Upload
fundacao-casa-de-jorge-amado
View
282
Download
40
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Trabalho de Conclusão de Curso de Glaucia Cristina Ferreira dos Santos
Citation preview
* Formada em bacharel em Letras – Português/Inglês pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Atualmente, é aluna do curso de Pós-graduação em Tradução Português/Inglês na Universidade
Gama Filho.
E-mail: [email protected]
A TRADUÇÃO DOS ITENS DE ESPECIFICIDADE CULTURAL EM
GABRIELA, CRAVO E CANELA DE JORGE AMADO
Glaucia Cristina Ferreira dos Santos *
Resumo:
O objetivo do presente artigo é analisar e classificar como os itens de especificidade cultural
identificados no romance “Gabriela, cravo e canela” de Jorge Amado foram traduzidos na sua
versão para o inglês “Gabriela, clove and cinnamon” traduzida por James L. Taylor e William
L. Grossman. Os itens de especificidade cultural são elementos que carregam aspectos muito
fortes da cultura na qual a obra literária está inserida e, por isso, representam uma grande
dificuldade para os tradutores. Para analisar o corpus selecionado para este artigo, será
utilizada a teoria proposta por Lambert e van Gorp (1985). Essa proposta defende a teoria de
que nenhuma obra literária pode ser analisada em isolamento. É necessário considerar a
cultura da língua de origem, assim como, a cultura da língua de destino. A partir daí, os itens
de especificidade cultural indentificados no corpus, serão classificados de acordo com as
teorias propostas por Venuti (1995), Aixelá (1996) e Bentes (2005). No desenvolvimento do
seu livro “The translator’s invisibility” (1995), Venuti aborda duas estratégias que podem ser
utilizadas no processo tradutório. Essas estratégias são chamadas de domesticação e
estrangeirização. De maneira semelhante, Aixelá (1996) divide os procedimentos tradutórios
abordados em seu artigo em dois grandes grupos: conservação e substituição. Com base nos
dois teóricos citados acima, Bentes (2005) faz uma reformulação das categorias propostas por
Aixelá.
Palavras-chave: itens de especificidade cultural, domesticação, estrangeirização.
2
1. INTRODUÇÃO
Segundo Heloísa Barbosa (2004), a tradução é a atividade humana realizada através
de estratégias mentais que são utilizadas para transferir significados de um código linguístico
para outro código linguístico. Com isso, é possível afirmar que, ao transferir significados de
um código linguístico para outro durante a tradução de uma obra literária marcada pela
cultura na qual está inserida, esse processo representa uma grande dificuldade para os
tradutores. Ao traduzir para o inglês uma obra como “Gabriela, cravo e canela” de Jorge
Amado, os tradutores se deparam com um dilema abordado por Umberto Eco em seu livro
“Quase a mesma coisa” (2011):
(...) uma tradução deve levar o leitor a compreender o universo linguístico e cultural do texto de origem ou deve transformar o texto original para torná-lo aceitável ao leitor da língua ou da cultura de destino? (ECO, 2011, p.190)
Para solucionar esse questionamento, o presente artigo utilizará a teoria proposta por
Lambert e van Gorp (1985) para analisar o romance “Gabriela, cravo e canela” de Jorge
Amado e a sua versão para o inglês “Gabriela, clove and cinnamon” traduzida por James L.
Taylor e William L. Grossman. Em seguida, será apresentada uma breve biografia do autor
Jorge Amado, juntamente com uma contextualização histórica da época na qual o romance foi
escrito e da época retratada no livro. Depois, os itens de especificidade cultural indentificados
no corpus, serão classificados de acordo com as teorias propostas por Venuti (1995), Aixelá
(1996) e Bentes (2005) que serão detalhadas nas seções seguintes desse artigo. E finalmente,
com a análise e a caracterização dos itens de especificidade cultural presentes no corpus será
possível avaliar o impacto da escolha da estratégia utilizada, isto é, será possível saber se o
resultado na língua alvo foi uma obra domesticada com uma função didática, uma obra
estrangeirizada que por vezes dificulta o entendimento do leitor ou uma obra híbrida que
permite o entretenimento do público leitor e ao mesmo tempo facilita o entendimento do livro.
2. METODOLOGIA: O MODELO DE LAMBERT E VAN GORP
3
Uma obra literária traduzida não pode ser analisada de maneira estanque, ou seja,
como um fato isolado, pois o seu processo tradutório é algo complexo e o seu produto não é
resultado isolado. O texto traduzido e o tradutor estabelecem conexões e relações com outros
textos traduzidos, outros tradutores e autores, além dos sistemas nos quais estão inseridos.
Com isso, uma obra não pode ser analisada separadamente da cultura da língua de origem e da
cultura da língua de destino. Isso é o que afirmam José Lambert e Hendrik van Gorp em seu
artigo “On describing translations”, publicado em 1985 no livro “The manipulation of
literature”.
Em tal artigo, Lambert e van Gorp propõem um modelo metodológico abrangente
que permite analisar os diversos aspectos da tradução dentro do contexto de uma teoria de
tradução flexível e geral. Os estudos descritivos dos autores se baseiam em um esquema no
qual coexistem dois sistemas literários que compreendem elementos, como autores, textos e
leitores. Os sistemas não podem ser considerados estritamente como literário porque os
sistemas literários de cada cultura não podem ser separados dos demais sistemas social,
religioso, entre outros.
Figura 1 – Esquema hipotético para descrição de traduções (LAMBERT & VAN GORP, 1985, p. 43)
Na figura acima estão representados todos os elementos complexos e dinâmicos que
estão em interação dentro do sistema da língua de origem (System 1) e do sistema da língua
de destino (System 2). Entre os dois sistemas existe uma relação aberta que depende das
prioridades comportamentais do tradutor, que por sua vez, deve ser considerado em função
das normas dominantes do sistema da língua de destino. Isto é, a relação dependerá das
escolhas do tradutor que é influenciado pelas normas e regras que regem o sistema da língua
de destino. O objetivo principal do esquema proposto por Lambert e van Gorp são as relações
estabelecidas entre os dois sistemas literários. Segundo os autores do texto, a tradução é
4
resultado de determinadas interações entre os parâmetros descritos no esquema. Sendo assim,
cabe a cada pesquisador definir quais são as relações mais relevantes para o seu estudo.
O esquema proposto faz com que a ideia de que os recursos linguísticos da língua de
destino são os equivalentes adequados dos seus correspondentes da língua de origem caia por
terra, pois a equivalência dos signos linguísticos possui uma natureza complexa. Nem sempre
um signo linguístico de um idioma tem um equivalente perfeito no idioma de destino. Além
disso, nenhuma tradução é resultante somente do conjunto de normas do sistema de origem ou
do sistema de destino. A tradução contém interferências de ambos os sistemas. Assim, as
teorias tradicionais que defendem a fidelidade e a qualidade da tradução de acordo com o
texto original são superadas. Lambert e van Gorp (1985) consideram a comparação entre o
texto original e o texto traduzido o seu material de estudo mais relevante. Essa comparação
evidencia as estratégias tradutórias utilizadas e fornece informações importantes sobre as
relações entre os dois sistemas em questão e sobre a posição do tradutor dentro dos sistemas e
entre eles.
O modelo descritivo para análise dos textos traduzidos é contituído de quatro etapas:
dados preliminares, nível macro-estrutural, nível micro-estrutural e contexto sistêmico. O
primeiro deles são os dados preliminares que abrange a análise dos aspectos extra-textuais,
como página de título, prefácio e notas de rodapé, levantando hipóteses que serão utilizadas
no próximo nível. O segundo é o nível macro–estrutural no qual se verifica o acréscimo ou a
omissão de palavras feita pelo tradutor e confrontam-se as características do texto-fonte e do
texto-meta (ANTUNES, 2009). No terceiro nível, micro-estrutural, o pesquisador verifica se o
tradutor seguiu as normas que foram reconstruídas nos níveis anteriores ou se há exceções. No
quarto e último nível, chamado de contexto sistêmico, são analisados os metatextos da cultura
receptora. Para a análise do corpus do presente artigo, foram utilizados apenas os níveis
macro-estrutural e micro-estrutural. Segundo Antunes (2009), este modelo de Lambert e van
Gorp (1985) auxilia na análise das relações entre os sistemas literários das culturas fonte e
alvo e entre seus elementos, entre eles, autores, tradutores, leitores e obras originais e
traduzidas. Além disso, ainda é importante salientar que não é possível desconsiderar o fato
de que um texto traduzido ou um tradutor mantém relações com outros tradutores e outras
traduções. Desta forma, a seção seguinte apresentará uma breve biografia do autor Jorge
Amado e uma contextualização histórica do momento no qual “Gabriela, cravo e canela”
(2008) foi escrito e do momento histórico retratado no livro.
5
3. BREVE BIOGRAFIA DE JORGE AMADO E CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICA
O escritor Jorge Amado nasceu em Itabuna no sul da Bahia no dia 10 de agosto de
1912. Passou a sua infância em Ilhéus e fez seus estudos secundários em Salvador, onde
iniciou sua vida literária trabalhando em jornais e fundando a Academia dos Rebeldes. O
primeiro romance de Jorge Amado (“O país do carnaval”) foi publicado em 1931. Formou-se
em Direito no ano de 1935 pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro. Devido à
sua militância política, Amado viveu exilado em diversos países. Quando voltou ao Brasil em
definitivo, o escritor deixou o partido comunista e dedicou-se completamente à literatura.
Ocupou a cadeira de número 23 da Academia Brasileira de Letras, recebeu diversos prêmios e
morreu em 6 de agosto de 2001. Suas cinzas foram enterradas no jardim de sua casa na Rua
Alagoinhas, em Salvador.
Apesar de ter morado durante nos em outros estados do Brasil e em diversos países,
o estado da Bahia e o povo baiano sempre estiveram presentes em sua vida. Tal presença é
evidenciada pelos fortes traços da cultura da Bahia em suas obras. Seus livros são permeados
por uma "cor local" (ANTUNES, 2009) bastante marcante, representada através de itens
carregados de características culturais utilizadas para descrever e nomear personagens,
lugares, elementos religiosos e da culinária bahiana. Esses itens são chamados “itens de
especificidade cultural”1 e serão abordados mais profundamente a seguir no presente artigo.
“Gabriela, cravo e canela” foi publicado no ano de 1953 e marcou a volta de Jorge
Amado à cena literária. O livro conta a trama do romance entre o árabe Nacib e Gabriela, uma
jovem encantadora que, entre outras qualidades, possui uma grande aptidão para a culinária.
A história desse romance se passa Ilhéus durante a década de 20, época de ouro do ciclo do
cacau e dos seus coronéis. Amado delineia a sociedade cacaueira com os seus jagunços e
prostitutas, beatas e homens de família, expressando bem a cor local da Bahia. O cenário
escolhido pelo autor para ambientar a trama é o centro da cidade de Ilhéus. Os principais
locais nos quais a história se passa, existem na realidade. Entre eles estão a Catedral de São
Sebastião, situada na praça Dom Eduardo, o Bar Vesúvio (que no livro é de propriedade de
Nacib), também situado na praça Dom Eduardo e o cabaré Bataclan. “Gabriela, cravo e
1 “Culture-specific items” (Aixelá,1999).
6
canela” é um romance apaixonante e extremantemente regionalista que conquistou milhões de
leitores pelo mundo inteiro com sua cor de canela e seu aroma de cravo.
4. TRADUÇÃO DE ITENS CULTURALMENTE MARCADOS
4.1. PROCEDIMENTOS TRADUTÓRIOS PROPOSTOS POR VENUTI
Em seu livro “The translator’s invisibility” (1995), o teórico Lawrence Venuti
discorre acerca da invisibilidade que é atrubuída ao tradutor quando este realiza uma tarefa de
tradução. No desenvolvimento dessa discussão, Venuti apresenta dois métodos presentes no
processo tradutório: a domesticação e a estrangeirização. A domesticação é definida como o
processo de tradução no qual ocorre uma redução etinocêntrica do texto de origem em
detrimento dos valores culturais da língua de destino. Esse método era tradicionalmente mais
utilizado, pois a indústria literária considerava uma tradução como aceitável caso ela fosse
uma cópia fiel ao original. As obras traduzidas deveriam ser fluentes e transparentes o que
tornavam o tradutor invisível. Já a estrangeirização é definida como o processo tradutório que
representa uma pressão para registrar as diferenças culturais e linguísticas do texto de origem,
inserindo o leitor no universo da cultura estrangeira. Bentes (2005) afirma que a escolha pela
estratégia estrangeirizadora não é somente estética, mas também uma opção ideológica e
política, pois visa a oposição à estratégia da fluência representada pela domesticação. Bentes
ainda discute a repercussão político-ideológica que uma tradução pode produzir. A autora
utiliza um exemplo de Venuti para explicar como certas traduções foram utilizadas em dados
momentos históricos para formar “identidades culturais domésticas” (BENTES, 2005, p. 23)
através da escolha de determinados textos estrangeiros e da pasteurização de itens e valores
culturais presentes no texto de origem.
Para complementar a discussão iniciada nessa seção, serão abordadas a seguir as
estratégias de tradução propostas pelo teórico espanhol Franco Aixelá (1996).
4.2. ITENS DE ESPECIFICIDADE CULTURAL E OS PROCEDIMENTOS
TRADUTÓRIOS PROPOSTOS POR AIXELÁ
7
A tradução é um processo de reescritura bastante complexo. Isso porque ao se
traduzir um texto, duas ou mais culturas se misturam e estabelecem relações de forma
dinâmica. O que torna a tarefa de tradução um pouco mais complicada é o fato de que cada
comunidade linguística pertencente à culturas distintas possuem uma série de hábitos, valores
e sistemas de classificação diferentes, criando assim, diversos conjuntos de normas e valores.
Consequentemente, surge uma assimetria cultural entre as duas comunidades linguísticas que
se reflete no discurso de seus membros. Diante dessa diferença, a tradução se mostra como
uma fonte de estratégias para a reprodução ou para a naturalização dos signos linguísticos. De
acordo com o grau de tolerância de cada cultura, a escolha entre essas duas estratégias será
feita. Caso a cultura receptora apresente uma maior aceitação à diferença, a estratégia será de
reprodução dos sinais culturais do texto de origem, ou seja, será utilizada um procedimento
estrangeirizador que conserva os traços peculiares da cultura de origem dentro da cultura de
destino. Por outro lado, se a cultura de chegada não for tolerante ao diferente, o tradutor
deverá utilizar uma estratégia de naturalização, cuja característica principal é de transformar
ou domesticar os aspectos culturais do texto de origem para os padrões aceitáveis dentro da
cultura de destino.
Dentro desse contexto, o teórico espanhol Franco Aixelá (1996) nomeia os itens que
possuem uma carga cultural de “itens de especificidade cultural” (CSIs) e afirma que
Cultural-specific items are usually expressed in a text by means of objects and of systems of classification and measurement whose use is restricted to the source culture, or by means of the transcription of opinions and the description of habits equally alien to the receiving culture. 2 (AIXELÁ, 1996, p. 56)
Assim, as funções e conotações de tais itens representam um problema de tradução
sempre que não existem equivalentes para os mesmos na língua alvo ou quando o seu status
intertextual é diferente no sistema de cultura do público receptor. Em sua dissetação de
mestrado, Carla Malibeu Bentes (2005) afirma que, embora ainda haja casos em que a lacuna
cultural seja visível em algumas situações, o que força o tradudor ou aluno de tradução a
ampliar o seu conceito do que seria um “item de especificidade cultural”, os CSIs são
2 Os itens de especificidade cultural são normalmente expressos em um texto por meio de objetos e
sistemas de classificação e medida cujo uso é restrito a cultura de origem ou por meio da transcrição de
opiniões e da descrição de hábitos igualmente estranhos à cultura receptora. (Tradução da autora)
8
associados aos elementos “arbitrários”, como “instituições locais, ruas, figuras históricas,
nomes de lugares, nomes próprios, publicações, obras de arte, etc” (1996, p. 57).
Ao traçar essa definição, Aixelá também aponta problemas ao adotá-la. A primeira
dificuldade surge no momento em que se necessita diferenciar os CSIs estritamente culturais
dos componentes linguísticos ou pragmáticos, sabendo-se que em uma língua tudo é
produzido culturalmente. Outros problemas que surgem são a excessiva arbitrariedade dessa
definição e o caráter estático atribuído aos CSIs, pois se pressupõe que todos esses itens são
iguais para qualquer par de idiomas que esteja envolvido na tradução.
Com isso, Aixelá afirma que um “item de especificidade cultural” não existe por si
só. Ele é o resultado do conflito que surge quando um texto com referências linguísticas
apresenta um problema de tradução devido a não existência de equivalentes ou a diferença de
valores dos elementos em questão na cultura receptora. A partir dessa concepção e com base
em Hermans (HERMANS, 1988, apud, AIXELÁ, 1996, P.59), Aixelá divide os “itens de
especificidade cultural” em duas categorias básicas: substantivos próprios e expressões
comuns. Os substantivos próprios podem ser convencionais ou motivados3. Os substantivos
próprios convencionais são conhecidos como “desmotivados” pois não possuem um
significado por si só e dependem da percepção coletiva. Já os substantivos próprios motivados
correspondem aos nomes e apelidos de personagens ficcionais ou não.
De acordo com o grau de manipulação intercultural, o autor agrupou as possíveis
estratégias tradutórias que se aplicam aos “itens de especificidade cultural”. As estratégias
foram distribuídas dentro de dois grandes grupos: conservação e substituição. A conservação
e a substituição são semelhantes à, respectivamente, estrangeirização e a domesticação
descritas na teoria de Venuti (1995). Na conservação/estrangeirização, os itens de
especificidade cultural são, de maneira geral, mantidos na língua alvo. Já na
substituição/domesticação, o tradutor aproxima o texto traduzido dos leitores da cultura
receptora, domesticando os CSIs. Os procedimentos estão dispostos nos grupos de acordo
com o quadro a seguir. Depois, cada uma das estratégias será definida detalhadamente com
exemplos retirados do artigo de Aixelá (1996), da dissertação de mestrado de Bentes (2005)
ou do corpus analisado para o presente artigo.
(a.1) Repetição
(a.2) Adaptação ortográfica
3 “Conventional proper nouns” e “loaded proper nouns”, respectivamente. (1996, p.59)
9
(a) Conservação (a.3) Tradução linguística
(a.4) Glosa extratextual
(a.5) Glosa intratextual
(b.1) Sinonímia
(b.2) Universalização limitada
(b) Substituição (b.3) Universalização absoluta
(b.4) Naturalização
(b.5) Exclusão
(b.6) Criação autônoma
Tabela 1 – Procedimentos de manipulação de “itens de especificidade cultural”. (BENTES, 2005, p.55-56)
(a) Conservação
(a.1) Repetição
Nesse procedimento o tradutor mantém a referência original no texto de destino.
Ocorre com mais frequência no tratamento de topônimos.
Seattle » Seattle (AIXELÁ, 1996, p.61)
(AMADO, 2008) Ilhéus » Ilhéus (AMADO, 2006)
(a.2) Adaptação ortográfica
Com essa estratégia os tradutores utilizam de procedimentos como a transliteração e
a transcrição, pois é utilizada para traduzir palavras de um idioma que possui um alfabeto
diferente do usado no idioma de destino.
µεταϕορα » metáfora (BENTES, 2005, p.56)
(a.3) Tradução linguística
10
Nessa estratégia, o tradutor utiliza traduções já consagradas na língua de destino para
traduzir itens específicos da cultura de origem. Os nomes de moedas e de instituições públicas
ou políticas são os exemplos mais comuns desse procedimento.
dollars » dólares (AIXELÁ, 1996, p.62)
(a.4) Glosa extratextual
O tradutor adota essa estratégia depois de traduzir um item com outro procedimento,
mas ainda sente a necessidade de explicar o escolha. Essa decisão do tradutor é concretizada
fora do texto em uma nota de rodapé ou de fim de página, um glossário ou um texto
explicativo.
[Arnold Rothstein * » * Célebre gángster de los años 1920. (N. del T.)] (AIXELÁ, 1996, p.62)
(a.5) Glosa intratextual
Essa estratégia é semelhante a anterior, porém a explicação do tradutor é incluída
como parte do texto.
St. Mark » Hotel St. Mark (AIXELÁ, 1996, p.62)
(b) Substituição
(b.1) Sinonímia
Nessa estratégia, o tradutor recorre a um sinônimo ou paralelo para não repitir o
“item de especificidade cultural”. Segundo Bentes (2005), essa estratégia também se dá
através da substituição de um nome por pronomes pessoais retos “(he ou she)”.
(b.2) Universalização limitada
11
O tradutor utiliza essa estratégia quando acredita que o CSI é bastante obscuro para
os leitores e decide usar um correspondente mais comum que também pertence a cultura de
origem.
Five grand » Cinco mil dólares (AIXELÁ, 1996, p.63)
An American football » Um balón de rugby (AIXELÁ, 1996, p.63)
pastéis e empadas de camarão (AMADO, 2008, p.174) » shrimp pies (AMADO, 2006,
p.174)
(b.3) Universalização absoluta
Semelhantemente a anterior, nessa estratégia o tradutor não encontra um CSI mais
conhecido e decide excluir as conotações estrangeiras e utiliza uma referência neutra para os
leitores.
carne-de-sol assada (AMADO, 2008, p.151) » jerked beef (AMADO, 2006, p.153)
(b.4) Naturalização
Na naturalização, o tradutor decide “aclimatar” (Bentes, 2005) o item à realidade da
cultura de chegada. Essa estratégia não é muito utilizada na literatura, exceto na literatura
infantil.
Dollar » duro (a currency denomination still in use in Spain) (AIXELÁ, 1996, p.63)
(b.5) Exclusão
Quando um CSI é considerado inapropriado ideologicamente ou estilisticamente para
a cultura receptora, essa estratégia é utilizada.
dark Cadillac sedan » Cadillac escuro (AIXELÁ, 1996, p.64)
(b.6) Criação autônoma
12
Tal procedimento não é muito utilizado pelos tradutores em literatura. Ele consiste
em acrescentar alguma informação cultural inexistente no texto de origem. Segundo Aixelá
(1996), essa estratégia é utilizada na tradução de títulos de filmes na Espanha.
4.3. NOVA FORMULAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE
TRADUÇÃO PROPOSTO POR BENTES
Ao estudar a categorização proposta por Aixelá (1996) para trabalhos acadêmicos,
Bentes (2005) observou alguns problemas. O principal problema identificado pela autora foi a
dificuldade de classificação dos itens de especificidade cultural de acordo com as categorias
propostas por Aixelá. A partir daí, para formular sua proposta, Bentes excluiu algumas
categorias, reavaliou as restantes e acrescentou novas. Com base na proposta de Venuti, a
autora separou as estratégias em três grandes grupos de tendências: domesticadora,
estrangeirizadora ou híbrida. Essa separação se deve ao fato de Bentes acreditar que tal
classificação seja um “bom sinalizador para a tendência seguida pelo tradutor” (BENTES,
2005, p.62). As categorias mais problemáticas de acordo com Bentes são a tradução
linguística, a universalização limitada e a universalização absoluta.
A tradução linguística representa um “limbo” para onde são direcionadas todas as
ocorrências que não são contempladas pelas categorias propostas. Essa categoria abrange
aqueles casos nos quais os tradutores têm a sua disposição equivalentes no léxico da língua de
chegada (dollars » dólares (AIXELÁ, 1996, p.62)), porém não contempla as ocorrências de
topônimos e nomes de pessoas. Assim, em sua proposta, Bentes manteve a categoria tradução
linguística para os casos já contemplados e criou uma nova categoria para os topônimos e os
nomes próprios (incluindo publicações e estabelecimentos culturais e comerciais, instituições,
agências e órgãos públicos). Essa nova categoria chama-se tradução de nome próprio e
representa uma estratégia domesticadora na qual se traduz integralmente o topônimo ou nome
próprio.
Já no caso da universalização limitada e da universalização absoluta, o problema
encontra-se nas suas definições. E para solucionar tal dificuldade, Bentes resolveu utilizar no
lugar das duas categorias o termo tradução explicativa. Nessa estratégia há maior
possibilidade de explicação do que universalização. Ela funciona “como uma perífrase
lexical” (BENTES, 2005, p.65), ou seja, como uma reformulação do item de especificidade
13
cultural do texto de origem. Assim, diante de um item dessa natureza, o tradutor o omitirá e o
reformulará com suas próprias palavras.
Após esta exposição, Bentes agrupou as estratégias no seguinte quadro:
Figura 2 – Classificação de estratégias tradutórias proposta por Bentes (2005, p.67)
De acordo com esta nova formulação proposta pela autora e as estratégias propostas
por Aixelá (1996) e Venuti (1995), a próxima seção analisará o corpus estudado no presente artigo.
5. ANÁLISE DO CORPUS
O corpus do presente trabalho é constituído pelo romance "Gabriela, cravo e canela”
(Amado, 2008) e a sua versão para o inglês “Gabriela, clove and cinnamon” (Amado, 2006)
traduzida por James L. Taylor e William L. Grossman. A versão do romance em português foi
lida integralmente e todos os itens de especificidade cultural encontrados foram registrados
em tabelas comparativas em anexo. Da mesma forma, o romance em inglês foi lido
integralmente e os itens de especificidade cultural correspondentes aos itens em português
também foram registrados em tabelas comparativas em anexo. Os itens de especificidade
cultural identificados no corpus remetem a nomes de pessoas, culinária, topologia e nomes de
instituições. Esses itens serão classificados na seção seguinte de acordo com as teorias Venuti
(1995), Aixelá (1996) e Bentes (2005) expostas anteriormente.
14
5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ITENS DE ESPECIFICIDADE CULTURAL
ENCONTRADOS NO CORPUS
Durante a análise dos itens de especificidade cultural encontrados no corpus, foi
possível classificiar os elementos referentes à culinária dentro da categoria denominada
tradução explicativa. Por serem itens com um alto grau de especificidade cultural, os
tradutores optaram por omitir os termos em questão e reformular novos termos, com suas
próprias palavras, explicando a maneira como os pratos típicos foram feitos com os
ingredientes presentes em suas receitas. Desta forma, os tradutores aproximaram os leitores
do ambiente apresentado no romance e facilitaram a leitura ao escolher uma estratégia
domesticadora. Abaixo estão alguns exemplos de itens nos quais foram aplicados essa
categoria.
“Um detalhe aparentemente sem importância: os acarajés, os abarás, os bolinhos de mandioca e puba, as frigideiras de siri-mole, de camarão e bacalhau, os doces de aipim, de milho.” (AMADO, 2008, p.57)
“They included such delicacies as crabmeat, shrimp paste, manioc balls, cornsticks, and bean paste balls flavored with onion and palm oil.” (AMADO, 2006, p.49)
“Nas barracas serviam, em pratos de flandres, sarapatel, feijoada, moqueca de peixe.” (AMADO, 2008, p.69)
In the stalls, served in tin plates: tripe, fish stew, and black beans with pork and sausage.” (AMADO, 2006, p.61-62)
Parecia adivinhar os pensamentos de Nacib, adiantava-se a suas vontades, reservava-lhe surpresas: certas comidas trabalhosas das quais ele gostava – pirão de caranguejo, vatapá, viúva de carneiro (...)” (AMADO, 2008, p.185)
“She provided him with surprises: certain dishes of which he was especially fond, such as manioc mush with crab meat; (...) (AMADO, 2006, p.187)
Neste último exemplo, além do emprego da categoria tradução explicativa, também
foi utilizada a categoria exclusão, que também é uma estratégia domesticadora. No texto de
origem, pode-se perceber a presença dos termos “vatapá” e “viúva de carneiro”. Já no mesmo
trecho da versão no idioma de chegada, esses dois termos foram excluídos. Os tradutores
podem ter optado por omitir esses termos por questões de tamanho, pois ao aplicar a categoria
15
tradução explicativa, os termos passariam a ter um número maior de caracteres o que faria
com que o texto de destino ficasse com um tamanho muito maior do que o texto de origem.
Outra categoria cujo emprego foi observado no corpus é a tradução integral de nome
próprio. Tal categoria domesticadora foi empregada para traduzir os nomes de instituições
comeciais, culturais e reliosas. Abaixo estão alguns exemplos do emprego dessa categoria.
“O artigo do jovem estudante passaria em completa obscuridade se, por um desses casos, não houvesse a revista caído em mãos de escritor moralista, conde papalino e membro da Academia Brasileira de Letras.” (AMADO, 2008, p.36)
“The article, which appeared in the first and only issue of a little Rio review, would have remained in complete obscurity had it not been for a stroke of luck: the magazine happened to be read by a certain member of the Brazilian Academy of Letters who was also a papal count and a great admirer of the Emperor.” (AMADO, 2006, p.26)
“Trouxe os primeiros caminhões, sem ele não saía o Diário de Ilhéus nem o Clube Progresso.” (AMADO, 2008, p.31)
“If it weren’t for him, we wouldn’t have the Ilhéus Daily or the Progress Club.” (AMADO, 2006, p.21)
Os tradutores também utilizaram estratégias estrangeirizadoras e uma delas foi a
repetição. Essa categoria foi utilizada para a tradução dos nomes próprios, entre eles os nomes
dos personagens, os topônimos e os nomes de algumas instituições culturais. Ao utilizar essa
estratégia, os tradutores inserem o leitor no universo retratado no romance, pois os nomes são
repetidos integralmente da maneira como são escritos na língua de origem. Logo abaixo estão
exemplos nos quais essa categoria é empregada.
“Ninguém, no entanto, fala desse ano, da safra de 1925 à de 1926, como o ano do amor de Nacib e Gabriela, e, mesmo quando se referem às peripécias do romance, não se dão conta de como, mais que qualquer outro acontecimento, foi a história dessa doida paixão o centro de toda a vida da cidade naquele tempo, quando o impetuoso progresso e as novidades da civilização transformavam a fisionomia de Ilhéus.” (AMADO, 2008, p.21)
“But no one speaks of it as the year of the love of Nacib and Gabriela. Yet, in an important sense, the story of their passion was central to the entire life of the town at this time when progress and the inovations of civilization were transforming the face of Ilhéus.” (AMADO, 2006, p.10)
Há ainda ocorrências nas quais é possível perceber a utilização da categoria tradução
parcial de nome próprio. Nessa categoria, os tradutores repetiram o nome próprio, sendo ele o
nome de uma pessoa ou o nome de um lugar e traduziram para a língua de destino o apelido
ou título que se refere ao nome. Ao utilizar essa categoria, os termos são domesticados e
16
estrangeirizados ao mesmo tempo, ou seja, os tradutores estão empregando uma estratégia
híbrida. Abaixo encontram-se alguns exemplos dessa categoria.
“Eis por que quando, naquela manhã em que tudo começou, um velho fazendeiro, o coronel Manuel das Onças (assim chamado porque suas roças ficavam num tal fim de mundo que lá, segundo diziam e ele confirmava, até onças rugiam)” (...) (AMADO, 2008, p.21)
And then, at four o’clock one morning, a planter – known as Colonel Manuel of the Jaguars because his plantations were out in the wilds where the roars of jaguars could still be heard” (...) (AMADO, 2006, p.9)
“A ponte de madeira sobre o rio Cachoeira, coração mesmo da estrada, estava ameaçada pela cheia do rio e os sócios resolveram adiar a inauguração das viagens.” (AMADO, 2008, p.22)
“Even the wooden bridge over the Cachoeira river the very heart of the highway, was threatened by the rising water.” (AMADO, 2006, p.10) “O russo Jacob e seu sócio, o jovem Moacir Estrela, dono de uma garagem, haviam raspado um susto.” (AMADO, 2008, p.22)
“Before the coming of the rains, Jacob the Russian and his young partner, Moacir Estrêla, had organized a small transportation company” (...) (AMADO, 2006, p.10)
“Quando sentiu Chico Moleza entrar na casa ao lado já estava pronta, tomou a marmita, enfiou os chinelos, dirigiu-se para a porta.” (AMADO, 2008, p.172)
“By the time she heard Lazy Chico enter his house next door, she was ready.” (AMADO, 2006, p.173)
No primeiro exemplo, o nome do personagem “coronel Manuel das Onças”, os
tradutores repetiram o nome “Manuel” e traduziram o seu apelido “das Onças” » “of the
Jaguars” e o seu título “coronel” » “Colonel”.
6. CONCLUSÃO
Com base nas leituras feitas das teorias de Venuti (1995), Aixelá (1996) e Bentes
(2005) já discutidas anteriormente neste artigo, é possível concluir que, ao traduzir uma obra
literária que possua itens de especificidade cultural, como o romance “Gabriela, cravo e
canela” de Jorge Amado, o tradutor deve principalmente usar um equilíbrio entre o uso da
domesticação e da estrangeirização e ter algum conhecimento sobre a cultura da língua de
17
origem e sobre a cultura da língua de chegada, já que, como foi mencionado previamente,
nenhuma obra é concebida separadamente da cultura na qual está inserida. Esse equilíbrio
deve ser estabelecido para que o leitor ao se deparar com a obra na língua de destino possa lê-
la sem grandes problemas, de maneira fluente e sem estranhamentos.
No livro “Quase a mesma coisa” (2011), Umberno Eco discute o uso da
domesticação e da estrangeirização. Em um dos exemplos citados pelo autor, é possível
perceber os problemas causados pela falta de conhecimento do público leitor e dos contextos
culturais ao se empregar algumas das estratégias abordadas no presente artigo.
Entre os casos mais risíveis de domesticação, citarei a versão italiana do filme Going my way [O bom pastor], de 1944 (...). Os distribuidores pensaram provavelmente que, ignorantes como eram de coisas americanas, os espectadores italianos não entenderiam os nomes estrangeiros e designaram para cada protagonista um nome italiano. E father O’Malley transformou-se em Padre Bonelli e assim por diante. Lembro que, aos 14 anos, espantou-me o fato de que na América todos tivessem nomes italianos. Mas espantava-me também que um padre secular (que na Itália seria chamado de Don) fosse chamado de Padre, como um frade. Portanto, se Bonelli domesticava, Padre estrangeirizava. (ECO, 2011, p.196-197)
Finalmente, após a análise do corpus, pode-se concluir que os tradutores de
“Gabriela, clove and cinnamon” produziram uma obra híbrida, equilibrada na utilização de
estratégias domesticadoras e estrangeirizadoras. Esta é uma obra que não causará problemas
para os leitores do idioma de destino, porque os insere na cultura de origem fazendo-os
conhecer alguns elementos importantes da cultura de origem, ao mesmo tempo que domestica
em outros aspectos, ambientando e aproximando o leitor da obra e da cultura do idioma de
chegada.
18
THE TRANSLATION OF CULTURE-SPECIFIC ITEMS IN GABRIE LA, CRAVO E
CANELA BY JORGE AMADO
Glaucia Cristina Ferreira dos Santos
Abstract:
The aim of this paper is to analyze and classify how the culture-specific items identified in the
novel "Gabriela, cravo e canela" by Jorge Amado were translated in its English version
"Gabriela, clove and cinnamon" translated by James L. Taylor and William L. Grossman. The
culture-specific items are elements that have very strong aspects of the culture in which the
literary work is inserted and therefore represent a great difficulty for translators. In order to
analyze the corpus selected for this article, the paper’s author will use the theory proposed by
Lambert and van Gorp (1985). This theory supports the idea that no literary work might be
analyzed in complete isolation. According to Lambert and van Gorp, the culture of the source
language must be considered, as well as the culture of the target language. Thereafter, in this
paper the culture-specific items identified in the corpus will be classified according to the
theories proposed by Venuti (1995), Aixelá (1996) and Bentes (2005). In the development of
his book "The translator's invisibility" (1995), Venuti discusses two strategies that can be used
in the translation process. Those strategies are called domesticating and foreignizing.
Similarly, Aixelá (1996) divides the translation procedures addressed in his article into two
major groups: conservation and substitution. Based on these two theorists mentioned above,
Bentes (2005) presents a reformulation of the categories proposed by Aixelá.
Key words: cultural specific items, foreignizing, domesticating.
19
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AIXELÁ, Javier Franco. (1996). Culture-Specific Items in Translation. In: ÁLVAREZ, Róman and VIDAL, M. Carmen-África (edited by). Translation, Power, Subversion. Topics In Translation: 8. Multilingual Matters LTD. Clevedon: 1996. p. 52-78.
AMADO, Jorge. Gabriela, cravo e canela. 3ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. __________. Gabriela, clove and cinnamon. First edition. New York: Vintage International, 2006. BARBOSA, Heloisa Gonçalves. Procedimentos técnicos da tradução: uma nova proposta. 2ª ed. Campinas: Pontes, 2004. BENTES, Carla Melibeu. Clifford Landers – tradutor do Brasil. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Letras, PUC-Rio, 2005. Disponível em: <http://www.dbd.puc-rio.br/informativos/informativo_05.php>. Acesso em: 13 março 2012. ECO, Umberto. Quase a mesma coisa. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011. LAMBERT, José; VAN GORP, Hendrik. On describing translations. In: HERMANS, Theo. (Org) The manipulation of literature. Londres: Croom Helm, 1985, p. 42-53. OPUS COMUNICAÇÃO. Fundação Casa de Jorge Amado. Biografia. Disponível em: <http://www.jorgeamado.org.br/?page_id=75>. Acesso em: 10 março 2012. VENUTI, Lawrence. The translator's invisibility. Nova York: Routledge, 1995.
20
Anexos
Tabela I - Nomes de pessoas
“Gabriela, cravo e canela” (Amado, 2008) “Gabriela, clove and cinnamon” (Amado, 2006)
Nacib Nacib Gabriela Gabriela padre Basílio Cerqueia Father Basílio Cerqueira padre Cecílio Father Cecílio Glória Glória Tuísca Tuísca Chico Moleza Lasy Chico coronel Manuel das Onças Colonel Manuel of the Jaguars Mundinho Falcão Mundinho Falcão coronel Ramiro Bastos Colonel Ramiro Bastos coronel Jesuíno Mendonça Colonel Jesuíno Mendonça dona Sinhazinha Guedes de Mendonça Dona Sinhàzinha Guedes de Mendonça Capitão (Miguel Batista de Oliviera) Captain (Miguel Batista de Oliviera) Doutor (Pelópitas de Assunção D’Ávila) Doctor (Pelópitas de Assunção D’Ávila) o russo Jacob Jacob the Russian Moacir Estrela Moacir Estrêla dr. Enoch Lira Dr. Enoch Lira Filomena Filomena dr. Osmundo Pimentel Dr. Osmundo Pimentel João Fulgêncio João Fulgêncio dr. Ezequiel Prado Dr. Ezequiel Prado Flozinha e Quinquina (irmãs Dos Reis) Flozinha and Quinquina (Dos Reis sisters) coronel Ribeirinho Colonel Ribeirinho Nhô Galo Nhô Galo coronel Amâncio Leal Colonel Amâncio Leal Maria Machadão Maria Machadão Professor Josué Professor Josué Ofenísia Ofenísia coronel Luís Antônio D’Ávila Colonel Luís Antônio D’Ávila Tonico Bastos Tonico Bastos Dona Arminda Dona Arminda Pedro II Pedro II (p. 25) Castro Alves Castro Alves coronel Misael Colonel Misael Plínio Araçá Plínio Araçá Bico-Fino p.57 Eaglebeak coronel Melk Tavares Colonel Melk Tavares Príncipe Sandra Prince Sandra Anabela Anabela coronel Horácio Macedo Colonel Horácio Macedo Risoleta Risoleta
21
dos Ávilas the Ávilas os Badaróses the Badaróses os Oliveiras the Oliveiras os Brás Damásios the Brás Damásios os Teodoros das Baraúnas the Teodoros das Baraúnas dos Bastos the Bastoses dona Guilhermina Dona Guilhermina Miss Pirangi Miss Pirangi coronel Coriolano Ribeiro Colonel Coriolano Ribeiro Malvina Malvina Mendonças Mendonças dona Olga Dona Olga Eça de Queiroz Eça de Queiroz
Tabela II – Topônimos
“Gabriela, cravo e canela” (Amado, 2008) “Gabriela, clove and cinnamon” (Amado, 2006)
Água Preta Água Preta Ilhéus Ilhéus
Itabuna Itabuna Bahia Bahia
Rio/Rio de Janeiro Rio/Rio de Janeiro sul da Bahia Southern Bahia rio Cachoeira Cachoeira River
morro da Conquista Conquista Hill Aracaju Aracaju Natal Natal
Maceió Maceió Olivença Olivença Pontal Pontal
rua do Unhão (p.28) Unhão Street Sequeiro Grande Sequeiro Grande
São Paulo São Paulo Estados Unidos United States
Paraguai Paraguay Laguna Laguna
rua do Sapo Sapo Street Ceará Ceará
Alagoas Alagoas Síria Syria Itália Italy
Líbano Lebanon Portugal Portugal Espanha Spain Pirangi Pirangi
22
Ferradas Ferradas Sequeiro do Espinho Sequeiro do Espinho
Brasil Brazil Macuco Macuco
rua coronel Adami Adami Street Feira-de-Sant’Ana Feira-de-Sant’Ana
Estância Estância rua da Vitória Vitória Street
alto da Vitória (“o colégio de freiras no alto da Vitória” – p. 18)
- (“parochial school for girls” – p. 6)
morro do Unhão Unhão Hill Malhado Malhado
ilha das Cobras Cobras Island Praça São Sebastião St. Sebastian Square
Ladeira de são Sebastião St. Sebastian street Jequié Jequié
rua dos Paralelepípedos Parelelepípedos Street Rio de Braço Rio de Braço
Tabela III – Nomes de pratos típicos
“Gabriela, cravo e canela” (Amado, 2008) “Gabriela, clove and cinnamon” (Amado, 2006)
mingau/copo de mingau porridge/glass of porridge milho cozido corn on the cob
bolos de tapioca tapioca cakes Cuscuz steamed rice with coconut milk
mingau e cuscuz de puba manioc meal with coconut milk frigideira de siri-mole crabmeat paste frigideira de camarão shrimp paste
bolinhos de mandioca e puba manioc balls doces de milho cornsticks acarajés, abarás bean-paste balls flavored with onion and
palm oil licor de genipapo genipap liqueur
sarapatel tripe moqueca de peixe fish stew
feijoada black beans with pork and sausage cucuz de milho com leite de coco corn meal with coconut milk
Inhame yams Aipim cassava
galinha cabidela chicken stew carne-de-sol assada jerked beef
doce de banana em rodinhas banana compote frigideiras tidbits
bolinhos de bacalhau codfish balls
23
pastéis e empadas de camarão shrimp pies pirão de caranguejo manioc mush with crab meat
Tabela IV – Itens diversos
“Gabriela, cravo e canela” (Amado, 2008) “Gabriela, clove and cinnamon” (Amado, 2006)
Papelaria Modelo Model Stationary Store Clube Progresso Progress Club
Cine Teatro Ilhéus Ilhéus Cine-Theatre Grêmio Rui Barbosa Rui Barbosa Literary Society
Banco do Brasil Bank of Brazil Bar Vesúvio Vesuvius Bar
cabaré Bataclan Bataclan Cabaret matriz de são Jorge Cathedral of Saint George Enterpe 13 de maio Thirteenth of May Euterpean Society
Academia Brasileira de Letras Brazilian Academy of Letters navio da Costeira Costeira Line Diário de Ilhéus Ilhéus Daily
um cargueiro do Lloyd a Lloyd freighter Rainha do Sul Queen of Southern Bahia
o Ita Ita boat / Ita Line Fazenda Princesa da Serra Mountain Princess plantation
navio da Bahiana Bahian/Bahiana Line Ilheenses Ilhéans Café Ideal Café-Ideal Bar Chic Bar Chic
Pinga de Ouro Golden Nectar Estação Experimental de Cacau Cacao Experimental Station Empresa de Ônibus Sul-Baiana Southern Bahia Bus Line
Cinema Vitória Vitória movie theatre igreja de são Sebastião Church of St. Sebastian
Vera-Cruz F.C. Vera Cruz Soccer Club os cabras do coronel The colonel ruffians
Hotel Coelho Hotel Coelho Santa Casa de Misericórdia Holy Mercy Hospital
tribunal da Bahia Superior Court in Bahia cigarro de palha de milho e fumo de rolo Corn husk cigarette and shreds of rope
tobacco Biblioteca Cor de Rosa Red Rose Library
“O crime do padre Amaro” “The Crime of Father Amaro” Gabriela na Berlinda Gabriela and Arminda
Southern Journal Jornal do Sul Commertial Association Associação Comercial