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A ÉTICA NUMA ESCOLA PÚBLICA DE TEMPO INTEGRAL.................................................................... 997 HORA DO CONTO”: FORMANDO LEITORES NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .......................................................................................................................................................................... 1001 BRINQUEDOTECA HOSPITALAR E A ATIVIDADE DO PEDAGOGO NO SETOR DE PEDIATRIA... 1005 CONSTRUÇÃO DO PORTFÓLIO VIRTUAL, COM USO DO “MOODLE” (APRENDER) NA PÓS– GRADUAÇÃO. ................................................................................................................................................ 1008 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL............................................................................................................................. 1010 TÉCNICAS DE CONTAR HISTÓRIAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES .......................................................................................................................................................................... 1014

A Ética numa escola pública de tempo integral

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A ÉTICA NUMA ESCOLA PÚBLICA DE TEMPO INTEGRAL.................................................................... 997

HORA DO CONTO”: FORMANDO LEITORES NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.......................................................................................................................................................................... 1001

BRINQUEDOTECA HOSPITALAR E A ATIVIDADE DO PEDAGOGO NO SETOR DE PEDIATRIA... 1005

CONSTRUÇÃO DO PORTFÓLIO VIRTUAL, COM USO DO “MOODLE” (APRENDER) NA PÓS–GRADUAÇÃO. ................................................................................................................................................ 1008

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL............................................................................................................................. 1010

TÉCNICAS DE CONTAR HISTÓRIAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES.......................................................................................................................................................................... 1014

A ÉTICA NUMA ESCOLA PÚBLICA DE TEMPO INTEGRAL

Isis Regina de Freitas Scarcelli Orientador: Profº. Dr. Levino Bertran

Instituição: UNOESTE – Presidente Prudente SP. Endereço do autor: R. Comandante Antenor Pereira, nº 33 – Pres. Venceslau SP. e-mail: [email protected]ção de fomento: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

Palavras-chave: Ética, Oficina, Tema.

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Há vinte anos trabalhando como educadora na escola pública do Estado de São

Paulo, a autora vivenciou a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -

LDBEN, lei nº 9.394/96, estudou os Parâmetros Curriculares Nacionais e o advento dos

Temas Transversais em 1998. Recebendo-os como uma inovação curricular que contribuiria

para a construção de uma nova realidade educacional frente às exigências da sociedade pós-

moderna.

Vivenciou todas as tentativas de implementação dos temas transversais e em

todas elas os referidos temas giraram em torno dos conteúdos das disciplinas curriculares

tradicionais, sem haver um avanço significativo na transversalidade. Talvez pelo fato dos

conteúdos atitudinais que envolvem valores e normas, não terem sido devidamente explorados

pelos professores, o trabalho com o tema transversal não se consolidou.

Diante das exigências da nossa sociedade, do modelo de família atual urbana,

onde os pais se ausentam do lar, as crianças vão muito novas à escola, é esta instituição que

passa a ser responsável não só pelo ensino, mas também pela proteção e educação de nossas

crianças.

A escola, por sua vez, passa pela mesma crise que a família atual, pois

enquanto escola-conteúdo, sob o paradigma cartesiano, baseado no aprendizado de

disciplinas e na memorização de regras, pura e simples, não consegue mais preparar o ser

humano para vida cotidiana do século XXI com seus desafios e exigências.

Sem mencionar o crescimento paralelo entre a miséria de muitos e a tecnologia

e o conhecimento para poucos nessa sociedade pós-moderna. Portanto se faz mister ensinar às

nossas crianças e jovens os valores: do respeito à lei, ao bem e à vida, superar os paradigmas

fundados na visão industrialista predatória, antropocêntrica e desenvolvimentista que estão

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esgotando os recursos naturais, atendendo primeiramente as necessidades do capital e depois

às necessidades humanas.

Diante do exposto, há que se pesquisar o fazer dos conteúdos atitudinais nas

Escolas de Tempo Integral implementadas em 2006, pois em sua organização curricular, além

de manter o currículo básico do Ensino fundamental, enriquece-os com procedimentos

metodológicos inovadores, oferecendo novas oportunidades de aprendizagens em suas

oficinas curriculares.Na oficina curricular de Filosofia o eixo temática “Ética” tem como

objetivo: “Educar e cuidar da construção da imagem positiva do aluno. Promover a cultura da

paz pelo desenvolvimento de atitudes de auto-respeito, respeito mútuo, solidariedade, justiça e

diálogo”. Portanto, a Ética que era antes um tema transversal, passa a ser o objeto de estudo

da Oficina de Filosofia.

A Oficina é, portanto, um campo excelente para a pesquisa que se quer efetuar.

Tendo como:

OBJETIVO

A verificação da influência da oficina curricular de Filosofia e sua proposta

para a formação cidadã do aluno. Bem como identificar quais espaços e os tipos de relações

que estão sendo criados na Escola de Tempo Integral, que garantem a reflexão crítica

necessária a fim de encorajar os demais professores a investirem na explicitação do tema

Ética tornando-o, verdadeiramente ,transversal para assim impregnar definitivamente as

práticas pedagógicas.

Podendo responder significativamente à seguinte problemática:

PROBLEMA

Até que ponto a Oficina de Filosofia contribui para a formação ética e cidadã dos

alunos?

Bem como outras indagações que se desdobram do problema acima

apresentado:

• Como são abordados os conteúdos atitudinais nessa Oficina?

• Quais os resultados observados no comportamento dos alunos? Eles

conseguem discutir e refletir o que aprendem nessa oficina em outras situações

de sala de aula?

• E ainda: qual a influência dessa oficina nos demais componentes curriculares

destacando o trabalho com o mesmo tema transversal?

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METODOLOGIA

Partindo dos estudos dos pressupostos teóricos delineia-se a pesquisa como Estudo de

Caso. Para tanto serão utilizados os instrumentos abaixo relacionados, atendendo assim a um

dos princípios básicos do Estudo de Caso de sempre se utilizar mais de uma técnica de coleta

de dados:

1. Entrevistas não estruturadas com 08 professores da 8ª série e 10 alunos sendo

05 da 8ª série e 05 alunos 1ª série do E.Médio.

2. Observação dos sujeitos e do ambiente escolar e depoimentos dos mesmos.

3. Análise documental de : produções dos alunos, do Projeto Político Pedagógico,

dos Planos de ensino, da legislação referente às diretrizes curriculares para a

Escola de Tempo Integral. Análise do perfil do profissional docente para o

ensino na oficina de Filosofia, bem como os demais professores da base

curricular da classe em questão.

Portanto de acordo com a natureza dos dados a pesquisa será qualitativa. Pois haverá

análise e interpretação dos dados, do processo ensino-aprendizagem da Ética na oficina e

demais disciplinas curriculares.

Pela interpretação dos significados constituir o foco que dá sentido ao trabalho e

buscar o movimento de compreensão da essência do fenômeno desvelando o que está além

da aparência, a pesquisa será desenvolvida sob o enfoque da Fenomenologia, havendo a

utilização da hermenêutica para análise dos dados. Visto que a hermenêutica abrange métodos

de interpretação, de análises e de síntese com elaboração própria do investigador de tudo o

que tenha significado: não apenas de dados obtidos nos documentos, nas entrevistas e

depoimentos, mas também da análise da ação humana e das várias características da cultura e

da sociedade.

CONCLUSÃO

Pelo fato da pesquisa estar em andamento, não há como registrar resultados ou

conclusões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES-MAZZOTTI, A. J. ;GEWANDSZNADJER F. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998. ARAUJO, Ulisses F. Os direitos humanos na sala de aula – a ética como tema transversal– São Paulo: Moderna, 2001. BOEMER, Magali R. A condução de estudos segundo a metodologia de investigação fenomenológica” – Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto, 1994 - vol.2 – nº1

999

BOGDAN, R. e BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Editora, 1994. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Temas Transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998. CHAUI, Marilena, Convite à Filosofia – São Paulo: Ed. Ática, 1995.DUSSEL, Enrique. Ética da libertação na idade a globalização e da exclusão. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 24ª. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. _____________. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. GARDNER, Howard. O Verdadeiro, O Belo e o Bom: Os princípios básicos para uma nova educação. – Rio de Janeiro – RJ. 1999. HALL, Stuart. A identidade Cultural na pós-modernidade. 11ª edição – Rio de Janeiro: DP&A,2006. IMBERNÓN, Francisco, org.: A educação no século XXI. Os desafios do futuro imediato.– 2 ed. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000 MORIN, Edgar: Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001 ____________. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. 4.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. REGIS de MORAIS, J.F. O que é ensinar. São Paulo: Pedagogia e Universitária, 1986. RIOS, Terezinha Azevedo. Compreender e ensinar: por uma docência de melhor qualidade. 4. edição. São Paulo: Cortez, 2003. _____________________.Ética e competência. São Paulo, Cortez, 2001 SAVIANI, Demerval. Educação, do senso comum à consciência filosófica. 14 ed. Campinas: Autores Associados, 2002. VAZQUEZ, Adolfo Sáchez. Ética. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2006.

1000

HORA DO CONTO”: FORMANDO LEITORES NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Marcia Adriana Jorge

Thays Aparecida Tralback Profª. Drª. Renata Junqueira de Souza

FCT – UNESP de Presidente Prudente Apoio: CELLIJ, Núcleo de ensino e Proex. [email protected]@hotmail.com Palavras-chaves: Literatura infantil, leitura e hora do conto.

Este trabalho refere-se ao projeto de incentivo a leitura e de formação de leitor,

denominado “Hora do Conto”, desenvolvido no CELLIJ (Centro de estudos em leitura e

literatura infantil e juvenil “Maria Betty Coelho Silva”), localizado FCT – UNESP Campus de

Presidente Prudente.

As atividades são realizadas por alunas do curso de pedagogia da FCT – UNESP e

coordenadas pela Profª. Drª. Renata Junqueira de Souza. O espaço é aberto para as escolas

públicas e particulares de Ensino Infantil e Fundamental da cidade de Presidente Prudente e

região. Estas agendam horários e trazem seus alunos para, durante a “Hora do Conto”,

vivenciarem um pouco da magia da literatura infantil.

A realização desse trabalho é justificada pela realidade brasileira onde as crianças e a

população em geral não possuem o hábito da leitura. É notório o pouco incentivo que se tem

a leitura/literatura infantil na escola, a maioria dos professores não as realizam e quando o

fazem ligam-nas a exercícios mecânicos e desinteressantes, desta forma as crianças

geralmente as vêem como algo chato, cansativo que não proporciona o prazer e que, portanto

deve ser realizado somente com o intuito de obtenção de nota ou preenchimento de fichas.

Acredita-se no importante papel desenvolvido pela leitura/literatura infantil na

formação da criança, no seu aprendizado, desenvolvimento, capacidade de reflexão, de

interpretação do mundo e das informações transmitidas pelos meios de comunicação. A

leitura possibilita a inserção do indivíduo na sociedade bem como a satisfação das suas

necessidades amplas (afetiva, social, estética...).

Contudo, a leitura envolve não apenas o eu do leitor, isto é, suas concepções,

valores, ideais, mas também o que lhe é externo, que está a sua volta, seu contexto social e a

sua realidade. A Literatura Infantil é muito importante

1001

“... como elemento integrador da personalidade e como auxiliar imprescindível ao desenvolvimento da mente da criança amplia-lhes o universo, estimulando sua imaginação e proporcionando um melhor conhecimento do mundo e de si mesmo”. (Dinorah, 1987 p.51).

Assim, o objetivo do projeto é formar leitores assíduos e críticos, que tenham a

partir da leitura capacidade de sonhar, viajar e imaginar. Dentre os principais objetivos podemos destacar:

Incentivar o uso da Literatura Infantil como elemento essencial para a

formação do “leitor mirim”;

Estimular o trabalho com a oralidade no texto literário, aproveitando o

universo infantil para as várias possibilidades de leitura;

Disseminar e multiplicar as metodologias para formação do leitor;

Expandir as formas de interpretação de textos escritos para diferentes

campos de linguagem (teatro, artes plásticas, música, cinema, etc.).

O trabalho desenvolvido com as crianças das séries iniciais do ensino fundamental

envolve dois momentos:

- A preparação das atividades a serem vivenciadas na “Hora do Conto”;

- Vivência das atividades.

Para que a execução do trabalho seja possível, seguimos alguns passos

fundamentais:

1º- Escolha da história: Está ligada ao interesse dos ouvintes e sofre variações

quanto ao sexo, faixa etária e classe social. Quanto ao sexo as meninas preferem livros de

romance, histórias familiares e animais domésticos, já os meninos gostam de livros de

aventura, ação, viajem e exploração.

Com relação a faixa etária Coelho (2002), ressalta diferenças no gosto das

crianças, classificando os pertencentes as séries iniciais do ensino fundamental como

integrantes da fase que denomina de Escolar – onde elas gostam de histórias da fase anterior

(de enredo mais simples), mas também de encantamento, contos de fadas com enredo mais

elaborado e já começam a demonstrar um senso crítico. Segundo a autora as crianças das

seguintes faixas etárias têm tais preferências:

- 7 anos: Histórias de crianças, animais e encantamento, aventuras no ambiente

próximo: família, comunidade e Histórias de fadas;

- 8 anos: Histórias de fadas com enredo mais elaborado e histórias humorísticas;

- 9 anos: Histórias de fadas e histórias vinculadas à realidade;

-10 anos em diante: Aventuras, narrativas de viagens, explorações, invenções;

fábulas, mitos e lendas.

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De acordo com a classe social é preciso considerar o grupo do qual a criança

pertence, bem como contar-lhes histórias que sejam compreensíveis. A literatura/leitura é

forma de conhecimento, mas deve estabelecer uma relação mínima com a vida e o cotidiano

da criança, para que possibilite um maior entendimento.

2º- Escolha da técnica: diante de suas características e peculiaridades cada

história requer uma técnica de contação específica, dentre as várias técnicas podemos

destacar:

- Simples narrativa: mais antiga de todas as técnicas, não requer o uso de nenhum

acessório, somente da voz e a expressão do narrador;

- Simples narrativa com o auxílio do livro: Recomendada para histórias onde as

ilustrações são chamativas e complementam o texto, sendo assim indispensável para a

compreensão;

- Simples narrativa com gravura (livro ampliado): Utilizada para histórias com

ilustrações pequenas e de difícil visualização, mas que são importantes para a compreensão;

- Simples narrativa com flanelógrafo: Histórias que têm muito movimento de

personagens que saem e entram em cena a todo o momento;

- Simples narrativa com interferência do ouvinte: Usa-se em histórias que trazem

músicas, adivinhas, repetições de forma que o leitor pode ter participação no conto.

3º- Estudo da história: faz-se um estudo atento da história para que o contador a

conheça muito bem, evitando erros no momento do conto. Este passo serve também para o

contador fazer algumas adaptações, como no vocabulário na história se for necessário;

4º- Discussão anterior à história: permite a contextualização da criança sobre o

assunto tratado na história e é também uma forma de aguçar sua curiosidade evitando

interrupções, pois é um momento onde os ouvintes têm o direito de se expressarem;

5º- Contação da história: No momento da “Hora do Conto”, o narrador deve

contar a história da forma mais criativa possível, transmitindo aquilo que ela quer passar e

envolvendo seu ouvinte;

6º- Discussão após a história: Faz-se um trabalho onde as crianças são

questionadas de forma a refletirem sobre as ideologias emanadas no texto e possibilitadas de

pensarem criticamente sobre as questões levantadas;

7º- Atividade artística: Propõe-se as crianças uma atividade de arte relacionada

com a história trabalhada, onde ela pode expressar seu entendimento e de forma particular a

sua reflexão.

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Acreditamos, pois no poder da leitura e da literatura e tal como Coelho (2002)

confiamos na possibilidade de despertar nas crianças e nos professores o gosto pelas mesmas.

A autora ainda relata que

... a história é importante alimento da imaginação. Permite a auto-identificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, ajuda a resolver conflitos, acenando com a esperança. Agrada a todos, de modo geral, sem distinção de idade, de classe social, de circunstância de vida. (p.12)

“A literatura não é como muitos supõem: um passa-tempo. É uma nutrição”.

(Meireles, 1984 p. 32) Segundo a autora, insiste-se muito na literatura, porque ela é o meio, o

caminho para a comunicação, “... é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar,

moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se

discute.” (p. 77) Ela ajuda na fraternidade e auxilia na compreensão. É “... uma linguagem

comum, um elo entre as raças e entre os séculos” (p. 79).

Contudo, percebemos um resultado muito satisfatório na execução deste trabalho.

Nos encontros que realizamos com as crianças notamos que elas se interessam muito pelas

histórias que são contadas e participam das atividades propostas, realizando-as com

entusiasmo.

Concluímos, portanto que o estímulo e o incentivo à leitura são indispensáveis

para a formação do gosto pela leitura, pois acreditamos que aquelas que recebem o incentivo

de pais, professores e amigos têm uma melhor capacidade de aprendizagem, de comunicação

e de se expressar, compreender e transformar o mundo que a cerca.

Referências Bibliográficas MEIRELES, Cecília. Problemas da literatura infantil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. SILVA, Maria Betty Coelho. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 2002. DINORAH, Maria. O livro na sala de aula. Porto Alegre: L e PM, 1987.

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BRINQUEDOTECA HOSPITALAR E A ATIVIDADE DO PEDAGOGO NO SETOR DE PEDIATRIA

PAES, Maria Lúcia Rodrigues; SILVEIRA, Elisângela Aparecida; ZANETTI, Kedma

Elisandra Orientadora: Profª Drª Andréia Cristiane Silva Wiezzel

Faculdade de Ciência e Tecnologia de Presidente Prudente-Unesp

Palavras-chave: Brinquedoteca Hospitalar; Pedagogo; Setor de Pediatria

Introdução

O Projeto de Extensão da Brinquedoteca Hospitalar, trata-se de uma parceria entre a

FCT-UNESP e o Hospital Estadual Odilo Antunes de Siqueira de Presidente Prudente, onde

as discentes do 1° ano de pedagogia atuaram de outubro de 2007 a março de 2008, realizando

visitas semanais às crianças hospitalizadas.

Todo hospital que ofereça atendimento pediátrico, em regime de internação, tem por

força de lei, a obrigação de contar com uma brinquedoteca hospitalar. A Lei Federal de

n°11.104 que trata da matéria é de autoria da Deputada Federal Luiza Erundina de Souza e

sancionada pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em 21 de março de 2005.

Essa é uma grande conquista, considerando que o brincar é uma forma de expressão e

comunicação, enfim, um direito que deve ser assegurado, independentemente da situação ou

lugar onde a criança se encontra. Mesmo o brincar não sendo uma atividade exclusiva da

criança, nesta fase da vida e no contexto histórico atual, ocupa um lugar de destaque.

Entre março de 2007 e outubro de 2007, foram feitas leituras de Winnicott,

Aberastury, sob a orientação da Profª Drª Andréia Cristiane Silva Wiezzel, para que

tivéssemos um embasamento teórico e preparo para estagiarmos no hospital, esses estudos

tiveram continuidade no decorrer das visitas hospitalares.

Justificativa

Esse projeto da Brinquedoteca Hospitalar vem beneficiar tanto os funcionários do

hospital, quanto as crianças, pois caso precisem ser internadas novamente, não verão o

hospital como uma ameaça. Facilita também, a aplicação dos medicamentos, aliviando um

pouco a tensão e o medo da criança. Os pais também se beneficiam, já que com a nossa

presença, as crianças se tornam menos agressivas, pois podem exteriorizar suas angústias e

agressividades através das atividades lúdicas.

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Objetivos

Levar alegria as crianças internadas na tentativa de amenizar as angústias, tristezas e

sofrimentos que elas enfrentam naquele momento.

Confirmar a importância da intervenção do pedagogo junto às crianças hospitalizadas

e contribuir com a nossa formação pessoal e profissional.

Material e Métodos

Utilizamos livros, tintas, bonecas, carrinhos, utensílios para montar casinha, animais,

papel, lápis de cor, diversos brinquedos e muita imaginação. Partimos sempre da necessidade

e da vontade da criança em brincar e com o quê brincar. Com as brincadeiras era possível

fazer com que a criança revivesse situações prazerosas que foram deixadas de lado devido à

internação.

Resultados

Dentro do hospital há uma brinquedoteca fixa, conforme estabelece a Lei. Fazíamos

atendimento no quarto somente quando não havia condições da criança sair para ir à

brinquedoteca. Também realizávamos atendimento em grupo quando havia muitas crianças

no ambulatório à espera da consulta.

As visitas eram, normalmente, feitas por mais de uma estagiária. Enquanto uma

brincava com a criança, a outra conversava com os pais.

Chegando ao hospital, íamos aos quartos conversar e perguntar se a criança tinha

interesse em brincar. Higienizávamos os brinquedos escolhidos pela criança e começávamos o

“maravilhoso mundo do faz de conta”, sempre atentas, atendendo aos desejos e necessidades

da criança.

Brincar, ou seja, fantasiar, imaginar, explorar, de acordo com Oliveira (2007), é uma

[...] atividade inerente ao comportamento infantil e indispensável ao processo de desenvolvimento, pode ser considerada como fonte de adaptação e instrumento de formação, manutenção e recuperação da saúde. Caracterizando-se pelo predomínio do prazer sobre o desprazer, do relaxamento sobre tensão e da espontaneidade sobre submissão à coerção, torna-se extremamente relevante em momentos críticos, como os vividos por uma criança no processo de internação. (Oliveira, 2007, p. 27).

Nesses seis meses de estágio no hospital atendemos cerca de 30 crianças, dificilmente

atendíamos uma criança mais de uma vez, pois no hospital as crianças internadas não

apresentavam uma doença grave, que necessitasse de uma longa internação.

1006

Já que havia um rodízio de estagiárias a criança era atendida todos os dias em que

permanecia no hospital, mas por estagiárias diferentes, daí a dificuldade de se criar vínculos.

Após as visitas semanais eram feitos os registros no banco de dados da brinquedoteca,

onde tínhamos supervisão da Mônica Idehara, ex-aluna do curso de pedagogia que está no

projeto desde o início.

Discussão

Descreveremos um relato de caso usando nomes fictícios para preservar a identidade

da criança, comprovando a eficácia das atividades lúdicas dentro de um hospital.

Ao chegar ao hospital, fomos ao quarto de Rick, de um ano e um mês, que passou por

uma cirurgia e após retornar para casa, teve reações alérgicas devido a um medicamento e por

isso estava internado novamente. Rick estava fazendo inalação, meio contrariado, mas ficou

tranqüilo com a nossa presença. E quando oferecemos os brinquedos ele foi logo pegando um

cavalinho, que puxando a sua cabeça para cima e para baixo ela se movimentava, o que

facilitou a aplicação da inalação.

Enquanto brincávamos a mãe colocou o celular no seu ouvido para que ele escutasse a

voz da avó, Rick se irritou com o celular, pois estava atrapalhando a nossa brincadeira. Ele

aceitou com alegria quando brincamos de esconder o rosto dele com a fralda e quando ele

tirava, nos achava, batia palminhas e pedia para batermos também. Fomos interrompidas pela

médica, juntamente com os estagiários. Percebemos na criança uma certa inquietação, puxou

o curativo e conseguiu arrancar um pedaço de micropore. Quando foram embora, pedia para

eu colar novamente. Ele começou a jogar o cavalinho no chão para que pegássemos, fez isso

várias vezes enquanto eles estavam no quarto. Logo que saíram, pegou a fralda novamente e

queria que continuássemos a brincadeira. A mãe permaneceu no quarto todo o tempo, mas à

distância, nos deixando à vontade para brincarmos. Rick começou a ficar com sono, e a mãe

lhe ofereceu o peito, que aceitou imediatamente, acariciando o rosto dela enquanto mamava.

Despedimo-nos e os deixamos para que Rick pudesse dormir. A criança nos pareceu mais

calma e receptiva aos cuidados maternos e dos médicos, percebemos então o quanto é

importante a brincadeira dentro de um hospital.

Conclusão

Com os estágios percebemos que a brincadeira tem uma eficácia na rotina hospitalar

da criança, é como se injetássemos uma boa dose de alegria nelas e nos pais que também se

interessavam e até criavam um vínculo maior com o seu filho (a). Levávamos alegria a elas na

1007

tentativa de amenizar as angústias, tristezas e sofrimentos que enfrentavam durante a

internação, confirmando assim, a importância da intervenção do pedagogo junto às crianças

hospitalizadas, contribuindo com a nossa formação pessoal, dando mais valor a vida e à

profissão, estudando conteúdos não vistos em sala de aula.

Referências Bibliográficas ABERASTURY, A. A Criança E Seus Jogos (2ª ed.), Porto Alegre: Artmed, 1992. OLIVEIRA, V. B. Brinquedoteca Hospitalar: isto é humanização. In: O lúdico na realidade hospitalar. Drauzio Viegas (organizador; Associação Brasileira de Brinquedotecas). Rio de Janeiro: Wak. 2007. p.27-32. WINNICOTT, D. W. A Criança E Seu Mundo (6ª ed.), Rio de Janeiro: LTC, 1982.

CONSTRUÇÃO DO PORTFÓLIO VIRTUAL, COM USO DO “MOODLE” (APRENDER) NA PÓS–GRADUAÇÃO.

1008

Lucia Maria Corrêa Ferri. Edilaine Tiraboschi de Oliveira Bertucchi

Universidade do Oeste Paulista, Rua José Bongiovani 700 Presidente Prudente-SP,

[email protected]

Palavras-chave:. Educação , Moodle (Aprender), Portfólio Virtual,

INTRODUÇÃO

A pretensão deste trabalho será apresentar aos docentes e discentes de graduação e pós-

graduação, importância de utilizar a ferramenta Moodle para a interação entre aluno e

professor, e o resultado obtido após a utilização do material pedagógico.

Portfólio é um texto em forma de pasta.

Para montar um portfólio é necessário separar, organizar, o que deseja montar

no trabalho.O portfólio pode ser desenvolvido em projetos individuais ou coletivos, sendo que

no individual o sujeito escolhe o assunto a ser trabalhado, e no coletivo, o tema é o mesmo

para todos, mas o registro é sempre individual, cada aluno faz seu próprio relatório do que foi

aprendido.

Nas escolas costuma-se trabalhar com portfólio de duas maneiras:

1- Registrar atividades desenvolvidas pelo aluno;

2- Relatório específico.

Organizado de forma de pasta permite o professor comparar os resultados

obtidos dentro e fora da sala de aula, e avaliar individualmente os objetos apreendidos de cada

aluno.

DISCUSSÃO

A utilização da ferramenta virtual “MOODLE” (aprender), resultando no

Portfólio virtual, partiu da necessidade de aumentar a interação entre alunos e professor, além

do espaço universitário, na disciplina no programa de Mestrado em Educação, UNOESTE.

Tinham-se debates, com a utilização de conceitos e propostas pedagógicas atuais, obtidos pelo

enriquecimento das referencias bibliográficas, análise e critica de todo material produzido

pelos participantes entre si via aulas presenciais e enriquecendo o trabalho pela internet com

sistematização da produção cientifica num portfólio virtual.

Iniciou-se o trabalho de construção pedagógica virtualmente, com a

apresentação e treinamento dos alunos para utilização do “MOODLE“, com a colaboração de

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uma ex-aluna do Programa de Mestrado em Educação, professora mestre Edilaine T. O.

Bertucchi da Universidade, que já utilizara, e utiliza na graduação. A partir do conteúdo da

disciplina, foram levantadas duas problematizações para discussão pela internet, em

conseqüência a sala de aula, finalizadas com produção de artigo científico. Participaram da

construção do Portfólio virtual oito alunos durante quatro meses. O Portfólio final apresenta

uma parte geral, e toda produção intelectual de cada participante.

CONCLUSÃO

Dentre as potencialidades apresentadas na avaliação feita pelos alunos e professor,

sendo que dois não entregaram a avaliação final, está ingresso no mundo virtual, com uso da

ferramenta pedagógica, aumento da interação entre os participantes, socialização de todo

material participantes, aumento do referencial teórico, indicação para uso em outras

disciplinas criação de CD para preservação da memória da disciplina.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALMEIDA, M. E. B, Proinfo: Informática e formação de professores/ Secretaria de Educação à distância. Vol. 1 Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2000. LIBEKINSKY, Marta. A utilização do correio eletrônico na escola. IN: LITWIN, E. (org.). Tecnologia Educacional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. KUENZER, Acácia Zeneida. Planejamento e educação no Brasil. São Paulo: Cortez, 1999. POIGNANT, Raymond. Curso de planejamento da educação. São Paulo: Saraiva, 1976. Avaliação. Revista da Rede de Avaliação Institucional Educacional Superior. (2000-2004). UNICAMP. Pró-Reitoria de Graduação. BALZAN, N.C.; DIASSOBRINHO, J. (Orgs.). Avaliação Institucional – Teorias e Experiências. São Paulo: Cortez, 1988 SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior: da concepção à regulamentação (INEP). 2ª ed. Brasília: INEP, 2004. GIUBILEI, Sonia. (org.). Decentralização, Municipalização e Políticas Educativas. Editora Átomo e Alencar. 2001. MACHADO, Lurdes Marcelino; FERREIRA, Naura S. Carapeto (org.). Política e Gestão da Educação – dois olhares. Editora DPSA: Rio de Janeiro. 2002. MATUS, Carlos. Adeus, senhor presidente : planejamento, antiplanejamento e governo. Trad. Francisco A. Carneiro da Cunha Filho. Recife : Litteris, .1989. PEREIRA, L. C. Bresser; WILHEIM, Jorge; SOLA, Lourdes. (Orgs.). Sociedade e Estado em Transformação. Editora Unesp. 2001.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA AS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Luciana Scarcelli Moré Oliveira

Orientador docente: Profª. Drª. Raimunda Abou Gebran

1010

Endereço: Rua Ararigbóia, 75. Presidente Venceslau-SP E-mail: [email protected] Instituição de fomento: Universidade do Oeste Paulista Agência financiadora do projeto: Secretaria do Estado da Educação de São Paulo Palavras-chave: Contextualização histórica, Educação básica, Formação docente.

Introdução

O presente trabalho é parte de uma pesquisa que vimos desenvolvendo junto a escolas

e professores das séries iniciais do ensino fundamental. Um dos objetivos fundamentais é

compreender como vem se configurando o processo de formação desses profissionais.

Para melhor analisarmos a formação do professor no Brasil há necessidade de

apresentarmos uma breve contextualização histórica para que se possa compreender melhor

como evoluiu profissionalmente esta carreira. Segundo TANURI (2000, p. 61) é de extrema

importância o resgate e a construção da informação histórica, na expectativa de que ela

possa oferecer subsídios que possibilitem a melhor compreensão da problemática da escola

normal e das questões atuais sobre a formação de professores.

Para tanto nos servimos de uma revisão da literatura, procurando analisar nos

diferentes momentos da história da educação brasileira como se situou o processo de

formação do professor das séries iniciais, analisando as políticas educacionais e legislações

propostas para a formação dos docentes desse nível de ensino.

Desenvolvimento

A formação do professor primário no Brasil pelas escolas normais data do século XIX

e a primeira escola normal brasileira foi criada na Província do Rio de Janeiro, pela Lei nº 10,

de 1835. Estas escolas caracterizaram-se pela total fragmentação e foram marcadas por um

processo contínuo de criação e extinção.

As escolas normais só obtiveram algum êxito a partir de 1870, quando as idéias

liberais de democratização e obrigatoriedade da instrução primária começaram a ser

consolidadas.

Já no século XX, a Escola Normal se amplia gradativamente. A sociedade brasileira

desta época foi marcada por profundas transformações político-econômicas e sociais. Houve

uma mudança de base econômica agrário-rural para urbano-industrial. No final dos anos 20 as

Escolas Normais recebiam críticas em relação ao seu currículo profissional. Surgiu a

necessidade de preparar o homem para viver na nova sociedade urbanizada e industrializada.

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Diante deste contexto destaca-se o papel dos intelectuais educadores na luta pela expansão da

escolaridade.

O movimento renovador compreendia que a educação era dever do Estado,

transformando-a e oferecendo-a a toda a população brasileira.

Com o objetivo de tornar a Escola Normal uma instituição para o preparo profissional

de mestres são criados em 1932 os Institutos de Educação. Segundo Gonçalves e Pimenta

(1992, p.101) as funções dos Institutos compreendiam: além da formação de professores

primários, o próprio curso primário e pré-primário, destinado à prática dos alunos-mestres,

o secundário e os cursos de extensão e aperfeiçoamento para os professores já formados.

No decorrer dos anos 30 a demanda por escolas acentua-se, decorrente do capitalismo

industrial. A população trabalhadora passa a exigir o acesso gratuito à escola. O apelo

populacional encontra resposta por parte dos políticos do regime ditatorial.

A partir de 1937, com a vigência do estado Novo de Getúlio Vargas, o ensino normal

sofre a primeira regulamentação do governo central. A política educacional centralizadora

traduz-se em “Leis Orgânicas do Ensino”, decretos-lei federais dentre os quais se destaca o

Decreto-Lei nº 1190/39 que explicita a formação do professor em nível superior.

De acordo com Barreiro e Gebran (2006, p.40), “tal decreto define, para a formação de

bacharéis, a duração de três anos, após os quais, adicionando-se um ano de curso de Didática,

forma-se-iam os licenciados, num esquema que ficou conhecido como “3+1”.”

As Leis Orgânicas tinham caráter centralizador e estabeleciam um currículo único para

todos os estados, impondo tipos de trabalhos escolares e os programas das disciplinas. A Lei

Orgânica de 2 de Janeiro de 1946 provocou a subdivisão do Ensino Normal.

Conforme Barreiro e Gebran (2006, p.39)

com a Lei Orgânica, o Ensino Normal ficou subdividido em cursos de dois níveis:1º e 2º ciclos. O primeiro ciclo, denominado de Escolas Normais Regionais, destinado à formação de regentes de ensino primário, com duração de quatro anos, apresentava uma estrutura curricular na qual predominavam as matérias de cultura geral sobre as de formação especial, ou seja, as matérias voltadas para a formação de professores se restringiam, na quarta série do curso, às disciplinas:Psicologia e Pedagogia, e Didática e Prática de Ensino. Por outro lado, o curso Normal do segundo ciclo, com duração de três anos, que funcionava nas escolas normais apresentava uma estrutura curricular mais diversificada e especializada.

Esse processo centralizador tem sua vigência limitada, pois a Constituição promulgada

em 1946 atribuiu aos estados e ao Distrito Federal a competência de organizar seus próprios

sistemas de ensino, respeitando as diretrizes e bases estabelecidas pela União.

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A partir de 1950, o Brasil vive um período desenvolvimentista. As Escolas Normais

cresceram acentuadamente o que provocou muitas críticas ao seu funcionamento. A Lei de

Diretrizes e Bases nº 4024 de 1961 não alterou significativamente o ensino normal. Conforme

afirmam Barreiro e Gebran (2006, p.42) enquanto o desenvolvimento caminhava no sentido

da expansão industrial no Brasil, a educação escolar continuava a se estruturar em bases,

valores e técnicas próprias da mentalidade pré-capitalista. Havia a preocupação em tornar a

escola eficiente e produtiva, ou seja, de operacionalizá-la para a preparação para o trabalho,

para o desenvolvimento econômico do país. Na formação de professores prevalecia a visão

tecnicista vinculada à imitação, observação e reprodução de modelos teóricos. O professor

deveria ensinar de acordo com modelos consagrados.

A Lei nº 5.692/71 extingue as denominações Escola Normal e Instituto de Educação.

A formação de professores para as séries iniciais fica restrita no nível de 2º grau agora

denominada Habilitação Específica para o Magistério (HEM). Apesar das reformas ocorridas

a formação de professores pouco se alterou. Para Gonçalves e Pimenta (1992, p.108) a

Habilitação ao Magistério, conforme definida pela Lei, não permite que se forme o professor

e menos ainda o especialista (4º ano). A formação é toda ela fragmentada.

Durante os anos 80 os questionamentos a esta formação docente fragmentada e

tecnicista ocorreram com o objetivo de reestruturá-la. Os trabalhos acadêmicos da época

passam a considerar a formação do professor no contexto sócio-histórico em que ela se insere.

Em meados dos anos 80, diante do descontentamento e do agravamento das condições

de formação dos professores, o Ministério da Educação propôs algumas iniciativas para a sua

melhoria. Dentre elas a criação do CEFAM (Centro de Formação e Aperfeiçoamento do

Magistério). Com o projeto CEFAM os alunos recebiam “Bolsa de Trabalho para o

Magistério” o que garantia o tempo integral do aluno e trabalhos de monitoria nas séries

iniciais do ensino fundamental. A estrutura curricular dos CEFAMs obedecia à mesma

estrutura proposta para a HEM: uma Parte Comum e uma Parte Diversificada.

No estado de São Paulo, no período de 1982 a 1988, houve uma série de ações que

culminaram com a reforma da HEM (Deliberação CEE 30/87 e Resolução SE 5/88) .

Conforme afirma TANURI (p.83)

...eliminou-se a compartimentação no interior do curso, organizando-o em um só bloco, com vistas à preparação do professor da pré-escola à 4ª série do 1º grau; procurou-se resgatar a especificidade do curso, definindo-se seu início já a partir da 1ª série do 2º grau; recuperou-se a unidade de alguns componentes curriculares,antes fragmentados em função dos “aprofundamentos”; ampliou-se o conteúdo destinado à instrumentação pedagógica.

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Tais medidas foram estendidas aos CEFAMs, acrescentando a elas a presença do

coordenador pedagógico, o pagamento de horas-atividade e de trabalho pedagógico aos

docentes assim como maior disponibilidade de recursos didáticos e materiais.

Em dezembro de 1996 é aprovada a LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional nº. 9394/1996). Ela estabelece como norma a formação do profissional docente em

nível superior. É a partir destas orientações que se pauta a formação de professores no Brasil.

Considerações Finais

Esta breve revisão sobre a formação do professor demonstra o quão fragmentado e

descontínuo tem sido este processo ao longo destes séculos.Tal política de formação tem

reflexos em todo o sistema educacional brasileiro.

Se pretendemos diminuir as taxas de repetência e evasão escolares, buscarmos a

recuperação da qualidade de aprendizagem e consequentemente a melhoria do ensino

brasileiro e a formação efetiva de cidadãos críticos e participativos, é necessário que haja a

preocupação com a formação do principal responsável por todo este processo: o professor.

O esforço conjunto entre os formuladores de políticas públicas educacionais, o

investimento na formação inicial e contínua dos professores, o diálogo entre escola e

universidade são propostas de melhoria para a educação básica.

Referências Bibliográficas BARREIRO, I. M. de F; GEBRAN, R. A. Prática de ensino e estágio supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Proposta de Diretrizes para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica, em cursos de nível superior, maio de 2000. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. GONÇALVES, C. L.; PIMENTA, S. G. Revendo o ensino de 2º grau: propondo a formação de professores. 2ª ed., São Paulo: Cortez, 1992. TANURI, L. M. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação, nº 14, 2000, p.61 a 88.

TÉCNICAS DE CONTAR HISTÓRIAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE LEITORES

NATHALIA CORNETO

LOREN LOPO GENEROSO DE OLIVEIRA PROFª. DRª. RENATA JUNQUEIRA DE SOUZA

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([email protected]; [email protected]; [email protected];). Departamento de Educação – FCT / Unesp Presidente Prudente.

Palavras-chave: Literatura Infantil; Técnicas; Formação de leitores.

Nossa discussão sobre técnicas de contar histórias parte da observação e atuação no

Projeto A Hora do Conto, desenvolvido no Centro de Estudos e Leitura em Literatura Infantil

e Juvenil, CELLIJ, localizado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, campus de

Presidente Prudente. Nossa base teórica está em leituras de Bibliografias sobre Literatura,

como Betty Coelho, Vera Teixeira de Aguiar, Regina Zilberman, entre outros.

Segundo Vera Aguiar (2001), a leitura aumenta as possibilidades de compreensão do

real e o exercício da cidadania de cada pessoa.

O Projeto A Hora do Conto trabalha com a formação do leitor, incentivando a prática

da leitura, para que este seja um ato desenvolvido com prazer. Ao se contar histórias, pode-se

contribuir com o desenvolvimento da imaginação e criatividade da criança, pois, para que a

criança torne-se um futuro leitor, primeiramente ela precisa ouvir histórias, para despertar seu

gosto pela leitura, pois os estímulos sociais e culturais ajudam na formação do leitor que

desejamos: o leitor crítico e reflexivo.

De acordo com Bettelhein (1980), o final feliz encontrado nas histórias infantis,

mostra que os problemas existem, mas podem ser resolvidos. Mostra que somos capazes de

encontrar soluções para os empecilhos da vida. Quando a criança lê ou ouve histórias, vai

criando as cenas, formando imagens mentais, relacionando o que ouve ou lê com suas

vivências, com o conflito pelo qual está passando.

Para que a criança entenda o sentido da história que se lhe está sendo contada, às

vezes, algumas alterações são necessárias. Adaptações de assunto, estilo, forma e meio,

segundo Regina Zilberman (1981), trazem ao leitor uma maior compreensão da obra. Mas,

adaptar não é mudar o texto e sim torná-lo mais espontâneo e harmônico.

A adaptação do assunto, diz respeito à adequação da história ao horizonte de vida do

ouvinte, pois não surtirá o efeito desejado, se o ouvinte não conseguir, ao ouvir a história,

realizar ligações com sua vida real.

Adaptar o estilo é usar uma linguagem adequada à cognição da criança. Usar palavras

que já estejam no vocabulário do ouvinte.

Já a adaptação do meio, que é o foco deste nosso trabalho, é o suporte usado para

apresentar o texto, ou seja, o tamanho e o formato do livro, as ilustrações, o tipo gráfico, a

diagramação e outros elementos que sejam mais adequados ao respectivo público ouvinte.

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Utilizamos as técnicas de leitura para estimular e cativar a criança no momento de

contar as histórias, mostrando que a Literatura é uma forma mágica de viajar, sonhar,

conhecer, sem sair do lugar, estimulando a reflexão, para que a criança torne-se o esperado

leitor crítico.

Há diversas formas de apresentação das histórias. Os recursos mais utilizados são:

Simples narrativa: é a técnica mais antiga para se contar histórias. A história é

transmitida pela voz do narrador e por sua postura, apenas. Esta técnica precisa ter estrutura

narrativa perfeita (introdução, enredo, clímax e desfecho). Geralmente contos de fadas,

lendas, fábulas e histórias de tradição oral são transmitidos por esta técnica. É a maneira de

contar histórias que mais incentiva a imaginação e estimula a criatividade.

Simples narrativa com auxílio do livro: esta técnica é usada para contar histórias

que se complementam pelas ilustrações do livro, quando a imagem é tão rica quanto o texto.

Esta técnica contribui com o desenvolvimento da seqüência lógica do pensamento infantil.

Para contar utilizando esta técnica, deve-se mostrar o livro para os ouvintes virando

lentamente as páginas. O livro fica aberto, de frente para os ouvintes.

Simples narrativa com gravuras: o formato pequeno dos livros, as ilustrações que

antecipam acontecimentos, etc., requerem o uso de gravuras reproduzidas, pois excluem o

recurso ilustrativo do livro. As imagens podem ser ampliadas em cartolinas, ou outro tipo de

papel, que seja mais firme, como papel cartão. Também conhecida como técnica do livro

ampliado, é a melhor maneira de mostrar às crianças pequenas, os detalhes da história,

contribuindo para a organização de seus pensamentos, pois facilitará a identificação da idéia

central, dos fatos principais e dos fatos secundários. Para a narração com esta técnica, deve-

se, antes de se iniciar a narrativa, empilhar as gravuras em ordem, viradas para baixo.

Simples narrativa com o uso de flanelógrafo: em algumas histórias, a personagem

principal entra e sai de cena, movimenta-se durante o enredo. Para que a história ganhe mais

emoção, o ideal é usar o flanelógrafo, pois é um recurso visual mais prático. O flanelógrafo é

um quadro retangular feito em madeira, compensado ou papelão grosso, com uma face

coberta de flanela, que servirá de cenário. As figuras podem ser feitas em flanela, feltro,

papel-camurça, e.v.a., ou outro material, que possa aderir ao flanelógrafo. O suporte onde

ficará o quadro, deve ter certa inclinação e estar ao abrigo do vento. No flanelógrafo, cada

personagem é colocada, individualmente, ocupando seu lugar no quadro, representando

movimento. O mais importante nessa técnica é a ação da personagem principal, num

movimento constante. É uma técnica que pode ser adaptada, de acordo com os recursos

disponíveis.

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Simples narrativa com desenhos: conforme a narrativa se desenvolve, o contador vai

fazendo desenhos seqüenciais relativos à história, em quadro negro, ou quadro branco, ou em

algum papel grande, para que os ouvintes consigam ter plena percepção da narrativa da

história, através das ilustrações. Há também, uma dinâmica muito rica, onde os próprios

ouvintes é que vão desenhando no quadro, conforme suas percepções da narrativa. Cada

ouvinte vai complementando o desenho do ouvinte anterior, até que todos tenham participado

e a história esteja completa.

Simples narrativa com interferência do narrador e dos ouvintes: é a técnica que

envolve músicas simples, rimas, repetições de palavras ou frases ou gestos, durante a história.

O narrador pode pedir a ajuda dos ouvintes no começo da narração, ou durante a narração. Há

a participação ativa do narrador e dos ouvintes durante toda a narrativa, seja pela voz, ou por

gestos. O que realmente conta é a criatividade do narrador, pois é ele quem decide como

tornar a narrativa mais atraente. É um bom recurso para se contar histórias a muitas pessoas,

pois facilita a concentração dos ouvintes.

Simples narrativa com fantoche de mão, fantoche de varetas, marionetes ou

sombras: são as formas teatrais de se contar histórias, podendo variar de acordo com a

situação, o ambiente, o público e os recursos disponíveis. Quando do uso de fantoche de

varetas, que é ainda uma técnica pouco divulgada, as ilustrações do livro são feitas em papel

mais rígido, revestido com papel brilhante, recortadas no formato que mais dê aparência de

realidade e movimento. É como se personagens conversassem com ouvintes. A história é

contada, mostrando as ilustrações recortadas e coladas em varetas.

Cada uma dessas técnicas tem suas vantagens e suas peculiaridades. Portanto, saber

escolher a melhor maneira para contar cada história é fundamental. Precisamos ter claro que,

é a própria história que sugere o melhor recurso de apresentação e as interferências feitas pelo

contador. Quem conta, apenas empresta vivacidade à narrativa.

Quando da leitura individual, o livro precisa instigar o leitor. Logo, sua aparência é

fundamental, pois o primeiro contato é o físico, já acompanhado de sentimentos, de acordo

com as primeiras impressões que causa. O meio não só seduz o leitor, mas colabora com o

desenvolvimento de sua capacidade cognitiva.

As ilustrações são extremamente importantes no livro infantil. É uma linguagem

visual, portanto, conversa com o texto escrito e lhe dá sentidos, contando também uma outra

história ou um poema, fazendo fluir a imaginação do leitor e do ouvinte.

As primeiras histórias que ouvimos ou lemos, na infância, nos ajudam no

desenvolvimento do gosto pela leitura. Os textos que mais marcam são os que estavam

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adaptados ao universo do leitor, sendo o que ajudou a desenvolver o interesse por

determinados tipos de leituras.

Fica-nos claro que o uso de técnicas específicas para se contar histórias ajuda a

enriquecer as narrativas e fazer com que os ouvintes consigam absorver mais eficientemente a

moral implícita das histórias. A adequação da técnica conforme idade, preferência, ambiente,

entre outros, proporciona aos ouvintes um prazer maior e faz as histórias ficarem mais

divertidas. É de extrema importância que o contador esteja ciente da forma correta de realizar

a narração, caso contrário a técnica não surtirá o efeito desejado. O conhecimento teórico é de

extrema importância para a boa narração.

BIBLIOGRAFIA: AGUIAR, V. (org.); BARCO, F. L. M. (org.); FICHTNER, M. P. (org.); REGO, Z. L. G. P. (org.). Era uma vez na escola: formando educadores para formar leitores. 2. ed. Belo Horizonte: Formato, 2003. COELHO, N. N. O Conto de Fadas. 2. ed. São Paulo: Ática, Série Princípios, 1991. BETTELHEIN, B. A Psicanálise dos Contos de Fadas, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. COELHO, B. Contar Histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, Série Educação, 2004. MARTINS, M. H. O Que é Leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 2006.

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