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A TRAVESSIA DO DESERTO DE PASSOS O ex-líder deixou o parlamento um ano e pouco tem apare- cido. Dá aulas, tem apoiado a mulher, mas ainda marca almoços para falar de política

A TRAVESSIA DESERTO DE PASSOS · 2019. 3. 15. · Um ano depois de deixar a liderança do PSD, onde anda o antigo primeiro--ministro? A dar aulas em duas universidades (no ISCSP foi

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A TRAVESSIA DODESERTO DE PASSOS

O ex-líder deixou o parlamentohá um ano e pouco tem apare-cido. Dá aulas, tem apoiadoa mulher, mas ainda marcaalmoços para falar de política

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Um ano depois de

deixar a liderança do

PSD, onde anda o

antigo primeiro--ministro?

A dar aulas em duas

universidades (noISCSP foi aumentado€800) e em almoços

pessoais, mas a falarde política. Só a falar.

O tempo é aindade intervalo.

Por Marco Alvese Margarida Davim

Passam

13 minutos do

meio dia quando PedroPassos Coelho chega fi-nalmente a uma das salas

da Universidade Lusíadade Lisboa para mais uma aula do 1D

semestre de Economia Portuguesa e

Europeia a alunos de três cursos da

instituição: Gestão de Empresas, Tu-rismo e Economia. A sua chegadanão interrompe a conversa entre os

alunos. "Peço desculpa pelo atraso,houve um acidente de onde vim",diz o antigo primeiro-ministro,enquanto pousa uma pasta fina emcima da cadeira e o telemóvel namesa. A sala está gelada e entra umfuncionário para resolver o proble-ma no ar condicionado. "Está umfrio desgraçado", diz Passos. "A genteaqui rapa um bocado de frio..."

Passos Coelho anda de um lado

para o outro de mãos nos bolsos pe-rante uma plateia de 21 alunos (umahora depois, após o intervalo, serão

cerca de 30) que, na sua maioria,não mostram interesse - ou cochi-

cham ou consultam o telemóvel. O

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O Talvez a justificação seja a aula

em si, típica de fim de semestre. Nãotem matéria nova, antes setve paraapresentação de trabalhos c para fa-lar sobre os últimos exames. "Quando é que vai enviar as notas?", per-gunta-lhe um aluno. "Quando?Quando tiver tempo para isso... Tal-vez logo. Nove da noite, amanhã de

manhã..." Há ironia no tom de voz,como quando um aluno lhe perguntase pode ir à casa de banho e respon-de "pode com certeza; não é precisocorrer riscos cá dentro".

O comportamento dos alunos e aforma como fala com eles não pareceindicar um professor duro. Mesmo

quando puxa as orelhas. A dado mo-mento, faz uma pergunta que remete

para algo de que falara há momentos.

Ninguém responde. "Vocês têm de

prestar um bocadinho de atenção..."Mais à frente, censura uma aluna

- sem a nomear - por uma respos-ra no teste que indiciava que devia"ter ido à Internet'. Não percebetantas respostas erradas a uma das

perguntas, porque a mesma "foi

oferecida", de tão fácil que era. Tra-ta muitas vezes os alunos por "pes-soas". Por exemplo: "Nota-se que as

pessoas estudaram." Ou: "Repareique houve pessoas que não sabiamler estes gráficos."

A aula segue com a apresentaçãode um trabalho de uma aluna sobre

zonas monetárias ótimas, pretextopara Passos ir interrompendo parafalar e rever matéria dada: crawlingpeg, dívida pública, remessas de

emigrantes, emprego, política cam-

bial, inflação, exportações, importa-ções, investimento externo, preçosdo petróleo, Plano Marshall.

No fim da aula, vários alunos (che

garam a ser seis ao mesmo tempo)vão até à mesa do professor ver no

computador as notas. Passos Coelhomostra e explica algumas dúvidas.

Uma das alunas, para ver melhor o

que está no ecrã, chega quase a

deitar-se em cima da mesa.

"REPAREIQUE HAVIA

PESSOAS

QUE NÃOSABIAM LER

ESTESGRÁFICOS",

APONTANA AULA

TemasNo ISCSP,

Passos Coelho

já falou sobreCRESAP

:

Semestre Euro-

peu e Sustenta-bilidade das Po-

líticas Públicas

ONo verão de 2016,durante as férias,foi com a mulherao teatro emPortimão

A luta da mulherO cancro foi-lhe diagnosticadopela primeira vez em 2014

Passos Coelho tem feito

pouca vida de bairro, apurou a

SÁBADO junto de moradores c

comerciantes na sua zona deresidência, em Massamá A

mulher, Lavra Ferreira, segun-do informações publicadas nofim de 2018, combatia o quartocancro, agora nos pulmões,mas o período mais dramáticoterá sido no fim do verão.

O triângulo ISCSP-PSD-CRESAPPassos Coelho conhece bem os can-tos à Lusíada de Lisboa, uma vez

que foi lá que em 2001 (tinha 37

anos) concluiu a licenciatura emEconomia. Foi convidado pelo reitorAfonso D'oliveira Martins com o es

tatuto de professor catedrático con-vidado, o topo da carreira docenteuniversitária. O reitor da Lusíada

justificou este escalão com o quePassos Coelho tinha na outra uni-versidade onde também foi dar au-las no primeiro semestre de

2018/2019, o Instituto Superior deCiências Sociais e Políticas (ISCSP),da Universidade de Lisboa.

O estatuto da carreira docente uni-versitária prevê a figura dos professores catedráticos convidados emcasos de "reconhecida competênciacientífica, pedagógica e ou profissio-nal na área" (artigo 15°). A contesta-

ção que Passos Coelho sofreu - pro-testos, abaixo assinados, petiçõespúblicas e artigos de opinião - de-veu se a alegadamente não ter nenhuma dessas competências, in-cluindo a "profissional", que foi invo-cada pela presidência do ISCSP parajustificar o convite - argumentoaceite pelo Conselho Científico. Afi-nal, trata-se de um antigo primeiro--ministro a dar aulas em mestrado e

doutoramentos de AdministraçãoPública, Ciência Política e Gestão e

Políticas Públicas.

Para adensar a teoria de um convi-te "forçado" a Passos Coelho está ofacto de o mesmo presidente do

ISCSP, Manuel Meirinho, ser um ex--deputado independente, que entrounas listas do PSD a convite de PedroPassos Coelho, quando este era líderdo partido. Manuel Meirinho saiu do

parlamento em 2012 para assumir a

presidência do ISCSP. Foi substituir

João Bilhim, que saiu da universida-de para presidir à CRESAP - Comis-são de Recrutamento e Seleçâo para

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a Administração Pública. Trata se de

uma criação, em 2011, do governo de

Pedro Passos Coelho. Uma das aulas

que Passos deu no ISCSP (no âmbitodo 1 D semestre do mestrado emCiência Política) foi precisamente so-bre a criação da CRESAP, apurou aSÁBADO junto de alguns alunos.

O site do ISCSP disponibiliza um

despacho com data de 2 de novem-bro de 2018 onde se lê que foi autorizada ao "licenciado Pedro ManuelMamede Passos Coelho uma adendaao Contrato de Trabalho em funçõesPúblicas a Termo Resolutivo Certo,com alteração do regime contratual,

passando do regime tempo parcial(50%) para tempo integral, abonadodo vencimento correspondente aoescalão 1, índice 285, da tabela re-muneratória aplicável aos docentes

universitários, produzindo efeitos a 1

de novembro de 2018."Dito de outro modo, em oito meses

no ISCSP - o contrato inicial data de

S de março de 2018 -, Passos Coe-lho foi consideravelmente aumentado. Para fazer as contas é necessárioconsultar a referida tabela remune-ratória e achar o valor bruto de

€4.664,97 (escalão e índice em queestá Passos Coelho). Este é o mon-tante para um regime de dedicaçãoexclusiva. Para achar o valor em "re-

gime de tempo integral" é necessário

tirar um terço. Para achar o de "tem

po parcial 50%", dois terços. E de

pois, tirar os impostos. Contas arre-dondadas, Passos Coelho passou de

um vencimento de cerca de €1.200(tempo parcial 50%) para cerca de

€2.000 (tempo integral).Fonte oficial do ISCSP informou a

SÁBADO de que esta alteração contratual foi proposta a Conselho Cien-

tífico pelo departameto do curso de

Administração Pública, um órgãocoletivo presidido pelo professorJoão Ricardo Catarino. Quanto às ra-

zões, remete para o presidente da

instituição, Manuel Meirinho, que aSÁBADO não conseguiu contactar,

apesar de inúmeras tentativas.

OPassos Coelhodeixou o lugarde deputado noparlamento háum ano, a 28 defevereiro de 2018

SaudososSão 13.556 osmembros de

uma página de

apoio no Face-book intituladaPedro Passos

Coeiho-SempreCortigo

PASSOU APROFESSOR

A TEMPO IN-TEIRO E GA-NHA AGORACERCA DE 2MIL EUROS

NA UNIVER-SIDADE

Não quer ser a sombra de RioO ensino tem sido praticamente aface mais pública da vida de PedroPassos Coelho depois de deixar a

presidência do PSD em fevereiro de2018. E mesmo essa faceta mantém--se discreta. Quando foi abordado

pela SÁBADO à saída da aula na Lu-síada, Passos Coelho declinou falar,mesmo que fosse sobre a experiên-cia de dar aulas. "Ando fora do espaço público, não quero notícias, não

quero aparecer em lado nenhum,

quero andar na minha vida."Essa aula tinha sido no dia 20 de

dezembro. Na véspera, noticiou o

Expresso, Passos Coelho estivera

num jantar de despedida de Luís

Campos Ferreira da vida parlamen-tar. O repasto - no |ockey, no Hipó-dromo do Campo Grande — ocorreu

na mesma noite do jantar de Nataldo gaipo parlamentar do PSD, ondeesteve Rui Rio. Com Passos estava

grande parte da oposição mais ou

menos declarada a Rui Rio: Luís

Montenegro (que viria mais tarde adesafiar a presidência), Hugo Soares,

Miguel Relvas, Marco António Costa,Pedro Pinto e Marques Mendes.

Não é segredo para os próximos de

Pedro Passos Coelho que "ele anda

por aí". O ex-primeiro-ministromantém os contactos que tinha nos

tempos da política - até porque é aí

que está o seu círculo de amizades -e isso faz com que continue a almo-

çar ou a falar ao telefone com alguns

protagonistas políticos. Mas os mais

próximos asseguram que isso nãofaz parte de qualquer plano regressarao ativo no curto prazo.

Mais: Passos tem doseado as apari-ções públicas precisamente para evi-tar a ideia de que pode estar a pre-parar um regresso.

"Num ano eleitoral, ele não querser uma sombra", garante uma fonte

próxima, que justifica assim a formacomo o antigo líder social-democra-ta tem gerido a sua agenda mais pú-blica. Passos aceitou estar presentenuma homenagem ao seu cx minis-tro Calvão da Silva (que morreu em

março de 2018, vítima de cancro),mas recusou estar, por exemplo,numa escola de quadros da ]SD de

Setúbal. "Ele próprio ligou a explicarque tinha ido à homenagem a Cal-vão da Silva pela amizade que lhe ti-nha e por respeito ã família, mas quequeria evitar estar sempre a apare-cer", conta à SÁBADO um dirigentedo PSD de Setúbal. Não estava

previsto que o evento da Jota fosse

aberto à comunicação social, masPassos Coelho temeu que acabasse

por ter publicidade e viesse alimen-tar a ideia de que estava de regressoao palco político.

"A verdade é que sempre que ele

aparece, marca", nota uma fonte

próxima do ex-governante, lem-brando o impacto que tiveram o

artigo de opinião que publicou no O

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O Observador sobre Joana MarquesVidal (em setembro de 2018) e as pa-lavras que disse na homenagem aCalvào da Silva (já em janeiro desteano) sobre "os ministros que levaramo País à pré-bancarrota" no tempode |osé Sócrates e que agora estão

no Governo com António Costa. Os

ataques feitos à "austeridade" da go-vernação socialista tiveram amplarepercussão: houve inúmeros artigosde jornal a citá-los e até Ricardo

Araújo Pereira usou as declaraçõesno programa Gente Que Não SabeEstar. Não era só o facto de Passos

Coelho não falar há muito, era aforma apaixonada como criticava o

Governo do PS, numa altura em quedentro do PSD há quem entenda queRui Rio podia ser bem mais contundente na oposição a Costa.

Mas a paixão posfa no discurso fei-to em Coimbra não tem eco nas con-versas que vai fazendo em privado.garante quem lhe é próximo. "Claro

que continua a falar de política. Mas

com algum distanciamento", diz um

amigo, que o vê mais entusiasmado

quando debate temas da política eu-

ropeia. Isso significa que estaria dis-

ponível para um cargo internacio-nal? "Não creio. Por motivos famíliares, acho que não teria essa disponi-bilidade", responde a mesma fonte.

Apesar de tudo, Passos Coelho tem

agora muito tempo livre. Além das

obrigações familiares e da forma

próxima como tem acompanhado amulher na doença, tem apenas duas

tarefas na agenda: as aulas que dá nauniversidade e o livro que está a es-crever para a editora de Zita Seabra,a Alêtheia. "Ele tem muito tempo e

acaba por ligar muito às pessoas e

por marcar almoços", comenta um

antigo dirigente social-democrata,

que continua a receber os seus tele-fonemas. O livro de memórias está,

no entanto, atrasado. A obra já devia

ter sido publicada, mas Passos aindanão a concluiu. "Tem estado ocupa-do com as avaliações dos alunos nafaculdade e no início do ano mor-reu-lhe o pai", justifica uma fonte

próxima. Quando sairá finalmente o

livro? À SÁBADO, Zita Seabra não

responde, recusando comentar o

atraso. "Eu sobre isso e sobre os

meus autores nunca falo. Quando

estiver pronto, aviso toda a gente."De resto, um próximo põe água na

fervura quanto ao conteúdo do livro:será sobre a experiência de governo,mas não sobre casos ou episódios.Passos quererá sobretudo explicarpolíticas e decisões.

ONa recente

homenagem aCalvão da Silva,

em Coimbra, fezduras críticas ao

Governo, queforam notadas

Para ondevai a direita 7 foi

o tema de umdebate entreVasco Pulido

Valente e Adol-fo Mesquita Nu-

nes, em maiodo ano passa-

do. Passos ape-nas foi assistir,mas depois foi

iantar com VPV

O livrode Passos che-

gou a ser pon-derado para o

último trimestrede 2018, mas

atrasou-se. Ago-ra perdeu espa-ço no calendá-

rio, não querlançá-lo em pré--campanha paraas europeias ou

legislativas

RECUSOUUM CONVITE

DA JSD DESETÚBAL

PARA NÃOAPARECER

DEMASIADOEM PÚBLICO

Belém, um dia?Com apenas 54 anos c uma carreirafeita exclusivamente na política, é

difícil acreditar que Pedro Passos

Coelho tenha arrumado definitiva-mente as botas de político. E quemo conhece diz que alimenta "a am-bição de voltar a ser primeiro-mi-nistro mais do que de voltar a ser lí-der do PSD". Mas se a popularidadeque mantém nas hostes sociais-de-mocratas podia ajudá-lo a voltar"sem ter de fazer campanha" -como alguns asseguram no partido- à liderança do PSD. os cenários

políticos que se traçam para os

próximos anos tornam muito im-

provável um regresso a São Bento.

A sucessão de Rui Rio deve discu-tir-se em 2020 (se não for logo a se-

guir às legislativas deste ano) e, nessa

altura, há uma nova geração pronta

para avançar e marcar terreno no

parrído, na qual se inclui aquele queé visto agora como o mais provávelsucessor de Rio, Luís Montenegro.Pelos cálculos que se fazem no PSD,António Costa deve estar no poder e

a dúvida é saber se o seu Governodura dois ou quatro anos. "Em qual-quer dos casos, não sobra muito es-

paço para Passos voltar", nota umafonte social-democrata.

Perante isto, há uma ideia que ga-nha terreno no PSD: que Passos pos-sa vir a ser candidato a Belém. Mas

com Marcelo Rebelo de Sousa a per-filar-se para um segundo mandato,essa é uma corrida de fundo, parapensar no ainda longínquo ano 2025.

Até lá, será que Pedro Passos Coe-lho continua a resistir à tentação de

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outros ex-governantes, que - comoo seu vicc-primeiro-ministro PauloPortas - aproveitam os conheci-mentos e os contactos dos anos de

poder para desempenhar tarefas deconsultoria? "Não me parece que eletenha perfil para ser consultor. Dar

palestras e conferências, sim, até

porque existe muita curiosidadesobre o que aconteceu em Portugalnaqueles anos da troika. Agora,fazer consultoria penso que não",comenta um antigo colaborador do

ex-primeiro-ministro.Aquilo que Passos tem feito, ainda

que por enquanto mais nos bastido-

res, é cimentar uma certa posição de

senador, mantendo-se informadoacerca das movimentações políticas.Foi o que aconteceu quando se co-

meçou a perceber que a liderançade Rui Rio ia ser desafiada e que os

protagonistas desse desafio podiamser de uma geração mais nova. Pas-sos Coelho mantém uma relaçãopróxima como Luís Montenegro,pelo que não são de estranhar con-tactos com este candidato a futurolíder do PSD, mas menos óbvia foi aabordagem a José Eduardo Martins,reconhecido como crítico do passis-mo. "Ele quis marcar um almoçocom o José Eduardo para perceber o

que ele ia fazer", conta uma fonte

próxima de Martins, que tem visto o

ex-primeiro-ministro a "andar poraí" em contactos dentro do PSD. Já

os almoços, são quase sempre norestaurante de sempre, O Comilão,em Campo de Ourique. O

Angelo CorreiaEx patrão e apoiante saiu doISCSP quando Passos entrou

Em setembro de 2018, seis

meses depois de Passos Coelhoentrar no ISCSP, Angelo Correiafez o caminho inverso - era pro-fessor auxiliar convidado. Recor-de-se que este barão do PSD foi

patrão de Passos Coelho naFomentinvest antes de este setornar primeiro-ministro. Apoiou--o politicamente, mas viria a dis-

tanciar-se da sua governação.