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ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS - ENCE MESTRADO EM ESTUDOS POPULACIONAIS E PESQUISAS SOCIAIS Área C – PRODUÇÃO E ANÁLISE DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Turma - 2002 A TERRITORIALIDADE EVANGÉLICA-PENTECOSTAL: UM ESTUDO DE CASO EM SÃO GONÇALO Município de São Gonçalo Estado do Rio de Janeiro Regiao Metropolitana Italmar Santos Oliveira Rio de Janeiro – RJ Março de 2005

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ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS - ENCE

MESTRADO EM ESTUDOS POPULACIONAIS E PESQUISAS SOCIAIS Área C – PRODUÇÃO E ANÁLISE DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

Turma - 2002

A TERRITORIALIDADE EVANGÉLICA-PENTECOSTAL: UM ESTUDO DE CASO EM SÃO GONÇALO

Município de São Gonçalo

Estado do Rio de Janeiro

Regiao Metropolitana

Italmar Santos Oliveira

Rio de Janeiro – RJ Março de 2005

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Ministério do Planejamento e Orçamento e Gestão

Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE

Reconhecida pelo Decreto n0 51.163, de 08.08.61, publicado no D. O. de 16.08.61

A TERRITORIALIDADE EVANGÉLICA-PENTECOSTAL: UM ESTUDO DE CASO EM SÃO GONÇALO - RJ

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Alkmim dos Reis Aluno: Italmar Santos Oliveira

Rio de Janeiro, RJ - Brasil 18 de março de 2005

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III

FICHA CATALOGRÁFICA O48t Oliveira, Italmar Santos

A territorialidade evangélica pentecostal: um estudo de caso em São Gonçalo - R.J. / Italmar Santos Oliveira. - Rio de Janeiro (R.J.):[S.N], 2005.

118 p. : il. Inclui bibliografia. Dissertação (Mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais. Área de

concentração C - Produção e Análise da Informação Geográfica) - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE / Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE. Orientador: Professor Doutor Antonio Carlos Alkmim dos Reis.

1. IGREJAS PENTECOSTAIS 2. IGREJAS PROTESTANTES 3. IGREJAS EVANGÉLICAS-BRASIL 4. PENTECOSTALISMO 5. PROTESTANTISMO-BRASIL 6. PLURALISMO RELIGIOSO-BRASIL 7. RELIGIÃO-BRASIL-ESTATÍSTICA 8. BRASIL-RELIGIÃO-ESTATÍSTICA 9. RELIGIÃO 10. RELIGIÃO CATÓLICA 11. IGREJAS CATÓLICAS 12. IGREJA CATÓLICA-BRASIL 13. CATOLICISMO-BRASIL 14. SÃO GONÇALO (RIO DE JANEIRO) I. Reis, Antonio Carlos Alkmim dos II. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE III. ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS-ENCE IV. TÍTULO

CDU 284.991:31(815.3)São Gonçalo

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VIII

Resumo

Desde que a Igreja Católica foi oficializada como sendo a religião do Império Romano, ela se

tornou durante séculos uma instituição culturalmente hegemônica do Ocidente. Entretanto,

empiricamente, podemos observar que no Brasil a hegemonia da cultura católica está

ameaçada pelo surto do cristianismo denominacional, ou melhor, o protestantismo

pentecostal, principalmente no que se refere ao neopentecostalismo e sua teologia da

prosperidade, difundida com um novo olhar através da Igreja Universal do Reino de Deus.

O presente trabalho constitui um modelo teórico de análise de coerência entre estrutura

espacial e social, aplicado ao estudo de um caso particular, o município de São Gonçalo e

seus distritos, buscando compreender o crescimento da atividade cristã denominacional

através da dimensão espacial, onde dinâmica social e materialidade significam trabalhar o

abstrato e o concreto.

Abstract

Since the Catholic Church has become the Roman Empire religion, it became the west

hegemonic cultural institution for centuries. But in Brazil, in recent years, the catholic

hegemony was threatened by Pentecostal Protestantism and its prosperity theology, mainly

through the denomination “Igreja Universal do Reino de Deus”.

This paper will describe a theoretical model of coherence analysis between space and social

structures. It is a case study of the municipality of São Gonçalo and its districts, regarding the

development process of the new ideology through its social and spatial dynamics.

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IX

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO – CONSTRUINDO O OBJETO .................................................................... 1 I - A TRAJETÓRIA PROTESTANTE NO BRASIL ............................................................... 6

Parte I – DO DESCOBRIMENTO ATÉ A REPÚBLICA ................................................... 6

O Protestantismo no Brasil Colônia ............................................................................... 6 O Protestantismo no Brasil Império ................................................................................ 7 O Protestantismo no Brasil República ............................................................................ 9 O Protestantismo e o progresso do Brasil ..................................................................... 11 O Protestantismo sob a influência católica portuguesa ................................................ 12 O Nascimento de uma liderança protestante leiga ....................................................... 13 O culto protestante sob a influência da escola dominical ............................................. 14

Parte II – O PROTESTANTE PENTECOSTAL E SUA EXPANSÃO NO BRASIL ...... 15

O luteranismo ................................................................................................................ 16 O calvinismo .................................................................................................................. 17 O que é o pentecostalismo ............................................................................................. 19 Origem do evangelismo pentecostal .............................................................................. 22 O advento evangélico pentecostal no Brasil ................................................................. 23 A expansão evangélica pentecostal no Brasil ............................................................... 23

II - A TRAJETÓRIA EVANGÉLICA EM SÃO GONÇALO ............................................... 33

O contexto analítico – O município de São Gonçalo ......................................................... 34 A escolha de São Gonçalo .................................................................................................. 36 Metodologia de análise e seleção das áreas ...................................................................... 37 Evolução da população no município ................................................................................ 39 O fenômeno pentecostal em São Gonçalo .......................................................................... 40 Os aspectos demográficos e socioeconômicos ................................................................... 42

Aspectos demográficos .................................................................................................. 42

Situação do domicílio ............................................................................................... 42 Sexo ........................................................................................................................... 42 Idade ......................................................................................................................... 43 Raça ou cor ............................................................................................................... 46

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INTRODUÇÃO – CONSTRUINDO O OBJETO

No presente estudo, trabalharemos o espaço urbano do município de São Gonçalo, retratando

as questões das variáveis sociais e, como conseqüência, a evolução do evangelismo

pentecostal como meio de sentido urbano para as massas descontentes e licenciadas pela

degeneração socioeconômica que ora vem ocorrendo nesse município, o que não é muito

diferente do nível metropolitano.

O tema ora em questão nasceu de uma reflexão teórica acoplada a uma observação empírica

sobre uma crescente realidade espaço-social no município de São Gonçalo.

As reflexões sobre os clássicos da sociologia e da espacialidade geográfica nos levaram a

olharmos com certo teor de cuidado e seriedade o comportamento espaço-social dos

habitantes do respectivo município, pois um estudo teórico só tem relevância e consistência se

for ele aplicado à linguagem da realidade, ou seja, se retratar, de forma analítica e sucinta, os

rumos que a população de um determinado país, estado, município, distrito, bairro, região etc.

está tomando.

Observando o Município de São Gonçalo, constata-se que o mesmo vem apresentando uma

certa transformação socioespacial nos últimos anos. Essa transformação vem refletindo no

florescimento e disseminação da religião evangélica pentecostal, formada pela composição

das Igrejas Pentecostais e das Neopentecostais, a partir da crise do Estado desenvolvimentista,

por volta do meado dos anos 80 em diante.

Embora neste país não tenha existido o estado de bem-estar social (welfare state), a ausência

de uma burguesia que se interessasse nos implementos emergentes à criação de uma infra–

estrutura básica, que pudesse favorecer à implantação do setor industrial, permitiu-se que o

Estado tomasse a vez nos devidos empreendimentos, o que favoreceu o Estado de regulador e

promotor de bens privados. Nesse lego, é claro, o Estado passou também a produzir e oferecer

serviços sociais básicos para a população, como a educação, habitação, saúde, dentre outros.

Esse Estado desenvolvimentista, como ficou conhecido e muitas vezes confundido com o

Estado de bem-estar social, entrou em crise e o novo modelo de Estado, o Estado Neoliberal,

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I - A TRAJETÓRIA PROTESTANTE4 NO BRASIL

Parte I - DO DESCOBRIMENTO ATÉ A REPÚBLICA

Aqui, no presente capítulo, conforme já dissemos anteriormente, não pretendemos abordar o

fundamento filosófico ou teológico protestante. Nossa intenção é mostrar algumas etapas com

pequenos relatos da história da introdução do protestantismo no Brasil, de acordo com alguns

autores/pesquisadores especializados no referido assunto, desde a época de seu descobrimento

em 1500, passando pelo Brasil Colônia e Brasil Império.

O Protestantismo foi um movimento cristão surgido com a Reforma Protestante, iniciado pelo

teólogo Martinho Lutero, que nasceu aos 10 de novembro de 1483, na Alemanha, e viveu até

18 de fevereiro de 1546, morrendo na mesma cidade onde nasceu. Viveu durante uma fase de

muita inquietação na Europa, pois era a época em que estava acontecendo o descobrimento

das Américas. Ferreira (2002).

O Protestantismo no Brasil Colônia

O período colonial não foi muito marcante, devido ao estado de abandono em que se

encontrava a Colônia. Do ano de 1500 a 1808 a Colônia viveu o total Domínio Católico

Romano Português.

“A conquista colonial, que subjuga ou destrói as sociedades indígenas e implanta na América o domínio de uma classe social vinculada ao moderno sistema de mercado mundial, traz consigo o catolicismo. Ele vem como religião do Estado a serviço da classe detentora do poder político, econômico e cultural, mas vem também como religião popular, ...”(Oliveira, 1997:45)

Aconteceram alguns contatos protestantes ocasionais e até mesmo contatos protestantes pouco

significativos de poucos soldados, de alguns marinheiros, de caçadores de fortuna, de exilados

políticos, de náufragos e outros que por aqui passavam a caminho de outras terras. "Os

mesmos ventos que levaram Cabral à costa brasileira e depois à Índia impeliram ingleses e

outros, no século XIX, a portos brasileiros, como escala nas suas viagens à Índia e Ceilão."

(Reily, 1993:42).

4 Este termo também é empregado oficialmente pela UNESCO

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II – A TRAJETÓRIA EVANGÉLICA PENTECOSTAL EM SÃO GONÇALO

De acordo com o que foi apresentado no capítulo anterior, com base nos resultados do último

período intercensitário, 1991-2000, ficou comprovada a expansão do pentecostalismo

brasileiro. “El crecimiento explosivo de los evangélicos, especialmente de los pentecostales,

puede ser interpretado en el contexto de las contradicciones que provocan los procesos de

modernización en Latinoamérica.” (Gumucio, 1999:27).

Entretanto, a população católica apostólica romana ainda detém a supremacia absoluta.

Contudo, esses mesmos resultados, comparados aos dos Censos Demográficos de 1980 e

1991, mostram que essa hegemonia católica vem sofrendo uma ruptura progressiva e

acentuada. Ver anexo 5: População absoluta total e sua respectiva distribuição percentual por

religião 1991 e 2000. Todavia, esses mesmos resultados mostram que a exemplo da

contabilidade existe uma contrapartida, ou seja: para cada débito corresponde um crédito e

vice-versa.

Em outras palavras, poderíamos dizer: se houve declínio de um lado, certamente houve

incremento de outro lado, e, conforme já visto nas tabelas mostradas no capítulo anterior, esse

fluxo está sendo absorvido por diversos segmentos religiosos; porém, em maior número, os

grupos de pessoas que se declararam sem religião e principalmente os evangélicos, sendo esse

último grupo nosso objeto de estudo, mais especificamente os pentecostais.

Referindo-se à multiculturalidade e multireligiosidade (Gumucio, 1999), salienta que o

pluralismo religioso, as relações interinstitucionais e a emergência de novas correntes no

campo religioso global fazem com que as igrejas sigam tendo um peso específico nas

sociedades latino-americanas, com destaque para a igreja católica - como sendo o grupo

majoritário - hoje, muito mais voltada para suas próprias e devidas preocupações, procura

cumprir o seu papel evangelizador e pastoral, buscando dessa forma revitalizar sua presença e

seu espaço junto à população. Essa é uma forma de demonstrar a preocupação com o êxodo

de seus seguidores.

Assim sendo, no presente capítulo, utilizando basicamente os dados da declaração sobre

religião, procuraremos desenvolver um quadro analítico, com base em informações

quantitativas oriundas dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 – Dados da Amostra, através

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III – O EVANGÉLICO PENTECOSTAL E O TERRITÓRIO URBANO

A magnitude evangélica pentecostal em São Gonçalo

Até aqui, nossa preocupação era tentar entender o fenômeno da expansão da religião cristã

evangélica pentecostal em conseqüência do esvaziamento da religião cristã católica apostólica

romana. Vimos como ela surgiu e chegou até aqui em nosso País. Também vimos

comparativamente no decorrer do período de nove anos (1991 a 2000) como se evoluiu dentro

do Estado do Rio de Janeiro, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e mais

especificamente dentro da cidade de São Gonçalo, que é a base geográfica de interesse para

nosso estudo.

Foi-nos permitido construir um quadro comparativo com os indicadores levantados e com isso

traçar o perfil desses religiosos evangélicos e católicos. Portanto, no presente capítulo, temos

como finalidade principal desenvolver uma investigação acerca das estratégias socioespaciais

associadas a esses religiosos, vinculadas especificamente a uma base territorial, o município

de São Gonçalo, e como eles se distribuem nesse espaço geográfico.

A expressão espaço geográfico é de sentido muito amplo. Ela pode estar associada a uma

porção da terra por sua própria natureza ou como referência à sua localização. Também pode

ter seu uso indiscriminado, associado a diferentes escalas: em nível regional, de cidade, do

bairro, entre outras. Milton Santos (1997:1) sugere que o espaço “seja considerado como um

fator de evolução social” e complementa mais ainda dizendo que a “essência do espaço é

social”.

Inicialmente, gostaríamos de esclarecer que para o presente estudo pretendíamos trabalhar em

nível de bairros, por acreditar que o usuário entenderia melhor a questão socioespacial urbana

se mostrada em menor nível de agregação: “... o bairro é ainda entendido como uma unidade

menor onde se manifestam importantes conflitos sociais e onde se reproduz grande parte do

cotidiano da população urbana.” (Machado, 1992:98)

Entretanto, por falta de uma política de legislação de bairros, que pudesse se adequar aos

setores censitários, o que deveria ser fornecido pela Prefeitura Municipal de São Gonçalo e

que preferencialmente deve ser trabalhado conjuntamente com o Instituto Brasileiro de

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COMENTÁRIOS FINAIS

Será que, apenas, estamos começando a viver uma guerra de Religiões ou de um

fundamentalismo religioso com o propósito de derrubar a supremacia da religião católica

apostólica romana. Só sabemos é que essa hegemonia começa a sofrer fissuras a partir da

década de 70 do século XX. As informações do Censo Demográfico de 1980 e reafirmadas

pelos Censos de 1991 e 2000 permitiram observar que as estatísticas registram mudanças na

geografia religiosa no país como um todo: a diversidade religiosa cresceu muito nas últimas

décadas.

No presente trabalho procuramos fazer um estudo crítico, porque escolhemos apenas uma área

geográfica para representar os resultados de nossa análise sobre as condições

socioeconômicas da população evangélica pentecostal em São Gonçalo – RJ. O Brasil ou o

Estado do Rio de Janeiro ou até mesmo a região metropolitana poderiam ser escolhidos e

daria um bom resultado, entretanto seriam muitos os detalhes e variáveis, que demandaria

muito tempo para comparar os resultados dos Censos de 1991 e 2000, e outras fontes.

Este é um estudo crítico, porque nos preocupamos apenas com um conjunto de variáveis que

achamos pertinente ao presente estudo. A escolha do tema e da localidade deve-se ao fato dos

resultados do censo demográfico 2000 e da observação empírica da expansão do fenômeno

pentecostal nessa localidade. Também é um estudo crítico do ponto de vista pragmático, uma

vez que cada detalhamento pode resultar em mais de uma análise sobre as condições de vida

dessa população.

Procurar eliminar a angústia existencial vivida pelo ser humano sempre foi um papel atribuído

às religiões. Portanto, acreditamos que essa situação, bem como a questão da subcidadania

associadas à experiência da desigualdade vivida nas comunidades carentes pelos excluídos

urbanos têm muito mais ligação direta e efetivamente social do que de outra natureza. Dessa

forma, essas pessoas são forçadas a procurar serem absorvidas dignamente por quem abram-

lhes os braços e aí entram as igrejas evangélicas pentecostais, provocando, assim, uma

apostasia ou migração atitudinal.

Sabemos que a formação de um padre católico é um processo que demanda muito tempo, e

isso às vezes implica até uma passada em Roma, pela Universidade Gregoriana. Isso sem falar

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Bibliografia ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e

documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2000. __________. NBR 6029: apresentação de livros. Rio de Janeiro, 1993. __________. NBR 10520: apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro, 1990. __________. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos:

apresentação. Rio de Janeiro, 2001. AZEVEDO, Salvador Alberto Rocha de. Proposta de Análise Para o Censo Demográfico

2000: Religião. Rio de Janeiro: 2001. circulação limitada. BARROSO, Antonio Emílio Vieira. Líderes religiosos. Rio de Janeiro: Gráfica Blue Chip,

1996. 417 p. BRAGA, Maria Nelma Carvalho. O Município de São Gonçalo e sua história. São Gonçalo:

Ed. Independente, 1997. BRANT, Celso. Teologia da Libertação versus Teologia da Submissão. Rio de Janeiro: Ed.

Mobilização Nacional, 1985. 149 p. BRASIL. Constituição (1824). Constituição política do Império do Brasil. Rio de Janeiro,

Tipográfica de Silva Porto, 1824. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Organização

dos textos, notas remissivas e índices por Juarez de Oliveira. 6. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1992.

CAROZZI, Maria Julia. De la palabra y sus alternativas en tierras brasilenas. Religião &

Sociedade, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p.117-121, 2001. CAMPOS, Leonildo Silveira. O Milenarismo intramundano de novos pentecostais brasileiros.

In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 24., 2000, Petrópolis, RJ. GT 16: Religião e Sociedade. Disponível em: <http:\\www.anpocs.org.br\encontro\2000> Acesso em 2003.

CANO, Ignacio. Análise espacial da violência no município do Rio de Janeiro. In: NAJAR,

Alberto L.; MARQUES, E. C. (Org.). Saúde e Espaço: estudos metodológicos e técnicas de análise. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.

CENSO demográfico 1991: resultados da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 1997. microdados. CENSO demográfico 2000: resultados da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 1997. Microdados. CENSO demográfico: Manual do Recenseador CD 1.09. Rio de Janeiro: IBGE: 2000, 151 p.

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Anexo 1

Classificação da variável religião com seus respectivos códigos e nomes das categorias / religião, de acordo com o Censo Demográfico de 1991. Registramos que a nomenclatura dos grandes grupos abaixo foi aplicada pelo IBGE.

SEM RELIGIÃO 00 – Sem religião

CATÓLICAS

11 – Apostólica Romana 12 – Apostólica Brasileira 13 – Ortodoxa

EVANGÉLICAS DE MISSÃO ou TRADICIONAIS ou HISTÓRICAS

21 – Igrejas Luteranas 22 – Igrejas Presbiterianas 23 – Igrejas Metodistas 24 – Igrejas Batistas 25 – Igrejas Congregacionais 26 – Igrejas Adventistas 27 – Igreja Episcopal Anglicana 28 – Igrejas Menonitas 29 – Igrejas Não Determinadas 30 – Outras

EVANGÉLICAS PENTECOSTAIS e NEOPENTECOSTAIS

31 – Assembléia de Deus 32 – Congregação Cristã no Brasil 33 – O Brasil para Cristo 34 – Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular 35 – Igreja Universal do Reino de Deus 36 – Casa da Bênção 37 – Casa de Oração 38 – Deus é Amor 39 – Igrejas Maranatas 40 – Tradicional Renovada 41 – Pentecostais Não Determinadas 45 – Outras

EVANGÉLICA NÃO DETERMINADA

49 – Evangélica Não Determinada

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NEOCRISTÃS (PARACRISTÃS) 51 – Mórmons 52 – Testemunhas de Jeová 53 – LBV 59 – Outras

MEDIÚNICA e AFRO-BRASILEIRAS

61 – Espírita 62 – Umbanda 63 – Candomblé

JUDAICA/ISRAELITA

71 – Judaísmo ou Israelita ORIENTAIS

75 – Budista 76 – Messiânica 77 – Seicho No-Ie 79 – Outras

OUTRAS RELIGIÕES

81 – Islamismo 82 – Esotérica 83 – Indígena 84 – Grupos Minoritários

NÃO DETERMINADA / MAL DEFINIDA

85 – Cristã 86 – Protestante 89 – Outras

SEM DECLARAÇÃO

99 – Sem Declaração

Anexo 2

Classificação da variável religião com os respectivos códigos e nomes de acordo com o Censo Demográfico de 2000. Note-se que, devido a essa desagregação, a partir do código numérico de três dígitos foi possível criar os grandes grupos com código de dois dígitos a fim de compatibilizar aos códigos estabelecidos para o Censo de 1991.

00 – SEM RELIGIÃO

000 – Sem religião

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11 – CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA 110 – Católica Apostólica Romana 111 – Católica Carismática; e Católica Pentecostal 112 – Católica Armênia; e Católica Ucraniana

12 – CATÓLICA APOSTÓLICA BRASILEIRA

120 – Católica Apostólica Romana 13 – CATÓLICA ORTODOXA

130 – Católica Ortodoxa 14 – CRISTÃ ORTODOXA

140 – Ortodoxa Cristã 149 – Outras

19 – OUTRAS CATÓLICAS

199 – Outras Católicas 21 – EVANGÉLICA DE MISSÃO LUTERANA

210 – Igrejas Luteranas 219 – Outras

22 – EVANGÉLICA DE MISSÃO PRESBITERIANA

220 – Igreja Pentecostal Presbiteriana 221 – Igreja Presbiteriana Independente do Brasil 222 – Igreja Presbiteriana do Brasil 223 – Igreja Presbiteriana Unida do Brasil 224 – Igreja Presbiteriana Fundamentalista 225 – Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil 229 – Outras

23 – EVANGÉLICA DE MISSÃO METODISTA

230 – Igreja Metodista 231 – Igreja Metodista Wesleyana 232 – Irmandade Metodista Ortodoxa 239 – Outras

24 – EVANGÉLICA DE MISSÃO BATISTA

240 – Igreja Evangélica Batista 241 – Convenção Batista Brasileira 242 – Convenção Batista Nacional 243 – Igreja Batista Pentecostal 244 – Igreja Batista Bíblica 245 – Igreja Batista Renovada 249 – Outras

25 – EVANGÉLICA DE MISSÃO CONGREGACIONAL

250 – Igreja Evangélica Congregacional 251 – Igreja Congregacional Independente 259 – Outras

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26 – EVANGÉLICA DE MISSÃO ADVENTISTA 260 – Igreja Adventista do Sétimo Dia 261 – Igreja Adventista do Sétimo Dia – Movimento da Reforma 262 – Igreja Adventista da Promessa 269 – Outras

27 – EVANGÉLICA DE MISSÃO EPISCOPAL ANGLICANA

270 – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil 279 – Outras

28 – EVANGÉLICA DE MISSÃO MENONITA

280 – Igreja Evangélica Menonita 289 – Outras

30 – EXÉRCITO DA SALVAÇÃO

300 – Evangélica Exército da Salvação 31 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL ASSEMBLÉIA DE DEUS

310 – Igreja Evangélica Assembléia de Deus 311 – Igreja Assembléia de Deus Madureira 312 – Igreja Assembléia de Deus Todos os Santos 319 – Outras

32 – EVANGÉLICA DE ORIGEM CONGREGACIONAL CRISTÃ DO BRASIL

320 – Igreja Congregacional Cristã do Brasil 329 – Outras

33 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL O BRASIL PARA CRISTO

330 – Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo 339 – Outras

34 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL EVANGELHO QUADRANGULAR

340 – Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular 349 – Outras

35 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL UNIVERSAL DO REINO DE DEUS

350 – Igreja Universal do Reino de Deus 359 – Outras

36 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL CASA DA BÊNÇÃO

360 – Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus 369 – Outras

37 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL CASA DE ORAÇÃO

370 – Igreja Cristã Evangélica 379 – Outras

38 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL DEUS É AMOR

380 – Igreja Pentecostal Deus é Amor 389 – Outras

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39 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL 390 – Igrejas Maranatas 399 – Outras

40 – EVANGÉLICA PENTECOSTAL TRADICIONAL RENOVADA

400 – Igreja Evangélica Renovada, Restaurada e Reformada 401 – Pentecostal Renovada, Restaurada e Reformada 409 – Outras

41 – EVANGÉLICA PENTECOSTAL NÃO DETERMINADA

410 – Igreja Evangélica Pentecostal Não Determinada 419 – Outras

42 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL COMUNIDADE CRISTÃ

420 – Igreja Evangélica Comunidade Cristã 429 – Outras

43 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL NOVA VIDA

430 – Igreja Pentecostal Nova Vida 439 – Outras

44 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL COMUNIDADE EVANGÉLICA

440 – Igreja Evangélica Comunidade Evangélica 449 – Outras

45 – OUTRAS EVANGÉLICAS PENTECOSTAIS

450 – Outras Igrejas Evangélicas Pentecostais 46 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL AVIVAMENTO BÍBLICO

460 – Igreja Pentecostal Avivamento Bíblico 469 – Outras

47 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL CADEIA DA PRECE

470 – Igreja Evangélica Cadeia da Prece 479 – Outras

48 – EVANGÉLICA DE ORIGEM PENTECOSTAL IGREJA DO NAZARENO

480 – Igreja do Nazareno 489 – Outras

49 – EVANGÉLICA NÃO DETERMINADA

490 – Igreja Evangélica Não Determinada 491 – Igreja Evangélica Sem Vínculo Institucional 492 – Múltipla Declaração de Religião Evangélica 499 – Outras

51 – IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS

510 – Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias / Mórmons 519 – Outras

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104

52 – EVANGÉLICOS TESTEMUNHA DE JEOVÁ 520 – Testemunha de Jeová 529 – Outras

53 – LBV / RELIGIÃO DE DEUS

530 – Legião da Boa Vontade / Religião de Deus 59 – ESPIRITUALISTAS

590 – Espiritualista 599 – Outras

61 – ESPÍRITAS

610 – Espírita, Kardecista 619 – Outras

62 – UMBANDA

620 – Umbandista 629 – Outras

63 – CANDOMBLÉ

630 – Candomblé 639 – Outras

64 – OUTRAS DECLARAÇÕES - RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

640 – Religiões Afro-Brasileiras 641 – Múltipla Declaração – Afros com Outras religiões 649 – Outras

71 – JUDAICA

710 – Judaísmo 719 – Outras

74 – HINDU

740 – Hinduísmo, Brawanismo 741 – Ioga 749 – Outras

75 – BUDISMO

750 – Budismo 751 – Nitiren 752 – Budismo Theravada 753 – Zen Budismo 754 – Budismo Tibetano 755 – Soka Gakkai 759 – Outras

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105

76 – RELIGIÕES ORIENTAIS – NOVAS 760 – Igreja Messiânica Mundial 761 – Seicho No-Ie 762 – Perfect Liberty 763 – Hare Krishna 764 – Discípulos Oshoo 765 – Tenrykyo 766 – Mahicari

79 – RELIGIÕES ORIENTAIS – OUTRAS

790 – Religiões Orientais 791 – Bahai 792 – Shintoísmo 793 – Taoísmo 799 – Outras

81 – ISLÂMICA

810 – Islamismo 819 – Outras

82 – TRADIÇÕES ESOTÉRICAS

820 – Esotérica 821 – Racionalismo Cristão 829 – Outras

83 – TRADIÇÕES INDÍGENAS

830 – Tradições Indígenas 831 – Santo Daime 832 – União do Vegetal 833 – A Barquinha 834 – Neoxamânica 839 – Outras

85 – CRISTÃS NÃO DETERMINADAS / MALDEFINIDAS

850 – Cristãs Sem Vínculo Institucional 89 – OUTRAS NÃO DETERMINADAS / MALDEFINIDAS

890 – Não Determinadas / MalDefinidas 891 – Múltipla Declaração – Católica / Outras 892 – Múltipla Declaração – Evangélica / Outras 893 – Múltipla Declaração – Católica / Espírita 894 – Múltipla Declaração – Católica / Umbanda 895 – Múltipla Declaração – Católica / Candomblé 896 – Múltipla Declaração – Católica / Kardecista

99 – SEM DECLARAÇÃO

990 – Sem Declaração

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106

Anexo 3

Pessoas Ocupadas em 1991 – responderam ao quesito 45 do questionário da amostra CD 1.02 – Trabalhou em todos ou em parte dos últimos 12 meses (01/09/1990 a 31/08/1991) ao código 1 – habitualmente; ou ao código 2 – eventualmente. Pessoas Ocupadas em 2000 – responderam aos quesitos: 4.39 – na semana de 23 a 29 de julho de 2000, trabalhou em alguma atividade remunerada? Com código 1 – sim; ou quesito 4.40 - na semana de 23 a 29 de julho de 2000 tinha algum trabalho remunerado do qual estava temporariamente afastado? Com código 1 – sim; ou quesito 4.41 - na semana de 23 a 29 de julho de 2000 ajudou, sem remuneração, no trabalho exercido por pessoa conta-própria ou empregadora, moradora do domicílio, ou com aprendiz ou estagiário? Com código 1 – sim; ou quesito 4.42 - na semana de 23 a 29 de julho de 2000 ajudou, sem remuneração, no trabalho exercido por pessoa moradora do domicílio empregada em atividade de cultivo, extração vegetal, criação de animais, caça, pesca ou garimpo? Com código 1 – sim; ou quesito 4.43 - na semana de 23 a 29 de julho de 2000 trabalhou em atividade de cultivo, extração vegetal, criação de animais ou pesca, destinados à alimentação de pessoas moradoras no domicílio? Com código 1 – sim. Pessoas desocupadas ou procurando trabalho em 1991 – são aquelas que responderam ao quesito 45 com o código 3 – não trabalhou, e responderam também ao quesito 58 – Indique a situação ou ocupação que tem (situação de desocupação) ao código 1 – já trabalhou; ou ao código 2 – nunca trabalhou. Pessoas desocupadas ou procurando trabalho em 2000 – são aquelas que responderam aos quesitos 4.39 e 4.40 e 4.41 e 4.42 e 4.43 com o código 2 – não, e responderam também ao quesito 4.55 – No período de 30 de junho a 29 de julho de 2000, tomou alguma providência para conseguir algum trabalho? Com código 1 – sim.

Anexo 4

RJ RM SG RJ RM SGRJ 1991 1RM 1991 1,00 1SG 1991 0,99 0,99 1RJ 2000 0,99 0,99 0,99 1RM 2000 0,99 0,99 0,99 1,00 1SG 2000 0,98 0,98 0,98 0,99 0,99 1

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991/2000, dados da amostra.

Correlação linear ente a população do Estado Rio de Janeiro, Região Metropolitana e

Ano de 1991 Ano de 2000Regiões e ano

São Gonçalo, tendo como referência os grandes grupos de religião - 1991/2000

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107

Anexo 5

Sexo, Unidade da CatólicosFederação, RM TOTAL Apostólicos Não Pente- Pente- Outras Sem

e Município (1) Romanos costais costais Religiões ReligiãoTOTAL

Rio de Janeiro 12.807.195 66,7 % 5,2 % 7,5 % 6,2 % 13,7 %RM do Rio de Janeiro 9.814.574 64,8 % 4,9 % 7,8 % 6,9 % 14,9 %São Gonçalo 779.832 57,7 % 6,4 % 9,0 % 5,2 % 21,3 %

HOMENSRio de Janeiro 6.177.541 66,6 % 4,5 % 6,3 % 5,3 % 16,6 %RM do Rio de Janeiro 4.695.776 64,7 % 4,2 % 6,5 % 5,8 % 18,0 %São Gonçalo 379.597 57,4 % 5,3 % 7,3 % 4,3 % 25,3 %

MULHERESRio de Janeiro 6.629.654 66,7 % 6,0 % 8,6 % 7,0 % 11,1 %RM do Rio de Janeiro 5.118.798 64,9 % 5,6 % 9,0 % 7,8 % 12,0 %São Gonçalo 400.235 58,0 % 7,5 % 10,6 % 6,0 % 17,5 %

TOTALRio de Janeiro 14.392.106 55,7 % 8,6 % 13,4 % 6,2 % 15,8 %RM do Rio de Janeiro 10.894.156 54,2 % 8,1 % 13,9 % 6,7 % 16,7 %São Gonçalo 891.119 49,3 % 10,9 % 15,6 % 5,1 % 18,7 %

HOMENSRio de Janeiro 6.900.312 55,6 % 7,5 % 11,7 % 5,3 % 19,5 %RM do Rio de Janeiro 5.182.897 53,9 % 7,1 % 12,1 % 5,7 % 20,6 %São Gonçalo 429.404 49,1 % 9,4 % 13,6 % 4,4 % 23,1 %

MULHERESRio de Janeiro 7.491.794 55,8 % 9,6 % 14,9 % 7,0 % 12,3 %RM do Rio de Janeiro 5.711.259 54,4 % 9,0 % 15,6 % 7,5 % 13,2 %São Gonçalo 461.715 49,4 % 12,3 % 17,5 % 5,7 % 14,6 %Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000. Dados da amostra.(1) Inclusive os sem declaração de religião.

2000

Evangélicos

População absoluta total e sua respectiva distribuição percentual por religião e

Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo - 1991/2000

1991

o ano de recenseamento, segundo o Sexo, o Estado do Rio de Janeiro e sua

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108

Anexo 6

Sexo, Unidade da CatólicosFederação, RM TOTAL Apostólicos Não Pente- Pente- Outras Sem

e Município (1) Romanos costais costais Religiões ReligiãoTOTAL

Rio de Janeiro 12.807.195 8.538.219 670.838 954.461 794.325 1.759.360RM do Rio de Janeiro 76,6 % 74,5 % 72,2 % 80,3 % 84,7 % 82,9 %São Gonçalo 6,1 % 5,3 % 7,5 % 7,3 % 5,1 % 9,4 %

HOMENSRio de Janeiro 6.177.541 4.115.062 276.047 387.481 327.801 1.025.357RM do Rio de Janeiro 76,0 % 73,8 % 71,4 % 79,3 % 83,7 % 82,3 %São Gonçalo 6,1 % 5,3 % 7,3 % 7,1 % 5,0 % 9,4 %

MULHERESRio de Janeiro 6.629.654 4.423.157 394.791 566.980 466.524 734.003RM do Rio de Janeiro 77,2 % 75,1 % 72,7 % 80,9 % 85,4 % 83,7 %São Gonçalo 6,0 % 5,2 % 7,6 % 7,5 % 5,1 % 9,5 %

TOTALRio de Janeiro 14.392.106 8.016.396 1.237.247 1.926.494 887.595 2.268.018RM do Rio de Janeiro 75,7 % 73,6 % 71,2 % 78,8 % 81,7 % 80,3 %São Gonçalo 6,2 % 5,5 % 7,8 % 7,2 % 5,1 % 7,4 %

HOMENSRio de Janeiro 6.900.312 3.834.637 518.102 807.257 364.070 1.343.687RM do Rio de Janeiro 75,1 % 72,9 % 70,8 % 78,0 % 81,2 % 79,4 %São Gonçalo 6,2 % 5,5 % 7,8 % 7,2 % 5,2 % 7,4 %

MULHERESRio de Janeiro 7.491.794 4.181.759 719.145 1.119.237 523.525 924.331RM do Rio de Janeiro 76,2 % 74,2 % 71,6 % 79,4 % 82,1 % 81,6 %São Gonçalo 6,2 % 5,5 % 7,9 % 7,2 % 5,0 % 7,3 %Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000. Dados da amostra.(1) Inclusive os sem declaração de religião.

2000

População absoluta por religião e ano de recenseamento e sua respectiva distribuição

Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo - 1991/2000 Evangélicos

1991

percentual, em função do Estado do Rio de Janeiro, segundo o Sexo, a

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109

Anexo 7

Sexo, CatólicosRegião Metropolitana TOTAL Apostólicos Não Pente- Pente- Outras Sem

e Município (1) Romanos costais costais Religiões ReligiãoTOTAL

RM do Rio de Janeiro 9.814.574 6.360.556 484.174 766.104 672.613 1.457.879São Gonçalo 7,9 7,1 10,4 9,1 6,0 11,4

HOMENSRM do Rio de Janeiro 4.695.776 3.037.084 197.137 307.141 274.416 843.506São Gonçalo 8,1 7,2 10,2 9,0 6,0 11,4

MULHERESRM do Rio de Janeiro 5.118.798 3.323.472 287.037 458.963 398.197 614.373São Gonçalo 7,8 7,0 10,5 9,2 6,0 11,4

TOTALRM do Rio de Janeiro 10.894.156 5.900.713 881.378 1.518.453 725.433 1.820.956São Gonçalo 8,2 7,4 11,0 9,2 6,2 9,2

HOMENS RM do Rio de Janeiro 5.182.897 2.795.811 366.695 629.635 295.792 1.067.040São Gonçalo 8,3 7,5 11,0 9,3 6,4 9,3

MULHERESRM do Rio de Janeiro 5.711.259 3.104.902 514.683 888.818 429.641 753.916São Gonçalo 8,1 7,4 11,0 9,1 6,2 9,0Fonte IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.(1) Inclusive os sem declaração de religião.

Evangélicos

1991

2000

População absoluta por religião e ano de recenseamento e sua respectiva distribuiçãopercentual, em função da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo o Sexo, a

Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo - 1991/2000

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110

Anexo 8

Sexo, Unidade da CatólicosFederação, RM TOTAL Apostólicos Não Pente- Pente- Outras Sem

e Município (1) Romanos costais costais Religiões ReligiãoTOTAL

Rio de Janeiro 12.807.195 8.538.219 670.838 954.461 794.325 1.759.360RM do Rio de Janeiro 9.814.574 6.360.556 484.174 766.104 672.613 1.457.879São Gonçalo 779.832 449.935 50.234 69.990 40.338 165.900

HOMENSRio de Janeiro 48,2 % 48,2 % 41,1 % 40,6 % 41,3 % 58,3 %RM do Rio de Janeiro 47,8 % 47,7 % 40,7 % 40,1 % 40,8 % 57,9 %São Gonçalo 48,7 % 48,4 % 40,2 % 39,6 % 40,7 % 57,8 %

MULHERESRio de Janeiro 51,8 % 51,8 % 58,9 % 59,4 % 58,7 % 41,7 %RM do Rio de Janeiro 52,2 % 52,3 % 59,3 % 59,9 % 59,2 % 42,1 %São Gonçalo 51,3 % 51,6 % 59,8 % 60,4 % 59,3 % 42,2 %

TOTALRio de Janeiro 14.392.106 8.016.396 1.237.247 1.926.494 887.595 2.268.018RM do Rio de Janeiro 10.894.156 5.900.713 881.378 1.518.453 725.433 1.820.956São Gonçalo 891.119 439.282 96.857 139.311 45.283 166.826

HOMENSRio de Janeiro 47,9 % 47,8 % 41,9 % 41,9 % 41,0 % 59,2 %RM do Rio de Janeiro 47,6 % 47,4 % 41,6 % 41,5 % 40,8 % 58,6 %São Gonçalo 48,2 % 48,0 % 41,5 % 41,9 % 41,6 % 59,5 %

MULHERESRio de Janeiro 52,1 % 52,2 % 58,1 % 58,1 % 59,0 % 40,8 %RM do Rio de Janeiro 52,4 % 52,6 % 58,4 % 58,5 % 59,2 % 41,4 %São Gonçalo 51,8 % 52,0 % 58,5 % 58,1 % 58,4 % 40,5 %Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000. Dados da amostra.(1) Inclusive os sem declaração de religião.

2000

População absoluta por religião e ano de recenseamento e sua respectiva

Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo - 1991/2000 Evangélicos

1991

distribuição percentual, segundo o Sexo, o Estado do Rio de Janeiro, sua

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111

Anexo 9

Sexo, Unidade da CatólicosFederação, RM TOTAL Apostólicos Não Pente- Pente- Outras Sem

e Município (1) Romanos costais costais Religiões ReligiãoTOTAL

Rio de Janeiro 12,4 % -6,1 % 84,4 % 101,8 % 11,7 % 28,9 %RM do Rio de Janeiro 11,0 % -7,2 % 82,0 % 98,2 % 7,9 % 24,9 %São Gonçalo 14,3 % -2,4 % 92,8 % 99,0 % 12,3 % 0,6 %

HOMENSRio de Janeiro 11,7 % -6,8 % 87,7 % 108,3 % 11,1 % 31,0 %RM do Rio de Janeiro 10,4 % -7,9 % 86,0 % 105,0 % 7,8 % 26,5 %São Gonçalo 13,1 % -3,1 % 99,1 % 110,7 % 14,8 % 3,5 %

MULHERESRio de Janeiro 13,0 % -5,5 % 82,2 % 97,4 % 12,2 % 25,9 %RM do Rio de Janeiro 11,6 % -6,6 % 79,3 % 93,7 % 7,9 % 22,7 %São Gonçalo 15,4 % -1,6 % 88,6 % 91,4 % 10,5 % -3,4 %Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000. Dados da amostra.(1) Inclusive os sem declaração de religião.

1991 / 2000

Taxa de crescimento relativo da população por religião,segundo o Sexo, o Estado do Rio de Janeiro, sua Região

Metropolitana e o Município de São Gonçalo - 1991/2000 Evangélicos

Anexo 10

Sexo, Unidade da CatólicosFederação, RM TOTAL Apostólicos Não Pente- Pente- Outras Sem

e Município (1) Romanos costais costais Religiões ReligiãoTOTAL

Rio de Janeiro 1,3 % -0,7 % 7,0 % 8,1 % 1,2 % 2,9 %RM do Rio de Janeiro 1,2 % -0,8 % 6,9 % 7,9 % 0,8 % 2,5 %São Gonçalo 1,5 % -0,3 % 7,6 % 7,9 % 1,3 % 0,1 %

HOMENSRio de Janeiro 1,2 % -0,8 % 7,2 % 8,5 % 1,2 % 3,0 %RM do Rio de Janeiro 1,1 % -0,9 % 7,1 % 8,3 % 0,8 % 2,6 %São Gonçalo 1,4 % -0,4 % 8,0 % 8,6 % 1,5 % 0,4 %

MULHERESRio de Janeiro 1,4 % -0,6 % 6,9 % 7,8 % 1,3 % 2,6 %RM do Rio de Janeiro 1,2 % -0,8 % 6,7 % 7,6 % 0,8 % 2,3 %São Gonçalo 1,6 % -0,2 % 7,3 % 7,5 % 1,1 % -0,4 %Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000. Dados da amostra.(1) Inclusive os sem declaração de religião.

1991 / 2000

Taxa média anual de crescimento relativo por grandes grupos de religião,segundo o Sexo, o Estado do Rio de Janeiro, sua Região Metropolitana

e o Município de São Gonçalo - 1991/2000 Evangélicos

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112

Anexo 11

SEXO EvangélicosPentecostais

1991Total 57,7 % 9,0 %Homens 27,9 % 3,6 %Mulheres 29,8 % 5,4 %

2000Total 49,3 % 15,6 %Homens 23,7 % 6,5 %Mulheres 25,6 % 9,1 %Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico 1991 e 2000, dados da amostra.

Distribuição percentual da população por grupo de religião,segundo o sexo - São Gonçalo - 1991/2000

Percentual de

Católicos

Anexo 12

E v a n g é l i c o sP e n t e c o s t a i s

T o t a l - 2 , 4 % 9 9 , 0 %H o m e n s - 3 , 1 % 1 1 0 , 7 %M u l h e r e s - 1 , 6 % 9 1 , 4 %F o n t e : I B G E / D P E , C D 1 9 9 1 / 2 0 0 0 .

S ã o G o n ç a l o - 1 9 9 1 / 2 0 0 0

C a t ó l i c o sS e x oT a x a d e c r e s c i m e n t o

p o r r e l i g i ã o , s e g u n d o o s e x oT a x a s d e c r e s c i m e n t o ( % ) r e l a t i v o

Anexo 13

Corou Católico Evangélico Católica Evangélica

Raça Romano Pentecostal Romana PentecostalBranca 5,6 135,8 6,4 111,4Negra (1) -13,7 102,2 -12,4 83,9Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.(1) somatório de pretos e pardos.

Homem (%) Mulher (%)

Taxa de crescimento relativo por sexo e religião,segundo a cor ou raça - São Gonçalo - 1991/2000

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113

Anexo 14 Homens de 10 anos ou mais de idade

por religião e estado civilSão Gonçalo - 1991/2000

31,7

3,8

24,2

3,0 2,90,3

27,7

7,2

18,2

5,2 4,5

0,9

CatCas PentCas CatSolt PentSolt CatDesc PentDescReligião e estado civil

Percentual

19912000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Anexo 15

Mulheres de 10 anos ou mais de idade por religião e estado civilSão Gonçalo - 1991/2000

29,3

5,7

20,7

3,3

9,1

1,9

9,6

3,9

10,8

4,7

15,3

24,4

0

5

10

15

20

25

30

35

CatCas PentCas CatSolt PentSolt CatDesc PentDescreligião e estado civil

perc

entu

al

19912000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

anexo 16

Católico EvangélicoApost. Romano Pentecostal

Total -67,5 % 145,3 % -24,1 %Homem -37,4 % 507,2 % 42,4 %Mulher -86,4 % 18,2 % -61,7 %Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico 1991/2000, dados da amostra.

Total

Taxa de crescimento relativo das pessoas analfabetas de 15 anos oumais de idade por religião, segundo o sexo - São Gonçalo - 1991/2000

Sexo

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114

Anexo 17

PercentualTotal Homem Mulher

Total 24,8 13,1 64,1Católicos 8,4 -1,7 43,5Evangélicos 133,4 117,6 166,2Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Taxa de crescimento relativo da família tradicional,por sexo da pessoa de referência, segundo a religião

São Gonçalo - 1991/2000

Sexo

Anexo 18

PercentualTotal Homem Mulher

Total 65,9 48,9 84,3Católico 48,1 32,8 60,1Evangélico 22,7 35,0 18,7Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991/2000, dados da amostra

Taxa de crescimento relativo da família unipessoal,por sexo da pessoa de referência, segundo a religião

São Gonçalo - 1991/2000

Sexo

Anexo 19

PercentualTotal Homem Mulher

Total 258,8 198,2 338,4Católicos 198,4 154,0 252,6Evangélicos 615,4 501,5 717,8Fonte: IBGE/DPE, Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Taxa de crescimento relativo das pessoas desocupadasde 10 anos e mais de idade por sexo, segundo a religião

São Gonçalo - 1991/2000

Religião

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Anexo 20

Indicador1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000

Situação do DomicílioUrbano 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Sexo 27,9 23,7 29,8 25,6 3,6 6,5 5,4 9,1Grupos de Idade

0 a 6 anos 6,6 5,3 6,2 4,8 1,0 2,1 1,0 1,87 a 14 anos 9,7 6,2 8,8 5,9 1,5 2,4 1,6 2,415 a 17 anos 3,3 2,5 3,3 2,5 0,4 0,8 0,5 0,818 a 24 anos 7,2 6,4 7,5 6,2 1,0 1,7 1,2 2,025 a 59 anos 26,7 24,1 27,2 24,4 2,9 6,0 5,1 9,260 e mais anos 3,9 4,6 5,0 5,7 0,5 1,0 1,1 2,0

Raça ou CorBranca 28,4 24,7 31,7 27,8 3,1 5,9 4,9 8,5Negra 27,5 22,5 27,9 23,2 4,1 7,8 5,9 10,4

NupcialidadeCasados 31,7 27,7 29,3 24,4 3,8 7,2 5,7 9,6Descasados 2,9 4,5 9,1 10,8 0,3 0,9 1,9 4,7Solteiros 24,2 18,2 20,7 15,3 3,0 5,2 3,3 3,9

EducaçãoTaxa de Analfabetismo 3,6 2,3 5,2 0,7 0,6 3,8 1,6 1,91 a 7 anos de estudo 31,3 23,3 31,7 23,2 3,9 7,2 6,3 9,68 anos de estudo 6,5 6,1 5,9 5,6 0,7 1,5 0,9 2,09 e 10 anos de estudo 3,1 3,8 3,2 3,8 0,4 1,0 0,4 1,311 anos de estudo 7,2 9,1 7,2 9,3 0,6 1,7 0,8 2,312 ou mais de estudo 2,3 2,9 2,2 2,9 0,2 0,3 0,1 0,5

FamíliaTradicional 45,8 36,1 13,3 15,2 5,4 9,5 2,6 5,6Unipessoal 25,4 20,3 32,6 31,4 1,9 1,5 5,7 4,1

Taxa de Atividade 19,3 16,4 10,6 12,0 2,1 4,2 1,8 4,1

Taxa de Desemprego 2,2 4,2 1,8 4,8 0,3 1,2 0,3 1,8

Taxa de Ocupação 35,8 24,8 19,2 16,5 3,9 6,2 3,2 5,5Classes de Renda

Até 1 SM 11,7 4,8 24,2 11,4 1,6 1,7 5,1 5,3Mais de 1 a 2 SM 16,8 12,5 18,6 19,0 1,9 3,8 3,0 6,7Mais de 2 a 5 SM 21,4 20,3 13,0 15,1 2,3 4,8 1,5 3,7Mais de 5 a 10 SM 6,8 10,0 2,8 4,4 0,5 1,9 0,3 0,9Mais de 10 2,0 3,1 0,7 1,0 0,1 0,5 0,0 0,2Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

MulherHomemMulherHomem

Proporções e Taxas Percentuais da População, por Religião e Sexo,Segundo o Tipo de Indicador - São Gonçalo - 1991/2000

Católico Apostólico Romano (%) Evangélico Pentecostal (%)

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Anexo 21

Taxas de crescimento (%)Distritos Católicos

de moradia Total Apostólicos EvangélicosRomanos Pentecostais

São Gonçalo 14,3 -2,4 105,8 São Gonçalo 8,2 -5,7 93,5 Ipiíba 31,1 3,5 139,0 Monjolos 27,8 7,0 100,8 Neves 3,6 -4,8 129,5 Sete Pontes 7,2 -8,5 69,4Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Taxas de crescimento (%) relativo da população porreligião, segundo o distrito de moradia

São Gonçalo - 1991/2000

Anexo 22

1991 2000 Absoluta (%)São Gonçalo (sede) 257 456 199 77,4Ipiíba 99 183 84 84,8Monjolos 107 232 125 116,8Neves 144 234 90 62,5Sete Pontes 72 115 43 59,7

Total 679 1220 541 79,7Fonte: IBGE/Unidade Estadual-RJ.

DiferençaSão Gonçalo - RJ - 1991/2000

Quadro comparativo do número de setores censitários

Distrito Número de Setores

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Anexo 23

1o Distrito 2o Distrito 3o Distrito 4o Distrito 5o DistritoSÃO GONÇALO IPIÍBA MONJOLOS NEVES SETE PONTES

(30 bairros) (20 bairros) (17 bairros) (13 bairros) (10 bairros)Alcântara Almerinda Barracão Boa Vista Barro VermelhoAntonina Amendoeira Bom Retiro Camarão CovancaBoaçu Anaia Grande Gebara Gradim Engenho PequenoBrasilândia Anaia Pequena Guarani Mangueira Morro do CastroCentro Arrastão Jardim Catarina Neves Novo MéxicoColubandê Arsenal Lagoinha Parada 40 PitaCruzeiro do Sul Coelho Laranjal Paraíso Santa CatarinaEstrela do Norte Eliane Largo da Idéia Patronato Tenente JardimFazenda dos Mineiros Engenho Pequeno Marambaia Porto da Madama Venda da CruzGalo Branco Ieda Miriambi Porto Novo ZumbiIlha de Itaóca Ipiíba Monjolos Porto da PedraItaúna Jardim Amendoeira Pacheco Porto VelhoLindo Parque Jockey Raul Veiga Vila LageLuiz Caçador Maria Paula Santa LuziaMutondo Nova República TiradentesMutuá Rio do Ouro Vila TrêsMutuaguaçu Sacramento Vista AlegreMutuapira Santa IsabelNova Cidade Várzea das MoçasPalmeiras Vila CandosaPorto do RosaRecanto das AcáciasRochaRosaneSalgueiroSão MiguelVila IaraZé GarotoTribobóTrindadeFonte: Prefeitura Municipal de São Gonçalo/Secretaria de

RELAÇÃO DE BAIRROS POR DISTRITO - SÃO GONÇALO - RJ

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Anexo 24

Proporção da população evangélica pentecostal, em percentual,segundo a unidade da federação - Brasil - 2000

17,7

15,7 15,715,2

14,4 14,413,9

13,4 13,0 12,8 12,4 12,3 12,311,5 11,4

9,1 9,08,2 8,1

7,1 6,7 6,6 6,6 6,25,4

4,4 4,3

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

RO AP RR GO AC PA ES RJ AM SP MS TO DF MT PR PE MG MA SC AL RN BA RS CE PB PI SE

Unidade da Federação

(%)

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000, dados da amostra.

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das mudanças periódicas de paróquias, implicando perda das ovelhas arrebanhadas, às vezes

por uma questão de carisma e/ou simpatia por esse ou aquele padre. Além do mais, as igrejas

católicas têm a sua Territorialidade formal e perene. Sem se deslocar até as muitas e grandes

áreas carentes, deixando-as despovoadas de missionários, vão perdendo espaço cada vez mais.

É nesse momento que entram os evangélicos.

Formar um pastor evangélico pentecostal, além de mais rápido e mais simples, não é

necessário que o mesmo tenha uma formação intelectual nem cultural. Basta apenas saber

falar a língua do povo e ir onde ele está. Por sua vez a Territorialidade evangélica pentecostal

é informal e fugaz.

Vimos que o protestantismo chegou e se instalou oficialmente no Brasil com a vinda da

família real em 1808. Tudo isso graças aos ingleses, praticantes do culto protestante

anglicano, que vieram protegendo a família real e aqui se instalaram. O protestantismo era

tolerado e praticado de forma discreta em ambientes fechados sem que chamassem a atenção,

uma vez que a religião católica apostólica romana era a religião oficial. Em 1889 com a

proclamação da República essa situação muda: separação do Estado brasileiro e Igreja

católica apostólica romana; e os protestantes passam a praticar livremente suas religiões.

Também vimos que até aquele momento o predomínio protestante era o histórico ou

tradicional. Só então, a partir de 1910, é que começa a chegar o protestantismo pentecostal,

oriundo dos Estados Unidos, começando por São Paulo - SP e Belém – PA. Partindo dessas

duas localidades ele se espalhou pelo Brasil, não parando mais de crescer até o momento.

A experiência adquirida nesta pesquisa nos ensinou que através das técnicas adotadas bem

como o que guiou nosso objetivo permitem-nos apontar com um pouco de clareza e

diferenciadamente uma efetiva discriminação entre os estratos sociais, segundo fatores

fundamentais, tais como: demográficos (sexo, idade, cor/raça) e socioeconômicos

(nupcialidade, escolaridade, família, renda, ocupação).

Num segundo momento, começamos comparando a expansão desse fenômeno pentecostal,

em nível de Rio de Janeiro com Região Metropolitana, até chegarmos ao Município de São

Gonçalo. A partir desse ponto o quanto ele cresceu em todos os sentidos (absolutos e

relativos) em nível de distrito, valendo-se fundamentalmente das variáveis socioeconômicas.

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Analisando todas as variáveis demográficas, sociais e econômicas, nos foi permitido, então,

construir o perfil do religioso católico apostólico romano bem como do evangélico

pentecostal.

Num terceiro e último instante, utilizando-se basicamente das variáveis trabalhadas

anteriormente, partimos para a análise espacial. Vimos como se comporta a dimensão dessas

variáveis para esses religiosos, através dos cartogramas identificando os setores censitários do

município.

As desigualdades observadas não se dão apenas por conta das diferenças sociais e/ou

demográficas e/ou econômicas entre as duas populações estudadas. Elas acontecem, também,

e muito significativamente, por regiões dentro do município, distritos e setores censitários.

Este trabalho permitiu ratificar as informações vindas até nós, através das literaturas. E mais

ainda: foi possível avançar além do que já era sabido no geral (o menor nível de renda e

instrução entre os evangélicos), confirmando dessa forma as nossas hipóteses. As diferenças

socioeconômicas intersetoriais vão além dessas duas variáveis. Elas têm a predominância do

sexo feminino, faixa etária 25 a 59 anos de idade (31 anos de idade mediana) são casadas e

economicamente são ocupadas, em ambas as religiões. Porém, a cor ou raça é branca para o

grupo católico e negra entre o grupo protestante pentecostal.

Em suma, a experiência com nossas pesquisas sobejamente nos permitiu constatar uma efetiva

discriminação entre estratos sociais diferenciados segundo fatores fundamentais, como

família, escolaridade, gênero, cor, entre outros.

Acreditamos ter conseguido construir um estudo que pode contribuir de alguma forma com

tomadas de decisão pelas autoridades do poder público competente, que necessite de dados e

informações sobre essas e outras variáveis com o objetivo de dirimir as desigualdades de

natureza social, em seus diversos aspectos.

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Geografia e Estatística – IBGE, para fazer as devidas delimitações, deixamos de fazê-lo nesse

nível e passaremos a utilizar como referência os setores censitários.

Segundo o próprio IBGE, a própria Prefeitura de São Gonçalo nunca demonstrou interesse em

solucionar tal situação junto ao referido órgão. O setor censitário42 é o menor polígono (nível)

geográfico para o qual o IBGE levanta e fornece dados. Tais dados abrangem diversas

variáveis, tais como sexo, idade, renda, escolaridade, infra-estrutura etc., conforme já foi visto

no capítulo anterior.

Segundo informações obtidas junto à Unidade Estadual do IBGE no Rio de Janeiro, UE-RJ,

órgão responsável pela criação/delimitação dos setores de pesquisa para os Censos

Demográficos e outras pesquisas da citada instituição, mesmo que se tentasse não seria

possível trabalharmos com bairros, uma vez que os setores censitários não se encaixam

exatamente com a divisão política dos bairros definidos pela Prefeitura Municipal de São

Gonçalo, pois vários setores de um mesmo bairro invadem parte de outro bairro ou de outros

bairros.

Porém, quanto maior a desagregação, mais detalhada será a descrição da distribuição espacial

das questões sociais e uma maior precisão terá a análise de sua relação com outras dimensões,

Cano (1998). As unidades menores apresentarão uma maior homogeneidade interna tanto das

variáveis que se pretende trabalhar quanto de outras variáveis quaisquer. Dessa forma, o setor

censitário, como unidade de análise, conterá realidades sociais muito menos diferentes (mais

homogêneas) em seu universo, como favelas, condomínios de luxo etc., se comparado ao

nível de bairro e/ou distrito.

Os níveis de urbanização podem divergir muito entre os diferentes hábitats de um mesmo

distrito e/ou bairro, o mesmo ocorrendo com o nível socioeconômico. Assim sendo, os valores

de cada variável para esta unidade geográfica funcionarão, na prática, como médias de

situações muito mais homogêneas. Como conseqüência, o estudo da relação entre variáveis

mensurado neste nível de agregação conterá uma maior precisão.

42 Unidade de controle cadastral formada por área contínua urbana ou rural, cuja dimensão e número de domicílios ou de unidades não residenciais são limitados. Na área rural (não é o nosso caso) são de aproximadamente 150 unidades, não podendo passar de 500Km2. Na área urbana o número de unidades eleva-se para 200. Entretanto, há exceções como, por exemplo, um prédio residencial com mais de 200 unidades.

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A unidade geográfica escolhida deve ser suficientemente pequena para ser relativamente

homogênea e suficientemente grande para apresentar um número de casos necessariamente

alto para o cálculo de taxas estáveis, Cano (1998). Assim sendo, é desejável realizar uma

análise espacial considerando-se o setor censitário como unidade de agregação, devido sua

alta homogeneidade em termos sócioeconômicos.

Metodologia

Além dos já utilizados softwares, sistema SAS para recuperação de microdados da base dos

Censos Demográficos e do aplicativo EXCEL para a elaboração de tabelas, gráficos e alguns

cálculos estatísticos, estaremos também aqui, neste capítulo, utilizando essencialmente o

Sistema de Informação Geográfica – SIG, Atlas GIS, onde o nosso objeto geográfico será

transformado em objeto cartográfico para melhorar a percepção e análise das variáveis.

Para a utilização do SIG é necessário que se tenha fundamentalmente a base de dados que é

dividida em duas partes. Dados espaciais (mapa digitalizado da região que se pretende

trabalhar – base cartográfica); e Dados sociodemográficos, que no nosso caso foram extraídos

do Censo Demográfico de 2000. A partir desses elementos será então a vez dos elementos da

Análise dos Dados (Análise Espacial) e Apresentação de Dados e Informações.

Os dados espaciais foram adquiridos junto ao Centro de Documentação e Disseminação de

Informações – CDDI/IBGE, disponibilizado em compact disc - CD da Malha de Setor

Censitário Urbano Digital do Distrito Sede dos Municípios do Brasil – 2000, contendo

arquivos com extensão SHP, DXF e AGF; este último, para uso com Atlas GIS.

Os dados sociodemográficos terão unicamente como fonte o Censo Demográfico de 2000,

tendo em vista que todos os distritos tiveram aumento do número de setores censitários (ver

anexo 22), variando de 59,7% o distrito que cresceu menos (Sete Pontes), a 116,8% para o

distrito que teve maior aumento (Monjolos). Dessa forma fica impossível a comparabilidade

com o Censo de 1991 para esse nível geográfico.

Assim sendo, pretendemos neste trabalho, através do uso de SIG, fazer a apresentação de

algumas variáveis usadas anteriormente, e tentar de alguma forma, através de cada uma delas

e através dos mapas (cloropléticos) temáticos, elucidar o fenômeno da expansão evangélico

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pentecostal no Município de São Gonçalo, por acreditar que o uso do cartograma será um

instrumento fundamental na consolidação da idéia de distribuição espacial como uma

propriedade essencial dos eventos sociais/geográficos.

Área de estudo

O interesse em investigar o Município de São Gonçalo, sob o olhar da geografia, a

religiosidade, em especial os evangélicos pentecostais, deu-se por conta de duas observações.

A primeira quando investigamos a Tabulação Avançada do Censo Demográfico 2000:

resultados preliminares da amostra; e A Religião nos censos brasileiros: informações

preliminares do Censo Demográfico 200043, quando então foi apontado o grande avanço dos

evangélicos pentecostais em todos os níveis geográficos do país, tendo como contrapartida a

diminuição dos católicos apostólicos romanos.

A segunda vem por conta da observação in loco, quando das minhas idas e vindas diárias para

casa – trabalho – casa e também quando fui a campo com o objetivo de elaborar o nosso

trabalho “O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) no Município de São

Gonçalo: uma avaliação” como requisito necessário para obtenção do grau de Especialista

em Análise Ambiental e Gestão do Território, apresentado à Coordenação do Centro de Pós-

Graduação da ENCE, e registramos o avanço do número de templos evangélicos.

O município é composto por cinco distritos em sua divisão político-administrativa. O primeiro

é o distrito de São Gonçalo (distrito-sede) que faz fronteira com a Baía de Guanabara e com o

Município de Itaboraí; o segundo é o distrito de Ipiíba que também faz fronteira com o

município de Itaboraí, Maricá e Niterói; o terceiro é o distrito de Monjolos que faz fronteira

com Itaboraí; o quarto é o distrito de Neves que faz fronteira com a Baía de Guanabara e

Niterói; e o quinto é o distrito de Sete Pontes que faz fronteira com Niterói, ver cartograma 1.

Dentre os católicos apostólicos romanos, os distritos de Ipiíba e Monjolos foram os únicos

que apresentaram taxas de crescimento positivas, sendo que o segundo com 7,0% apresentou

a melhor taxa. No grupo dos evangélicos pentecostais todos os distritos apresentaram taxas de

crescimento positivos, sendo que a maior taxa 139,0% ocorreu no distrito de Ipiíba.

43 Elaborado por Nilza de Oliveira Martins Pereira.

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Vale ressaltar que apesar de o distrito Sete Pontes apontar a maior taxa de crescimento

negativo (-)8,5% entre os católicos, também foi o que registrou com 69,4% a menor taxa de

crescimento dentre os evangélicos, ver anexo 21.

Cartograma 1

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Itaborai

Niteroi

Baia de Guanabara

Marica

Populaçao em (%)

SG (Sede) - 36,0%

Ipiiba - 17,9%

Monjolos - 19,8%

Neves - 17,6%

Sete Pontes - 8,7%

ENCE

MESTRADO

KM

43210

Divisao Politico-Administrativa (Distritos)Distribuiçao Proporcional da Populaçao Total em (%)

Sao Gonçalo - RJ - 2000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demografico 2000, dados da amostra

EM ESTUDOSPOPULACIONAIS

E PESQUISASSOCIAIS

AREA - CTURMA - 2002

De acordo com a distribuição proporcional, os resultados apontam os distritos Sete Pontes e

Neves os menores contingentes de evangélicos pentecostais: cerca de 13,0%. Os outros três

distritos (conforme já se esperava), ver tabela 10, ficaram com a maioria dessa população.

D is trito P o p u lação em (% )d e C ató lica

res id ên c ia T o ta l A p o s tó lica E v an g é licaR o m an a P en teco s ta l

S ão G o n ça lo 1 0 0 ,0 4 9 ,3 1 6 ,2 D istº S ão G o n ça lo 1 0 0 ,0 4 9 ,9 1 5 ,1 D istº Ip iíb a 1 0 0 ,0 4 5 ,9 1 8 ,0 D istº M o n jo lo s 1 0 0 ,0 4 2 ,1 2 0 ,7 D istº N ev es 1 0 0 ,0 5 8 ,2 1 3 ,0 D istº S e te P o n tes 1 0 0 ,0 5 2 ,2 1 2 ,8F o n te : IB G E /D P E - C en so D em o grá fico d e 2 0 00 , d ad o s d a am os tra .

P ro p o rção d a p o p u lação p o r re lig ião , se gu n d o o d is tritod e res id ên c ia - S ão G o n ça lo - 2 0 0 0

T ab e la 1 0

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Características das áreas de estudo

Objetivando melhor descrever a relação evangelismo pentecostal versus catolicismo

apostólico romano e espaço periférico urbano, ou seja, como esses religiosos se apresentam

num espaço intra-urbano, nós dividiremos nossa área de estudo em duas. Identificaremos

como área central ou núcleo aquela faixa de vai de Niterói em direção a Itaboraí, até a altura

do bairro Alcântara; e periférica, aquela que compreende as fronteiriças com a Baía de

Guanabara, com o município de Itaboraí e com o município de Maricá. Ver melhor definição

da classificação de áreas urbanas ao final deste capítulo.

A área central é a mais densamente povoada, haja vista a maior concentração de setores

censitários, o que faz caracterizar uma maior densidade demográfica. Essa concentração que

se estende desde os limites de Niterói, mais especificamente a partir do bairro Neves no

distrito de mesmo nome (ver anexo 23), e do bairro Venda da Cruz no distrito Sete Pontes, até

o bairro Alcântara no distrito Sede, e seus bairros circunvizinhos, é justificada devido ao

processo de conurbação44.

A área periférica tem em sua geografia características típicas de área rural com grandes

setores censitários devido a sua baixa densidade demográfica, apesar do município ser

considerado totalmente urbanizado. São encontrados naquele local núcleos habitacionais sem

a mínima ou nenhuma característica de urbanização (saneamento básico, infra-estrutura) com

exceção da energia elétrica em sua quase totalidade, extensões de terras desabitadas ou

destinadas a algum tipo de lavoura de subsistência ou pecuária entre outros.

Essas carências das condições mínimas de habitação sem rede de água/esgoto, energia

elétrica, transporte etc., como “Frutos históricos de antigas e novas modernizações da

sociedade brasileira, os espaços metropolitanos encontram-se sob impacto da crise social e

cultural e de mudanças institucionais ...” (Ribeiro, Silva, Vieira, 1998:27).

Mais adiante, ainda, eles acrescentam que as metrópoles, na condição de espaços que

expressam a modernização, tendem a atrair novos impulsos modernizadores, que são

44 Quando a franja urbana de uma cidade se junta à franja urbana de outra cidade.

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extensivos às suas áreas de influência. E, assim sendo, comandando a modernização, sugam

os bons e maus resultados, atraindo para si, como decorrência, a segregação social.

“A externalização das questões sociais mais agudas – a periferização das carências – constitui um dos resultados mais nítidos da urbanização brasileira. Trata-se da permanente instabilidade que marca a pobreza no País, resistente aos projetos de racionalização das contradições socioespaciais ...” (Ribeiro, et ali 1998:31).

Essas e outras carências apontadas são o resultado de sucessivos impactos econômicos que

repercutem negativamente sobre o social e que se manifesta, muito claramente, nas condições

de vida das populações mais desfavorecidas, existentes nas regiões metropolitanas. Comparar

os cartogramas 2 e 3.

Cartograma 2

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Setores por proporçao

baixa - 7,8%

media baixa - 40,0%

media alta - 44,3%

alta - 7,1%

sem declaracao - 0,7%

KM

86420

Populaçao Catolica Apostolica RomanaProporcao de pessoas por setor censitario

Sao Gonçalo - RJ - 2000

Baia de

Gua

naba

ra Itaborai

Niteroi

MaricaFonte: IBGE, Censo Demografico 2000, dados da amostra

“... mais que nunca, se assiste a uma diferenciação social, exclusão que tem sua expressão maior nos usos e possibilidades de uso do espaço, como dimensão de

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sobrevivência do homem. Seu raio de ação já não diz respeito apenas à periferia e às fronteiras do sistema, mas é hoje uma realidade que exclui, expulsa e aliena contingentes significativos das populações ...” (Dantas et al. 1998:104).

Cartograma 3

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Setores por proporçao

baixa - 79,5%

media baixa - 15,0%

media alta - 0,5%

alta - 0,0%

sem declaracao - 5,0%

KM

86420

Populaçao Crista Evangelica PentecostalProporcao de pessoas por setor censitario

Sao Gonçalo - RJ - 2000

Baia de

Guan

abara Itaborai

Niteroi

MaricaFonte: IBGE, Censo Demografico 2000, dados da amostra

Comparando os cartogramas acima podemos avaliar que os católicos têm uma expressão

pouco significativa (7,8%) naqueles setores onde é baixa a proporção de habitantes. Todavia,

à medida que essa proporção aumenta, eles tendem a se voltar para a área central. Haja vista

as duas últimas faixas e principalmente a última com maior concentração, exceto poucos

pontos isolados. No núcleo encontra-se um perfil de classe média e de outros bem menos

carentes que se comparada à área periférica, do ponto de vista urbanização, transportes, social

e de atendimento/prestação de serviços públicos ou não, é bem mais atrativa.

Ainda com base nos cartogramas referenciados, podemos apontar que os evangélicos

pentecostais estão bem mais distribuídos por todo o município através dos setores censitários

com as menores concentrações proporcionais, de 0,1% a 25%. Todavia, à medida que essa

proporção aumenta, é visível o afastamento dessa população no sentido centro periferia,

aquela área mais carente e mais esquecida pelo poder público.

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A dinâmica socioespacial em São Gonçalo

Através do conjunto de variáveis socioeconômicas e demográficas que nos levou a poder

construir o perfil do evangélico pentecostal no município, antes, porém, de nos atermos a

conhecer a distribuição espacial através das variáveis socioeconômicas desses religiosos,

vamos conhecer como funciona essa distribuição quantitativa por denominação.

Lembremos que o pentecostalismo tradicional ou clássico45 é aquele que chegou no Brasil em

1910 através da Congregação Cristã no Brasil, na cidade de São Paulo - SP; e em 1911

através da Assembléia de Deus, na cidade de Belém – PA.

O neopentecostalismo a quem Mariano (1999:32) trata como “a terceira onda” da história do

protestantismo pentecostal brasileiro é a vertente mais recente e dinâmica do pentecostalismo.

Surge no Rio de Janeiro na década de 1970 e daí por diante cresce e se fortalece se

expandindo por todo o Brasil adentro e até no exterior, arrebanhando aquelas pessoas de

alguma forma rejeitada ou excluída da sociedade urbanizada, pessoas carentes de cultura, de

instrução, de finanças, de habitação, dentre outras, pessoas vítimas da solidão urbana.

“Seus cultos, evangelísticos ou não, praticamente batem só nesta tecla. Funcionam como prontos-socorros espirituais e como tais são procurados. Baseiam-se em promessas e rituais para a cura física e emocional, prosperidade material, libertação de demônios, resolução de problemas afetivos, familiares, de crise individual e de relacionamento interpessoal.” (idem, 1999:9)

Vale lembrar que, apesar da década de 1970 servir de marco para o início da era

neopentecostal, nem todas as igrejas evangélicas que surgiram daí em diante também o sejam.

Para ser enquadrada e classificada na condição de neopentecostal; ela deve apresentar

características teológicas e filosóficas inerentes a essa corrente conforme define Mariano:

“... quanto menos sectária e ascética e quanto mais liberal e tendente a investir em atividades extra-igreja (empresariais, políticas, culturais, assistenciais), sobretudo naquelas tradicionalmente rejeitadas ou reprovadas pelo pentecostalismo clássico, mais próxima tal hipotética igreja estará do espírito, do ethos e do modo de ser das componentes da vertente neopentecostal.” (idem, 1999:37)

45 Os termos variam de autor para autor

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A expansão do cristianismo evangélico (neo)pentecostal nas grandes áreas urbanas onde se

faz mais presente e com maior concentração em suas áreas periféricas, convertendo e

arregimentando os estratos sociais com menor renda e com menor nível de instrução, teve na

última década em São Gonçalo a amplitude de um fenômeno tsunami quando aumentou sua

população em 105,8% distribuídos por denominações conforme quadro a seguir.

Quadro 3

Masculino FemininoTOTAL 144.027 41,9 58,1

Assembléia de Deus 61.922 44,7 55,3Assembléia de Todos os Santos 220 32,3 67,7Outras Assembléias 402 32,3 67,7Congregacional Cristã do Brasil 2.264 40,2 59,8O Brasil Para Cristo 888 44,0 56,0Evangelho Quadrangular 243 34,6 65,4Universal do Reino de Deus 26.173 37,8 62,2Casa da Bênção 1.357 40,5 59,5Casa de Oração 997 47,3 52,7Casa de Oração - Outras 71 38,0 62,0Deus é Amor 3.432 39,8 60,2Maranata 4.176 39,6 60,4Maranata - Outras 8 0,0 100,0Evang. Renov., Restau., e Refor. Sem Vínculo Instit. 273 40,7 59,3Pent. Renov., Restau., e Refor. Sem Vínculo Instituc. 24 54,2 45,8Renovadas - Outras 9 0,0 100,0Não Determinadas - Sem Vínculo Institucional 4.410 42,1 57,9Comunidade Cristã 266 38,7 61,3Comunidade Cristã - Outras 292 46,2 53,8Nova Vida 12.978 41,0 59,0Nova Vida - Outras 65 58,5 41,5Comunidade Evangélica 802 43,5 56,5Comunidade Evangélica - Outras 1.966 41,7 58,3Evangélicas Pentecostais - Outras 20.778 40,3 59,7Igreja do Nazareno 11 100,0 0,0Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 2000, dados da amostra(1) esta é a ordem apresentada no questionário do Censo.

Sexo (%)Igreja/Denominação (1) Total

População evangélica pentecostal total e sua respectiva distribuição percentualpor sexo, segundo a igreja/denominação que freqüenta - São Gonçalo - 2000

Conforme foi apontado no perfil do evangélicos pentecostal no capítulo anterior e de acordo

com o quadro acima, mais uma vez se ratifica a supremacia das mulheres com relação aos

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homens nas denominações evangélicas pentecostais, com exceção apenas de três dentre o total

das vinte e cinco apresentadas.

Qual seria a justificativa dessa supremacia das mulheres nas denominações evangélicas

pentecostais. Será conseqüência do crescimento vegetativo dentro dessa religiosidade? Ou

Será conseqüência da apostasia?46

Também podemos registrar (gráfico 22), para minha surpresa, que a tradicional e precursora

Igreja Pentecostal Assembléia de Deus, detém a hegemonia de fiéis, contrariando, assim,

aquilo que imaginávamos com relação à segunda colocada. Esse fato já fora apontado por

Clara Mafra em sua obra Os Evangélicos.

“... a Assembléia de Deus rapidamente se espalhou pelo Brasil afora, inicialmente através das frentes de migração entre Norte e Nordeste, depois com o fim do ciclo da borracha do Norte para o Sudeste. Foi assim, seguindo os fluxos da população trabalhadora nas diferentes frentes de trabalho, que, em poucos anos, a Igreja do Espírito Santo47 se firmou como a maior igreja pentecostal em território nacional.” (Mafra, 2001:33).

Gráfico 22

População evangélica pentecostal por denominação,em percentual - São Gonçalo - 2000

43,0

18,2

9,0

2,9

2,4

1,6

3,1

19,9

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Assembléia de Deus

Univ. do Reino de Deus

Nova Vida

Maranata

Deus é Amor

Cristã do Brasil

Não Det. - Sem Vínc. Inst.

OUTRAS

denominação

(%)

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico 2000 - dados da amostra

46 Abjuração, mudança de religião 47 O grifo é da autora.

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Análise Espacial das Condições Socioeconômicas

Neste item, discutiremos algumas questões relacionadas às características socioeconômicas,

identificadas no grupo populacional investigado, face às grandes desigualdades existentes no

nível educacional, na distribuição de rendimento, tendo em vista que a análise simples desses

determinantes mostrou diferenças consideráveis.

Para a realização deste estudo de caso, foram extraídas tabulações especiais com base nos

dados da amostra do Censo Demográfico de 2000, que possibilitou a construção do quadro

com o perfil dos evangélicos pentecostais para São Gonçalo, conforme capítulo anterior.

Portanto, para atender aos objetivos de nosso estudo, visando sua melhor compreensão,

buscaremos identificar o comportamento espacial dos componentes socioeconômicos nele

utilizados, tomando por base territorial os setores censitários do Município de São Gonçalo –

RJ, confirmando, assim, a relevância da componente socioespacial no tratamento do

fenômeno da expansão do protestantismo pentecostal, através de alguns mapas/cartogramas.

Cartograma 4

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Anos Mediano de Estudo

1 a 4 - 11,3%

5 a 8 - 68,6%

9 a 11 - 19,0%

12 e mais - 0,3%

Sem Dec. - 0,8%

KM

86420

Populaçao Catolica Apostolica RomanaAnos Mediano de Estudo Por Setor Censitario

Sao Gonçalo - RJ - 2000

Itaborai

Baia de G

uanabara

Niteroi

Marica

Fonte: IBGE, Censo Demografico de 2000, dados da amostra

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Cartograma 5

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Anos Mediano de Estudo

1 a 4 - 26,0%

5 a 8 - 53,5%

9 a 11 - 14,2%

12 e mais - 0,3%

Sem Dec. - 6,0%

KM

86420

Populaçao Crista Evangelica PentecostalAnos Mediano de Estudo Por Setor Censitario

Sao Gonçalo - RJ - 2000

Itaborai

Baia de G

uanabara

Niteroi

Marica

Fonte: IBGE, Censo Demografico de 2000, dados da amostra

Conforme pode ser identificado através dos cartogramas 4 e 5, cerca de 80% dos setores

censitários são compostos por pessoas com 1 a 8 anos medianos de estudo tanto para os

católicos apostólicos romanos quanto para os evangélicos pentecostais. Para ambos os grupos

foram consideradas as pessoas de 5 anos ou mais de idade. Destaque-se que para ambas as

religiões o maior número está no segundo grupo (5 a 8 anos), porém os católicos se

sobressaem com 68,6% contra 53,5% dos evangélicos, além de concentrar no núcleo a maior

taxa setores com a maior faixa de anos de estudo.

Entre os evangélicos, na área periférica é a que concentra a maior taxa de setores compostos

pela população de 1 a 4 e de 5 a 8 anos medianos de estudo e de sem declaração de anos de

estudo, com anos de estudo não determinado e os sem instrução além aquelas pessoas que

fazem parte do programa de alfabetização para adultos.

Esclarecemos que foi escolhido o valor mediano como indicador de anos de estudo, dentre as

medidas de locação, por esta ser uma medida de maior precisão numa distribuição ao invés da

média, uma vez que esta medida pode ser comprometida por valores extremos ou atípicos.

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As diferenças se mostram evidentes quando se analisa a proporção das pessoas por área de

moradia comparadas ao número de anos de estudo, conforme foi o caso exposto acima. A área

central é a mais habitada por pessoas com nível de instrução mais elevado, 9 ou mais anos de

estudo para ambas as religiões. Contrastando com a área periférica, que é a mais habitada por

pessoas com menor nível de instrução, em ambas situações não importa qual seja a religião.

Outro indicador utilizado para identificar aqueles setores censitários onde a população

evangélica pentecostal convive com baixo nível de rendimento foi o de extrema pobreza,

tomando como referência a renda total mensal das pessoas com 10 ou mais anos de idade.

Apesar de existirem várias instituições que adotam seus próprios conceitos, a metodologia que

utilizamos para mensurar o nível de extrema pobreza ou indigência foi a mesma adotada nas

políticas públicas do governo brasileiro48. São consideradas pessoas que vivem em condições

de extrema pobreza aquelas que sobrevivem com rendimento mensal de até um quarto de

salário mínimo per capita.

Cartograma 6

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Itaborai

Baia de Guanabara

Marica

Niteroi

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Extrema Pobreza

fora da faixa - 93,0%

dentro da faixa - 6,0%

Sem Dec./Nao det. - 1,0%

KM

86420

Populacao Catolica Apostolica RomanaExtrema Pobreza ou Indigencia por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

48 Um maior detalhamento pode ser encontrado em Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatório nacional de acompanhamento. Brasília : ipea set./2004.

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Cartograma 7

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Itaborai

Baia de Guanabara

Marica

Niteroi

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Extrema Pobreza

fora da faixa - 90,0%

dentro da faixa - 3,0%

Sem Dec./Nao det. - 7,0%

KM

86420

Populacao Crista Evangelica PentecostalExtrema Pobreza ou Indigencia por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

Conforme podemos identificar nos cartogramas acima, 6% dos setores censitários dos

católicos estão dentro da faixa de extrema pobreza, que, se comparados aos 3% dos

evangélicos, estão em desvantagem. Contudo, os católicos com 93% dos setores fora da faixa

estão na vantagem sobre os evangélicos com seus 90%. A diferença fica por conta dos sem

declaração.

Percebe-se que tanto os setores que estão dentro da faixa de extrema pobreza, bem como

aqueles sem declaração estão destacados em pontos isolados, onde acontecem com maior

incidência na área periférica, para os católicos e os evangélicos.

Ainda tratando de rendimento, fizemos a comparabilidade da distribuição das pessoas de 10

anos e mais de idade e dos chefes de domicílios, por classes de rendimento mensal do trabalho

principal em salários mínimos, comparando os evangélicos pentecostais com os católicos

apostólicos romanos

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O indicador de renda do trabalho principal49 (cartogramas 8 e 9) aponta uma taxa de 38,9% da

população católica que auferem um rendimento mensal per capita de 0,1 a 2 salários

mínimos. Entretanto, os evangélicos dentro dessa mesma categoria são responsáveis por

51,0%. Na classe intermediária de rendimento, mais de 2 a 5 salários mínimos, a situação se

inverte. Os católicos com 53,8% novamente estão numa situação mais privilegiada que os

evangélicos com 28%. Na última classe os evangélicos levam vantagem com 9,4% dos setores

contra 5,6% dos católicos.

Mais uma vez a tendência se confirma analisando os cartogramas 10 e 11, de rendimento

mensal do trabalho principal dos chefes de família. Somadas as duas classes mais inferiores,

os setores católicos alcançam 22,0% contra os 33,2% dos setores evangélicos. Quanto à classe

intermediária (mais de 2 a 5 SM), os católicos novamente disparam com 60,7% contra 32,9%

dos evangélicos.

No cartograma dos católicos tanto para o nível de renda per capita (cartograma 8) quanto para

o rendimento do chefe de família (cartograma 10), identifica-se claramente a maior

concentração dessa população no núcleo ou na área central para aqueles com renda igual ou

superior a dois salários mínimos.

O mesmo não pode ser dito dos evangélicos, pois contam com a maioria formada pelos sem

declaração e aqueles com rendimento não superior a dois salários mínimos espalhados em

maior número pela periferia. No cartograma 9 ainda se consegue perceber a pequena

concentração daqueles com renda superior a 2 SM, mas o mesmo não acontece no cartograma

11, onde o espalhamento é muito grande

O indicador de renda por cor/raça aponta para os brancos da seguinte forma: os católicos com

50,8% têm seu maior grupo na terceira faixa. Entre os evangélicos o maior grupo é o segundo

com 28,6%. Com relação aos negros, os dados apontam a segunda e terceira classe como as

populosas, com 41,1% e 41,3%, respectivamente, para os católicos. Já entre os evangélicos a

sua maior classe novamente se confirma na segunda classe com 32,0%. Entre os católicos

existe maior concentração no núcleo, uma vez que a tendência é de aumento dos grupos mais

elevados. Entre os evangélicos essa prática não acontece da mesma forma.

49 Escolhemos a renda do trabalho principal, por considerar que essa renda, além de garantida mensalmente, se constitui como parcela significativa de rendimento da família.

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81

Cartograma 8

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Setor Censitario por SM

ate 1 SM - 1,3%

de 1,1 a 2 SM - 37,6%

de 2.1 a 5 SM - 53,8%

acima de 5,1 SM - 5,6%

Sem Declaracao - 1,4%

KM

86420

Populacao Catolica Apostolica Romana de 10 Anos e Mais de IdadeRenda Mensal do Trabalho Principal per Capita em SM por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

Itaborai

Marica

Baia de Guanabara

Niteroi

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Cartograma 9

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Setor Censitario por SM

ate 1 SM - 9,7%

de 1,1 a 2 SM - 41,3%

de 2.1 a 5 SM - 28,0%

acima de 5,1 SM - 9,4%

Sem Dec. - 11,3%

KM

86420

Populacao Protestante Pentecostal de 10 Anos e Mais de IdadeRenda Mensal do Trabalho Principal per Capita em SM por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

Itaborai

Marica

Baia de Guanabara

Niteroi

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

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82

Cartograma 10

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

ItaboraiBaia de Guanabara

Niteroi

Renda em Salario Minimo

ate 1 SM - 1,8%

de 1,1 a 2 SM - 20,2%

de 2,1 a 5 SM - 60,7%

de 5,1 a 10 SM - 14,1%

mais de 10 SM - 0,9%

Sem Dec. Renda - 1,9%

KM

86420

Rendimento Mensal do Trabalho Principal em Salario MinimoChefes de Familia Catolicos Apostolicos Romanos por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

Marica

Fonte; IBGE/DPE - Censo Demografico 2000, dados da amostra.

Cartograma 11

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

ItaboraiBaia de Guanabara

Niteroi

Renda em Salario Minimo

ate 1 SM - 8,2%

de 1,1 a 2 SM - 25,0%

de 2,1 a 5 SM - 32,9%

de 5,1 a 10 SM - 12,4%

mais de 10 SM - 2,5%

Sem Dec. Renda - 19,0%

KM

86420

Rendimento Mensal do Trabalho Principal em Salario MinimoChefes de Familia Evangelicos Pentecostais por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

Marica

Fonte; IBGE/DPE - Censo Demografico 2000, dados da amostra.

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83

Cartograma 12

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Baia de Guanabara

Niteroi

Itaborai

Marica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra

Renda Mediana em SM

0,1 a 1 SM - 3,2%

1,1 a 2 SM - 31,2%

2,1 a 5 SM - 50,8%

5,1 a 10 SM - 10,4%

acima de 10 - 0,4%

Sem Dec. - 3,6%

KM

86420

Populaçao Branca Catolica Apostolica Romana de 10 anos ou Mais de IdadeRenda Mensal do Trabalho Principal em Salario Minimo por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

Cartograma 13

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Baia de Guanabara

Niteroi

Itaborai

Marica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra

Renda Mediana em SM

0,1 a 1 SM - 10,0%

1,1 a 2 SM - 28,6%

2,1 a 5 SM - 25,2%

5,1 a 10 SM - 7,8%

acima de 10 - 1,7%

Sem Dec. - 26,4%

KM

86420

Populaçao Branca Protestante Pentecostal de 10 ou Mais de IdadeRenda Mensal do Trabalho Principal em Salario Minimo por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

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84

Cartograma 14

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Baia de Guanabara

Niteroi

Itaborai

Marica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra

Renda Mediana em SM

0,1 a 1 SM - 5,0%

1,1 a 2 SM - 41,1%

2,1 a 5 SM - 41,3%

5,1 a 10 SM - 7,3%

acima de 10 - 0,4%

Sem Dec. - 4,6%

KM

86420

Populaçao Negra Catolica Apostolica Romana de 10 anos ou Mais de IdadeRenda Mensal do Trabalho Principal em Salario Minimo por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

Cartograma 15

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Baia de Guanabara

Niteroi

Itaborai

Marica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra

Renda Mediana em SM

0,1 a 1 SM - 12,5%

1,1 a 2 SM - 32,0%

2,1 a 5 SM - 22,3%

5,1 a 10 SM - 5,4%

acima de 10 - 1,2%

Sem Dec. - 26,3%

KM

86420

Populaçao Negra Protestante Pentecostal de 10 ou Mais de IdadeRenda Mensal do Trabalho Principal em Salario Minimo por Setor Censitario

SAO GONÇALO - RJ - 2000

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85

O processo discriminatório das desigualdades entre as religiões não se encerra tão-somente

nos indicadores que já foram apresentados anteriormente. Através do indicador da

distribuição por ocupação50, também pode ser registrado que elas existem por aqui. As

ocupações mais inferiores da economia são bem mais preenchidas pela população evangélica

pentecostal que pelos católicos, muito embora eles tenham a condição de igualdade em cerca

de 22% para a ocupação de empregado sem carteira assinada. Basta que observemos o gráfico

23, abaixo.

Gráfico 23

Proporção da população ocupada de 10 anos ou mais de idade, por religião, segundo a ocupação - São Gonçalo - 2000

3,2

5,8

45,0

21,9

1,7

21,5

0,4

0,6

0,1

4,4

9,4

21,8

1,3

25,1

0,6

0,7

0,2

36,4

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0

Doméstico c/carteira assinada

Doméstico s/carteira assinada

Empregado c/carteira assinada

Empregado s/carteira assinada

Empregador

Conta-Própria

Aprendiz/Estagiário s/remuneração

Não rem./Ajuda membro domicílio

Trabalha na prod. de subsistência

Ocupação

(%)

CatólicoEvangélico

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 2000, dados da amostra.

Para finalizar nossa exposição, logo adiante apresentaremos as desigualdades entre as

religiões católica apostólica romana e evangélica pentecostal identificadas através dos

indicadores de mercado de trabalho conforme os cartogramas 15 a 20.

Além dos indicadores já mostrados anteriormente e diante de tão grande variedade de

indicadores nessa área, estaremos considerando somente os Indicadores de Taxas de

Atividade, Taxas de Ocupação e Taxas de Desocupação/Desemprego.

50 Importante indicador de mercado de trabalho que identifica a posição que o trabalhador ocupa.

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86

Cartograma 16

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Taxa de atividade

baixa - 1,3%

media baixa - 25,4%

media alta - 66,6%

alta - 6,0%

Sem dec. - 0,7%

KM

86420

CATOLICOS APOSTOLICOS ROMANOS de 10 ANOS E MAIS DE IDADETAXAS DE ATIVIDADE POR SETOR CENSITARIO

SAO GONÇALO - RJ - 2000

ItaboraiBaia de Guanabara

NiteroiMarica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Cartograma 17

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Taxa de atividade

baixa - 8,1%

media baixa - 35,1%

media alta - 41,0%

alta - 11,0%

Sem dec. - 4,8%

KM

86420

PROTESTANTES PENTECOSTAIS DE 10 ANOS E MAIS DE IDADETAXAS DE ATIVIDADE POR SETOR CENSITARIO

SAO GONÇALO - RJ - 2000

ItaboraiBaia de Guanabara

NiteroiMarica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

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87

Cartograma 18

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Taxa de ocupaçao

baixa - 0,3%

media baixa - 1,3%

media alta - 22,0%

alta - 76,0%

Sem dec. - 1,1%

KM

86420

CATOLICOS APOSTOLICOS ROMANOS de 10 ANOS E MAIS DE IDADETAXAS DE OCUPAÇAO POR SETOR CENSITARIO

SAO GONÇALO - RJ - 2000

ItaboraiBaia de Guanabara

NiteroiMarica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Cartograma 19

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Taxa de ocupaçao

baixa - 3,0%

media baixa - 5,7%

media alta - 21,6%

alta - 60,9%

Sem dec. - 8,6%

KM

86420

PROTESTANTES PENTECOSTAIS DE 10 ANOS E MAIS DE IDADETAXAS DE OCUPAÇAO POR SETOR CENSITARIO

SAO GONÇALO - RJ - 2000

ItaboraiBaia de Guanabara

NiteroiMarica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

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Cartograma 20

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Taxa de desocupaçao

baixa - 75,7%

media baixa - 21,5%

media alta - 1,2%

alta - 0,3%

Sem dec. - 1,1%

KM

86420

CATOLICOS APOSTOLICOS ROMANOS de 10 ANOS E MAIS DE IDADETAXAS DE DESOCUPAÇAO/DESEMPREGO POR SETOR CENSITARIO

SAO GONÇALO - RJ - 2000

ItaboraiBaia de Guanabara

NiteroiMarica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Cartograma 21

Neves

São Gonçalo

IpiíbaSete Pontes

Monjolos

Taxa de desocupaçao

baixa - 61,1%

media baixa - 22,7%

media alta - 4,4%

alta - 3,0%

Sem dec. - 8,6%

KM

86420

PROTESTANTES PENTECOSTAIS DE 10 ANOS E MAIS DE IDADETAXAS DE DESOCUPAÇAO/DESEMPREGO POR SETOR CENSITARIO

SAO GONÇALO - RJ - 2000

ItaboraiBaia de Guanabara

NiteroiMarica

Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

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89

Para entendermos a distribuição da população por setor censitário, de acordo com as taxas de

atividade, de ocupação e desocupação, calculadas em percentual, fizemos a classificação por

quatro faixas de taxas da seguinte forma: baixa - estão os grupos de 0 a 25%; média baixa -

estão os grupos de mais de 25% a 50%; média alta - estão os grupos de mais de 50% até 75%;

e por fim a faixa alta – estão os grupos com taxas acima de 75%.

Conforme os cartogramas 16 e 17 que mostram as taxas de atividade das pessoas por setor

censitário, é evidente a desvantagem dos pentecostais com relação aos católicos. Os católicos

têm suas maiores taxas de atividade concentradas na terceira faixa (média alta) com 66,6%,

sendo seguido da segunda com 25% e da quarta faixa com 6,0% de participação dos setores.

Os setores com a menor participação são os da faixa baixa, que juntos aos sem declaração

chegam a 2%.

Quanto aos evangélicos, esses se assemelham aos católicos na ordem de grandeza da

distribuição por faixas da taxa de atividade dos setores. Apesar de terem a maior taxa de

setores, 41,0% na terceira faixa, sua melhor participação, a primeira faixa, somada aos sem

declaração, absorve aproximadamente 12,9% dos setores.

Entretanto, é necessário salientar que esse indicador, apesar de medir a participação efetiva

das pessoas no mercado de trabalho, sofre influência direta das pessoas

desocupadas/procurando trabalho. Assim sendo, se faz necessário que façamos uma análise

das taxas de ocupação e desocupação/desemprego.

De acordo com os cartogramas 18 e 19 (taxas de ocupação), novamente nos deparamos com

desvantagem dos evangélicos. Na primeira e na segunda faixas, os católicos têm menos

setores ocupados que os evangélicos. Contudo, isso não implica desvantagem, pois as

melhores vantagens comparativas estão mais adiantes, ou seja, as duas faixas de melhor

otimização estão absorvendo mais católicos que evangélicos. Até mesmo na condição de sem

declaração, ela é melhor entre os católicos.

Analisando os cartogramas 20 e 21 (taxas de desocupação/desemprego), mais uma vez, como

era de se esperar, nossas hipóteses se confirmam. Os valores são mostrados inversamente: os

maiores estão nas faixas mais baixas e decrescendo até as faixas mais altas. Dessa forma, a

situação se confirma negativamente para os pentecostais.

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Note-se que, para melhor entender nossa análise espacial, São Gonçalo foi dividido em duas

partes: área central ou núcleo e área periférica. Esse conceito fora extraído dos trabalhos de

Machado (1994) e Alkmim (2003), onde, ambos, fazem as análises espaciais referentes a seus

trabalhos, valendo-se da teoria de construção das delimitações de uma região metropolitana,

no caso específico a Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Machado, para demonstrar a difusão do protestantismo pentecostal no espaço intra-urbano, e

Alkmim, para a construção da segmentação socioespacial dentro do estado do Rio de Janeiro,

ambos utilizam-se dos conceitos de subdivisão51 da região metropolitana, que é feita em

quatro faixas concêntricas, a saber: Núcleo; Periferia imediata; Periferia intermediária; e

Periferia distante.

Alkmim, em seu trabalho, além de utilizar o conceito exposto acima, também faz uso do

Índice de Qualidade dos Municípios - IQM52, onde sugere que Niterói, segundo melhor com

0,69 ponto de classificação na lista (primeiro é o Rio de Janeiro com 1,0 ponto), juntamente

com o Rio de Janeiro sejam considerados os pólos de referência no estado do Rio de Janeiro,

tendo em vista que a eles os demais pólos estão interligados. Na lista do IQM, São Gonçalo é

o 36o colocado, com 0,2381 ponto.

As delimitações são formadas por semicírculos ou anéis concêntricos (entornos ou periferias),

que se opõem em primeiro plano ao núcleo ou área central como referência ou ponto de

partida, assim compreendido: núcleo – formado pela faixa litorânea, zona sul e zona norte;

periferia próxima – formada pelos subúrbios; periferia intermediária – formada pela zona

oeste, Baixada Fluminense, São Gonçalo e Magé; e periferia distante – formada por Itaguaí e

Itaboraí, Alkmim (2003).

No núcleo estão concentradas basicamente as funções centrais, tais como: econômicas;

administrativas; financeiras e culturais, e acima de tudo apresenta os melhores padrões de

51 Essa classificação é estabelecida pela Comissão Nacional das Regiões Metropolitanas e Política Urbana, IPEA/IBAM, 1976 52 Esse indicador agrega amplo conjunto de dimensões e variáveis socioeconômicas e demográficas, resultando em um padrão recorrente da segmentação espacial para o estado. Elaborado pelo Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro, Fundação CIDE/RJ.

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91

infra-estrutura e equipamentos urbanos, bem como maior valorização da terra. As outras

faixas53 apresentam-se hierarquicamente em condições inferiores ao núcleo.

Em todas as análises feitas a partir dos cartogramas expostos, foi apontado o miolo ou área

central como sendo a que melhor preenche as condições estudadas. Tal fato já fora observado

por Alberto Najar em Rio 40°, que, valendo-se dos microdados do Censo Demográfico de

1991 e dos indicadores de Rendimento Nominal dos Chefes de Domicílio e dos Índices de

Qualidade Social, dentre outros, aponta aquele local como sendo o de melhor condição e

maior concentração.

Concluindo nosso terceiro capítulo, temos a dizer que os resultados encontrados em nossa

pesquisa, mostrados através de nossas tabelas, dos gráficos e dos cartogramas, nos levaram a

entender o comportamento dos evangélicos pentecostais, confirmando assim nossas hipóteses

e as literaturas.

53 Periferia Imediata – apresenta importantes centros de prestação de serviços de alcance regional, é imediatamente inferior ao núcleo; Periferia Intermediária – os centros de serviços, infra-estrutura e preço da terra são qualitativamente inferiores à Periferia Imediata; e Periferia Distante – apresenta condições concretas, hierarquicamente inferiores à Periferia Intermediária.

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de tabelas e gráficos, corroborados com literaturas e trabalhos que venham a investigar o

espaço urbano de São Gonçalo, explorando algumas das principais tendências desse período.

Vale esclarecer que, apesar do quesito religião fazer parte do questionário dos Censos

Demográficos, estaremos manipulando para o presente estudo, o último período, 1991-2000,

por ambos oferecerem comparativamente os mesmos níveis de desagregação da variável

religião. Ver anexos 1 e 2 - Classificação da variável religião com os códigos das categorias

para 1991 e 2000, respectivamente.

O Contexto Analítico – O Município de São Gonçalo

Segundo dados do IBGE, vale ressaltar que nesse município não existe área rural, ou seja,

toda sua extensão é considerada urbanizada. De acordo com vários autores estudiosos da

sociologia urbana, em virtude da grande concentração populacional, são nesses espaços

urbanos onde se concentram as maiores carências sociais, principalmente nas periferias.

Essa população, que vive nesse pequeno universo social urbano, é considerada como excluída

e são “estigmatizados por todos os atributos associados com a anomia: como a delinqüência,

a violência e a desintegração” (Elias, 2000:7). Encontrando-se carentes de virtudes sociais,

educacionais e de outros vazios, eles encontram na religião, mais especificamente as

evangélicas pentecostais, aquele ombro amigo que lhes leva esperança de vida digna, de

ascensão social, além do conforto espiritual.

Referindo-se aos vazios dessa população, Maués assim registra: “É justamente esta carência,

que é traduzida muitas vezes pelo fiel como um vazio, que se pode encontrar como elemento

muito importante no discurso dos que se convertem ao pentecostalismo protestante...”(Maués,

2002:53)

Com base nos levantamentos desses censos, procuraremos fazer algumas análises

comparativas de aspectos demográficos, sociais e econômicos entre os evangélicos

pentecostais com os católicos, tendo em vista que é desse grupo onde acontecem efetivamente

as evasões, e tentar levantar as questões sociais urbanas desses religiosos pentecostais, uma

vez que sob o olhar de vários estudiosos desse segmento já ficou comprovada a correlação

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desses religiosos à pouca instrução, baixa renda, desemprego, submoradias, entre outros,

conforme a seguir:

“Uma opção dos pobres – porque se propaga com maior intensidade entre eles, e por meios institucionais igualmente pobres.” (Fernandes, 1992:14)

“As camadas sociais mais densamente atingidas foram desde o início as camadas populares.” (Sanchis, 1997:123)

“... o crescimento pentecostal à sua ancoragem nas camadas de baixa renda. ... atuais estudos corroboram o caráter multifacetado do pentecostalismo e indicam que sua diferenciação é cultural, étnica e de gênero.” (Oro, Semán, 1997:134)

“Los nuevos movimientos religiosos salen ahora fortalecidos y afianzan sus opciones espirituales que se presentan como medios de salvación frente a la crisis moral y de representación de la sociedad civil, tanto como frente a la persistencia de la miseria, la pobreza, el alcoholismo, las drogas, y la violencia familiar y social en vastos medios populares de los diferentes países que los procesos de recuperación y ajuste económico no han logrado superar.” (Gumucio 1999:17)

“... pessoas de poucos recursos, sem acesso ao mercado formal de trabalho e aos serviços de saúde, muitos provenientes do meio rural, e que, como valores, possuem anseios de ascensão social, cultivam uma “representação religiosa das doenças” e aderem à lógica cultural da reciprocidade no trato com os bens religiosos. Nas igrejas, essas pessoas encontram ambiente e serviços que prometem satisfazer suas carências e que estão sintonizados com seus valores.” (Giumbelli, 2001:102)

“... los miembros más humildes de esas iglesias , trabajadores libres, algunos de ellos ex-esclavos, encontraban allí un espacio único de reconocimiento a su dignidad, de acceso al aprendizaje de la lecto-escritura y de modelos para regular su comportamiento y cambiar su conducta aprendiendo las “buenas maneras” de la sociedad burguesa.” (Carozzi, 2001:118)

“Muitos crentes, com certeza, usam crenças religiosas como defesa contra os infortúnios da vida, o medo da morte ou a consciência da miséria econômico-social em que vivem. Outros, porém, vêem na religião uma maneira de dar sentido à vida. Ou seja, a religião, para eles, não é efeito de “causa” alguma, psicanalítica ou outra. É um fato primário, original, que serve de fundamento aos sentidos precários e contingentes da existência humana.” (Costa, 2001:16)

“... falando a linguagem do povo e baseada nas palavras contidas na Bíblia, procuram atingir o coração e a mente dos homens, mas geralmente as classes sociais mais pobres da sociedade, que as mais sofridas e carentes, são as que se deixam envolver de um modo geral.” (Barroso, 1996:279).

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Referindo-se a essa população que procura as igrejas (templos) evangélicas em busca de

conforto espiritual e de convívio social, Barroso acrescenta: “A platéia é constituída,

invariavelmente, por pessoas humildes e carentes de tudo, ...” (Idem:280).

A escolha de São Gonçalo

São Gonçalo se alinha correlacionalmente no ritmo de crescimento populacional total e por

sexo nas mesmas proporções ao Estado do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana, da

mesma forma acontece na distribuição da população por religião, haja vista, também, uma

forte correlação linear positiva, conforme anexo 3 (Correlação linear entre as populações) e o

anexo 4 (Distribuição relativa da população por religião).

Esse município, além de demograficamente assumir a posição de terceiro maior contingente

populacional dentro do Estado do Rio de Janeiro, segundo os censos de 1991 e 2000, hoje,

segundo o Tribunal Regional Eleitoral – TRE, politicamente está identificado como o segundo

maior colégio eleitoral do Estado.

O Município de São Gonçalo concentra capital, infra-estrutura e força de trabalho. Nele se

encontra boa parte das indústrias do estado, formando um parque industrial diversificado.

Reúne, também, serviços especializados nos setores financeiros, comercial, educacional e de

saúde, assim como órgãos e instituições públicas, entre outros. É atualmente formado por

noventa bairros e cinco distritos distribuídos na seguinte ordem: São Gonçalo (Distrito-Sede),

Ipiíba, Monjolos, Neves e Sete Pontes.

A população católica apostólica romana de 1991 para 2000 perdeu 10.652 adeptos, ou seja,

teve um crescimento negativo da ordem de 2,4%. Para onde estaria indo essa população? A

população evangélica pentecostal aumentou em 74.038 adeptos, um incremento de 105,8% no

mesmo período. De onde estaria vindo essa população? A população não-católica apostólica

romana, que em 1991 era de 42,3%, saltou para 50,7% em 2000. Dessa população, os

evangélicos pentecostais representavam 21,2% e 31,9%, respectivamente aos anos de 1991 e

2000. Portanto, os evangélicos pentecostais cresceram de pouco mais de 1/5 para quase 1/3.

Congregando aproximadamente 6% da população do estado e cerca de 8% da Região

Metropolitana (ver anexos 5 e 6), São Gonçalo, hoje, já faz parte da lista dos municípios mais

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populosos do país, assumindo a décima sexta posição24, e constitui-se, também, num espaço

de pressão social marcado por grandes contradições, pois o crescimento econômico não

caminha junto com o atendimento das necessidades básicas da população.

Essas questões podem ser diagnosticadas no espaço a partir de graves problemas, tais como: a

distribuição desigual dos serviços e equipamentos urbanos; a crescente demanda por

habitações, marcada pelo aumento de submoradias e pela expansão de favelas; a intensa

degradação do meio ambiente; e o conseqüente esgotamento dos recursos naturais.

O acelerado crescimento urbano do município não tem sido regulado por planejamentos que

visem uma boa qualidade de vida para seus moradores e que demonstrem a preocupação com

o meio ambiente. Mesmo quando existem, os procedimentos determinados, na maioria dos

casos, não são considerados, para o que contribui a fiscalização deficiente. Como

conseqüência, muitos são os problemas a serem enfrentados.

A forte pressão sobre o meio ambiente, exercida pela evolução de uma cidade do porte de São

Gonçalo, não é surpreendente e nem mesmo exclusiva da Região Metropolitana da qual faz

parte. O crescimento de grandes cidades, no mundo inteiro, tem a característica de destruir ou,

pelo menos, dificultar a proteção de grandes áreas naturais. Entretanto, diversas formas de

reverter, ou mesmo minimizar, esse processo já começam a fazer parte das preocupações dos

governantes.

Metodologia de Análise e Seleção das Áreas

O Censo Demográfico é tido como sendo a base de dados mais importante para a avaliação

das condições de vida da população, e no presente trabalho estaremos comparando esses

dados em nível de distrito, município, região metropolitana e unidade da federação,

selecionando variáveis e criando indicadores com maior capacidade de expressar as

diferenças.

Serão utilizados os microdados dos censos de 1991 e 2000 disponibilizados pelo IBGE em

CD e banco de dados do mainframe, acessados via linguagem de programação Statistical

24 IBGE/DPE/COPIS - Estimativa da População Residente no Município para 01/07/2004.

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38

Analysis System – SAS e alguns cálculos estatísticos executados através do aplicativo Excel.

A partir dessas variáveis serão criados diversos indicadores - proporções e médias de

ocorrência - agrupados em diversos blocos temáticos.

Com o objetivo de se fazer inicialmente uma exploração das principais tendências, as

religiões foram agregadas a partir das classificações adotadas pelos Censos Demográficos de

1991 e 2000 (ver gráfico 5) em cinco grandes blocos temáticos a saber: Católicos Apostólicos

Romanos; Evangélicos não-Pentecostais; Evangélicos Pentecostais; Outras Religiões; e Sem

Religião.

Gráfico 5População por região de residência,

segundo a religião - 1991/2000

66,7

55,7

64,8

54,2

57,7

49,3

5,2

8,6

4,9

8,16,4

10,9

7,5

13,4

7,8

13,9

9,0

15,6

6,2 6,2 6,75,2 5,1

13,715,8 14,9

16,7

21,318,7

6,9

0

10

20

30

40

50

60

70

RJ 1991 RJ 2000 RM 1991 RM 2000 SG 1991 SG 2000

Região e Ano

(% )Católicos RomanosNão-PentecostaisPentecostaisOutras ReligiõesSem Religião

Fonte: IBGE/DPE, Censos demográficos 1991/2000, dados da amostra

O bloco dos Católicos Apostólicos Romanos congrega todos aqueles que em 1991

responderam ao quesito como sendo pertencentes especificamente a essa religião. Para o ano

2000, além dos já citados, foram considerados também os Católicos Carismáticos, os

Católicos Pentecostais, os Católicos Armênios e os Católicos Ucranianos.

No bloco dos Evangélicos não-Pentecostais, além de congregar todos aqueles que são

chamados de protestantes da Reforma ou de Missão ou Históricos ou Tradicionais

(Adventistas, Anglicanos, Batistas, Congregacionais, Luteranos, Menonitas, Metodistas,

Presbiterianos, e outros), também inclui os evangélicos não determinados e os sem vínculo

institucional.

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Para o bloco dos Evangélicos Pentecostais foram agregados tanto os de Origem Pentecostal

quanto os Neopentecostais (Assembléia de Deus, Congregacional Cristão do Brasil, O Brasil

Para Cristo, Evangelho Guadrangular, Universal do Reino de Deus, Casa da Bênção, Casa de

Oração, Deus é Amor, Maranata, Tradicional Renovada, Comunidade Cristã, Nova Vida,

Comunidade Evangélica, Avivamento Bíblico, Cadeia da Prece, Igreja do Nazareno e outros),

bem como as não determinadas e outras Pentecostais e os sem vínculo institucional. Este será

o nosso objeto de estudo.

Outras Religiões – Nesse bloco estão concentradas todas aquelas religiões com pequeno

quantitativo populacional sem representatividade estatística. Fazem parte desse bloco todas as

Católicas (exceto as Apostólicas Romanas), tais como: Apostólica Brasileira, Ortodoxa e

Ortodoxa Cristã, além das Neocristãs, Mediúnicas, Judaicas, Orientais, Não Determinadas

e/ou Mal definidas; e

Sem Religião – É o bloco daqueles que se declararam explicitamente dizendo não ter vínculo

com nenhuma religião. Essa categoria vem crescendo tanto ao longo dos tempos que seu

quantitativo chega ao ponto de se tornar bastante significativo estatisticamente.

Evolução da População no Município

A população total de São Gonçalo saltou de 779.832 em 1991 para 891.119 em 2000, um

aumento equivalente a 14,3% em nove anos ou a uma taxa média de crescimento geométrico

anual de 1,5%. Os habitantes estavam distribuídos em 48,7% para o sexo masculino e em

51,3% para o sexo feminino, de acordo com o Censo Demográfico de 1991. De acordo com o

Censo Demográfico de 2000, essas taxas sofrem pequena variação, se mantendo quase iguais

às anteriores. Entretanto, percebe-se que a população masculina sofreu uma queda de 0,5%

caindo para 48,2%, sendo essa diferença absorvida pela população feminina, elevando sua

taxa para 51,8% (ver anexo 6, 7, 8 e 9).

Em nossa investigação foi constatado que no período 1991/2000, no Estado do Rio, bem

como na Região Metropolitana e no Município, a população como um todo cresce

negativamente para o grupo dos católicos e faz com que no grupo dos pentecostais a situação

se registre em sentido contrário.

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Isso nos traz algumas indagações, tais como: Por que a hegemonia católica (apesar de ainda

ser o maior grupo religioso) estaria se reduzindo? Por que o leque de opções evangélicas

estaria aumentando? Qual a justificativa do incremento dos Sem Religião? Poderiam as

questões econômicas, políticas e sociais justificar tais tendências? Como se pode explicar a

adesão a um sistema religioso particular (o pentecostalismo), diante de uma oferta tão grande

existente no campo religioso?

Até aqui, com o objetivo de seguir acompanhando os resultados do Censo de 2000,

divulgados pelo IBGE, para as análises feitas com a população evangélica pentecostal, não

foram considerados os grupos 40 – Evangélicos Pentecostais Tradicionais Renovados e 41 –

Evangélicos Pentecostais Não Determinados (ver anexo 2).

O fenômeno Pentecostal em São Gonçalo

Uma vez constatada a expansão do pentecostalismo, nos deixa curioso como essa população

está sendo absorvida. Será que o número de templos cresce na mesma proporção? Essa

pergunta é respondida pelo ISER que, através do CIN-1992, realizou pesquisa25 para todos os

municípios que compunham a Região Metropolitana do Rio de Janeiro àquela época. Com o

resultado apurado do triênio 1990/1992 foi registrado que cinco novas igrejas surgiram por

semana, o equivalente à média de uma igreja para cada dia útil.

São Gonçalo também deu sua pequena contribuição para a expansão do fenômeno pentecostal

não só com o aumento dessa população, mas também com o aumento das instituições

religiosas evangélicas pentecostais com a Igreja Cruzada Profética Mundial Sinais e

Prodígios, fundada em 1970 por Leny Azevedo Brandão26, dissidente da Igreja Batista.

De acordo com o CIN-1992, o município contava com o total de 308 Instituições Evangélicas,

sendo 292 templos e 16 outras instituições27. O número de templos corresponde a 8,4% do

total de 3.477 para todo o estado. Esses 3.477 podem ser divididos em 1.355 (39%) para as

Igrejas Históricas e 2.122 (61%) para as Igrejas Pentecostais. Para o triênio em questão

25 Essa pesquisa teve como fonte de dados o Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro: anos 1990, 1991 e 1992. 26 Fonte: Censo Institucional Evangélico – CIN/1992:31, realizado pelo Instituto de Estudos da Religião – ISER. 27 Instituições Filantrópicas, Organizações não-Governamentais - ONGs, Seminários, Institutos Bíblicos, Rádios, Livrarias, Editoras, Bazares, Jornais, Associações e Missões.

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41

surgiram nada menos que 710 novas igrejas, ou 20,4%, correspondente a 1/5 do total do

estado. Dessas novas 710 igrejas, 62 (8,7%) são igrejas históricas e as restantes 648 (91,3%)

são predominantemente pentecostais.

Essa dinâmica não só acontece em nível de Instituições (igrejas e outros) ou de população, ela

também ocorre com as denominações. Das 52 denominações pesquisadas pelo CIN, apenas 15

(28,8%) são de origem estrangeira, as 37 restantes (71,2%) foram criadas no Brasil.

Apesar de o protestantismo pentecostal ter começado pelo Pará e por São Paulo, o Rio de

Janeiro, ainda de acordo com essa pesquisa, se destaca com o quantitativo de 30

denominações (ou 80,1%) fundadas aqui neste estado. As sete denominações restantes

(19,9%) têm suas origens espalhadas pelo Brasil, mais especificamente pelos estados de

Minas Gerais, Paraná e Pernambuco, além daqueles já citados.

Vale ressaltar que, de acordo com a classificação das maiores concentrações de evangélicos

pentecostais, o Estado do Rio de Janeiro com 13,4% se destaca no panorama nacional com a

oitava maior proporção. Já no panorama regional, ainda dentro dessa mesma perspectiva, ele

se destaca com a segunda maior proporção, ficando logo após o Espírito Santo com seus

13,9% desses religiosos, ver anexo 24.

Acreditamos que a expansão dessas igrejas evangélicas pentecostais está associada a sua

estrutura organizacional, que diferentemente das igrejas evangélicas tradicionais, e

principalmente da igreja católica, elas são menos rígida e não estão subordinadas a uma

hierarquia de poder central. Assim sendo, estrategicamente elas vão garantindo eficientemente

seu espaço religioso, preenchendo os vazios sociais entre a massa popular.

Uma igreja Evangélica para existir oficialmente pode ser facilmente aberta: basta seguir os

caminhos do processo de abertura de uma empresa, com razão social como instituição

filantrópica e usufruir dos incentivos fiscais oferecidos pelos governos. Entretanto, essa lógica

segmentar de expansão do universo evangélico não é uma realidade para todas as

denominações, conforme declara Mafra (2001), que, passeando pelas cidades, principalmente

pelas periferias e pelas favelas, se percebe a presença de mais e mais pequenas igrejinhas bem

como galpões e espaços de cinemas transformados em templos evangélicos sem nenhuma ou

quase nenhuma formalidade legal.

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42

Os aspectos demográficos e socioeconômicos

Doravante, estaremos trabalhando exclusivamente com toda a população evangélica

pentecostal, inclusive aqueles dois grupos excluídos (40 e 41) citados anteriormente. Para a

construção dos indicadores demográficos, econômicos e sociais, estaremos nos alinhando à

metodologia aplicada pela Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE.

Aspectos Demográficos

Para a construção desses aspectos estaremos utilizando basicamente quatro variáveis, a saber:

situação do setor, sexo, idade e cor/raça.

Situação do domicílio – Conforme já citado anteriormente, é do nosso conhecimento que o

município de São Gonçalo – RJ é considerado totalmente (100%) urbanizado, de acordo com

os microdados dos Censos Demográficos.

Sexo – Para o grupo dos católicos, existia um excedente de mulheres equivalente a 14.287 em

1991 e 17.342 em 2000 em relação aos homens que eram 217.824 em 1991 e 210.970 em

2000. Para o grupo dos evangélicos pentecostais, o excedente era de 14.602 mulheres em

1991 e 22.599 em 2000, contra 27.694 homens em 1991 e 58.356 homens em 2000. Embora

tenha sofrido uma leve queda de 1,4%, isso resultou numa melhor razão de sexo28 para os

católicos que se mantiveram acima dos 92%. Todavia, os evangélicos pentecostais apontam

uma recuperação, saltando de 65,5% em 1991 para 72,1% em 2000 (ver gráfico 6).

Gráfico 6Razões de sexo por religião

São Gonçalo 1991/200093,8

65,5

92,4

72,1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Católica Pentecostal Religião

(%) 19912000

Fonte: IBGE/DPE - Censo demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

28 Taxa entre o número de homens e o número de mulheres em uma população.

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43

De acordo com a distribuição relativa dessa população em 1991(ver anexo 10), o grupo dos

católicos que em média representava cerca de 57,7% do total da população, em 2000 sofre um

declínio acentuado, caindo para 49,3%. Entretanto, os evangélicos pentecostais que em 1991

representavam aproximadamente 9% da população total, em 2000 ela sobe para 15,6%, quase

o dobro.

Essa defasagem sofrida na participação relativa dos católicos fica ainda mais explicada

quando se observa o anexo 11 (taxas de crescimento relativo). O crescimento entre os

católicos é negativo para os dois sexos, porém registra-se o crescimento positivo entre os

evangélicos pentecostais. Ressalte-se que os homens são responsáveis pelas maiores taxas de

crescimento em ambos os grupos. Cresceu 3,1% (negativo) entre os católicos e 110,7% entre

os evangélicos pentecostais.

Mediante os valores apresentados no gráfico acima, pode ser explicado que existe uma maior

homogeneidade de sexo entre os católicos; contudo, o mesmo não acontece entre os

evangélicos pentecostais, pois, apesar de o crescimento relativo ser maior entre os homens, a

predominância é feminina. Portanto, uma religião de mulheres.

Idade – Para esse item, agregamos as idades em seis grupos. O primeiro grupo 0 a 6 anos de

idade (primeira infância – crianças em creches e jardins de infância e cursos de

alfabetização); 7 a 14 anos de idade (crianças no ensino fundamental); 15 a 17 anos de idade

(adolescentes no ensino médio); 18 a 24 anos de idade (jovens no ensino superior); 25 a 59

anos de idade é o quinto grupo, que é composto pelos adultos; 60 anos e mais de idade é o

sexto e último grupo, composto pelos idosos.

Os gráficos 7 e 8, respectivamente, comparam a proporção da população masculina e da

população feminina por religião, segundo os grupos de idade. Podemos registrar que os

católicos sofreram incremento proporcional apenas no grupo (dos idosos) de 60 anos e mais

de idade. Contudo, em contrapartida, registramos o acentuado crescimento dos evangélicos

pentecostais em todos os grupos de idade.

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Gráfico 7 Distribuição relativa da população masculina, por religião,

segundo os grupos de idade - São Gonçalo - 1991/2000

6,6

9,7

3,3

7,2

26,7

6,44,6

1,0 1,52,9

0,5

2,1 2,4 1,7

6,0

1,03,9

6,2

2,5

5,3

24,1

0,4 1,00,8

0 a 6 7 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 59 60 e maisgrupos de idade

(%)

H_Cat 1991H_Cat 2000H_Pent 1991H_Pent 2000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Gráfico 8Distribuição relativa da população feminina, por religião,

segundo os grupos de idade - São Gonçalo - 1991/2000

6,2

8,8

3,3

7,5

27,2

5,75,1

1,8 2,40,8

2,0

9,2

2,0

5,04,85,9

2,5

6,2

24,4

1,01,6

0,51,11,2

0 a 6 7 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 59 60 e mais

grupos de idade

(%) M_Cat 1991M_Cat 2000M_Cat 1991M_Cat 2000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991/2000, dados da amostra.

Quando analisamos o crescimento relativo dos católicos por grupos de idade e sexo no

conjunto da população de São Gonçalo, percebemos que a intensidade das mudanças tornam

ainda mais clara visualizando a tabela 5. Percebe-se que a redução do efetivo dos católicos

apostólicos romanos é mais pronunciada para o grupo etário das crianças de 7 a 14 anos de

idade de ambos os sexos, onde houve as maiores evasões com crescimento negativo. O maior

crescimento positivo aconteceu com os idosos (60 anos e mais) de ambos os sexos.

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Grupos deIdade Católico Evangélico Católica Evangélica

Total -3,1 117,9 -1,6 97,90 a 6 anos -9,2 143,5 -10,3 105,47 a 14 anos -27,4 83,4 -22,9 70,515 a 17 anos -13,0 108,0 -15,1 80,318 a 24 anos 1,0 104,9 -4,5 89,825 a 59 anos 2,0 133,1 3,2 107,760 anos e mais 32,7 116,1 33,5 102,5Fonte: IBGE/DPE, Censos Demográficos de 1991 e 2000, dados da amostra.

Homem (%) Mulher (%)grupos de idade - São Gonçalo - 1991/2000

Tabela 5Taxa de crescimento relativo por sexo e religião, segundo os

O declínio da penetração católica em São Gonçalo fica evidenciado pelo saldo atitudinal29

líquido em todas as faixas etárias. “O fluxo atitudinal de católicos para outros grupos ganhou

proporções de uma verdadeira mudança social, na medida em que está modificando a

composição religiosa da sociedade brasileira.” (Docol, 1999:129).

Apesar de o grupo de 60 anos e mais de idade ser o responsável pelo maior crescimento

relativo entre os católicos de ambos os sexos, o grupo de 25 a 59 anos de idade é o de maior

contingente e onde se encontram as idades medianas30 de 26 e 27 anos respectivamente para

homem e mulher em 1991, elevando-se para 29 e 31 anos para homem e mulher

respectivamente em 2000. Da mesma forma, as idades da moda31 acompanharam o

crescimento, saltando dos 11 anos ambos os sexos em 1991 para 20 anos em 2000 também

para ambos os sexos.

Já no grupo dos evangélicos pentecostais os que mais cresceram significativamente foram os

grupos de 0 a 6 anos e 25 a 59 anos. Vale ressaltar que são os adultos quem respondem ao

questionário do censo demográfico e informam a religião das crianças. Assim sendo, justifica-

se a elevada taxa de crescimento desse grupo, pois, desejando que as crianças também

assumam suas identidades religiosas, os filhos de pais evangélicos pentecostais também são

29 Usado por René D. Docol, que explica: “...porque há um fluxo atitudinal levando católicos a migrar para outros grupos. O resultado desta migração atitudinal é o crescimento acentuado de evangélicos e dos sem-religião.” (Docol, 1999:125). 30 Valor mediano ou segundo quartil é aquele que está exatamente no meio de uma distribuição dividindo-a (em 50% abaixo de si e os 50% restantes acima de si.) em duas partes iguais. 31 Valor da moda é aquele mais freqüente (numa distribuição) em um conjunto de dados.

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declarados como sendo dessa mesma religião. Portanto, esta, sob meu olhar, é uma

informação tendenciosa.

Além desses fatores demográficos, também somos levados a acreditar na introdução de algum

tipo de viés que sobrenumere a população infantil: está associado a um provável aumento da

taxa de fecundidade entre as mulheres evangélicas pentecostais.

Haja vista que a idade da moda era de 10 e 11 anos homem e mulher respectivamente em

1991, caindo para 5 e 7 anos respectivamente homem e mulher em 2000, ficando assim

claramente demonstrada a influência dos pais sobre a religião das crianças, uma vez que as

idades medianas eram de 23 e 29 anos de idade em 1991, saltando para 24 e 31anos homem e

mulher respectivamente, em 2000.

Confirmando as expectativas de Docol, realmente houve um crescimento bastante

significativo entre os evangélicos pentecostais durante a década de 1990. Um dos fenômenos

que é atribuído a esse intenso fluxo atitudinal que tem roubado fiéis católicos é devido ao uso

crescente dos veículos de comunicação de massa (televisão, rádio, jornal, revistas e outros).

Podemos acrescentar a isso o projeto da Fazenda Canaã, desenvolvido pelo bispo Marcelo

Crivella, em Irecê – BA, e que quase a todo momento, principalmente em épocas de eleição,

está sendo divulgado na mídia.

Portanto, com base nas informações apresentadas, podemos explicar que a religião católica

apostólica romana é predominantemente de adultos (25 a 59 anos de idade). Da mesma forma

acontece também com os evangélicos pentecostais, onde predomina a faixa etária de adultos.

Raça ou cor – Neste item a pessoa entrevistada é quem faz a sua declaração com base nas

seguintes opções: branca; preta; amarela (pessoas de origem asiática); parda (mulatas,

caboclas, cafuzas, mamelucas ou mestiça de preto com pessoa de outra cor ou raça); ou

indígena (pessoa indígena ou índia).

Foram excluídas as pessoas de cor/raça ignorada. As amarelas e indígenas, devido a seus

valores serem muito pequenos ou sem nenhum valor (zero), como foi o caso dos amarelos em

1991, também deixaram de ser incluídas por não oferecem representatividade estatística,

porém estão somadas no total. Todavia, com o propósito de atender a demanda de nosso

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trabalho, criamos dois grupos: brancos e negros (somatório das pessoas pretas com as pardas)

devido a sua melhor representatividade.

O esvaziamento da religião católica como conseqüência da migração atitudinal para a religião

evangélica pentecostal pode ser apreciado através do gráfico 9 (distribuição relativa), onde

observamos que essa mudança acontece para ambos os sexos e também para as duas raças.

Esse fato, também pode ser apontado através do anexo 13 (Taxa de crescimento relativo),

onde mostra que os negros, tanto os homens quanto as mulheres, foram os que mais evadiram

da religião católica. Em contrapartida, os brancos de ambos os sexos foram os que mais

justificaram o incremento dos evangélicos pentecostais.

Gráfico 9Distribuição da população por sexo e religião, em percentual, segundo a

cor/raça - São Gonçalo - 1991/2000

28,4

3,1

31,7

4,1

27,9

5,95,9

8,57,8

23,2

10,4

4,9

27,5

24,7

27,8

22,5

0

5

10

15

20

25

30

35

HomemCatólico

HomemEvangélico

M ulherCatólica

M ulherEvangélica

sexo e religião

(% )

Branca - 91Negra - 91Branca - 00Negra - 00

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991 e 2000, dados da amostra.

De acordo com o gráfico, podemos explicar que a religião católica apostólica romana tem

maior predominância de pessoas brancas, enquanto que as pessoas negras são as que

predominam na religião evangélica pentecostal.

Aspectos sociais

Para a construção desse aspecto, resolvemos considerar somente três indicadores a saber:

nupcialidade, educação e família.

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Nupcialidade – Para a construção desse indicador criamos três categorias (Casados,

Descasados e Solteiros), tomando-se como referência o total da população por grupo de sexo

somente para as pessoas com idade acima de nove anos.

Casados – Foram considerados todos aqueles que responderam ao questionário: se vivem

juntos em companhia de cônjuge, não importando a forma de natureza da união, se casados no

civil e religioso; ou casados só no civil; ou casados só no religioso; ou se a união é

consensual. Não foi considerado o estado civil de cada um.

Descasados - É compreendido por aqueles que responderam ao questionário que não vivem

juntos em companhia de cônjuge mas já viveram. Para isso não importava o estado civil: se

apenas separados; ou se separados consensualmente; ou se separados judicialmente; ou se

desquitados; se divorciados; se viúvos ou solteiros.

Solteiros – Para essa categoria foram considerados todos aqueles que responderam ao

questionário nunca ter vivido em companhia de cônjuge.

O esvaziamento dos católicos pode ser registrado mais uma vez através do quadro de

nupcialidade, que acontece entre casados e solteiros tanto para os homens quanto para as

mulheres. Também podemos registrar o inverso acontecendo entre os pentecostais casados e

solteiros, para ambos os sexos (ver anexos 14 e 15) absorvendo essa migração. Entretanto,

para o grupo dos descasados o crescimento acontece para ambos os grupos em ambos os

sexos.

Esses resultados são mais bem identificados através dos gráficos 10 e 11, que mostram as

taxas de crescimento relativo desses grupos ao longo do período. Para o grupo dos casados, as

mulheres católicas são responsáveis pela maior taxa de crescimento (-1,7%); já entre os

evangélicos pentecostais os homens são responsáveis pelo maior fluxo (120,5%). No grupo

dos solteiros, tanto os homens quanto as mulheres católicas tiveram o mesmo ritmo de

crescimento (-12,8%); entre os evangélicos pentecostais, a exemplo dos casados, os homens

também foram responsáveis pelo maior fluxo.

Entretanto, o que causa maior impacto é o grupo dos descasados. Apesar de as mulheres

apresentarem taxas elevadas, os homens católicos com 77,0% apontam sua maior taxa dentre

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49

os três grupos de nupcialidade e foram superados pelos homens evangélicos pentecostais com

quase quatro vezes mais: chegou à taxa de 293,6%. Seria a religião evangélica pentecostal um

refúgio para a desilusão amorosa?

Gráfico 10 Taxa de crescimento relativo da população masculina de

10 anos ou mais de idade por religião e estado civilSão Gonçalo 1991/2000

1,1

77,0

120,5

293,6

98,8

-12,9Casados Descasados Solteiros estado civil

(%)

CatólicosPentecostais

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Gráfico 11Taxa de crescimento relativo da população feminina de

10 anos ou mais de idade por religião e estado civilSão Gonçalo - 1991/2000

39,6

97,9

41,9

-12,8-1,7

190,8

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

Casadas Descasadas

estado civil

(%)

CatólicasPentecostais

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Solteiras

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50

Educação – Este tema foi dividido em duas categorias (taxa de analfabetismo32 e anos de

estudo), construídas a partir do total da população por cada sexo.

Taxa de analfabetismo33 – Este será nosso primeiro indicador a ser analisado por se tratar de

indicador de fundamental importância para o conhecimento da situação educacional da

população jovem e adulta, composta por pessoas de 15 anos ou mais de idade.

Entre os católicos apostólicos romanos houve uma mudança bastante significativa. De acordo

com a distribuição relativa da população analfabeta, os homens que em 1991 representavam

3,6% desceram para 1,9% em 2000. Entretanto, os valores mais significativos são apontados

entre as mulheres que de 5,2% em 91 desceram para 0,6% em 2000 (gráfico 12).

Entre os evangélicos pentecostais a situação se inverte: as mulheres se mantiveram inalteradas

no seu 1,6%. Já entre os homens o crescimento foi bastante expressivo, quando saltaram de

0,6% em 1991 para 3,2% em 2000 (gráfico 12). Conforme já vimos acompanhando,

acreditamos que tal fato deve-se à migração atitudinal (mudança de católico para evangélico

pentecostal).

Gráfico 12Distribuição relativa das pessoas analfabetas de 15 anos ou mais de idade

por religião, segundo o sexo - São Gonçalo - 1991/2000

4,5

1,5

3,6

1,9

5,2

0,6

1,1

2,8

0,6

3,2

1,6 1,6

5,6

4,3 4,2

6,0

6,9

2,6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Total 1991 Total 2000 Homem 1991 Homem 2000 Mulher 1991 Mulher 2000

sexo e ano

(%)

CatólicoPentecostalTotal

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra

32Considera-se analfabeta a pessoa que declara não saber ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhece, também aquela que aprendeu a ler e escrever, mas esqueceu e aquela que apenas assina o próprio nome. 33Esta taxa resulta do número de pessoas analfabetas de um determinado grupo etário em relação ao total de pessoas desse mesmo grupo.

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51

Para efeito de comparação com o Censo Demográfico de 2000, essas mudanças podem ser

mais bem avaliadas através das taxas de crescimento relativo (anexo 16), onde são

identificados os pontos negativos e os positivos. Começaria enumerando os pontos positivos:

os católicos de ambos os sexos estão com os melhores resultados, suas taxas foram negativas,

isso significa dizer que em média houve uma queda de 67,5% no total de analfabetos dessa

religião. No todo, as mulheres são responsáveis pela melhor taxa, cresceram negativamente

em 61,7%. No entanto, a melhor taxa está no total geral, onde houve crescimento negativo de

24,1%, ou seja, o analfabetismo não acompanhou o crescimento vegetativo da população.

Quanto aos aspectos negativos eu começaria pelo total geral, onde os homens em oposição às

mulheres são os responsáveis pelo incremento do número de analfabetos. No aspecto religião

os evangélicos pentecostais lideram o crescimento do número de analfabetos, que em média

foi de 145,3%, sendo a maior parte (507,2%) absorvida pelos homens contra 18,2% das

mulheres. Assim sendo, somos levados a concluir que o protestantismo pentecostal é uma

religião que está de portas abertas para os analfabetos?

Anos de Estudo - Para efeito de comparabilidade, a exemplo do censo de 1991, excluímos em

2000 as pessoas de 0 a 4 anos de idade. Foram agregadas ao total as pessoas com anos de

estudo não determinado/sem declaração, dos programas de alfabetização para adultos e

também os sem instrução.

Entende-se por anos de estudo como a classificação em função da série e do grau mais

elevado alcançado pela pessoa, sendo considerada a última série concluída com aprovação.

Cada série concluída com aprovação corresponde a um ano de estudo. Inicia-se a contagem de

anos de estudo em 1 ano, a partir da 1a série concluída com aprovação de curso de 1o grau ou

do elementar, e assim sucessivamente até chegar aos 12 anos de estudo, que é a partir da 1a

série concluída com aprovação do curso superior.

Para a construção dessa categoria, criamos cinco grupos: primeiro grupo – 1 a 7 anos de

estudo, composto por pessoas que cursam ensino fundamental; segundo grupo - 8 anos de

estudo, pessoas com ensino fundamental completo; terceiro grupo – 9 e 10 anos de estudo,

pessoas cursando o ensino médio; quarto grupo – 11 anos de estudo, pessoas com ensino

médio completo; e quinto e último grupo – 12 ou mais anos de estudo, pessoas com curso

superior completo ou incompleto, com mestrado e/ou doutorado.

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52

No que concerne aos católicos apostólicos romanos, podemos registrar que os dois primeiros

grupos (1 a 7 e 8 anos de estudo) de ambos os sexos foram os únicos que sofreram defasagem.

Porém, a partir do terceiro até o último grupo (ambos os sexos) foram apresentados sinais de

recuperação. Gráficos 13 e 14.

Gráfico 13Proporção dos homens de 5 anos ou mais de idade

por anos de estudo, segundo a religiãoSão Gonçalo 1991/2000

31,3

6,5

3,1

23,3

9,1

2,90,7

7,2

1,5 1,0 1,70,3

7,2

2,33,8

6,13,9

0,20,60,4

1 a 7 anos 8 anos 9 e 10 anos 11 anos 12 e maisanos de estudo

(%)

HCat91HCat2000HPent91HPent2000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Gráfico 14Proporção das mulhe re s de 5 anos ou m ais de idade

por an os de e stu do, se gundo a re l igiãoSão Gonçalo - 1991/2000

3 1 ,7

2 ,9

0 ,9 0 ,4 0 ,8 0 ,11 ,3

2 ,3

0 ,52 ,2

7 ,25 ,9

3 ,2

9 ,3

2 3 ,2

3 ,8

5 ,66 ,3

2 ,0

9 ,6

1 a 7 anos 8 anos 9 e 10 anos 11 anos 12 e mais

anos de e studo

(%)

MCat91MCat2000MPent91MPent2000

F o nte : IB GE/DP E - C e ns o De m o grá fic o de 1991 e 2000, da do s da a m o s tra

Entre os evangélicos pentecostais, a situação acontece inversamente aos católicos. Em todos

os grupos são apontados sinais de crescimento para ambos os sexos, que são mais bem

apreciados se vistos também, através dos gráficos acima.

Entretanto, todas essas informações podem ser mais bem comparadas através da tabela 6 –

taxas de crescimento relativo - onde são apontadas para os homens de ambas as religiões as

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53

menores taxas com crescimento negativo de 15% no grupo de 1 a 7 anos de estudo. Contudo,

ressalte-se que os homens evangélicos pentecostais nos demais grupos comparativamente aos

homens católicos se destacaram com os melhores índices.

Quanto às mulheres, podemos apontar como sendo o melhor desempenho comparativo aos

sexos. No grupo feminino, os recordes vão para as evangélicas pentecostais; a menor taxa

(77,8%) está com o grupo de 1 a 7 anos, que foi superado pela taxa de 108,5% das católicas; a

maior taxa de 256,2% contra 138,2% das católicas foi para o grupo de 12 anos e mais.

Sexo e Religião 1 a 7 anos 8 anos 9 e 10 anos 11 anos 12 e mais

Homem católico -15,3 6,7 38,3 42,9 41,3Homem evangélico -15,1 9,2 39,8 50,5 54,7Mulher católica 108,5 131,5 198,0 218,1 138,2Mulher evangélica 77,8 151,4 251,2 232,0 256,2Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Tabela 6

Taxas de crescimento relativo (%)de estudo, segundo o sexo e a religião - São Gonçalo - 1991/2000

Taxa de crescimento relativo das pessoas de 5 anos ou mais de idade por anos

Ao contrário do analfabetismo, onde os homens em especial os evangélicos pentecostais são

quem lideram as taxas de crescimento, no índice de anos de estudo as mulheres com nível

superior são responsáveis pela maior taxa de crescimento.

Famílias - Para a construção desse grupo criamos duas categorias: família tradicional e

família unipessoal. A tradicional é aquela compostas por no mínimo duas pessoas, não

importando o arranjo familiar. Já a unipessoal é aquela cuja pessoa de referência (chefe) é a

única pessoa.

Tradicional - No grupo dos católicos, a proporção dos chefes de família homens mais uma

vez vem confirmar a tendência de esvaziamento dessa categoria, quando cai de 45,8% em

1991, para 36,1% em 2000. Em contrapartida as mulheres saltam de 13,3% para 15,2% em

1991 e 2000 respectivamente. Isso nos mostra, para esse período, um crescimento relativo de

(-)1,7% para os homens e 43,5% para as mulheres (gráfico 15 e anexo 17).

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54

Entre os evangélicos, o crescimento acontece no total e entre ambos os sexos. Ressalte-se que,

comparativamente aos homens, as mulheres se destacaram com o crescimento relativo para o

período com 166,2% contra 117,6% dos homens.

Gráfico 15Proporção de famílias com mais de uma pessoa,

por sexo e religião da pessoa de referênciaSão Gonçalo - 1991/2000

59,1

51,3

8,1

15,1

5,49,5

15,2

2,65,6

36,1

45,8

13,3

1991Católicos

2000Católicos

1991Evangélicos

2000Evangélicos

religião

(%)

TotalHomemMulher

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Unipessoais – Muito embora tenha havido crescimento de valores absolutos, os números

relativos distribuídos proporcionalmente mostram que houve declínio para o período em

questão, tanto para os sexos quanto para o total, bem como para os católicos apostólicos

romanos e os evangélicos pentecostais. Entretanto, se na família tradicional as chefes

mulheres evangélicas pentecostais foram as que mais cresceram, aqui as mulheres católicas

são as que tiveram a maior taxa (60,1%) de crescimento relativo. Os homens ficaram com a

média de 34,0% de crescimento relativo (gráfico 16 e anexo 18).

Gráfico 16Proporção das unidades familiares unipessoais

por sexo e religião da pessoa de referênciaSão Gonçalo - 1991/2000

58,051,8

7,5 5,6

25,4

20,3

1,9 1,5

32,6 31,4

5,7 4,1

1991Católico

2000Católico

1991Evangélico

2000Evangélico

religião

(%)

Total

Homem

Mulher

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

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55

De acordo com o que nos mostram as taxas de crescimento relativo para esse período, as

mulheres chefes de famílias tradicionais foram as que mais cresceram. Isso nos leva a concluir

que, normalmente, como as mulheres são as responsáveis pela família e talvez por se sentirem

frágeis e mais vulneráveis, elas buscam um apoio na religião. Daí, possivelmente a explicação

desse aumento relativo de mulheres no pentecostalismo do que no catolicismo.

Aspectos econômicos

Para a construção desse aspecto, a partir da população de 10 anos e mais de idade, por serem

consideradas pessoas em idade ativa, foram selecionadas algumas variáveis que nos

permitiram gerar alguns indicadores.

Taxa de crescimento da população economicamente ativa – PEA34 (que representa a oferta

de mão-de-obra na economia) – Para esse indicador, com exceção dos homens católicos que

tiveram crescimento negativo de 0,2%, todas as outras situações apontam crescimento

positivo, com destaque para os evangélicos pentecostais que registraram as maiores taxas:

acima de 100% no total e ambos os sexos (tabela 7). Mais uma vez, somos levados a acreditar

que tais fatores são em decorrência do fluxo atitudinal.

Total Homem MulherTotal 30,3 16,1 56,3Católicos 11,4 -0,2 32,5Evangélicos 150,4 132,1 172,2Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Taxa de crescimento (%)Religião

Tabela 7Taxa de crescimento relativo das pessoas

economicamente ativas, por sexo, segundo areligião - São Gonçalo - 1991/2000

Taxa de atividade35 – Este indicador mede percentualmente a população de 10 anos e mais de

idade que participa efetivamente do mercado de trabalho, seja ela na condição de pessoas

ocupadas36 ou pessoas desocupadas37. 34 Somatório das pessoas ocupadas mais as pessoas desocupadas na semana de referência do Censo. 35 Percentagem das pessoas economicamente ativas em relação àquelas em idade ativa. 36 Aquelas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não trabalharam por motivo de férias, licença, greve, falta etc. 37 Aquelas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva consultando pessoas, jornais etc.

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56

A taxa de atividade por sexo registrou comportamento diferenciado. Enquanto os homens

evangélicos pentecostais registraram crescimento positivo, o dobro em 2000, mais uma vez

foi confirmada a queda da oferta da taxa masculina entre os católicos, que caiu de 19,3% em

1991 para 16,4% em 2000. A exemplo dos homens evangélicos, a tendência de crescimento

entre as mulheres se confirma para as duas religiões (gráfico 17).

Gráfico 17Taxa de atividade por sexo e religião

São Gonçalo - 1991/2000

19,3

2,1

10,6

1,8

16,4

4,2

12,0

4,1

0

5

10

15

20

25

HomemCatólico

HomemPentecost.

MulherCatólica

MulherPentecost.

sexo e religião

(%)

19912000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

taxa de desemprego38 - Este indicador visa medir a conjuntura econômica; eleva-se em época

de recessão e cai quando a economia se recupera. Nos Censos de 1991 e 2000, faziam parte

dessa situação as pessoas que respondiam ao questionário, conforme anexo 3.

Para o período em questão, em 1991 no grupo dos católicos as mulheres apontaram um

melhor desempenho: 1,8% contra 2,2% dos homens. Entretanto, em 2000, ainda no grupo dos

católicos, esses valores se elevam bastante para ambos os sexos, sendo que as mulheres

superaram os homens (gráfico 18).

Com relação aos evangélicos pentecostais a situação supostamente é menos pior. Em 1991 a

taxa fica inalterada em 0,3% para ambos os sexos. Já em 2000 a tendência de crescimento

também acontece nesse grupo, sendo que em menores proporções. As mulheres foram

responsáveis pelo maior crescimento (gráfico18).

38 Ou taxa de desocupação - é a porcentagem das pessoas desocupadas em relação à PEA.

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57

Podemos melhor sustentar essa tendência através dos valores que se encontram no anexo 19

(Taxa de Crescimento Relativo). Assim sendo, poderíamos classificar o ano de 2000,

comparado ao de 1991, como sendo um ano ruim para a política de trabalho, pois foi

experimentada uma evolução crescente para a taxa de desemprego em São Gonçalo,

significando com isso uma menor demanda por trabalhadores no mercado de trabalho.

Gráfico 18Taxa de desemprego das pessoas de 10 anos e mais de idade,

por sexo e religião - São Gonçalo - 1991/2000

3,9

9,0

0,5

3,0

2,2

4,2

0,3

1,21,8

4,8

0,3

1,8

1991Católico

2000Católico

1991Evang.

2000Evang.

religião

(%)

TotalHomemMulher

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico 1991 e 2000, dados da amostra.

Taxa de ocupação39 - A população católica, apesar de ser a maior representatividade, mais

uma vez mostra que está sofrendo uma ruptura decrescendo em nível de total e de sexo.

Entretanto, os evangélicos pentecostais mostram que essa situação entre eles está acontecendo

em sentido inverso. Ver gráfico 19.

Gráfico 19Taxa de ocupação das pessoas de 10 anos e mais de idade

por sexo e religião - São Gonçalo - 1991/2000

54,9

35,8

19,2

41,3

24,8

16,5

7,13,9 3,2

11,7

6,2 5,5

Total Homem Mulher sexo

(%)

Católico 1991Católico 2000Evang. 1991Evang. 2000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

39 É a porcentagem das pessoas ocupadas em relação à PEA.

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58

Essas mudanças ficam ainda mais visíveis quando observadas sob outro olhar: taxa de

crescimento relativo. Dentre os homens, os católicos, mais uma vez, mostraram o pior

desempenho: (-)9,6% contra 107,6% dos evangélicos. Dentre as mulheres, as evangélicas

pentecostais foram as que mais se destacaram: 122,9% contra os 12,1% das católicas. Ver

anexo 20.

PercentualTotal Homem Mulher

Total 13,7 4,7 30,8Católicos -2,0 -9,6 12,1Evangélicos 114,5 107,6 122,9Fonte: IBGE/DPE, Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Religião

Tabela 8Taxa de crescimento relativo das pessoas ocupadas

de 10 anos e mais de idade, por sexo, segundo a religiãoSão Gonçalo - 1991/2000

Rendimento total – Para a construção desse indicador foi considerada a renda total mensal do

trabalho principal, em salário mínimo - SM40 (vigente na época41 da pesquisa) de todas as

pessoas ocupadas de 10 anos ou mais de idade, divididas em cinco classes de rendimento:

primeira - até 1 SM; segunda – mais de 1 a 2 SM; terceira – mais de 2 a 5 SM; quarta – mais

de 5 a 10 SM; e quinta – mais de 10 SM. Para o cálculo em 1991 foram excluídas as pessoas

sem renda e sem declaração de renda. Em 2000 não existiam pessoas sem declaração de

renda, foram excluídas apenas aquelas sem renda.

Mais uma vez constatamos o comportamento diferenciado entre os católicos. Entre os homens

conseguimos identificar queda na proporção nas três primeiras classes. Nas duas primeiras

classes, as mais inferiores, o declínio foi bem mais acentuado do que na classe intermediária.

Entre as mulheres, a situação de queda (bastante acentuada) na proporção se constata apenas

na primeira classe, ou seja, a classe mais inferior (de menor renda). Ver gráfico 20.

40 Em 1991, foi considerado o salário nominal de Cr$ 36.161,60 (cruzeiros); em 2000, o salário considerado foi de Cz$ 151,00 (cruzados). 41 Cabe esclarecer que em 1991 o período de referência era de 12 meses (1 ano) contado de 01/09/1990 a 31/08/1991; em 2000 o período de referência era de 7 dias (uma semana) contada de 23 a 29/07/2000.

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Entre os evangélicos pentecostais, a situação, comparada à dos católicos, ocorre de maneira

totalmente oposta tanto para os homens quanto para as mulheres: não houve entre eles

nenhuma classe com declínio. Entre os homens, conseguimos registrar as maiores proporções

nas três classes intermediárias, ou seja, da segunda até a quarta classe. Entre as mulheres, os

maiores crescimentos ocorrem da segunda até a última classe. Ver gráfico 21.

Gráfico 20Proporção das pessoas católicas apostólicas romanas, ocupadas,

de 10 anos e mais de idade, por sexo e religião, segundo aclasse de renda total mensal em salário mínimo

São Gonçalo - 1991/2000

11,7

16,8

21,4

6,8

2,0

4,8

12,5

20,3

10,0

3,1

24,2

18,6

13,0

2,80,7

11,4

19,0

15,1

4,4

1,0

Até 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 5 Mais de 5 a 10 Mais de 10classe de

renda

(% )

Homem 1991Homem 2000Mulher 1991Mulher 2000

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Gráfico 21Proporção das pe ssoas e van gé l i cas pe n te costai s , ocu padas, de 10 an os e m ais de idade , por se xo e re l igião, se gu n do a classe de re n da total

m e n sal e m salário m ín im o - S ão Gon çalo - 1991/2000

1 ,61 ,9

2 ,3

0 ,50 ,1

1 ,7

3 ,8

4 ,8

1 ,9

0 ,5

5 ,1

3 ,0

1 ,5

0 ,3 0 ,0

5 ,3

6 ,7

3 ,7

0 ,9

0 ,2

Até 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 5 Mais de 5 a 10 Mais de 10

classe de re n da

(%)

Homem 1991

Homem 2000

Mulher 1991

Mulher 2000

Fonte: IBGE/DP E - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amost ra.

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Entretanto, a confirmação dessas taxas de proporção pode ser mais bem explicada se forem

vistas através das taxas de crescimento relativo na tabela 9.

Classesde

Rendimento Total Homens Mulheres Total Homens MulheresTotal -1,5 -9,0 12,6 114,5 107,2 123,6

Até 1 SM -47,3 -57,1 -38,4 26,5 9,3 36,7Mais de 1 a 2 SM -1,0 -21,4 34,0 150,2 112,6 194,6Mais de 2 a 5 SM 12,4 -0,2 51,7 148,1 120,4 231,7Mais de 5 a 10 SM 64,6 54,8 110,5 303,0 289,5 354,8Mais de 10 SM 68,7 63,9 96,6 302,4 263,6 680,5Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1991 e 2000, dados da amostra.

Católicos Apostólicos Romanos Evangélicos PentecostaisTaxas de Crescimento Relativo (%)

Tabela 9Taxa de crescimento relativo, das pessoas ocupadas com 10 anos ou mais de idade, por

religião e sexo, segundo as classes de renda total mensal per capitaSão Gonçalo - 1991/2000

Mediante os valores encontrados nos indicadores, podemos fazer algumas avaliações acerca

dessas religiões. Na religião católica, o homem da raça negra, solteiro, na faixa etária de 7 a

14 anos de idade, e com 1 a 7 anos de estudo, foi o responsável pelo maior esvaziamento.

As mulheres católicas, que em 1991 já faziam parte da maioria absoluta e relativa, em 2000,

apesar também de ter sofrido queda de 29,8% para 25,6%, comparado ao total geral da

população do município, continua sendo a maioria. Essa mulher tem o seguinte perfil: faixa

etária de 25 a 59 anos de idade, mais precisamente 31 anos de idade mediana, é da cor branca,

é casada, tem de 1 a 7 anos de estudo, é ocupada e ganha de mais de 1 a 2 salários mínimos.

Entre os evangélicos pentecostais, a situação ocorre da seguinte maneira: os homens da

cor/raça branca (a população da cor/raça negra é a maioria, mais de 50% para ambos os

sexos), grupo de idade de 0 a 6 anos, foram os responsáveis pelo incremento populacional

dessa religião; entretanto, as mulheres são a maioria, o que nos permite traçar o seu perfil.

Essa mulher evangélica pentecostal é da cor/raça negra, está na faixa etária de 25 a 59 anos de

Idade (31 anos de idade mediana), é casada, com até 7 anos de estudo, é chefe de família, é

ocupada e tem rendimento mensal total de até 2 salários mínimos.

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Todas estas informações acima descritas podem ser mais bem examinadas através do anexo

20 e dos quadros 1 e 2.

Quadro 1

Perfil socioeconômico do católico apostólico romano,valores em percentual - São Gonçalo - 2000

100,0

25,6

4,8

5,9

2,5

6,2

24,4

5,7

27,8

23,2

24,4

10,8

15,3

0,7

23,2

5,6

3,8

9,3

2,9

15,2

31,4

12,0

4,8

16,5

11,4

19,0

15,1

4,4

1,03,1

10,0

20,3

12,5

4,8

24,8

4,2

16,4

20,3

36,1

2,9

9,1

3,8

6,1

23,3

2,3

18,2

4,5

27,7

22,5

24,7

4,6

24,1

6,4

2,5

6,2

5,3

23,7

100,0Sit. Urbano

Sexo

0 a 6 ano s de idade

7 a 14 ano s de idade

15 a 17 ano s de idade

18 a 24 ano s de idade

25 a 59 ano s de idade

60 e mais ano s de idade

R aça Branca

R aça Negra

Cas ado s

Des cas ado s

So lte iro s

Taxa de Analfabetis mo

1 a 7 ano s de es tudo

8 ano s de e s tudo

9 e 10 ano s de e s tudo

11 ano s de e s tudo

12 ano s o u ma is de e s tudo

Chefe de Família Tradic io na l

Che fe de Família Unipes s o al

Taxa de Atividade

Taxa de Des emprego

Taxa de Ocupação

Até 1 SM

Mais de 1 a 2 SM

Mais de 2 a 5 SM

Ma is de 5 a 10 SM

Ma is de 10 SM

indi

cado

res

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico 2000, dados da amostra

HOMEM MULHER

A população católica, que era de 57,7% em 1991, caiu para 49,3% em 2000. Esse reflexo

repercutiu para ambos os sexos. Os homens cujo percentual era de 27,9% em 1991 diminuiu

para 23,7% em 2000. Já as mulheres com 29,8% em 1991 apresentaram também em queda

para 25,6% em 2000. Um detalhe interessante é que a diferença de 4,2 pontos percentuais

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acontece entre ambos os sexos; todavia, assim como acontecia em 1991, notem que as

mulheres continuam sendo a maioria em 2000.

Quadro 2

Perfil socioeconômico dos evangélicos pentecostaisSão Gonçalo - 2000

100,0

9,1

1,8

2,4

2,0

9,2

2,0

8,5

10,4

9,6

4,7

3,9

1,9

9,6

2,0

1,3

2,3

5,6

4,1

4,1

1,8

5,5

5,3

6,7

3,7

0,91,9

4,8

3,8

1,7

6,2

1,2

4,2

1,5

9,5

1,7

1,0

1,5

7,2

3,8

5,2

0,9

7,2

7,8

5,9

1,0

6,0

1,7

2,4

2,1

6,5

100,0

0,2

0,5

0,8

Sit. Urbano

Sexo

0 a 6 anos de idade

7 a 14 anos de idade

15 a 17 anos de idade 0,8

18 a 24 anos de idade

25 a 59 anos de idade

60 e mais anos de idade

Raça Branca

Raça Negra

Casados

Descasados

Solteiros

Taxa de Analfabetismo

1 a 7 anos de estudo

8 anos de es tudo

9 e 10 anos de estudo

11 anos de estudo

12 ou mais anos de es tudo 0,3

Chefe de Família Tradicional

Chefe de Família Unipessoal

Taxa de Atividade

Taxa de Desemprego

Taxa de Ocupação

Até 1 SM

Mais de 1 a 2 SM

Mais de 2 a 5 SM

Mais de 5 a 10 SM

Mais de 10 SM 0,5

Indi

cado

r

Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 2000, dados da amostra.

HOMEM MULHER

Observando os quadros, podemos declarar que a supremacia feminina é realmente

incontestável; entretanto, tomando-se como referência os indicadores apresentados, diferenças

significativas podem ser apontadas em se comparando essas mulheres católicas com as

evangélicas.

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Quanto aos aspectos demográficos, as mulheres são a maioria e no mesmo grupo de faixa

etária (25 a 59 anos de idade) e com a mesma idade mediana de 31 anos. A partir desse ponto

as diferenças já começam a ser visíveis; na questão da cor/raça entre as católicas predomina a

branca e entre as evangélicas a predominância é negra.

Do ponto de vista social, tanto as católicas quanto as evangélicas em sua grande maioria

fazem parte do grupo das casadas. O segundo maior grupo entre as evangélicas é o das

descasadas e entre as católicas é o das solteiras. Na questão educação, a taxa de analfabetismo

de 0,7% entre as católicas é bem inferior que a taxa de 1,9% entre as evangélicas, uma

diferença de 1,2%. Já no quesito anos de estudo, o grupo de 1 a 7 anos é comum para ambas

onde são a maioria. Um detalhe interessante é que o segundo maior grupo entre as mulheres é

o de 11 anos de estudo para ambas as religiões.

Uma coisa que me chamou a atenção foi para os anos de estudo entre os católicos. A

distribuição acontece dentro da normalidade (simétrica) entre homens e mulheres. Já entre os

evangélicos essa distribuição é assimétrica positiva para as mulheres, que detêm as melhores

taxas.

Ainda dentro do ponto de vista social, podemos evidenciar que a mulher católica em sua

grande maioria é chefe de família unipessoal, enquanto que as evangélicas são na sua maioria

chefes de família tradicional. As definições de unipessoal e tradicional já foram citadas

anteriormente.

No contexto dos aspectos econômicos, os indicadores apresentados expressam evidências que

essas mulheres, de ambas as religiões, são na sua grande maioria ocupadas, ou seja, fazem

parte de algum setor de atividade econômica. Quanto ao nível de rendimento, ambas estão na

condição de igualdade com a maioria no grupo de 1 a 2 salários mínimos, sendo que as

católicas tendem para um segundo grupo de 2 a 5 SM, enquanto que as evangélicas tendem

para o grupo de até 1 SM.

No geral, com todas essas evidências expostas acima, somos levados a ratificar o que dizem

as literaturas acerca do assunto e confirmar nossas hipóteses. O cristianismo evangélico

pentecostal é fundamentalmente uma religião de pessoas com baixo nível de instrução e de

baixo rendimento.

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Acrescentando à nossa conclusão, acreditamos que a mulher (a maioria), por ser responsável

pela estrutura da família e talvez por se sentir mais frágil e/ou mais vulnerável, procura a

religião, conforme Mariano, como um pronto-socorro espiritual, para apoio social e moral,

para a cura de problemas afetivos e/ou familiar e/ou de crise existencial, para que se sintam

respeitadas e protegidas. Daí, possivelmente se explica esse incremento absoluto/relativo

dessas mulheres dentro do protestantismo pentecostal.

Um outro fator que também nos faz acreditar é a questão da compostura. Normalmente, os

religiosos evangélicos, preocupados com a transparência do respeito, da seriedade e da

moralidade perante a sociedade, procuram construir sua imagem pessoal com frases do tipo

“eu sou cristão” ou “eu sou evangélico”, dentre tantas outras.

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7

"A primeira tentativa para estabelecer uma colônia protestante no Brasil foi feita em 1555. Numa curiosa mistura de motivos induziu a aventura: o chefe, o vice-Almirante Nicoloau Durand de Villegaignon, estava à busca de fortuna e fama no Novo Mundo; a França em busca de terras e João Calvino e os huguenotes5 procurando responder a um desafio missionário." (Hahn, 1989:60).

Nos relatos de Hahn, a segunda e última tentativa de se estabelecer uma colônia protestante

aqui no Brasil aconteceu por parte dos holandeses, durante o Domínio Espanhol (de 1580 a

1640), quando a Holanda encontrava-se em guerra com a Espanha. Como Portugal e suas

colônias estavam sob o domínio Ibérico, a Holanda começou a invadir o Brasil em 1624. Os

capelães da Igreja Reformada Holandesa vieram juntamente com pastores, colonos,

marinheiros e soldados.

"Durante o período de ocupação, os holandeses trouxeram cerca de quarenta pastores, oito missionários para trabalhar entre os índios e um grande número de obreiros leigos cujo trabalho era visitar e consolar os enfermos. Estavam todos sob a supervisão direta da Igreja Reformada na Holanda. ..." (Idem: 62).

Ele ainda esclarece que o fracasso dessa segunda tentativa de estabelecer uma colônia

protestante aqui no Brasil deve-se ao fato de a Holanda estar envolvida com turbulências que

aconteciam na Europa àquela época, e não devido ao mau êxito da Igreja. Dessa forma, a

penetração protestante no Brasil só começa a acontecer de fato a partir do ano de 1808, com a

vinda da família Real de Portugal, como mostraremos adiante.

O Protestantismo no Brasil Império

Com a transferência do trono real português para o Rio de Janeiro, ocorrida no ano de 1808,

fugindo da Europa em virtude do bloqueio continental decretado pelo então Imperador

francês, o general Napoleão Bonaparte, os portugueses vieram em seus navios sob a proteção

da esquadra britânica. Com essa afluência dos ingleses que continuavam aqui no país com a

finalidade de proteger a família real, aconteceu também a implantação do culto protestante

anglicano, que veio a ser oficializado dois anos depois.

5 Designação depreciativa que católicos franceses deram aos protestantes, sobretudo os calvinistas, e que esses adotaram.

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8

Segundo as leis do Império Brasileiro àquela época, esses cultos poderiam acontecer desde

que não fossem professados publicamente em qualquer lugar ou em qualquer edificação que

tivesse externamente aparência de templo, nada deveria chamar a atenção dos católicos no

Brasil para que não ficasse caracterizado a prática de nenhuma outra religião que não a

religião católica. "Os imigrantes começaram a chegar décadas antes dos primeiros

missionários evangélicos, e foram estabelecendo seus padrões de fé e culto muito antes que a

atividade missionária fosse permitida no Brasil." (Idem: 69).

Na Constituição de 1824 e nas leis que nela se basearam, ficou definido então o status dos

povos acatólicos e passaram também a ser estabelecidos os limites das suas atividades até a

era da República. Desse momento em diante, o Brasil passa a ser definido como país católico,

o imperador passa a ser o protetor da fé; e assim sendo as religiões dos povos acatólicos

passam a ser toleradas, conforme descrição a seguir:

Artigo 5º - A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.

Artigo 103 e 106 - ... manter a religião católica apostólica romana ...

Artigo 179, inciso V – Ninguém pode ser perseguido por motivo de religião, uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a moral pública.

Vale ressaltar que os artigos 103 e 106 dispõem precipuamente sobre a obrigatoriedade que

cabia ao príncipe fazer juramento após completar 14 anos de idade e ao ser aclamado

Imperador, tudo isso perante o presidente do senado, reunidas as duas câmaras.

De acordo com a Constituição Brasileira de 1824, que governou o Brasil até o ano de 1889,

não poderiam acontecer reuniões públicas a título de culto protestante praticado pelos

imigrantes que aqui viviam. Praticava-se o culto doméstico com o intuito de se manterem

vivas as suas religiões, fazendo assim dessa forma a evangelização de alguns prosélitos

brasileiros, que eram praticados em casa de oração, nome dado aos locais onde se praticavam

os cultos.(Ibidem). "Os americanos (eram poucos) que trabalhavam na exportadora

professavam, na sua totalidade, a religião protestante e freqüentavam o templo dos ingleses,

improvisado numa casa que antes fora depósito de cacau." (Amado, 1987:41).

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O status da legalização dos não-católicos no Brasil império aconteceu quando o Portugal e

Inglaterra assinaram o Tratado do Comércio em 1810. Em seu artigo XII foram traçadas as

linhas mestras que seriam inseridas na primeira Constituição do Império Brasileiro, que veio,

assim, garantir a todos os residentes o direito de se praticar a sua religião em particular, desde

que não fosse perturbada a paz pública ou se tentassem fazer prosélitos6 entre os brasileiros,

presumivelmente os católicos romanos.

Os missionários protestantes de diversas denominações foram recebidos com muita simpatia

pelo então Imperador Dom Pedro II. Com isso, os contatos amistosos foram então sendo

multiplicados com os missionários dessas diversas denominações que aqui chegavam. Em

oposição a essa simpatia, a questão religiosa fez crescer a luta entre o imperador e a Igreja

Católica, que lhe fez valer a aversão da hierarquia monarquista, perdendo também o apoio da

Igreja. Esses fatores, associados a outros tais como a abolição da escravatura através da Lei

Áurea assinada em 1888 pela princesa Isabel, despertaram a ira dos fazendeiros, e por fim o

conflito com os militares fez com que sua abdicação fosse inevitável, dando início a um novo

sistema de governo no Brasil. (Reily, 1993).

O Protestantismo no Brasil República

Com a abdicação de Dom Pedro II, surge a República do Brasil que teve como base o

positivismo. O positivismo considerava o valor da personalidade anterior a todas as condições

históricas, políticas, sociais e culturais e tinha como prioridade o respeito à liberdade e à

igualdade inata dos indivíduos. “A nova ordem republicana aparece a seus olhos como a

imagem da desordem social e política, pois ao separar Igreja e Estado não reconhece mais o

catolicismo como religião oficial.” (Oliveira, 1997:48)

Uma questão que não podemos deixar de ressaltar é que, com a vinda do protestantismo para

o Brasil, trazido da Europa e também dos Estados Unidos, lugares onde se vivia uma

modernidade já bem avançada para aquela época, vieram também o liberalismo teológico e a

influência do Evangelho Social, que trazia no seu bojo a prestação de serviços sociais,

educativos, recreativos e obviamente a evangelização.

6 Indivíduo que abraçou religião diferente da sua; indivíduo convertido a uma doutrina, idéia ou sistema.

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Com a implantação da República do Brasil, o Governo Provisório estabeleceu a liberdade de

culto no Brasil, que se tornou oficializado através do decreto nº 119-A, de 07/01/1890, e que

extinguiu o padroado e cortando dessa forma o cordão umbilical que existia entre a Igreja e o

Estado. Tal situação veio muito a alegrar aos protestantes, que eram entusiastas da República,

pois até antes da sua chegada essas pessoas viam-se discriminadas, devido à prática de suas

religiões.

A Constituição de 1891 beneficiava os protestantes pela garantia da liberdade da prática

religiosa; entretanto, essa mesma Constituição não era bem aceita pela hierarquia católica que

via seus privilégios e espaço sendo perdidos. A partir de então muitas tentativas aconteceram

com o objetivo de se fazer uma emenda constitucional para modificar os privilégios já

conseguidos pelos cristãos protestantes.

Essa situação veio fazer com que o relacionamento entre os cristãos protestantes e os cristãos

católicos se transformasse numa intensa rivalidade. A população cristã protestante, em sinal

de protesto contra essas tentativas de uma possível emenda da constituição, começou a

combater os supostos erros praticados pelo catolicismo romano, tais como: "idolatria,

mariolatria, negligência na difusão e leitura da Bíblia, ignorância e superstição do povo

católico e imoralidade do clero." (Reily, 1993:223).

O protestantismo no Brasil tem profundas raízes e vínculos com a Grã-Bretanha, com a

Alemanha e com os Estados Unidos da América. Entretanto, os missionários protestantes que

vieram a atuar aqui no Brasil, na sua grande maioria, eram oriundos dos Estados Unidos da

América, país cuja preponderância da população é protestante.

Ao contrário da Constituição de 1824, com relação ao tratamento dispensado aos protestantes,

hoje, tanto eles quanto qualquer outra pessoa têm seus direitos garantidos através da mais

recente Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, onde diz:

Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residente no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguinte:

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VI. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; e

VIII. ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, ... .

O protestantismo e o progresso no Brasil

Referindo-se ao paralelo, protestantismo e o progresso que começara a acontecer no Brasil

àquela época, Reily diz que, apesar da ética do protestante ser predominantemente

individualista, os mesmos não mostraram se desinteressar pelo progresso do Brasil. Muito

pelo contrário, existia uma demonstração lógica de que a marcha do protestantismo seria

acompanhada automaticamente pelo progresso e pelo desenvolvimento da nação assim como

pela liberdade de todos seus cidadãos e também das suas instituições.

"Sem dúvida, a paz, o progresso industrial, o avanço da ciência e a elevação do padrão de vida do mundo ocidental ... conduziram ... no Brasil, os protestantes, quer missionários quer obreiros nacionais, não só aceitaram o conceito de progresso, como também identificaram o progresso com o protestantismo." (Idem: 269).

O progresso que começara a acontecer aqui no Brasil àquela época, sob o olhar dos

protestantes, era visto com bons olhos, principalmente quando da implantação da República,

pois esta trouxe um certo conforto para os seguidores do protestantismo que passaram a ter

uma atuação mais livre no território nacional, uma vez que a Constituição já lhes garantia o

pleno direito à prática de seus cultos sem aquela formalidade obrigada pela constituição de

1824. A partir de 1889 "A fé e o culto evangélicos tornaram-se parte da vida brasileira."

(Hahn, 1989:47).

O protestantismo sob a influência católica portuguesa

O protestantismo aqui no Brasil veio a ser implantado depois de três séculos após seu

descobrimento, onde o catolicismo romano português predominava sem nenhuma

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concorrência. Dessa forma, os convertidos ao protestantismo eram oriundos do catolicismo

romano ou de cultura onde normas e atitudes eram determinadas pela Igreja Católica Romana.

"Por isso a vida e o culto nas igrejas protestantes foram grandemente influenciados pelo

catolicismo romano." (Idem: 223).

Tal situação aconteceu porque o catolicismo romano trazido pelos portugueses já havia

sofrido alterações e adaptações lá em Portugal, uma vez que durante quase oito séculos, desde

o ano 711 quando foi invadido, aquele país sob o domínio dos árabes e mouros sofreu muito

mais influência da prática da fé islâmica e africana do que propriamente a fé cristã.

Ele mostra ainda outra situação quando, durante a Inquisição, os judeus portugueses aceitaram

aparentemente o batismo católico romano para não sofrerem o banimento ou na pior das

hipóteses a pena de morte. Com isso eles iam à Igreja aos domingos, porém secretamente eles

zombavam de nosso Senhor, contribuindo dessa forma com cinismo com as coisas

relacionadas à Igreja.

Cada geração de uma família tradicional devia encaminhar seu filho mais novo para o

sacerdócio, mesmo que isso fosse de encontro à sua vontade. Tal prática resultava em padres

sem nenhuma vocação. Eles viveram conforme o tempo, e, apesar da situação indesejada,

procuravam fazer o melhor possível. Com o decorrer dos tempos, eles enveredavam para a

política, para a riqueza e até mesmo para as mulheres, chegando a ter filhos. Suas

composturas eram criticadas com freqüência e comparáveis às dos povos a quem eles

deveriam servir. (Ibidem).

A situação mostrava que não havia interesse por parte dos homens em se dedicar à prática

religiosa bem como o não interesse pela interiorização devido à precariedade na prestação de

serviços associada às dimensões territoriais do País, que, apesar de ser considerado o de maior

dimensionalidade católica, fizeram com que muitos padres de origem estrangeira (alemães,

italianos, espanhóis, franceses, holandeses, poloneses, portugueses, americanos e outros)

fossem deslocados para cá.

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Tal situação fez com que surgisse o que Hahn chamou de catolicismo popular7 ou folk-

religion8, que se desenvolveu no interior e também nas grandes cidades do Brasil. Esse

catolicismo popular tinha consigo os elementos do folclore religioso indígena, do africano e

do europeu, que misturados ao catolicismo fez surgir uma religião sincrética com

peculiaridades próprias.

Outro fator também mostrado por ele, referindo-se à freqüência às Igrejas Católicas, diz:

"...os intelectuais participavam dos ritos e celebrações religiosas como uma obrigação social e familiar, sem profundas convicções a respeito da doutrina ou ética do Evangelho, enquanto que, ao mesmo tempo, as massas analfabetas eram possuídas de uma religião folclórica supersticiosa, cheia de animismo e magia." (Id: 226).

O nascimento de uma liderança protestante leiga

No Brasil, a prática do culto protestante no seu início foi fortemente influenciada pela

distribuição de Bíblias e também pela formação espontânea de grupos leigos que se

dedicavam aos estudos bíblicos. Esses grupos recebiam ou receberam pouca ou nenhuma

orientação de pastores formados. Dessa forma, esses grupos se espalhavam pelo Brasil afora,

levando e transmitindo as mensagens evangélicas segundo suas próprias conclusões.

"Formaram-se pequenas congregações leigas para ler e estudar esse livro antes mesmo de qualquer ministro ordenado chegasse. Por causa da escassez de ministério ordenado e da vastidão geográfica do país, esse tipo de liderança leiga estava destinado a continuar por muitas décadas, e continua até hoje, posto que há muitas associações leigas nas igrejas protestantes." (Id: 244).

Ainda mais adiante, esse mesmo autor mostra como funciona essa propagação:

"O modelo é simples: uma pessoa lê a Bíblia e logo organiza uma espécie de culto doméstico do qual participam sua família e empregados, agregados e amigos. Tudo muito simples, pois que no máximo estes homens são semi-alfabetizados, lutando com as palavras difíceis de alguns capítulos da Bíblia." (ibid.).

7 O grifo pertence ao original 8 idem

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Essa situação também é confirmada no trabalho de Machado (1992), que se referindo à

difusão e à expansão do pentecostalismo, mostra que a descentralização e a flexibilidade da

estrutura organizacional protestante pentecostal não estão necessariamente subordinadas a um

poder centralizador das decisões conforme acontece na Igreja Católica e até mesmo na Igreja

Protestante Histórica.

"... a difusão pentecostal não depende das determinações destas instâncias, mas do esforço individual de cada crente. Intimamente vinculada a esta descentralização está a questão da orientação laica. Diferindo também das igrejas supracitadas, a qualificação para ser um dirigente de uma igreja, um pastor, não é acadêmica mas, sim, prática. O que importa é a habilidade empírica de evangelizar e não a formação acadêmica." (Id: 80-81).

O culto protestante sob a influência da Escola Dominical

Nos dias de domingo, o "culto doméstico" freqüentemente toma o nome de Escola Dominical.

Ele acrescenta mais ainda que um outro fator importante, a exemplo da situação que acontecia

com os católicos, a grande vastidão geográfica e a escassez de pastores, faz surgir

comunidades evangélicas isoladas, que são verdadeiras "igrejas domésticas".

A Escola Dominical sempre teve um papel fundamental e integral na igrejas evangélicas

brasileiras. Para muitas igrejas que hoje existem, a escola dominical foi a grande precursora.

"... a Escola Dominical, ao lado do culto doméstico dos crentes, tornou-se o núcleo de uma

nova igreja e, em muitas localidades, a única igreja que o povo daquela área conhecia.

(Hahn, 1989:274).

"... as casas dos crentes tornavam-se cada vez mais espalhadas, cada casa tornava-se núcleo de uma igreja na medida em que o culto doméstico aos domingos se estendia e assumia o nome de escola dominical. Como as leis tornavam-se mais tolerantes, ou ao menos eram interpretadas de maneira mais tolerante, o culto familiar aos domingos tornava-se a comunidade da escola dominical, mas dirigida por leigos." (Idem: 277)

A escola dominical começava a crescer e, já bem mais organizada, passava a ser uma

congregação e, por fim, tornava-se uma igreja totalmente organizada e sob a autoridade de um

pastor. Quando tal situação acontecia, essa nova igreja passava a ser o referencial, o centro de

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15

um outro grupo de escolas dominicais externas onde novamente os estudos bíblicos e o culto

são dirigidos por leigos. "Muitas vezes, depois da escola dominical tornar-se uma igreja

organizada, ela era colocada sob a direção de um pastor que tinha outras pequenas igrejas

sob sua supervisão e o programa continuava como antes." (Ibid.).

A escola dominical no Brasil, não somente tem servido como instrumento de estudo da

Palavra de Deus, como, também, centro de treinamento de obreiros leigos, que são preparados

para dirigir o culto numa eventual ausência do pastor. "A escola dominical não só tornou-se

uma igreja dirigida por leigos, mas foi o lugar de preparo para os leigos terem acesso ao

púlpito como tal." (Idem: 278).

A essa espontaneidade de uma liderança despreparada porém talentosa de colportores9,

acreditamos que foi e é o que podemos constatar como sendo fruto da fome espiritual vivida

pelos brasileiros do interior não somente naquela época, assim como na atualidade.

"... uma das coisas interessantes que surgiram nesta forma de expansão da igreja foi a liderança e ministério de leigos bem dotados e notáveis, homens sem nenhum preparo formal, às vezes semi-analfabetos, mas movidos de zelo e poder quase apostólicos na evangelização e consolidação do trabalho evangélico." (Idem: 282).

Parte II - O PROTESTANTE PENTECOSTAL E SUA EXPANSÃO NO BRASIL

Nosso objetivo aqui nesta parte do trabalho é apresentar a questão do advento e expansão do

Protestantismo Pentecostal no Brasil, onde procuraremos mostrar seus aspectos fundamentais

que o caracterizam desde a sua origem e surgimento. Entretanto, antes de desenvolver um

pouco acerca desse fenômeno devido à sua complexidade, acreditamos que se faz necessário,

falar a respeito dos mais importantes nomes da reforma protestante “(mesmo que de forma

pouco profunda, é tarefa que não se pode renunciar)” (Machado, 1992:20), o alemão,

sacerdote da Igreja Católica, Martinho Lutero, e de seu contemporâneo também seguidor de

sua ideologia, o francês João Calvino.

9 Obreiros evangélicos leigos.

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16

O Luteranismo

Lutero foi sacerdote e professor da Igreja Católica, até que em 31 de outubro de 1517 rebelou-

se contra a Igreja em virtude da venda de indulgências10 (da qual ele próprio fora vítima)

praticada no papado de Leão X com a finalidade de arrecadar fundos para a construção da

Catedral de São Pedro, em Roma. Rompeu com a Igreja quando afixou, na porta da Igreja do

Castelo, em Wittenberg, as suas 95 teses que vieram então marcar o princípio da Reforma

Protestante. "Lutero está preocupado em salvar e preservar a fé, em contrapor a justificação

pela fé às idéias de obras, méritos ou contrato com Deus." (Hahn, 1989:82).

"A mensagem de Cristo era a palavra de fé nos valores essenciais do homem: Jesus combateu a riqueza material, não por ser má em si mas por ser produto da injustiça e por colocar em segundo plano os valores do espírito, os mais nobres, os mais dignos e os que, no fundo, constroem a grandeza humana." (Brant, 1985:14)

Naquela época, "a Igreja Católica detinha a supremacia espiritual, cultural e política, e as

tentativas de reforma de uma igreja corrompida, ... foram esmagadas." (Ferreira, 2002:72).

Além disso, também era uma época de transição: a Europa estava vivendo o fim da Idade

Média e seus reis, imperadores, generais e papas lutavam entre si na tentativa de moldar uma

Europa Moderna.

"... o uso prático de certas instituições da Igreja, principalmente das indulgências, contrariava inevitavelmente as tendências para o ascetismo laico sistemático. Por esse motivo, no tempo da Reforma isso não foi percebido como um abuso de menor importância, mas sim como um dos males mais fundamentais da Igreja." (Weber, 2002:95).

Lutero tinha consigo o seu coração de pastor. Para ele, não se devia alarmar os fracos de fé até

que eles estivessem bem firmados nas razões teológicas que vinham a orientar as novas

formas de culto. Ele tinha fraca inclinação pelas coisas novas somente pela novidade e

também não apreciava as pessoas levianas que andam à caça delas; entretanto, reconhecia,

que o que ensinava exigia algumas mudanças no culto "O luteranismo deriva-se não somente

do Novo Testamento, mas também do temperamento germânico de Lutero e das condições

políticas da Igreja na Alemanha." (Hahn, 1989:29).

10 Cartas de absolvição que garantiam o perdão dos pecados.

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Lutero tinha consigo uma grande preocupação. Essa preocupação nada mais era para que os

homens pudessem ouvir e compreender a mensagem da Graça de Deus através da Palavra. "...

para os pais da Igreja do Luteranismo era artigo de fé que a graça fosse revogável

(amissibilis) e que poderia ser obtida novamente pela humildade penitente e pela confiança

perseverante na palavra de Deus e nos sacramentos." (Weber, 2002:81).

Para Lutero, o crente religioso pode se assegurar de seu estado de graça se sentindo como

receptor do Espírito Santo, ou seja, a sua vida religiosa tenderá para o misticismo e para a

emotividade. (Ibidem)

Com a Reforma Protestante surge então o protestantismo clássico que traz consigo um

conteúdo de doutrinas que contestava o catolicismo romano tais como: Sacerdócio universal -

acaba com a figura do sacerdote como intermediador entre o crente e Cristo e cria a figura do

pastor, ou seja, cada crente torna-se um sacerdote; Salvação unicamente pela fé em Cristo -

questiona os ritos e toda aquela pomposa liturgia católica. O ser homem somente será

justificado mediante a fé em Cristo não mais pelas Indulgências, Missas em Ações de Graças

entre outras; e a Bíblia torna-se o único livro de fé e verdade - contesta toda a tradição do

culto católico fundado na pretensão petrina (primado de Pedro) e sucessão apostólica.

"Essas três doutrinas teológicas juntamente com as outras doutrinas das 95 teses de Lutero acarretarão, principalmente mais tarde, com Calvino, uma nova forma de ver e viver a realidade, trazendo diversas transformações no campo sócio-econômico com o fim da usura, assídua incentivação ao trabalho, empreendimentos etc..." (Azevedo, 2001:8).

O Calvinismo

O Calvinismo foi uma doutrina fundada pelo religioso francês João Calvino, que nasceu em

Noyon no ano de 1509 e vindo a falecer em 1564. À mesma época de Martinho Lutero, foi

também um dos principais teóricos da Reforma Protestante no século XVI, porém com

paradigma diferente, doutrina da predestinação11. Calvino, apesar de ter estudado latim,

filosofia e dialética, formou-se em direito.

11 O grifo é meu.

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"O calvinismo foi a fé sob a qual se desenrolaram as grandes contendas políticas e culturais dos séculos XVI e XVII nos países mais desenvolvidos - Holanda, Inglaterra e França. ... Naquele tempo, e em geral ainda hoje, a doutrina da predestinação era considerada seu dogma mais característico." (Weber, 2002:78).

A adesão de Calvino à Reforma Protestante é marcada a partir do momento que em 1532

publica sua primeira obra, dois livros sobre a Clemência do Imperador Nero. Aos 26 anos, em

1535, passa a ser considerado o chefe do protestantismo francês. Mudou-se para a cidade de

Genebra – Suíça. Entretanto, perseguido pelas autoridades católicas, foi obrigado a refugiar-se

por durante três anos em Estrasburgo - Áustria. Após esse período retorna para a Suíça.

Para Calvino, o crente religioso pode ter a certeza de seu estado de graça se sentindo um

instrumento da Vontade Divina, ou seja, a sua vida religiosa tenderá para a ação ascética.

(Ibidem).

Sua doutrina diferencia-se do luteranismo basicamente pela noção da predestinação (a

salvação é uma escolha divina, cabendo ao homem apenas cooperar com a vontade de Deus).

"Para o próprio Calvino ... Ele se sentia como um agente escolhido do Senhor, e tinha certeza

de sua própria salvação." (Idem: 86). Do calvinismo, que foi inspirado a partir de uma

ideologia ascética e puritana, mais tarde, fez surgir o aparecimento do presbiterianismo.

"O calvinismo foi impregnado pela idéia de que Deus, criando o mundo - incluindo a sociedade - deve ter desejado que as coisas fossem objetivamente propositadas, como meio de aumentar sua glória: não a criatura por si, mas a organização das coisas materiais sob a sua vontade." (Id.: 173).

Quanto à doutrina da predestinação, controvérsias têm surgido em relação a este ser o dogma

mais importante ou somente apenas um acessório da Igreja Reformada. (Ibidem). Entretanto,

o mesmo salienta que não avança nessa questão por não ser o seu objeto de estudo e sim

ocupado em julgamentos de imputação histórica12, ou seja, com o significado histórico do

dogma.

"... o calvinismo procedia com sua disciplina eclesiástica: sua finalidade não era a salvação da alma dos condenados, o que era assunto de Deus apenas (e, na prática, deles mesmos), e não podia de modo algum ser influenciado pelos meios

12 O grifo é meu.

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à disposição da Igreja, mas simplesmente pelo aumento da glória de Deus." (Idem: 174).

O Que é o Pentecostalismo13

Ultimamente, muito se ouve falar acerca da expansão fenomenal dos protestantes pentecostais

e neopentecostais no território brasileiro, não somente no campo da religiosidade bem como

no econômico e notoriamente na política, haja vista o número crescente desses religiosos que

são eleitos em vários níveis da política. Dessa forma, pretendemos aqui no referido capítulo

abordar a sua inserção e expansão desde sua origem/procedência até suas características

essenciais nos dias atuais.

"Houve também fatores positivos de ordem política, social e da estrutura religiosa do país que favoreceram ... as igrejas protestantes ou evangélicas no Brasil, como elas preferem ser chamadas, tornaram-se mais vivas e florescentes de todas as jovens igrejas." (Hahn, 1989:13).

Em sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber diz que, até os dias de

hoje, a Igreja Católica tem sob seu olhar o calvinismo como sendo seu real oponente. Haja

vista o advento e expansão do pentecostalismo e do neopentecostalismo. Ainda segundo ele,

tal situação pode ser explicada parcialmente em bases puramente políticas. "Embora a

Reforma seja impensável sem o desenvolvimento religioso pessoal de Lutero, e embora tenha

sido amplamente influenciada por sua personalidade, sem o calvinismo seu trabalho não

teria tido um sucesso permanente e concreto." (Weber, 2002:72).

É necessário que se entenda a diferença entre protestante e pentecostal14. Muitos acreditam

serem todos uma mesma coisa, porém a diferença está em: todo pentecostal é protestante mas

nem todo protestante é necessariamente pentecostal. ."...De que modo e por que eles se

diferem da igreja da Reforma?..." (Hahn, 1989:14).

O aspecto fundamental que faz a diferença entre o protestante pentecostal dos demais

protestantes e os católicos está basicamente voltado para a ênfase que é dada à crença no

13 "Festa que se originou de uma cerimônia religiosa dos judeus (festa do fogo) que comemora o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, marcando o início do cristianismo." (Machado, 1992:48). 14 Existe, um movimento chamado de Renovação Carismática Católica – RCC, que também é pentecostal apesar de não ser evangélico. Ver artigo de Maués(2002, 37-64).

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ESPÍRITO SANTO. Assim sendo, esta é a crença maior, onde a manifestação do Espírito

Santo significa a crença comum que faz a integração dos crentes ao conjunto pentecostal.

Por se originar do cristianismo, tanto o pentecostalismo quanto o catolicismo e mesmo o

protestantismo histórico têm pontos em comum. Entretanto, o pentecostalismo se diferencia

por sua crença maior, que é a crença no Espírito Santo e em suas práticas religiosas. A

exemplo disso ele não organiza missa nem pratica a idolatria.

Basicamente, os protestantes estão classificados em três grandes grupos a saber: Protestante

Histórico ou de Missão; Protestante Histórico Renovado (pentecostais); e Protestante

Pentecostais, sendo este último o nosso objeto de estudo para o presente trabalho.

O culto pentecostal é praticado normalmente por pessoas sem formação curricular, através de

acesso direto à Bíblia e de expressões espontâneas. "O próprio pastor é uma pessoa sem

instrução, sobretudo do ponto de vista bíblico." (Azevedo, 2001:13). É um culto totalmente

emocional, voltado para as massas onde acreditam que o Espírito Santo derrama sobre os fiéis

uma variedade de dons, principalmente o dom de falar línguas.15

Conforme o já sustentado anteriormente, a base de credibilidade no Espírito Santo é retirada

da Bíblia, onde seus textos são tomados ao pé da letra. A hermenêutica16 é feita de forma

espiritualizante. Entretanto, um outro ponto que merece destaque é a convicção no MILÊNIO

aliada a uma nova escatologia17. O milênio está orientado para a segunda vinda de Jesus

Cristo ao mundo. Ele é o (Messias) Salvador.

"No campo sócio-teológico eles sistematizaram uma nova escatologia, conforme contexto sócio-econômico em que estavam inseridos, cujos elementos (arrebatamento da Igreja, governo do Anticristo (666) e, posteriormente, o governo físico de Cristo por mil anos na Terra) favoreceram o fortalecimento do sistema capitalista atual." (Idem: 12)

15 " ... o que os evangélicos pentecostais exercitam é o fenômeno da glossolalia, que é diferente do fenômeno da xenoglossia. Glossolalia é a emissão de sons através de um estado de êxtase. Xenoglossia é a faculdade de alguém falar certos idiomas gramaticalmente corretos sem nunca tê-los estudado. Esse foi o fenômeno que ocorreu no dia de Pentecostes quando da ascensão de Jesus Cristo. Os discípulos anunciaram a mensagem de evangelização em outras línguas sem nunca tê-las conhecido." (Ibidem). 16 Interpretação (da Bíblia) dos textos sagrados. 17 É a parte da teologia que estuda o final dos tempos.

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Acreditando nos elementos citados acima, isso faz com que os crentes evangélicos

pentecostais deixem de conhecer a causa de seus verdadeiros problemas sociais, tais como: o

desemprego, a fome, a falta de segurança (violência) dentre outros. Dessa forma,

desconhecendo as causas desses e de outros problemas, essas pessoas não terão condições de

criar nenhuma forma de contestação ao paradigma vigente. Ainda segundo Azevedo, todas

essas falhas sociais têm que acontecer para que se justifiquem os eventos já citados, gerando

dessa forma, conformismo com a situação social atual.

Um exemplo prático de tal situação é visto acontecendo dentro do neopentecostalismo com a

venda de bens simbólicos tais como: cura dos corpos; dos problemas afetivos; culto da

prosperidade; da saúde; da segurança; profissionais e econômicos; libertação de demônios

etc... Se a pessoa não for membro da igreja e estiver desempregada, esta causa social é vista

como obra do demônio; entretanto, se a pessoa for convertida, isso passa a ser visto como

sendo uma provação teodicéica, e nunca como um produto da estrutura sócio-econômica do

atual sistema de produção globalizado. Da mesma forma isso também se aplica aos demais

problemas sociais.

A questão social já preocupava os protestantes bem antes de estarmos vivenciando esses

problemas conforme nos dias atuais. A exemplo disso, conforme explica Reily, surgem nos

Estados Unidos duas correntes teológicas a saber: o Evangelho Social que se inspirou no

pensamento de Karl Marx; e o liberalismo que por sua vez se inspirou no pensamento de

Charles Darwin.

A influência dessas duas correntes enfatizava o conceito do Reino de Deus, e se fizeram

presentes de diversas maneiras. Juntamente com as igrejas e instituições semelhantes

nasceram as settlement houses ou centros sociais que basicamente buscavam prestar serviços

sociais, educativos e recreativos, associados aos tradicionais serviços religiosos. A exemplo

disso, questões de justiça do operariado tais como: redução da jornada de trabalho; proteção

ao menor e à mulher operária; direito de negociação coletiva com o patronal; direito de greve;

melhores condições de trabalho; paz mundial; e discriminação racial dentre outros.

No início do século XX o Brasil ainda se apresentava um país extremamente rural e agrícola.

Entretanto, missionários americanos imbuídos desses ideais trouxeram para o Brasil,

especialmente para o Rio de Janeiro e Porto Alegre, as correntes citadas acima, onde o Credo

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Social foi adotado amplamente pelas denominações locais, normalmente sem uma recíproca

compreensão do seu alcance.

Segundo Malatesta, em análise que faz acerca das questões e males sociais, a maioria dos

males que afligem a humanidade está associada à falta de organização social, e aponta o

homem como a solução, utilizando apenas a sua boa vontade e sua sabedoria. Ele acrescenta

mais ainda:

“No atual estado da sociedade, alguns grupos de homens monopolizam arbitrariamente a Terra e de todas as riquezas sociais, enquanto que a grande massa do povo, privada de tudo, é espezinhada e oprimida. Nós conhecemos o estado de miséria em que se encontram geralmente os trabalhadores – e também conhecemos todos os males derivados desta miséria: ignorância, crime, prostituição, fraqueza física, abjeção moral e morte prematura.” (Malatesta, 1979:37)

Origem do evangelismo pentecostal

Acredita-se que a semente desse fenômeno, o pentecostalismo, foi a partir da Escola Bíblica

de Topeka, Kansas, nos Estados Unidos da América. Naquele local, Charles Pahram

costumava defender a idéia de que falar em línguas era um dos sinais que acompanhavam o

Batismo do Espírito Santo. Entretanto, o início formal desse movimento aconteceu quando em

6 de abril de 1906 em uma reunião de oração à Rua Azuza, nº 312, na cidade de Los Angeles,

estado da Califórnia, EUA, um menino de apenas oito anos de idade falou em línguas, sendo

seguido por outras pessoas.

Essa reunião foi liderada pelo pregador negro W. J. Seymour, que havia sido expulso da

Igreja da evangelista negra Nelly Terry em Los Angeles pelo seguinte fato: "Seymour

declarou que Deus tem uma terceira bênção, além da santificação, a saber: o Batismo do

Espírito Santo, acompanhado do falar em línguas" (Reily, 1993:367). Seymour era discípulo

de Charles Pahram.

À proporção que podemos observar, com o advento do pentecostalismo, faz surgir o que

Azevedo chama de "reavivamento do Cristianismo", despertando um culto totalmente

emocional, voltado para as massas mediante a crença do batismo com o Espírito Santo e do

dom de falar em línguas (xenoglossia). Essas doutrinas são consideradas irracionais pelas

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igrejas evangélicas tradicionais. Lá, as orações coletivas bem como a prédica18 acontecem

com palavras de cada crente sem exigência de nenhuma formação curricular.(Machado,1992).

O advento evangélico pentecostal no Brasil

O pentecostalismo no Brasil tem como marco o ano de 1910, exatamente 100 anos após D.

João VI ter permitido a prática do culto protestante no Brasil (com restrições), garantido

através do tratado de comércio assinado em 1810 com os ingleses. "O movimento pentecostal

estava na sua infância quando chegou ao Brasil." (Reily, 1993:368).

Chegando dos Estados Unidos da América em março do ano 1910, o italiano Luigi

Francescon dirigiu-se ao bairro do Brás19, na cidade de São Paulo, e passou a freqüentar a

igreja presbiteriana local. Passado algum tempo, foi convidado a falar do púlpito20 daquela

igreja. Entretanto, sua mensagem não foi muito bem aceita e gerou um racha dentro da igreja,

fazendo com que ele fosse convidado a sair. Após esse acontecimento, juntamente com seus

seguidores, ainda no mesmo ano, eles formaram o núcleo da igreja pentecostal que se chamou

Congregação Cristã no Brasil.

Também chegando dos Estados Unidos em 19 de novembro de 1910, os missionários suecos

de origem batista Daniel Berg e Gunnar Vingren destinaram-se à Região Norte do País, mais

precisamente na cidade de Belém, Pará, quando em meados de 1911 fundaram a Assembléia

de Deus. A fundação dessa nova seita aconteceu quando após alguns meses de convivência

com a Igreja Batista daquela localidade suas práticas pentecostais fizeram gerar dissensão

entre os membros da igreja. Isso fez com que eles fossem convidados a se retirar; entretanto,

quando saíram levaram consigo dezoito membros dissidentes dessa Igreja.

A expansão evangélica pentecostal no Brasil

Conforme podemos observar, o pentecostalismo chegou ao Brasil no início do século XX e

emergiu através da Região Sudeste, em São Paulo - SP, com a denominação de Congregação 18 Sermão, pregação, discurso. 19 Local caracteristicamente povoado na sua maioria por imigrantes italianos. 20 Tribuna, nos templos, de onde os oradores fazem pregação.

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Cristã no Brasil através da cisão de evangélicos presbiterianos, e na Região Norte em Belém -

PA, com a denominação de Assembléia de Deus com a cisão de evangélicos de origem

batista. Vale ressaltar que essas duas cidades eram as que mais se destacavam como

emergentes centros urbanos em virtude do cenário econômico daquela época, absorvendo

força de trabalho oriunda da área rural. A primeira em virtude da industrialização que o país

começa a viver, e a segunda devido à explotação/exportação da borracha, que já começava a

demonstrar sinais de decadência.

"O pentecostalismo ... chegou com a força de uma tempestade tropical, penetrando nas principais regiões do país e em quase todos os povoados. ... descobriu nas massas esquecidas e analfabetas e nos adeptos do catolicismo popular um campo fértil para sua mensagem e métodos e obteve resposta." (Hahn, 1989:335).

A partir desses três pioneiros que introduziram o pentecostalismo no Brasil, começam então a

surgir novas denominações, tais como: Igreja Evangélica Pentecostal "O Brasil para Cristo",

Igreja do Evangelho Quadrangular e outras. Cabe ressaltar que a vinda dessas igrejas acontece

justamente quando o Brasil começa a sofrer processo de urbanização e paralelamente a

migração do homem do campo (êxodo rural) para os centros urbanos, desencadeando dessa

forma um processo social, a favelização. Esses camponeses frustrados e analfabetos vinham

em busca de uma vida mais digna e de oportunidades.

De acordo com Machado, essas duas áreas, São Paulo – SP e Belém – PA, se configuravam

como sendo áreas populacionais, acolhedoras das camadas “populares urbanas”,

caracterizando-se como estratégicas de inserção e de expansão pentecostal devido aos fatos:

“Belém era basicamente composta de migrantes/retirantes nordestinos que foram expulsos de seus locais de moradia pela seca de 1877. De um lado, tem-se uma população composta majoritariamente de italianos vinculados ao movimento sindical, o que pressupõe um determinado nível de organização social; de outro, tem-se uma população amplamente desprivilegiada, não só econômica como culturalmente.” (Machado, 1992:55).

Estrategicamente essas igrejas vão ao encontro dessas almas desamparadas tentando amenizar

as necessidades sociais vividas por essa gente. Eles encontravam boa acolhida e recebiam

convites para participação comunitária, fazendo se sentir como se estivessem em casa. Com

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tanta afabilidade essas pessoas, sentindo a necessidade de amigos, começam a freqüentar a

igreja e aceitam o convite para serem crentes. Uma vez tendo aceito o convite, o visitante

começa a participar do círculo de expansão, com oportunidade de se tornar líder. Vale lembrar

que mudanças sociais também aconteceram, para melhor, com a chegada da família real ao

Brasil.

“A presença da realeza atraiu as grandes famílias para a Capital. Isso marcou o início de grandes mudanças sociais. Os ricos senhores de terras, os fazendeiros, ausentaram-se de suas plantações e vieram ao Rio de Janeiro para comprar ou receber títulos, honrarias e condecorações, entregando a subalternos a supervisão de seus cultivos de cana-de-açúcar e de algodão e de seus rebanhos.” (Hahn, 1989:42).

Apesar de ter chegado ao Brasil a partir de 1910, foi durante os anos de 1950 e 1960 que de

fato começou a acontecer a explosão pentecostal, que sob a forma de missões intensivas eram

verdadeiras Cruzadas de Evangelização21. Conforme acontecia desde o início, as camadas

mais populares foram as camadas sociais mais atingidas por essa explosão. (Sanchis,1997).

Ainda, segundo Sanchis, já se começa a notar nos dias atuais uma pequena presença de outras

camadas sociais; contudo, em sua análise ele classifica como sendo uma religião de pobres,

pois o pentecostalismo tem a sua presença conhecida visivelmente nos bairros populares.

Em seu trabalho, ele acrescenta mais ainda o resultado do Censo Institucional Evangélico e

Novo Nascimento feito pelo Instituto de Estudos da Religião – ISER. Foram fundados cinco

novos templos evangélicos pentecostais, sendo o equivalente a um templo por dia útil da

semana, isso somente na área do grande Rio, entre o período de 1990 e 1993.

Com base em estudos e análises feitas através das observações da diversidade social, cultural

e institucional do pentecostalismo urbano o crescimento pentecostal, explica sua ancoragem

nas camadas de baixa renda e “... (e os) atuais estudos corroboram o caráter multifacetado do

pentecostalismo e indicam que sua diferenciação é cultural, étnica e de gênero”.(Sanchis,

Oro e Seman, 1997:134). Acrescentam mais ainda que isso é uma heterogeneidade

introduzida pela diversificação denominacional.

21 O grifo é do autor

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Concluindo este capítulo, tentaremos melhor elucidar o conteúdo fundamental de nosso

trabalho a expansão do fenômeno pentecostal fazendo algumas explanações e abordagens

metodológicas corroborado através das tabelas 1, 2, 3 e 4 e dos respectivos gráficos.

A tabela 1 contém dados primários em valores absolutos em nível de Brasil, obtidos a partir

do meu objeto de pesquisa: os Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000. Os seus valores

estão representados em milhões, ou seja, os valores encontrados originalmente foram

divididos por 1.000.000 (um milhão) onde alguns sofreram arredondamento. Nessa tabela

observamos que os valores crescem em todas as variáveis; entretanto, não vemos claramente o

quanto isso possa representar, dessa forma geramos as tabelas 2, 3 e 4 a partir da tabela 1.

Em virtude de o Censo de 1970 não dispor de dados desagregados para os diversos segmentos

religiosos, num primeiro momento foi considerado o ano de 1980 como base por ser o ano em

que as mudanças religiosas começaram a acontecer significativamente. Com o propósito de

compatibilizar as informações dos Censos de 1991 e 2000, às do Censo de 1980, agregamos

os católicos apostólicos brasileiros e os católicos ortodoxos aos católicos apostólicos

romanos, transformando em uma só variável chamada de Católicos. Ver Tabela 1 e Gráfico 1.

Ano Total Evangélicos Outras Semde Geral Católicos Não Pente- Pente- Religiões Religião

Recenseamento (1) (2) costais (3) costais

1980 119,0 105,9 7,9 4,0 3,9 3,0 2,01991 146,8 122,4 13,2 5,0 8,2 3,8 6,92000 169,9 125,5 26,2 8,2 18,0 5,3 12,5

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000.(1) inclusive as pessoas sem declaração de religião. (2) inclusive os católicos apostólicos brasileiros e os católicos ortodoxos.(3) inclusive os de Missão e Outros evangélicos.Nota: 1. No ano 2000, aos Pentecostais foram incluídos os Pentecostais Sem Vínculo Institucional.

segundo o ano de recenseamento (em milhões) Brasil - 1980 - 1991 - 2000

Total

Tabela 1 - Distribuição da população em valores absolutos por religião,

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27

Gráfico 1- População e m valores absolutos (e m milhões) por re l igião, se gundo o ano de re censeamento - BRASIL - 1980/1991/2000

1 0 5 ,9

4 ,0

3 ,9

3 ,0

2 ,0

1 2 2 ,4

5 ,0

8 ,2

3 ,8

6 ,9

8 ,2

1 8 ,0

1 2 ,5

5 ,3

1 2 5 ,5

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 1 1 0 1 2 0 1 3 0

Católicos

Evang. NãoPentecostais

EvangélicosPentecostais

OutrasReligiões

SemReligião

Re ligiões

Valores absolutos (e m milhões)

1980 1991 2000Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1980, 1991 e 2000. Dados da Amost ra

Na tabela 2, temos a população por religião distribuída em valores relativos (%) em função do

total geral para cada ano, onde já começamos a observar melhor a distribuição dessa

população. Para a variável religião católica constatamos o incremento negativo que contava

com aproximadamente 89% da população, passando para 83,3,% e em seguida para 73,9%,

respectivamente para os anos de 1980, 1991 e 2000. Essa redução na proporção da população

católica resultou no incremento das proporções dos outros segmentos religiosos e

principalmente dos evangélicos pentecostais que salta de 3,2% em 1980 para 5,6% em 1991 e

logo em seguida para 10,6% em 2000. Um outro segmento que não podemos deixar de

considerar é o da população Sem Religião que, assim como os pentecostais, cresceu muito

significativamente, saltando de 1,6% em 1980 para 4,7% em 1991 e para 7,4% em 2000.

Com exceção dos Evangélicos Não Pentecostais que de 1980 para 1991 não sofreu nenhum

incremento mantendo-se estável em 3,4%, todas as outras variáveis cresceram positivamente.

Dessa forma, podemos sustentar que a expansão dos cristãos evangélicos pentecostais cresce

inversamente proporcional ao apontado pela religião católica a cada recenseamento. “Até os

anos 1980, o perfil religioso da população brasileira pouco se altera: a religião católica

mantém a sua supremacia herdada da época colonial. Entre 1970 e 1980, nenhuma mudança

significativa aparece nos recenseamentos.” (Jacob, 2003:33)

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28

Ano Total Evangélicos Outras Semde Geral Católicos Não Pente- Pente- Religiões Religião

Recenseamento costais costais

1980 100,0 89,0 6,6 3,4 3,2 2,5 1,61991 100,0 83,3 9,0 3,4 5,6 2,6 4,72000 100,0 73,9 15,4 4,8 10,6 3,1 7,4

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1980, 1991 e 2000

Tabela 2 - Distribuição relativa (%) da população por religião,segundo o ano de recenseamento - Brasil - 1980 - 1991 - 2000

Total

Gráfico 2 - Distribuição relativa da população por religião, segundo o ano de recenseamento - Brasil - 1980/1991/2000

2,5 3,17,4

1,63,23,4

89,0

83,3

3,45,6 2,6

4,7

73,9

10,6

4,8

05

101520253035404550556065707580859095

100

Católicos NãoPentecostais

Pentecostais OutrasReligiões

SemReligião

(%)

1980 1991 2000Fonte: IBGE/DPE, Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000.

Os valores encontrados na tabela 3 referem-se à taxa média geométrica de crescimento anual,

em percentual, para a população brasileira, por religião. Essas taxas foram calculadas

aplicando-se a fórmula da expressão conforme figura 1.

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29

Figura 1- Fórmula da taxa média geométrica de crescimento22

10010

1 ×

= t

PPi

No período de 1980 para 1991 o menor ritmo de crescimento, 1,3% ao ano, aconteceu entre os

Católicos contra 7,1% para os Pentecostais. Porém, para o mesmo período o maior ritmo de

crescimento, 12,2%, foi registrado para os Sem Religião, por ano. Já no período de 1991 a

2000 os Católicos registraram um crescimento muito menor ainda, 0,3%, comparado com o

período anterior. Os Pentecostais confirmaram o ritmo de crescimento com 9,1% para esse

mesmo período. Entretanto, o segmento dos Sem Religião que expressou o maior valor para o

período passado acelerou com menor ritmo o crescimento, caindo para 6,7% ao ano.

Ao longo dos vinte anos, para o período de 1980 a 2000 os maiores ritmos de crescimento

anual foram mantidos para os Sem Religião e os Pentecostais em 9,7% e 8,0%,

respectivamente. Também foi mantido o menor ritmo de crescimento de 0,9% ao ano para os

católicos. Dessa forma, pode ser explicada a expansão desses dois segmentos contra o

esvaziamento dos Católicos.

Ano Total Evangélicos Outras Semde Geral Católicos Não Pente- Pente- Religiões Religião

Recenseamento costais costais

1980/1991 1,9 1,3 4,8 2,0 7,1 2,2 12,21991/2000 1,6 0,3 7,9 5,7 9,1 3,7 6,71980/2000 1,8 0,9 6,2 3,6 8,0 2,9 9,7

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1980, 1991 e 2000

Total

Tabela 3 - Taxa média geométrica de crescimento anual da população por religião,segundo o ano de recenseamento, em percentual - Brasil - 1980 - 1991 - 2000

22 i = taxa média geométrica de crescimento; t = intervalo de tempo entre os períodos (anos); P0 = População no período anterior; P1 = População no período atual. Após encontrada foi multiplicada por cem.

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30

Gráfico 3-A Taxa média geométrica de crescimento anual em percentual das pessoas,

por religião, segundo o ano de recenseamentoBrasil -1980/1991/2000

1,32,0

7,1

2,2

0,3

5,7

9,1

3,7

6,7

12,2

0123456789

10111213

Católicos NãoPentecostais

Pentecostais OutrasReligiões

SemReligião

Taxa

méd

ia g

eom

étric

a an

ual (

%)

1980/1991

1991/2000Fonte: IBGE/DPE, Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000

Gráfico 3-BTaxa média geométrica de crescimento anual em percentual, das pessoas por religião, segundo o ano de recenseamento - BRASIL - 1980/2000

0,9

3,6

8,0

2,9

9,7

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Católicos NãoPentecostais

Pentecostais OutrasReligiões

SemReligião

Taxa

méd

ia g

eom

étric

a an

ual (

%)

1980/2000Fonte: IBGE/DPE, Censos Demográficos de 1980/2000

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31

A tabela 4 refere-se aos números índices23 de crescimento da população brasileira dentro de

cada segmento religioso, tomando-se como base os anos de 1980 e 1991. Conforme podemos

observar no período de 1980/1991, durante onze anos os católicos cresceram 15,6% contra

111,7% e 255,7 para os pentecostais e os sem religião, respectivamente. Em outras palavras

podemos dizer que comparado aos católicos os pentecostais cresceram 7,2 vezes mais, assim

como os sem religião cresceram 16,4 mais, superando muito mais ainda os pentecostais.

Para o período de 1991/2000 da tabela 4, durante esses nove anos os católicos com seus 2,6%

mostram mais uma vez um crescimento muito mais lento e pouco significativo, se comparado

ao período anterior. Da mesma forma, os Sem Religião se mostraram com um crescimento

bem inferior ao período passado, caindo para 79,8%. Entretanto, os pentecostais conseguem

superar o período anterior, crescendo mais 119,5%. Assim sendo, para este período,

comparados aos católicos, os Sem Religião correspondiam a 30,1 vezes mais, enquanto que os

Pentecostais correspondiam a 46,0 vezes mais.

Para os vinte anos correspondentes ao período de 1980/2000, o quadro mostra-se

aparentemente igual ao período de 1980/1991, enquanto os Católicos cresceram num ritmo

lento de 18,6%, os Pentecostais cresceram 364,7% e os Sem Religião 539,6%.

Correspondentemente aos católicos isso significa dizer que os Protestantes eram 19,6 vezes

maior, assim como os Sem Religião eram maior 29,0 vezes.

Ano Total Evangélicos Outras Semde Geral Católicos Não Pente- Pente- Religiões Religião

Recenseamento costais costais

1980 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,01980/1991 23,4 15,6 67,3 24,5 111,7 26,4 255,71991/2000 15,7 2,6 98,5 64,3 119,5 39,1 79,81980/2000 42,7 18,6 232,0 104,6 364,7 75,8 539,6

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1980, 1991 e 2000

Tabela 4 - Índice percentual da população, por religião,segundo o ano de recenseamento - Brasil - 1980 - 1991 - 2000

Total

23 Os números índices foram calculados tomando como base o ano de 1980 dentro da mesma variável, dividindo-se o valor de cada ano subseqüente pelo valor de referência e desse valor subtraindo a unidade e logo em seguida multiplicando-se por cem.

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32

Gráfico 4-A Índice de crescimento relativo das pessoas por religião,

segundo o ano de recenseamento - Brasil - 1980/1991/2000

15,624,5 26,4

2,6

64,3

39,1

79,8

255,7

111,7119,5

020406080

100120140160180200220240260

Católicos NãoPentecostais

Pentecostais OutrasReligiões

SemReligião

(%)

1980/19911991/2000Fonte: IBGE/DPE - Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000

Gráfico 4-BÍndice de crescimento relativo da população por religião, segundo o ano de recenseamento - BRASIL - 1980/2000

18,6

104,6

364,7

75,8

539,6

020406080

100120140160180200220240260280300320340360380400420440460480500520540

Católicos NãoPentecostais

Pentecostais OutrasReligiões

SemReligião

(%)

1980/2000Fonte: IBGE/DPE - Censo Demográfico de 1980 e 2000

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2

vem pregando um modelo de Estado mínimo, onde os serviços sociais básicos passaram para

a alçada da iniciativa privada.

Esse novo paradigma sociopolítico, além de criar o consumo exclusivo desse bem básico, uma

vez que eles são oferecidos, pela iniciativa privada, quando os mesmos devem ser oferecidos

pelo Estado não possuem qualidade, o que acaba criando uma certa degeneração social.

O desemprego, vem acarretando inúmeras transformações socioespaciais nos últimos tempos,

como a solidão urbana (pois é cada vez mais difícil a manutenção de uma relação afetiva

devido às carências sociais), e, como conseqüência, as crises existenciais.

É, todavia, nesse cenário, que surge o evangelismo pentecostal, que por ora não tem nenhuma

relação com o protestantismo cristão, ocorrido no século XVI com as “95 teses de Lutero”,

que vieram a marcar o início da Reforma, seguido das “Institutas” de Calvino, ao qual

denominamos de protestantismo clássico.

O evangelismo pentecostal tem sua origem nos Estados Unidos da América, e sua doutrina foi

exportada para a América Latina (no Brasil, chegou no fim da primeira década do século

passado), para trazer, dentre outras, esperança, sentido para uma população carente das

necessidades mais básicas que o indivíduo possa precisar para que sua existência tenha

continuidade nesse contexto social que chamamos de Mundo.

As denominações cristãs evangélicas pentecostais vêm atraindo muitas pessoas para elas.

Pessoas oriundas de religiões tradicionais, como é o caso de dona Flor Pereira dos Santos1,

que conta: "Eu nasci uma pessoa, não sei se era católica. Eu vim entender que era católica

quando tinha mais ou menos cinco anos, quando minha avó me ensinou a rezar o Pai Nosso e

a Ave Maria. Eu me tornei rezadeira. O padre aqui era eu. Mas hoje eu sou evangélica, em

nome de Jesus, e não vou sair nunca"2.

Note que dona Flor disse: "...hoje eu sou evangélica...". "... as palavras evangélico e

protestante são permutáveis. A palavra evangélico é, desde o início, mais usada e preferida"

1 Dona Flor, rezadeira, nascida em Alto Paraíso - Goiás, hoje, reside atrás da Igreja Católica que ajudou a construir. 2 Entrevista concedida ao repórter Ismar Madeira, do Globo Repórter, exibido em 13/06/2003 pela TV GLOBO.

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3

entre os protestantes. Entretanto, "a palavra protestante é às vezes empregada pelos escritores

católicos romanos, mas nunca pelos próprios protestantes." Hahn (1989:16). Dessa forma, em

algum momento, o leitor poderá se deparar com esse ou aquele vocábulo.

Assim como dona Flor, o próprio pastor da igreja que ela freqüenta também era católico.

Podemos acrescentar a essa lista de prosélitos alguns nomes conhecidos do meio artístico, tais

como: Nelson Ned, Vanderley Cardoso, Mara Maravilha, Sara Sheeva, filha dos cantores

Pepeu Gomes e Baby do Brasil, que também já se converteu sob a influência da filha, dentre

outros.

Assim como eles, outras tantas pessoas que se diziam a-religiosas, ou que nunca tinham antes

sido adepto de alguma religião. Pessoas marcadas por diversos tipos de carência, constituindo

uma verdadeira transformação espaço-social, devido a essa grande mobilidade.

Esse fenômeno não é uma peculiaridade somente do Município de São Gonçalo. Já é

generalizado em todo o País3. Entretanto, é nas regiões mais carentes de infra-estrutura básica

que ele é mais expressivo e atuante.

Tudo indica que essa mobilidade dos habitantes de São Gonçalo para essas denominações

cristãs nada mais é do que a busca de sentido num ambiente marcado pela pobreza e

desigualdade social, e como conseqüência da degeneração da infra-estrutura básica do

Município.

Cumpre esclarecer que o presente trabalho não envolve nenhum debate das inúmeras

correntes de pensamento teológico e/ou antropológico e/ou filosófico sobre religião. O que o

nosso estudo pretende é dar sua contribuição quanto à apreensão da inserção e difusão desse

grupo religioso em São Gonçalo, que em tão pouco tempo começou a despontar na mídia,

como sendo um dos fenômenos sociais mais expressivos do fim do século passado, que é o

evangelismo pentecostal. Quanto ao uso da mídia, em sua obra Mariano assim define:

“ A razão pela qual se investe tantos recursos na compra de emissoras de rádio é óbvia: sua eficácia proselitista associada à grande audiência desse veículo de

3 Cerca de 26%, de acordo com o IBGE/Censo Demográfico de 2000.

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4

comunicação nos lares dos estratos mais pobres da sociedade, justamente os mais propensos ou suscetíveis à conversão pentecostal.” Mariano (1999:68)

O presente trabalho foi inspirado a partir de Azevedo, 2001. Entretanto, o mesmo procura se

alinhar, parcialmente, sob o olhar da abordagem metodológica e objetivo, na mesma

perspectiva do trabalho de Machado, 1992, bem como o trabalho mais recente de Jacob, 2003.

Um dos motivos que também nos levou a realizar este estudo foi o da observação empírica.

Passei a observar sob o olhar curioso de pesquisador o surgimento de templos e igrejas

protestantes, sem a devida contrapartida das demais igrejas. "...Sua difusão tem se dado

incessantemente, chamando a atenção não só de curiosos e pesquisadores, como também do

poder público, da classe política e empresarial e das Igrejas Tradicionais , principalmente da

Igreja Católica." Machado (1992:4)

Esse crescimento preocupa também os intelectuais que de um lado tentam entender e explicar

tal situação sob diferentes óticas o porquê desse fenômeno religioso, bem como a Igreja

Católica, que de outro lado vem procurando novas táticas e métodos estratégicos, para conter

o avanço do evangelismo pentecostal.

Acreditamos que a Igreja Católica nunca demonstrou preocupação com uma possível evasão

de adeptos; entretanto, hoje, diante de tão visível situação, ela tem pressa, pressa em reverter

ou conter essa situação. Haja vista os padres cantores, a exemplo o padre Marcelo Rossi e

outros que através de suas missas cantadas, musicadas e descontraídas paralelamente

procuram arregimentar e conquistar o maior número de adeptos para o cristianismo católico.

Acerca disso, o repórter Sérgio Chapelin assim descreve: "Pelos surpreendentes caminhos da

fé brasileira - católicos por formação e tradição, estamos assistindo ao aparecimento de

novas religiões e crenças. O que elas pregam? Como o Brasil se tornou o país da tolerância

religiosa?".

"A Chapada dos Veadeiros, no coração do Brasil, em Alto Paraíso de Goiás, é um exemplo

típico da tolerância religiosa, é refúgio dos dois grupos que mais crescem, segundo a pesquisa

de religiosidade do IBGE: os evangélicos e os sem-religião." (Globo Repórter, 11/07/2003).

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5

Lá, também, além dos católicos e dos sem religião os hippies e os místicos dentre outros

convivem sem conflito com novas igrejas evangélicas, que, apesar de estarem na mesma

cidade, cada um vive um mundo diferente. (idem).

O presente trabalho está composto por cinco partes, inclusive esta primeira que é introdutória.

No Capítulo 1, fazemos um levantamento do protestantismo como um todo, desde a época do

nascimento, filiação e afastamento da igreja católica do criador da reforma protestante –

Martinho Lutero, até a chegada da família real portuguesa ao Brasil e daí até os dias atuais. O

Capítulo 2 – Começamos fazendo uma abordagem comparativa entre os três níveis regionais:

município, região metropolitana e Estado – Unidade da Federação, até a construção das

variáveis demográficas, sociais e econômicas, inerentes ao levantamento do perfil desses

religiosos em São Gonçalo. O Capítulo 3 – define as áreas núcleo e periférica da região

metropolitana e do município e a partir daí começa a construção e análise da distribuição

dessa população religiosa, através dos mapas cloropléticos. Por fim, nas considerações finais

serão abordadas as conclusões pertinentes a cada capítulo, bem como o nosso ponto de vista

geral.

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X

Aspectos Sociais ............................................................................................................ 47

Nupcialidade ............................................................................................................. 48

Casados ................................................................................................................ 48 Descasados ........................................................................................................... 48 Solteiros ................................................................................................................ 48

Educação ................................................................................................................... 50

Taxa de analfabetismo ......................................................................................... 50 Anos de estudo ...................................................................................................... 51

Famílias .................................................................................................................... 53

Tradicional ........................................................................................................... 53 Unipessoal ............................................................................................................ 54

Aspectos Econômicos ................................................................................................... 55

Taxa de crescimento da PEA .................................................................................... 55 Taxa de atividade ...................................................................................................... 55 Taxa de desemprego ................................................................................................. 56 Taxa de ocupação ..................................................................................................... 57 Rendimento total ....................................................................................................... 58

III - O PROTESTANTE PENTECOSTAL E O TERRITÓRIO URBANO ................. 65

A magnitude evangélica pentecostal em são Gonçalo ....................................................... 65 Metodologia ........................................................................................................................ 67 Área de estudo .................................................................................................................... 68 Características das áreas de estudo ................................................................................... 70 A dinâmica socioespacial em São Gonçalo ....................................................................... 73 Análise espacial das condições socioeconômicas .............................................................. 76

COMENTÁRIOS FINAIS ...................................................................................................... 92 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 95

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição da população em valores absolutos por religião, segundo o ano de recenseamento (em milhões) Brasil – 1980 – 1991 – 2000 ........................................... 26

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XI

Tabela 2 – Distribuição relativa (%) da população por religião, segundo o ano de recenseamento - Brasil – 1980 – 1991 – 2000 ............................................................... 28

Tabela 3 – Taxa média geométrica de crescimento anual da população por religião, segundo o

ano de recenseamento, em percentual – Brasil – 1980 – 1991 – 2000 .......................... 29 Tabela 4 – Índice percentual da população, por religião, segundo o ano de recenseamento -

Brasil – 1980 – 1991 – 2000 .......................................................................................... 31 Tabela 5 – Taxa de crescimento relativo por sexo e religião, segundo os grupos de idade – São

Gonçalo – 1991/2000 ..................................................................................................... 45 Tabela 6 – Taxa de crescimento relativo das pessoas de 5 anos e mais de idade por anos de

estudo, segundo o sexo e a religião - São Gonçalo – 1991/2000 .................................. 53 Tabela 7 – Taxa de crescimento relativo das pessoas economicamente ativas, por sexo,

segundo a religião – São Gonçalo – 1991/2000 ............................................................ 55 Tabela 8 – Taxa de crescimento relativo das pessoas ocupadas de 10 anos e mais de idade, por

sexo, segundo a religião – São Gonçalo – 1991/2000 ................................................... 58 Tabela 9 – Taxa de crescimento relativo das pessoas ocupadas de 10 anos ou mais de idade,

por religião e sexo, segundo as classes de renda total mensal per capita – São Gonçalo – 1991/2000 ...................................................................................................................... 60

Tabela 10 – Proporção da população por religião, segundo o distrito de residência – São

Gonçalo - 2000 .............................................................................................................. 69

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – População em valores absolutos (em milhões) por religião, segundo o ano de recenseamento – Brasil – 1980/1991/2000 .................................................................... 27

Gráfico 2 – Distribuição relativa (%) da população por religião, segundo o ano de

recenseamento – Brasil – 1980/1991/2000 .................................................................... 28 Gráfico 3A – Taxa média geométrica de crescimento anual em percentual, das pessoas por

religião, segundo o ano de recenseamento – Brasil – 1980/1991/2000 ......................... 30 Gráfico 3B – Taxa média geométrica de crescimento anual em percentual, das pessoas por

religião, segundo o ano de recenseamento – Brasil – 1980/2000 .................................. 30 Gráfico 4A – Índice de crescimento relativo das pessoas por religião, segundo o ano de

recenseamento – Brasil – 1980/1991/2000 .................................................................... 32

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XII

Gráfico 4B – Índice de crescimento relativo da população por religião, segundo o ano de recenseamento – BRASIL – 1980/2000 ........................................................................ 32

Gráfico 5 – População por região de residência, segundo a religião - 1991 e 2000 ............... 38 Gráfico 6 – Razões de sexo por religião – São Gonçalo 1991/2000 ....................................... 42 Gráfico 7 – Distribuição relativa da população masculina por religião, segundo os grupos de

idade – São Gonçalo – 1991/2000 ................................................................................. 44 Gráfico 8 – Distribuição relativa da população feminina por religião, segundo os grupos de

idade – São Gonçalo – 1991/2000 ................................................................................. 44 Gráfico 9 – Distribuição da população por sexo e religião, em percentual, segundo a cor/raça

– São Gonçalo – 1991/2000 ........................................................................................... 47 Gráfico 10 – Taxa de crescimento relativo da população masculina de 10 anos e mais de idade

por religião e estado civil - São Gonçalo – 1991/2000 .................................................. 49 Gráfico 11 – Taxa de crescimento relativo da população feminina de 10 anos ou mais de idade

por religião e estado civil - São Gonçalo – 1991/2000 .................................................. 49 Gráfico 12 – Distribuição relativa das pessoas analfabetas de 15 anos ou mais de idade por

religião, segundo o sexo - São Gonçalo – 1991/2000 ................................................... 50 Gráfico 13 – Proporção dos homens de 5 anos ou mais de idade por anos de estudo, segundo a

religião – São Gonçalo .................................................................................................. 52 Gráfico 14 – Proporção das mulheres de 5 anos ou mais de idade por anos de estudo, segundo

a religião – São Gonçalo – 1991/2000 ........................................................................... 52 Gráfico 15 – Proporção de famílias com mais de uma pessoa, por sexo e religião da pessoa de

referência – São Gonçalo – 1991/2000 .......................................................................... 54 Gráfico 16 – Proporção das unidades familiares unipessoais por sexo e religião da pessoas de

referência – São Gonçalo – 1991/2000 .......................................................................... 54 Gráfico 17 – Taxa de atividade por sexo e religião – São Gonçalo ........................................ 56 Gráfico 18 – Taxa de desemprego das pessoas de 10 anos e mais de idade, por sexo e religião

– São Gonçalo – 1991/2000 ........................................................................................... 57 Gráfico 19 – Taxa de ocupação das pessoas de 10 anos e mais de idade por sexo e religião –

São Gonçalo – 1991/2000 .............................................................................................. 57 Gráfico 20 – Proporção das pessoas católicas apostólicas romanas, ocupadas, de 10 anos e

mais de idade, por sexo e religião, segundo a classe de renda total e mensal em salário mínimo – São Gonçalo – 1991/2000 ............................................................................. 59

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XIII

Gráfico 21 – Proporção das pessoas evangélicas pentecostais, ocupadas, de 10 anos e mais de idade, por sexo e religião, segundo a classe de renda total mensal em salário mínimo – São Gonçalo – 1991/2000 .............................................................................................. 59

Gráfico 22 – População evangélica pentecostal por denominação, em percentual – São

Gonçalo – 2000 .............................................................................................................. 75 Gráfico 23 – Proporção da população ocupada de 10 anos ou mais de idade, por religião,

segundo a ocupação – São Gonçalo – 2000 .................................................................. 85

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Fórmula da Taxa Média Geométrica de Crescimento ........................................... 29

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Perfil socioeconômico do católico apostólico romano, valores em percentual – São Gonçalo – 2000 ....................................................................................................... 61

Quadro 2 – Perfil socioeconômico dos evangélicos pentecostais, valores em percentual – São

Gonçalo – 2000 .............................................................................................................. 62 Quadro 3 – População evangélica pentecostal total e sua respectiva distribuição percentual por

sexo, segundo a igreja/denominação que freqüenta – São Gonçalo – 2000 .................. 74

ÍNDICE DE CARTOGRAMAS

Cartograma 1 – Divisão político-administrativa (Distritos) – Distribuição proporcional da população total em percentual – São Gonçalo – 2000 ................................................... 69

Cartograma 2 – População católica apostólica romana – Proporção de pessoas por setor

censitário – São Gonçalo – 2000 ................................................................................... 71 Cartograma 3 – População cristã evangélica pentecostal – Proporção de pessoas por setor

censitário – São Gonçalo – 2000 ................................................................................... 72 Cartograma 4 – População católica apostólica romana – Anos mediano de estudo por setor

censitário – São Gonçalo – 2000 ................................................................................... 76

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XIV

Cartograma 5 – População cristã evangélica pentecostal – Anos mediano de estudo por setor censitário – São Gonçalo – 2000 ................................................................................... 78

Cartograma 6 – População católica apostólica romana – Extrema pobreza ou indigência por

setor censitário – São Gonçalo – 2000 .......................................................................... 78 Cartograma 7 – População cristã evangélica pentecostal – Extrema pobreza ou indigência por

setor censitário – São Gonçalo – 2000 .......................................................................... 79 Cartograma 8 – População católica apostólica romana de 10 anos e mais de idade – Renda

mensal do trabalho principal per capita em salário mínimo por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .............................................................................................................. 81

Cartograma 9 – População protestante pentecostal de 10 anos e mais de idade – Renda mensal

do trabalho principal per capita em salário mínimo por setor censitário – São Gonçalo – 2000 ............................................................................................................................... 81

Cartograma 10 – Rendimento mensal do trabalho principal em salário mínimo – Chefes de

família católicos apostólicos romanos por setor censitário – São Gonçalo – 2000 ....... 82 Cartograma 11 – Rendimento mensal do trabalho principal em salário mínimo – Chefes de

família evangélicos pentecostais por setor censitário – São Gonçalo – 2000 ............... 82 Cartograma 12 – População branca católica apostólica romana de 10 anos ou mais de idade –

Renda mensal do trabalho principal em salário mínimo por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .............................................................................................................. 83

Cartograma 13 – População branca protestante pentecostal de 10 anos ou mais de idade –

Renda mensal do trabalho principal em salário mínimo por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .............................................................................................................. 83

Cartograma 14 – População negra católica apostólica romana de 10 anos ou mais de idade –

Renda mensal do trabalho principal em salário mínimo por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .............................................................................................................. 84

Cartograma 15 – População negra protestante pentecostal de 10 anos e mais de idade – Renda

mensal do trabalho principal em salário mínimo por setor censitário – São Gonçalo – 2000 ............................................................................................................................... 84

Cartograma 16 – Católicos apostólicos romanos de 10 anos e mais de idade – Taxas de

atividade por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .................................................... 86 Cartograma 17 – Protestantes pentecostais de 10 anos e mais de idade – Taxas de atividade

por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .................................................................... 86 Cartograma 18 – Católicos apostólicos romanos de 10 anos e mais de idade – Taxas de

ocupação por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .................................................... 87

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XV

Cartograma 19 – Protestantes pentecostais de 10 anos e mais de idade – Taxas de ocupação por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .................................................................... 87

Cartograma 20 – Católicos apostólicos romanos de 10 anos e mais de idade – Taxas de

desocupação/desemprego por setor censitário – São Gonçalo – 2000 .......................... 88 Cartograma 21 – protestantes pentecostais de 10 anos e mais de idade – Taxas de desocupação

/ desemprego – São Gonçalo – 2000 ............................................................................. 88

ANEXOS

Anexo 1 – Classificação da variável religião com seus respectivos códigos e nomes das categorias / religião, de acordo com o IBGE/Censo Demográfico de 1991 .................. 99

Anexo 2 – Classificação da variável religião com os respectivos códigos e nomes de acordo

com o IBGE/Censo Demográfico de 2000 .................................................................. 100 Anexo 3 - Classificação das pessoas ocupadas e desocupadas de acordo com o IBGE/Censos

Demográficos de 1991 e 2000 ..................................................................................... 106 Anexo 4 - Correlação linear entre a população do Estado do Rio de Janeiro, Região

Metropolitana e São Gonçalo, tendo como referência os grandes grupos de religião – 1991/2000 .................................................................................................................... 106

Anexo 5 – População absoluta e sua respectiva distribuição percentual por religião e ano de

recenseamento, segundo o sexo, o Estado do Rio de Janeiro e sua respectiva Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo – 1991/2000 ........................................ 107

Anexo 6 – População absoluta por religião e ano de recenseamento e sua respectiva

distribuição percentual, em função do Estado do Rio de Janeiro, segundo o sexo, a Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo – 1991/2000 ........................... 108

Anexo 7 – População absoluta por religião e ano de recenseamento e sua respectiva

distribuição percentual, em função da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo o sexo, a Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo – 1991/2000 ............ 109

Anexo 8 – População absoluta por religião e ano de recenseamento e sua respectiva

distribuição percentual, segundo o sexo, o Estado do Rio de Janeiro, sua Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo – 1991/2000 ........................................ 110

Anexo 9 – Taxa de crescimento relativo da população por religião, segundo o sexo, o Estado

do Rio de Janeiro, sua Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo – 1991/2000 .................................................................................................................... 111

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XVI

Anexo 10 – Taxa média anual de crescimento relativo por grandes grupos de religião, segundo o sexo, o Estado do Rio de Janeiro, sua Região Metropolitana e o Município de São Gonçalo – 1991/2000 ............................................................................................ 111

Anexo 11 – Distribuição percentual da população por grupo de religião, segundo o sexo – São

Gonçalo – 1991/2000 ................................................................................................... 112 Anexo 12 – Taxas de crescimento (%) relativo por religião, segundo o sexo – São Gonçalo –

1991/2000 .................................................................................................................... 112 Anexo 13 – Taxa de crescimento relativo por sexo e religião, segundo a cor ou raça – São

Gonçalo – 1991/2000 ................................................................................................... 112 Anexo 14 –Homens de 10 anos ou mais de idade, por religião e estado civil – São Gonçalo –

1991/2000 .................................................................................................................... 113 Anexo 15 – Mulheres de 10 anos ou mais de idade, por religião e estado civil – São Gonçalo –

1991/2000 .................................................................................................................... 113 Anexo 16 – Taxa de crescimento relativo das pessoas analfabetas de 15 anos ou mais de

idade, por religião, segundo o sexo – São Gonçalo – 1991/2000 ................................ 113 Anexo 17 – Taxa de crescimento relativo da família tradicional por sexo da pessoa de

referência, segundo a religião São Gonçalo – 1991/2000 ........................................... 114 Anexo 18 – Taxa de crescimento relativo da família unipessoal, por sexo da pessoa de

referência, segundo a religião – São Gonçalo – 1991/2000 ........................................ 114 Anexo 19 – Taxa de crescimento relativo das pessoas desocupadas de 10 anos e mais de idade

por sexo, segundo a religião – São Gonçalo – 1991/2000 ........................................... 114 Anexo 20 – Proporções e taxas percentuais da população, por religião e sexo, segundo o tipo

de indicador – São Gonçalo – 1991/2000 .................................................................... 115 Anexo 21 – Taxas de crescimento (%) relativo da população por religião, segundo o distrito

de moradia – São Gonçalo – 1991/2000 ...................................................................... 116 Anexo 22 – Quadro comparativo do número de setores censitários – São Gonçalo –

1991/2000 .................................................................................................................... 116 Anexo 23 – Relação de bairros por distrito – São Gonçalo .................................................. 117 Anexo 24 – Proporção da população evangélica pentecostal, em percentual, segundo a

unidade da federação - Brasil – 2000 ......................................................................... 118

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IV

Aos meus pais, ele in memoriam. Aos meus filhos Diana, Italmar, Igor e Luana aos quais deposito muita confiança. A Nilza Maria Corrêa, que, além de perseverante, desde 1989 cotidianamente, com muito carinho, paciência e sabedoria tem me acompanhado na laboriosa arte de viver.

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V

Quanto tempo temos Antes de voltarem

Aquelas ondas Que vieram como Gotas em silêncio

Tão furioso Derrubando homens Entre outros animais

Devastando a sede Desses matagais

Devorando árvores Pensamentos

Seguindo a linha Do que foi escrito Pelo mesmo lábio

Tão furioso E se teu amigo vento

Não te procurar É porque multidões

Ele foi arrastar

(Zé Ramalho)

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VI

Agradecimentos Antecipadamente, gostaríamos de nos desculpar perante aquelas pessoas a quem porventura nós tenhamos omitido seus nomes nesta lista; A lista de agradecimentos é grande; todavia, gostaria inicialmente de agradecer a DEUS, por me permitir nascer, estar vivo e me ajudar a vencer mais uma etapa de minha vida, apesar de alguns percalços; À instituição IBGE tão bem representada por Luiz Antonio Pinto de Oliveira e Paulo Roberto Voss Gen Rudolphi, que me incentivaram a aproveitar a oportunidade que a mim me foi propiciada para uma melhor qualificação pessoal, intelectual/profissional para o desempenho de minhas funções e atividades junto a essa casa; Ao corpo docente do programa de Mestrado da ENCE, bem como ao pessoal da parte administrativa; A Diana Rodrigues Oliveira (filha), Michelle Rodrigues Costa Ferreira (sobrinha) e Elisa Lustosa Cailleaux (colega de trabalho), por me ajudarem nas traduções do inglês para o português e vice-versa; À minha colega do IBGE Nilza de Oliveira Martins Pereira, que sempre mui atenciosamente me deu as dicas de: composição das religiões, elaboração de gráficos, estatísticas etc.; Ao meu professor Mauro Pereira de Mello e minha colega da DGC/DECAR Mariléa Ferreira Melo por me ajudarem nas dicas e tratamento dos arquivos de base geográfica; Ao colega Antonio de Ponte Jardim pelas incansáveis dicas metodológicas, técnicas e bibliográficas; Ao Salvador Alberto Rocha de Azevedo, ex-ibgeano, hoje oficial do Exército brasileiro, pela doação de material bibliográfico que me serviu, para despertar o interesse pelo tema bem como de fonte de pesquisa; A João Raposo Belchior, que muito gentilmente atendeu minhas solicitações para dirimir dúvidas, em especial do Atlas GIS, e também pelas dicas e palavras incentivadoras; À Profa Dora Rodrigues Hees, por disponibilizar fonte bibliográfica de sua autoria junto à nossa biblioteca do IBGE e indicação de material bibliográfico e sugestão de membro da banca examinadora; Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Alkmim dos Reis, orientador deste trabalho, e que desde o início deu todo apoio para a concretização do mesmo. Não somente suas críticas e sugestões foram importantes, mas sua credibilidade e amizade foram de fundamental importância;

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VII

Ao Prof. Dr. Cesar Ajara que, transmitindo palavras de sabedoria devido a sua experiência acadêmica, nos deu um certo conforto aceitando nosso convite para participar da banca examinadora, sem nenhuma objeção. Com ele, tivemos a oportunidade de convivermos juntos em salas de aula e pelos corredores da faculdade, durante o correr do curso, onde tão sabiamente transmitia seus conhecimentos aos nossos ouvidos cheios de sede do saber. À Profa Dra Clara Cristina Jost Mafra, que por indicação da Profa Dora R. Hees aceitou nosso convite como membro da banca. Tenho a relatar que, infelizmente, não tivemos a oportunidade e o prazer de conhecê-la há mais tempo para troca de informações. Entretanto, vale ressaltar que sua indicação bibliográfica foi de suma importância; Ao Márcio Antonio Cunha, pelas incessantes palavras de incentivo, e a Tereza Cristina pelas dicas e indicações bibliográficas; A Neivaldo Valter Salvadori que graças à sua grande experiência como revisor de textos, gentilmente, deu sua prestimosa contribuição revisando nosso trabalho; Aos bibliotecários, Odicéa Arantes Matos e Johnson Brito de Lima que tão gentilmente não só atendiam nossos pedidos de consultas bibliográficas quanto da revisão da bibliografia e elaboração da ficha catalográfica; A todos aqueles colegas de trabalho que de forma direta ou indiretamente nos deram apoio e incentivo, bem como aos meus colegas/companheiros de curso de mestrado, não só pelos incentivos e críticas como também pelo carinho e paciência que tiveram conosco e pela oportunidade de novos laços de amizade.

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II

Ministério do Planejamento e Orçamento

Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE

Reconhecida pelo Decreto n0 51.163, de 08.08.61, publicado no D. O. de 16.08.61

A TERRITORIALIDADE EVANGÉLICA-PENTECOSTAL:

UM ESTUDO DE CASO EM SÃO GONÇALO - RJ

Aluno: Italmar Santos Oliveira

Dissertação submetida ao corpo docente do programa de Pós-Graduação / Mestrado da ENCE, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais - Produção e Análise da Informação Geográfica.

APROVADA:

Prof.

Dr. Antonio Carlos Alkmim dos Reis (Presidente da Banca)

Profa

Dra Clara Cristina Jost Mafra Prof.

Dr. Cesar Ajara

Rio de Janeiro - RJ, 18/03/2005

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