacionais para a necessidade de um sistema de ensino-aprendizagem visionário, atraente,

compensador e realizável do futuro é o desafio do novo milênio. VASCONCELLOS (2004)

destaca, ainda, que é de fundamental relevância adotar a educação como impulsionadora do

desenvolvimento da consciência crítica e das potencialidades humanas e, cultivar o trabalho não

como produtor de alienação, mas sim, como fonte de prazer de e de cognição para o homem.

Para a educação atual, o grande desafio encontra-se em como introduzir as inovações da

sociedade da informação e facilitar o processo de adaptação de todos os envolvidos à mudança

educacional que tal adaptação propõe. Os educadores necessitam acompanhar os avanços do mundo

e adquirir novas habilidades e competências para construir as bases da nova sociedade que instala

neste início de milênio. GADOTTI (2006) evidencia a revolução que as novas tecnologias

representam para os educadores, para a educação e para a sociedade como um todo e as

transformações que podem, e devem, ocorrer:

“Diante de um mundo em constante mudança, o papel do educador vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente necessária. As novas tecnologias criaram novos espaços do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa pois podem, de lá, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância, buscar “fora” – a informação disponível nas redes de computadores interligados – serviços que respondem às suas demandas de conhecimento. (...) Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marqueteiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber - não o dado, a informação, o puro conhecimento - porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis”, (GADOTTI, 2006, p. 34).

As instituições educacionais devem tirar proveito das transformações digitais que

configuram as novas formas de relacionamento entre as pessoas. O educador deve ser inovador,

calcular riscos e visionar o futuro. GADOTTI (2006) esclarece esta nova estrutura social e a forma

de atuação de seus integrantes:

“A sociedade do conhecimento é uma sociedade de múltiplas

oportunidades de aprendizagem. As conseqüências para a escola, para o professor e para a educação em geral são enormes: ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina

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para o trabalho; ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a distância. Nesse contexto, o professor é muito mais um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. O aluno precisa construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz. Para isso o professor também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos. Ele deixará de ser um “lecionador” para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem. Em resumo, poderíamos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem. Se falamos do professor de adultos e do professor de cursos a distância, esses papéis são ainda mais relevantes. De nada adiantará ensinar, se os alunos não conseguirem organizar o seu trabalho, serem sujeitos ativos da aprendizagem, auto-disciplinados, motivados”, (GADOTTI, 2006, p. 51).

A educação eficaz, no novo cenário social instaurado, não pode concentrar-se apenas em

manter sua normalidade, pois esta é condição de ontem. A verdadeira característica de uma

educação pró-ativa é o redirecionamento das atividades nas reais necessidades do presente e do

futuro. Não basta mais “correr atrás de”, o fundamental é “correr na frente de”.

Mudanças sempre existiram, porém o que está ocorrendo hoje é uma transformação

acelerada e, porque não afirmar, acentuada, dos processos científicos, humanos e sociais. A

sociedade atravessa um profundo repensar de seus conceitos e seus mecanismos, onde ficar parado

significa regredir. A palavra de ordem atual é flexibilidade e as instituições escolares que não

acompanharem essas transformações estarão condenadas à mesmice, perdendo a essência do

sucesso de toda instituição de ensino que está em sua capacidade de transformar-se ao longo do

tempo. E o mais importante: essa flexibilidade não dispensa um pensar organizado, sistemático e

articulado, como explica FERNANDES & VIEIRA (2000):

“Toda essa flexibilidade, coloca para a educação um novo desafio

que é formar um cidadão que seja capaz de adaptar-se a essa nova realidade. Não basta saber fazer, porque o que se faz agora, a um curto prazo, pode não mais interessar à sociedade ou ao mercado, portanto o trabalhador de hoje deve ser capaz não somente de fazer, mas também de refazer e refazer em um processo constante de reconstrução. A educação tem que atuar no sentido de proporcionar uma ambiente onde o aprendiz possa desenvolver uma postura autônoma e independente, contribuindo para o desenvolvimento de sua capacidade de gerir o seu próprio processo de aprendizagem. Por outro lado, a necessidade de constante aperfeiçoamento, exige uma maior flexibilização na oferta de oportunidades de ensino e nesse aspecto o ensino à distância apresenta-se como uma possibilidade concreta para esta questão”, (FERNANDES & VIEIRA, 2000, p.13).

Para uma transformação significativa, a educação necessita modificar a realidade na qual

está inserida e mudar a maneira de pensar e agir sobre cada um dos paradigmas educacionais

vigentes. É preciso uma visão sistêmica da educação para que os pontos de estrangulamento que

emperram o processo de crescimento e valorização da mesma sejam trabalhados. Desta forma, é

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importante a compreensão de que todas as abordagens sejam trabalhadas de forma interdependente

e global, isto é, é preciso trabalhar o individual em função do geral.

A chamada “Sociedade do Conhecimento” visiona aqueles que buscam inovações,

pesquisam, aprendem a aprender, e, principalmente, conseguem imaginar o caminho certo, aquele

por onde poucos se arriscariam. A educação, para SIQUEIRA (2003), passa a possuir uma nova

forma de atuação nessa sociedade:

“Educar, nesta sociedade, mais que treinamento para a capacitação

tecnológica, significa "desenvolver" as competências dos indivíduos, das quais entre as inúmeras, destaco o "aprender a aprender", para que possamos ter indivíduos autônomos que sejam capazes de produzir informações e conhecimentos novos, ao invés de apenas consumi-los. Uma das grandes problemáticas de nosso sistema educacional, é que o mesmo não foi projetado para esta sociedade/economia informacional. Porém, as influências desta sociedade/economia no trabalho com o conhecimento e na re-elaboração da cultura, colocam como exigência novas ações por parte de todos aqueles que trabalham com educação”, (SIQUEIRA. 2003, web)

O conhecimento fará a diferença. As áreas de conhecimento estão em constante

transformação. E as áreas existentes não serão apropriadas por muito tempo, pois se tornarão

obsoletas e não atenderão às novas demandas. Novos objetos de estudo estão e continuarão

surgindo a todo instante. Temas como ética, responsabilidade social, direitos humanos, ecologia,

desenvolvimento sustentável, educação, distribuição de renda, inclusão social, solidariedade terão

novos significados. Serão vistos sobre outra ótica (DELORS, 1999). Por isso estão cada vez mais

presentes nos discursos dos grandes pensadores mundiais.

A resistência às transformações pode emperrar os rumos da evolução da humanidade. Não

se arriscar é perder oportunidades. Hoje só sobreviverão no novo paradigma social aqueles que

perceberem nas inovações e avanços tecnológicos um grande passo para o futuro.

1.1 Educação à Distância (EAD)

Instaura-se, atualmente, uma sociedade globalizada, interconectada, híbrida, consumidora,

pós-moderna, excludente e excluída; vive-se o revival do conservadorismo cultural, da ortodoxia

religiosa e do separatismo político; criam-se sujeitos de gênero, de etnia, de classe, de comunidades

(cibernéticas ou não), de profissão, de religião, de crenças, de relações, imersos em relações

demarcadas pelo virtual, relações "pré-fixadas" pela cibercultura, relações constituídas no embate

18

de saberes e lugares sociais, da negociação de fronteiras, sob o escudo da tradução, da

transformação (SIQUEIRA, 2003).

A contemporaneidade é marcada pela compressão espaço-temporal, pela aceleração dos

processos globais, da vivência de que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, que os eventos

em um determinado lugar têm impacto imediato sobre os sujeitos e lugares situados a uma grande

distância, como afirma DELORS (1999) e possível por meio da revolução digital em vários setores

do viver humano. Pode-se afirmar que os elementos tecnológicos se misturam na constituição física,

cognitiva e afetiva dos sujeitos sociais (DELORS, 1999).

Diante deste contexto, como a informática poderá contribuir para transformações na forma

de ser e de viver dos humanos, especialmente no processo educacional?

A sociedade atual, definida como pós-moderna, sociedade de consumo, sociedade da

informação e tantos outros termos, pode ser caracterizada por um desequilíbrio das relações sociais,

pela perda dos diálogos, pela compressão temporal e, também, pela formação de redes de

solidariedade. São tempos complexos em que as fronteiras e os limites são discutidos e o destaque é

dado pela geração de conhecimentos mediante geração, armazenamento, recuperação,

processamento e transmissão da informação; não mais produtos e riquezas, mas informação e

conhecimento que se retroalimentam e conectam culturas (CASTELLS, 2000), onde a habilidade de

manipulação da informação e sua transformação em conhecimento são essenciais.

Pode-se ainda acrescentar outra característica desses novos tempos: a globalização, que não

é um fenômeno novo, no sentido mercantil-financeiro da palavra, mas pela forma com que as

culturas dominantes exercem certo tipo de coerção às nações periféricas, mudando hábitos e

costumes e ultrapassando as barreiras de controles nacionais. Todas essas mudanças no mundo

acarretaram o surgimento de um novo tipo de subjetividade. Do indivíduo agrário, depois industrial,

ao sujeito da sociedade da informação: o sujeito pós-moderno e digital.

Segundo DELORS (1999):

“O ser humano pós-moderno só surgiu graças a alguns efeitos que

ele chama de descentramentos, que foram criados a partir das filosofias marxiana e de Michel Foucault, dos escritos de Freud, da lingüística de Saussure e do impacto do feminismo sobre o patriarcalismo. Logo, o ser humano anterior (o sujeito Iluminista) que detinha uma identidade fixa e estável, calcado em lógicas religiosas e na crença da imutabilidade, se descentra, transformando-se em identidades abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas, do sujeito pós-moderno.” (p. 50)

CASTELLS (2000) destaca que cada sociedade se organiza de forma característica, numa

interação entre o tipo de tecnologia usada e as significações construídas em concordância com estas;

19

neste jogo produzem-se as subjetividades, memória, tempo, a forma de pensar. A sociedade do

conhecimento é qualificada como sociedade informatizada, na qual a informática intervém nos

processos de subjetivação individuais e coletivos interferindo na inteligência:

“A subjetividade está localizada no espaço e nos tempos simbólicos

e também sofre o efeito da compressão espaço-temporal, sendo mediada pelas tecnologias. Estas, por sua vez, transformam os modos de conhecer por mudarem os agenciamentos interativos entre as pessoas. Os agenciamentos espaço-temporais estão relacionados com as formas de interagir de cada cultura. Além disso, as tecnologias fornecem metáforas para pensar, constituindo-se como dispositivo técnico através do qual percebemos o mundo. Por exemplo, o conceito de máquina possibilitou a construção de um modelo de aparelho psíquico baseado nas idéias de energia, de repressão, etc.,” (CASTELLS, 2000, p.68).

A tecnologia trata das formas de práticas constituídas no interior de formas particulares de

conhecer e fazer. Práticas que são concretizações a partir de um conjunto de procedimentos, de

mecanismos e de técnicas, incluindo a produção de formas materiais, sociais e espirituais. Noções

estas que assumem um caráter pragmático em sua própria articulação com o poder cultural e que

são contra a idéia mais corrente de conceituar a tecnologia por oposição a tudo aquilo que possa

estar contido numa suposta natureza humana. (CASTELLS,2000).

A tecnologia se tornou algo natural. Vivencia-se, cotidianamente, uma revolução dos

costumes e das visões de mundo, sendo que a informática e seus derivados participam deste

processo como um dos agentes de criação de outras formas de ver/vivenciar o mundo.

Como aponta PELLANDA؏PELLANDA (2000), a nova cultura – a cibercultura – com as

tecnologias que ela traz como dispositivo, tem um alcance muito profundo na construção da

sociedade e dos sujeitos participantes de tal processo (EAD, inclusão digital e formação de

professores e a relação destes com esses dispositivos):

“A tecnologia revoluciona não só as máquinas como também as

interações que as pessoas fazem entre si e com/na sociedade, transformando sua capacidade de relacionar com o outro e a sua capacidade de ver e agir no seu cosmos: como nos ensinam as ciências cognitivas, há uma articulação profunda entre as formas de apreensão do real e tecnologias intelectuais” ( p. 9).

A constituição de uma sociedade cognitiva informatizada proposta por LÉVY (1993),

possível pelos meios de comunicação de massa e pelas máquinas de manipulação simbólica,

ampliam as formas de contato, as discussões à distância em tempo real, agenciando novas formas de

interação e, também, outras formas de pensamento com uso de simulação. O espaço cibernético

constitui-se na organização de uma rede de todas as memórias informatizadas e de todos os

computadores, caracterizada pela interatividade, pelo desengate geográfico e temporal e pela

20

atualização constante. Ele é como um sistema autoorganizante, hipercomplexo e vivo em que os

usuários são parte fundamental na constituição de conhecimento (LÉVY, 1999).

1.2 Informática e Educação à Distância

A informática, computação, robótica, telemática e qualquer outro termo que esteja ligado às

TIC’s são termos que se elaboram facilmente no campo simbólico da cultura social neste

milênio. A informática se consolida na sociedade, na economia, no trabalho industrial, no lazer, no

interior das residências e em qualquer outro espaço ou nível da sociedade (telecomunicações, mídia,

pequenos e grandes escritórios, etc.). Esses pequenos exemplos da chamada “era da informação” é

presente de forma maciça no cotidiano da sociedade e o “espaço” educacional não foge à regra

(GODOY, 1998).

Com isso, as TIC’s podem ser vistas, ou deveriam ser, como presença definitiva nas salas de

aula, do ensino fundamental ao nível superior, seja em forma de laboratórios de informática, de uso

para docentes e discentes nos seus afazeres educacionais (ensino e pesquisa), seja dentro das salas

de aula substituindo a lousa, livros e cadernos. O ensino, mesmo que tenha demorado a perceber a

informática como recurso de ensino-aprendizagem, não pode ignorar a utilização das TIC’s no

processo educacional.

De acordo com GODOY (1998), a interatividade do processo pedagógico de uma aula

tradicional é de apenas sete minutos. A presença das TIC’s nessa interatividade preenche uma

lacuna para melhor aproveitamento do tempo educacional e, conseqüentemente, da produção do

saber. Assim sendo, as instituições educacionais deveriam ultrapassar o saber somente

especializado, técnico-científico, pois o mercado de trabalho e a própria sociedade em si, precisam

de sujeitos dinâmicos e atualizados, já que a lógica da “novidade” é marcante atualmente. A

sociedade contemporânea cria e necessita de um sujeito em permanente mutação (KRAMES, 1999).

Pensar sobre o educar no século XXI é uma proposta, no mínimo, desafiadora. Isto porque

os fundamentos do educar, tão bem firmados na tradição iluminista, hoje parecem antiquados e,

configura-se, atualmente, o início de uma mudança radical e profunda nas lógicas das estruturas que

formam a sociedade e seus cidadãos.

21

1.3 EAD: Opção educacional para a contemporaneidade

A EAD concilia educação com tecnologias. Dos estudos via correio, o uso do rádio e

televisão educativas até o uso da Internet, a EAD entra no cenário educacional como uma

composição que busca a democratização da educação e o uso das TIC’s no processo de

desenvolvimento cognitivo. A lógica da EAD via redes de comunicação, particularmente, via

Internet e pelo uso dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), acompanha a lógica da

sociedade contemporânea.

O surgimento de uma EAD moderna e reformulada via Internet só é possível devido às

novas formulações sociais da atualidade. Sua existência e aparecimento estão ligados às

necessidades de uma educação que corresponda às exigências de uma nova sociedade instaurada,

assim como aos princípios estabelecidos no campo político, econômico, social e cultural.

Das mídias impressas às fitas de vídeo, o uso das TIC’s traz possibilidades fundamentais

para a implantação de novos horizontes para a educação, especialmente para a EAD, rompendo

paradigmas e, logicamente, criando outras possibilidades para superar ou rever os modelos

convencionais ou tradicionais tanto do ensino presencial quanto dos cursos à distância, segundo

KRAMER (1999):

“A EAD transforma-se diante das mudanças cruciais e importantes

dos últimos tempos. Essas mudanças vieram e estão vindo como resultados do mundo informatizado e das mudanças de paradigmas ocorridas no interior da sociedade e na perspectiva de que haveria de existir uma educação que fosse possível sustentar e de estar sustentada em formas de educação, engendramentos e necessidades de uma sociedade – criada, conseqüentemente, a partir dos novos horizontes”, (p. 42).

Algumas características da EAD podem ser destacadas para se contextualizar e ilustrar sua

abrangência:

§ Separação física entre educador e educando, no espaço e no tempo;

§ Controle do aprendizado pelo educando através de documentos impressos ou de alguma

forma de mídia tecnológica;

§ Comunicações massivas: cursos preparados, conveniente e vantajosamente, para ser

utilizado por um grande número de alunos;

§ Crescente utilização da tecnologia da comunicação e informação com o uso da realidade

virtual.

22

De acordo com PETERS (2003), a organização de ambientes educacionais com suporte

tecnológico onde os usuários podem realizar situações como ter e ministrar aulas, interagir com

outros colegas, em grupo e/ou com o educador, enviar e receber trabalhos, realizar tarefas, provas,

etc. tal como no mundo presencial, agregaram à EAD uma formulação mais atualizada que interage

com as novas possibilidades surgidas pelo advento da entrada da informática na educação e, em

particular, com o uso da Internet.

Essa EAD reformulada, via Internet, segundo PETTERS (2003) reúne vantagens para os

educandos, tais como:

§ Flexibilidade de horários e de locais de acesso;

§ Dinamismo no tocante à atualização do material e do contato e troca entre as partes

envolvidas;

§ Abertura a novos conhecimentos, já que por estar na rede de computadores permite aos

envolvidos consultar ou visitar outras páginas ampliando conceitos e informações; Não há

fronteiras entre nações atingindo pessoas de qualquer parte do mundo;

§ É tranqüila para o educando no que diz respeito ao conhecimento da Informática, pois tem

interface amigável;

§ É adaptável às necessidades do educando, uma vez que permite um rol extenso de uso,

podendo ser empregada desde a formação permanente e continuada até cursos mais

elaborados de graduação e pós-graduação.

Porém, salienta PETTERS (2003), a preparação de cursos em EAD necessita de cuidados

adicionais aos despendidos a cursos presenciais, dada a lógica dos encontros virtuais que deve ser

embutida na própria montagem dos mesmos. Vários elementos precisam ser levados em

consideração no desenvolvimento de cursos na modalidade EAD:

§ Suporte logístico:

a) Distribuições de materiais;

b) Estrutura de avaliação de aprendizagem que assegure a identificação e segurança dos

testes;

c) Ressarcimento aos professores e equipe de suporte de custos com comunicação ou

deslocamento para atendimento aos alunos.

§ Suporte aos educandos:

a) Orientação acadêmica;

23

b) Atendimento individualizado;

c) Acesso a bibliotecas, laboratórios e equipamentos de informática.

§ Suporte aos educadores/mediadores:

a) Treinamento da tecnologia e metodologia do curso;

b) Reconhecimento financeiro e/ou acadêmico do trabalho em EAD;

c) Assessoria de especialistas na produção de materiais e acesso às ferramentas

apropriadas;

d) Seleção e contratação de bons profissionais.

§ Laboratório:

a) Desenvolvimento de kits para uso individual;

b) Demonstração de experimentos por videoconferência;

c) Gravação e edição dos experimentos, usando gráficos e colocando questões;

d) Utilização de simulações por computador disponíveis no mercado ou especialmente

elaboradas;

e) Encontros presenciais intensivos em locais com equipamento adequado.

Tais elementos são de fundamental importância à proposta pedagógica e ao trabalho da

equipe gestora de projetos em EAD, (PETTERS, 2003):

“A capacitação em tecnologia pode ser atrelado à atividade do

próprio curso, tendo em vista o objetivo da construção de conhecimentos e de uma rede de trocas e de interação. Sendo assim, há de se ter objetivos claros, desenvolvimento direcionado aos usuários, com tecnologias de fácil acesso e baixo custo, ainda mais se levarmos em consideração os possíveis usos da EAD e toda a sua gama de possibilidades de ampliação do conhecimento, oferta de ensino de qualidade a uma demanda de indivíduos incapacitados, por qualquer motivo que seja, de se juntarem aos bancos escolares tradicionais, com seus horários rígidos que muitas vezes impossibilita o trabalhador de participar desses ambientes escolares” (MAIA & GARCIA, 2000, p. 54).

A EAD, ao possibilitar o estímulo e a inovação do processo de ensino-aprendizagem

mediada pela internet, torna-se um importante instrumento para a educação e, seu surgimento,

desenvolvimento e propagação, criam condições favoráveis para a instauração de uma educação de

qualidade e democrática.

MARASCHIN (2000) propõe que a escola da informação evolua para a do conhecimento,

assim sendo, os vínculos espaço-temporais podem ser desfeitos e a educação inserir-se em outros

24

campos, virtuais, partícipes da sociedade da informação. O mais importante nesta proposta de

educação não é um dos pólos (educação, tecnologia), mas sim a relação e interação entre ambas.

Conforme FRANCISCO & MACHADO (2000), tanto a informática quanto a educação não

se subordinam uma a outra, e sim, se transformam em algo diferente, porque partilham e

reproduzem diferentes eixos. Na busca de uma educação de qualidade, pedagogicamente sustentada,

atuante na formação de cidadãos tecnológicos.

Para a educação, tais transformações são essenciais, na constituição de novas formas de

ensino-aprendizagem. Como afirma AXT (2000), as TIC’s já fazem parte da escola, o interessante

atual é dinamizar o uso da tecnologia no sentido de enriquecer o seu uso pedagógico, o lugar do

educando no processo de aprendizagem, constituir ações coletivas para potencializar a educação e o

processo educacional, os processos administrativos, pedagógicos e as políticas públicas.

1.4 Professores e EAD

A EAD permite encontros entre pessoas que não estejam no mesmo lugar e mesmo no

espaço, mas sim ao mesmo tempo. Isso possibilita a constituição de uma rede de relações e de

interação não mais centrada em um sujeito professor-educador, mas sim em um grupo para o

desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e, conseqüentemente, para o

desenvolvimento cognitivo. Trabalhar na configuração de redes em que os autores se situam como

nós de uma rede de conhecimento é a tônica da ação pedagógica na EAD mediada pela internet

(GADOTTI, 2000):

“As interações em tempo real apontam para a viabilidade de tal

construção. Para tanto, necessita-se de um consenso e de uma discussão e planejamento conjuntos de tal proposta, para não se cair em um modismo improdutivo, pois, assim, se perde a noção de convivência digital entre sujeitos conectados por uma estrutura virtual de escala mundial e em constante evolução” (GADOTTI, 2000, p.73).

A EAD mediada pela Internet dá suporte ao surgimento de uma consciência distribuída entre

milhares de pessoas, separadas por grandes distâncias, mas com capacidade de interagir como

membros de uma comunidade (GADOTTI, 2000). Estes princípios induzem a importantes reflexões

para a prática educacional. A vivência da educação em EAD é fundamental para que seja possível

que cada um, envolvido na educação, tenha um posicionamento sobre as potencialidades das

ferramentas tecnológicas a serviço da mesma.

25

Sem a possibilidade de utilizar, propor e refletir sobre a EAD, o discurso dos educadores

torna-se inútil. A entrada e vivência da/na cibercultura é fundamental, afirma GADOTTI (2000):

“O trabalho pedagógico relaciona-se com a comunicação, que se

fundamenta no diálogo, numa relação entre educador e educando, mediado também pelas tecnologias. Na formação de professores, muitas vezes, a leitura da tecnologia é feita sob a égide do tecnicismo, ou, poderia-se falar numa filosofia da educação incrustada num tipo de “new-tecnicismo” ou “tecnicismo atualizado”. Tal leitura é parcial e atemporal, pois o tecnicismo foi um dos usos iniciais da tecnologia na educação. Desde lá, muito foi construído, incluindo aí a importância da discussão sobre a pedagogia escolhida e trabalhada. Aliar tecnologia e pedagogia a serviço da construção do cidadão parece ser a aposta dos tempos atuais. Para tanto, existem vários aplicativos que estão sendo disponibilizados. Muitos deles, porém, explicitam a abordagem pedagógica, mas não a utilizam plenamente no planejamento, desenvolvimento e implantação dos sistemas digitais. Torna-se fundamental, neste contexto, analisar os produtos informáticos na sua proposta, a relação pedagógica e visão de mundo na qual se quer inserir”, (GADOTTI, 2000, p.75).

CASTELLS (2000) assegura que esta é a sociedade informacional e a formação de

professores é essencial, capacitando os educadores a refletir e utilizar as TIC’s, bem como a lógica

do seu uso no campo político-sociológico ao indagar a forma que se deve utilizar, a forma que se

deve promover a inclusão digital, ou apenas fazendo uso da tecnologia como suporte pedagógico

sem uma caracterização ou uma indicação mais social ao seu uso, ou até mesmo, não a utilizando,

ignorando-a totalmente, fazendo uma opção ao tradicionalismo extremo do uso pedagógico, numa

referência ao tradicionalismo em que livro, caderno, caneta/lápis eram e são os únicos materiais

necessários para uma educação de qualidade.

26

CAPÍTULO II

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

Cinco grandes eixos podem ser evidenciados (informática, telecomunicação, biotecnologia,

novas formas de energia e uso de materiais) para identificar as mudanças do último século, na

sociedade, em geral. Os avanços e as transformações ratificam o conhecimento e a tecnologia e sua

difusão.

NASCIMENTO(1998) afirma que os avanços e as transformações ocorridas são produtos de

um processo histórico vinculado ao modo de produção, comum às várias sociedades. Segundo

LITWIN (1998), para os gregos, por exemplo, o termo técnica e tecnologia, que possuem a mesma

raiz, era compreendido como algo que existia num contexto social e ético no qual se investigava

como e por que se produzia um valor de uso, do processo até o produto. Para IHDE (1993):

“A tecnologia implica em algo concreto, um elemento material que

deve fazer parte de um conjunto de usos ou praxes com uma relação entre pessoas que a usa, idealiza, constrói e modifica, enquanto técnica refere-se ao modo de ação envolvendo ou não a tecnologia”, (p.17).

A Revolução Industrial, historicamente, provocou mudanças substanciais no modo de

produção, tendo como base o desmembramento de técnica e tecnologia. Assim sendo, neste

contexto, técnica passa a ser parte material ou o conjunto de processos de uma arte ou ainda a

maneira, o jeito ou habilidade especial de executar ou fazer algo, enquanto que tecnologia, segundo

LITWIN (1998), é entendida como o uso do conhecimento científico que especifica modos de fazer

as coisas de maneira reproduzível.

Partindo deste princípio, limita-se a noção de técnica a instrumentos e perdem-se os valores

éticos e a importância de seguir todo processo de criação, como se a tecnologia fosse independente

e as produções se desenvolvessem alheias ao contexto e ao indivíduo. Porém, a questão ética no

desenvolvimento das tecnologias é uma das principais fontes de discussões e debates na

comunidade científica, pois nesta, existem grupos que defendem a tecnologia vinculada aos valores,

a vida e a ética humana, enquanto outros afirmam não ser possível vincular os avanços tecnológicos

ou sobrepor os interesses e às necessidades científicas de avançar. Para MORAES (1997):

“Hoje o valor principal já não está na combinação da terra, capital e

trabalho, mas sim no nível de conhecimento que uma população dispõe e sua capacidade de transmitir e reconstruir conhecimento, o que traduz sua

27

competência no manuseio do instrumental tecnológico moderno”, (MORAES, 1997, p.58).

Observa-se, atualmente, que o domínio do conhecimento equivale ao mesmo domínio que os

modos de produção representaram no escravismo, feudalismo e na indústria. Isto porque, afirma

JHDE (1993), o conhecimento, enquanto ciência, passou a ser matéria-prima dos avanços

tecnológicos, ocasionando uma produção supersimbólica devido à revolução no compartilhamento

das informações e afirma:

“Tanto a produção científica e tecnológica, quanto os demais

conhecimentos estão organizados e difundidos basicamente por instituições educativas e de pesquisa, tais como escolas, centros culturais, meios de comunicação, de massa e outras”, (JHDE, 1990, P.57).

Assim sendo, a educação escolar, em que o conhecimento, por definição, deve ser incentivado e

propagado, está sendo pressionada a fazer uso das tecnologias produzidas na sociedade da qual faz

parte, como descreve LÉVY (1996):

“O universo de conhecimento está sendo revolucionado tão

profundamente que ninguém vai se quer perguntar a educação se ela quer atualizar-se. A mudança é hoje uma questão de sobrevivência e a contestação não virá de “autoridades”, e sim do crescente e insustentável “saco cheio” dos alunos, que diariamente comparam os excelentes filmes e reportagens científicas que surgem na televisão e nos jornais com as mofadas apostilas e repetitivas lições na escola”, (LÉVY, 1996, p.37).

Ao longo do tempo, especialistas em educação vêm desenvolvendo diversos recursos para

otimizar a tarefa do educador em sala de aula. Tais recursos se diversificaram à medida que a

tecnologia se desenvolve, pois permite produtos com possibilidades de utilização na prática

educacional. Neste sentido, LÉVY (1996) afirma que:

“As tecnologias permitem dar grande salto nas formas,

organização e conteúdo. Informática, multimídia, telecomunicações, banco de dados, vídeos e tantos outros elementos que generalizam rapidamente. A televisão, hoje um agente importante de formação, pode ser encontrada nos domicílios mais humildes”, (LÉVY, 1996, p. 44).

No Brasil, estas tecnologias foram inseridas nas instituições escolares a partir da década de

50 por meio de pacotes de instruções metodológicas, em que o educador executava propostas

elaboradas por especialistas. Esta inserção se manifestou de forma articulada a interesses e

perspectivas mundiais de supremacia e poder, conduzidas pela formação de blocos capitalista e

socialista, sendo a educação e a comunicação os principais aparelhos na luta que se configura no

cenário mundial.

28

Já na década de 80, os debates sobre a conveniência, riscos e modalidades de aplicação das

tecnologias na educação se renovaram. À entrada das tecnologias na maioria das instituições

educacionais públicas, se deu de forma muito atribulada, já que tais instituições não acompanharam

o progresso tecnológico e se encontravam com uma acentuada carência, em que o quadro-negro e o

livro didático eram os recursos didáticos mais comuns da prática educacional.

Como descrito, as tecnologias eram inseridas nas instituições escolares de forma restrita e

sem o entendimento pleno de sua utilização por parte dos educadores. No entanto, a sociedade atual

possui um universo de conhecimento que a revoluciona profundamente, tendo a instituição

educacional a função de minimizar as diferenças sociais existentes, tanto em termos econômicos

quanto culturais, como aponta MORAES (1997):

“O desenvolvimento baseado no conhecimento depende do

planejamento e desenvolvimento do setor de informações, do manejo dos recursos informáticos por parte da população. Daí a importância de se propiciar as oportunidades necessárias para que as pessoas tenham acesso a esses instrumentos e sejam capazes de produzir, desenvolver conhecimentos operando com as tecnologias da informação. Isto requer a reforma e ampliação do sistema de produção e difusão do conhecimento, no sentido de possibilitar o acesso à tecnologia. Entretanto o simples acesso à tecnologia em si não é o aspecto mais importante, mas sim, a criação de novos ambientes de aprendizagem e de novas dinâmicas sociais a partir do uso dessas novas ferramentas”, (MORAES, 1997, p.63).

Mesmo presente no cotidiano escolar, as tecnologias de informação apresentam-se aos

profissionais da educação como uma inovação, apesar da grande maioria já ter desenvolvido

experiências significativas com as mesmas ou usá-las em seus domicílios de alguma forma. Tal fato

é facilmente explicado pela falta de informação sobre o termo tecnologia da informação e

comunicação empregado na educação, associado, quase sempre, apenas, à estrutura física do

computador em si (hardware), ou pela não difusão e reconhecimento da comunidade nacional de

educadores, das atividades desenvolvidas pelos mesmos com o uso destes recursos como

ferramentas de ensino-aprendizagem.

SCHRAMM (1977) classifica o que chama de recursos de ensino-aprendizagem em

gerações, da seguinte maneira:

1. Meios de ensino de primeira geração: cartazes, mapas, gráficos, materiais escritos,

exposições, modelos, quadro-negro, dramatizações, etc.;

2. Meios de ensino de segunda geração: manuais impressos, livros de exercícios, testes, etc.;

3. Meios de ensino de terceira geração: fotografias, dispositivos, diafilmes, filmes mudos e

sonoros, discos, rádio, televisão, etc.;

29

4. Meios de ensino de quarta geração: instrução programada, laboratórios de línguas e ensino

por computadores.

Ainda assim, mesmo possuindo recursos da quarta geração de recursos de ensino-

aprendizagem, a maioria das instituições educacionais públicas e particulares faz uso puramente

instrumental ou quase não utiliza tais recursos, preferindo os recursos de ensino-aprendizagem

classificados como de primeira geração.

A cada época, dependendo da forma como é entendido o processo educacional, as

instituições educacionais diferenciam, criam, modificam e utilizam diferentes recursos de ensino-

aprendizagem, podendo inclusive usar, de acordo com seus objetivos pedagógicos, recursos

classificados como altamente tradicionais para práticas inovadoras, sendo o contrário também

relacionado. Portanto, o problema não está nos limites que a inserção das TIC’s pode trazer e

oferecer à prática educacional, e sim, nas possibilidades e atrativos que imputará para metodologias

e posicionamentos conservadores e antiquados.

Hoje, as TIC’s são tidas um recurso de ensino-aprendizagem, principalmente o computador,

uma grande solução para os problemas da educação e sua utilização em sala de aula permite um

pensar mais inovador, que revigora a mente humana, apontando para suas múltiplas capacidades e

possibilidades de desenvolvimento cognitivo. OLIVEIRA (1997) assegura que as tecnologias do

passado ampliavam a força humana, a capacidade de agir fisicamente na realidade concreta, assim

sendo, com as tecnologias da informática, amplia-se aspectos da capacidade de ação intelectual.

A revolução tecnológica presenciada na sociedade de hoje, a chamada “sociedade do

conhecimento”, provoca um processo de desenvolvimento sem precedentes na história da

humanidade e o cidadão comum não consegue compreender a natureza e o funcionamento destas

tecnologias, permanecendo assim no apertar de botão instaurado pela Revolução Industrial.

OLIVEIRA (1997) afirma que existe uma nova pressão sobre as instituições educacionais para que

estas ofereçam oportunidades compatíveis com a sociedade onde os computadores parecem

aumentar a distância entre ricos e pobres, entre os poderosos e oprimidos.

As aplicações para o uso do computador no ambiente educacional como: ensino assistido

por computador, exercício e prática, simulação, jogos educacionais e outros, encontram-se confusas

em razão da pouca divulgação e uso deste recurso para que ele se democratize e faça parte do

cotidiano educacional (LÉVY, 1999).

As instituições educacionais são tidas como responsáveis por tal processo, e se estas ainda

não possuem, em sua grande maioria, instrumentos técnicos, materiais e recursos humanos para o

30

desempenho desta função, é natural que exista corrente contrária a inserção das TIC’s no processo

educacional.

O campo de discussão e estudo sobre o uso das TIC’s como recurso de ensino-aprendizagem

amplia-se cada vez mais, nem os contrários a sua inserção na educação podem impedir este

processo de atingir as instituições educacionais, podendo ser classificada como irreversível, salienta

LÉVY (1999). Se os educadores não se envolverem com estas tecnologias, outros o farão e estes,

ficarão mais uma vez na posição de meros observadores de um processo que, exercendo-se sobre a

educação, será conduzido não por quem dela participa, mas sim por quem tem iniciativa.

2.1 Inclusão digital e Educação

Sobre a inclusão digital, no que tange, principalmente, à EAD, seu uso, sua pedagogia e sua

disseminação como ambientes propícios e sintonizados com as necessidades da sociedade atual,

torna-se necessário pensar a disseminação de computadores na educação e seu uso. Pensa-se muito

nos excluídos digitais apontados por SILVEIRA (2003) e/ou no fosso digital de WARSCHAUER

(2003) e o papel das instituições educacionais nesta discussão e a possibilidade de se conduzir

processos democráticos de inclusão digital.

Usar as TIC’s como forma de diminuir a exclusão digital e, tendo a EAD como instrumento

à inclusão educacional, pelas facilidades e particularidades que projetam ao educando

flexibilizações para seu uso, elevando, assim, o grau de acesso à educação, diminuindo a distância

entre escolarizados e não-escolarizados.

SAWAIA (1999) aponta que o uso dos termos inclusão e exclusão é indiscriminado e

traduz-se em confusões e indefinições conceituais, propiciando um esvaziamento de sentido do

mesmo:

“A exclusão é um processo relacionado com a inclusão, são como

duas faces da mesma moeda. O que existe é uma dialética inclusão/exclusão, que transcende as interpretações restritas ao campo econômico (empregabilidade) e da crise estatal, bem como das noções de adaptação individual ao sistema social e normatização e culpabilização individual. Trata-se de um processo sutil, subjetivo que engendra dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas, em que o incluído existe porque existe o excluído. Nesta relação gestam-se subjetividades e modos de vida. Exclusão, neste contexto, refere-se ao descompromisso político com o sofrimento do outro”, (SAWAIA, 1999, p.67).

31

Inclusão digital não é apenas a disponibilização de computadores para a sociedade; trata-se

de garantir acesso, produção, seleção e significação da informação a fim de construírem-se

conhecimentos sintonizados com a sociedade do conhecimento para todas as classes sociais,

comprometendo-se com a produção de vida humana. Ou seja, atingir e incluir todos na pertença e

na vivência na sociedade, criando canais mais justos, amplos e menos discriminatórios (SAWAIA,

1999).

MICHELAZZO (2003) descreve três características importantes da sociedade do

conhecimento, as quais se relacionam com a inclusão digital:

1. Possibilidade de condições para criação de seres pensantes que utilizam sua

capacidade cognitiva para algo além de apertar teclas;

2. Possibilidade de disseminação da informática ao reduzir os custos;

3. Disseminação do senso de comunidade, ao inserir o cidadão em uma proposta que

precisa de sua ação para acontecer.

Discutir as diferenças entre o ensino presencial e a EAD é discutir a própria qualidade do

ensino em si. A inclusão das TIC’s na educação deve ser vista como algo que dê condições de vida

favoráveis a uma existência digna e justa ao ser humano. Tanto o ensino presencial quanto a EAD

podem conduzir os indivíduos a uma qualidade de vida melhor, dessa forma, a qualidade deve ser

discutida como um todo e não como a diferença entre um tipo e outro.

Deter-se em diferenciar um tipo de ensino do outro, na maioria das vezes, serve apenas

como instrumento antidemocrático na medida em que se eleva normalmente a EAD como uma “má

educação”. Destaca-se o exemplo canadense, particularmente importante, pois ele, atualmente, não

distingue mais nos currículos e certificados escolares se o aluno freqüentou uma escola presencial

ou a distância, se fez uma disciplina via Internet ou na sala de aula física. Ou seja, ensino é ensino, e

o mesmo fica na opção do educando, bem como da instituição de ensino, disponibilizar o

conhecimento de forma que atenda a necessidade de ambos. É o extremo exemplo da liberdade de

educar e da liberdade de escolha na educação.

A formação de educadores na modernidade não pode estar limitada à formação única e

exclusiva da área de atuação, nem na formação apenas presencial, é eminente a necessidade de

repensar formas de inserir nos currículos considerações sobre a EAD.

Não há mais uma formação apenas de educador em matemática, ciências ou língua

estrangeira, por exemplo, mas deveria haver, incluída a essas formações específicas, formação

paralela e concomitante nas inúmeras possibilidades que a introdução das TIC’s na educação possa

32

abordar e originar. Em situação estratégica, a EAD e as TIC’s, são caminhos reais e possíveis de se

estabelecer uma educação de qualidade e sintonizada com a realidade social vigente, sempre tendo

em consideração a inclusão digital. Assim, TIC’s, Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA’s) e

as avaliações sobre inclusão digital, formam um conjunto importante e interessante a ser discutido e

considerado na formação de futuros educadores.

Pensar num educador recém formado inserido no processo educacional sem esses

conhecimentos aprofundados, sem a discussão das questões político-ideológicas dos caminhos da

sociedade em que está inserido, sem a preocupação em tomar partido nas possibilidades de inclusão

do ser humano de forma integral na sociedade, a condições mais favoráveis de vida, bem como,

nessa lógica, ao acesso a toda e qualquer tecnologia disponibilizada, é compartilhar da idéia de que

o educador não é sujeito/agente de transformação e participador na criação integral de cidadãos.

Sem essas expectativas curriculares estar-se-á formando profissionais do ensino

desatualizados ao seu tempo e dominados a outros saberes dos quais ele não tem domínio, fazendo

evoluir o descrédito profissional e a sua importância cada vez menor como categoria pilar na

construção da sociedade.

2.2 Ensino Online: Implicações e considerações

A presente pesquisa pretende abordar o tema da EAD como sendo um dos mais destacáveis

e modernos instrumentos para a socialização e democratização da educação lato-sensu, onde a

exclusão social parece ser a tônica dominante em amplo sentido.

Partindo do pressuposto de que a EAD poderia vir a ser solução (ou parte da) para a

educação superior brasileira – tão necessária na preparação profissional do nosso mercado,

principalmente nestes novos tempos de concorrência acirrada e de economia globalizada – o

presente trabalho propõe uma análise exploratória e preponderantemente qualitativa dos contornos

que norteiam a educação à distância, hoje ainda caminhando a passos lentos em seu

desenvolvimento nacional.

Em termos conceituais, educar à distância significa proporcionar conhecimentos a um grupo

(muito) grande de educandos distribuídos por áreas distintas em termos geográficos (PETERS,

2003). Ou seja, utilizando-se de meios disponibilizados pelas TIC’s, difunde-se, sem a necessidade

presencial do educando em determinado local físico (instituição educacional – estrutura física),

33

cultura e ensinamentos técnicos, científicos e profissionalizantes para a formação cidadã do

indivíduo em amplo sentido.

Considerando-se que esse é o escopo fundamentador da EAD, entende-se que este

instrumento metodológico só poderá ser aplicado aos níveis de educação pós-alfabetização do

educando – pois essa fase primária de alfabetizar não consegue (ainda) prescindir da presença de

ambos (educando e educador) no mesmo local e em trabalho necessariamente presencial de

transmissão de conhecimentos.

LITWIN (2001) conceitua a educação à distância de forma científica e estruturada, ao

afirmar que o traço distintivo da modalidade consiste na midiatização das relações entre os

educadores e os educandos. Isso significa, de modo efetivo, substituir a proposta de assistência

regular à aula por uma nova proposta, na qual os educadores ensinam e os educandos aprendem

através de situações não-convencionais, isto é, em espaços e tempos diferentes.

Basicamente, este conceito engloba todas as outras variantes presentes em diversos outros

autores. Legalmente, o conceito dado à EAD, pelo nosso Ministério da Educação (BRASIL. MEC,

1998) diz:

"Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação" (Decreto 2.494, de 10.02.1998 – artigo I).

Por ser uma metodologia ou uma ferramenta educacional, relativamente nova, sobretudo no

Brasil e dentro dos contornos tecnológicos pós-modernos, partindo da própria Internet, a EAD

promete trazer aos gestores educacionais, ainda, uma série de questionamentos e, por que não,

entraves em sua completa e plena implementação.

2.3 Mídias Educacionais

O desenvolvimento de novas tecnologias permite ao homem usufruir de grandes avanços nas

mais diversas áreas. Tais tecnologias estão modificando os meios de se fazer negócios, o modo de

trabalhar das pessoas, assim como têm atribuído outros recursos para a educação, como a EAD, que

vêm sendo pesquisada e praticada em muitas instituições de ensino superior.

34

O ambiente virtual, baseado na aplicação ampla e em larga escala das TIC’s, está afetando o

processo educacional em várias e profundas instâncias. Isto pode ser observado mediante análise

das seguintes características: a educação não é algo que acontece somente na juventude; o

conhecimento tende a tornar-se obsoleto, exigindo um ambiente que permita o aprendizado

contínuo; a educação e o entretenimento estão convergindo para um mesmo ambiente; a entrega de

instruções educacionais está convergindo para o meio eletrônico e mais informal; e os acessos

eletrônicos a bases de conhecimento estão sendo viabilizados de forma fácil, barata e livre

(OLIVEIRA, 1997).

Para LÉVY (1999), todo processo educacional diz respeito à tecnologia. Assim sendo, a

EAD desenvolve-se paralelamente, junto com as TIC’s. A questão atual é como utilizar as TIC’s de

forma proveitosa e educativa e, não mais, se as instituições de ensino superior devem ou não

utilizar computadores, pois esta já é uma realidade na prática educacional. A tecnologia deve ser

utilizada como um catalisador de uma mudança do paradigma educacional (LÉVY, 1999). De

acordo com OLIVEIRA (1997):

“Um paradigma que promove a aprendizagem ao invés do ensino,

que coloca o controle do processo de aprendizagem nas mãos do aprendiz, e que auxilia o professor a entender que a educação não é somente a transferência de conhecimento, mas um processo de construção do conhecimento pelo aluno, como produto do seu próprio engajamento intelectual ou do aluno como um todo”, (NEITZEL, 2001, p.12).

Um dos principais desafios para as instituições de ensino superior que estão difundindo e

fazendo uso da EAD é buscar uma linguagem pedagógica apropriada à aprendizagem suportada

pelas diversas mídias disponíveis. O controle e o acompanhamento permanente do trabalho de

educadores, dos tutores e de todos os envolvidos, do atendimento à secretaria são igualmente

determinantes: a interação com o educando pode adquirir inúmeras formas e todas elas são

fundamentais ao sucesso do processo de ensino-aprendizagem. A estruturação de uma equipe

competente e especializada, composta de pessoas que entendam de tecnologia e de pedagogia,

trabalhando de forma coerente, pode garantir melhores resultados na aprendizagem do educando e

promoção da democratização do ensino por meio da EAD.

A utilização de tecnologias em processos educacionais tem vários objetivos, desde abrilhantar uma

aula e motivar os alunos, até atingir um grande contingente populacional. Para cumprir esta tarefa, é

necessário o uso das TICs (UDESC, 2001). Os educadores devem permanecer focalizados nos

resultados de aprendizagem e não na tecnologia de distribuição, por mais que a tecnologia

desempenhe um papel chave na distribuição de EAD.

35

Nesse contexto, as TICs inseriram diversas possibilidades de interação, intercâmbio de

idéias e materiais, entre educandos e educadores, nos educandos entre si e nos educadores entre si.

FIORENTINI (2002) afirma que este processo configura as comunidades de aprendizagem em rede,

bidirecionais e cooperativas. A EAD promove um conceito de autonomia por parte do educando e

sugere uma necessidade de interação e de contato educando/educando e de educando/educador,

resultando como pré-requisito uma demanda de novas maneiras dos educandos interagirem para

receber apoio e se desenvolverem, o que resulta em motivação (TAROUCO, 2002).

A tecnologia sozinha não é capaz de efetivar tal transformação no processo educacional. Os

responsáveis pela estruturação dos cursos, pelo desenvolvimento do projeto pedagógico é que, após

a primeira etapa de detalhamento do curso, devem determinar se a EAD assistida pela Internet é a

opção mais apropriada para dar suporte à toda estrutura proposta pelo curso a ser oferecido.

O sucesso de um curso estrutura na modalidade de EAD está diretamente subordinado à

escolha de uma linguagem pedagógica apropriada à aprendizagem, nenhuma tecnologia pode

resolver todos os tipos de problemas, e o aprendizado depende mais da forma como esta tecnologia

está aplicada no curso e como o educando está utilizando-a, do que do tipo de tecnologia utilizada.

A perspectiva é de que os benefícios da implantação das TICs nos processos educacionais também

sejam inseridos no ensino presencial. A mudança na educação tradicional está sendo implantada aos

poucos, gradualmente, através da incorporação das TICs na educação. A EAD tem contribuído

muito para este processo de reestruturação educacional, pois exige uma postura diferente dos

educadores, dos educandos e da metodologia de ensino-aprendizagem empregada.

Em síntese, a EAD pode efetivamente ampliar horizontes, não só pela flexibilidade, mas acima de

tudo ao proporcionar novas competências e novas formas de aprendizado.

36

CAPÍTULO III

EAD: DO PLANEJAMENTO, ESTRUTURAÇÃO À AVALIAÇÃO

A EAD proporciona ao educando a possibilidade de aprendizagem em novos ambientes,

libertando as pessoas da necessidade de freqüentar uma sala de aula e um espaço fixo para estudo,

isto é, a educação pode ser levada onde o educando estiver e quiser estudar. Não tendo mais um

espaço fixado para aprendizagem, o educando fica livre para aprender quando e onde desejar. Estes

podem ser considerados pontos-chave da flexibilidade que a EAD proporcionam ao seu público.

Parte-se de um conceito muito simples: educandos e educadores estão separados por uma

distância geográfica e, muitas vezes, pelo tempo. A EAD altera a idéia de que, para existir o

processo de ensino-aprendizagem, é necessário contar com a figura do educador em um mesmo

local (sala de aula, trabalho, residência, centros de aprendizagem) que um grupo de educandos.

De forma geral, na elaboração de um curso à distância, pode-se realçar alguns aspectos:

§ Um curso oferecido à distância deve privilegiar o enfoque pedagógico, e não o tecnológico;

§ Um projeto instrucional de EAD deve ter objetivos, público-alvo e expectativas claramente

definidas;

§ Para que os cursos e programas atendam às expectativas dos educandos, é significativo o

planejamento, a definição das equipes, bem como o comprometimento institucional;

§ O conteúdo deve atender às necessidades e expectativas dos educandos, além de estar

integrado aos meios tecnológicos escolhidos para o curso;

§ Na EAD, o contato entre educador e educando se dá na forma indireta. A metodologia

utilizada deve fazer com que os conteúdos sejam tratados e organizados de forma que os

educandos tenham condição de aprender sem a presença do educador;

§ Deve-se garantir a escolha de mídias apropriadas que possam dar suporte ao ambiente a ser

criado, com uma boa relação de custos, vantagens e benefícios, tanto financeiros quanto

pedagógicos;

§ Deve-se estimular a formação de comunidades virtuais entre os educandos do grupo;

§ A metodologia empregada deve oferecer flexibilidade de estudo para o educando,

possibilitando que ele aprenda em seu próprio ritmo e nos ambientes que considerar melhor.

37

Ao planejar a implementação da EAD, é fundamental que o projeto pedagógico esteja

adequado à metodologia do curso e integrado às tecnologias disponíveis.

Quanto ao público alvo do curso, deve-se, obrigatoriamente, conhecer o seu perfil.

Considerando a análise do público-alvo, torna-se importante definir a melhor abordagem e forma de

tratá-lo. Ao se optar por utilizar determinado meio tecnológico, salienta-se a necessidade de se

atender a certos aspectos pedagógicos que definam e maximizem a adequação das mídias às

necessidades do educando e à adaptação do conteúdo, bem como a certos aspectos administrativos,

dentre outros.

Alguns dados devem ser observados e levantados para a composição de um diagnóstico de

pré-implantação de um curso à distância, tais como:

§ Levantamento do público-alvo e suas necessidades;

§ Pré-requisitos, contexto social, geográfico e tecnológico;

§ Expectativas do educador e, quando possível, dos educandos;

§ Formulação de objetivos gerais e específicos;

§ Definição de conteúdos;

§ Cronograma de desenvolvimento e implantação do projeto.

3.1 EAD: Fundamentos e Desafios

Com o advento das TIC’s, novas perspectivas para a EAD surgiram devido às facilidades de

design e produção sofisticados, rápida emissão e distribuição de conteúdos, interação com

informações, recursos e pessoas. Assim, universidades, escolas, centros de ensino e organizações

empresariais oferecem cursos a distância através de recursos telemáticos, os quais podem assumir

distintas abordagens.

Desde o século XIX, a EAD, por meio dos CORREIOS, para transmitir informações e

instruções aos educandos e receber destes as respostas às tarefas propostas, funciona como

alternativa empregada, principalmente, na educação não formal.

38

Em seguida, esta modalidade educacional foi utilizada para tornar a educação convencional

acessível às pessoas residentes em áreas isoladas ou àqueles que não tinham condições de cursar o

ensino regular no período apropriado, o que lhe deu a reputação de educação de baixo custo e de

segunda classe. Nas últimas décadas, a EAD tomou um novo impulso com o uso das tecnologias

tradicionais de comunicação, como o rádio e a televisão, associados aos materiais impressos

enviados pelos CORREIOS, favorecendo a disseminação e a democratização do acesso à educação

em diferentes níveis, permitindo atender a grande massa de interessados (educandos).

Embora a EAD realizada através de meios convencionais de transmissão das informações

para o processo de ensino-aprendizagem dificulte o estabelecimento de inter-relações entre emissor

e receptor, ou seja, educador e educando, processo e produto e apresente altos índices de

desistência, tal modalidade encontra-se difundida em todas as partes do mundo, devido à

necessidade de atender a crescente parcela da população que busca a formação inicial ou continuada

a fim de adquirir condições adequação e competição no mercado de trabalho.

Esta modalidade de EAD, conta com a presença de um educador para elaborar os materiais

instrucionais e planejar as estratégias de ensino e com um tutor encarregado de ajudar o educando

em suas tarefas ou orientá-lo em suas dúvidas. Quando o papel do educador não envolve as

interações com os educandos, o que é muito freqüente cabe ao tutor fazê-lo. Todavia, caso esse

tutor não domine plenamente a concepção do curso ou não tenha sido devidamente preparado para

orientar o educando, corre-se o risco de um atendimento inapropriado que pode levar o educando a

interação com o tutor, passando a trabalhar sozinho ou a abandonar o curso.

3.1.1 Fundamentos

Conforme OLIVEIRA (1997) as abordagens de EAD por meio das TIC’s podem ser de três

tipos: broadcast, virtualização da sala de aula presencial ou estar junto virtual.

§ Broadcast: a tecnologia computacional é aplicada para “entregar a informação ao aluno” da

mesma forma que ocorre com o uso das tecnologias tradicionais de comunicação como o

rádio e a televisão;

§ Virtualização da sala de aula: os recursos das redes telemáticas são utilizados da mesma

forma que a sala de aula presencial, que busca transferir para o meio virtual o paradigma do

espaço-tempo da aula e da comunicação bidirecional entre educador e educando;

39

§ Estar junto virtual, também definido como aprendizagem assistida por computador - AAC,

explora a potencialidade interativa das TIC’s e a comunicação multidimensional, que

aproxima os emissores dos receptores dos cursos, permitindo criar condições de

aprendizagem e colaboração.

Disponibilizar as TIC’s aos educandos e colocá-los diante de informações, problemas e

objetos de conhecimento pode não ser suficiente para envolvê-los em um processo de aprendizagem

colaborativa. Conforme AXT (2000) é necessário criar um ambiente que beneficie a aprendizagem

significativa ao educando, desperte nele a disposição para aprender, para isso, disponibilizar as

informações pertinentes de maneira organizada e no momento apropriado e promover a

interiorização de conceitos construídos.

Sob esta ótica, a EAD significa ensinar. Organizar situações de aprendizagem, planejar e

propor atividades, identificar as representações do pensamento do educando, atuar como mediador e

orientador, fornecer informações relevantes, incentivar a busca de distintas fontes de informações,

realizar experimentações, provocar a reflexão sobre processos e produtos, favorecer a formalização

de conceitos, propiciar a inter-aprendizagem e a aprendizagem significativa do educando,

estabelecendo características distintas para si (OLIVEIRA 1997):

§ Planejar para o desenvolvimento de ações;

§ Receber, selecionar e enviar informações;

§ Estabelecer conexões;

§ Refletir sobre o processo em desenvolvimento em conjunto com os pares;

§ Desenvolver a inter-aprendizagem, a competência de resolver problemas em grupo e a

autonomia em relação à busca, ao fazer e compreender.

Desta forma, as informações são escolhidas, estabelecidas e contextualizadas segundo as

perspectivas do (s) educando (s), permitindo instituir múltiplas e mútuas relações e recursões,

dando-lhes um novo sentido que supera a compreensão individual.

A EAD se relaciona, diretamente, com o desenvolvimento de uma cultura tecnológica que

promova a atuação dos profissionais em ambientes virtuais. Para MORAES (1997), trata-se de

estruturar equipes interdisciplinares constituídas por educadores, profissionais de design,

programação e desenvolvimento de ambientes computacionais para EAD, com competência na

criação, gerenciamento e uso desses ambientes.

A EAD assistida pela Internet permite irromper com as distâncias espaços-temporais e

viabiliza a interatividade, recursividade, múltiplas interferências, conexões e trajetórias, não se

40

reduzindo à difusão de informações e tarefas inteiramente definidas a priori. Assim sendo, a EAD é

idealizada como um sistema aberto, com mecanismos de participação e descentralização flexíveis,

com regras de controle discutidas pela comunidade e decisões tomadas por grupos interdisciplinares

(MORAES, 1997).

3.1.2 Políticas

O Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras –

FORGRAD (2001) ressalta que a EAD pode colaborar para a busca de novos paradigmas

educacionais no sentido de deslocar-se da concepção de educação como sistema fechado, voltado

para a transmissão e transferência, para um sistema aberto, implicando processos transformadores

que decorrem da experiência de cada um dos sujeitos da ação educativa.

De acordo com o relato/parecer de GOUVEIA, a aprendizagem, possível por intermédio dos

meios de comunicação, não ocorre sem uma relação estreita entre os vários protagonistas do

processo, salientando que a participação e a interação entre os educandos e entre educandos,

educadores e tecnologias em uso são fundamentais tanto na educação presencial quanto na EAD.

Assim definido, os autores ressaltam como pressupostos básicos para uma EAD de qualidade:

§ Relação educador-educando baseada no acompanhamento do desenvolvimento do aluno e na

interação presencial ou a distância, respeitando o ritmo de estudo, a disponibilidade de

tempo e o espaço do educando. O educando precisa sentir que não está só, sempre existe um

educador para orientá-lo e acompanhá-lo ao longo do curso;

§ Necessidade de uma instituição educacional responsável pelo curso em seu todo, desde a

definição da concepção educacional, planejamento, criação de estratégias e condições

favoráveis para a aprendizagem, elaboração de material didático, corpo docente, até a

implantação do curso, o acompanhamento, a orientação e a avaliação do educando. Os

profissionais que compõem a equipe interdisciplinar responsável pelo curso devem

participar de todas as etapas do curso;

§ Uso integrado de distintos meios de comunicação para desenvolver conteúdos e manter

constante interação com os alunos, considerando que forma e conteúdo, conceito e estrutura

encontram-se imbricados. Os educadores precisam ser preparados para manter a coerência

entre sua atitude nas interações e as intenções, concepções e objetivos do curso;

41

§ Desenvolvimento do conteúdo de modo a favorecer a aprendizagem do educando, partindo

de suas necessidades, expectativas e experiências. O educador procura dar-se a conhecer aos

educando de modo a criar um relacionamento que possibilite que os educandos também se

revelem e criem vínculos entre si e com os educadores. Para evitar a dicotomia entre

planejadores e executores do curso, o material didático deve ser elaborado por especialistas

membros da equipe interdisciplinar responsável pelo curso ou, no caso de materiais e textos

de outros autores, é preciso que a equipe se aproprie dos mesmos para poder utilizá-los com

os educandos;

§ Avaliação do educando em processo e no final das etapas do processo (curso). Desde o

princípio o educando deve conhecer as intenções e objetivos do curso, as etapas previstas,

metodologia de desenvolvimento e formas de avaliação.

Durante o curso, devem ser dadas informações ao educando sobre o progresso do grupo e o

seu, de modo a lhe oferecer condições de se auto-avaliar e participar da avaliação do próprio curso.

De acordo com DELORS (1999), é significativo acrescentar a esses pressupostos, a

representação do pensamento do educando e a comunicação de suas idéias, assim como a sua

produção individual e a coletiva de conhecimentos:

“Devido à característica das TIC’s relacionada com o fazer, rever e

refazer contínuo, o erro é transformado em algo que pode ser revisto e reformulado (depurado) instantaneamente para produzir novos saberes. O uso de ambientes virtuais numa perspectiva de interação e construção colaborativa de conhecimento favorece o desenvolvimento de competências e habilidades relacionados com a escrita para expressar o próprio pensamento, leitura e interpretação de textos, hipertextos e idéias do outro. Decorre daí o grande impacto que o uso desses ambientes poderá provocar não só no sistema educacional, mas também no desenvolvimento humano e na cultura brasileira, de tradição essencialmente oral”, (ALMEIDA, p.18).

Salienta-se, ainda, o desafio da avaliação, tendo em vista que os educandos encontram-se em

diferentes espaços geográficos. Novamente, o uso das TIC’s em EAD apresenta um subsídio

fundamental pelo registro contínuo das interações, produções e caminhos percorridos pelo

educando, permitindo recuperar instantaneamente a memória de qualquer etapa do processo, bem

como realizar tantas atualizações quantas forem necessárias. Este registro do processo pode ser

realizado mesmo sem o uso das TIC’s por meio de um diário no qual o educando pode anotar suas

dificuldades, descobertas e caminhos percorridos, auxiliando-o a acompanhar seus avanços,

dificuldades, estratégias para superá-las e novas descobertas.

Da mesma forma que a elaboração de um diário de trabalho pelo formador, pela equipe

educacional, permitirá refletir sobre as ações, tomar consciência dos equívocos cometidos e das

estratégias e atitudes promissoras.

42

3.1.3 Práticas

Mesmo com os avanços conceituais e experiências educacionais em ambientes virtuais

positivas, o uso das TIC’s na EAD se realiza, com maior incidência, na modalidade de broadcast.

Empresas e universidades corporativas investem no e-learning para habilitar funcionários, clientes e

fornecedores. Outras organizações realizam cursos utilizando o broadcast com a finalidade de

treinar estudantes e profissionais desempregados para sua inserção no mercado de trabalho. Portais

educacionais abrem as portas ao mundo da informação.

Acerca da eficácia desses cursos, podem-se apontar vantagens e desvantagens. Dentre as

vantagens, destaca-se o baixo custo, a democratização do acesso à informação, a flexibilidade de

horário e a escolha de cursos conforme interesses e necessidades do usuário. O processo é

considerado de baixo custo, mas apontam como desvantagem a perda de interação entre os

integrantes do curso, restringindo a troca de idéias e a crítica, por exemplo.

Programas de inclusão digital para educandos de escolas públicas e comunidade caminham

em diferentes direções (DELORS, 1999). De um lado, a oferta de treinamento para possibilitar às

pessoas de baixa renda o acesso às TIC’s e a democratização de informações, de outro, propostas

mais ousadas como o desenvolvimento da leitura e escrita crítica do mundo por meio de cursos a

distância apoiados no presencial por monitores e acompanhados a distância por educadores que

apontam as atividades e interagem com educandos e monitores. Embora arrojada, apresentando uma

proposta transformadora, a eficácia da formação apresenta-se centrada no papel assumido por

educadores e monitores, o que exige um grande esforço das instituições formadoras que ainda não

dispõem de quadros preparados para desempenhar essas funções em número suficiente para atender

às demandas:

“Devido a diversidade da realidade brasileira e a dificuldade ou até

impossibilidade de acesso às TIC’s por parcela considerável da população, a EAD, no Brasil, continuará convivendo com as diferentes abordagens. Enquanto se procuram mecanismos para democratizar a educação em todos os níveis, o grande contingente de pessoas alijados do acesso às TIC’s continuará participando de cursos a distância por meio de tecnologias convencionais. Porém, esses cursos podem tornar-se mais interativos e assumir uma abordagem mais próxima do estar junto virtual a partir do envolvimento dos formadores em um programa de sua própria formação continuada por meio das TIC’s que os leve a refletir sobre as contribuições dessas tecnologias à prática pedagógica”, (DELORS, 1999, p.21).

43

A utilização das TIC’s na EAD pode acarretar a conscientização sobre a relevância da

participação de educadores e tutores em todas as etapas da formação, o que implica em

compreender o processo do ponto de vista educacional, tecnológico e comunicacional. Daí a

probabilidade de transferir tal percepção para a EAD convencional e buscar alternativas que

favoreçam a interação entre os participantes a representação do pensamento do aprendiz, o que já

se evidencia nos meios de comunicação convencionais.

3.1.4 Desafios

Dada a complexidade e os desafios da EAD expostos ao longo da presente pesquisa, é

prioritário concluir que o credenciamento de instituições para implantar programas de EAD precisa

ser cuidadosamente avaliado, segundo as características do projeto e as condições contextuais, que

podem apontar diferentes direções de acordo com cada realidade e clientela a ser atendida. Para

evitar o excesso de burocracia na autorização de funcionamento de cursos EAD e, ao mesmo tempo,

contemplar ações inovadoras, é preciso definir diretrizes que permitam criar condições para

acompanhamento e avaliação contínua das ações de modo a identificar seus avanços e corrigir os

possíveis equívocos no próprio andamento do curso.

Diversas organizações avaliam a questão da EAD, principalmente o CNE, o MEC por meio

da SESU e da Secretaria de Educação a Distância - SEED, o FORGRAD, além de pesquisadores de

diversas universidades, vale ressaltar os esforços entre poder público, especialistas e instituições no

sentido de acelerar a definição da política brasileira de desenvolvimento de EAD, suas diretrizes e

procedimentos para que a mesma possa contemplar o mais rápido possível as demandas existentes

e, ao mesmo tempo, promover uma EAD de qualidade.

A Comissão Assessora para Educação Superior a Distancia da SESU, criada pela Portaria

335/07.02.2002, tem como finalidade apoiar a Secretaria de Ensino Superior na elaboração de

normas para a EAD no nível superior e os respectivos procedimentos de supervisão e avaliação.

Essa comissão é constituída por três subgrupos, distribuída pelas temáticas:

§ Paradigmas de EAD, responsável pela identificação dos conceitos fundamentais de EAD,

com destaque àqueles relacionados com o Ensino Superior;

44

§ Diagnóstico e situação atual, encarregado de levantar a situação atual a partir de dados

existentes no INEP e SESU, bem como analisar as solicitações para obtenção de autorização

de oferta de cursos EAD;

§ Mapeamento legislativo, responsável pela análise da legislação atual sobre cursos superiores

em EAD, na esfera federal e estadual.

Evidencia-se a necessidade de analisar e incorporar aos estudos do CNE, as principais ações e

programas de EAD em realização pelo Ministério da Educação/SEED, a destacar: TV Escola,

Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO, Programa de Formação de

Professores em Exercício – PROFORMAÇÃO, Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a

Distância - PAPED e Rádio Escola.

A sociedade atual necessita de novos paradigmas educacionais, um repensar a educação em

seu sentido mais amplo e promoção de ações direcionadas à transformação do sistema educacional

em um processo mais amplo e flexível, no qual educandos e educadores sejam sujeitos da ação

educativa, conforme já anunciado na perspectiva do paradigma educacional emergente.

3.2 EAD – Legislação

No site do Ministério de Educação (MEC) encontram-se informações sobre quantas

instituições já estão credenciadas para a EAD e quais são, na sociedade do conhecimento, os

programas de incentivo à pesquisa e à utilização das TIC’s na educação.

A quantidade de experiências brasileiras em EAD na educação formal e não-formal, em

instituições educacionais ou empresarias, públicas ou privadas, no ensino superior ou na educação

básica, já é bastante significativo, confirmando um crescente interesse por essa modalidade de

ensino. Assim, torna-se necessária, cada vez mais, a capacitação de educadores para a EAD e a

inserção correta dos educandos nos ambientes virtuais de aprendizagem.

No ensino superior, as experiências brasileiras de EAD, assistidas pelas TIC’s, tiveram

início na década de 90 e se nortearam no sentido de aproximar/facilitar a participação, em

atividades educacionais, dos educandos que tinham dificuldades de se deslocar de suas

residências/cidades por um tempo maior, como o exigido por cursos de graduação, pós-graduação

(lato-sensu) ou, até mesmo, extensão presenciais.

45

No Brasil, as bases legais para a modalidade de EAD foram estabelecidas pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996),

regulamentada pelo Decreto n.º 5.622, publicado no D.O.U. de 20/12/05 (que revogou o Decreto n.º

2.494, de 10 de fevereiro de 1998, e o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998) com normatização

definida na Portaria Ministerial n.º 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial n.º 301, de 07

de abril de 1998). Em 3 de abril de 2001, a Resolução n.º 1, do Conselho Nacional de Educação

estabeleceu as normas para a pós-graduação lato e stricto-sensu.

3.2.1 Educação Básica na Modalidade de EAD

Segundo o Art. 30º do Decreto n.º 5.622/05, as instituições credenciadas para a oferta de

EAD poderão requerer autorização, junto aos órgãos normativos dos respectivos sistemas de ensino,

para oferecer os ensinos fundamentais e médios à distância, conforme § 4o do art. 32 da Lei no

9.394, de 1996, exclusivamente para:

I. A complementação de aprendizagem; ou

II. Em situações emergenciais.

Para oferta de cursos a distância dirigidos à educação fundamental de jovens e adultos,

ensino médio e educação profissional de nível técnico, o Decreto n.º 5.622/05 delegou competência

às autoridades integrantes dos sistemas de ensino de que trata o artigo 8º da LDB, para promover os

atos de credenciamento de instituições localizadas no âmbito de suas respectivas atribuições.

Dessa maneira, as propostas de cursos nesses níveis deverão ser dirigidas ao órgão do

sistema municipal ou estadual responsável pelo credenciamento de instituições e autorização de

cursos (Conselhos Estaduais de Educação); a menos que se trate de instituição vinculada ao sistema

federal de ensino, quando, então, o credenciamento deverá ser feito pelo Ministério da Educação.

3.2.2 Educação Superior e Educação Profissional na Modalidade de EAD

Para cursos de graduação e educação profissional em nível tecnológico, a instituição

interessada deve credenciar-se junto ao Ministério da Educação, requerendo, para tanto, a

46

autorização de funcionamento para cada curso que pretenda ofertar. O processo será analisado na

Secretaria de Educação Superior, por uma Comissão de Especialistas na área do curso em questão e

por especialistas em EAD. O Parecer dessa Comissão será encaminhado ao Conselho Nacional de

Educação.

O trâmite é o mesmo que é aplicado aos cursos presenciais. A qualidade do projeto da

instituição será o enfoque principal da análise. Para orientar a elaboração de um projeto de curso de

graduação a distância, a Secretaria de Educação a Distância elaborou o documento Indicadores de

qualidade para cursos de graduação a distância, disponível no site do Ministério para consulta.

3.2.3 Pós-Graduação a Distância

A oferta de cursos de mestrado, doutorado e especialização a distância foi disciplinada pelo

Capítulo V do Decreto n.º 5.622/05 e pela Resolução nº 01, da Câmara de Ensino Superior-CES, do

Conselho Nacional de Educação-CNE, em 3 de abril de 2001. O artigo 24 do Decreto n.º 5.622/05,

tendo em vista o disposto no § 1º do artigo 80 da Lei nº 9.394, de 1996, determina que os cursos de

pós-graduação stricto-sensu (mestrado e doutorado) a distância serão oferecidos exclusivamente por

instituições credenciadas para tal fim pela União e obedecem às exigências de autorização,

reconhecimento e renovação de reconhecimento estabelecidos no referido Decreto.

No artigo 11, a Resolução nº 1, de 2001, também conforme o disposto no § 1º do art. 80 da

Lei nº 9.394/96, de 1996, estabelece que os cursos de pós-graduação lato-sensu a distância só

poderão ser oferecidos por instituições credenciadas pela União. Os cursos de pós-graduação lato-

sensu oferecidos a distância deverão incluir, necessariamente, provas presenciais e defesa presencial

de monografia ou trabalho de conclusão de curso.

3.2.4 Diplomas e Certificados de Cursos a Distância Emitidos por Instituições Estrangeiras

Conforme o Art. 6º do Dec. 5.622/05, os convênios e os acordos de cooperação celebrados

para fins de oferta de cursos ou programas a distância entre instituições de ensino brasileiras,

47

devidamente credenciadas, e suas similares estrangeiras, deverão ser previamente submetidos à

análise e homologação pelo órgão normativo do respectivo sistema de ensino, para que os diplomas

e certificados emitidos tenham validade nacional.

A Resolução CES/CNE 01, de 3 de abril de 2001, relativa a cursos de pós-graduação,

dispõe, no artigo 4º, que os diplomas de conclusão de cursos de pós-graduação stricto-sensu obtidos

de instituições de ensino superior estrangeiras, para terem validade nacional, devem ser

reconhecidos e registrados por universidades brasileiras que possuam cursos de pós-graduação

reconhecidos e avaliados na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior ou em

área afim.

Vale salientar que a Resolução CES/CNE nº 2, de 3 de abril de 2001, determina no caput do

artigo 1º, que os cursos de pós-graduação stricto-sensu oferecidos no Brasil por instituições

estrangeiras, diretamente ou mediante convênio com instituições nacionais, deverão imediatamente

cessar o processo de admissão de novos educandos. Estabelece, ainda, que essas instituições

estrangeiras deverão, no prazo de 90 (noventa) dias, a contar da data de homologação da Resolução,

encaminhar à Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,

a relação dos diplomados nesses cursos, bem como dos educandos matriculados, com a previsão do

prazo de conclusão. Os diplomados nos referidos cursos deverão encaminhar documentação

necessária para o processo de reconhecimento por intermédio da CAPES.

48

CAPÍTULO IV

EAD E ENSINO SUPERIOR

As TIC’s influenciam, direta ou indiretamente, a produção do conhecimento e a formação

realizada nas instituições de ensino superior, desempenhando papel fundamental em qualquer área

de atividade. Elas promovem a difusão de informações, a transferência de tecnologia e a educação

continuada de caráter informal e formal, além da integração interna e do trabalho cooperativo entre

indivíduos e organizações.

Uma nova gestão social do conhecimento instaura-se a partir do desenvolvimento das TIC’s,

mudando a concepção de conhecimento, desde o surgimento de novas técnicas de produção, de

armazenamento e de processamento das informações. É o conhecimento que acelera as coisas, os

modos de produção, que transforma a economia em algo instantâneo, que a faz operar em tempo

real e que gera um novo quadro organizacional qualificado pela flexibilidade decorrente de

mudanças rápidas nos produtos, nos métodos e nos procedimentos.

Tal flexibilidade decorre do desenvolvimento e utilização das TIC’s, resultando em

possibilidades de maior adaptação aos ajustes necessários em termos de procedimentos e variação

dos indivíduos participantes.

Na sociedade da informação, pode-se salientar esta nova dimensão social no fato de que os

indivíduos, espalhados pelo planeta, ao integrarem-se em redes de comunicação (Internet), tornam a

informação e o conhecimento patrimônio da humanidade – um bem comum a todos (DA SILVA,

2003). Dessa maneira, a produtividade intelectual, artística e científica faz com que tal sociedade

não se determine em função de indivíduos, nações ou corporações, mas alcance uma dimensão

universal, pois o conhecimento passa a pertencer a todos, o que torna imprescindível disseminá-lo

para que possa ser incorporado por todos em suas produtividades cotidianas. Todos têm direito a

aprender para seu próprio desenvolvimento pessoal. Assim, o papel da educação na sociedade da

informação é o de redistribuir a riqueza do conhecimento, (DA SILVA, 2003).

TAYLOR (2003) questiona se, ao interferir sobre tantos aspectos da sociedade, a Internet

também interfere na mudança das instituições de ensino superior. Ao discutir como as instituições

de ensino superior poderão responder a estes desafios e estar na vanguarda da inovação e da

institucionalização da mudança social, conclui-se que há potencial não apenas para implementar a

economia de escala mas também a qualidade pedagógica e administrativa dos processos formativos,

das instituições e dos serviços de atendimento ao educando.

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Desde que o acesso às informações, a partir de uma estação de trabalho, seja garantido,

muitas iniciativas podem ser implantadas para organizar cursos de EAD apoiados nas tecnologias

disponíveis, com a finalidade de utilizá-las de forma sistemática nas atividades educativas para a

promoção do desenvolvimento cognitivo e difusão da informação. Sob esta ótica, forma e conteúdo

do trabalho não poderiam permanecer inalterados com as mudanças ocorridas em todo o mundo,

renovando os locais costumeiros de trabalho e de estudo (MELLO, 2003).

O avanço da internet impulsiona a educação para a flexibilidade, partindo do

reconhecimento da necessidade de aprender de forma contínua, visto que as pessoas terão que

mudar e adaptar-se para viver, não em um mundo diferente, mas em vários mundos que se irão

criando sucessivamente (CASTELLS, 2000).

Este destaque no aprender a aprender fundamenta-se no fato de que o conhecimento

constitui, atualmente, o principal agente transformador na sociedade, de tal forma que já não basta

ter informação, pois ela não significa conhecer nem garante um conhecimento crítico do mundo. A

relação distância-presença, mesmo dicotômica, mostra-se contínua, dialética, reconfigurada pela

mediação tecnológica, função da natureza, objetivos e conteúdos dos cursos.

Nos novos cenários produzidos pelas TIC’s, a EAD surge como oportunidade para aumentar

o atendimento das demandas educacionais da população e da sociedade, bem como compõe uma

alternativa às exigências de natureza social e pedagógica da atualidade, amparada pelas

possibilidades reunidas pelas TIC’s.

Nesse novo contexto social, torna-se fundamental a ação do poder público, frente à demanda

de um marco normativo, com critérios claros, que organize e promova uma cultura da avaliação ao

planejamento e oferta de EAD. A EAD assume seu caráter de prática educativa comprometida com

a (re)construção da sociedade e que exige organização de apoio institucional e mediação

pedagógica capazes de garantir a efetivação do ato educativo (BACHA FILHO, 2003, p.32).

É indispensável reconhecer a contribuição da EAD na concretização das políticas públicas

promotoras de igualdade, na oferta de oportunidades educativas e na participação na economia e

desenvolvimento da sociedade, minimizando os efeitos da exclusão social. Assim sendo, é essencial

atentar para aos estragos em decorrência da exclusão tecnológica e digital, e muita ousadia, diálogo,

disponibilidade e criatividade para enfrentar a complexidade das demandas crescentes de

conhecimento, aprendizagem e ação da sociedade atual. BACHA FILHO (2003) pondera que:

“Não podemos nos contentar com a repetição de clichês, mesmo

aqueles com sabor progressista, nem com definições abstratas ou globalizantes. É preciso ir além, traduzir em propostas concretas, num autêntico ‘afrontamento’ à realidade, o atendimento às demandas de uma sociedade em vertiginosa mudança”, (p.41).

50

As instituições de ensino superior têm tentado superar os temores quanto à possível queda

da qualidade do ensino, a tendência privatista e assegurar condições mais favoráveis ao

desenvolvimento da educação superior assistida por tecnologias, que não a reduza à transposição de

ambientes, recursos e metodologias educacionais utilizados no modelo presencial. Quanto a

utilização das TIC’s, BACHA FILHO (2003) ressalta:

“Os ambientes, processos e materiais instituídos para aprender com

TIC’s admitem dimensões importantes, como a estrutura cognitiva referida à natureza das atividades a realizar e a estrutura social de participação, que empregam os processos formativos e se constituem como prática social explícita ou oculta, cuja forma e conteúdo referem-se aos conhecimentos, ao contexto sociocultural, ao patrimônio cultural e científico da humanidade, à construção de sentido por meio de diversas linguagens, meios de comunicação e respectivos ambientes tecnológicos”, (p.42).

No Relatório da Comissão Assessora designada para apoiar a Secretaria de Ensino Superior

(SESU-MEC) na proposição de parâmetros para regulamentação da educação superior a distância,

tal cenário de mudanças paradigmáticas já era apresentado, reconhecendo-se que o avanço das

tecnologias possibilita a exploração de espaços, culturas e conhecimentos espalhados por todo o

planeta e a implementação de trabalhos cooperativos entre educandos, educadores e instituições de

ensino superior, por intermédio das TIC’s e da rede internet.

Atualmente, as discussões sobre EAD apontam para a importância de se utilizar, ao máximo,

as possibilidades por ela oferecidas, democratizando-se o acesso via oferta de novas vagas no

ensino superior, ao mesmo tempo em que se busca elevar o padrão de qualidade do processo

educativo e incentivar o aprender ao longo da vida.

Tal política exige um conjunto de condições de infra-estrutura, inovações, metodologias e a

implementação de concepções de organização de processos que apóiem o desenvolvimento das

ações necessárias para a implantação de cursos na modalidade de EAD. Se as instituições de ensino

superior estão investindo em tecnologia e na preparação de equipes, envolvendo educadores e

profissionais de perfis específicos, com conhecimentos de informática, comunicação e estética

audiovisual, pedagogia e didática, a indústria da informática atua no desenvolvimento de novas

ferramentas para EAD, em resposta às demandas dos educadores, que buscam desenvolver

conteúdos em novas linguagens e novas formas de promover a aprendizagem dos educandos.

Neste contexto, educadores, tecnólogos, instituições e poder público devem buscar soluções

criativas à altura dos desafios surgidos. A consciência e disposição da sociedade em lutar por um

projeto educacional consistente são notórias e se espraiam por todos os rincões do país. Reconhece-

se como de fundamental importância romper com o isolamento de departamentos e grupos de

51

pesquisadores nas instituições de ensino superior, e concentrar esforços em um empenho coletivo de

democratização do acesso ao conhecimento e busca contínua de qualidade, que se obtém por meio

de experimentação séria, crítica e ética.

Como a universidade pode desenvolver seu potencial e contribuir para a construção de uma

sociedade mais igualitária? No contexto da sociedade atual e de suas contradições e crises tem-se

uma ruptura histórica que balança consideravelmente a noção de tempo e espaço, provocando uma

revolução cultural e o florescimento de novos paradigmas científicos.

Ao assumir que sem transformar a sociedade, não há ciência e técnica a serviço do

humanismo, a única solução que gera uma transformação radical das estruturas da sociedade é

investir na socialização dos meios de produção, o que permite colocar ciência, técnica, cultura e arte

à disposição da maioria da população e, ao mesmo tempo, tornar mais democrático seu uso.

52

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conjunto de informações aqui apresentadas, discutidas e aplicadas à realidade da EAD no

Brasil é um convite à reflexão, mas pressupõe uma premissa básica: o aluno autônomo e bem

formado em sua base educativa.

Não podemos desconsiderar as enormes dificuldades de formação básica do nosso alunado e

que apesar dos esforços de democratização e acesso às TIC’s ainda temos o descomunal desafio de

concretizar um projeto de educação baseado na qualidade de ensino e não somente em atitudes

incipientes que visam somente à obtenção de índices que supostamente tirariam o Brasil da

condição sofrível em que se encontra no contexto educativo global. Na verdade, qualquer projeto

educacional está intimamente ligado à efetivação de uma proposta séria e concreta de educação com

qualidade para o nosso povo: uma Política Pública de Educação.

Apesar de já haver legislação que regulamente essa modalidade de ensino, cabe ressaltar a

necessidade de acompanhamento das Instituições que oferecem tal modalidade pelo órgão oficial

competente para que se garanta a qualidade e eficácia dos estudos, além de não permitir que se

torne uma “fábrica de certificados”.

Os caminhos de reformulação do processo ensino-aprendizagem do nosso tempo são

inexoráveis: as possibilidades de exploração desses veículos de comunicação moderna abrem portas

até então impensáveis e se aplicadas à realidade de países de dimensões continentais como o Brasil

que ainda apresenta inefáveis questões educativas que merecem ser tratadas com determinação e

respeito, podem sim concretizar uma reconstrução na formação acadêmica capaz de conduzir

qualquer nação à condição de excelência.

Sem maiores pretensões, que o legado desse trabalho seja a possibilidade de reflexão crítica

da realidade e das possibilidades da educação em nosso país.

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