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1 A toda minha família, em especial meus avós e namorado, e a meu orientador, ao arquiteto e ao professor.

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A toda minha família,em especial meus avós e namorado, e a meu orientador, ao arquiteto e ao

professor.

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SUMÁRIO

Introdução 02

Definições 04

Intervenção na Cidade Consolidada 09

Reorganização Sustentável 18

São Sebastião 23

Centro Histórico 27

Intervenção Proposta 38

Centro Cultural de São Sebastião 42

O Projeto 47

Experimento 62

Materiais Propostos 69

Conclusão 71

Bibliografia 73

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INTRODUÇÃO

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Esse trabalho final de graduação possui informa-ções básicas sobre o Município de São Sebastião e enfatiza seu Centro Histórico levantando suas características urbanas, arquitetônicas, descre-vendo e analisando seu tecido urbano, cons-truções, legislações e propostas relacionadas ao mesmo.

A área delimitada para analise em si representa a origem da ocupação pós-descobrimento (período colonial).

O chamado Centro histórico que possui valor his-tórico e ambiental, considerado a nível federal, vem por meio deste ser analisado para embasa-mento à proposta de intervenção na Cidade.

Buscando um meio de se intervir com harmonia espacial de forma ordenada, estruturalmente e visualmente, se constituir uma ligação entre as raízes de origem ao futuro, são estudados casos de intervenções internacionais em situações se-melhantes, bem como casos de alternativas para uma cidade sustentável.

Feito esse estudo o trabalho é complementado por um projeto de intervenção com a situação proposta representada por diagramas, plantas, maquetes e alguns estudos específicos relaciona-dos à mesma.

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DEFINIÇÕES

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PATRIMÔNIO

Herança paterna; /Bens de família; /Bens de pes-soa ou instituição.

O conceito de patrimônio abrange diversas repre-sentações culturais e está ligado à idéia de mo-numentalidade, excepcionalidade, antiguidade, herança social de um passado comum e, também, seus conflitos e contradições.

Um monumento arquitetônico por sua materiali-dade é portador visível desses atributos servindo de testemunho e documento do passado, prin-cipalmente por seu aspecto físico, mas também como portador de fazeres sociais, sendo suporte da memória inserido na dinâmica urbana e am-biental.

“Produto de uma escolha legitimada no presen-te através da generalização social o patrimônio pode excluir a multiplicidade de vivências e, conseqüentemente, sua preservação e atuação no presente. Contudo, a decisão sobre o que preser-var não deve significar a simples substituição do patrimônio de um grupo social por outro, mas dar voz à pluralidade de vivências, possibilitando as-sim, a reapropriação da memória de grande par-cela da sociedade”. (01)

Considera-se que tal multiplicidade tenha de ser examinada ao se tratar de uma cidade. Mesmo que essa tenha um forte núcleo, como um centro histórico, por exemplo, ao se determinar um pa-trimônio esse deve incluir seus aspectos materiais bem como toda vida em que nela é contida.

A cidade deve ser vista, não apenas por aspectos

materiais, mas da vida que compõe suas relações, recria seus espaços, simbologias e lhe dá forma. O patrimônio como herança de sua história deve fazer com que a totalidade e não apenas um frag-mento dessa seja trazido à memória.

MEMÓRIA

Faculdade de lembrar, reter impressões, idéias, etc./ Lembrança; recordação; reminiscência./Fama; celebridade./ O que serve de lembrança./ Monumento comemorativo./ Dissertação cientí-fica ou literária destinada a uma academia./ Es-critos baseados na experiência vivida./Escritos autobiográficos.

Representa os fazeres culturais e experiências coletivas ou individuais vividas na cidade que se consolidam e fazem parte da construção da iden-tidade da mesma. Pode estar representado pelo patrimônio material e imaterial.

Recorremos aos bens edificados e aos objetos que tiveram significado na formação de nossa identi-dade cultural para buscarmos nossa própria iden-tidade. Sendo a arquitetura uma forma de trans-por a memória da cidade ela se torna fundamental à compreensão da história e da urbanização. Ou seja, o patrimônio material torna-se instrumento de identificação pessoal.

O Homem depois de buscar sua identidade por meio do patrimônio material busca o patrimônio imaterial, no qual se inserem as festas, as celebra-ções, os lugares e os saberes que fazem parte de nossa formação cultural e que, de alguma forma,

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encontram-se no inconsciente coletivo.

Por isso a arquitetura documentando e testemu-nhando e o passado por meio de sua materiali-dade e capacidade de acolher a imaterialidade, deve ser composta da “multiplicidade”, para ser a verdadeira base da identidade social e não apenas representação cenográfica do passado.

PRESERVAR

Livrar; defender; resguardar.

“Acredito que ainda estamos longe de uma prá-tica urbana que contemple a paisagem, o âmbito territorial. Que considere a pré-existência, na li-nha do construir no construído [2]. De descermos para a cidade existente, na escala do cidadão e resolvermos costurar a sua continuidade, sem metáforas. Em tempos de Google Earth, isto fica cada vez mais distante. E mais abstrato. A cidade real pode assustar o planejamento contemporâ-neo como em Blade Runner. Mas é ali que está a vida. Como ela é”. (3) Luiz Antônio Bolcato Custódio (arquiteto do Iphan mestre em Planejamento Urbano e Regional).

Nos dias de hoje em que o progresso impõe a mo-dernização das cidades, os espaços tornam-se ho-mogêneos e as cidades cada vez mais parecidas umas com as outras.De certa forma, a descarac-terização dos ambientes urbanos se dá menos em função da passagem do tempo (que impõem no-vas dinâmicas), do que por alguns projetos urba-nos que, desde o século XIX vem transformando as cidades em nome da eficiência, da racionalida-

de do espaço, deslocando moradores, rompendo sociabilidades e laços de pertencimento.

Depois do conjunto de projetos que foram pro-duzidos como resposta aos problemas da cidade industrial e a partir da Carta de Atenas surgiram alguns princípios funcionais e estruturais como a setorização ou o zoneamento de uso exclusivo. Desde então, diferentes conceitos relacionados à preservação foram formulados e aplicados.

Hoje em algumas cidades o conceito de preservar parte da totalidade e não da exceção.

A cidade inteira como um patrimônio. Como uma riqueza, um conjunto de bens que se produziu ou recebeu, como herança, de qualquer natureza. E o fato de existirem bens de interesse histórico ou artístico, apenas lhes agrega valor, como é o caso das cidades Italianas.

Em outras cidades o conceito de preservar é a partir da exceção, a partir da seleção, a partir do monumento. E este ponto de vista, atualizado de tanto em tanto, ampliou-se para os conjuntos, para os setores, centros, sítios e até para paisa-gens, mas sempre – a partir de uma parte, como é o caso das cidades brasileiras.

Entende-se que preservar um patrimônio é mais complexo do que apenas delimitar áreas de pro-teção tomando ações diretas e pontuais, preservar é uma forma de resistência à transformação do espaço em mercadoria, à homogeneização desses espaços, que tornam as cidades cada vez mais parecidas umas com as outras, é pensar a cidade como um todo.

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INTERVIR

Tomar parte voluntariamente em; interpor a sua autoridade; Tornar-se mediador; Interceder; Inge-rir-se; Ser ou estar presente; Assistir; Participar.

Há processos de intervenção urbana onde a ten-tativa de modificar o existente não surte o efeito desejado aos planejadores como também propos-tas de revitalização, que transformam centros his-tóricos em meros cenários.

Nos próximos capítulos serão discutidas algumas aplicações de intervenções urbanas com resulta-dos positivos ou negativos tendo por fim estudar a melhor forma de se construir em áreas de pre-servações históricas, ambientais ou com outros condicionantes peculiares.

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MODIFICAÇÃO DA CIDADE CONSOLIDADA

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O MOVIMENTO MODERNO

O inicio do Movimento Moderno é um bom con-texto para avaliar as formas de intervenção em centros históricos, seu discurso era a oposição ao realismo histórico, negação as pré-existências, só exaltá-las para destacar as virtudes da própria arquitetura moderna que surgiu como uma nova concepção de arquitetura e cidade que com o tempo resultou em uma nova necessidade, a de reconstrução, pois depois de sua introdução em centros históricos esses foram perdendo sua vita-lidade, seu valor, destacando-se apenas os objetos que testemunhavam a história, que faziam parte da construção da identidade cultural da cidade.

Por isso ocorreu posteriormente a retificação dos postulados básicos da arquitetura moderna, pas-sando a recorrer ao repertório estilístico do pas-sado.

INTERVENÇÕES

Estabelecer a melhor maneira de intervir em um centro histórico não é possível sem conhecer ca-sos significativos com resultados positivos ou não. Alguns demonstram que centros históricos têm função regeneradora para a cidade, outros que a ordem é primordial para a construção ur-bana, assim como tem os que acham ser possível recuperar a cidade através da arte. Para que esses princípios sejam avaliados serão citados alguns exemplos em que foram utilizados.

Já que existem intervenções com várias finalida-des indo de uma modificação pontual até as mais

amplas, essas serão classificadas por níveis, téc-nicas e limites de influencia das mesmas, diferen-ciadas e exemplificadas como padrões.

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ESTUDO DE CASOS

Os níveis de intreveção

1º NÍVEL:

A modificação limitada ao edifício como reali-dade individual. Nesse caso o edifício passa por uma regeneração, cresce ou se modifica.

MUSEU DE CASTELVECCHIOCarlo Scarpa

O arquiteto italiano Carlo Scarpa, em projeto de reabilitação do Castelvecchio para museu da ci-dade em Verona (1958-1964) obedece a matriz que o edifício tem de partido.

A presença moderna está em detalhes que não afetam o caráter tipológico. Carlo Scarpa explo-rou as qualidades plásticas de materiais como o

concreto e o aço, que fizeram a história da arqui-tetura moderna, e madeira e a pedra, inseridos na tradição histórica. Numa linguagem que para-doxalmente aproximava a abstração geométrica moderna da figuração histórica, os detalhes con-cebidos por Scarpa valorizam tanto a histórica edificação como as obras de arte.

MUSEU ALEMÃO DE ARQUITETURAOswald Matias Ungers

Em seu projeto para o Museu Alemão de arquite-tura o arquiteto alemão Oswald Mathias Ungers reduz sua intervenção a forma geométrica ele-mentar, se inspira em princípios renascentistas.

O arquiteto alemão não faz nenhuma interpreta-ção além da ordem espacial e sua respectiva fun-ção. Manifesta-se um radicalismo estético.

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2º NÍVEL;

A modificação do lócus;

Nesse caso a intervenção repercute em âmbitos urbanos constituídos.

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEABARCELONA, SPAIN

CENTRO GALEGO DE ARTE CONTEMPORÂ-NEA, SANTIAGO DA COMPOSTELA, ESPA-NHA, ALVARO SIZA

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VIVENDAS BONJOUR TRISTESSE, BERLIN ÁLVARO SIZA

Nos 3 casos anteriores a Implantação propõe acolher os edifícios históricos e o gabarito é aproximado ao gabarito dos mesmos.

AMPLIAÇÃO DA STAATSGALERIE 77, STUTTGART, JAMES STIRLING

Projetado pelo arquiteto James Stirling, marca a linguagem pós-moderna na Europa. concilia ele-mentos próprios do vocabulário pós-moderno, a uma clara relação à arquitetura pré existente, nes-te caso destinada a abrigar e expor obras de arte.

Apesar de sua linguagem inovadora conversa com os edifícios existentes respeitando seu ga-barito.

Dos diversos materiais utilizados, o metal é um forte protagonista, com funções expressivas mais do que estruturais, sendo colocado em partes sig-nificativas do edifício das mais diversas manei-ras.

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Desde um pórtico extremamente figurativo a uma grande esquadria formalmente abstrata, sempre em cores brilhantes, os elementos metálicos ga-nham destaque em toda a Neue Staatsgalerie. Tais elementos ora são usados numa lógica própria às suas características físicas, ora os vemos de um modo totalmente inesperado e surpreendente.

O contraste entre as partes realizadas em metal, sempre bastante coloridas, e as superfícies opa-cas, em massa pintada ou em pedra com colora-ções próximas ao ocre, oferece uma leitura incon-fundível aos visitantes, o que permite estabelecer uma natural empatia destes com o edifício.

TORRE VELASCA, MILÃO, BBPR

Projetada por “BBPR”, escritório de Rogers, tem técnicas modernistas, estrutura de concreto e planta livre, mas busca estabelecer relações com as construções pré-existentes, sendo a sua forma uma referência à Torre medieval.

Com esse projeto Rogers busca uma fusão dos ideais modernos com os elementos da tradição e saberes populares defendendo a idéia de que a Arquitetura ao ser projetada deve estabelecer uma relação com a pré-existente, um entrelaça-mento entre o moderno e o antigo.

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3º NÍVEL:

Pauta de conformação urbana;

Nesse caso as intervenções afetam diretamente o caráter morfológico da cidade. Como uma nova concepção de cidade.

RECONSTRUÇÃO DO BAIRRO DE CHIADO,LISBOA, PORTUGAL, ALVARO SIZA

O Plano de reconstrução do Bairro de Chiado (Centro de Lisboa), 1988 une toda base lingüística do ra-cionalismo com aspectos propriamente artísticos.

Álvaro Siza foi convidado a chefiar a equipe de reconstrução do Bairro de Chiado no centro de Lisboa, que se encontrava em estado de degradação, desabitado e desvalorizado após o incêndio de 1988 que ameaçou a memória local por ter alcançado seus tradicionais armazéns.

Siza segue alguns princípios de arquitetos da 3ª geração do modernismo, como Alvar Aalto com contras-tes de materiais e, a nível urbano, com rupturas e oposições à linguagem de pré-existências e novas exis-tências. Nesse plano de reconstrução identifica, seleciona e soma a tradição local a uma nova abordagem

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dagem que leva à revitalização da área. Recupera fachadas e moderniza o interior dos edifícios, faz uma análise cuidadosa do tecido urbano para dar uma nova dimensão sem perder o toque de sua memória

OS PADRÕES DE ATUAÇÃO:

1º PADRÃO:

Se opera em sistema de volumes construídos e vazios.

Ex: Edifício em Kreuzberg,85, Álvaro Siza.

2º PADRÃO:

Reformulações de unidades espaciais urbanas. Esse padrão corresponde a necessidade de traba-lhar em âmbitos inacabados, deficientes e aber-tos.

Ex: Praça de São Marcos, Venecia.

3º PADRÃO:

Esse padrão reconhece as pré existência pelos seus aspectos plásticos e os potencializam em sua relação com a intervenção.

4º PADRÃO:

Recriação de formas tipológicas. Recorrer as condições locais

Ex: Projeto para Museu de história, Alemanha, Berlim, Aldo Rossi.

5º PADRÃO:

Colisão de estruturas formais. Radicaliza sua ação mediante a confrontação formal com o construído.

Ex: Centro Pompidou, Renzo Piano e Richard Rogers.

CENTRO POMPIDOU, RENZO PIANO E RI-CHARD ROGERS, PARIS

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ATUAÇÃO

Após estudar os casos em níveis e padrões enten-de-se que ao se intervir em áreas de pré-existên-cias é preciso permitir a integração com a histó-ria. Assim como afirma Francisco De Gracia em seu livro Construir no Construído;

“Continuar a história significa trazer o novo com absoluta contemporaneidade, mas admitindo que a história faça parte do processo”. (Francisco De Gracia)

“O reconhecimento do passado não deve repre-sentar a sua sacralização”. (Francisco De Gra-cia)“.(02)

Os ideais historicistas e modernistas precisam se relacionar de forma harmônica para que a estru-tura da cidade não seja destruída, pois conflitos não geram interação, logo não são transferidos como imagem de cidade. Para que a cidade tenha vitalidade é preciso que haja integração e intera-ção dos espaços.

Ao se intervir em um centro histórico deve se ga-rantir a estabilidade para que sua identidade seja prolongada, transferindo seu passado ao futuro.

Esse principio deve ser considerado, principal-mente, em casos onde a cidade não tem por onde crescer a não ser através do desenvolvimento de seu centro, como é o caso da cidade de São Sebas-tião, no Litoral Norte Paulista que será estudada a seguir. Ao se propor mudanças no processo di-nâmico da cidade e preciso reconhecer os limites da área afetada, decidir qual o lugar de incidência onde se atua, saber onde acaba a conservação e começa a modificação.

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REORGANIZAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Propostas de modificação ou reorganizações res-peitosas aos limites que o meio ambiente tem para suportar atividades urbanas podem estar so-madas aos conceitos vistos até então, se apresen-tando como estratégias para melhorar a qualidade de vida das pessoas através de alternativas que eliminem “gastos” usando de forma correta re-cursos ambientais da cidade.

Esse conceito relacionado a aspectos econômicos, culturais e sociais é chamado “sustentabilidade” (palavra que não existe no dicionário). Propõe es-truturar as atividades humanas, de tal forma que a sociedade possa satisfazer as suas necessidades no presente, e ao mesmo tempo preservar a bio-diversidade e os ecossistemas naturais para um futuro indefinido. “A arquitetura sustentável é uma forma de pro-mover a busca pela igualdade social, valorização dos aspectos culturais, maior eficiência econômi-ca e menor impacto ambiental nas soluções ado-tadas nas fases de projeto, construção, utilização, reutilização e reciclagem da edificação, visando a distribuição eqüitativa da matéria-prima e ga-rantindo a competitividade do homem e das ci-dades.” .

Nanci Corbioli

A arquitetura para estar relacionada a Sustenta-bilidade buscando uma sociedade ecologicamen-te correta, economicamente viável, socialmente justa e culturalmente aceita conta com algumas alternativas que não estão necessariamente liga-das ao ato de construir. Como visto no capítulo anterior será proposta uma intervenção urbana no centro de São Se-bastião (litoral norte de São Paulo) para que essa conte com recursos sutentaveis foram estudadas alternativas para todo campo de ação. São elas:

SISTEMAS VERDES:

Uma alternativa para áreas verdes é a aplicação do princípio protetor-recebedor.

Na escala local, um exemplo adotado em alguns municípios é a redução das alíquotas de Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU - para os ci-dadãos que mantém áreas verdes protegidas em suas propriedades.

SISTEMAS HÍDRICOS:

Os sistemas de recursos hídricos consideram-se sustentáveis quando são concebidos e geridos de forma a dar satisfação aos objetivos da socieda-de, no presente e no futuro, garantindo ao mesmo tempo, a integridade da função ambiental daque-les sistemas.

Parece estar mudando a relação do Homem com a água, evoluindo para a situação de privilegiar a inclusão dos valores ambientais na definição e na aplicação das políticas da água, criando-se uma consciência crescente dos condicionamentos im-postos pelas disponibilidades de água.

A alternativa, então, é afetar os utilizadores pelos custos reais da água associados à sua disponibi-lização.

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ENERGIAS RECICLAVEIS:

Os conceitos de sustentabilidade podem ser apli-cados tanto em edificações novos como em re-trofits.

A lista de materiais substituíveis é bastante ex-tensa e inclui produtos como cimento, concreto, derivados de petróleo, tintas e vernizes insolúveis em água ou com grande concentração de metal, para citar apenas alguns exemplos.

Dependendo do porte de uma obra, sugere-se o uso de adobe e madeira de reflorestamento ou de áreas manejadas.

Aço e vidro, embora tenham muita energia incor-porada (energia usada na fabricação do material), têm seu uso justificado pela possibilidade de re-ciclagem.

A produção de alumínio, por exemplo, requer 126 vezes mais energia que a de madeira (04). Porém, quando se trata de um produto 100% de alumínio, a reciclagem é possível, o que diminui o impacto causado.

GERAÇÃO DE EMPREGOS:

A questão do emprego tem um enorme papel no crescimento econômico, na segurança e na auto-estima de uma cidade.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESEN-VOLVIMENTO CULTURAL:

A idéia de cidade supõe participação política. Para que ela aconteça é preciso educação em todos os níveis A cidade sustentável do futuro será possí-vel apenas a partir de longos projetos de educa-ção destinados a transformar cada pessoa não só no agente capaz de entender o que se quer mas de criar novas propostas para a sustentabilidade.

MATERIAIS E TÉCNICAS:

A construção civil pode contar com sistemas construtivos com madeira proveniente do manejo de baixo impacto ambiental, também com painéis estruturais do tipo OSB, feitos com tiras de ma-deira cruzadas.

Tijolos modulares de solo cimento ajudam a con-trolar o aquecimento do interior, dispensam cozi-mento (menor emissão de CO²) e por serem feitos de solo podem voltar a sua condição original sem causar desperdícios. Podem ter função social se forem produzidos por presos, como é o caso dos presídios do Rio de Janeiro.

Como alternativas para economia de recursos na-turais, pode-se utilizar sensores de presença, que apagam as luzes na ausência de pessoas, torneiras com fechamento automático, lâmpadas e reatores de baixo consumo são alguns deles.

Limitação à 6 litros de água por descargas em bacias sanitárias, oferecer sistemas de descarga com dois tipos de acionamento: um para dejetos líquidos, que consome apenas três litros, e outro para dejetos sólidos, que utiliza o limite de seis litros.

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Como alternativa para iluminação e conforto, podem-se reduzir as áreas de transparência para diminuir a entrada de calor. Ao mesmo tempo, o aproveitamento da iluminação natural deve ser maximizado. As janelas altas, junto ao teto, aju-dam a distribuir melhor a luz - o resultado é ainda melhor quando as superfícies internas apresen-tam cores claras para difundir a luminosidade no ambiente. Há outros recursos simples e eficientes para isso, como brises. Prever aberturas em pare-des opostas ou justapostas forçando o fluxo de ar, para ventilação cruzada.

O dimensionamento da ventilação deve conside-rar o volume do ambiente, a quantidade de pes-soas e a existência de equipamentos que geram calor. O vidro errado pode transformar o prédio em uma caixa concentradora de calor.

SANEAMENTO:

Alternativas de limpeza pública para as cidades. Coleta Seletiva feita diariamente pelas prefeitu-ras, no período da noite, e também por catadores, da cidade, que revendam os materiais, também a criação de Associações dos Catadores de Lixo, visando implantar Coletas Seletivas por etapas, atendendo prioritariamente as Escolas (Educação Ambiental), Bairros e por último, a cidade toda.

PROJETO E PLANEJAMEN-TO:

Se houvesse limite de consumo de água ou de energia por tipologia, teríamos projetos mais bem resolvidos.

A sustentabilidade não deve ser resultado do crescimento econômico e sim colaborar com ele, por isso deve-se incentivar qualquer iniciativa re-lacionada à mesma.

A busca por uma sociedade economicamente viá-vel, socialmente justa e ambientalmente saudável conduz ao esforço de compreensão das novas di-nâmicas que regem o espaço urbano, que possi-bilitem a construção de políticas articuladas cujo objetivo seja a qualidade de vida, a produtivida-de, a preservação e a inclusão.

De acordo com esses dados conclui-se que para se intervir em São Sebastião de forma sustentável é necessário propor uma ampla reorganização de espaços que gerem novas economias e eliminem gastos, respeitando os limites do meio ambiente de acordo com as alternativas citadas.

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Tijolos modulares de solo cimento ajudam a con-trolar o aquecimento do interior, dispensam cozi-mento (menor emissão de CO²) e por serem feitos de solo podem voltar a sua condição original sem causar desperdícios. Podem ter função social se forem produzidos por presos, como é o caso dos presídios do Rio de Janeiro.

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SÃO SEBASTIÃO

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CARACTERÍSTICAS GERAIS

www.costaverdesp.com.br (10/09/06)

O município de São Sebastião fica a 209 km de São Paulo, junto com Ilhabela, Caraguata-tuba e Ubatuba compõe o litoral norte paulis-ta. Possui área aproximada de 401 km e uma população fixa de cerca de 58.000 habitantes (censo IBGE – 2000), tem território monta-nhoso, coberto pela Mata Atlântica, com cos-ta ornamentada por mais de 30 praias, que atraem turistas de todo país.

Têm turismo competitivo, intensa atividade portuária e conta com um terminal da Petro-brás, por onde passa grande parte do

petróleo para as refinarias paulistas, o que lhe dá destaque entre as cidades do litoral norte.

Vista aérea - fonte: Capitania dos portos

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HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO

OCUPAÇÃO INDÍGENA

Toda extensão da cidade era ocupada por ín-dios tupiniquins e tupinambás. De Boiçucan-ga para o sul ficavam os tupiniquins, deste ponto até Paraty, ao norte, ficavam os Tu-pinambás (tribos inimigas e antropófagas). (06)

OCUPAÇÃO COLONIAL

Os primeiros colonos chegaram à região de São Sebastião nos últimos anos do século XVI. A partir do século XVII esses iniciaram a exploração dos engenhos de cana-de-açú-car e a vila se desenvolveu. Posteriormente, passaram a produzir aguardente por perder a produção de açúcar para o Nordeste e Amé-rica Central, pontos mais estratégicos. Entre 1670 a 1720 sofreu uma época intensa de urbanização por ser ponto de escoamento de mineradores, fato que atraiu muitos comer-ciantes portugueses fazendo com que esses instalassem novos engenhos na região.

Com a instalação da ferrovia facilitando o escoamento dos produtos através do porto de Santos (1817) e a abolição da escravatura (1886), São Sebastião entra em decadência. Consta que até então 35% da população era de escravos. Assim a população passou a vi-

ver de subsistência, trabalhando com a pesca artesanal e roças de mantimentos.(06)

OCUPAÇÃO ATUAL

A partir da segunda metade do século XX, com a chegada da Petrobrás a ordem econô-mica e social sofre profundas modificações. A relação com a terra muda, principalmente na região central. Toda a área antes ocupada com roças e chácaras é desapropriada pela empresa para construção do pátio de tanques de armazenamento de petróleo de apoio ao píer atracadouro de navios, que trazem o Pe-tróleo do Oriente Médio para o Brasil. (06)

A partir das décadas de 70 e 80, com a me-lhoria da rodovia que liga São Sebastião a Santos, surge a exploração turística, princi-palmente na costa sul do município. Há uma nova alteração quanto ao uso da terra, com o surto econômico as populações costeiras vendem suas posses e passam a habitar o “sertão”. A faixa de marinha e adjacente são ocupadas então por casas de veraneio, e mais tarde, por condomínios fechados. Não há mais a relação com a terra através das roças e a população caiçara passa a trabalhar nos ser-viços ligados ao turismo e uma parcela bem diminuta ainda vive da pesca.

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USO DO SOLO

No Município o uso do solo caracteriza-se por dois setores distintos, o primeiro, na Costa Sul, há predominância das atividades turísticas – casas de veraneio e lazer – e há também pequenos núcleos de caiçaras e pes-cadores, cada vez mais nessa área tem se de-senvolvido empreendimentos para constru-ção de condomínios fechados destinados à população flutuante.

O segundo é a Costa norte (o mais antigo), onde estão localizados, o bairro de São Fran-cisco, o Porto de São Sebastião, o Terminal Marítimo Almirante Barroso (TEBAR) e o Centro Histórico, o qual será apresentado a seguir.

Foto de Maresias (Norte de São Sebastião)

Foto do “Centro” (Sul de São Sebastião)

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CENTRO HISTÓRICO

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LOCALIZAÇÃO

Considera-se “Centro Histórico de São Sebastião” sete quadras tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional, núcleo de arquitetura colonial com construções do séc XVII e XVIII em que se encontram casarões que foram construídos ao redor da Igreja Matriz (séc XVI).

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LEVANTAMENTO E ANÁLISES

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Para classificar os edifícios a prefeitura os dife-rencia por valores;

HISTÓRICO

aspecto original, mantem maioria dos elementos, possui valor cultural, ajudando na compreensao da história e urbanização do municipio. as obras nestes imoveis devem ter como objetivo sua pre-servação, recuperação de elementos e valorizaçao total, sendo seus projetos orientados por equipe tecnica da prefitura.

AMBIENTAL

A construçao nao mantém todos os elementos originais, porém compõe um conjunto que pode auxiliar na compreensão da história do municí-pio; mantém volumetria condizente com o con-junto. os imóveis com esse valor devem ter sua fachada e volumetria preservados e recuperados sob orientação de equipe técnica; sendo o interior passível de alterações.

SEM VALOR

Construção nova ou antiga onde não se reconhe-cem os elementos originais, porém mantém volu-metria condizente com o conjunto. nestes casos limitado deve ser o gabarito e restrições quanto a propaganda, painéis, etc.

PREJUDICIAL A AMBIENCIA

Construção que altera a volumetria do centro his-tórico, prejudicando sua visualização, ou ainda, confundindo a leitura da história e urbanização. as obras nestes casos devem ter como objetivo reverter a situação.

Foto aérea do Centro Histórico

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“São Sebastião não apresenta traçado regular tão rígido. Suas ruas, embora retilíneas, acompanham o desenho da costa, formando ângulos abertos. Os limites impostos pelos cursos d’água, vão afunilando as quadras nas extremidades do núcleo urbano. Talvez o marco de tendência Européia de valorização de prédios imponentes seja a posição da rua transversal à costa, que é centralizada, em relação ao núcleo, liga a praia ao largo da matriz. Composto por 3 ruas longitudinais acompanhando o desenho da costa ainda que sutilmente, e alguns transversais, o núcleo urbano só estenderia seus limites, ainda que muito pouco, no séc XIX com a abertura da “Rua Nova”, que liga o córrego de Outeiro ao antigo local dos ranchos de canoas, onde deságua o córrego do Ipiranga. Somente a partir de 1960, com a chegada da Petrobrás os limites desses 2 córregos os limites desses dois córregos seriam transpostos pela área urbana; visto que esta deveria ter sido a área de “róssio”, provavelmente limitadas pelas terras da fazenda Santana a cerca de 2,5Km da cidade e demais fazendas. As praças e largos abertos por forças das convenções coloniais, legais ou não, eram o largo da Matriz (o espaço religioso), a praça do coreto (ao lado da Matriz) e o largo da Câmara e Cadeira (espaço político). Estes espaços permaneceram sem tratamento, apenas áreas abertas, até o séc XIX, quando as praças e jardins tornaram-se moda, e os modelos ingleses e Franceses dominantes. Cabe lembrar que até o início do séc XVIII a vila era bem rústica, somente com recursos adivindos da nova ordem econômica, os Se-bastianenses puderam construir seu prédio de Câmara e Cadeia e alguns sobrados típicos da arquitetura de pedra e Cal, comum as cidades do Litoral Brasileiro.”(05) Nestor Goulart Reis Filho

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ANÁLISE

Nestor Goulart faz uma descrição do traçado urbano não apenas do Centro Histórico como também de seu entorno próximo. Em ambos temos a mesma tipologia arquitetônica de terrenos uniformes, casas construídas com o mesmo alinhamento, com telhados de duas águas sempre paralelos a fachada voltada para as ruas, com fachadas e plantas muito parecidas, em que se tem sempre um corredor longitudinal que integra a parte frontal e posterior aos aposentos. Verifica-se alguma alteração nas técnicas construtivas de acordo com a idade dos imóveis, pois nas pri-meiras habitações feitas por portugueses esses recorreram à experiência indígena vernacular, caracteriza-da por estrutura de madeira. Com o tempo as técnicas dos portugueses foram se adaptando às condições locais e se compatibilizando aos materiais disponíveis e ao clima diferenciado do País.

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A Igreja Matriz de São Sebastião, prédio de pedra entaipada construído em fins do século XVI, com características comuns às igrejas jesuítas (em seu frontão triangular, apenas uma porta principal, nave separada da capela-mor por arco cruzeiro comuns nas Igrejas mais simples dos setecentos) parece ser pólo de origem as demais construções que possuem algumas relevâncias históricas, sen-do todos os edifícios de importância histórica construídos em frente à mesma, “a sua vista”.

As construções relevantes implantadas distan-tes da Igreja são de edifícios construídos no séc XVIII com técnicas mais avançadas do que a dos anteriores (rústicos), como por exemplo, a casa da Câmara e Cadeia, símbolo de autoridade insti-tuída construída.

IGREJA MATRIZ - SEC XVI

CADEIA - SEC XVIII

EIXO PRAIA IGREJACÂMARA MUNICIPAL - SÉC XVII

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Através do diagrama verifica-se que o tamanho das quadras aumenta ao passo em que essas se distanciam do mar e a variação no comprimen-to das vias e os eixos descontínuos desvinculam parcialmente a malha urbana colonial, em que as quadras e os espaços entre as mesmas são me-nores, da malha viária mais recente, cujos cor-redores são mais amplos e eixos condizentes à implantação do reservatório da Petrobrás.

As considerações colocadas por Nestor Goulart somadas aos dados verificados nos diagramas de-monstram a relação direta da atual configuração urbana com a implantação da Petrobrás na dec de 60. Em relação ao patrimônio histórico, desta

década até os dias de hoje várias leis foram feitas com o intuito de preservá-lo, porém muitas foram revogadas.

Em 1969 o CONDEPHAAT realizou o tomba-mento do núcleo urbano de São Sebastião, porém desta data até os dias de hoje parte da sua área está descaracterizada, prejudicando o seu poten-cial turístico, e conseqüentemente a identidade cultural do cidadão Sebastianense.

Muitos imóveis encontram-se abandonados e em péssimo estado de conservação e ha falta de equi-pamentos e instituições, instrumentos importan-tes para o fortalecimento da base social, o que faz

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com que a cultura nativa seja cada vez mais esquecida.

O Centro Histórico apesar de ter suas quadras tombadas por inteiro apresenta características heterogêne-as em relação a atividades, uma boa parcela dele está subutilizada. O uso do solo é caracterizado pelos seguintes eixos:

01)Eixo ativo de comércio moderadamente orde-nado e em edifícios sem valor histórico.

02)Eixo ativo de comércio moderadamente orde-nado em alguns edifícios com valor histórico e alguns espaços coletivos.

03)Eixo inativo de imóveis “abandonados” em sua maioria com valor histórico

04)Eixo ativo de comércio com restaurantes, lo-jas, feiras e serviços. Conta com muitos edifícios de valor histórico.

05)Eixo inativo com poucos estabelecimentos de serviço, parcela com grande potencial, próxima ao mar, alguns tombamentos isolados, terreno va-zio e imóveis desocupados.

O Centro Histórico está passando por uma obra de revitalização, que é a primeira etapa do “Pro-jeto acontece” (02), um plano de desenvolvimen-to urbano e ambiental que prevê investimentos em obras de infra-estrutura para o centro de São Sebastião mais especificamente para o eixo 04 voltado para o mar.

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PROPOSTA DA PREFEITURA

A proposta feita pela prefeitura visa preparar o município para os próximos 30 anos, já que existe uma perspectiva de crescimento com a ampliação do porto, construção do novo acesso e exploração do gás natural e álcoolduto na cidade. Estão sen-do construídas quadras poliesportivas, calçadão, os casarões antigos estão sendo mantidos, alguns restaurados.

Esse projeto tem fins interessantes, com propos-tas de novas atividades que podem realmente revitalizar parte da área, porém é voltada quase que especificamente ao eixo 04 (de frente para o mar), sendo que a proposta para os outros eixos

se limita a restauro de fachadas, não vislumbran-do novas atividades que aproveitem o potencial que a região tem para o turismo e a cultura.

É nesse cenário, em que o perfil da região está passando por uma transformação, que o estudo para a implantação de um Centro Cultural apa-rece. Fazendo uma análise cuidadosa do tecido urbano para dar uma nova dimensão sem perder o toque de sua memória local. Identificando, sele-cionando e somando a tradição local a uma nova abordagem. Com a proposta de chamar a atenção para a necessidade de resgatar a cultura e histó-ria regional, criando novas oportunidades para os nativos e também questionando a forma com que essa região está sendo modificada.

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INTERVENÇÃO PROPOSTA

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ÁREA DE ATUAÇÃO

Parcela inativa com poucos estabelecimentos de serviço e grande potencial contendo edifícios tom-bados, terreno vazio, vista para o mar e recente equipamento institucional (Teatro Municipal) a área localizada no eixo 05, que compreende as Ruas Expedicionário Brasileiro, Antônio Candido e Quintino de Bocaiúva, foi escolhida, além se encontrar subutilizada, por sua provável capacidade de incidir nos eixos inativos que não receberam o devido cuidado no projeto da prefeitura.

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RESTRIÇÕES

LEI N.º 225/78 (COM ALTERA-ÇÃO)

ESTABELECE NORMAS PARA O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA COSTA NORTE

VII - Zona VII – (Zona Histórica) – São as defi-nidas pelos seguintes perímetros :

O que se inicia na confluência da Avenida Dr. Al-tino Arantes com a Rua General Osório, seguindo pelo alinhamento desta até o cruzamento com a Rua Sebastião Silvestre Neves e pelo alinhamen-to desta, atravessa as Praças Major Fernandes e Antônio Argino, seguindo pelo alinhamento da Rua Antônio Cândido até o final desta, na Pra-ça Almirante Barroso, onde pelo eixo da Av. Dr. Altino Arantes, atinge o ponto de partida, cruza-mento desta com a Rua General Osório; O que percorre os limites dos terrenos lindeiros às Ruas Padre Gastão e Martins do Val, no Bairro de São Francisco, incluindo a área do Convento Francis-cano;

Raio de proteção (de 300m) de patrimônio histó-rico devendo qualquer intervenção ser aprovada pelo Condephaat.

Recuos: Não são necessários recuos para facha-das, nem laterais.

Gabaritos: 2 pavimentos mais mezanino (pode ocupar até 40% do pavimento inferior)

Taxa de ocupação: 70%

LOCALIZADO NA QUADRA DA PROPOSTA O TEATRO MUNICIPAL FOI CONSTRUÍDO RECENTEMENTE,

LOCALIZADA NA QUADRA DA PROPOSTA A CASA DAS JANELAS FOI CONSTRUÍDA NO SÉC XVIII.

PAISAGEM AVISTADA PELA PARTE POS-TERIOR DA QUADRA DA PROPOSTA

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A busca por uma revitalização homogênea do Centro Histórico se apresenta através das seguin-tes diretrizes para a área delimitada;

01)Requalificação dos edifícios existentes de-volver ao edifício histórico implantação original (eixo largo - mar),

02)Abertura da via para valorização do largo,

03)Novo eixo com calçadão para valorizar as duas quadras isoladas (não tombadas) e o edifício “desmembrado da praça”,

DIRETRIZES

04)Intervenção direta - a implantação de um Centro Cultural insinua uma grande praça de in-tegração dos edifícios pré-existentes ao proposto, acolhendo os mesmos.

05)Alongamento da via sobre a calçada, a qual será substituída por decks.

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CENTRO CULTURAL DE SÃO SEBASTIÃO

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CENTRO CULTURAL DE SÃO SE-BASTIÃO

Em uma cidade recorremos aos bens edificados e aos objetos que tiveram significado na forma-ção de nossa identidade cultural para buscarmos a nossa identidade. sendo a arquitetura uma for-ma de “perpetuação” da memória da cidade ela se torna fundamental à compreensão da história e da urbanização, ou seja, o patrimônio material torna-se instrumento de identificação do homem.

Se pensarmos que o homem depois de buscar sua identidade por meio do patrimônio material bus-ca o patrimônio imaterial, no qual se inserem as festas, as celebrações, os lugares e os saberes que fazem parte de nossa formação cultural e que, de alguma forma, encontram-se no inconscien-te coletivo podemos sugerir que se ele tiver um espaço para realizar a busca desse patrimônio o sentimento de zelo por sua cultura surgirá como conseqüência.

As questões anteriores serão abordadas no pro-jeto ao passo em que escolhi uma área de preser-vação, de patrimônios históricos e ambientais , buscando compreender como deve ser o ato de “construir no construído” como, também o ob-jeto chamará atenção para o resgate cultural da cidade, já que a partir da segunda metade do sé-culo xx, com a chegada da Petrobrás e abertura e pavimentação das vias de acesso, a ordem econô-mica e social de são Sebastião sofreu profundas modificações trazendo como conseqüência a des-valorização da cultura nativa e “expulsando” a população local para os morros fazendo com que os nativos abandonassem seus costumes, sendo utilizados como mão-de-obra na construção civil e no apoio ao turismo.

Ou seja, um lugar com necessidade de resgate cultural e histórico com conseqüências socioeco-nômicas, exatamente os componentes propostos no projeto.

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INSERÇÃO URBANA

PRAÇAS VERDES NO CENTRO HISTÓRICO

EDIFÍCIOS TOMBADOS NO CENTRO HISTÓRICO

PRÉ EXISTÊNCIAS DETERMINANTES

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ENTORNO DO CENTRO HISTÓRICO

PARTIDO

A inserção do objeto parte de uma grande “praça de integração” de edifícios pré-existentes (alguns do séc XVII) ao proposto levando em considera-ção a escala urbana. A arquitetura nesse caso par-te da cidade para o edifício, se tratando o mesmo de um Centro Cultural, um espaço coletivo total-mente integrado ao seu entorno tanto visualmente quanto funcionalmente.

Em uma área com delimitações, onde se tem bens tombados, restrições em relação a gabaritos, recu-os e até mesmo de área a ser construída é neces-sário encontrar estratégias, buscar elementos para integrar um novo edifício, com novas técnicas, novo estilo a um “mar” de pré-existências com perfil tão próprio e repetido por tanto tempo.

A primeira estratégia foi implantar o edifício em “u” fazendo com que esse acolhesse o existen-

te mais próximo (a casa das janelas) tornando-o parte de seu programa, valorizando-o e exploran-do sua história através de novo uso,

A segunda estratégia seria o pórtico na lateral (não no centro) que se torna a entrada dessa gran-de praça de integração. Passando por ele a pessoa pode transitar não apenas por dentro do novo edi-fício mas também por seu entorno.

Outras estratégias foram adotar horizontalidade visual por brises de madeira reafirmando o ga-barito existente, o uso de vidros para manter a permeabilidade visual fazendo com que o edifí-cio não entre em conflito com os existentes, fazer referências a elementos naturais através de aca-bamentos (pisos e revestimentos).

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EDIFÍCIOS TOMBADOS PRÓXIMOS A QUADRA DO PROJETO

EDIFÍCIOS COMUNS PRÓXIMOS A QUADRA DO PROJETO

LEITURA DA QUADRA

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EDIFÍCIO RELEVANTE (TEATRO) PRÓXIMO A QUADRA DO PROJETO

EDIFÍCIO PROPOSTO (VOLUMETRIA)

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O PROJETO

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MÓDULO 01 - INFRA ESTRUTURA

MÓDULO 02 - EIXO OFICINAS

MÓDULO 03 - EIXO EXPOSIÇÕES

No primeiro considerado como “espaço servidor” está contida a parte de infra estrutura. Composto por banheiros, parte técnica, depósitos, equipa-mentos, vestiários e toda fonte de elétrica e hi-dráulica que abastece os demais módulos.

No segundo módulo considerado como “espaço servido” está contido o eixo de oficinas, espaços vazios em que o público tem livre acesso.

No terceiro módulo tembém considerado como “espaço servido” está contido o eixo de exposi-ções, espaços vazios em que o público tem livre acesso, de menor fluxo.

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CIRCULAÇÃO VERTICAL

CIRCULAÇÃO VERTICAL

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CIRCULAÇÃO VERTICAL

A circulação vertical encontra-se por todos os módulos do edifício. Assim o fluxo se distribui de acordo com os respectivos usos.

No módulo das oficinas a rampa encontram-se na extremidade voltada para o lado de fora devido a necessidade de dar vitalidade a quadra vizinha que se encontra tão decadente e inativa.

No módulo de exposições o mesmo acontece, mas por motivo distinto. Nesse caso a paisagem deve ser privilégio de quem circula pelo edifício não daqueles que apreciam as exposições. Assim a vista externa não interfere na função do espa-ço.

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VAZIOS DESCOBERTOS NO TÉRREO

VAZIOS NO PAVIMENTO TÉRREO

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VAZIOS NO MEZANINO

VAZIOS NO PAVIMENTO SUPERIOS

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INFRA ESTRUTURAS NO PAVIMENTO TÉRREO

INFRA ESTRUTURAS NO MEZANINO

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INFRA ESTRUTURAS NO PAVIMENTO SUPERIOR

A parte técnica de apoio às atividades foi instalada na parte do mezanino para estar equidistante dos pa-vimento térreo e superior.

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01) Oficina da Farinha Ofcina de feitio de Canoa02) Oficina de Entalhe Oficina de Pintura Oficina de Artesanato03) Banheiros04) Refeitório funcionários05) Depósito 06) Vestiário Funcionários07) Arena - Manifestações populares08) Vestíbulo

09) Recepção10) Exposições11) Teatro existente (aulas de testro)

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01) Oficina de Culinária 02) Depósito Reserva técnica Preparo 03) Central de segurança04) Elevador05) Exposição

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01) Administração02/03) Sala de aulas: Educação ambiental Trabalhos manuais Lingua tupi guarani Música Agricultura Maricultura Pesca artesanal04) Auditório (100 lugares)05) Café / loja

06) exposições07) Mapoteca08) Biblioteca

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VISTA POSTERIOR DO CENTRO CULTURAL

VISTA FRONTAL DO CENTRO CULTURAL

INSERÇÃO DO OBJETO NA QUADRA

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MAQUETE FÍSICAIMPLANTAÇÃO

MAQUETE FÍSICAVISTA DA ENTRADA

MAQUETE FÍSICAPERSPECTIVA

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O EXPERIMENTO

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ILUMINÂNCIA DO INTE-RIOR DO CENTRO CULTU-RAL DE SÃO SEBASTIÃO

A escolha por brises de madeira se determinou em função do fator “horizontalidade na fachada”, mas também pela necessidade de se fazer sombra em um objeto inserido em São Sebastião, cidade litorânea de São Paulo. Para viabilizar esse uso foi feito o estudo de iluminância em uma maque-te, ou seja, uma simulação de como funcionaria esse tipo de brise (horizontal de madeira) para a tal situação.

Antes de entrar na experiência foram examina-das algumas referências da Norma Brasileira de iluminância em interiores buscando a iluminação ideal para o tipo de programa proposto e assim algumas informações importantes para tal expe-rimento foram recolhidas.

NBR 5413 ILUMINÂNCIA DE INTERIO-RES

ILUMINÂNCIA; Limite da razão do fluxo luminoso recebido pela superfície em torno de um ponto considerado, para a área da superfície quando esta tende para zero.

CAMPO DE TRABALHO; Região, para qualquer superfície nela situada, exigem-se condições de luminância apropriadas ao trabalho visual a ser utilizado.

Para cada tipo de local ou atividade, três lumi-nâncias são indicadas, sendo a seleção do valor recomendado da seguinte maneira; Das três ilu-minâncias considerar o valor do meio. A primeira

será a menor aceita e a mais alta a maior aceita. A Iluminância em LUX é indicada por tipos de atividades.

Algumas atividades relacionadas ao programa do Centro Cultural de São Sebastião:

Luminância indicada para cada tipo de ambiente pela NBR 5413

Bilheterias de auditórios e anfiteatros

300-150-750

Sala de leitura de Bibliotecas

300-500-750

Recinto de estudantes Biblioteca

200-300-500

Corredores e escadas 75-100-150

Salas de Aula 200-300-500

Salas de trabalhos manuais

200-300-500

Artes culinárias 150-200-300

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Restaurantes

100-150-200

Esculturas e outros objetos

300-500-750

Escritório de desenho

300-500-750

Portaria e recepção 150-200-300

Vitrines e balcões de lojas 750-1000-1500

Quadros em museus 150-200-300

Visto que cada ambiente necessita de uma quantidade de lux diferente e que no programa há diversos tipos de atividades considera-se o índice de 500lux ideal para tal estudo.

SIMULAÇÃO DE INSOLAÇÃO GERAL (VOLUMETRIA)

Essa simulação foi realizada para verificar a inci-dência de sol na fachada leste em estudo.

Foi constatada a incidência (direta) de luz duran-te os períodos da manhã e tarde.

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INVERNO12HS TARDE

EQUINÓCIO12HS TARDE

VERÃO12HS TARDE

INVERNO15HS TARDE

EQUINÓCIO15HS TARDE

VERÃO15HS TARDE

INVERNO9HS MANHÃ

EQUINÓCIO9HS MANHÃ

VERÃO9HS MANHÃ

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EXPERIMENTAÇÃO COM BRISE DE MADEIRA – MAQUETESIMULAÇÃO DE INSOLAÇÃO EM ÁREAS DE EXPOSIÇÃO

INVERNO9HS MANHÃ

INVERNO12HS TARDE

INVERNO15HS TARDE

EQUINÓCIO9HS MANHÃ

EQUINÓCIO12HS TARDE

EQUINÓCIO15HS TARDE

VERÃO9HS MANHÃ

VERÃO12HS TARDE

VERÃO15HS TARDE

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Foram experimentados dois brises com dimen-sões e distanciamentos distintos:• O da esquerda com brises de 10m x 28cm x 10cm (LxPxC) em que cada brise dista 60cm do outro,• O da direita com brises de 10m x 28cm x 10cm (LxPxC) em que cada brise dista 40cm do outro.

Os resultados para o primeiro (da esquerda) não foram satisfatórios, pois esse deixava passar de-masiada quantidade de luz que não é aceita em qualquer espaço do centro cultural e muito menos em uma cidade litorânea, onde as pessoas bus-cam sombras para se sentirem bem. Caso contrá-rio elas não teriam razões para entrar nesse tipo de ambiente.

Os resultados para segundo brise (da direita) foi mais aceito por obter luminâncias mais próximas às estipuladas pelas normas da NBR 5413, porém não foram completamente corretos. Em alguns períodos do dia a iluminação era muito intensa.

Segue tabela com as referências relacionadas a iluminância para o segundo brise; 10m x 28cm x 10cm (LxPxC) em que cada brise dista 40cm do outro.

VERÃO DENTRO FORA

9 hs 560lux 4000 lux

12 hs 470 lux 4800 lux

15 hs 580 lux 4000 lux

EQUI/CIO DENTRO FORA

9 hs 520 lux 3500 lux

12 hs 430 lux 3700 lux

15 hs 600 lux 4100 lux

INVERNO DENTRO FORA

9 hs 720 lux 3900 lux

12 hs 470 lux 3800 lux

15 hs 580 lux 3500 lux

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Visto a necessidade de fazer um brise mais resistente a luz, esse foi proposto com um menor distancia-mento de um brise a outro, porém considerando a possibilidade de visibilidade externa.

Com essa proposta surgiu o grande obstáculo do experimento, que é o fato da área de exposições (que exige iluminação homogênea) estar iluminada de forma tão instável como se percebe na imagem anterior (simulação do sol das 8h da manhã – verão).

Depois dessa constatação verificou-se que essa iluminação “estranha” não persiste ao longo do dia, como essa face é voltada para o leste, a iluminação instável invadiria o ambiente até umas 10h da manhã, o que não é crítico em se tratando de horário inoportuno a exposições.

Uma solução seria trabalhar com elementos internos o que se trata de um novo experimento que não pode ser realizado por enquanto.

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MATERIAIS PROPOSTOS

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PISO POLIMÉRICO PISO POLIMÉRICO

PISO INTERTRAVADO PISO FULGET

LAJE ALVEOLAR PROTENDIDA PISO FULGET

TIJOLO ECOLÓGICO - SOLO CIMENTO

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CONCLUSÃO

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Uma cidade é constituída de vida, de relações que para acontecerem necessitam de espaços e formas que orientem os fazeres sociais e a dinâmica des-sas relações. Para se manter estruturada e garantir que essa vida crie e recrie os espaços é necessá-rio que haja integração de “toda” simbologia que rege os mesmos, não apenas os aspectos mate-riais como também todo bem que a compõe, seja material ou imaterial.

Por isso construir uma cidade ou fazer uma in-tervenção na mesma se resume em estruturar sua base de forma que essa transfira uma imagem que oriente a sociedade. Assim a arquitetura precisa de um método que institua a harmonia entre espa-ços e formas, pois conflitos não geram interação, não dinamizam as relações e por conta deles tal-vez elas nem existam fazendo se perder o caráter de cidade.

Esse princípio, de harmonia, deve ser considera-do, principalmente, em casos de cidades consti-tuídas, que não tem extensão para crescimento por conta de barreiras físicas, fazendo com que as demandas e novas necessidades se apliquem sempre no mesmo lugar tendo que “dialogar” com pré-existências, como é o caso da cidade de São Sebastião. Ao ser analisada percebeu-se que essa necessita de uma identidade visual.

Em relação às suas características físico-espaciais e históricas, a cidade de São Sebastião apresenta condições que dificultam a formação espontânea de uma imagem adequada de sua unidade.

Por ser ornamentada por praias a atividade tu-rística está cada vez mais crescente, essas praias acabam se desenvolvendo e virando núcleos in-dependentes, sem critérios e propostas urbanís-ticas, fazendo com que a imagem da cidade seja

fragmentada.

Com toda estrutura direcionada à população flu-tuante os habitantes deixam de exercitar seus costumes tendo como opção voltar todas as suas atividades para a nova ordem, o turismo.

Essas atividades ligadas a trabalhos, na maioria das vezes, mal remunerados (como caseiros, do-mésticas, pequenos comerciantes, mão-de-obra na construção civil e outras atividades de apoio ao turismo) não geram fluxo de capital para a ci-dade fora de temporada.

Esse turismo predatório desvaloriza a cultura “caiçara” fazendo com que esses percam seus la-ços de pertencimento.

Na região do Centro o mesmo acontece, porém esse além de ser mais um “pedaço isolado” da cidade também é composto por fragmentos; parte da estrutura direcionada à população nativa e a outra voltada para o turismo, sendo que essa não realiza a sua função espontaneamente, visto boa parcela desta em inatividade.

Nesse caso existe a necessidade de se traçar um plano de urbanização conjunta do centro históri-co e de todo espaço litorâneo. Devendo esse re-sultar em harmonia espacial e não competição ou confronto, ordenando estrutural e visualmente a paisagem, constituindo uma ligação entre as raí-zes de sua origem ao futuro, com a finalidade de se criar essa identidade simbólica e histórica que a cidade precisa.

Nesse contexto São Sebastião aparece compro-vando a não funcionalidade da fragmentação em uma cidade.

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BIBLIOGRAFIA

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IPAC (Inventário do patrimônio arquitetônico e cultural) - SECTUR - Secretaria de Cultura e Turismo de São Sebastião

ROSSI, Aldo; A Arquitetura da cidade

DE GRACIA, Francisco - Construir no Construído

MAGALHÃES JR, José; Políticas e ações de urbanismo e meio ambiente do município de São Sebas-tião.

ALMEIDA, Antônio Paulino – Memória Histórica sobre São Sebastião

REIS FILHO, Nestor Goulart – Evolução Urbana do Brasil ( 1500 – 1720 )

ROWER, Frei Basílio – Páginas da História Franciscana no Brasil

STADEN, Hans – Duas Viagens ao Brasil

MADRE DE DEUS, Frei Gaspar da – Memórias para a História da Capitania de São Vicente

SITTE, Camillo; A Construção da cidade segundo seus princípios artísticos.

ANELLI, Renato L. S. “Centri Unificati di Educazione a São Paulo, le scuole di São Paulo”, in Casa-bella, n. 727, Milano, novembro 2004, p. 6-19.

PROJETODESIGN Edição 277 Março 2003. (Arquitetura Sustentável)

Fontes: (01) SEADE - 2000 / 2002 / 2005 Atlas Desenvolvimento Humano - 2000

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IBGE - 2000 UNICEF – 2002

Entrevista com técnicos da Secretaria de Cultura e Turismo, e da Secretaria de Obras

SITES PESQUISADOS

www.saosebastiao.sp.gov.br/www.pdturismo.ufsj.edu.br/artigos/umbomnegocio.shtmlwww.conteudoescola.com.brwww.espacoacademico.com.brwww.ajudabrasil.com.brwww.ecologizar.com.br/vale.html

NOTAS

01- Patrimônio e cidade. “Sobrevivências” do passado em Ribeirão PiresClaudio Rogerio Aurelio e Marina Veiga Scalabrini02- construir no construído03 - Artigo (e o futuro da metrópole)04- Nanci Corbioli (PROJETODESIGN Edição 277 Março 2003.)05- Reis Filho, Nestor Goulart – Evolução Urbana do Brasil (1500 – 1720)06- IPAC (Inventário de Patrimônio Arquitetônico Cultural – Secretaria de Cultura e Turismo de São Sebastião)