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Ec o n o m i a
VITÓRIA, ES, DOMINGO, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 ATRIBUNA 37
ANÁLISE
“Escassez de mão deobra técnica tornoua carreira valorizada”
“As empresas reclamam da faltade mão de obra qualificada em po-sições técnicas. Logo, quando o ce-nário é de mais oferta de vagas quequantidade de profissionais é natu-ral que haja inflação salarial.
Há alguns anos, o curso técnicoera mais difundido e havia maiordisponibilidade de profissionais.Hoje, mais pessoas optam pela for-mação superior.
No entanto, o profissional deveficar atento, pois há carreiras téc-nicas cuja remuneração pode sermaior que a do profissional com
formação superior, isso é uma que-bra de paradigma.
Não quer dizer que o salário dequem tem formação superior decli-nou, mas que a escassez de mão deobra técnica tornou a carreira maisvalorizada. Principalmente no casode técnicos com conhecimento queleva tempo para ser dominado.
As vantagens vão além do salárioe passam por auxílio-idioma, for-mação técnica aprofundada e atédesenvolvimento de coaching egestão, além de um bom clima or-ga n i z a c i o n a l . ”
Ricardo Haag,gerente executivo
da Page Personnel
Busca começa nas salas de aulaQuem escolhe fazer curso técni-
co já está sendo observado pelasempresas a partir do primeiro diade aula, tamanha é a necessidadede contratar trabalhadores qualifi-cados no Estado.
O assessor para Implantação dePolos de Inovação do Instituto Fe-deral do Espírito Santo (Ifes), Ta-deu Pissinati, explicou que issoocorre quando há maior aqueci-mento da demanda industrial. E,apesar de haver certa retração dosetor no momento, as empresascontinuam buscando futuros em-pregados nas salas de aula.
Ele citou o exemplo do EstaleiroJurong Aracruz, cuja parceria como Ifes ele coordena. “Não à toa aJurong busca estudantes que pos-
teriormente são contratados comot ra i n e e s ”, frisou.
Entre os atrativos para os futu-ros profissionais estão programade carreira e até mesmo oportuni-dades de viajar para o exterior.
A gerente de RH do EstaleiroJurong Aracruz, Lucila Lopes, in-formou que os técnicos recém-for-mados fazem treinamento de maisde um ano em Tecnologia Naval eOceânica no Instituto Ngee Ann,em Cingapura, no Sudeste da Ásia,onde fica a sede do grupo, e depoissão contratados como trainees.
Segundo Lucila, a companhia jáenviou 23 recém-formados no anopassado, que retornam em breve.No mês passado, outros 27 embar-caram para Cingapura.
“Como a demanda é muito espe-cializada, a empresa precisa terum programa de formação de es-pecialistas. Quando eles voltam doexterior vão para nichos mais es-pecializados”, afirmou Pissinati.
O QUE FALTA NO MERCADO
> PESQUISA do Man-power Group com 40mil empresários em42 países mostrouque os técnicos estãoem 1º lugar entre as 10posições mais difíceisde preencher no País.
> 54% dizem que a faltade talentos afeta a ca-pacidade de atenderseus clientes.
MERCADO DE TRABALHO
Reajuste garantidode até 15% por anoProfissionais que dão resulta-
dos são o que esperam asempresas quando contra-
tam. Mas para mantê-los, elas têmque usar a criatividade.
Na construtora Lorenge, porexemplo, a cada ano, parte dos em-pregados pode receber aumentossalariais entre 5% e 15%, de acordocom o desempenho, medido pelaavaliação por competências, e coma remuneração do mercado.
O diretor de Administração eGestão de Pessoas da empresa,Nilson Silva, avaliou que apesar deo mercado de construção civil terpassado por um momento de “bo -o m”, com muitos projetos sendo
lançados e muitas contrataçõespor empresas nacionais, ainda nãoé fácil conseguir trabalhadores es-p e c i a l i z a d o s.
“Com a saída de construtoras deoutros estados que atuavam aqui eque eram bem agressivas com aquestão do salário, conseguimoster mais mão de obra, mas nãoquer dizer que estão sobrandop ro f i s s i o n a i s ”, frisou.
Para motivar os trabalhadores, apromoção é um meio eficaz. O mé-todo na Lorenge é o seguinte: nomês de novembro, é feita uma ava-liação do empregado e é identifi-cada alguma competência que eleprecisa melhorar. Em agosto doano seguinte, ele volta a ser avalia-do para saber o que melhorou. “Setiver nota acima de 80% é candi-dato a um aumento salarial que vaide 5% a 15%”, explicou Silva.
Ele salientou, porém, que ape-nas o salário não segura o empre-gado. “O trabalhador precisa servalorizado no salário, mas tambémdeve ser cuidado em sua saúde. Osalário é motivador, mas não é o
D I V U LG AÇ ÃO
EWANDRO PETROCCHI explicou que uma das estratégias usadas pelas empresas é contratar como estagiário
O que as empresas oferecem parafisgar os profissionais
D I V U LG AÇ ÃO
LUCILA : treinamento em Cingapura
Pesquisa da Fundação Dom Ca-bral mostrou que 93,41% DA S167 EMPRESAS ENTREVISTA-DAS oferecem algum benefíciopara reter profissionais.
Dessas, 87,04% oferecem as -sistência médica e odontoló-gica; 61,11%, previdência pri-vada e 50% salário variável.
O governo do Estado calcula que para as obras dos novos projetosque vão chegar ao Estado até 2017, serão necessários 23.900 NO -VOS PROFISSIONAIS com conhecimento especializado.
AUXÍLIO PARA aprenderidiomas, principalmente oinglês.DESENVOLVIMENTO decoaching, ou seja,treinamento em gestão dep e ss o a s .PLANO DE CARGOS e salários.BOLSA de estudos de nívels u p e r i o r.
CURSOS fora do Estado.PROMOÇÃO ANUAL comaumento entre 5% e 15%extra no salário.REMUNERAÇÃO específicaatrelada a resultado ouprojeto específico.VIAGENS para fora doPa í s .CRESCIMENTO h o r i z o n ta l .
7 milhõesde técnicos
é a quantidade que oBrasil terá de formar
até 2015 para atendera necessidade daindústria, como
mostrou pesquisa doSe n a i .
Empresários recla -mam que faltam nomercado técnicos emmecânica, construçãocivil, eletrotécnica, au-tomação industrial,portos, petróleo e gás,extração mineral, ali-mentos, em adminis-tração, segurança dotrabalho, entre outros.
Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral mostrou que:9 1%dos 167 empre-sários entrevis-tados têm difi-culdades emcontratar profis-sionais.
65, 27 %têm dificuldadede contratarprofissionais denível técnico.
8 3, 2 3 %das empresasdizem faltarp r o f i ss i o n a i sc a p a c i ta d o s .
47, 3 1%têm dificuldade paracontratar profissionaispara a produção e
36,53% para aárea de logística.
50, 6 2 %dos empregado-res apontam asposições técni-cas como as dequalificaçãomais precária.
7 1 , 2 6%dos empresáriose n t r ev i s ta d o safirmam faltarformação espe-cífica.
Fonte: grupo Intermediação Massiva de Mão-de-Obra (IMMO), Fundação Dom Cabral, Senai, Manpower Group e especialistas entrevistados.
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PROCURADOSJUSSARA MARTINS - 11/02/2011
CURSO de Eletrotécnica: alta procura
principal”, destacou Silva.Por isso, além de benefícios bási-
cos, como alimentação e assistên-cia médica, muitas empresas ofe-recem plano de participação nosresultados e ajuda de custo de até50% para o trabalhador pagar osestudos, como explicou o gerentede Recursos Humanos da Bertoli-
ni, Alexandre Michelin.O presidente do Centro de De-
senvolvimento Metalmecânico(Cedmec), o empresário AntônioFalcão, destacou que apesar deoferecer atrativos não é possívelgarantir a permanência do traba-lhador. “O empresário sabe que omercado é dinâmico”, frisou.
Para tentar segurar o profis-sional, o gerente do Senai Vitó-ria, Ewandro Petrocchi, contouque a estratégia é contratar co-mo estagiário. “Mas só isso nãoresolve. Por isso, as empresasoferecem participação em lucroe treinamentos, entre outrasva n t a g e n s.”
“O trabalhadorprecisa ser
valorizado no salário,mas também deve sercuidado em sua saúde”Nilson Silva, diretor de Administração eGestão de Pessoas da Lorenge