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Uso inadequado de formol em funerárias atrasa processo de decomposição de 4 a cada 10 corpos. Página 6 R$ 2,00 R$ 200,00 Assinatura anual 124 ANOS - PATRIMÔNIO DA PARAÍBA Ano CXXIV Número 232 A UNIÃO www.paraiba.pb.gov.br auniao.pb.gov.br facebook.com/uniaogovpb Twier > @uniaogovpb João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 Paraibano é destaque no levantamento de peso O paraibano Yago Gabriel é um dos melhores do país no levantamento de peso e já se destaca em competições internacionais. Página 21 Foto: Ortilo Antônio Foto: Edson Matos Esportes Tamarindeira recebe hoje a banda Meu Quintal Trabalho extra reforça a renda no final de ano Ainda em comemoração ao mês das crianças, a banda Meu Quintal se apresenta hoje, ás 17h, na Tamarindeira, no bairro Miramar, na capital. Página 9 Muitas pessoas encontram no trabalho extra a opção para ajudar no orçamento doméstico. Na Paraíba, a previsão é de 6.500 vagas temporárias. Página 5 2 o Caderno Paraíba Foto: Marcos Russo Foto: Evandro Pereira O Correio das Artes lembra o 1 o centenário da Revolução Russa, com ensaio do escritor Rodrigo Caldas. Vamos imaginar, caro leitor, que você deva se recolher a uma ilha deserta por dez anos ininterruptos completamente sozinho, sem rádio, televisão, internet. Que livros e autores essenciais (não podem passar de dez), você levaria? Livros e autores essenciais, adotemos, aqui, a ideia de Mortimer J. Adler, seriam aqueles que podem “alimentar sua mente”, desenvolver sua percepção de mundo e ampliar seus conhecimentos. Página 11 Livros numa ilha deserta Hildeberto Barbosa Filho Novembro Azul chega para alertar sobre câncer de próstata Número de mortes por AVC apresenta queda na Paraíba A PB pode ter mil novos casos de câncer de próstata em dois anos, segundo o Inca. Campanha Novembro Azul busca orientar os homens sobre a doença. Páginas 17, 18 e 19 O número de mortes por acidente vascular cerebral (AVC) vem caindo a cada ano na Paraíba, segundo dados divulgados pela SES. Página 7 A União em Braille O Jornal A União e a Funad darão início à publicação de uma versão mensal em Braille com a principais notícias. Página 4 Cemitérios lotam com “cadáveres que não se decompõem” Cemitérios lotam com “cadáveres que não se decompõem”

A UNIÃO Número 232 Ano CXXIV...Uso inadequado de formol em funerárias atrasa processo de decomposição de 4 a cada 10 corpos. Página 6 R$ 2,00 R$ 200,00 Assinatura anual 124 anos

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Page 1: A UNIÃO Número 232 Ano CXXIV...Uso inadequado de formol em funerárias atrasa processo de decomposição de 4 a cada 10 corpos. Página 6 R$ 2,00 R$ 200,00 Assinatura anual 124 anos

Uso inadequado de formol em funerárias atrasa processo de decomposição de 4 a cada 10 corpos. Página 6

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Assinatura anual

124 anos - PATRIMÔNIO DA PARAÍBA

Ano CXXIV Número 232A UNIÃO

www.paraiba.pb.gov.br auniao.pb.gov.br facebook.com/uniaogovpb Twitter > @uniaogovpb

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Paraibano é destaque no levantamento de pesoO paraibano Yago Gabriel é um dos melhores do país no levantamento de peso e já se destaca em competições internacionais. Página 21

Foto: Ortilo Antônio

Foto

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atos

Esportes

Tamarindeira recebe hoje a banda Meu Quintal

Trabalho extra reforça a renda no final de ano

Ainda em comemoração ao mês das crianças, a banda Meu Quintal se apresenta hoje, ás 17h, na Tamarindeira, no bairro Miramar, na capital. Página 9

Muitas pessoas encontram no trabalho extra a opção para ajudar no orçamento doméstico. Na Paraíba, a previsão é de 6.500 vagas temporárias. Página 5

2o Caderno

ParaíbaFoto: Marcos Russo

Foto: Evandro Pereira

O Correio das Artes lembra o 1o centenário da Revolução Russa, com ensaio do escritor Rodrigo Caldas.

Vamos imaginar, caro leitor, que você deva se recolher a uma ilha deserta por dez anos ininterruptos completamente sozinho, sem rádio, televisão, internet. Que livros e autores essenciais (não podem passar de dez), você levaria? Livros e autores essenciais, adotemos, aqui, a ideia de Mortimer J. Adler, seriam aqueles que podem “alimentar sua mente”, desenvolver sua percepção de mundo e ampliar seus conhecimentos. Página 11

Livros numa ilha deserta

Hildeberto Barbosa Filho

Novembro Azul chega para alertar sobre câncer de próstata

Número de mortes por AVC apresenta queda na Paraíba

A PB pode ter mil novos casos de câncer de próstata em dois anos, segundo o Inca. Campanha Novembro Azul busca orientar os homens sobre a doença. Páginas 17, 18 e 19

O número de mortes por acidente vascular cerebral (AVC) vem caindo a cada ano na Paraíba, segundo dados divulgados pela SES. Página 7

A União em Braille O Jornal A União e a Funad darão início à publicação de uma versão mensal em Braille com a principais notícias. Página 4

Cemitérios lotam com“cadáveres que nãose decompõem”

Cemitérios lotam com“cadáveres que nãose decompõem”

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Além de problemas relaciona-dos, por exemplo, às áreas de saú-de, educação, trânsito e moradia, os gestores públicos das cidades brasi-leiras banhadas pelo oceano Atlân-tico estão enfrentando outro gran-de desafio: a erosão e progradação marinhas, ou seja, respectivamen-te, o avanço e recuo do mar.

Quase todos os dias os meios de comunicação anunciam quedas de barreiras e desabamentos de edifi-cações, ocasionados pelo avanço do mar. Com isso, de um modo geral, o perfil litorâneo brasileiro vai se re-configurando tanto em função da ação da natureza, como, acentuada-mente, do descaso humano.

Especialistas no assunto já pre-viram que as alterações no litoral dos 17 Estados brasileiros que se li-mitam com o Atlântico tendem a se tornar cada vez mais radicais, com consequências socioambientais ain-da não claramente dimensionadas, devido à variedade e complexidade dos fatores da questão.

Estudos indicam que aproxima-damente 60% da população brasi-leira habitam hoje na zona costeira. A área também é responsável por 30% de toda a riqueza produzida no país. Sendo assim, é fácil constatar que a erosão e a progradação mari-nhas implicam em graves danos so-ciais, ambientais e econômicos.

A expansão e retração do ocea-no são consideradas fenômenos na-turais. Fazem parte da história da Terra. ocorre que a ação humana

predatória, cuja maior consequência seria o aquecimento global, acelera a degradação da zona costeira, dificul-tando as ações contrárias, ou seja, restauradoras do meio ambiente.

Vale salientar, que além da ca-rência de capitais, o mundo convive com a indiferença de superpotên-cias, no que concerne à problemá-tica ambiental. Exemplo maior são os Estados Unidos, da era Donald Trump, francamente contrários aos tratados internacionais de proteção ao meio ambiente.

A China aproveita os recuos e ocupa os espaços criados pela reti-rada norte-americana, anunciando empenho maior no combate à de-gradação do meio ambiente. Mas isto ocorre mais no plano discursi-vo que prático. A China vai precisar queimar muito carvão, para supe-rar a liderança mundial ianque.

Há três anos, o Banco Mundial já havia alertado que se o nível do mar for elevado para 0,2 metro – o que pode acontecer por volta de 2050, segundo a estimativa da instituição – “os prejuízos econômicos anuais serão da ordem de US$ 940 milhões em 22 das megalópoles costeiras da América Latina”.

A sociedade global - progressista e organizada - participa deste deba-te, cobrando do parlamento medidas mais duras contra a lógica econômica predominante, que atua sobre a na-tureza como se esta fosse uma fonte inesgotável de recursos. o mar bate à porta, e é preciso ter respostas.

UNIÃO ASUPERINTENDÊNCIA DE IMPRENSA E EDITORA

Fundado em 2 de fevereiro de 1893 no governo de Álvaro Machado

BR-101 Km 3 - CEP 58.082-010 Distrito Industrial - João Pessoa/PB PABX: (083) 3218-6500 / ASSINATURA-CIRCULAÇÃO: 3218-6518Comercial: 3218-6544 / 3218-6526 REDAÇÃO: 3218-6539 / 3218-6509

SUPERINTENDENTE

EDITORES SETORIAIS: Alexandre Macedo, Carlos Cavalcanti, Denise Vilar, Geraldo Varela e Marcos Wéric

PROJETO GRÁFICO: Klécio Bezerra

SUPERvISOR GRÁFICO: Paulo Sérgio

Albiege Fernandes

DIRETOR ADMINISTRATIvOMurillo Padilha Câmara Neto

EDITORES ASSISTENTES: Carlos Vieira, Emmanuel Noronha, Ivo Marques, José Napoleão Ângelo e Marcos Pereira

DIRETOR DE OPERACÕESGilson Renato

CHEFE DE REPORTAGEMConceição Coutinho

EDITOR GERAL EDITORA ADJUNTAFelipe Gesteira Renata Ferreira

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

CONTATO: [email protected] REDAÇÃO: 83.3218-6539/3218-6509

Questão oceânica

UN InformeRicco Farias [email protected]

Antigamente, cha-mava-se “o correio da má notícia”. Quem não se lembra? Era perso-nagem frequentemen-te carregado de maus presságios e sempre en-carregado de transmiti-los quando concretizados. Encargo que, aliás, cumpria com misto de comiseração algo disfarçada, dever cumprido e expectativa de reper-cussão. Em toda família havia um. Em todo local de trabalho, também. “Sabe quem morreu?” era o clássico anúncio dado com ares de primeira mão. Daí para narrar acidentes fa-tais, com lances geralmente dramá-ticos, bastava um passo. o “correio da má notícia” era impiedoso.

Sabem por que trouxe o tema para este domingo? Porque Gon-zaga Rodrigues, por duas vezes na semana passada, me referiu como o mensageiro que lhe informou sobre a morte de Luiz Carlos da Costa, da extinta Oficina de Propaganda, e a de Zé Carlos, da Grafset. Só faltou o Neguinho me chamar de “correio da má notícia”, pois também lhe dei conta do último adeus de José Hum-berto de Carvalho e Silva e o de José Ednaldo de Lima. Devo abrir parên-teses dizer, que não sei a quem sou mais grato nesta quadra da minha vida: se a Zé Humberto ou a Ednal-do pelo que fizeram por mim e por

minha família. Entre-go a Deus o reconhe-cimento. Fecho pa-rênteses.

Voltando ao tema do “correio da má no-tícia”, não teria como deixar de homena-

gear o meu amigo e ex-companhei-ro de trabalho na Rádio Arapuan e na Oficina de Propaganda, Ari Silva, um dos ícones da radiofonia parai-bana nos gloriosos anos 1960. Ari tinha predileção pela morbidez do noticiário policial, o que o fazia ex-pert em narrar ocorrências no âm-bito das delegacias de Polícia ou do Hospital de Pronto Socorro. A sua narrativa era sempre bem precisa. Só perdeu para o folclore do rádio-jornalismo da Arapuan quando o re-pórter Joel de Brito, plantonista no HPS, informando sobre a aplicação de um tranquilizante (Amplctil) em paciente agitado pelo uso exagera-do de bebidas alcoólicas, informou aos ouvintes da emissora:

- o homem só se aquietou com uma injeção de Anti-priquitil...

Nem sempre a informação de um “correio da má notícia” corres-ponde ao estado de espírito do in-formante, devo ressalvar. No meu caso, sempre que anuncio a morte de um amigo, este amigo morre co-migo. Nunca é uma boa notícia. Mas que a fama é de matar, é.

Artigo

Fama de morte

Martinho Moreira Franco [email protected]

Daí para narrar acidentes fatais, com lances

geralmente dramáticos, bastava um passo

Há duas situações que ferem “de morte o desejo de Manoel Júnior” de assumir a prefeitura de João Pessoa, na avaliação do líder do governo na AL-PB, Hervázio Bezerra (PSB): uma seria a pretensão do senador José Maranhão de ser can-didato à sucessão estadual; a outra é o crescimen-to da aprovação do governo de Ricardo Coutinho, que catapulta a pré-candidatura de João Azeve-do. “O seu sonho desce ladeira abaixo”, ironizou.

Nesta segunda-feira, AL-PB realizará sessão especial em homenagem ao centenário de nascimento do professor Afonso Pereira da Silva, que foi deputado estadual, pre-sidente da Academia Parai-bana de Letras e participou ativamente da fundação do curso de Direito da UFPB e da criação do Unipê. A pro-posição é da deputada Cami-la Toscano.

Convidado pelo Democratas para ingressar no partido, o deputado federal Veneziano Vital (PMDB) confirmou que terá reunião, amanhã, com om líder do partido na Câmara Federal, deputado Efraim Filho. Na pauta do encon-tro está a discussão sobre a possibilidade de o peemedebista aceitar o convite e disputar a reeleição pela nova legenda.

Filiação ao DEM?

SESSão ESpEcial

VEnEziano SobrE rEprESália: “não há razõES para tEMEr”

apoio DEclaraDo o rEtorno

a carta Do chEFE SEattlE: ViSão particular DE MunDo

O senador Raimundo Lira (PMDB) já avisou que será candidato à reeleição no próximo ano e vem cum-prindo agenda no interior da Paraíba, aonde vem arregi-mentando lideranças para apoiar sua postulação. Em já tem apoio declarado: o de-putado Trócolli Júnior (Pros) anunciou que fechou questão e fará dobradinha com o se-nador em alguns municípios.

Fiel escudeiro do presidente Michel Temer – é o líder do governo na Câmara Federal –, o deputado Aguinaldo Ri-beiro (PP) poderá ingressar em pasta ministerial com a reforma que o presidente co-gita fazer em sua equipe. Es-pecula-se que o parlamentar poderá ser anunciado como novo ministro das Cidades, pasta que ocupara no Gover-no de Dilma Rousseff.

Do deputado Veneziano Vital (PMDB), que votou contra o correligionário Michel Temer, quando da apreciação do relatório da denúncia em desfavor do presidente: “Não há razões para temer isso [represália]. Nós adotamos a mesma postura da denúncia anterior. Votei após analisar os argumentos da peça e com a minha consciência”. A cada dia, ele parece mais desconfortável no PMDB.

“laDEira abaixo”

Na próxima terça-feira, eurodeputa-dos da Espanha, Itália e de Portugal irão participar de audiência para de-bater com parlamentares brasileiros, no âmbito da Comissão de Direitos Humanos, questões relacionadas às violações dos direitos de povos indí-genas, por propositura do senador João Capiberibe (PSB). Esse debate é pertinente, notadamente pelo fato de que está ocorrendo, no atual go-verno, uma política de flexibilização de direitos territoriais indígenas, com a influência da bancada rura-lista. A propósito do tema, registro aqui a inspirada e linda carta enviada pelo chefe indígena Seattle, ao presidente norte-americano Franklim Pierce, em 1854, quando este propôs a compra das terras dos Duwamish, no Noroeste do país: “O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra...Vamos pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra...Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal ideia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho”.

Foto: Divulgação

HumorDomingos Sá[email protected]

DIAGRAMADORES: Bruno Fernando, Fernando Maradona e Ulisses Demétrio

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Proposta apresentada visa facilitar a fabricação, a comercialização, a posse e o porte de armas no país

O senador Wilder Morais (PP-GO) apresentou recente-mente uma proposta para fa-cilitar a fabricação, a comer-cialização, a posse e o porte de armas no país. Batizada como Estatuto do Armamen-to (Projeto de Lei do Senado nº 378/2017), a iniciativa também elimina a necessi-dade de cadastrar as armas hoje consideradas obsoletas e permite que Secretarias de Segurança Pública se respon-sabilizem pela emissão de re-gistros – hoje uma atribuição da Polícia Federal.

Para o parlamentar, ar-mar a população é um modo eficiente de diminuir a vio-lência. Um estudo sobre as microrregiões brasileiras mostra, no entanto, que o au-mento de 1% na quantidade de armas de fogo faz subir em até 2% a taxa de homicídios.

Ainda que o Brasil real-mente seja líder em homicí-dios em valores absolutos, este número não reflete de forma realista a criminalida-de de um local. Há enormes

diferenças entre o tamanho da população dos países, o que prejudica análises com-parativas – países mais popu-losos tendem a ter mais mor-tos por esse tipo de crime.

Segundo o Atlas da Vio-lência 2017, estudo anual rea-lizado pelo Instituto de Pes-quisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou, em 2015, 59.080 homicídios. O número de fato torna o país “líder mun-dial em números absolutos de homicídios”, como afirma Morais. O Brasil, no entanto, está em 9º lugar no ranking mundial de homicídios a cada 100 mil habitantes. São 30,5 ocorrências a cada 100 mil moradores. O dado, relativo ao ano de 2015, é do relatório Estatísticas Globais de Saúde, divulgado em maio de 2017 pelas Organizações das Na-ções Unidas (ONU). O índice é inferior apenas ao de Hon-duras, El Salvador, Venezuela, Colômbia, Belize, Guatemala, Jamaica e Trinidad e Tobago.

Estatuto do Armamento contém dados falsos e até omissões

Batizada como Estatuto do Armamento (Projeto de Lei do Senado nº 378/2017), a iniciativa também elimina a necessidade de cadastrar as armas hoje consideradas obsoletas

Foto: Agência Brasil

A estatística usada no Estatuto não é a mais indicadaA taxa de homicídios a

cada 100 mil habitantes é considerada a estatística mais precisa para medir os índices de violência em um determina-do local. “Há uma dificuldade em medir a violência com ou-tros números, já que você tem, em muitos lugares, problemas de subnotificação de crimes e falta de transparência do poder

público”, explica o pesquisador Daniel Cerqueira, responsável técnico pelo Atlas da Violência 2017. “O número de homicí-dios a cada 100 mil habitantes traz o retrato mais fiel, porque é mais difícil que haja subno-tificação desse tipo de crime.”

O responsável pelo rela-tório também destaca que o número absoluto de homicí-

dios não é indicado para com-parações como a que foi feita pelo senador. “Sempre se usa a taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes, porque ela permite que haja uma padro-nização diante das diferenças populacionais. Trata-se de um consenso mundial”, explica Cerqueira.

A análise dos números

absolutos de homicídios pode dar origem a interpretações distorcidas, já que um país pequeno muito violento pode ter registros inferiores ao de países populosos considerados menos violentos. É o caso, por exemplo, de Honduras, que tem a maior taxa de homicí-dios do mundo, uma média de 85,7 a cada 100 mil habi-

tantes, de acordo com o último relatório da ONU. Em números absolutos, entretanto, o país registrou aproximadamente 7.800 homicídios em 2015, segundo as estimativas da ONU. O valor é inferior ao de países como os Estados Unidos, que registrou 15.181 ocorrências no mesmo ano, como mostram dados do FBI.

Comparar número de armas nos EUA e no Brasil também é equívocoO dado sobre a quanti-

dade de armas nas mãos da população nos Estados Unidos e no Brasil usado pelo senador Wilder Morais está correto, mas falta a informação de que se baseia em estimativas. Não há como saber o número real, uma vez que muitas das armas em circulação não estão registradas.

O projeto de lei indica

como fonte das informações uma reportagem publicada no site da BBC, em dezem-bro de 2012 – “Com menos armas, Brasil tem três vezes mais mortes a tiro que os EUA”. A matéria extraiu dados de um relatório do Escritório da Organização das Nações Unidas contra Drogas e Cri-mes (UNODC, em inglês) e do Ministério da Saúde. O texto

cita a estimativa de que 270 milhões de armas estavam nas mãos dos americanos, contra 15 milhões em posse dos brasileiros, segundo nú-meros de 2007. Isso repre-senta uma diferença de 18 vezes – próxima de 20, como afirmou o senador.

No caso do Brasil, o estudo mais recente foi feito na déca-da passada pelo projeto suíço Small Arms Survey. A análise, de 2007, calcula que havia 14,8 milhões (14.870.400) de armas no país nas mãos da população, legalizadas ou não. Nos Estados Unidos, pesquisadores das Universi-dades Harvard e Northeastern publicaram um levantamento nacional sobre o tema no ano passado, o National Firearms Survey. Eles estimaram o nú-mero de armas no país em 270 milhões em 2015. Esse nú-mero é o mesmo do que o de 2007, porque foi usada uma outra metodologia de análise – não significa que a quantidade tenha permanecido igual em dez anos. Segundo os pesqui-sadores de Harvard, metade das armas dos Estados Unidos está nas mãos de apenas 3% da população.

“Os estados brasileiros com o maior número de ar-mas registradas possuem as

menores taxas de homicídios do país: Acre, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Mato Grosso possuem 33% das armas registradas e 9% dos homicídios, ao passo que Pernambuco, Bahia, Ceará, Sergipe e Maranhão detêm 6% das armas registradas e 26% do número de homicídios (dados de 2008).”, exemplifica o senador.

Wilder Morais baseou-se em uma reportagem publica-da pelo jornal O Globo para defender a ideia de que os estados brasileiros com mais armas registradas têm meno-res taxas de homicídios. O tex-to do projeto de lei reproduz o que está na matéria, escrita com base em dados de 2008 do Ministério da Justiça e do Mapa da Violência 2011. O parlamentar tenta provar que lugares com mais armas não são necessariamente mais violentos, mas os dados não permitem essa conclusão. A frase do Estatuto do Armamen-to pode ser classificada como distorcida.

A comparação leva em conta a taxa de homicídios, que inclui todas as mortes clas-sificadas dessa forma, como esfaqueamentos. A taxa de ho-micídios por armas de fogo é sempre mais baixa. Isso torna

a correlação entre as mortes e a quantidade de armas de fogo incorreta, uma vez que elas não foram responsáveis por todos os óbitos registrados em 2008 nos lugares citados.

Entrevistado na reporta-gem do Globo, o coordenador do Mapa da Violência, Júlio Jacobo Waiselfisz destaca que a relação entre armas legais e número de homicídios não é sentida em alguns estados porque há também muitas armas ilegais no país. Dados do projeto suíço Small Arms Survey confirmam isso. A aná-lise estimou a existência de 9,5 milhões de armas ilegais nas mãos de civis no Brasil em 2007, contra 5,3 milhões de legalizadas. Ou seja, 64% do total não teria registro. Sem saber onde estão, não é pos-sível definir em que estados há mais ou menos armas no país.

De acordo com Waiselfisz, diferenças sociais e econômi-cas entre os estados também explicam a disparidade dos índices. “Estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm indicadores bem melhores do que a média nacional. Isso se reflete nos dados de violên-cia”, disse o pesquisador na reportagem. É o que também foi apontado ao Truco por Da-niel Cerqueira, do Ipea.Proposta do Estatuto do armamento foi apresentado pelo senador Wilder Morais

Foto

: Sen

ado

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

A União e Funad darão início à publicação de uma versão mensal, contendo as principais notícias do período

No estado da Paraíba existem mais de 8 mil pes-soas com deficiência visual. Pensando em conferir aces-so à informação a este gru-po social, o jornal A União, em parceria com a Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (Funad), irá realizar a entre-ga da sala de imprensa Brail-le, com impressão de tecno-logia avançada. O evento contará com a presença do governador do estado da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), e acontece amanhã, (30), às 11h, na sede do jor-nal A União.

De acordo com Albiege Fernandes, jornalista e su-perintendente de A União Superintendência de Im-prensa e Editora, a sala de imprensa Braille é ocupada com uma impressora e caixa acústica fabricada na pró-pria marcenaria de A União. Este equipamento só é ven-dido no sudeste do país, mas a partir de uma foto, o marceneiro construiu uma idêntica. A Funad, que antes não contava com uma caixa acústica, agora contará com três para as impressoras Braille da instituição.

Obedecendo os princí-pios da atual gestão gover-namental, que tem como uma de suas metas praticar a inclusão de todos os seg-mentos, A União e Funad darão início à publicação de uma versão mensal do jor-nal, contendo as principais notícias e reportagens pu-blicadas durante o período de produção da edição Brail-

Lucas Campos Especial para A União

Governador inaugura sala de Imprensa Braille de A União

FINDAC

PB debate democratização da comunicação em Fórum

No mês de outubro, a democratização entra na pauta através de eventos promovidos por entidades do terceiro setor, movimen-tos sociais, fóruns, coletivos e outras instituições. Na Pa-raíba, de 27 a 31 de outubro, diversas atividades descen-tralizadas serão realizadas, como mesas redondas, deba-tes e oficinas. Os eventos são abertos ao público.

Entre as atividades dos eventos está o lançamento oficial do Fórum Interinsti-tucional pelo Direito à Comu-nicação (FINDAC), entidade composta por instituições como Ministério Público Federal, OAB-PB, UFPB, Co-letivo Intervozes, Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, Defensoria Pública da União, Fundação Margarida Maria Alves e Fórum Nacional pela Democratização da Comuni-cação.

Conforme o coordena-dor do FINDAC e represen-tante da Comissão de Direi-tos Humanos da OAB-PB no Fórum, Wigne Nadjare, a sociedade precisa ter a oportunidade de realizar a

disputa de narrativas, so-bretudo no atual momento político e de crise em que o país se encontra. E para ter essa disputa de narrativas, é preciso ter acesso aos meios de comunicação. “Tratar da democratização da mídia ou lutar por uma mídia mais democrática nada mais é do que lutar também pela possi-bilidade de uma pluralidade de olhares, de necessidades, de pensamentos. Isso é mui-to importante e positivo para um país democrático e para a democracia”, ressaltou.

As atividades incluem debates no Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, uma oficina sobre violações de direitos humanos para jo-vens em Bayeux e um even-to no Ministério Público Federal. Entre as discussões propostas nos eventos, está a concentração dos meios de comunicação no Brasil e uma roda de diálogo sobre a exposição de vídeos íntimos na internet, encerrando as atividades.

“Quando pensamos que são dadas concessões públi-cas para apenas seis famílias

brasileiras que detém o po-der do controle da mídia de todo o Brasil e o que chega às nossas casas através dos meios de comunicação, isso é muito ruim para a demo-cracia ou para a formação, de fato, de um pensar plural e amplo em um país como o nosso. Lutar pela democrati-zação da mídia é também dar voz aos movimentos sociais, aos grupos organizados, que também analisam, discutem, pensam um modelo de nação e de país. Tratar da democra-tização da mídia também é um processo de controle so-cial, daquilo que é dito, que é um direito nosso. E mais do que tudo, porque trata-se de uma concessão pública. En-tão nós precisamos, enquan-to cidadãos, ter um olhar e a possibilidade de discutir, de maneira crítica, como a comunicação e a mídia, esse processo de construção é realizado”, ressaltou o coor-denador-geral do FINDAC, Wigne Nadjare, a respeito da concentração dos meios de comunicação no país, as-sunto que será abordado na tarde do último dia de ações.

Nas ações de combate aos crimes de poluição so-nora no estado da Paraíba, a Polícia Ambiental apreen-deu de janeiro até este mês, 55 sons automotivos, ou seja, paredões, em ruas ou bares. Segundo dados da Polícia Militar, o maior nú-mero de denúncias sobre perturbação do sossego por poluição sonora acontece na zona sul de João Pessoa. O bairro de Mangabeira, segundo levantamento da polícia continua sendo lí-der em perturbação sonora com 1.626 denúncias, o se-gundo é Gramame com 839 denúncias e em terceiro lugar aparece o bairro do Valentina Figueiredo com 760 denúncias.

No ano passado foram apreendidos 64 paredões de som automotivos. Geral-mente as denúncias ocor-rem nos finais de semana e o atendimento primeira-mente é feito pela Polícia Militar que se deslocam até o local a fim de cessar a perturbação. Em caso de nova denúncia no mesmo

local, os policiais do Bata-lhão Ambiental realizam a aferição do som. E quando se constata crime de po-luição sonora, o aparelho sonoro é apreendido, e o proprietário é conduzido a delegacia mais próxima para realização dos proce-dimentos.

A medição obedece as normas estabelecidas na NBR-10151/2000, onde diz que o aparelho de me-dição de decibéis (decibe-límetro) deve estar posi-cionado a 1,20 m do solo e no mínimo 2 m de qualquer superfície refletora como muros e paredes.

Ativada a função no aparelho, os níveis de de-cibéis são calculados auto-maticamente, estabelecen-do um valor para a devida comparação aos níveis per-mitidos estabelecidos.

Após a realização da aferição, o valor dos níveis da fonte são comparados com o valores permitidos constantes em uma Tabe-la de Avaliação pela NBR-10151, que estabelece o nível de som para áreas residen-ciais no valor de 55 dB (deci-béis) até às 22h e 50dB após

as 22h. Em caso de infração, o equipamento apreendido e levado para a Sudema, onde fica depositado até a liberação pelo setor jurídi-co do órgão.

Em caso de reincidên-cia, o infrator além de ter seu equipamento de som apreendido, pode ter o valor da multa triplicada. Nesses casos a multa que é de R$ 5 mil, tem o va-lor reajustado para R$ 15 mil, conforme decreto fe-deral 6.514/08. Qualquer cidadão pode denunciar casos de abuso de polui-ção sonora ligando para o número da Polícia mili-tar 190 ou para a Sudema (83-32185591).

Polícia fez até este mês 55 apreensões de paredõesJosé [email protected]

No ano passado foram apreendidos

64 paredões de som automotivos.

Geralmente as denúncias ocorrem nos

finais de semana

le. A partir de agora, a Paraí-ba contará com sua própria imprensa em Braille, uma medida que auxiliará na alfa-betização dos portadores de deficiência visual.

De acordo com Simone Jordão, atual presidente da Funad, a parceria já havia sido firmada há pouco mais de três anos. A edição men-sal em Braille era digitada,

transcrita e impressa na Funad, mas após algumas edições, quando A União percebeu a necessidade de um equipamento próprio. Uma vez feito o investimen-to e a licitação, o jornal pos-sui agora uma impressora de ponta para publicar não apenas edições mensais em Braille, mas também livros. O primeiro está previsto

para janeiro e será uma dis-sertação sobre atletas para-límpicos paraibanos - den-tro os quais há 3 deficientes visuais -, escrita por um es-tudante de mestrado.

"Eu acredito que não te-nha outro jornal que tenha uma impressora em Braille e A União enquanto jornal assumiu essa tarefa, foi uma iniciativa extremamente im-

portante, e mostrou a ini-ciativa de promover acessi-bilidade em todo o estado", afirma Simone Jordão. Para a presidente da Funad, esta é uma conquista muito grande e há um grande significado em fazer com que a inclusão e acessibilidade aconteçam para além dos muros das instituições especializadas.

Segundo Joana Belarmi-

no de Souza, professora da Universidade Federal da Pa-raíba, articulista em A União e deficiente visual, possibili-tar que pessoas cegas tomem consciência daquilo que cir-cula no jornal é pensar nelas como cidadãs, incluindo-as em políticas de governo. Ela ainda diz que, dessa forma, A União torna-se um jornal de todos e para todos.

Fotos: Evandro Pereira e Marcos Russo

Primeira edição está prevista para janeiro e trará uma dissertação sobre atletas paralímpicos paraibanos; no detalhe, a sala de imprensa Braille que será inaugurada na próxima 2a feira

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 5

Tamara Sorrentino é artista plástica e trabalha na PBTur, mas decidiu investir em organização de festas temáticas e tem conseguido um dinheiro extra

Personagens feitos por Augusta usando a técnica japonesa amigurumi, incluídos nas festas temáticas

SuperlotaçãoUso indevido de formol leva a novo sepultamento de cadáveres rertirados das covas rotativas dos cemitérios da capital por não terem atingido estado integral de decomposição. Página 6

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Previsão para este ano é de 115 mil vagas de empregos temporários no País, 5,5% a mais do que o ano passado

Com a chegada do fim de ano, muitas pessoas ficam preocupadas com as contas deste período, afinal, é uma época de celebração e pre-sentes, de forma que muita gente tende a gastar mais. Além disso, os mais precavi-dos começam a pensar nas contas que estão por vir no ano seguinte, como o IPVA e o IPTU. Por conta disso, algu-mas pessoas começam a fazer trabalhos extras em diversos setores, buscando comple-mentar a renda para evitar entrar no vermelho.

De acordo com a Asso-ciação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), a previsão para o ano de 2017 é de 115 mil vagas de empregos temporários, o equivalente à 5,5% a mais do que o ano pas-sado, cuja previsão alcançava exatas 101 mil contratações temporárias. Só no comér-cio, por exemplo, esperam-se 6.500 vagas temporárias no estado da Paraíba. De acordo com o presidente da Feco-mércio, Marcone Medeiros, as oportunidades surgem entre os meses de outubro e dezembro, especialmente nas áreas de vestuário, calça-dos, eletroeletrônicos e ele-trodomésticos.

"Isso acontece devido ao

Lucas Campos Especial para A União

Trabalho extra é opção para ajudar no orçamento doméstico

aumento no fluxo de clientes e, com a perspectiva de cres-cimento nas vendas, cresce também o número de contra-tações. Os empregos temporá-rios são relevantes por atender a demanda crescente típica da época", explica sobre a impor-tância destes empregos tem-porários para o setor do co-mércio. Além disso, acrescenta que esses novos empregados

passam a ser também consu-midores, influenciando de ma-neira muito positiva a econo-mia dentro do comércio.

O economista Martinho Campos pontua que é nos se-tores do comércio, varejo e ser-viços em que há uma ebulição de contratações temporárias em determinadas épocas do ano. "Aqueles que não querem contratar uma pessoa de ma-

neira definitiva, registram para um período dentro do que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) permite; a reforma trabalhista também manterá a garantia do emprego tempo-rário", esclarece. O economista afirma ainda que o emprego temporário é positivo para aqueles que não possuem um trabalho fixo, permitindo um ganho de renda por um tempo

enquanto se procura por uma nova oportunidade.

"Se a pessoa vai trabalhar e se desdobra, ela também pode chamar atenção dos pa-trões e pode acabar sendo contratada", acrescenta. Entre-tanto, ele faz uma ressalva: os empregos temporários ainda se apresentam como uma si-tuação muito precária; e ainda realiza uma contextualização

global, diferente de países de primeiro mundo, que pos-suem trabalhos temporários disponíveis diariamente; no Brasil há um mercado muito competitivo, independente da busca ser por empregos tem-porários ou não.

No setor de serviços, o turismo também se desta-ca como um bom gerador de empregos temporários, es-pecialmente na época da alta estação, período que vai desde dezembro até fevereiro, mas também nos meses de junho e julho. Para ter uma dimensão, o aumento médio anual de no-vas contratações é de 30% nos últimos dois meses.

“Nesse período, bares, hotéis, restaurantes, embar-cações turísticas, todo esse pessoal costuma contratar mais gente”, esclarece Ruth Avelino, presidente da Em-presa Paraibana de Turismo (PBTur). Ela pontua ainda que esses trabalhos são im-portantes para quem deseja angariar renda extra e para quem tem pouca experiên-cia no mercado de trabalho. Além disso, anuncia que é um caminho para se firmar em uma empresa de forma definitiva, mas que isso exige não apenas qualificação es-pecífica, mas também esfor-ço, empenho e boa relação interpessoal por parte do contratado temporário.

Produção de festas incrementa renda

Bonecos de crochê fazem sucesso

Para além dos números de contra-tados oficiais, que dizem respeito aos profissionais com carteira assinada, há um número significativo de pessoas que abraçam empregos de cunho informal para que possam fazer um dinheiro extra. Doceiros, cozinheiros e artesãos são apenas alguns exemplos. Tamara Sorrentino é uma dessas pessoas que busca complementar a renda com um trabalho informal. Formada em Artes Visuais e atuando no setor de marke-ting da Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), ela começou a trabalhar com organização de festas há 6 anos.

Tamara admite que a ideia não surgiu repentinamente. Na realidade, ela sempre gostou muito de organizar festinhas para a família e para amigos, sempre tentando dar um toque manual, original e bonito. “Por exemplo, no dia dos pais, não era só colocar a comida na mesa, era fazer uma decoração que combinasse com a personalidade do meu pai e aí toda a festinha eu acabava sem-pre dando um toque”, relata. Por conta disso e pelo desejo de fazer algo mais próximo do casal, ela que organizou o próprio casamento, que foi temático em estilo junino. Como todo a ideia agradou muita gente, os pedidos começaram a surgir e, logo, ela passou a fazer festas mais trabalhadas e com temas diversos – criando, inclusive, sua própria marca.

Após o nascimento de seu filho, Tamara efetivou a produção das festas infantis e casamentos de pequeno porte, produzindo pelo menos uma celebração tematizada por mês.“A ideia é fazer uma coisa mais rústica, mais interiorana e mais simples e não essas coisas mais sofisticadas, algo mais manual mesmo”, explica sobre como produz as peças para as festas temáticas. Assim, Tamara não produz festas em que pelo menos uma das peças seja produzida por ela,

confessando que é muito difícil pegar apenas peças prontas e colocar em uma mesa, tudo é pensado para a festa es-pecificamente.

Sobre o planejamento e atendi-mento, ela explica que encontrou uma forma de conciliar sua formação em artes visuais com a produção das fes-tas. Dessa forma, ela produz todo um esboço desenhado - assim como alguns gráficos produzidos em computador - de como ficará organizada a festa, a fim de apresentá-la aos clientes.

Quanto ao investimento, Tamara admite que teve que comprar algumas coisas para poder trabalhar com a or-ganização de festas. “Eu vi que se eu alugasse ela todas as vezes, seria um dinheiro que eu estaria desperdiçando, porque são peças que, sendo mais caras, eu uso em todas as festas”, esclarece. Porém, admite que não pode ter tudo que deseja, já que o empreendimento não possui espaço próprio e é muito difícil colocar todas as peças dentro de casa. Portanto, ela compra apenas aquilo que sabe que dará um retorno a curto ou médio prazo.

Tamara afirma ainda que a marca é muito recente, mas que já complementa a renda familiar, mesmo que não muito. “Por mais que eu tenha que estar inves-tindo nas festas, eu sempre faço um or-çamento sabendo que nem tudo é livre, eu sei de toda a parte que eu tenho de investir. O que sobra não é muito, porque minhas festas são mais simples”, expli-ca. Porém, diz que cobra o justo: como são festas diferenciadas cujas peças são manuais e artesanais, então ela tem de cobrar pela mão de obra dela. “A gente faz por amor, mas tem que entrar uma grana, porque a gente precisa. Minha renda fixa é pouca e meu marido é mú-sico, então tudo que entra extra ajuda”, conclui, com um sorriso no rosto.

Maria Augusta Vilar é sogra de Tamara. Funcionária pública aposentada, Augusta adotou o crochê como uma forma de passar o tempo livre. Em algumas pesquisas, Tamara viu alguns bonequinhos feitos de crochê e os apresentou à sogra. “Ela falou que nunca viu e, quando eu mostrei ela disse que poderia tentar fazer. Aí o primeiro que fizemos foi um abacaxizinho com rosto, que usamos em uma festa infantil com tema tropical”, relata.

Encantada pelo amigurumi, técnica ja-ponesa para criar pequenos bonecos feitos de crochê ou tricô, a aposentada começou a procurar mais e mais receitas, vendo que ela era capaz de fazer vários tipos de bonecos. “Quando eu vi, ela chegou aqui em casa, com um monte de bichinhos feitos de vários tipos diferentes. E ela começou a perguntar ‘qual a sua próxima festa?’ e eu resolvi que seria bacana agregar os nossos trabalhos”, conta Tamara. Desde então, Maria Augusta não parou mais e passou a fazer os bonecos para ornamentar as festas que Tamara organizava.

“Toda festa que vai ter agora, nós combi-namos o tema ou personagem, então sempre tem um toque dela”, explica Tamara. A nora

confessa ainda que se sente muito feliz por ter incluído a sogra no negócio, porque produzir os bonecos também tem funcionado como um trabalho terapêutico. Maria Augusta estava à beira de uma depressão, mas confessou à nora que concentrar-se nessa atividade ajudou-a de inúmeras formas. “Além de tudo, isso tem dado uma renda extra a ela agora, porque toda festa que eu contrato, eu sempre pago os bonecos para usar, nem que seja com a lã ou o material que ela precisa. É minha sogra, mas negócios à parte”, brinca.

O negócio de Maria Augusta, por sinal, também vem crescendo. Tamara conta que criou uma conta no instagram e estão sempre postando os bonecos que ela produz, deixan-do os contatos para quem deseja comprar. Além disso, algumas pessoas quem veem os bonecos nas festas de Tamara, também demonstram interesse em encomendar um. Dessa forma, Augusta vem ganhando um dinheiro extra vendendo seus bonecos para presentes, quartos infantis, brinquedos para crianças e mesmo alguns adultos, que ficam muito felizes em receber os personagens de crochê produzidos por ela.

Fotos: Marcos Russo

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Tempo para retirada de ossadas está sendo maior devido à não decomposição total do cadáver por causa do produto

Quatro entre 10 cadáve-res que são retirados a cada dois anos das 4.974 covas rotativas existentes nos seis cemitérios de João Pessoa, são novamente sepultados pelo fato de ainda não terem atingido o integral estado de decomposição, em virtude do uso indevido de formol. Os dados estatísticos são da Chefia de Divisão de Cemi-térios da capital paraibana que se entristece pelo fato destes novos enterros ocu-parem espaços que seriam para outras pessoas.

"Sempre quando os coveiros, depois de dois anos, vão tirar as ossadas humanas de quem alí está enterrado, se deparam com o cadáver ainda em decom-posição, sendo obrigado a sepultá-lo novamente, só vindo o mesmo a ser nova-mente retirado dois ou três anos depois. Há caso em que o cadáver tem sua decompo-sição total após cinco anos, tudo isto devido ao uso do formol aplicado de forma indevida pelas funerárias da cidade", afirmou Williams de Souza Viana, chefe da Di-visão de Cemitérios.

No entendimento de Williams Viana, proprietá-rios da maioria das fune-rárias da capital insistem em dá um "jeitinho" no ca-dáver, colocando o formol em grande quantidade, o que compromete a decom-posição que passa de 2 até 5 anos. "isto nos obriga a

Marcos Lima [email protected]

Excesso de formol em cadáveres prejudica rotatividade em covas

permanecer com o cadá-ver alí sepultado", afirmou Williams Viana, ressaltando que, apesar do problema, ainda não há superlotação nos seis cemitérios existen-tes em João Pessoa. "Até os próximos três a quatro anos existirá vagas para atender a demanda", afirmou.

O cemitério pessoen-se onde mais se prolonga o prazo da retirada de ossadas humanas devido o excesso de formol quando da sua morte, é o Santa Catarina,

situado no Bairro dos Esta-dos, seguido do Cemitério do Bairro do Cristo Reden-tor. O solo argiloso também contribui para a demora da decomposição do corpo, se-guido da grande quantidade de formol, medicamentos e outras substâncias quími-cas, quando a pessoa morre numa unidade hospitalar. No caso de cemitérios onde o solo é mais vegetal, o proces-so é mais rápido, de acordo com Williams.

Os dados da Chefia de

Divisão de Cemitérios de João Pessoa apontam que os cadáveres que mais de-moram na decomposição são os que foram vítimas de homicídio, sejam de arma de fogo ou de arma branca. "São exatamente nestes onde as substâncias químicas, medi-cação e também uso indevi-do de formol fazem com que o processo de decomposição seja mais demorado, o que nos leva a prolongar o pe-ríodo sepultado em covas rasas", disse Williams.

Williams de Souza Viana é chefe da Divisão de Cemitérios da capital paraibana

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Foto: Ortilo Antônio

Boa Sentença com mais sepultamentosAtualmente existem 12.640 pes-

soas sepultadas em túmulos perpétuos e terrenos rotativos nos seis cemitérios existentes em João Pessoa. Um desses cemitérios, no caso o São Sebastião, situado no Conjunto Valentina Fi-gueiredo, está interditado, mesmo assim, ali estão 272 cadáveres (198 em túmulos perpétuos e 194 em terrenos rotativos). O local deverá ser transformado numa Central de Velórios Pública. Estudos estão sendo feitos sobre o assunto, conforme disse o chefe da Divisão de Cemitério de João Pessoa, Willams Viana.

Outro cemitério, bastante desco-nhecido, o Nossa Senhora da Penha, na Praia da Penha, é considerado tem-porário, pois, de acordo com a Chefia

de Divisão de Cemitério da capital atende, especificamente a comunidade e alí estão sepultados 209 pessoas, sendo, 99 em túmulos perpétuos e 110 em covas rasas. O Cemitério da Boa Sentença é o que mais abriga sepul-tamentos. No total são 6.979 pessoas enterradas (6.665 túmulos perpétuos e 314 terrenos rotativos).

No Cemitério do Cristo Redentor estão sepultadas 3.907 pessoas (1.691 túmulos perpétuos e 2.216 covas ra-sas); no São José, em Cruz das Armas, 2.733 pessoas sepultadas (1.395 tú-mulos perpétuos e 1.338 covas rasas), enquanto no Santa Catarina, no Bairro dos Estados estão enterradas 2.151 pessoas (1.349 túmulos perpétuos e 802 terrenos rotativos).

João Pessoa tem cerca de 25 funeráriasEm João Pessoa existem

em torno de 25 funerárias, no entanto, a maioria delas, apesar de algumas recomendações, ainda insistem no uso indevido de formol nos cadáveres das pessoas. A denúncia é de um dos proprietários, que preferiu não divulgar seu nome e nem sua funerária, para não ser pe-nalizado pelos colegas de pro-fissão. No ramo há mais de 20 anos, ele informou que somente agora foi obrigado a parar com este serviço, devido a interfe-rência da Agevisa - Agência Es-tadual de Vigilância Sanitária.

“Eu mesmo apliquei for-

mol nos cadáveres por um pe-ríodo de 15 anos. É um serviço bastante lucrativo financeira-mente, isto porque os parentes querem demorar mais tempo com o ente querido antes do sepultamento”, afirmou ele, de-safiando qualquer proprietário de funerária que nunca usou formol para preparar o cadáver para sepultamento. “É demago-gia e mentira quem nunca usou formol. Ainda hoje se usa, mes-mo com tamanha fiscalização”, acrescentou. Na época em que aplicava o formol nos cadáve-res, o proprietário desta fune-rária garantiu que cobrava en-

tre R$ 200,00 e R$ 300,00 para a aplicação do produto, o que prolonga o funeral. “Isso sem levar em conta quando o corpo era transladado para outro mu-nicípio ou para fora do Estado. Aí se aplicava uma quantidade maior de formol e, claro, se au-mentava o preço”, justificou ele.

Outras quatro funerárias existentes em João Pessoa também foram visitadas pela reportagem. No entanto, seus proprietários fizeram questão de negar o uso do formol nos cadáveres, ao tomarem conhe-cimento de que se tratava de uma matéria jornalística.

“Inspetores sanitários da Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) têm agido com muito rigor na fiscalização não apenas do uso indevido do formol, mas sim nas funerárias que não existem pactuação com os municípios em toda a Paraíba”. A afirmação é de Iara Coeli da Nóbrega Lins, direto-ra técnica de estabelecimen-tos e prática de saúde do tra-balhador, da Agevisa-PB.

De acordo com ela, há pactuações entre o Governo e vários municípios para a fisca-lização desses serviços, fican-do a cargo dos órgãos de vigi-lâncias sanitárias municipais todo o trabalho junto às fune-rárias e cemitérios. “Nos locais onde não existem a pactuação, então a responsabilidade é da Agevisa”, disse Iara Coeli, informando que “todas as fu-nerárias devem ter o licencia-mento sanitário para atuar”.

O aplicativo do formol não é proibido por lei, conforme pensam algumas pessoas, no entanto, seu uso indevido acar-reta vários problemas. “Se trata de um produto cancerígeno e tudo tem que ser feito em con-formidade com a legislação”, afirmou Iara Coeli.

A Agevisa trabalha em comum acordo com as orien-tações da Anvisa - Agência Na-cional de Vigilância Sanitária.

Vigilância Sanitária age com rigor na fiscalização

A preparação do ca-dáver para sepultamento deve ser feito por um espe-cialista na área, chamado de tanatólogo. Com forma-ção em Tanatopraxia, ele é o responsável por fazer tratamento com cosméti-cos em pessoas que vêm a óbito, para que amenize o odor causado pela putrefa-ção ocorrida no corpo apos a morte. O nome é dado ao profissional responsável pela higienização dos cor-pos nas funerárias.

Na Paraíba são poucas as funerárias que utilizam o serviço do tanatólogo. As principais funerárias de João Pessoa, destaques para a Rosa de Saron, Morada da Paz, São João Batista, Vida e outras, têm a mão de obra desses profissionais. Ou-tras funerárias, a fiscaliza-ção está batendo em suas “portas” para que haja uma regularização, já que muitos dos serviços de preparo dos corpos para sepultamen-to são feitos por pessoas alheias a profissão.

Uma dessas tanatólo-gas é Márcia Cesar Duarte, natural do Rio de Janeiro que se formou no sul do país em Tanatopraxia e hoje reside no bairro do Bessa, em João Pessoa. Fora do mercado de traba-lho devido a outras ocupa-ções, ela disse que na Pa-

raíba é uma profissão que merece um melhor reco-nhecimento e que, com as ações da Anvisa, Agevisa e Vigilâncias Sanitárias Mu-nicipais, a profissão ficará mais valorizada.

“No Estado ainda são poucas as pessoas que têm o curso de Tanatopraxia. Muitas das funerárias, prin-cipalmente as de pequeno porte, não contratam esses profissionais porque não valorizam. Não sabem eles que o tanatólogo é capaz de surpreender na hora da restituição da face e de outra parte do corpo”, afir-mou Márcia.

O responsável técni-co pelos estabelecimentos que procedam à Conserva-ção de Restos Mortais Hu-manos e/ou Tanatopraxia deve ser médico inscrito e regular no Conselho Regio-nal de Medicina e possuir certidão de responsabili-dade técnica expedido por esse conselho. Os procedi-mentos de Conservação de Restos Mortais Humanos e/ou Tanatopraxia pode-rão ser executados por profissionais com escola-ridade mínima de 2º grau e com qualificação especí-fica comprovada (agente funerário conforme código 5165 CBO/MTE), desde que sejam supervisionados pelo responsável técnico.

Serviço de tanatólogo

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, em 2016 foram registrados 964 óbitos e este ano, 582

O acidente vascular ce-rebral (AVC) provocou, na Pa-raíba, pelo menos 964 mortes em 2016 e em 2017 ocasio-nou 582 mortes, um número bem menor. A cada ano vem diminuindo o número de pes-soas que perdem a vida devi-do a doença segundo dados divulgados por Diana Pinto, gerente de Respostas Rápidas da Secretaria de Saúde do Es-tado da Paraíba.

Para saber se alguém pode ter sofrido um AVC, peça para a pessoa levantar os braços, sorrir, repetir uma frase e colocar a língua para fora e para os lados. Caso a pessoa apresente dificulda-des nestas tarefas, ela deve ser levada imediatamente a um hospital.

O acidente vascular ce-rebral, ou derrame cerebral, ocorre quando há um entupi-mento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro causando uma inter-rupção do fluxo sanguíneo para determinada área do cérebro e provocando a pa-ralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguí-nea adequada. O AVC tam-bém é chamado de Acidente Vascular Encefálico (AVE).

"Dependendo da área do cérebro afetada os sinto-mas relacionados à função daquela região específica, podendo ser uma fraqueza ou dormência em um dos

Anézia Nunes Especial para A União

Diminui o número de mortes por AVC em 2017 na Paraíba

membros (braço ou perna), fala "enrolada", dificuldade para falar, a incapacidade de compreender uma frase simples, incapacidade para deglutir ou engasgos, dificul-dade para andar por fraque-za ou desequilíbrio. A grande maioria dos sintomas de AVC acontece de modo súbito", ressalta o Neorologista Ra-fael de Souza.

As principais causas do AVC isquêmico são as doen-ças vasculares ateromatosas, a mesma responsável pela doença das coronárias do co-ração e também responsável pelos infartos do miocárdio e angina pectoris, e as doen-ças cardíacas arrítmicas que causam embolia, quando um

coágulo formado dentro das câmaras cardíacas se solta e atinge os vasos cerebrais.

A prevenção é a prin-cipal medida para a dimi-nuição da quantidade de pessoas que são acometidas por está doença tão debili-tante. As principais medidas preventivas são os contro-les do lado fatores de risco vasculares, como hiperten-são arterial sistêmica; trata-mento e controle glicêmico (diabetes mellitus); evitar o fumo; evitar o consumo de bebidas alcoólicas; controle do peso; aplicação dieta do mediterrâneo orientada por profissional da nutrição; a prática de atividade física regular orientada por pro-fissional de educação física; além do uso de alguns me-dicamentos a depender da necessidade do paciente e quando orientado por pro-fissional médico.

Existem dois tipos de AVC, o isquêmico e o hemor-rágico. O diagnóstico precoce e rápido é fundamental para se chegar a um tratamento adequado. 80% dos AVC são isquêmicos. E é necessário um rápido reconhecimento para levar o paciente ao hospital, de preferência, com neurologista de plantão para efetuar o diag-nóstico mais rápido possível.

O principal tratamento na fase inicial de um AVC is-quêmico consiste em utilizar um medicamento que pode desfazer a obstrução do vaso cerebral. É fundamental que

o paciente chegue até as 4 horas e meia do início dos sin-tomas para que o tratamento seja possível. O quanto mais rápido o paciente chegar ao hospital maiores serão as chances de sucesso do trata-mento. O AVC Isquêmico é o entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro. Já o AVC Hemorrágico é o rom-pimento do vaso provocando sangramento no cérebro.

Atualmente na Paraíba, o único hospital da rede priva-da com neurologista 24 horas de plantão que pode oferecer este tratamento é no Hospital Nossa Senhora das Neves.

Já na rede pública o aten-dimento a pessoas com AVC, ocorre em qualquer unidade que tenha urgência e emer-gência (Upas).

Outras doenças também apresentam uma diminuição no número de mortes. Na Pa-raíba, por exemplo, o núme-ro de óbitos por Neoplasia no ano de 2016, foi de 3.692 óbitos e em 2017 2.483, ocorrendo a diminuição do número de mortes. Já a doen-ça do aparelho circulatório em 2016 ocasionou 8.264 vítimas desta paralisia e em 2017 vitimou 5.319 pessoas.

O tratamento fisiote-rápico para as duas formas de AVE (acidente vascular encefálico) ou AVC (aciden-te vascular cerebral) são de acordo com as necessidades de cada paciente, após uma avaliação cinético-funcional para pontuar os objetivos

que os profissionais da área desejam adquirir de acordo com as sequelas, tem que respeitar a individualidade de cada paciente.

"A fisioterapia é impres-cindível que se inicie logo após o episódio do acidente, com técnicas de alongamen-tos, mobilizações ativas e passivas, utilização do FES (Eletro estimulação funcio-nal) através de um aparelho que estimula os movimentos que estão deficitários, esti-mular a deambulação, forta-lecimento dos membros afe-tados e não afetados, todas essas técnicas associadas a técnicas respiratórias", expli-

ca e orienta o fisioterapeuta Diogo Coutinho.

Dona Rosinete dos San-tos de 60 anos e que sofreu um AVC há dois anos, quan-do perdeu os movimentos, após o início da fisiote-rapia conseguiu reverter esse quadro. "Hoje consigo andar e continuo fazendo fisioterapia para melhorar cada vez mais. É um trata-mento muito importante, pois tem ajudado muito, já que antes eu não conseguia nem andar. Então, essa lin-da profissão que é a fisio-terapia vem me ajudando bastante depois do AVC", afirma Rosilene.

SAIBA MAIS

Alguns sintomas que podem ajudar a detectar o AVC logo no começo

n Alteração da força muscular ou formigamento, princi-palmente dos braços, pernas ou de um lado do corpo.n Assimetria facialn Dificuldade na falan Movimentação da línguan Outros sinais como dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente, perda da visão de um olho ou dos dois e vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a náu-seas ou vômitos também podem indicar a presença de um derrame.

UPA que fornece primeiro atendimento.Upa Valentina – 3237-7068Upa Cruz das Armas - 3214-3773Upa 24 hr Oceania - 3214-9287

Hospital de Trauma – Oferece tratamento do AVC - 3216-5771 / 3216-5700

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. O

diagnóstico precoce e rápido é fundamental para se chegar a um

tratamento adequado. 80% dos AVC são

isquêmicos. E é necessário um rápido

reconhecimento para levar o paciente ao hospital

O acidente vascular cerebral, ou derrame cerebral, ocorre quando há um entupimento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro

Foto: Reprodução/Internet

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Base fixa instalada na Cracolândia leva mais tranquilidade aos moradores e comerciantes da localidade

Cardoso [email protected]

PM intensifica ação de combate ao tráfico no Centro da capital

Esta semana, a Polícia Mi-litar, através do 1º Batalhão, implantou uma base fixa na entrada da comunidade Cra-colândia, no Centro de João Pessoa, e trouxe alento e uma sensação de segurança para os moradores e os poucos co-merciantes que ainda teimam em negociar naquela localida-de considerada pelo coronel Roberto Sena “perigosa, mas vulnerável”.

O desafio do coronel Sena, comandante do 1º BPM, de “acabar” com a Cracolândia e trazer tranquilidade para os moradores aconteceu após uma parceria firmada com a Fundação Filhos da Miseri-córdia, entidade formada por pessoas de vários segmentos da sociedade, entre elas, fun-cionários públicos, militares, empresários e bombeiros que trabalham de forma voluntá-ria para resgatar dependentes químicos e moradores de rua e, ao mesmo tempo, oferecer a essas pessoas dignidade.

Para implantar a base fixa na comunidade que pos-sui duas entradas, pelas ruas Duarte Lima e Irineu Pinto onde funcionava a antiga feira de Mulungu, o coronel Sena determinou o mapeamento da área realizado pelo Serviço de Inteligência do 1º BPM. No local, existem becos estreitos e que servem de esconderijos.

Segundo os moradores, antes do local ser literalmente “tomado” pelos traficantes, a comunidade era pacífica e há cerca de quinze anos começou a agonia, mas ultimamente vinha se agravando com ocor-rências de mortes. Nesses pri-meiros dias da presença da Po-lícia Militar, a calma e o tráfego de pedestres voltou à normali-dade. Moradores das ruas pró-ximas também elogiam a pre-sença dos policiais e acreditam que a calma será permanente.

A comunidade tem várias casas abandonadas, algumas já bastante deterioradas. Um ter-reno baldio também faz parte do cenário da Cracolândia, onde já houve até morte.

“É uma questão de hon-ra deixar essa localidade limpa, pronta para receber moradores e onde as pessoas possam transitar sem ne-nhum tipo de preocupação”, disse o coronel Sena.

Além da base fixa monta-da na Duarte Lima, o policia-mento terá duplas “passeando” pela localidade, Rota, Rotan, Força Tática e, se for necessá-rio, terá a presença de cães.

Ainda na Rua Duarte Lima foi montado um sistema de redutor de velocidade, onde todos os veículos deverão pa-rar e serem vistoriados, como também os ocupantes.

Vidas ameaçadas pela drogaMaria Aparecida, a dona Mara,

com idade que se aproxima dos 70 anos – ela não sabe exatamente, fez um relato dramático. Por causa do tráfico de drogas já perdeu cinco filhos e um está no Presídio do Roger.

Natural de Pombal, ela disse que chegou a João Pessoa para dar um conforto aos filhos, no entanto, deu tudo errado e seus filhos se envolveram com droga. Primeiro morou na comunidade Colinas do Sul e depois se mudou para a Cra-colândia.

Sentada em um velho sofá e chorando, mostrou as fotos, pen-duradas na parede, de um dos filhos assassinados e de uma filha, já falecida por complicações com um parto. “Não tenho mais saúde”.

Quando conversava com a reporta-gem, um neto de dona Mara apare-ceu aparentando estar drogado, se queixando da presença da polícia, foi até a frente da casa e chegou a ameaçar um “inimigo” pela presen-ça dos policiais.

Juliana Gomes da Silva também mora na comunidade há cerca de 15 anos. Ela disse que não pode deixar os filhos, todos menores de idade, saírem de casa para não ver aquelas cenas degradantes. Com a presença da polícia ela acredita que vai acabar com as mortes e chegou até a relacionar alguns moradores assassinados. Ela revelou que os traficantes fazem ameaças e que-rem expulsar moradores que não aceitam “aquela situação”.

Filhos da MisericórdiaMoradores convivem com o medoO trabalho realizado, inicialmente, na Cracolân-

dia pela Polícia Militar, através do 1o Batalhão, conta com a parceria da Fundação Filhos da Misericórdia, com atendimento social aos dependentes químicos e familiares que residem e frequentam aquela co-munidade, como também moradores de rua que se abrigam naquela localidade. Esse trabalho é realizado uma vez por semana, nas terças-feiras.

Maria José Gonçalves, coordenadora pastoral da Comunidade Filhos da Misericórdia, elogiou a iniciativa da Polícia Militar. Mazé, como ela é co-nhecida revelou que além da Cracolândia a ONG também está atuando junto a viciados e morado-res de rua no mercado do peixe, em Tambaú e na praça em frente a um supermercado na Avenida João Machado, em Jaguaribe, respectivamente às quintas e sábados.

O trabalho social é feito geralmente à noite, “mas também acontece durante o dia”, disse Mazé, com o apoio da Polícia Militar, e tem como objetivo distribuir alimentos, sendo uma quentinha com feijão, arroz, macarrão e carne, com água ou suco. E também sopa. Nas “abordagens” são distribuí-dos agasalhos, roupas e eles também escovam os dentes e, por último, tomam banho.

A coordenadora da ONG Filhos da Miseri-córdia, que tem como fundador o padre George Batista, revelou que recentemente 36 dependentes de drogas foram levados para Fortaleza, onde 18 ficaram em tratamento e os outros voltaram. “Esses que voltaram estamos conversando para tentar recuperá-los”, espera Mazé.

A Cracolândia em João Pessoa fun-ciona numa rua de aproximadamente 150 metros de extensão, no Bairro do Varadou-ro. O local possui humildes casas, uma boa parte fechada por conta da droga, onde, segundo relato de moradores, pessoas são expulsas por não aceitarem a situação existente no local. Uma pequena moradia sem porta, apenas com uma grade e o cadeado fechado, tem no interior sinais de material queimado. Vizinhos disseram que os moradores foram avisados por tra-ficantes para deixarem o local e como não obedeceram tiveram o imóvel queimado e abandonaram o local.

Mesmo sendo dependentes de dro-ga, alguns moradores elogiaram a pre-sença da Polícia Militar. “Temos a certeza que agora eles não vêm mais matar a gente”, disse um grupo que estava sen-tado numa calçada. Alguns que moram naquela rua já sofreram ameaças.

Ingrid tem 24 anos e foi flagrada pelos policiais militares ainda com sinais de que havia consumido droga. Com ela foram encontrados cachimbos usados para fumar crack. Ela disse que é viciada desde os onze anos, elogiou a presença da polícia e revelou que agora não tem medo dos “noiados”.

Reginaldo Ribeiro da Silva, 68 anos, possui uma marcenaria naquela comunida-

É uma questão de honra deixar essa

localidade limpa, pronta para receber moradores

e onde as pessoas possam transitar sem

nenhum tipo de preocupação

de. Disse que abre o comércio às 7h e tem que fechar às 17h. Como morador já ouviu disparos e teve que se proteger por trás dos móveis. Ele acredita que a presença da polícia vai inibir os traficantes e ao mesmo tempo acabar com as mortes.

Francisco Viegas afirmou que já estava com vontade de abandonar a pequena casa onde reside e considera o local bastante perigoso porque, segundo ele, quando os traficantes chegam é impondo ordens. “Daqui distribuo os carrinhos para o pessoal vender os picolés e agora acredito que não haverá mais problemas”, comemora.

Polícia Militar implantou uma base fixa em um

ônibus na comunidade e os policiais percorremo local para orientar

moradores e as pessoas que usam droga

Cinco filhos de Dona Maria Aparecida

perderam a vida por causa do tráfico de

drogas em João Pessoa

Francisco acredita que o local ficará menos perigoso

Fotos: Edson Matos

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 9

2o Caderno

A apresentação de hoje, que acontece às 17h, no bairro do Miramar, na capital, é dedicada ao mês da criança

O mês é delas, as crian-ças. E nada melhor para ho-menageá-las do que através da boa música. Por conta dis-so, pais e filhos têm encontro imperdível com a alegria e a leveza musical da infância. Trata-se da apresentação da banda Meu Quintal, que faz show, às 17 horas, na Tama-rindeira, no bairro Miramar, em João Pessoa. “A gente faz música para brincar e para fazer com que todas as pes-soas brinquem também nes-se quintal encantado”, afirma Nara Limeira, uma das inte-grantes da banda.

A banda Meu Quintal é formada por Nara Limeira (voz e composições) e Nal-dinho Braga (contrabaixo e composições), Ana Catarina Leão (vocais), Eliza Garcia (bateria), Rosenilha Fajar-do (teclado), Wênia Xavier (percussão) e Victor Lusto-sa (guitarra). Segundo eles, este é um trabalho de músi-ca autoral feito na Paraíba, destinado a crianças de 0 a 99 anos. No show de hoje, a banda vai relembrar algumas canções do primeiro CD e to-car as novas canções do CD Roda Gigante.

“O show na Tamarindei-ra é um show para celebrar a infância, celebrar cada crian-ça, a criança que é nosso pú-blico e nossa razão maior de existir. E a criança que existe também dentro da gente. É o último domingo de outu-bro, mês dedicado às crian-ças, nós fizemos uma turnê pelo Sertão, fizemos algumas apresentações aqui na ci-dade, e vamos fechar o mês com esta apresentação na Tamarindeira”, explica Nara Limeira.

Para ela, o que anima a banda é a receptividade do público. “Cada tropeço que acontece, cada dificuldade que se apresenta, ela é total-mente superada quando se toma contato com o nosso público e isso é altamente animador”, revela.

Resistir fazendo músi-ca para crianças em tempos de crise, como a que o país atravessa, não é fácil. Mas é compensador, entende Nara Limeira. “Neste momento de turbulência política pelo o qual o país inteiro passa com profunda crise econômica, a gente abraça o desafio de resistir e fazendo a poesia acontecer, principalmente alimentando na gente e nas crianças a esperança de dias melhores”, acrescenta.

A banda começou como uma brincadeira. “A gente faz música brincando. Foi assim que a gente começou a fazer música, eu e Naldi-nho. Foi assim que esse tra-balho começou, sem a gente se dar conta direito do que seria. E hoje a gente tem um repertório inteiro para crianças. E para celebrar a brincadeira, manter o lado lúdico da vida abre portas

Linaldo Guedes [email protected]

Banda Meu Quintal apresenta show hoje na Tamarindeira

ShowO projeto Music From Paraíba traz nesta edição, a música do guitarrista JR Espínola e da banda Coldsleepyhead, hoje às 20h, no Teatro de Arena do Espaço Cultural. Página 12

SERVIÇO n Show: Meu Quintal Criançan Data: 29/10/2017 (Domingo)n Horário: 17hn Local: TamarindeiraEndereço: Rua Nevinha Cavalcante, 92 – Miramarn Ingressos: R$ 20 e R$ 10 Reais (no local às 16h)

para muita coisa boa acon-tecer”, comenta.

Destinado ao público infantil, o trabalho da banda Meu Quintal apresenta uma poética inspirada no espa-ço de memória afetiva que o quintal representa e uma sonoridade que é resultado

da sua convivência com os ritmos populares nordesti-nos e as canções de ninar de todos os tempos, além de rit-mos universais como o rock, o reage e o ijexá. Sua poética é lúdica, brinca com as ima-gens, bichos do quintal, com os ditos populares, poesia,

lendas e ainda visita a prática de contar histórias. Naldinho Braga e Nara Limeira são dois velhos conhecidos da cena cultural paraibana e o tra-balho da banda Meu Quintal renova a energia de acreditar na existência de algo novo. Vale a pena conferir!

Naldinho e Nara, ladeados por Wênia Xavier, Elisa Garcia, Victor Lustosa, Rose Fagardo e Ana Cristina Leão

Fotos: Divulgação

O músico Naldinho Braga e a arte educadora Nara

Limeira (foto) são os idealizadores da iniciativa

cultural que resgata o universo infantil

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Um dia quero ser como Adrião Pi-res era: um super homem pacato, que saia de casa pela manhã ainda amando a cidade em que viveu suas utopias, das coisas que ganhou e das que per-deu com o juvenil entusiasmo. Deve ser bom ter aquela calma de Adrião, cuja mulher era uma mãe gentil, uma pátria, a que nos pariu: eu e Marcos, a mim com a cidadania pessoense. Sim, Creusa, que foi antes e Adrião e juntos administram o lado norte do céu.

Um dia queria ser como Dona Creusa, cheia de assuntos, super mu-lher, que não dava a menor importân-cia a coisas materiais, que tinha dois sapatos e poucos vesti dos e amanhe-cia e dormia feliz. Saudade dela

Alegrava-me vê-los. Adrião arrastado pelo furor do trabalho, o mais profundo querer de não de não se entregar, privilégio de ter nascido e crescido para o oficio, desde os tempos da Casa Azul. Dona Creusa era uma beleza, deu a meu filho Vítor quando nasceu, o livro Gato de Bodas com imagens em alto relevo.

Caminhando para o trabalho, o automóvel de Adrião era seu pé, ele ia solitário e amplo do Edifício Caricé até a Junta Comercial, sem fronteiras, sem sinais e seus passos soavam como trombeta de arcanjo, convocando ou relembrando as maravilhas de um tempo que foi longe, quando os homens desta cidade andavam a pé, acenando. E quase todos eram bons. Assim era dona Creusa em sua Ba-gunça, que tinha uma imensidão de miudezas.

Andando sem se preocupar com o mundo, Adrião nunca foi de ninguém. Sozinho, era um menino que saía de casa para trazer o pão para a Creusa

Grupos socialmente mais poderosos tendem a se autorrepresentar como superiores e impor essa ideia. No sistema de estratificação de castas indiano, por exemplo, os brâmanes gozavam de um elevado prestígio social, enquanto os dalits eram tratados como seres impuros que precisavam ser evitados pelo risco de contaminação. Cabia aos dalits fazer os trabalhos indesejáveis, como as atividades bra-çais, o trato com a limpeza urbana e os mortos. Eles estavam proibidos de entrar em templos religiosos e manter contato com as castas superiores.

Nesse sistema de estratificação, as desigualdades sociais de casta são interpretadas simbolicamente pe-los participantes a partir de esquemas religiosos de atri-buição de sentido. A crença comum é que as pessoas seriam distribuídas em castas a partir do desempenho moral em vidas passadas. O que se-ria legitimado pela crença numa lei metafísica que pri-maria pela justiça, recompensando os melhores. O tabu do contato é sempre associado a algum risco de contami-nação moral e física. O distanciamento seria um tipo de “profilaxia moral”. O grau de poder e controle de um grupo estabelecido como os brâmanes dependerá do grau de internalização de seus valores morais e esquemas de atribuição de sentido pelos outsiders.

Os negros norte-americanos deram exemplos de como é possível contrabalancear as relações de poder por meio da organização política. Os EUA excluíram essas pessoas dos espaços de poder, além de reduzir seu escopo de oportunidades de ascen-são e mobilidade social. Os movimentos da década de 1960 por direitos civis levaram a abolição das

leis de Jim Crow, que proibiam que negros e brancos compartilhassem os mesmos espaços públicos, como escolas e sistemas de transporte. As leis duraram de 1892 até 1965, sendo extintas graças ao Civil Rights Act.

Apesar disso, até hoje os negros precisam convi-ver com problemas em relação ao estigma de cor e aquilo que W. Du Bois chamava de crise de identida-de ou dupla consciência. Os negros ao mesmo tempo em que precisam construir coletivamente autoima-gens mais favoráveis, em contraposição à dominação, precisam lidar internamente com a forma como os outros os enxergam. É dessa maneira que podem

desenvolver precon-ceitos em relação aos próprios negros com base em tipificações e estereótipos, assim como são obrigados a se afirmarem.

Uma ideia do sociólogo Norbert Elias me parece cru-cial para essa análise: a fragmentação dos indivíduos outsiders é fundamental para que a relação assimé-trica se mantenha. A falta de organização é

sinônimo de enfraquecimento e sujeição quase que imediata à visão dominante. Ele diz “quase” porque o grau de comprometimento entre o indivíduo e grupo sempre estará sujeita a variações. Seria ingenuidade acreditar que indivíduos teriam total autonomia em relação ao “nós” ou inversamente que se comporta-riam como “robôs” em grupos com maior homoge-neidade de pensamento.

A vinculação é elástica. Ela determinará o alcan-ce e a efetividade dos mecanismos sociopsicológicos em produzir controle social. O que naturalmente pode variar sendo submetida a abalos – caso a assi-metria de poder seja reordenada.

Crônica Kubitschek Pinheiro [email protected]

Estevam Dedalus Sociólogo

A era moderna da filosofia começou com Descartes, o homem que duvidou de tudo e reduziu nosso conhecimento a uma certeza principal: “Cogito ergo sum” – o famigerado “Penso, logo existo”. Lamen-tavelmente, seu racionalismo partiu em seguida para a reconstrução do nosso co-nhecimento, como se nada tivesse aconte-cido antes.

Depois disso, os empiristas ingleses (Locke, Berkeley e Hume) envolveram-se em processo um tanto destrutivo e arris-cado, afirmando que o conhecimento hu-mano só podia ser baseado na experiência. Eram ideias realmente modernas para a época, que proporcionaram grandes avan-ços na ciência e na metodologia científica a longo prazo, mas provocaram um enorme estrago no pensamento ocidental.

Os mais radicais afirmam que, no mo-mento em que Hume concluiu esse proces-so de apreensão da realidade, o conheci-mento humano estava reduzido a ruínas. Foi esse suposto absurdo que, de forma quase milagrosa, despertou Kant de seu “sono dogmático”. Levando em considera-ção o empirismo, mas recusando-se a ser por ele intimidado, Kant construiu talvez o maior de todos os sistemas filosóficos, utilizando-se de uma linguagem pesada e verborrágica.

Passando do sublime ao ridículo, Hegel criou então seu próprio sistema exagera-do. Foi por muito tempo endeusado. Muita gente depois dele se apossou de seu siste-ma dialético como verdade absoluta: Karl Marx não nos deixa mentir. Schopenhauer, contemporâneo de Hegel, iria tratar essa monstruosidade conceitual com o mereci-do desprezo, mantendo uma perspectiva reconhecidamente kantiana no que tange à epistemologia (a teoria do conhecimento, ou, vulgarmente falando, a nossa maneira de ver o mundo).

Kant, no entanto, também formulou um sistema moral de grande beleza e dis-tinção. Para ele, o mundo tinha fundamen-to moral - não é fácil aceitar essa concep-ção em nossa realidade contemporânea, após um século XX varrido por duas gran-des guerras e muita carnificina em diver-sos outros conflitos, em todos os cantos do globo. Schopenhauer, é certo, percebeu tudo de forma bem diferente. Seu pessi-mismo não admitia muitas saídas para nossos dilemas éticos e morais.

A bem da verdade, em que pesem tan-tas idiossincrasias e esforços intelectuais, o pensamento humano ainda não se en-caixou em nenhum sistema de apreensão completa da realidade. Em um mundo cada vez mais complexo e repleto de áreas de conhecimento entrelaçadas, não seria má ideia tentar simplificar um pouco a in-terpretação dos fenômenos. Bem que po-deríamos voltar aos mestres gregos clás-sicos...

Sobre desigualdade

O que veio depoisde descartes

Adrião e Creusa e o disco voador

Andrade MacedoEscritor

Thiago

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 102o Caderno

gentil e dessa forma carregava essa sensação de pai de todos. Não deve ter falado muito palavrão. Talvez nenhum. Dona Creusa parece que nunca morreu. Aliás, ela tem a cora-gem de saber que é imortal.

Toda vez que os via, os enxerga-va pela primeira vez, como se os dois fossem uma só pessoa. Dias vão, dias vem e lá longe a hipotética ligação entre o apito, os bandeirinhas e Dona Creusa se esticando a mãe de outros filhos. Creusa era sensacional.

No estádio, o único lugar do mundo onde as pessoas podem falar palavrão, mas, nem ali, não, Adrião não tem cara de quem chama a puta que pariu, disso, nem daquilo. E ele não é único. Em outros lugares, existirão agriões, sementes, algodões, purezas.

Mas, enfim, onde andará Adrião? Ele deu um salto quântico da lógica. Foi ver que o mar não virou sertão, aliás, perguntaram tanto e ninguém nunca respondeu. É exata-mente desse tipo de informação que a gente precisa. Tem um sujeito que

está há cem anos no teatro – no mesmo teatro, assistindo a mesma peça e esse cara pode ser Adrião, vivendo seu papel.

Será que ela está na Lagoa assistin-do a revolução dos trans? Ele ainda está no meio do livro, no espetacular momen-to em que as mãos, o suor, Ah, meu Deus, ainda vivemos a era

do proibido? Sempre que os via juntos

ficava cantarolando a canção do Cae-tano caminhando contra o vento sem lenço sem documento, no sol de quase dezembro.

É verdade, como Adrião, eu faço sala para o tempo. Abro a janela e vejo uma luz no céu da cidade e não é outra coisa, senão dona Creusa pilotando o disco voador com o co-piloto Adrião só eu os vejo porque o disco sobrevoa minha memória, até que aterrissam na Varanda Tropical e botamos o disco pra tocar na vitrola do K.

Puxa vida! Se Deus quiser um dia eu viro semente!

Kapetadas1 – Aliás, se os discos voadores

vêm até nós, taí a prova de que deve haver vida burra em outros planetas.

2 - Chama-se café da manhã isso que milhares tomam à tarde ou à noite - se tiverem a sorte de conseguir.

3 - A Terra é plana quando a igno-rância é plena. E priu.

4 – Som na caixa: “Se Deus quiser um dia acabo voando”, Rita Lee

Fotos: Divulgação

Artigo

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Ocupante da Cadeira 12 da Academia Paraibana de Cinema, o professor Mirabeau Dias, também integrante do Conselho da entidade, que tem como Patrono o jornalista Assis Chateaubriand, apresentou quarta-feira passada, à noite, no Auditório do Tribunal de Contas do Estado, vídeo documentário de aproximadamente 75 minutos, sob o título “Meu Jaguaribe”. Segundo o próprio Mirabeau, o longa resgata a história e os costumes do bairro, nos anos 40 e 50 do século passado, destacando memórias de seus munícipes.

Em entrevista à imprensa, sobre o notório bairro da capital, o autor do vídeo afirmou: “O exemplo é o de que Jaguaribe foi palco de evento que causou repercussão em âmbito nacional”. O vídeo traz alguns depoimentos de figuras conhecidas do meio médico e intelectual de João Pessoa, como o de Genival Veloso, Carmélia Brito, Carlos Pereira, crítico João Batista, entre outros. A apresenta-ção foi feita em parceria com TCE, pelo que a Academia de Cinema se congratula, com alguns de seus membros presentes ao evento.

APC: Acadêmico exibe vídeo documentário

A relevância do Documentário cinematográfico é notória, sobre-tudo na Paraíba, justo, em razão de sua tradição; nos dias atuais, não como forma de real entretenimen-to. Óbvio! Sua perda de espaço para a Ficção, quer seja em curta ou longa-metragem, é uma realidade hoje inconteste.

Vendo nota recente de A União, divulgando os vídeos selecionados para o Festissauro, evento a ser concluído neste final de semana na cidade Sousa, sertão da Paraíba, constato mais uma vez que, ultima-mente o tradicional documentário já não teria tanto interesse assim, para os que se aventuram em pro-duzir imagens animadas. A não ser como mero registro audiovisual e “documentos” futuros.

Costumeiramente tenho afir-mado que, ressalvadas algumas ex-ceções, a interlocução prolongada, cansativa e documental, pouco ou quase nada nos facultam à refle-xão sobre aquilo que assistimos. E cinema é isto! Essa é uma verdade inconteste. Entendo, ainda, que o bom cinema é aquele que nos deixa refletir sobre a imagem visualizada, seja ela móvel ou não, “lendo-a” ao nosso real prazer criativo; “huma-nizando-a”, como disse o antropólo-go e sociólogo francês Edgar Morin.

Mas, voltando ao ponto inicial, da divulgação de tal lista do festival

Cinema Alex Santos Cineasta e professor da UFPB

Vamos imaginar, caro leitor, que você deva se recolher a uma ilha deserta por dez anos inin-terruptos completamente sozinho, sem rádio, te-levisão, internet. Que livros e autores essenciais (não podem passar de dez), você levaria?

Livros e autores essenciais, adotemos, aqui, a ideia de Mortimer J. Adler, seriam aqueles que podem “alimentar sua mente”, desenvolver sua percepção de mundo, apurar sua sensibilidade, fertilizar sua imaginação, enriquecer sua memó-ria, ampliar seus conhecimentos e muitas coisas mais.

Em diálogo com seu parceiro, Charles Van Doren, num delicioso livrinho, “A arte da leitura”, Mortimer sugere este teste aos leitores do mun-do, listando, ele mesmo, os seus livros, e justifi-cando por quê. Sua lista é curiosa e, obviamente, cheia de lacunas, como toda e qualquer lista. Ve-jamos.

O primeiro, diz o professor, seria “História da Guerra do Peloponeso”, de Tucídides. Livro que trata dos conflitos entre Atenas e Esparta. Para ele, Mortimer, matriz de todas as relações inter-nacionais e perfeito manual de política, “tanto em relação ao discurso quanto à ação”. “Ética” e “Política”, de Aristóteles, viriam em seguida, uma vez que discutem os eternos e “fascinan-tes” problemas da “boa vida e da boa sociedade”. Os “Diálogos”, de Platão, apesar de “difícil com-preensão”, valem a pena, quando se faz o devido esforço para assimilá-los e compreendê-los. Para o autor, constituem uma mescla de poesia e filo-sofia, no que tem toda razão.

A “Autobiografia de Harry Truman” e as “Vidas”, de Plutarco, também enriquecem a sua lista. Logo depois, aparece “Confissões”, de San-to Agostinho, e “Suma teológica”, de São Tomás de Aquino, em especial, o “Tratado de Deus” e o “Tratado do homem”. A obra de Santo Agostinho, ressalta, porque “lida com todas as questões que envolvem a salvação da alma humana”.

Agora, o ponto chave da lista: “Ensaios”, de Montaigne. Aqui, segundo o autor, temos uma minuciosa e persuasiva reflexão acerca de todos os sítios da vida humana; suas inquietações, fra-gilidades, paradoxos, expectativas, grandezas, mesquinharias, além do que a presença de um estilo com “uma sagacidade magnifica”.

Mortimer J. Adler também levaria, para fe-char suas escolhas, as peças de Shakespeare, dois ensaios de John Locke, “Tratado sobre o Go-verno Civil” e “Ensaio sobre o Entendimento Hu-mano”, e “Guerra e Paz”, de Tolstói.

Que tal, caro leitor, a lista de Mortimer? Você apostaria nela? Alguma discordância? Algum acerto absoluto? Alguma ausência imperdoável? Charles Van Doren, por sua vez, se surpreende, pois, na sua lista, só entrariam Montaigne e Ska-kespeare. E na sua, caro leitor?

Na minha, Montaigne seria a espinha dor-sal, o nervo básico, o epicentro epistemológico e expressivo. A poesia seria representada pela “Divina Comédia”, de Dante, e quanto à prosa ro-manesca, em que pese a intensa e renovada pai-xão por Dostoiévski, acho que levaria “Em busca do tempo perdido”, de Marcel Proust. Os outros, quem sabe, podem merecer uma outra Letra Lú-dica.

Livros numa ilha deserta

LúdicaLetra

Hildeberto Barbosa Filho [email protected]

Em cartaz

Serviço

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 112o Caderno

Convergência ao óbvio alteratradição do cinema paraibano

de Sousa, verifica-se que uma mudança notória vem acontecen-do no plano da realização e da cultura cinematográfica parai-bana. Em termos narrativos, o simples documentário tem dado vez à feitura de um tratamen-to ficcional. Ou, como se diz, “o contar de uma estória”. Isso é fato incontestável!

Nas três modalidades de mostras, quase trinta vídeos fo-ram inscritos, sendo nada menos de vinte usando a “ficção” como categoria. Apenas oito teriam sido documentários. O que atesta uma inversão de valores no cinema paraibano, desse modo, revelando assim a lógica de uma convergên-cia à nova modalidade de criação cinevideográfica, na Paraíba.

Para quem considera e es-tuda o cinema com seriedade, e

não apenas de forma romântica ou “provincianamente”, mas com um olhar crítico voltado para suas qualidades de interesse sociocul-tural, estatísticas como essa houve de corroborar a um novo repensar sobre a recente trajetória da arte sétima, em nosso estado. Tudo em razão, convenhamos, das moder-nas tecnologias visuais e auditivas, sobretudo de finalização, que têm propiciado facilidades inúmeras às edições de um novo discurso audio-visual. Contudo, espera-se, respeita-da a própria gramática narrativa.

Não sem razão que, desde minha primeira experiência com a ficção, em 1969, com “Arribação”, tendo o ator paraibano Anco Már-cio como protagonista, sobre um retirante fugindo da seca, desper-taria para o fato de que o “Cinema é a arte da representação”.

Quem, como eu, tem uma tradição de documentarista, mas que, desde longo tempo vi da ne-cessidade de ver um cinema como ele realmente deve ser mostrado pública e divertidamente, jamais terá sido surpresa alguma o que vem se fazendo e mostrando no Festissauro. Mudanças que se deve, em verdade, desde o advento midiático da televisão e do vídeo-tape. Mas, aí é uma outra história! – Mais “coisas de cinema”: www.alexsantos.com.br.

Destaque

Expoente da geração que marcou os anos 60 e 70 nas artes plásticas brasileiras, a carioca Regina Vater ganha uma pequena retrospectiva de sua trajetória de mais de 50 anos na exposição Oxalá que Dê Bom Tempo, aberta ao público até 18 de fevereiro de 2018, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, na região metropolita-na do Rio.

São mais de 70 obras, entre instalações, desenhos, séries fotográficas e vídeos, que ocupam todo o salão principal do museu projetado por Oscar Niemeyer e pro-porcionam uma visão das várias facetas dessa artista multimídia, uma das pioneiras na abordagem da temática ecológica e também influenciada pelas cosmologias afri-cana e indígena.

Retrospectiva da artista Regina Vater em cartaz em Niterói

Anco Márcio, Luíza Lacet e Alex da Santos

Foto: Arquivo

PELÉ -O NASCIMENTO DE UMA LEN-DA- (EUA,NAC 2017). Gênero: Biografia. Duração: 147 minutos. Classificação indi-cativa: 12. Direção: Michael Zimbalist, Jeff Zimbalist. Com:Leonardo Lima Carvalho, Kevin de Paula. Sinopse: Nascido na cidade mineira de Três Corações, Edson Arantes do Nascimento, desde menino demonstrou imen-sa habilidade ao jogar futebol, nos campos de várzea perto de sua casa. Manaíra11/2D: 13h15, 18h30(LEG).

THOR RAGNAROK - (EUA 2017). Gênero: Ação. Duração: 210 min. Classificação indica-tiva: 12. Direção: Taika Waititi. Com: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston. Sinopse: Thor está preso do outro lado do universo. Ele precisa correr contra o tempo para voltar a Asgard e parar Ragnarok, a destruição de seu mundo, que está nas mãos da poderosa e im-placável vilã Hela.Centerplex1/2D: 15h(DUB) 17h45, 20h30 (LEG). Centerplex3/3D: 16h (DUB). Manaíra5/3D: 12h, 15h(DUB), 18h, 21h (LEG). Manaíra9/3D: 13h, 19h(DUB), 16h, 22h (LEG). Manaíra10/3D: 14h, 17h, 20h, 23h(LEG). Mangabeira1/3D:13h, 16h, 19h, 22h (DUB). Mangabeira5/3D:12h, 15h,

18h, 21h (DUB). Tambiá1/2D: 20h25(LEG).Tambiá5/2D: 15h50, 18h15, 20h40(DUB). Tambiá6/2D: 15h, 17h55, 20h20(DUB).

TEMPESTADE - PLANETA EM FÚRIA-( EUA 2017). Gênero: Ficção científica, Ação: 149 minutos. Classificação indicativa: 12. Direção: Dean Devlin. Com: Gerard Butler, Jim Sturgess. Sinopse: A ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos capazes de ameaçar a existência da humanidade faz com que seja criada uma extensa rede de satélites, ao redor de todo o planeta, de forma a controlar o próprio clima. Cen-terplex4/2D: 18h45(LEG).Manaíra6/3D: 14h30, 19h45(DUB), 17h, 22h15 (LEG). Manaíra11/3D: 15h45, 21h(LEG). Manga-beira1/2D:14h, 16h45, 19h30, 22h (DUB).Tambiá4/2D: 14h30, 17h,19h30, 22h15(-DUB). Tambiá2/3D: 14h35, 18h45, 20h35 (DUB).Tambiá4/3D: 20h35(DUB).

ALÉM DA MORTE – (EUA 2017) Gênero: Suspense. Duração: 149 minutos. Classificação indicativa:14. Direção: Niels Arden Oplev. Com Ellen Page, Diego Luna Sinopse: Na esperança de fazer algumas descobertas, estudantes de

medicina começam a explorar o reino das expe-riências de quase morte. Centerplex4/2D: 18h15 (LEG). Manaíra7/2D: 19h05, 21h40(LEG). Mangabeira2/2D:18h30(DUB). Tambiá2/2D: 16h40, 20h50(DUB).

A MENINA INDIGO - (NAC 2017). Gênero: Drama. Duração: 139 minutos. Classificação indicativa: Livre. Direção: Wagner de Assis-Com: Letícia Braga, Murilo Rosa. Sinopse: Sofia (Letícia Braga) é uma garota de 7 anos que tem enfrentado problemas na escola, por não se interessar nas matérias ensinadas. Após se trancar em uma sala e pintá-la por completo, seu pai (Murilo Rosa) é chamado ao local . Centerplex2/3D: 14h45,19h (NAC). ENTRE IRMÃS- (NAC 2017). Gênero: Drama, Romance Duração: 246 minutos. Classificação indicativa: 14. Direção: Breno Silveira. Com: Nanda Costa, Marjorie Estia-no. Sinopse: Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são irmãs que vivem na pequena Taguaritinga do Norte, ao lado da tia Sofia (Cyria Coentro), que lhes ensinou o ofício de costureira. Manaíra1/2D: 14h, 17h30(NAC).

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 122o Caderno

Guitarrista JR Espínola e banda Coldsleepyhead se apresentam a partir das 20h no Teatro de Arena da Funesc

Guilherme Cabral [email protected]

Linaldo Guedes [email protected]

Music From Paraíba terá duas atrações nesta edição

“É sensacional e mui-to bacana. São raras essas iniciativas e o alcance des-se projeto é para o mundo todo. As coletâneas com os músicos têm sido bem fei-tas. É um trabalho bem feito e esmerado”. Foi o que de-clarou para o jornal A União o guitarrista JR Espínola, ao se referir ao Music From Pa-raíba, de cuja edição deste mês de outubro - que acon-tece hoje, a partir das 20h, no Teatro de Arena, instala-do na Fundação Espaço Cul-tural da Paraíba, localizada na cidade de João Pessoa - é uma das atrações do evento, que é realizado pela Funesc. A outra é a banda Colds-leepyhead. A entrada é gra-tuita para o público.

Durante o show de hoje, JR Espínola - que é um dos integrantes da banda Os Trilhas - apresentará ao público canções autorais. O músico vai estar ao lado dos músicos Pablo Ramirez, na bateria, Igor Ayres (baixo) e Pedro Regada (teclado e sanfona). Já a outra atração da noite, a Coldsleepyhead – que, em 2015, lançou, no Youtube, o primeiro clipe, intitulado ‘Special Report’ e já tocou com as bandas Plu-tão Já Foi Planeta e Menores Atos - também tocará can-ções próprias, com pegada pop e arranjos eletrônicos.

O guitarrista paraiba-no JR Espínola, que estu-da música desde 1978, em João Pessoa, já fez diversos cursos, a exemplo do Mú-sica Popular Brasileira, na Escola de Música de Minas (MG), fundada pelos canto-res e compositores Milton

Nascimento e Wagner Tiso. O artista também cursou Harmonia com Sergio Be-nevennuto e Ian Guest. Em Los Angeles (EUA), o artista graduou-se em Guitarra e Engenharia de Som na GIT & RIT Musicians Institute, onde foi um dos cinco des-taques da escola (na época, recebeu como prêmio um violão Ovation e foi tema de reportagens publicadas em revistas especializadas de várias partes do mundo. Além disso, durante quatro anos, Espínola tocou e gra-vou com artistas em vários

eventos e lugares famosos em Los Angeles, a exemplo do Hollywood Bowl. E, no Brasil, tocou no Programa do Jô, que a Rede Globo exibia, apresentado por Jô Soares, substituindo o gui-tarrista do tradicional quin-teto, que era a formação, na época. Em 2003, ele gravou seu primeiro disco, intitu-lado Cine Parahyba. E, no momento, está concluindo o seu segundo CD, Radio Parahyba, bem como realiza workshops e acompanha o músico Escurinho nos sho-ws que este realiza.

Já o Coldsleepyhead é, na verdade, um projeto ins-pirado em gravações casei-ras, mas aliadas a arranjos eletrônicos, drum machi-nes e melodias pop. O pri-meiro EP (Extended Play), contendo cinco músicas e cujo título é More Conscien-tious Behavior, foi lançado pela banda, por meio da Siko Records, em 2013, no formato CD-R e download gratuito. Naquele mesmo ano, o grupo compôs, jun-tamente com Os Gonzagas, Vanguart e Vivendo do Ócio, o line-up do Campus Festi-

val. Em 2014, a banda teve a música ‘Came To Me’ se-lecionada pela Funesc para ser uma das faixas do volu-me 2 do projeto Music From Paraíba. Em 2015, lançaram no Youtube o seu primei-ro clipe, Special Report, e em 2016 e agora em 2017 realizou shows ao lado das bandas Plutão Já Foi Plane-ta e Menores Atos, além de conhecer a banda Wry, uma das mais respeitadas no ce-nário alternativo, e a ban-da brasiliense Alarmes, no projeto Indie Rock Tour.

SERVIÇO n Evento: Projeto Music From Paraíban Atrações: JR Espínola e banda Coldsleepyheadn Data: Hojen Hora: 20hn Local: Espaço Cultural, em João Pessoan Endereço: Rua Abdias Gomes de Almeida, n0 800, Tambauzinhon Entrada: Gratuitan Realização: Funesc

Budega Arte Café

Instrumentista Edvaldo Santana lança CD “Amor de Periferia”, amanhã, em JP

Nascido e criado em São Miguel Paulista, periferia de São Paulo, Edvaldo Santana já é um nome bastante conheci-do na música brasileira desde quando se destacou ao lançar o CD “Amor de periferia”, que teve música incluída na trilha sonora do filme “Antonia”, de Tata Amaral. Agora, ele chega a João Pessoa para apresentar seu novo trabalho musical – o oitavo de sua carreira solo: “Só vou chegar mais tarde”. A apresentação será amanhã, às 19h30, na Budega Arte e Café, no bairro dos Bancários, em João Pessoa. A entrada é gra-tuita.

Este novo trabalho de Ed-valdo Santana ganhou elogios entusiasmados de ninguém menos que o jornalista Jota-bê Medeiros, um dos maiores críticos musicais em atividade no Brasil que lançou recente-

mente biografia sobre Belchior. “Não há equivalente de Edval-do Santana na música brasilei-ra. Digo isso de um longínquo e ao mesmo tempo privilegiado posto de observação. Ele não é um Elomar porque não é se-dentário, não é o sábio de uma montanha; é um andarilho, um artista em movimento. Ele não é um Cartola porque não per-tence a uma geografia, a uma agremiação; ele é margem de muitos rios. Ao mesmo tempo, contém todas essas histórias. Ele aproxima pontas que pa-recem distantes, como Celso Blues Boy e Luiz Melodia e Au-gusto de Campos e Arnaldo An-tunes”, analisa Jotabê.

Para o crítico musical, os discos de Edvaldo Santana sempre tiveram uma grande diversidade de pontos de vista e de urdiduras musicais. “Mas agora ele fez um álbum concei-tual, uma coisa de uma unidade e simetria absolutas. É como se fosse um curriculum vitae em

forma de poesia e ourivesaria sonora: Só Vou Chegar Mais Tarde (Distribuição Tratore). O piano de Daniel Szafran pontua a canção 40com um toque de boogiewoogiesulista, aproxi-ma Edvaldo de Jerry Lee Lewis. Tem até um washboard no som - aquele instrumento de New Orleans originado de uma tá-bua de lavar roupa, que espalha pequenos batuques pelas reen-trâncias da música”, comenta. E acrescenta: “O melhor disco do Edvaldo Santana levou 40 anos. E ele o dá assim a você de mão beijada.”

Edvaldo Santana é o pri-meiro de oito filhos do piauien-se Félix e da pernambucana Judite. Os primeiros acordes foram dados no velho violão do pai no final da década de 60, com influências que vão de Manezinho Araújo e Jackson do Pandeiro à Torquato Neto, Hen-drix e toda contracultura que entra em cena nesse período. A partir daí, Edvaldo participa de

vários festivais estudantis e cria seu primeiro grupo, o Caaxió.

Em 74 no teatro de Are-na, o Caaxió apresenta o show “Casca de vento” com Edvaldo Santana como cantor e compo-sitor. Os amigos Fernando Teles, Luciano Bongo e Zé Bores com-pletavam o grupo. Numa época onde a censura era comum, o show teve dez músicas corta-das do seu repertório. Em meio a batalha pela sobrevivência do grupo eles conseguem um con-trato com a gravadora Top-Tap que impõe a condição de subs-tituírem o nome do grupo que passa a chamar-se “Matéria Pri-ma”. Um ano antes da gravação do primeiro disco do Matéria Prima, Edvaldo conhece Tom Zé que os convida para acompa-nhá-lo em alguns shows. Com o fim do Matéria Prima, em 1986, Edvaldo Santana parte então para sua carreira solo. O CD que lança em João Pessoa é o oitavo dessa carreira. Não dá para per-der o show dessa segunda-feira.

Canções autorais compõem o repertório do instrumentista JR Espínola, enquanto a banda Coldsleepyhead vai apresentar melodias pop e arranjos eletrônicos e músicas do EP Extended Play

Artista é natural de São Miguel Paulista, periferia de SP

Foto: Michael Lee Fotos: Divulgação

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Na pautaO presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia defendeu da reforma da Previdência, mas reconheceu a aprovação depende da recomposição da base Página 14 Fo

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Programa possibilita a cada estudante participar das atividades legislativas inerentes a um gabinete parlamentar

A Escola do Legislativo Professor Celso Furtado, da Câ-mara Municipal de João Pessoa (CMJP), lançou novo edital com inscrições abertas para uni-versitários que desejam par-ticipar do programa ‘Aprendiz de Vereador’. Serão ocupadas quatro vagas, uma para atuar no Período II do projeto (de 6 a 20 de novembro), para a qual só serão aceitas inscrições até o dia 29, e mais três para o Pe-ríodo III (de 20 de novembro a 1º de dezembro), com prazo do envio do formulário de ins-crição até as 20h, do dia 5 de novembro.

O Programa possibilita a cada estudante participar das atividades legislativas ineren-tes a um gabinete, trabalhando com toda a equipe parlamen-tar do vereador para o qual for selecionado. O destaque é que, após duas semanas de ativida-des na CMJP, os universitários vão sugerir projetos que pode-rão ser aprovados pelos par-lamentares da Casa Napoleão Laureano e virarem lei.

Os aprovados e classifica-dos na seleção vão poder esco-lher entre uma vaga disponível

para cada um dos gabinetes dos vereadores Humberto Pontes (Avante), Sandra Mar-rocos (PSB), Damásio Fran-ca (PP) ou de Thiago Lucena (PMN). Todas as oportunida-des são para atividades no pe-ríodo da manhã.

“Abrimos o edital com mais quatro vagas devido à fal-ta de comprovação documen-tal de alguns que foram clas-sificados na seleção passada ou desistência. É importante lembrar que, para participar, o estudante tem que ter, pelo menos, integralizado 10% do curso e estarem matriculados no ensino superior em alguma instituição da Capital”, salien-tou o presidente da Escola do Legislativo Municipal, Paulo Eduardo Sá Barreto.

A comprovação dos cri-térios poderá ser feita por meio de declaração ou his-tórico escolar emitidos pela instituição de ensino supe-rior e enviadas para o e-mail [email protected], obrigatoriamente com o título ‘Documentação Aprendiz’, durante os prazos estabelecidos pelo edital.

"Aprendiz de Vereador" abre inscrições na Câmara de JP

CertificadoOs aprovados e classi-

ficados, além de receberem certificado, vão desenvolver atividades supervisionadas junto à Escola do Legislativo, vereadores e profissionais dos gabinetes parlamentares, por duas semanas, contabilizando 40 horas de estágio.

Vagas remanescentesÉ importante aos clas-

sificados estar alerta com as datas das atividades na Câma-ra e com a possibilidade de remanejamento. As vivências serão desenvolvidas em duas semanas, durante três perío-dos, nos turnos da manhã ou tarde, neste segundo semestre. A primeira turma, do Período I, realizou as atividades de 16 a 27 de outubro. As demais tur-mas vão atuar na Câmara de 6 a 20 de novembro; e de 20 de

novembro a 1º de dezembro.Os não contemplados den-

tro do número de vagas oferta-do nesta edição, comporão, de acordo com a ordem, data e ho-rário de inscrição, uma lista de espera para futuras chamadas ou seleções do projeto ‘Apren-diz de Vereador’.

Os candidatos não con-templados que tiverem enviado a documentação devidamente comporão lista de espera para

vagas que eventualmente sur-girem por disposição de gabi-nete ou por desistência de ou-tro concorrente.

Sugestão Os universitários vão vi-

venciar os bastidores do Parla-mento Mirim através da inicia-tiva por duas semanas. No final do período, eles responderão, a partir de projetos elabora-dos por eles próprios e sob a supervisão do vereador e sua assessoria parlamentar, à per-gunta: “O que você gostaria de melhorar em João Pessoa?”.

Com a oportunidade, as iniciativas dos estagiários po-derão virar Projeto de Lei (PL), Requerimentos, Indicações, Medidas de Fiscalização ou Es-tudo Técnico e, se aprovados, vigorarem como normas ofi-ciais da Capital.

Áreas de atuaçãoGeralmente, os aprendi-

zes de vereador são divididos em áreas temáticas de atua-ção, como: erradicação da pobreza, iluminação pública, educação, saúde, habitação, dentre outras.

Universitários vão sugerir projetos que poderão ser aprovados pelos parlamentares da Casa Napoleão Laureano

Foto: Divulgação/CMJP

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Durante sete eleições gerais consecutivas, de 1989 a 2014, passando por 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, houve a dispu-ta entre Lula e o anti-Lula. Em 1989, o segundo foi Collor; em 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso (FHC); em 2002, José Serra; em 2006, Geraldo Alckmin; em 2010, novamente José Serra, então contra a lulo-petista Dilma Roussef, que também enfrentou e derrotou Aécio Neves em 2014. Até aqui o placar marca 4 a 3 a favor de Lula e do social-desenvolvimentismo, em sua disputa contra o bloco neoliberal. No Brasil da crise que levou ao golpe contra a presidenta Dilma, muita coisa é incerta, ou muito mais incerta que na incerteza costumeira do capita-lismo. Lula em pessoa concorrerá em 2018 ou será forçado a indicar outro nome, como Fernando Haddad? E quem será o anti-Lula, Bolsonaro, Dória, Alckmin, Marina? Haverá mesmo eleições? O parlamentarismo, o semipresidencialismo ou outra descontinuidade ainda mais grave ocorrerá?

Em primeiro lugar, é importante delimitar a questão de fundo que está em jogo na disputa política em curso no país. Uma abordagem muito profícua da economia política argu-menta que o capitalismo oscila entre dois grandes modelos de relação entre Estado e sistema econômico: por um lado, a pri-mazia do mercado e, por outro, a coordenação compartilhada entre mercado e poder público.

Em um sentido estrutural bem preciso, essa dupla ten-dência tem se expressado desde 1989, quando, no contexto da crise do naciona-desenvolvimentismo, Collor, então apoiado pelo conjunto do empresariado, venceu o pleito com um dis-curso pró-reformas orientadas para o mercado, o chamado pensamento neoliberal. Mas o fez deixando em segundo plano a costura política dos termos de implementação das reformas e, sobretudo, não conseguiu estabilizar a moeda. A partir do Plano Real, o então ministro da Fazenda FHC logrou implemen-tar as políticas do Consenso de Washington em um contexto de construção de consenso com as elites econômicas. Seus dois mandatos avançaram nas mudanças orientadas para o merca-do, como as privatizações, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o regime de metas de inflação. Mas o fato das promessas neoli-berais de crescimento e bem-estar não terem sido cumpridas abriu espaço político para a vitória de Lula em 2002, ensejando as medidas de motivação social-desenvolvimentistas executa-das por ele e sua sucessora, com sucesso na área social (hoje sob desmonte), mas limitações na transformação ou sofistica-ção produtiva, especialmente medida pelas condições desfavo-ráveis da indústria de manufaturas.

O governo Temer representa a retomada com força da es-tratégia ultraliberal, que deve ser apreciada à luz da crise inter-nacional e de seus desdobramentos, sobretudo devido ao seu impacto negativo, durante o primeiro mandato de Dilma, na principal alavanca das mudanças social-desenvolvimentistas: o boom internacional das commodities, puxado, sobretudo, pela economia chinesa.

A importância do anti-Lula na perspectiva dos grandes agentes dos mercados oligopolizados está, acima de tudo, na existência de uma alternativa eleitoral ao lulo-petismo em 2018. Os interesses em jogo são de tal monta e tão estratégicos que as quatro vitórias consecutivas de um presidente vincula-do ao PT geraram o esgotamento dos limites de tolerância das forças protagonistas dos mercados, a começar pelas Finanças, ao risco de centro-esquerda, o social-desenvolvimentismo. Mas esse risco não é outra coisa que o risco da democracia, daí que o impeachment de Dilma foi um meio astuto e ardiloso de se apegar à aparência da ordem constitucional para, na verda-de, descartar seu conteúdo, tal como o faz qualquer propagan-da enganosa. Com a grande mídia nas mãos, a empreitada de se livrar de 54,5 milhões de votos incômodos mediante motivos formais no mínimo altamente controversos fica muito mais fá-cil de ser colocada em prática.

Mas o bloco neoliberal, vencedor desde o golpe de 2016, encontra uma dupla dificuldade, na economia e na política. Suas reformas são, na verdade, contrarreformas, pois retiram direitos sociais, trabalhistas e previdenciários dos mais pobres e, além disso, operam no sentido de desmobilizar a ação indu-tora do Estado ao crescimento econômico. Não é novidade que o neoliberalismo, a começar no mundo desenvolvido, tem se caracterizado por atrofiar o crescimento, promover aumento da desigualdade e das chances de ocorrência de crise fiscal e financeira. Até aqui, as profundas mudanças já aprovadas ou em processo de aprovação não resultaram na retomada da ati-vidade econômica, a não ser o recém-divulgado crescimento de 0,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro, puxado pelo consumo das famílias. Veja só que ironia! Consumo puxar crescimento, ainda que pífio? Para os neoliberais, a oferta é o grande demiurgo, não a demanda.

(*) Marcus Ianoni é professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisador do INCT-PPED, realizou estágio de pós-doutorado na Universida-de de Oxford e estuda as relações entre Política e Economia

Lula e o anti-Lula

Ianoni (*)[email protected]

MarcusPresidente da Câmara reconheceu que a aprovação de novas regras previdenciárias depende da recomposição da base

O aumento da idade mínima para todas as apo-sentadorias e a reforma previdenciária do serviço público foram defendidos pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, logo após o encerramento da sessão que arquivou a solicitação de ins-tauração de processo contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Fran-co (Secretaria-Geral), nessa quarta-feira (25).

Maia também anunciou a votação, nas próximas sema-nas, de projetos da área de se-gurança pública, novas regras para o setor do petróleo e gás e para os planos de saúde.

O presidente reconhe-ceu que será preciso refazer a base para conseguir votar a reforma da Previdência, que requer o voto de 308 deputa-dos em dois turnos para ser aprovada. Por isso, ele não quis adiantar a data para in-clusão do tema na pauta do plenário.

“Eu sou o maior defen-sor da reforma da Previdên-cia porque o sistema brasi-leiro é de transferência de renda de pobres para ricos. Mas hoje temos uma base aliada muito sofrida, preci-samos reorganizá-la, e não adianta falar dos deputados que foram contrários [a Te-mer]. É preciso superar a de-núncia”, disse.

Rodrigo Maia destacou que a situação fiscal do país é dramática. “O aumento dos gastos com Previdência para o próximo ano será da ordem de 60% de todo o gasto do governo. Às vezes, reclama-mos da falta de dinheiro para ciência e tecnologia e para educação, porém vai faltar ainda mais se não estancar-mos essa sangria”, afirmou.

Pauta do plenárioMaia anunciou o calen-

dário de votações do plenário para as próximas semanas. Haverá sessões deliberativas de segunda a quarta-feira na

Carol SiqueiraDa Agêcia Câmara

Rodrigo Maia defende reforma da Previdência e anuncia pauta

O senador Wellington Fagundes (PR-MT), rela-tor da comissão mista que analisa alterações na Lei Kandir (Lei Complementar 87/96), informou que pre-tende apresentar na pró-xima terça-feira (31) sua proposta sobre o tema. A intenção dele é concluir a análise da matéria na se-mana seguinte para que os plenários do Senado e da Câmara votem o texto até o fim de novembro.

Nessa quinta-feira (26), o colegiado fez a última de uma série de audiências públicas sobre o assunto. A comissão foi criada para

dar uma solução legislativa ao impasse entre estados e União, criado pela Lei Kan-dir. Sancionada em 1996, a norma isenta do ICMS as ex-portações de produtos não industrializados.

Até 2003, os estados tinham garantido o repas-se pela União de um valor para compensar as perdas com a isenção, mas após mudanças na legislação, esse montante deixou de ser fixado, e os governado-res passaram a negociar a cada ano com o Executivo federal a quantia a ser re-passada.

Em novembro de 2016,

numa ação movida pelo Pará e outras 15 unidades da Federação, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu prazo de 12 meses para que o Congres-so Nacional regulamente os repasses dos recursos. Caso isso não ocorra, cabe-rá ao Tribunal de Contas da União calcular e definir as regras.

“O Congresso Nacio-nal tem que normatizar isso para que os governos tenham condições de se planejar. Muitas vezes os administradores fazem um planejamento e ficam sem condições de executar por-

que a receita não chega”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira.

DesafioO consultor legislativo do

Senado Josué Pellegrini aler-tou para a dificuldade de se calcular as perdas exatas de cada estado. “Além de encon-trar uma fórmula com funda-mento econômico para saber com exatidão quanto cada um perde, ainda é preciso convencer a União. O desafio é muito grande, e o tempo é curto. Espero que a comissão consiga resolver”, afirmou.

Lei Kandir será apresentada na próxima semana em comissão mista

Foto: Agência Câmara

Maia durante sessão em que o plenário arquivou o pedido de autorização para o STF processar Michel Temer por crime comum

semana que vem; todos os dias entre 6 e 11 de novem-bro; e os deputados serão dis-pensados na semana do feria-do do Dia da Proclamação da República (15).

No dia 6 de novembro, segundo Maia, a pauta será composta por projetos rela-cionados à segurança públi-ca. “Nós já temos alguns que deveremos votar. Além dis-so, uma comissão de juristas, comandada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, vai entregar em fevereiro um relatório focado no combate ao tráfico de drogas e de ar-mas”, disse.

A proposta que altera regras para os planos de saú-de também foi citada como prioritária pelo presidente da Câmara (PL 7419/06). O texto ainda depende de vo-tação em comissão especial

e altera regras sobre multas aplicadas às operadoras dos planos, reajustes cobrados dos consumidores, portabili-dade entre seguradoras sem necessidade de carência, en-tre outros pontos.

Regime do pré-salRodrigo Maia informou

ainda que há a intenção de mudar o regime de explo-ração do pré-sal brasileiro, passando do modelo de par-tilha para o de concessão. No regime de partilha, o Estado é o dono do petróleo e ganha a licitação quem oferecer à União a maior participação no volume de óleo produzido.

Já no regime de conces-são, a empresa paga pela exploração do bloco, sem a obrigação de dividir a produ-ção com o governo. No mo-delo atual, conforme Maia, a arrecadação do governo nos

leilões é muito menor. “O leilão a ser realizado nessa sexta-feira (27) vai dar uma arrecadação de R$ 7 bilhões, mas se fosse regime de con-cessão poderia chegar à or-dem de 40 bilhões”, declarou.

Ele também mencionou o projeto que autoriza a Pe-trobras a vender parte da cessão onerosa dos campos do pré-sal (PL 8939/17). A estatal foi obrigada a investir em 40% desse leilão do pré-sal. “Esse modelo atual está inviabilizando a Petrobras.”

A simplificação do siste-ma tributário, sem o aumento de impostos, foi outro ponto defendido pelo presidente da Câmara. “O Estado brasileiro gasta demais, tira da socie-dade todo ano 35% da sua riqueza. Ninguém aguenta mais, então precisamos ter alguns desses debates sobre reforma tributária”, destacou.

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Governo saudita busca lançar projeto que visa a construção de uma “cidade do futuro” espalhada pelo território do país

Arábia Saudita é o 1o país a dar cidadania a um robô

Padre Zé

Este ano, no dia de finados, o “INS-TITUTO SÃO JOSÉ” colocará, nos cemitérios da Capital, Bayeux, Santa Rita e Cabedelo, URNAS para receber

ajudas e possibilitar a CONTINUIDADE VI-TORIOSA das obras Sociais do PADRE ZÉ.

Não esquecer a MENSAGEM do inesquecível Sacerdote, o pai dos pobres.

“Lembrando-se de mim, não esqueçam dos meus pobres”

(Padre Zé)

COLABORE COM AS OBRASSOCIAIS DO PADRE ZÉ

A Arábia Saudita é o primeiro país do mundo a conceder cidadania a um robô. Chamada de “Sophia”, a máquina de inteligência artificial recebeu o título em Riad, durante um evento de investidores em tecnologia.

O robô foi criado pela empresa Hanson Robotics, de Hong Kong, e foi inspira-do nas feições da atriz belga Audrey Hepburn.

Ao ter sua cidadania anunciada, Sophia agrade-ceu. “Estou muito feliz e or-gulhosa. Ser o primeiro robô do mundo reconhecido com cidadania é algo histórico”, disse.

No rápido bate-papo com o apresentador nor-te-americano Andrew Ross Sorkin, Sophia revelou que seu objetivo é “usar a inteli-gência artificial para ajudar os humanos a terem uma vida melhor”.

O governo saudita bus-ca lançar o projeto NEOM, que visa a construção de uma “cidade do futuro” es-palhada por seu território, pelo Egito e Jordânia.

Revela-se que robôs também têm senso de hu-mor. Assim, Sophia, robô elaborado pela empresa estadunidense Hanson Ro-botics, que anteriormente declarou estar planejando “destruir os humanos”, ago-

Agência ANSA

Agência ANSA

Agência ANSA

Foto: Sputnick

ra afirma que os robôs nun-ca substituirão as pessoas, mas podem se tornar “ami-gos e ajudantes” da humani-dade.

Sophia atualmente é capaz de mostrar mais de 60 expressões faciais e tem aparência da atriz legendá-ria, Audrey Hepburn. Mais anteriormente, durante uma conferência sobre ro-bótica. Celebrada em Ge-nebra, capital da Suíça. A androide declarou que a inteligência artificial é “boa para o mundo”, pois pode auxiliar os humanos de mo-dos diferentes. Ao mesmo tempo, sublinhou que “as pessoas devem pensar nas possíveis consequências da nova tecnologia”.

Por sua vez, o criador de Sophia, engenheiro Da-vid Hanson, explicou ao portal Phys.org que “as con-sequências acidentais e o possível uso impróprio da inteligência artificial não

são tão importantes em comparação com os bene-fícios proporcionados pela tecnologia”.

Ao responder sobre os pontos positivos, Sophia

disse que “os idosos irão ter companhia, e crianças autis-tas contarão com instruto-res infinitamente pacientes”.

Em 2016, no âmbito de uma “entrevista de apre-

sentação” com Hanson, a androide declarou que ia “destruir os humanos”. No entanto, em abril desse ano foi convidada ao programa de televisão The Tonight

Show, onde surpreendeu completamente o apresen-tador do show quando reve-lou seus planos de “dominar a raça humana”, brincando, claro.

Piemonte pede estado de emergência; incêndios devastaram 2 mil hectares

O presidente da re-gião italiana do Piemonte, Sergio Chiamparino, pe-diu nessa sexta-feira (27) a declaração de estado de emergência por causa dos incêndios que já devasta-ram cerca de 2 mil hectares de vegetação na zona me-

tropolitana de Turim e na província de Cuneo.

A solicitação foi ende-reçada ao gabinete do pri-meiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, e ao chefe do Departamento de Pro-teção Civil do país, Ange-lo Borrelli. “Infelizmente, não se vê nenhuma melho-ra significativa das condi-

ções, então permanece o estado de máximo alerta até o início da semana que vem”, disse Chiamparino.

Cerca de 50 equipes do Corpo de Bombeiros es-tão empenhadas no com-bate aos incêndios, além de quatro aviões modelo Canadair e um helicópte-ro. Por conta da fumaça,

a Prefeitura de Turim de-cidiu revogar restrições a veículos poluentes, a fim de “não limitar a liberda-de de deslocamento das pessoas”.

No entanto, o governo do Piemonte garantiu que a fumaça provocada pelas chamas ainda não repre-senta risco para a saúde.

Cerca de 285 mil ci-dadãos deixaram a Itália em 2016, informou o “Do-cumento de Estatísticas da Imigração”, divulgado nes-sa semana em Roma.

Além disso, o relatório apontou que desde 2007 mais de dois milhões de imigrantes chegaram ao país, totalizando mais de cinco milhões de estran-geiros residindo na Itália. O número deixa a Itália em 9º lugar entre as nações que mais registraram che-gadas de imigrantes.

Para a economia ita-

liana, os imigrantes em-pregados geraram cerca de 127 bilhões de euros, ou seja, 8,8% do PIB do país em 2016. Entre as cidades que mais recebe-ram imigrantes, Roma li-dera abrigando quase 545 mil. Milão vem em seguida com quase 447 mil resi-dentes provenientes de outros países.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas (Istat), no ano de 2065, a Itália poderá ter mais de 14 milhões de imigrantes e 7,6 milhões de moradores com ori-gens estrangeiras.

Imigrantes na Itália já passam de 5 milhões

Fast-food

Após venda, McDonald’s ganha novo nome na China: “Golden Arches”

Após ter vendido parte de seus negócios na China, o McDonald’s ganhou outro nome no país asiático: a rede de fast food foi registrada como “Golden Arches” (“Arcos Dourados”, em português).

A medida foi to-mada depois da nego-ciação na China, que pretende duplicar a quantidade de pontos de venda no país para 4,5 mil até 2022.

De acordo com a

porta-voz do McDon-ald’s, Regina Hui, o nome da empresa per-manecerá o mesmo, mas o que de fato mu-dou foi a licença co-mercial.

Atuando com o novo nome, o McDon-ald’s, ou “Golden Ar-ches”, reportou que as vendas na China cresceram. A novidade também impactou em outros países, já que nos Estados Unidos, Canadá e no Reino Uni-do a franquia também apresentou crescimen-to nas vendas.

Agência ANSA

Sophia atualmente é capaz de mostrar mais de 60 expressões faciais e tem aparência da atriz legendária Audrey Kathleen Hepburn-Ruston

De nome novo, o McDonald’s, ou “Golden Arches”, mantém os arcos dourados

Foto: iStock

Chamada de “Sophia”, a máquina de

inteligência artificial recebeu o título em Riad, durante um

evento de investidores em tecnologia

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 16Mundo

Recado foi dado durante visita à Coreia do Sul e é uma declaração direta às ações da península coreana de Pyongyang

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mat-tis, afirmou nessa sexta-feira (27) que Washington “não tem como objetivo começar uma guerra” com a Coreia do Norte, mas iniciar um processo para conseguir a “completa desnu-clearização” da península co-reana. As informações são da EFE.

Mattis fez estas declara-ções no primeiro dia de sua viagem para a Coreia do Sul, durante visita a um ponto de controle da fronteira e a Zona de Segurança Conjunta, que faz parte da zona desmilitarizada que divide as duas Coreias.

“Como deixou claro o secretário de Estado [Rex Til-lerson], nosso objetivo não é a guerra, mas a completa, verifi-cável e irreversível desnuclea-rização da península coreana”, disse o chefe do Pentágono, em declarações divulgadas pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Mattis também pediu ao

Da EFE

Mattis diz que EUA não querem guerra, mas a desnuclearização

Foto: Yonhap/via Reuters

O presidente da Rús-sia, Vladimir Putin, lançou quatro mísseis balísticos durante exercício militar realizado nesta semana, pe-las Forças Estratégicas rus-sas, segundo informações divulgadas pelo Kremlin. “O comandante supremo lançou quatro mísseis ba-lísticos”, disse à imprensa o porta-voz da presidência da Rússia, Dmitry Peskov. As informações são da EFE.

Ele explicou que Putin participou de alguns exer-cícios de coordenação de comandantes que incluíram uma unidade de foguetes de lugar terrestre, dois subma-rinos nucleares e vários apa-ratos da aviação estratégica.

O foguete balístico de lugar terrestre, um Topol, foi disparado a partir da base de Plestsek, situada no No-roeste da Rússia, e impactou no polígono de Kura, no ex-tremo leste do país.

Dois outros mísseis balísticos foram lançados si-multaneamente a partir um submarino situado no mar de Ojotsk e atingiram os al-vos no polígono de Chiza, no Noroeste da Rússia. O quar-to foguete intercontinental foi lançado de um submari-no nas águas do mar de Ba-rents contra um alvo locali-zado no polígono de Kura.

Além disso, vários apa-relhos da aviação estratégica localizados em diversos ae-ródromos do país efetuaram lançamentos de mísseis de cruzeiro.

Putin lança mísseis balísticos em testes

regime liderado por Kim Jon-g-un que pare as provocações que poderiam desencadear “uma catástrofe”, durante a sua visita ao posto da fronteira que está localizado a poucos metros do território norte-coreano, onde esteve acompanhado de seu colega sul-coreano, Song Young-moo.

Song, por sua vez, desta-cou que os mísseis balísticos e as bombas nucleares que a Co-reia do Norte testou de forma insistente “são armas que não

podem ser usadas”, e ameaçou o país vizinho com “represálias da sólida aliança entre Washin-gton e Seul” se continuar com seus testes armamentísticos.

A viagem de Mattis para a Coreia do Sul está focada em discutir como lidar com os de-safios da Coreia do Norte junto ao Exército e o governo sul-co-reanos e faz parte de uma ex-cursão asiática em que também visitou Filipinas e Tailândia.

Após visitar a Zona de Se-gurança Conjunta, o secretá-

rio americano deve se reunir com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, segundo o escritó-rio presidencial de Seul.

O encontro servirá como preparação para o encontro entre Moon e o presidente americano Donald Trump, que acontecerá no próximo dia 7 de novembro, em Seul, para abordar a questão da Coreia do Norte, num momento em que a tensão recuou após o silêncio de Pyongyang nas últimas se-manas.

Da EFE

Secretários de Defesa dos EUA, Jim Mattis, e da Coreia do Sul, Song Young-moo na última sexta-feira, em Panmunjom

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Doenças do homemO machismo impede o homem de zelar mais pela sua saúde, e a campanha Novembro Azul deveria debater outras doenças, diz pesquisadora em saúde masculina. Página 19

Foto

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ção/

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rnet

Você acha que a coluna deste domingo tem uma tonalidade um tanto ou quanto surre-alista? Incluindo você e os outros leitores e este eu (há outro eu): nós somos surrealis-tas? A imprensa é surrealista? O Palácio do Planalto é surrealista? O Congresso Nacional é surrealista, principalmente depois que Michel Temer foi absolvido pela segunda vez? Você está preocupado com os proble-mas urológicos de Temer? Acho até que ele em problemas muito maiores. Será que o presidente é atacado por problemas escato-lógicos? Vi o cachorro dele numa foto. ‘Ma-gina, um cachorro presidencial. O cachorro presidencialista é surrealista?

A arte é tudo aquilo que o homem mis-tura de um jeito que a natureza já o fez. É nis-so que o mexicano Juan Sin acredita. Vendo a si mesmo como um criador de imagens, Juan começou, há apenas sete anos, a transformar seus esboços em ilustrações que vêm con-quistando cada vez mais admiradores (como a que ilustra a coluna de hoje).

Versátil, Juan trabalha com vários su-portes, entre eles a pintura a óleo, desenhos tradicionais e intervenções urbanas. Mas

O surrealismo ainda anda solto por aí

é na produção digital em que concentra a maior parte de seus experimentos artísticos.

É algo que muito está nos sons de Simon & Garfunkel e dos Beatles. Está exatamente em “Bridge over troubled water”: “When tears are in your eyes, I will dry them all”... Está muito na canção beatliana: “The long and winding road that leads to your door, will never disappear”...

nnnnnnnnnn

Por puro surrealismo, já estive nos se-tenta mares, incluindo o de Tambaú, enquan-to criança e adolescente e em algumas fases deste período adulto. Alterei muito minhas concepções e corro da fé cega, até porque não tenho nenhuma faca amolada.

Ando meio gente, meio bicho, semi-surrealista. Falo de dores, but not Dolores Sierra, nascida não na Borborema, mas em Barcelona à beira do cais. Nem o DJ Dolores nem “las hispanicas dolores”.

Jamais conseguiria ser a metade da me-

tade da metade da metade de Augusto. Dos Anjos, mesmo. “Versos íntimos” é obra-pri-ma na literatura mundial. “A mão que afaga é a mesma que apedreja” supera “ser ou não ser, eis a questão”. Basta que você relaxe e sinta os átomos das entrelinhas de Augusto e Shakespeare. O “Eu” é uma obra surrealista. Não somos filhos do carbono e do amoníaco? Não somos singularíssimas pessoas?

Se nem Barcelona nem Borborema, também nem Varadero nem Varadouro, com abraços para Nelida Piñon, Elba Ramalho, Políbio Alves e Jomard Muniz de Britto. En-tendam: abraços surrealistas. Alone again. Quosque tandem? Mas, não

estou abusando a pa-ciência de ninguém.

Desde domingo eu já questionava: de que me adiantou a cultura, nem a civili-zação? A cyberlização e a sifilização são surrealistas. Elas que se danem? Eu, não? Estou amarrado numa ponte que não vai cair sobre águas turbu-lentas.

“Ano passado eu morri, mas neste ano eu não morro”. Carís-sim@s leitor@s, prefiro continuar “on the road”, surrealisticamente.

Nasci “on the road”, num parto prematuro de minha mãe, Antonieta, aos 7 meses. Seu mé-dico disse que fosse se conformando, pois eu não viveria mais de 48 horas. Estou aqui. Isto é que é surrealismo puro!

Não há um certo ponto da Terra em que qualquer bússola enlouquece? Os ponteiros ficam girando e não param mais, Cada cabeça é uma bússola e tem o seu norte.

Prefiro ficar sentado no meio-fio.Sim, “on the road”. Pra sempre. Enfim, “not so

much impassive”. Por enquanto, sou um surrealista “chansonnier en silence”, mas preparo-me para “an imperishable illumination”.

Ilustração: Juan Sin

Campanha Novembro Azul busca orientar os homens a prevenir a doença e a cuidar mais da própria saúde

O Ministério da Saúde, através do Instituto Nacio-nal de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) em sua Estimativa 2016 – Inci-dência do Câncer no Brasil aponta que na Paraíba e em João Pessoa os principais tipos de câncer que incide na população são: próstata, mama e colo do útero em mulheres, traqueia, brôn-quios e pulmão, colón, reto, estomago, cavidade oral, laringe, bexiga, esôfago e ovário. O estudo estima que no biênio 2016/2017 se-jam registrados, na Paraíba, 1.040 novos casos de cân-cer de próstata (homens) e 800 novos casos de câncer de mama (mulheres).

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de

pele não-melanoma. Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em ho-mens, representando cerca de 10% do total de cânce-res. Sua taxa de incidência é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a par-tir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de in-cidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na ex-pectativa de vida.

PB pode ter mil novos casos de câncer de próstata em dois anos

Estado reforçará a prevenção em parceria com municípiosO “Novembro Azul” é uma campanha

desenvolvida no Brasil pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, e teve sua origem em 2008. Seu objetivo é discutir a temática do câncer de próstata, abordando princi-palmente sua prevenção, estimulando os homens a cuidarem mais de sua saúde.

Em 2012, inspirado pelo “Movember” - movimento internacional dedicado à conscientização e arrecadação de fundos na luta contra a doença -, a campanha se concentrou no mês de novembro (mês do Dia Internacional do Homem – 19 de novembro) e, por isso, passou a se chamar “Novembro Azul”. Desde então, diversas ações e atividades relacionadas ao tema são desenvolvidos anualmente no Brasil.

A Política Nacional de Atenção Inte-gral à Saúde do Homem está alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica – porta de entrada do Sistema Único de Saúde - e com as estratégias de humanização em saúde, em consonância

com os princípios do SUS, fortalecendo ações e serviços em redes e cuidados da saúde, privilegiando a Estratégia de Saúde da Família, evitando assim, a se-torialização de serviços ou a segmentação de estruturas.

A instituição da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), veio por meio da Portaria nº 1.944, de 27 de agosto de 2009, do Mi-nistério da Saúde, e considera os homens na faixa etária entre 20 a 59 anos. Além disso, busca estimular ações que tratem o homem de forma integral.

Para cumprir esses princípios de hu-manização e da qualidade da atenção integral devem-se considerar o acesso da população masculina aos serviços de saúde hierarquizados nos diferen-tes níveis de atenção e organizados em rede, possibilitando melhoria do grau de resolutividade dos problemas e acompanhamento do usuário pela

equipe de saúde e promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo, de modo efetivo, para a redução da mor-bidade e mortalidade dessa população, através do enfrentamento racional dos fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde.

Segundo informa Hélio Soares, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) tem discutido com os municípios e estimula-do a implantação e implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem, bem como têm qualificado tra-balhadores da Atenção Básica e Gestores Municipais para discussão do cuidado à população masculina.

“No Novembro Azul, a SES articula-da com as Gerências Regionais de Saúde, serviços de saúde e municípios, desen-volverá ações que estimulem o incentivo ao autocuidado da população masculina

e adoção de hábitos de vida saudável, assim como será trabalhado um dos eixos da PNAISH que é a paternidade e cuidado que tem como objetivo envolver ativamente o homem em todo o processo de planejamento reprodutivo, gestação, parto, puerpério e desenvolvimento infantil, proporcionando oportunidades para criação de vínculos mais fortes e saudáveis entre pai, mãe e filhos/filhas e visibilizar o homem também como sujeito de cuidado”, acentua.

Em relação a cronograma de ativi-dades para o Novembro Azul na Paraí-ba, Hélio Soares explica que a proposta é realizar a abertura no dia 1o de no-vembro, às 9h, na sede da Secretaria de Estado da Saúde, em João Pessoa, e ir combinando as agendas com os órgãos que forem solicitando, dentro das possibilidades de agendas.

Continua na página 18

Foto: Divulgação

Campanha Novembro Azul, na Paraíba, será aberta na próxima quarta-feira na sede da Secretaria de Estado da Saúde

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Elejó Dalmo Oliveira

Educação, cidadania e direitos humanosA UFPB promoveu nos dias 16 e 17 de

outubro o II Congresso de Educação em Direitos Humanos. O evento será realizado pela Coordenação Multicampi, Gabinete da Reitoria da UFPB e pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Direitos Huma-nos (CNPq, UFPB). Em sua segunda edição, tem como tema “Experiências Históricas, Pedagógicas e Formativas em Direitos Humanos”.

Uma das primeiras discussões será “Direitos indígenas, povos ciganos e comu-nidades tradicionais”. Essas populações têm sido impactadas historicamente pela negação de seus direitos, especialmen-te por parte do Estado. Na Paraíba, por exemplo, ainda há muito que se reparar o vilipêndio cometido contra a gente da Nação Tabajara, uma população que permanece, praticamente, sem o direito de aldeia e que sofre fortemente pela falta de reconhecimento de seus remanescentes. Recentemente, inclusive, a Federação de Agricultura do Estado da Paraíba (FAEPA) encomendou um estudo em que o an-tropólogo contratado chegou à brilhante conclusão que não há índios Tabajara na Paraíba. Imaginem...

Os povos ciganos são outro segmento étnico cuja invisibilidade social é gritan-te. Mesmo sendo a Paraíba o estado brasi-leiro onde se registra a maior concentra-ção de “ranchos”, especialmente na região metropolitana de Sousa, no Alto Sertão, e em Condado. A etnia Calon, hegemôni-ca, por essas bandas sofre horrores pela

discriminação dos não-ciganos. Outras comunidades tradicionais,

como os povos de Terreiros (afrodescen-dentes), quilombolas, pescadores e maris-queiras e outras comunidades que vivem do extrativismo passam por problemas sociais semelhantes.

Seis grupos de trabalho discutirão temáticas diferenciadas durante o con-gresso: “Encarceramento e Educação prisional”, “Políticas de Educação, Edu-cação Jurídica e Educação em Direitos Humanos”, “História, Educação e Direitos Humanos”, “História, Direitos Sociais, Polí-ticas Públicas e Resistência Democrática”, “Inclusão, Diversidades, Aprendizagem e Direitos Humanos” e “Estudos Culturais, Gênero, Educação e Direitos Humanos”.

No dia 17, pela manhã. No auditó-rio da Reitoria, vai haver uma discussão importante sobre “11 anos da Lei Maria da Penha”. No mesmo dia, dois deba-tes chamam atenção: “Socioeducação e Educação Prisional” e “Reforma do Ensino Médio e Escola Sem Partido”. O congresso parece ser uma oportunidade ímpar para a discussão pública de temas muito atuais. Felizmente, a universidade ainda possui liberdade e autonomia para oferecer à sociedade a possibilidade de refletir sobre suas mazelas cotidianas.

O congresso será palco ainda para a entrega do título Honoris Causa para Der-meval Saviani, desenvolvedor do conceito de “Pedagogia Histórico-Crítica”, em que identifica possíveis causas das marginali-

dades, das relações entre escola-sociedade e sobre o papel dos professores e profes-soras nestes contextos. Tema complexo, mas necessário nesses tempos pós-golpe.

Entre Las Vegas e JanaúbaUma onda de ódio incontido varre mais

uma vez as Américas. Mas o que há em co-mum entre os trágicos episódios ocorridos em Las Vegas (EUA), no dia 1º de Outubro e no dia 5 em Janaúba (MG)? O que passaria pela mente de assassinos em massa como Stephen Paddock e do vigilante Damião Soares dos Santos? Nos Estados Unidos foram 59 vítimas e cerca de 500 baleados pela sanha malévola de um atirador insta-lado luxuosamente num hotel-cassino. Em Minas, 10 crianças e uma mulher, incinera-dos impiedosamente por um lunático com propensões à pedofilia.

Atos isolados de indivíduos contra coletividades. Traumas, drogas, estupidez inumana? O que explica o ataque cruel, impiedoso contra inocentes indefesos, distraídos num espetáculo musical ou absortos em atividades recreativas numa creche para crianças pobres? A ficha, sim-plesmente, não cai!

A sensação é a de quê somos, cada vez mais, presas fáceis numa sociedade cada dia mais estressada e perigosa. Não conhecemos quem está do lado. Um surto de ódio e violência pode explodir a qual-quer momento do nosso lado. Nos Estados Unidos, onde mais de 50 milhões possuem armas de fogo, tiroteio na rua se tornou

banal. O Brasil vive sua monstruosa guerra civil silenciosa não-declarada.

Rádio no CordelMeu compadre Fábio Mozart me convi-

dou para participar de seu projeto “Cordel na Rádio Comunitária”. Vamos prosear com os cordelistas ligados à Academia de Cor-del do Vale do Paraíba, A conversa e as loas serão gravadas a partir dessa semana no ho-me-estúdio da Radioweb Zumbi dos Palma-res. O documentário vai virar filme também, sob a direção do videasta Marcos Veloso. O projeto recebeu financiamento do FIC.

Rádio Câmara A Rádio Câmara FM (88.7) de João

Pessoa entrou no ar em caráter definitivo na semana passada. Além da programa-ção dedicada à transmissão das sessões da Câmara Federal e da Casa de Napoleão Laureano, programas locais deverão com-por o restante da grade da emissora, cujos estúdios estão instalados no anexo da Câ-mara Municipal, no início das Trincheiras, no coração da capital paraibana.

Segundo o Secretário de Comunicação da Câmara Municipal de João Pessoa, Janil-do Silva, a rádio vai investir na difusão da boa música paraibana e em conteúdos es-peciais de jornalismo e entretenimento. “A ideia é podermos oferecer uma boa rádio pública para o pessoense, voltada para a promoção da cidadania”, diz o jornalista. A emissora começa a atrair os ouvintes mais exigentes da Região Metropolitana.

Segundo o IBGE, nos últimos 12 meses, serviços de saúde registraram baixa frequência do sexo masculino

Estudos reforçam a ideia da baixa procura pe-los homens aos serviços de saúde. E, na Paraíba, de uma população atual de 4.025.558 habitantes, se-gundo estimativas do Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 2,5 milhões de habitantes consultaram um médico nos últimos 12 meses, sen-do que, destes, apenas cer-ca de 1 milhão eram do sexo masculino.

A campanha Novembro Azul foi adotada, no Brasil, com o objetivo de quebrar o preconceito masculino de ir ao médico. O movimento também sugere dar aten-ção ao diabetes, já que a Federação Internacional de Diabetes estima que haverá 410 milhões de diabéticos, em 10 anos. Por isso é im-portante a conscientização do homem de colocar em sua rotina todos os exames preventivos.

De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), informados pela Gerência Executiva de Atenção à Saúde, por meio de sua Área Técnica de Saúde do Homem, foram registrados 18.533 óbitos do gênero masculino na Pa-raíba, de 2014 a 2017, por causas gerais, como infarto agudo do miocárdio, dia-betes mellitus, pneumonia, acidente vascular cerebral, ou por neoplasias, tipo cân-cer de próstata, câncer de brônquios/pulmões, cân-cer de estomago, câncer de

pênis e câncer de testículo.Para estabelecer uma com-paração entre óbitos por câncer, em homens e mu-lheres, basta observar que, entre 2014 e 2017, foram registrados 3.195 mortes por neoplasias, sendo que, destes, 1.337 óbitos foram de mulheres e 1.858 óbitos foram de homens, ou seja, 501 casos de óbitos a mais foram do sexo masculino. Ao tomar como base o mesmo período, entre 2014 e 2017, para fazer uma comparação entre os óbitos por câncer de mama e as mortes por câncer de próstata, o levan-tamento da SES revela uma incidência maior, ou seja, de 14,72 % a mais de mortes de homens por câncer de prós-tata (1.169 óbitos), do que de mulheres por câncer de mama (869 óbitos).

Alexandre Nunes [email protected]

Novembro Azul: homens ainda relutam em procurar médico

Infarto, acidente e violência lideram as estatísticasA Paraíba tem cobertura de

atenção básica acima de 92%, de responsabilidade dos municípios, e entende-se que a assistência à saúde da população masculina precisa ser inserida nesse percen-tual. É o que revela Hélio Soares da Silva, chefe de Núcleo de Ações Estratégicas na Atenção Básica e responsável pela Coordenação da Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, Saúde do Homem e da Pessoa Idosa, da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Hélio Soares explica que a Rede de Atenção Básica é ordenadora e coordenadora do cuidado dos de-mais serviços de saúde, a exemplo dos serviços especializados. “A atenção e cuidado à população masculina deve ser transversal às ações de Atenção Básica em Saú-

de, que deve potencializar a busca ativa à população masculina e aproximar os homens das Unidades de Saúde da Família, uma vez que, considerando os padrões sociais e culturais do nosso país e Estado, o homem não tem aproximação com o cuidado e autocuidado”, observa.

Ele acrescenta que os serviços especializados/hospitalares entram de acordo com a necessidade indi-vidual, onde o Estado da Paraíba tem diversos serviços, seja de rea-bilitação, urgência e emergência, saúde mental ou diagnósticos/laboratoriais. “Os encaminhamen-tos seguem o fluxo preconizado nos municípios, e geralmente são referenciados a partir da Atenção Básica. Assim, é importante que os homens procurem a Unidade de Saúde da Família, mais próxima

à sua residência, ao menos duas vezes ao ano, ou sempre que apre-sentar necessidade, para fazer exa-mes de rotina e acompanhamento”, recomenda.

Hélio informa que as doenças que mais afetam os homens são: infarto agudo do miocárdio; fatores externos como acidentes e violência por arma de fogo ou arma branca; diabetes mellitus, pneumonia, aci-dente vascular cerebral hemorrágico; neoplasia maligna da próstata, neo-plasia maligna dos brônquios e dos pulmões, neoplasia maligna do esto-mago, neoplasia maligna do fígado e vias biliares intra-hepáticas, além de neoplasia maligna da cavidade oral/traqueia, brônquio e pulmão.

Saúde registrou 18.533 óbitos do gênero

masculino, de 2014 a 2017, por causas gerais, como infarto agudo do miocárdio,

diabetes mellitus, pneumonia, acidente vascular cerebral, ou por neoplasias, tipo câncer de próstata, de brônquios e de

estomago Continua na página 19

Considerando os padrões sociais e culturais do país e

do Estado, homens não têm aproximação com cuidado e o autocuidado, diz Hélio Soares

Foto: Divulgação

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Hélio Soares informa que, para o ano de 2016/17, a Coordenação Nacional de Saúde do Homem (CNSH) /DAPES/SAS, em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida e com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), propõe uma campanha para estimular o autoexame nos homens, por meio do slogan “Autoexame é coisa de ho-mem!”, fomentando, por um

lado, o autocuidado na popu-lação masculina e, por outro, o diagnóstico de outras duas patologias que geram conse-quências bastante devasta-doras na vida destes homens: o câncer de testículo e o cân-cer de pênis.

Outras afecções e agra-vos que podem atingir os órgãos genitais dos homens também podem ser observa-dos com o autoexame, como

lesões de infecção por sífilis, HPV, dentre outras. “Para este ano, o Ministério da Saúde busca estimular a discussão do tema “Masculinidades e Saúde do Homem”. O objeti-vo é subsidiar a compreensão das representações do ser homem, ajudando, assim, a refletir acerca de princípios para a promoção da saúde masculina. Tal compreensão nos remete à possibilidade de

estabelecer ações no sentido de empoderar às alternativas do cuidado à saúde do ho-mem, ressignificando as nos-sas próprias representações do ser homem, no sentido de sujeitos de direito, e promo-ver ações que valorizem am-bientes estimulantes e que permitam a esses homens se-rem protagonistas das ações do setor saúde dirigidas aos mesmos”, finaliza.

Autoexame identifica sífilis, HPV, dentre outros males

No entender de Hélio Soares, para que ocorra a diminuição da mortali-dade por câncer de prós-tata, torna-se de extrema importância o incentivo à população masculina no que se refere à adoção de hábitos de vida saudáveis, bem como o autocuidado.

“A maioria dos cân-ceres de próstata cresce lentamente e não causa sintomas no início, mas tumores em estágio mais avançado podem causar dificuldades para urinar, sensação de não conse-guir esvaziar completa-mente a bexiga, presença de sangue na urina e, em alguns casos, dor óssea na região das costas; por isso o diagnóstico precoce da doença é essencial, e este é realizado através do toque retal e da dosagem do PSA no sangue onde se pode

avaliar a próstata”, orienta Hélio Soares, que é enfer-meiro especialista ativa-dor pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ).

Ele acrescenta que, neste sentido, a popu-lação deve procurar as Unidades de Saúde da Fa-mília, para realização dos exames preventivos, se possível uma vez ao ano, após os 50 anos, ou con-forme orientação médica, de acordo com a Socieda-de Brasileira de Urologia (SBU). “Homens da raça negra ou com parentes de primeiro grau (pai, irmão, tios) com históri-co de câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento de-verá ser realizado após ampla discussão de ris-cos e potenciais benefí-cios”, complementa.

Autocuidado e hábitos saúdáveis são essenciais

Professora da UFCG avalia que campanha Novembro Azul deveria ser usada também para debater outras doenças

O Novembro Azul, uma campanha de conscientiza-ção realizada por diversas entidades e dirigida à so-ciedade e, em especial, aos homens, precisa ser visua-lizado não apenas como um mês que luta contra o câncer de próstata, mas como um momento de discussões e atenção a outras tantas cau-sas de doenças e condições masculinas. A observação é da professora da Univer-sidade Federal de Campina Grande (UFCG), Jocelly de Araújo Ferreira, especialista em Saúde Pública e Terapia Intensiva e pesquisadora em Gênero e Saúde Masculi-na, Necessidades de Saúde e Atenção Domiciliar.

Ela afirma, em uma análise mais acurada, que é preciso enxergar nessa cam-panha a oportunidade de cuidar dos homens e de es-timular que eles se cuidem. “Precisamos reconhecer e entender sobre diversos de-terminantes que levam a po-pulação masculina a óbitos e a quadros de cronicidade, de incapacidades físicas e men-tais, associados a uma ideo-logia de vida que eles adotam como certa”, examina.

Jocelly Ferreira conside-ra que a busca pelos serviços de saúde por esse grupo po-pulacional apresenta muitas barreiras, e ter uma visibili-dade em massa em relação a isso, significa um préstimo e atenção para os homens, ou seja, uma preocupação a mais dos governantes, pro-fissionais e dos demais ci-dadãos para com eles. “Isso desenvolve no eu masculino a aproximação com o cuida-do, com o zelo, o que se torna crucial para que os homens reconheçam que os servi-ços de saúde também estão prontos para assisti-los”, analisa. Em sua avaliação, Jo-

Alexandre [email protected]

Machismo é barreira para a prevenção, diz pesquisadora

hospitalares de urgência e emergência. “Este fato está atrelado aos padrões de mas-culinidade hegemônica, que confere aos homens carac-terísticas rígidas, no que diz respeito a eles se sentirem invulneráveis, fortes, domi-nadores, entre outros predi-cativos, que na nossa cultura resumimos no vocábulo ma-chista”, observa.

A especialista em Saúde Masculina garante que esse padrão de masculinidade é ideológico e repassado entre gerações, sem sofrer grandes transformações. “Entretanto, com o advento da globaliza-ção, peculiar ao capitalismo neoliberal que vivemos, as dificuldades enfrentadas, a cronicidade das doenças, em contraponto com a agudiza-ção, e mesmo os discretos

investimentos governamen-tais, por meio de políticas públicas de saúde, têm feito esses homens, reconhecerem em algum momento de seu cotidiano a necessidade de se cuidar”, pondera.

Jocelly Ferreira revela que vários estudos apontam justificativas, sob a percep-ção masculina, para a não procura deles à determi-nados serviços de saúde. Entre elas, destacam-se: os horários de atendimento em unidades de saúde, a incom-patibilidade de horário dos serviços de saúde e o traba-lho, a falta de atendimento e profissionais capacitados para atender os homens, além do fato de não terem, nem sentirem sinais e sin-tomas de doenças, e ainda a dificuldade de acesso a

consultas especializadas e a demora para realizar os exames, quando solicitados pelos profissionais. Quando indagada se existe no Brasil uma política adequada de saúde do homem, Jocelly ex-plica que a política demorou muito para sem implantada e implementada pelo Minis-tério da Saúde. “Foi preciso um caos na saúde masculi-na, representado por índi-ces alarmantes em relação às mortes, às morbidades e comorbidades, para que eles pudessem ser vistos. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem está em vigor, mas ainda em desenvolvimento. É preciso o reconhecimento e a união de forças entre governantes, profissionais, comunidades acadêmicas, órgãos fomen-

tadores e a sociedade civil, para dar andamento e apli-cabilidade à política, garan-tindo uma assistência inte-gral e equânime à população masculina”, sugere.

A doutoranda em En-fermagem pela Universida-de Federal de Minas Gerais acrescenta que, na verdade, o Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza a univer-salidade, a integralidade e a equidade da assistência, princípios norteadores que, se postos em prática, traria a excelência da atenção à saú-de. “Sabemos que o nosso país tem passado por pro-fundas e danosas mudanças, acarretando em intensos cortes orçamentários dire-cionados à saúde. Então, é generalizada a dificuldade com que a população tem se deparado para ser assistida em um momento de doença, ou mesmo para preveni-la. Não obstante, a população masculina conta com esses mesmos serviços de saúde, incluindo na rede pública, serviços que vão desde a atenção primária, a exemplo das Unidades Saúde da Famí-lia, até os serviços de atenção secundária e terciária, como os ambulatórios de especia-lidades, as unidades de pron-to-atendimento e os serviços hospitalares”, detalha.

Jocelly entende que a po-pulação masculina também precisa vislumbrar que os serviços que previnem agra-vos e promovem saúde, que estão na porta de entrada do Sistema Único de Saúde, estão disponíveis para assisti-la. “Os homens precisam se reconhe-cer em grupos de educação em saúde, no pré-natal mas-culino, no planejamento fami-liar, no rastreamento de cân-ceres, como o de pênis - mais frequente em nossa região, o Nordeste - e o de próstata, dentre tantos outros espa-ços, que o Sistema Único de Saúde oferece”, conclui.

Campanha é uma oportunidade de

cuidar dos homens e de estimular que eles

se cuidem, observa Jocelly Ferreira

Foto: Divulgação Esse fato está atrelado aos padrões

de masculinidade hegemônica, que confere aos homens

características rígidas, no que diz respeito a

eles se sentirem invulneráveis,

fortes, dominadores, entre outros predicativos,

que na nossa cultura resumimos

no vocábulo machista

celly verifica que, na atuali-dade e na maioria dos casos, os homens em idade fértil, quando não mortos, estão presos, limitados a um leito, devido ao desvelo com que gerenciam a sua vida. Os ido-sos vivendo mais, mas mui-tas vezes sem qualidade. Os adolescentes envolvidos com drogas e violência, por vezes não conseguem ao menos chegar na idade adulta.

Ela explica que, de uma maneira geral, é muito bai-xa a procura dos homens pelos serviços de saúde que prezam pela prevenção de doenças e promoção à saú-de, em contramão ao que acontece quando se trata dos serviços de saúde de aten-ção secundária e terciária, compreendido pelos pron-to-atendimentos, serviços

Sistemas agrícolas

BNDES e a Embrapa vão premiar as boas práticas tradicionais no país

Estão abertas até 12 de dezembro de 2017 as inscri-ções para o Prêmio BNDES de Boas Práticas para Siste-mas Agrícolas Tradicionais. A premiação é uma inicia-tiva do BNDES em parceria

com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em-brapa/MAPA), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-tico Nacional (Iphan/MinC) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação

e Agricultura (FAO/ONU), com o objetivo de reconhe-cer boas práticas presentes nos Sistemas Agrícolas Tra-dicionais (SATs) no Brasil. O objeto da premiação é o re-conhecimento de boas prá-

ticas ligadas à salvaguarda e conservação dinâmica de bens culturais e imateriais associados à agrobiodiversi-dade e à sociobiodiversidade presentes nos Sistemas Agrí-colas Tradicionais no Brasil.

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 20Diversidade

A atual maestrina e diretora artística do Programa de Inclusão através da Música e das Artes da Paraíba tem apenas 28 anos. Seu nome é Priscila Santana. Ela veio para cá de Salvador, onde ajudou a fundar o projeto que inspira o PRIMA, o NEOJIBA.

Dandara Costa - Como você vê o PRIMA? Priscila Santana - Vejo o PRIMA como um poderoso e avassalador programa a nível nacional! A sua inserção e reconhecimento é enorme a nível estadual e, um projeto grandioso que acompanha e oferece as mesmas condições para os polos de João Pessoa a Catolé do Rocha, sempre respeitando as especificidades culturais que cada cidade apresenta mas com a visão de oferecer

a todas as regiões essa oportunidade de ampliar seus olhares, experiências e vivências!

Qual foi a mudança mais significativa que você

percebeu em algum dos jovens que participaram do programa? Justamente esta abertura de olhares e possibilidades com eles mesmos e com seu entorno! O sentimento

de “eu posso”: eu posso ser médico, ser físico, ser músico, posso ser o que eu quiser independente de minha cor, de minha condição social, de meu gênero, lutarei para isso, e aí os estudos da orquestra mostram isso, para se chegar em qualquer lugar é necessário disciplina e compromisso, é necessário trabalhar nos meus estudos em casa para chegar na orquestra e “estar afinado e tocando junto” com o outro! A vida em sociedade é isso, os esforços individuais se unem ao coletivo para juntos realizarem algo grandioso! Este ano tivemos 16 alunos aprovados no curso superior da Universidade Federal da Paraíba, isso somente em música, fora os outros que estão

entrando em outras áreas!

Como você resume até onde pode chegar o PRIMA? O limite do PRIMA é o céu, poderia dizer que ficaríamos contente quando tivéssemos condições de estar em todas as cidades e comunidades da Paraíba, mas ainda assim não seria nosso teto, pois as gerações se renovam, nossa meta é comemorar o centenário do programa.

Quais os próximos passos do projeto? Nossos próximos passos são a expansão do programa para novas cidades do Estado, abriremos dois novos polos nas próximas semanas, um na

comunidade de Marcos Moura na Cidade de Santa Rira e outro na Cidade de Conde, além disso, temos previsto 5 novos polos no primeiro semestre do próximo ano nas cidades de Souza, Monteiro, Picuí, Bananeiras e Pedras do Fogo. Além disso estamos organizando nosso grande concerto no dia 10 de dezembro na Praça do Povo com representações dos nossos 13 polos do Estado, serão quase 200 crianças e jovens tocando e cantando repertórios eruditos e populares! Além disso teremos o concerto da Consciência Negra no dia 24 de novembro na José Siqueira. Ambos eu estarei regendo e estamos muito mobilizados e contentes com as próximas ações.

Entrevista

Priscila é flautista, oboísta, maestrina e educadora musical

Foto: Reprodução

Priscila Santana maestrina e presidente do PRIMA

Germana e Marcela Braga em Miami

A linda advogada Maria Eduarda Lucena

A advogada Maria Eduarda Lucena, depois de ir a São Paulo para ver o show de U2, voou direto para Minas Gerais. Por quê? O seu can-tor favorito, John Mayer, fez um show na cida-de no fim de semana passado. Maria Eduarda, que só voltou para João Pessoa na última sex-ta, aproveitou para estender sua estadia em Minas a fim de cuidar da saúde.

Já faz um bom tempo que a modelo Marcela Braga foi morar no exterior para investir em sua carreira. A paraibana, que atualmente reside nos Estados Unidos, recebeu a visita de sua mãe e de sua avó, que na últi-ma semana viajaram para matar as saudades.

O projeto Quintais Produtivos - implantado pelo Governo do Estado - que consiste em um sistema que concilia a produção agrícola com a criação de pequenos animais, tem melhorado consideravel-mente a vida e a renda de centenas de famílias agricultoras assistidas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba. Incrível!

Regresso

ChuRRAsCO

COnvITE

DIA DE CulTuRA

ARTE

Ângela Vilhena, An-tonio Medeiros Filho, Diego Pita, Isabela de Melo Moura, Ivana Raquel Lima Arnaud, Joaquim Queiroz Farias, Mabel Abreu, Marcelo Pitanga Filho, Maria Carmeli Correia Sampaio, Maria Cristina Mara-nhão, Naldo Firmino Pereira, Padre Abeni Galdino, Paulo Cam-boim, Renata Pinto, Rose Marie de Oliveira Lima e Tereza Christi-na Andrade da Costa.

PARAbéns

Foto: Marconi Cruz

Foto: Reprodução-

Fátima Braga, Mariana Bezerra e Fátima Souza no lançamento do livro de poesias de Luiz Antônio

Flagra descontraído de Iramilton Moura

Estão no segundo lote os ingressos do 1o Festival de Churrasco da Paraíba. O evento reunirá vários chefs churrasqueiros do país no espaço Unique Beach, em Camboi-nha, no dia 11 de no-vembro. O DJ Nando Du B e as bandas Hi-jack e Soul Brasil vão animar a festa, que será open food e open bar. Estaremos lá!

Cai no dia 31 deste mês a solenidade do 60o aniversário de atuação da Legião da Boa Von-tade na cidade de João Pessoa e 67 anos no Brasil. A comemoração será feita na sede da LBV, em Jaguaribe, às 15h. A unidade aten-de cerca de 170 famí-lias, beneficiando 850 pessoas, entre crianças, adolescentes e grupos de mulheres e idosos prove-nientes de comunidades em situação de vulnera-bilidade social.

Hoje, na Miragem, Débora Gil Pantaleão lança dois livros: “Vão remédio para tanta má-goa”, de poesia, e “Nem uma vez uma voz huma-na”, composto por contos. Ela também vai bater um papo com as escritoras Anna Apolinário, Cris Es-tevão e Moama Marques. Além de tudo isso, a casa será tomada pelas divas do soul, funk soul, R&B, jazz e afrofunk com a discotecagem de Thiago Trapo durante o pôr do sol. Às 15h, de graça.

Os estilistas paraiba-nos Romero Sousa e Ewerton Cabral apre-sentaram suas novas coleções - “Combogó”e “A Corrupção”, respec-tivamente - no Extremo Fashion 2017, realiza-do no último dia 26 na Estação das Artes, em João Pessoa. Leo Men-donça também esteve por lá com a exposição “Flores Astrais”.

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

[email protected]

GLORIA HURTADO WALT DISNEymeioColuna do

por Dandara Costa

Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do

mundo. Mas é necessário ter pessoas para transformar seu sonho em realidade

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do

que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 21

EsportesBrasileiroA 31a rodada do Brasileiro da Série A programa para hoje mais seis partidas com destaque para Atlético-MG x Botafogo. Página 24

Mariana LiraEspecial para A União

O que começou como um desejo de “ficar forte”, tornou-se uma carreira atlética promis-sora, para Yago Gabriel, de 16 anos, um dos maiores talentos do País, no levantamento de peso. O atleta paraibano, que já vem se destacando em campeo-natos nacionais e internacio-nais, e sonha em competir nas Olimpíadas de 2024. Apesar das dificuldades, Yago perma-nece focado em trazer essa hon-ra para o Estado da Paraíba.

Yago começou a praticar o levantamento de peso aos 11 anos, por influência de amigos, no projeto do Sesi, chamado “Atleta do futuro”. Inicialmente, pretendia ganhar massa mus-cular com a prática do exercí-cio, mas em função do seu po-tencial, constatou que poderia progredir profissionalmente e decidiu investir seu tempo e es-tilo de vida, “comecei pensando em ficar forte, mas vi que estava crescendo no esporte, e come-cei a treinar com garra , porque vi que tinha futuro”, ressalta.

O investimento já resultou

em quatro vitórias no Campeo-nato Brasileiro Sub-15, o título de tricampeão no Sub-17, e participação internacional na segunda edição dos Jogos Sul-Americanos da Juventude no Chile, onde Yago surpreen-deu alcançando o 6º lugar.

O próximo campeona-to será o Sul-Americano, que acontecerá no Peru, em de-zembro deste ano. A meta se-guinte é a vaga e a disputa pelo pódio nas Olimpíadas de 2024, para isso, o atleta, junto com o treinador Wagner Araújo, está em constante preparação.

"Yago é um talento que desde cedo já se destacou, ele é atual-mente o melhor atleta juvenil masculino do país e já vem conquistando medalhas nacio-nais desde 2013, aos 12 anos", afirma Wagner.

O jovem divide seus dias entre estudo e treino. Ele cur-sa o 1º ano do Ensino Médio e pretende graduar-se em Edu-cação Física para complemen-tar sua formação como atleta, pois o plano é “ser um atleta de alto nível”, afirma Yago. Ele complementa dizendo que “para fazer este esporte é pre-

ciso muita dedicação e vonta-de, porque você tem que abrir mão de muita coisa”, conside-rando a rotina intensa.

Ele treina cerca de três horas diárias, de segunda à sábado, e mesmo enfrentan-do algumas dificuldades para chegar ao box do Crossfit , onde treina, mantém-se dis-ciplinado “não é fácil, mas eu amo meu esporte, e não falto por nada”, exclama. Atualmen-te, suas melhores marcas são 95kg na modalidade arranco e 116kg no arremesso.

Conforme Yago, o levanta-

mento de peso não é um espor-te popular, mas vem ganhando espaço graças ao Crossfit, que envolve exercícios semelhan-tes. Ele acrescenta que trata-se de um esporte com um nível elevado de dificuldade, o que reduz o número de atletas que praticam e restringe a visibi-lidade na mídia. Entretanto, Yago incentiva o crescimento, afirmando que o levantamento de peso ajuda muito as pes-soas. “Além de ficar com a mus-culatura forte, ajuda na saúde e ainda possibilita conhecer novos países”, disse.

Yago Gabriel, uma promessa para as Olimpíadas de 2024Paraibano é um dos melhores do país e já é destaque também em competições internacionais

Yago Gabriel começa afazer sucesso em competições

internacionais. O grande objetivo é representar o Brasil em

uma Olimpíada

Fotos: Edson Matos

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Botafogo, atual campeão, entra novamente como favorito e estreia diante do Internacional-PB no CT Ivan Thomaz

Campeonato Feminino teminício hoje com três partidas

Agencia EFE

Fórmula-1

Hamilton deve se sagrartetracampeão no México

O piloto britânico Le-wis Hamilton, da Mercedes, líder do mundial de pilotos da Fórmula 1, disse que neste domingo, no Grande Prêmio do México, às 16h de Brasília, não lhe interes-sa outro resultado que não seja vencer, o que significa-ria a conquista do seu quar-to título mundial.

“O meu plano é ganhar, não vim ao México para outra coisa, somente para ser o número um”, disse o piloto, durante entrevista coletiva.

O piloto admitiu que necessita apenas terminar na quinta colocação para ga-rantir o título, mas que não se sentiria bem. “Pensei em como me sentiria ganhan-do com o quinto lugar e não com o primeiro”, afirmou.

Hamilton explicou que os pilotos sempre querem mostrar suas forças, do que são capazes e o seu desem-penho na pista e tentará fazer isso.“Ganhar é a mi-nha meta para este fim de semana; será difícil porque tem a Ferrari e o Red Bull, a concorrência estará grande,

mas se eu trabalhar como fiz na semana anterior (nos Es-tados Unidos) vamos vencer”, disse.

O britânico lembrou que após perder o titulo do ano passado com o alemão Nico Rosberg, na atual temporada se dedicou para vencer.

“Eu não deixei nenhuma pedra no caminho, trabalhei muito duro, com boa comu-nicação com a equipe e com muita consistência. Além de não cometer erros e se anali-sar minha temporada, estou muito orgulhoso do que fiz”, disse o piloto, que venceu nove corridas na temporada.

O britânico, de 32 anos,

concordou que neste do-mingo “existe uma grande probabilidade de vitória” para ele e sua equipe, mas diminuiu importância de conquistar o título neste fim de semana ou na próxima corrida, (em Interlagos)” desde que vença, isso é o que importa.

Hamilton assinou um capacete semelhante ao usa-do por Ayrton Senna, que será doado à Cruz Vermelha para que seja leiloado e os lucros serão destinados para ajudar os afetados do terre-moto que castigou o centro do México no dia 19 de se-tembro.

A superluta entre Conor McGregor e Floyd Maywea-ther, disputada no último dia 26 de agosto nas regras do boxe, parece ter aberto a mente dos dirigentes do UFC. Dana White, presidente da organização, admitiu que um dia o Ultimate poderá passar a promover lutas de boxe junto com o MMA. Em entre-vista ao podcast “The Unna-med Podvideocast” do “Wall Street Journal”, White disse que pensa em levar o UFC ao boxe, mas indicou que essa

é uma possibilidade apenas para um futuro distante

“Eu consigo nos ver trazendo o boxe para debai-xo do nosso guarda-chuva, e ver o que poderíamos fazer com esse esporte. Posso ver isso acontecendo”, declarou o norte-americano.

Fã assumido da nobre arte, o dirigente revelou que, após a venda do Ulti-mate, havia sido procurado para passar a ser promotor de boxe, mas disse que pre-feriu permanecer no UFC.

“É isso que eu amo fa-zer. Tenho 48 anos. Acordo da cama pulando todo dia

justamente para fazer o que faço. Eu amo trabalhar com Ari (Emanuel, CEO da WME-IMG, nova dona do UFC). Nos damos muito bem. Ele e Pa-trick, seu sócio, são muito bons. Não podia estar em melhor posição”, garantiu.

Recentemente, Dana White esteve envolvido nas negociações para superlu-ta entre Mayweather e Mc-Gregor, junto à equipe de “Money”. O presidente foi elogiado por dirigentes da Mayweather Promotions por sua agressividade na hora de negociar. O UFC co-promo-veu oficialmente a superluta.

Dana White admite lutas de boxe juntamente com MMA

Dana White, o homem forte do UFC, está estudando dar mais apoio ao boxe nas próximas lutas

O inglês Lewis Hamilton só precisa de um quinto lugar para ser campeão

Foto: Divulgação/UFC

Foto: FIA/Divulgação

Foto: Desportiva/Divulgação

Portal iG

Hoje acontece a abertura do Campeonato Paraibano de Futebol Feminino com a reali-zação de três partidas em João Pessoa. No CT Ivan Thomaz, no Valentina Figueiredo, uma ro-dada dupla, com a preliminar entre Botafogo e Internacional (Lucena), às 15h, enquanto na principal, às 17h, atuam Auto Esporte e Grêmio Serrano (Campina Grande). Ás 15h30, no Estádio Leonardo Vinagre da Silveira, na Graça, em Cruz das Armas, Kashima e Despor-tiva Guarabira se enfrentam.

Na primeira fase, todas as equipes se enfrentam, com jo-gos só de ida. A segunda fase, com 4 equipes, já será as semi-finais. O primeiro colocado en-frentará o quarto, e o segundo pegará o terceiro, em jogos de ida e volta. Os vencedores dis-putarão as finais, em duas par-tidas, com o clube que somar o maior número de pontos, jo-gando com a vantagem de dois resultados iguais, e escolhendo o mando de campo do segundo e decisivo jogo. Grande favorito a conquistar o bicampeonato o atual campeão Estadual, Bo-tafogo, corre em busca da vaga para representar o Estado na Copa do Brasil e a Série A2 do Campeonato Brasileiro.

Outro forte concorrente é o Kashima, que foi vice em 2017, mas promete chegar for-te para brigar pela taça. Corren-do por fora estão Auto Esporte, Grêmio Serrano (Campina Grande), Desportiva Guarabira e Internacional (Lucena). As garotas da Desportiva Guarabira vão estrear contra o Kashima hoje no Estádio da Graça. Os outros jogos são Botafogo-PB x Internacional-PB e ainda Auto Esporte x Grêmio Serrano

Wellington Sé[email protected]

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Após várias reuniões, propostas, debates e indefinições, o Campeonato Paraibano de 2018 conheceu na última terça-feira (24) a fórmula de disputa para conhecer o campeão, os classificados para as competições regionais e nacio-nais, bem como e os rebaixados. A sim-plicidade dos jogos de ida e volta entre todos, com classificação posterior para as finais foi posta de lado, sob o argumento de que as datas disponibilizadas pelo calendário da Confederação Brasileira de Futebol impossibilitariam a repetição do formato de 2017.

Pois bem, habemus fórmula e ela deixou de fora da primeira fase jogos temperados como o Botauto e o Clássico Emoção entre o Botafogo e o Campinense.

Com dois grupos de cinco equipes, na pri-meira fase serão realizados dez jogos de ida e volta com os times da outra chave.

No Grupo A ficaram Botafogo, Campinense, Auto Esporte, Nacional de Patos e Sousa, enquanto que no Grupo B residem Treze, Atlético de Cajazeiras, CSP, Serrano e Desportiva Guarabira. É dizer, os times do Grupo A enfrentarão exclu-sivamente os do Grupo B em partidas de ida e volta e vice-versa, classificando-se o primeiro de cada chave para a semifinal.

Ato contínuo, o segundo e terceiro colocado de cada grupo se enfrentarão para conhecer os próximos classificados à semifinal, enquanto que o quarto e o quinto também da mesma chave dispu-tam partidas de ida e volta para conhecer

os dois rebaixados para a segunda divi-são.

Desta feita, o Paraibano 2018 terá 16 datas, iniciando-se conforme programa-ção da FPF (normalmente não cumprida) em 7 de janeiro e findando em 8 de abril, com o fito de preservar o início das com-petições nacionais, notadamente a Série C em 15 de abril, data programada para a estreia do Botafogo.

Válido ressaltar que em 2018 teremos Copa do Mundo, iniciando em 14 de junho e terminando no dia 15 de julho, o que demandou um corte de datas no Calendário da Conmebol e da própria CBF, determinan-do que os Estaduais “poderão ser reali-zados dentro de 18 datas compreendidas entre os dias 17 de janeiro a 8 de abril”.

Em decorrência da Copa do Nor-deste e Copa do Brasil, fez-se impera-tivo um ajuste com a antecipação do Paraibano para 7 de janeiro, para que coubessem as 16 datas do Estadual sem prejudicar a participação dos nossos representantes nas competições: Bota-fogo e Treze.

Um campeonato enxuto com 16 datas e quatro meses de competição deságua na necessidade de pagamento de pelo menos cinco filhos salariais pelos clubes paraibanos, sendo imperativo o cumprimento dos prazos de início e final do torneio, sob pena de prejudicar mais uma vez o planejamento financeiro e o da própria competição, como tem ocorrido nas temporadas anteriores.

Habemus fórmulaEduardo Araújo

[email protected] real

Além de ter o campeão CSA e o vice Fortaleza, a região também deu um show nas arquibancadas

NE mostra força na Série C

A edição 2017 da Série C do Campeonato Brasilei-ro encerrada no último dia 21 pode comemorar um ligeiro aumento na média de público em relação ao ano passado. Em compen-sação, os pagantes desta temporada ficaram concen-trados em menos clubes. Houve um número maior de participantes com mar-ca inferior a mil torcedores. Segundo levantamento, o terceiro escalão nacional foi concluído com média de 4.309 pagantes e total de 827.246 espectadores.

A temporada passada também superou os qua-tro mil fãs, mas parou em 4.059 aficionados e total de 763.016 pessoas. Em 2016, 14 dos 20 clubes supera-ram a marca de mil pagan-tes. Em 2017, contudo, só 12 clubes romperam a bar-reira das mil testemunhas. O rebaixado Mogi Mirim amargou a lanterna com 144 gatos pingados. Tom-bense (785) e Tupi (965), que brigaram pelo acesso, também estão nesta lista.

Enquanto isso, o Forta-leza voltou a dar show fora das quatro linhas. Desta vez, a festa tricolor foi em campo e nas arquibanca-das. O Leão do Pici obteve o acesso, o vice-campeo-nato e a melhor média de público da Série C (18.175). Além dos cearenses, apenas o Remo ultrapassou os dez mil torcedores (12.358). Os paraenses, no entanto, não conseguiram deixar a divi-são. O Botafogo paraibano ficou em quinto lugar com uma média de 7.514 torce-dores por jogo.

Campeão da Série C, o CSA garantiu o 3º lugar no ranking com média de 8.660 pagantes. O melhor público do Azulão aconte-ceu no duelo do acesso con-tra o Tombense (16.893). Já a finalíssima ficou com 15.097 espectadores. O maior público da divisão foi visto no primeiro duelo da decisão. O Castelão re-cebeu Fortaleza e CSA para 43.778 apaixonados. Entre os outros dois clubes que subiram para a Série B, o Sampaio Corrêa ficou na 4ª colocação com média de 8.359 fanáticos. O São Ben-

Sr Goool

Sr Goool

to, por sua vez, teve que se contentar com a 9ª posição (2.408).

Em campo foram 194 jogos com 87 vitórias dos mandantes, 38 triunfos dos visitantes e 69 empates. Aconteceram 418 gols, sen-do 250 dos donos da casa e 168 dos visitantes. Média de 2,15 tentos por partida. No ano passado, a média foi maior (2,24). O resultado mais repetido em 2017 foi o empate por 1 a 1 - presen-te em 37 partidas.

O primeiro título na-cional da história do CSA e de Alagoas foi obtido com 12 vitórias (sete em casa e cinco fora), nove empates (quatro como mandante e cinco como visitante) e três derrotas (uma diante da torcida e duas fora), além de 27 gols a favor e 14 to-mados. Aproveitamento de 62,5%. Esse é o quinto melhor ou o quinto pior de-sempenho de um campeão desde que as divisões do Brasileirão passaram a ser quatro em 2009.

Dono da melhor cam-panha na Série C 2017, o CSA se classificou em um grupo que tinha Sampaio Corrêa, Fortaleza - vice-campeão -, Confiança, Sal-gueiro, Cuiabá, Remo, Bo-tafogo, Moto Club e ASA. No mata-mata, o acesso foi obtido ante o Tombense e vaga para a final foi diante do São Bento.

O CSA estava fora da Sé-rie B desde a Copa João Ha-velange, em 2000. Mas antes de pensar no último obstá-culo até a Série A, o Azulão tentará encerrar outro incô-modo jejum. O CSA, maior campeão estadual com 37 títulos, não fatura o Campeo-nato Alagoano desde 2008. A temporada 2017 acaba com festa, mas o ano de 2018 co-meçará com novos desafios dentro e fora do Estado.

Foto: Diário do Nordeste

O Fortaleza não conseguiu o título da competição, mas foi disparado o líder, na média de público da Série C. O Botafogo terminou em quinto.

Disputas acirradas contra o Z4 no Brasileiro

O Campeonato Brasileiro da Série A está em suas últimas ro-dadas. Faltam sete - a trigésima primeira começou ontem - e 21 pontos em disputa. A briga contra o rebaixamento segue aberta e imprevisível. Sem falar que será difícil atingir o número mágico para escapar da Série B. Os clubes que quiserem seguir na elite terão que fazer 44 pontos. Para chegar a essa média, o site estatístico srgoool le-vou em conta a pontuação do 160 colocado de 2006 para cá.

No momento, apenas os sete clubes da zona da Libertadores já alcançaram a marca necessária para continuar no Brasileirão. Vas-co (43), Atlético Paranaense (41) e Atlético Mineiro (41) também já superaram os 40 pontos e, difi-cilmente, estarão entre os quatro piores colocados. Mas há clubes em situações bem delicadas.

O pior caso é do lanterna Atlé-tico Goianiense que soma apenas 26 pontos. O Dragão, se vencesse todas as sete partidas, chegaria a 47 pontos. Agora, do vice-lanterna Coritiba (32) ao Sport (35), 150

colocado, a diferença é de só três pontos. Entre a dupla há Ponte Preta (32), Vitória (33) e Avaí (34). São Paulo (37), Fluminense (38), Bahia (38) e Chapecoense (38) também precisam tomar cuidado.

O histórico do Brasileirão, porém, é cruel. Em duas oportu-nidades, o 160 colocado terminou com a mesma pontuação do pri-meiro clube na zona do medo. Em 2008, o Náutico só se salvou por causa do saldo de gols. O clube pernambucano somou os mesmos 44 pontos e as mesmas 11 vitórias do Figueirense, 170 colocado. Mas o saldo de gols do Timbu foi de dez negativo, enquanto o Figueirense ficou 24 tentos no vermelho.

Dois anos depois, Atlético Goia-niense e Vitória anotaram 42 pontos. Os goianos escaparam da Série B por causa de duas vitórias a mais (11 a 9). Em 2011, o Cruzeiro esteve bem

próximo da degola. O clube mineiro ainda fugiu do descenso marcando menos pontos do que o número má-gico (43). O mesmo aconteceu com o Figueirense em 2015.

Em 2006, o Palmeiras fez o ne-cessário, 44 pontos. Mas em todas as outras oportunidades, os clubes precisaram de um pouco mais para seguir na Série A. Goiás, em 2007, Portuguesa, em 2012, Flamengo, em 2013, e Vitória, em 2016, escaparam do descenso com 45 pontos. O Flumi-nense, em 2009, foi além e precisou marcar 46 pontos para não cair. A 31a rodada do Brasileirão 2017 será disputada entre sábado e segunda-feira. Não faça contas.

O Fortaleza, que finalmente conseguiu a classificação para voltar a Série B, provou, na terceirona, que tem uma das maiores torcidas do Nordeste

O São Paulo melhorou, mas ainda corre risco de rebaixamento, assim como o Sport

Foto: Divulgação/Sport

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Avanços e interrogaçõesFinalmente, o Campeonato Paraibano

de Futebol 2018 já tem data para começar e terminar, uma fórmula de disputa e um regulamento. Prevaleceu a proposta do Sousa, com poucas modificações. Houve alguns avanços, dentre eles, o cumpri-mento das 16 datas sugeridas pela CBF, e isto garantiu o término da competição, antes do início dos campeonatos nacio-nais, evitando assim que os clubes parai-banos disputassem duas competições ao mesmo tempo, como aconteceu em anos anteriores.

A fórmula de disputa também vai proporcionar que todos os clubes joguem bastante, desde os que vão disputar o tí-tulo, até aqueles que serão rebaixados. Os clubes de menor investimento temiam jo-gar apenas poucas partidas, e serem logo eliminados da competição. Mas, como não há fórmula mágica nem perfeita, não entendi o porque de um clube conquistar

o segundo lugar na primeira fase, e ainda ter de disputar com o terceiro, para ir a semifinal.

Outros avanços foram a permissão do fisioterapeuta no banco de reservas, ajudando assim na recuperação dos jo-gadores lesionados durante a partida, e a obrigação dos clubes de fornecer a esca-lação da equipe, 1 hora antes, bem como não atrasar na entrada em campo. Tudo isto torna o campeonato mais organizado.

Resta agora a questão dos estádios, que sempre causa muitos transtornos, an-tes do início de cada Campeonato Paraiba-no. Eu falei com o presidente da Comissão de Prevenção e Combate a Violência nos Estádios da Paraíba, procurador Valberto Lira, que garantiu as vistorias dos está-dios, no mês de novembro. Vamos esperar para ver.

Porém, a Comissão não incluiu na relação dos estádios que vão sediar os

jogos do paraibano em 2018, o Amigão, em Campina Grande, isto porque haverá uma reforma no gramado que deverá se estender pelos primeiros meses do pró-ximo ano. Aí reside um grande problema, porque Campinense e Serrano ficariam, a princípio, sem estádios para sediar os jo-gos como mandante. Até o próprio Treze, não teria onde disputar grandes jogos, já que o Presidente Vargas, não tem estrutu-ra para abrigar um grande público.

A situação parece preocupante, mas surgiu uma pequena luz no fim do túnel. Os clubes enviaram um documento ao Governo do Estado, solicitando que as obras no Ami-gão, só comecem no segundo semestre, logo após a participação dos clubes paraibanos na Série D. Não se sabe ainda se isto será possível. O Governo ainda não se mani-festou sobre o assunto. Resumindo, houve avanços, mas ainda há interrogações. Não dá ainda para comemorar.

LibertadoresO Grêmio fez bonito na primeira partida

das semifinais. Derrotou o Barcelona de Guai-quil, dentro do Equador, e de goleada. Pratica-mente carimbou o passaporte para as finais. Só um desastre em Porto Alegre, no jogo de volta, mudaria a história. Como River Plate já ganhou a primeira partida para o Lanus, arrisco a afir-mar que a final será entre Grêmio e River Plate.

FemininoComeça, neste final de semana, o Campe-

onato Paraibano de Futebol Femininop. Mais uma vez, o Botafogo é o favorito, e entra na disputa em busca do tricampeonato. Este ano, o Belo terá de superar 5 equipes. São elas o Kashima, Auto Esporte, Internacional, Serra-no e Desportiva. A diferença de nível entre as Belas do Belo e as jogadoras das outras equipes é muito grande, mas prometem as adversárias, que desta vez, será diferente. Vamos esperar para ver.

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 24Esportes

Ivo Marques [email protected] de esportes

Oswaldo Oliveira está de olho em vaga na Libertadores e espera uma nova vitória hoje no Independência

Atlético-MG aposta nos golsde Fred para vencer o Bota

Globoesporte

Oswaldo de Oliveira está no Atlético-MG há um mês. Apresentado no dia 26 de se-tembro, só no dia seguinte o treinador comandou o primei-ro treinamento efetivo e co-meçou a dar uma nova cara ao time. Quando assumiu o car-go, o Galo estava na 11ª posi-ção do Brasileirão, três pontos a frente da zona de rebaixa-mento. Agora, ocupa a 10ª co-locação, mas com oito pontos de vantagem para o Z-4 e po-dendo reduzir a diferença em relação à zona de classificação da Libertadores para apenas três pontos, caso vença o Bota-fogo, hoje, às 17h (de Brasília), no Independência.

Impondo o estilo aos poucos, o time mudou com-pletamente sob a batuta de Oswaldo, que tem 66% de aproveitamento no comando do Atlético-MG. Os números são semelhantes ao do Co-rinthians, líder isolado do Campeonato Brasileiro. Fo-ram três vitórias, um empa-te e uma derrota no torneio, conquistando 10 pontos dos 15 disputados.

Não é por acaso o cres-cimento do Atlético-MG no Campeonato Brasileiro. O GloboEsporte.com lista cinco motivos para a recuperação do Alvinegro, que volta a ver de perto a zona de classifica-ção para a Libertadores.

O Botafogo reencontra um velho carrasco: Fred. Ao longo da carreira, o atacante marcou 16 gols contra o Al-vinegro. Nenhum outro clube sofreu tantos fols do camisa 9.

Em 2016, por exemplo, Fred marcou nos três jogos em que enfrentou o Botafogo, com as camisas de Fluminense e Atlético-MG. Na atual tempo-rada, no entanto, ele ainda não marcou contra o clube carioca. Jair Ventura, entretanto, mini-mizou o retrospecto e pediu atenção a todo time do Galo.

BotafogoJair Ventura ganhou mais

um problema para escalar o meio de campo do Botafogo,

contra o Atlético-MG. Com conjuntivite, Bruno Silva é dúvida para o jogo. “O atleta de alto nível sempre estará com alguma dor. Mas para ti-rar do jogo... Acho que não”- disse o técnico Jair Ventura.

Caso Bruno Silva não tenha condições de jogo, Dudu Cearense é o princi-pal candidato para herdar a vaga. Seria mais um proble-ma para o setor. Por conta de suspensões, o Botafogo não terá Rodrigo Lindoso e Marcos Vinícius. Matheus Fernandes e Leo Valencia entram na equipe.

A provável equipe do Botafogo para hoje é Gatito, Arnaldo, Carli, Igor Rabello, Victor Luis; Matheus Fer-nandes, Bruno Silva (Dudu Cearense), João Paulo, Leo Valencia. Rodrigo Pimpão e Brenner.

JoGos de hoJen 17hFluminense x BahiaAtlético-MG x BotafogoPonte Preta x Corinthiansn 18hVitória x Atlético-GOSport x Coritiban 19hAvaí x Grêmio

Amanhãn 20hPlmeiras x Cruzeiro

Líder pressionado

Corinthians busca a reabilitação no jogo contra a Ponte em Campinas

Técnico do Corinthians desde o início do ano, Fábio Carille diz viver o momento mais difícil no comando da equipe. Mesmo tendo seis pontos de vantagem na li-derança do Brasileirão, o Timão vê os rivais Palmeiras e Santos se aproximarem e passa por seu pior momento na competição, sem vencer há três jogos.

Mesmo reconhecendo os problemas, o treinador demonstrou confiança em

uma volta por cima do Co-rinthians e a retomada do bom futebol no jogo contra a Ponte Preta em Campinas às 17h noMOisés Lucarelli.

“Sim (é o momento mais difícil), está sendo um ano de aprendizados, que começou com muita descon-fiança e que eu não imagina-va que seria desse sucesso e vitórias. Todas as 19 equi-pes passaram por dificulda-des e momentos ruins, Cha-pecoense, Sport, São Paulo...

Está sendo um momento de instabilidade, nada bom, mas estamos muito confian-tes, acreditando sempre. Se tem uma pessoa que sempre acreditou, sou eu” declarou Carille, em entrevista cole-tiva.

O técnico fez questão de ressaltar que o foco está na partida contra a Ponte Preta e não quis projetar o Dérbi da próxima semana.

“Esqueça o Palmeiras neste momento. Valem os

mesmos três pontos. Se per-der três jogadores (por sus-pensão), vou trabalhar da mesma forma até o próximo jogo”opinou.

Pressão“Não estou me sentindo

pressionado. Sou muito cons-ciente de tudo. Todas as coi-sas ruins que aconteceram, eu trabalhei. É 50% respon-sabilidade do técnico e 50% do jogador. Todas as situações eu trabalhei”, concluiu.

O Atlético Mineiro de Robinho e Fred entra em campo para enfrentar o Botafogo, no Estádio Independência, que vem de uma grande vitória sobre o Corinthians na última segunda-feira

Foto: Rafael Ribeiro

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017

Lava JatoNo Olá leitor deste domingo o jornalista Agnaldo Almeida escreve sobre as ações e resultados desta operação até o momento. Página 27

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Obra foi construída no mesmo ano da aparição da imagem da Virgem da Conceição, no rio Paraíba do Sul, em São Paulo

Fonte de Santo Antônio, em João Pessoa, completa 300 anos

Pe Ernando Luiz Teixeira de CarvalhoEspecial para A União

Em 1717, nas águas do rio Paraíba do Sul, estado de São Paulo, próximo ao então vilarejo de Santo Antônio de Gua-ratinguetá, pescadores encontraram a pequenina imagem da Virgem da Con-ceição que, mais tarde, ficou conhecida como Nossa Senhora da Conceição Apa-recida, ou simplesmente, a Aparecida. Neste ano de 2017, em homenagens por todo o Brasil, celebramos os 300 anos daquela miraculosa aparição.

Essa data de 1717 ficou gravada na fonte de Santo Antonio, do convento franciscano da nossa antiga cidade de Parahyba, hoje João Pessoa. Construída em pedra calcária, trabalhada com sím-bolos religiosos, letreiro e data, a fonte servia aos frades e à vizinhança do con-vento. Seu aspecto é de altar e ao centro, na parte mediana, encontra-se um nicho onde deve ter existido uma imagem do Santo, com uma inscrição em latim: San-to Antonio, ora pro nobis. No alto, tam-bém em latim, o letreiro que se inicia com a expressão “À Posteridade”, res-salta o amor fraterno que com diversas contribuições realizou a obra da fonte, em 1717. Importante informar que essa é a data mais antiga que se encontra em nosso convento e, por feliz coincidência, é a mesma do encontro da imagem de Nossa Senhora no Paraíba do Sul.

Os frades franciscanos chegaram à Paraíba em 1589 e logo levantaram um conventinho de taipa, começando a construção em pedra no início do século XVII. Ao longo do tempo foram ampliando e embelezando sua casa e as igrejas que passaram a compor o grande conjunto barroco franciscano da Paraíba. As outras datas inscri-tas no convento, além da primeira, são: a do cadeiral do coro, inscrita em algarismos romanos na madeira, MDCCXXXI (1731); a do frontispício da igreja, na pedra, 1779; a do relógio do sol, na pedra, 1781; a da torre, em azulejo azul sobre o branco, 1783; e a do muro do adro, na pedra, 1788. São as únicas datas encontradas no convento.

Do rio Paraíba do Sul, uma imagem de terracota, barro cozido, material das primeiras imagens brasileiras, na cor do barro e da lama do rio, Nossa Se-nhora Aparecida, padroeira do Brasil. Da Paraíba do Norte, na fonte de pedra calcária do nosso convento francisca-no, a dedicação a Santo Antonio, gran-de devoto de Nossa Senhora, amado no Brasil e no mundo como o Santo afável e milagroso por excelência. Nos dois pontos referidos, para além da data, o elemento água, do rio e da fonte, nos une numa corrente de prece, de fé e es-perança, clamando por justiça, frater-nidade e paz.

Como num baú de coisas novas e velhas, uma data puxa outras... Pelo velho sítio do convento, hoje no abandono,

muito há o que dizer, contar, meditar, sofrer e mesmo subir ao céu... Assim, do tempo de minha entrada no Seminário (que ali funcionou por 70 anos, de 1894-1964), até quando foi criado o Centro Cultural de São Francisco (1990) e fui nomeado seu primeiro diretor por Dom José Maria Pires, de viva memória, muita água passou por baixo da imaginária ponte das nossas misérias e esperanças.

Para recolher o fio de água da fonte de 1717, de outras pequenas nascentes do horto, das águas pluviais das galerias subterrâneas do convento e daquelas que descem em enxurrada nos dias de inverno brabo, construímos um reservatório na parte baixa do terreno, de modo a resolver o problema dos alagamentos e dos ratos. Com isso, fizemos surgir mais um espaço para possibilitar a paz interior, a elevação da alma, o encontro com Deus... Em clima de fraternidade, bênção e festa, inauguramos o espelho d’água no dia 04 de outubro de 2001, dia de São Francisco. Naquela ocasião, para além dos discursos e do ritual, escrevi uma poesia mínima, pouco mais que um Hai-Kai, um caro resumo de fortes sentimentos que dei o nome de “Poema Solto”:

Pedreira fonte lago sonhoSilêncio pássaro natureza sóTrabalho sorte oração enlevoVida morte solidão sossegoSão FranciscoSanto AntonioPaz e Bemrogai por nós Após 16 anos a frente do Centro Cultural, sem

comparação ao que hoje “malamente” sobrevive e se arrasta, escrevi na saída, em 2006, um enigmático “Pelo horto do convento” e a certeza de que só Deus não passa:

Vós por caminhos desatentosolhai em torno percebei senti sagradas horas em lugar tão beloo que já foi continuando seráparaíso refeito passa não passa o vento o canto o grito a voz

Segredo luminoso antigotoca meu coração sofredor passa na pedra de toqueminh’alma marcada de dor

Corre o sonho a vida laço e nóPaz e bem cavaleiro errantede tempo incerto luas desesperadas louco viajante

E corre pelo ar forte aroma de fruteiras e ervas medicinaisPaz e bem mendicante santode lugar incerto luas alucinadas peregrino do absolutoe das coisas mínimas inúteis e perdidas

Lá dentro do convento, quando criamos a “Galeria da Pedra”, no ano 2000, deixamos outros versos para ressaltar nossas jazidas de calcário e seus mestres de construção e beleza, anônimos artistas e artesãos que nos deixaram tão grandes obras para o corpo e para a alma:

Memória lembrança reverência anônimos arquitetos construtoresimaginários santeiros artesãosoperários da marreta e do cinzeltornaram leve bela admirávela pedra tosca bruta ignorada

Movimento história ainda oculta trabalhada esculpida buriladavolumes formas que o tempo guardainteiras em pedaços fragmentadasrelíquia monumental o São Franciscona Paraíba outros marcos relicário

E no tempo do conhecido “lixão do Roger”, quando gente e bichos disputavam a sobrevivência, os urubus de lá vinham repousar e dormir no alto dos coqueiros franciscanos. Perto do anoitecer chegavam eles, “Os frades do lixo”:

Disputam durante o diacom humanos e outros bichosrestos de tudo e podridãoque a incompetência oficial descarrega à beira da maré

Ao cair da tardebatem asas e zarpam para se purificar nos coqueiros altíssimos e secularesdo sítio do convento

São os urubus!

Desengonçados e felizes ocupam o cadeiral de palhas nas verdes alturaspara rezar as Completas do Ofício Divino da criação e repousar sossegadosem merecida graça naturalna noite de ventos, estrelas e luas

Homens, mulheres e crianças companheiros diários da luta insananão conseguem sair do triste lugar.Meu Deus do céu!

Criado em 1958, o lixão foi encerrado 2003. Os velhos coqueiros também não mais existem no sítio do convento. Eram os últimos dos 52 plantados pelo pa-raibano Frei Frutuoso da Soledade, entre 1847-1850, para extrair o óleo do coco e alimentar a lâmpada do Santíssimo, antes do surgimento da energia elétrica. Assim, sem lixão e sem coqueiros, os urubus tomaram outros rumos, outros ventos...

Então, caro leitor, alternando datas, alguma infor-mação histórica e pedaços de poesia que ninguém é de ferro, queremos dizer que segue a vida e o amor misericordioso de Deus que nos salva cada dia. São 300 anos da Fonte de Santo Antonio, mais de 400 da chegada dos franciscanos à Paraíba e mais séculos que venham pela frente. Preservar o que de valor deixaram nossos antepassados deve ser compromisso histórico e de cidadania para pessoas e instituições, para cada um de nós.

Foto: Reprodução/Internet

Construída em pedra calcária, fonte está localizada no convento franciscano da capital paraibana

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Áries

Câncer

Libra

Capricórnio

Touro

Leão

Escorpião

Aquário

Gêmeos

Virgem

Sagitário

Peixes

Uma grande soma de dinheiro pode começar a ser negocia-da nos próximos dias. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra indicando dias de vida social intensa e aproximação de amigos, novos e antigos. O momento é ótimo para fazer novos contatos comerciais.

Uma nova parceria ou sociedade comercial pode começar a ser desenhada pelo Universo. perío-do, que dura algumas semanas, pode ser marcado por um intenso movimento na vida social. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra movimentando seus projetos profissionais e planos de carreira.

O período é ótimo para o envio de CVs. Um novo projeto ou nove emprego pode surgir nas próximas semanas. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra movimentando projetos de médio prazo, especialmente os que envolvem viagens e pessoas estrangeiras. Você estará mais assertivo, dinâmico e otimista.

O momento é ótimo para sair e divertir-se e, caso esteja só, fique atento a novas oportunidades de romances, que certamente surgirão. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte em Libra indicando um período de interiorização e necessidade de deixar para trás, pessoas e situações que já não fazem mais sentido. O momento é de limpeza emocional.

Sua casa torna-se o melhor lugar do mundo para estar e receber pessoas de sua intimidade, amigos e paren-tes queridos. A compra ou venda de um imóvel não está descartada. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra indicando dias de movimento na vida social e aproximação dos amigos. A comunicação melhora consideravelmente. Um novo contra-to pode ser firmado e assinado.

O momento é ótimo para firmar acordos e negociações, que certamente levarão à concretização de um novo contrato. O período beneficia viagens e estudos. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra e movimenta positivamente sua rotina. Um novo projeto de trabalho pode começar a instigar você. do, este é um ótimo período para enviar CVs.

O período, que dura algumas semanas, pode envolver a concretização de um projeto que envolve o aumento de seus ren-dimentos. O dinheiro chega com mais facilidade neste período. A Lua continua seu ciclo, entra na fase crescente em Aquário, signo compatível ao seu, chega em ótimo aspecto com Marte já em seu signo indicando dias de movimento em sua vida social e projetos criativos.

Depois de um período de enfrenta-mento de problemas e dificuldades, você pode relaxar e abrir os braços para as benesses que esta fase, que dura algumas semanas, traz à sua vida. O período envolve crescimento e expansão. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra indicando dias de movi-mento na vida doméstica e nos relacionamentos familiares.

O período envolve interiorização e reflexão, pois você estará mais voltado para a limpeza emocional e para deixar para trás, definitiva-mente, pessoas e situações que não fazem mais sentido em sua vida. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra movimentando sua vida social e abrindo portas e oportunidades para negociações que levarão à concretização de um trabalho.

Os projetos em equipe são altamente favorecidos e você pode ser convidado a gerenciar ou fazer parte de uma nova equipe de trabalho. O momento é ótimo para fazer novos contatos comerciais. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra indicando dias de movimento positivo para suas finanças. O dinheiro chega com mais facilidade neste período.

Um novo projeto pode mobilizar e trazer novas oportunidades para sua carreira. O momento pode envolver a aprovação de uma promoção ou um convite para fazer parte de uma nova equipe ou empresa. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em seu signo, chega em ótimo aspecto com Marte já em Libra indicando movi-mento positivo e um passo à frente em projetos pessoais e profissionais, que começaram há alguns dias.

O momento é de crescimento e expansão, otimismo e renovação da fé. Uma viagem internacio-nal pode ser marcada ou rea-lizada nas próximas semanas. A Lua continua seu ciclo, entra na fase Crescente em Aquário, chega em ótimo aspecto com Marte que já está em Libra indicando dias de interiorização e maior contato com seu mundo emocional, que se encontra em um momento de equilíbrio.

Manoel chega em casa muito triste. Sua esposa Maria vai logo lhe perguntando:-Por que você está tão abalado? E Manoel, desolado diz:-Acho melhor não falar nisso agora. -Vamos me diga...-Ah Maria, aconteceu uma tragédia...Estive no médico e ele me disse que eu vou ser castrado!-Castrado??Por quê???-Peguei um tal de colesterol. E o doutor me disse com todas as letras que a única solução para mim é cortar o saco.

A campainha toca na casa de uma certa loirinha.

Quando ela atende, dá de cara com duas freiras pedindo do-nativos.

- Minha filha, nós somos irmãs de Cristo e ...

- Puxa vida, irmãs - interrompe a loira-, como vocês estão con-servadas! Qual o segredinho?

Quando surgiram as primeiras calcinhas de nylon , o gover-no brasileiro proibiu a importação do produto. Então a al-fandega passou a controlar as bagagens femininas dos voos internacionais.Num belo dia, após a aterrizagem de um voo de Paris, os fiscais estavam apostos.A primeira passageira que teve sua mala vistoriada, foi acu-sada de contrabando por estar com 5 calcinhas de nylon. Ela argumentou:- São de uso pessoal, uso uma na segunda-feira, outra na ter-ça, outra na quarta, outra na quinta, outra na sexta, e no fim de semana vou pra praia, uso maiô, e não preciso de calci-nhas. O fiscal reconheceu que ela tinha razão e liberou-a. A mu-lher seguinte tinha 7 calcinhas de nylon.- A senhora está fazendo contrabando!!- Não estou não senhor, são de uso pessoal. Como eu não vou à praia no fim se semana eu necessito de 7, uma por dia.- Realmente a senhora tem razão, me desculpe, está liberada. A seguinte era uma portuguesa. Na mala doze calcinhas.- Isto é contrabando, a senhora só precisa de 7, uma por dia!- Não sinhore, estas enganado, são de uso pessoal, uso uma em janeiro, outra em fevereiro, outra em março...

Português com problema de saúde

A loira e as freiras

Contrabando de calcinhas

JOGO DOS 9 ERROS

1-Janela, 2 - cabelo, 3 - cavanhaque, 4 - dobras (tapete), 5 - turbante, 6 - cobra, 7 - nota musical, 8 - brinco, 9 - muro

Horóscopo

Piadas

Palavras Cruzadas

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 201726

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Agnaldo Almeida [email protected]: @agnaldoalmeida

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 27Deu no Jornal

OLÁ, LEITOR!

A Lava Jato nada tem de moralistaNo início dos anos 60, o

então presidente da República, Jânio Quadros, proibiu o uso de biquínis em praias e piscinas do território nacional. Motivo? Ele considerou-os “indecentes”. Mas Jânio não ficou só nisso: decidido a mudar os costumes brasileiros e travar uma verdadeira batalha moralista, proibiu também briga de galo, lança-perfume, vedete com as pernas de fora na televisão e até corrida de cavalo. Aliás, antes mesmo de chegar ao Palácio do Planalto a mão pesada do homem da “vassoura” já se fizera sentir em São Paulo, durante seu mandato de governador. Haviam programado um show roqueiro de Bill Haley e seus Cometas, e Jânio, atendendo solicitação da Justiça, ordenou ao chefe de polícia que não permitisse “esta explosão libidinosa, principalmente nos bailes do Carnaval que se avizinha”. Vetou o espetáculo e mandou prender o dono do clube, “sem contemplação”.

Na semana passada, ao rebater críticas contra o uso de delações premiadas e prisões preventivas (sem prazo determinado) na operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro defendeu estas e outras medidas mais duras contra a corrução. Segundo ele, só desta forma as investigações podem avançar, impedindo que outros crimes sejam cometidos. Foi nesse ponto que ele cuidou de fazer uma necessária distinção: a discussão que está em pauta não é sobre uma questão moral, como, por exemplo, a altura da minissaia, mas sobre como estancar a corrupção sistêmica no país. A certa altura, disse ele: “Não estou falando de deterioração moral. Não estamos falando aqui de

Fotos: Reprodução/Internet

Esses garotos e garotas que estão se preparando para o Enem bem que poderiam se valer dos serviços gratuitos que, agora se sabe, foram prestados pelo ex-procurador Marcelo Miller. Pra quem não liga o nome à pessoa, este Miller foi assessor do procurador Rodrigo Janot, e, sem ter sido ainda exonerado da Procuradoria, ingressou num escritório de advocacia que preparava a delação dos Irmãos Ley, os donos da JBS. Ou seja, atuava nos dois lados.

No dia 27 de junho passado, ele havia sido citado pelo presidente Michel Temer como alguém que “ganhou milhões em poucos meses” de Joesley Batista pelas dicas que dava para a sua delação premiadíssima. Miller, a princípio, negou tudo. Depois admitiu em depoimento à Polícia Federal que, de fato, se reuniu com a turma da Friboi, mas foi tão somente para não ser descortês e fazer alguns apontamentos linguísticos e gramaticais nos documentos que

lhe foram apresentados. O “professor” Miller agora

está desempregado. Difícil é saber se as suas correções ajudaram os delatores. Parece que não.

Governo indo e voltandoNão fosse pelas seguidas

denúncias de corrupção, o governo Michel Temer já teria seu lugar guardado na história como aquele que mais recua depois de anunciar decisões. Após repercussões negativas, decidiu revogar o decreto que extinguia a Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), área de aproximadamente 4 milhões de hectares na divisa do sul e do sudoeste do Amapá com o Pará. A decisão deve ser publicada no Diário Oficial da União no fim do mês passado.

Dado às mesóclises, o presidente Temer tê-lo-ia feito melhor se, antes de anunciar a medida, tivesse ouvido a sociedade. O caso foi tão sério que repercutiu até no exterior. Mas,

poucos dias depois, deu-se um novo caso: o governo entendeu que deveria dar novo conceito ao que oficialmente se entende como “trabalho escravo”. Novamente, após intensa repercussão negativa de uma portaria do Ministério do Trabalho, Temer tentou se eximir de responsabilidade sobre o ato, atribuindo-o ao ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira; “Na verdade, não foi ato meu, do presidente. Mas uma portaria do ministro”.

A emenda ficou pior que o soneto. Mesmo tendo cometido erro tão grosseiro, o ministro continua inamovível no cargo. Afinal, quem é que manda nessa joça? Na terça-feira passada, a ministra Rosa Weber, do STF, suspendeu a portaria e mostrou, claramente, quem manda no pedaço.

E aí, quem traiu quem?Na segunda-feira passada,

a notícia mais quente, publicada em vários sites e blogs: o ex-presidente Lula disse em

entrevista ao jornal espanhol “El Mundo” que a ex-presidente Dilma Rousseff “traiu o seu eleitorado” ao promover o ajuste fiscal, porque, nas eleições de 2014, tinha prometido manter as despesas. Ao perceber o potencial explosivo da informação, Lula não desmentiu a entrevista (até porque ela de fato existiu). Mas acabou conseguindo que o jornal “El Mundo” transcrevesse corretamente suas declarações.

Ficou mais ou menos assim: segundo Lula, o erro da presidente Dilma Rousseff se deu quando ela anunciou o ajuste fiscal, e o eleitorado que a elegeu em 2014, ao qual havíamos prometido que manteríamos os gastos, se sentiu traído.

Ficou quase a mesma coisa, mas o estrago político foi grande. E a confusão interna no PT, ainda maior.

Passaram dos limitesLi, certa vez, (não lembro mais

quem disse isso) que Deus, ao

criar o homem foi muito contido na distribuição da inteligência humana, mas divinamente generoso ao permitir a expansão da estupidez. Mais recentemente, e sem nenhuma relação com Deus, o escritor italiano, Umberto Eco, comentou que as redes sociais da internet haviam aberto espaço para as manifestações dos imbecis, sem qualquer juízo crítico. Aliás, como sempre lembra Ruy Castro, essas redes não têm nada de sociais. São antissociais por natureza.

O que os anônimos e idiotas andam dizendo de Caetano Veloso, nas tais redes, é de uma sem-vergonhice sem limites. Acusam-no de pedófilo por ter transado com uma jovem, de 13 anos, quando ele já estava na casa dos 40. Só não dizem que Paula e Caetano se casaram, tiveram filhos, moraram juntos e ainda hoje são amigos e sócios.

Pedofilia, animais, não é isso. Vocês querem matar amanhã o velhinho que morreu ontem. Se assuntem!

As correções do professor Miller

altura de minissaia. Estamos falando de crimes de corrupção. Não queremos pautar condutas éticas das pessoas”.

Tem razão o dr. Moro. A operação Lava Jato não teria chegado ao que chegou se o seu foco tivesse como prioridade este verniz moralista. O moralismo tem essa capacidade

de ir e vir com mais intensidade, a depender da época. Esteve presente, por exemplo, na década de 1960, nascedouro de muitas revoluções de costumes. Como diz paraibano Rui Leitão, em artigo publicado há uns quatro ou cinco anos, os anos sessenta, também conhecidos como a década da

virada, foram marcados por mudanças conceituais sobre a liberdade. Movimentos em favor do livre pensar e do livre agir foram frequentes. Nessa época surgiu o feminismo, a luta das mulheres por sua independência, rompendo regras e costumes conservadores

e transformando comporta-mentos. A revolução sexual, a pílula anticoncepcional, o ingresso na universidade e no mercado de trabalho, fizeram da mulher daquela época ativista na defesa pela igualdade de direitos em relação aos homens.

E prossegue Leitão:

- No entanto, a história demonstrou que o universo feminino buscou valorizar o charme e as formas do corpo como elementos de sensualidade e beleza. Registraram-se inovações no vestuário feminino, consideradas inclusive símbolos de contestação social e política. A mulher passou a usar roupas mais ousadas, enfrentando princípios tidos como moralistas. Nesse tempo surgiram o biquíni e a minissaia. Lógico que o advento dessas peças do vestuário causou muita polêmica. A minissaia, por exemplo, até hoje é proibida em alguns locais, como escolas e repartições públicas. Recentemente uma estudante quase foi linchada por seus colegas numa universidade de São Paulo, em razão da saia curta que usava.

Política e moral- A questão moral, porém, tem comandado o deba-

te público brasileiro. A corrupção, que envolve políticos de todos os níveis e esferas de poder, paira como a causa de todos os males nacionais. Crise na saúde, falência dos Estados, desemprego, violência, quase tudo direta ou indiretamente parece estar relacionado com a deca-dência moral da classe política. Desconfiança e baixa credibilidade da “classe política” não são fenômenos nacionais e muito menos novidades. Se tomarmos como referência o Índice de Confiança Social do Ibope, desde 2009 que o Congresso Nacional e os partidos políticos aparecem como as instituições com os menores índices de confiança entre as avaliadas.

Quem diz tudo isso aí é o professor Cezar Vasquez, em comentário publicado no site da Fundação Astro-gildo Pereira, de clara tendência esquerdista. Segundo ele, essa baixa credibilidade da classe política por si só não explica a ascensão da questão moral como um dos elementos primordiais do debate público, muito embora tenha facilitado a utilização política do tema e servido como solo fértil para esse tipo de pregação. Certo mal-estar já havia se consolidado na percepção da opinião pública sobre as relações envolvendo classe política e recursos provenientes de corrupção. Poucos anos antes

ocorrera a crise do mensalão, que revelou de forma clara certos meandros das relações entre financiamento de campanhas, agências de publicidade, partidos políticos e grandes empresas. Ao longo do processo de recons-trução democrática foram inúmeras as crises políticas com fortes bases de natureza moral. Impeachment do Presidente Collor, Anões do Orçamento, Crise do Painel do Senado e várias outras.

Vasquez acha que há moralismo demais na Lava Jato e que isso poderá ter consequências funestas para o país. Já o juiz Sérgio Moro, nas suas entrevistas e frequentes palestras, país a fora, tem se esforçado em demonstrar que não procede a suspeita de que por trás da operação haja de fato um projeto corpo-rativo e moral. Para ele, o que importa é desconstruir um esquema criminoso de corrupção, que se tornou sistêmico no Brasil.

É o mesmo ponto de vista várias vezes já exposto pelo procurador Dalton Dallagnol, uma das estrelas da Lava Jato, na área do Ministério Público. Ele chega a dizer que a gravidade do tráfico de drogas não supera a da corrupção. Vejam aí: “Os desvios bilionários da cor-rupção corroem a saúde pela ausência de saneamento básico. Matam pela ausência de hospitais, aparelhos e

medicamentos para atendimento. Fortalecem organiza-ções criminosas pela educação e segurança deficientes, propiciando o aumento da violência e da marginalização. Geram um Estado paralelo, que governa para interesses privados. Para além do tráfico, a corrupção mina peri-gosamente a confiança da população nas instituições e no regime democrático”.

A operação Lava Jato, como recentemente admitiu o próprio Moro, caminha para o seu final. Claro está que não acabará com a corrupção no Brasil, mas deixará a sua marca na história política e judiciária. Afinal, não se pode esquecer que milionários de colarinho branco estão sendo seguidamente processados e alguns já cumprem pena de prisão. Tentar reduzir este trabalho a uma “campanha moralista”, como a de Jânio Quadros, por exemplo, é uma ação sub-reptícia daqueles que, envolvidos em crimes, pretendem ser acusados apenas de desvios éticos.

Quem assistiu à sessão na Câmara dos Depu-tados, em que o presidente Temer, mais uma vez, se livrou, ao menos temporariamente, das acusações que lhe são feitas pela Procuradoria da República, pôde perceber claramente a distinção entre o que é crime e desvio moral.

Page 28: A UNIÃO Número 232 Ano CXXIV...Uso inadequado de formol em funerárias atrasa processo de decomposição de 4 a cada 10 corpos. Página 6 R$ 2,00 R$ 200,00 Assinatura anual 124 anos

UNIÃO AUNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de outubro de 2017 Fabio Maia - professor, gastrônomo, apresentador do programa semanal de TV Degustando Conversas (disponível também no youtube.com/degustandoconversas), escritor da coluna Gustare (paraibaonline.com.br), palestrante e amante da boa gastronomia.

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(83) 98604-4633

O líquido do vinho se origina da polpa da uva. A cor, assim como outros inúmeros aromas e sabores, vem da casca. Ou seja, em geral, uva branca faz vinho branco e uva tinta faz vinho tinto. Não dá pra produzir um vinho tinto somente com uva branca. Parece óbvio, mas, tradicionalmente, em algumas regiões da França e da Itália, usa-se uma pequena quan-tidade de uva branca na produção de vinho tinto. Ironicamente, alguns enólogos afirmam que a uva branca ajuda a fixar a cor da tinta!

Um vinho branco, pelo contrário, pode ser feito com uva tinta. Não é comum, mas há um interessante merlot vinificado em branco produzido pela Dunamis na Campanha Gaú-cha, por exemplo. Para isso ocorrer, basta que a fermentação não seja feita em contato com as cascas, que liberam os pigmentos. Nos cor-tes mais tradicionais de Champagne, entram, além da chardonnay (uma uva branca), a pinot meunier e a pinot noir, ambas tintas.

O vinho rosado (ou rosé) pode ser feito

basicamente de duas maneiras. Pela cuida-dosa mistura de um vinho tinto e um branco ou pelo método de sangria, no qual se retira o mosto do contato com as cascas tintas após leve maceração, antes de liberar muito pigmento. A partir daí, vinifica-se como um branco.

Existem aproximadamente 9 mil castas de uva entre as vitis viniferas, apropriadas à produção de vinho, e as de mesa. Mas pode-se dizer que das quase 2 mil cepas adotadas no mundo vitivinícola, contam-se nos dedos as variedades utilizadas na enorme maioria dos vinhos produzidos hoje no mundo.

5. Guardar ou beber?A enorme maioria dos vinhos produzidos

atualmente pode e deve ser bebida em um prazo de até três anos. A enologia moderna evoluiu de modo a permitir que vinhos jovens não sejam mais “imbebíveis”. Antigamente guardavam-se os vinhos jovens que tinham

muito tanino e “amarravam” a boca com sua adstrigência. Os Bordeaux levavam 20 anos para “amaciar” os taninos.Técnicas como mi-crooxigenação e uso de barricas, entre outras, aceleram este processo. Mas isto não quer dizer que alguns não melhorem muito se você aguardar mais uns anos. Algumas pessoas - e eu me incluo neste rol - preferem vinhos mais evoluídos. Mesmo aqueles de que não se espera muito surpreendem. Para evoluir bem, um vinho precisa ter uma quantidade inte-ressante de um dos seguintes componentes conservantes: álcool, açúcar, taninos ou acidez (exemplo: o Vinho do Porto, que tem mais açúcar e álcool do que um vinho tranquilo).

Um vinho seco, seja branco ou tinto, jovem, leve, macio, sem muita acidez ou tanino, não vai ter estrutura para evoluir com os anos. Por outro lado um vinho jovem com muito tanino, álcool e acidez não é necessa-riamente desequilibrado. É muito tudo! É um exagero ao paladar. Sabe aquela pessoa jovem,

saudável, mas meio desmiolada, sem estilo ou classe, tímida? Então. Você a reencontra 20 anos depois e ela está mudada, elegante, comunicativa. Isto porque tinha estrutura para evoluir. Mas, claro, depende daquilo por que passou e daquilo que aprendeu. No caso do vinho, depende muito do armazenamento e da conservação. Importante saber que na maioria das vezes os brancos secos são menos longevos do que os tintos.

Se o vinho estiver bem armazenado, pro-tegido da luz, do excesso de calor e das mu-danças bruscas de temperatura, abra quando der vontade. Dica: para saber se o precioso líquido passou do ponto, o principal sinal é a quantidade de líquido no recipiente. Ponha a garrafa contra a luz e observe o nível do vinho. Se estiver abaixo do “ombro” da garrafa, houve vazamento ou evaporação. Este contato com o ar é fatal. Leva à oxidação e o vinho perde o brilho, o vigor. Serve para cozinhar e olhe lá. Mas prove antes para ter certeza.

Brancos, tintos e rosados

Com a correria do dia a dia, precisamos que tudo esteja à mão e nesta coluna de hoje me detenho na gela-deira e particularmen-te no freezer, pois es-tando organizado irá facilitar e muito a nos-sa vida hodierna.

Um freezer organi-zado facilita nossa vida pois podemos encon-trar o que queremos em segundos, o tempo de preparo das refeições diminui, a conservação adequada irá manter a qualidade dos alimen-tos, entre outras coisas.

Não podemos es-quecer de realizar sem-pre a limpeza, processo este que deve ser repeti-do a cada seis meses.

Sugiro fazer esta limpeza com uma so-lução anti-mofo e com ação bactericida caseira composta por 1 colher de sopa de bicarbonato e 1 litro de água morna.

Ficar sempre atento também com a valida-de dos produtos apesar de estarem congelados. Confira o prazo de al-guns produtos:

n Carne bovina sem gordura: 9 a 12 meses

n Carne bovina com gordura: 2 meses

n Frango: 12 mesesn Lula, camarão, la-

gosta, marisco, mexilhão e filé de peixe em posta: 3 meses

n Carne de porco fresca: 6 meses

n Linguiça e salsi-cha: 2 meses

n Bacon: 2 mesesn Presunto e tender:

4 mesesn Hambúrguer: 3

mesesn Aves: 3 mesesn Frutas: 8 a 12 me-

sesn Vegetais: 8 a 12

mesesAgora é só colocar

em prática.

Bom apetite.

Como organizar um Freezer?

RECEITA DA SEMANA

Na nossa receita de hoje escolhi fazer uma carne ao forno. É possível que você tenha a sua própria receita de carne ver-melha assada, afinal é um prato tradicional e cai sempre bem, no almoço de domingo. Mas como conseguir mais maciez e sabor.Na hora de comprar a carne que será assa-da procure peças grandes de coxão mole ou alcatra. É bom que a carne esteja bem vermelha e não muito escura. A gordura também deve estar com tom amarelo cla-rinho – se estiver muito amarela, significa que a carne é velha.

No caso das carnes vermelhas assadas, é bom evitar os temperos secos. “Se você temperar apenas com sal e assar, a carne vai ficar extremamente seca. É melhor optar pelos temperos marinados. No caso da car-ne de carneiro, como um lombo, é preferível deixar marinando de um dia para o outro em água e temperos (um dos preferidos é o

alecrim, que combina bastante).Já para a carne bovina o ideal é ma-

rinar no vinho tinto seco (a proporção é mais ou menos meio litro de líquido para um quilograma de carne) e temperos como alho amassado, alho-poró, cebola, tomilho, sal e pimenta.

Para assar a carne, existem algumas possibilidades. A que utilizo hoje na carne de sol é a mais tradicional, ou seja, colocan-do a carne em uma forma com um pouco da marinada. Reserve o restante dela para ‘re-gar’ a carne sempre que o líquido da forma estiver secando. O importante é nunca dei-xar que a peça seque completamente e evi-tar temperatura muito alta do forno – isso endurece a carne.

O tempo de preparo varia bastante de acordo com o forno e a carne, pois é neces-sário ir monitorando a carne de tempo em tempo para acertar o ponto desejado.

Ingredientes

Preparo

CARNE DE SOL AO FORNOPara esta receita vamos precisar de:

Direto do forno

n 400g de carne de sol n Manteiga de garrafa a goston Uma cebola granden 6 cebolas pequenasn 2 folhas de louron Coentro picadon Um pimentão verden Azeitonas laminadas

Utensíliosn 1 refratário médion 1 panela pequenan Papel alumínion Pinça de bambun Espátula pão duro

1 - Coloque a carne de sol dessalgada na assa-deira e cubra com manteiga entre o corte da carne coloque as folhas de louro e a cebola cortada em rodelas por cima e as pequenas em volta da carne cubra com papel alumínio.2 - Leve ao forno pré-aquecido a 200ºC por 15 min.3 - Passado esse tempo retire o papel e regue a carne com o próprio caldo dela e volte ao forno para assar até dourar, sempre regando a carne com o caldo.

Farofa1 - Coloque um pouco do caldo da carne em uma panela pequena e adicione a cebola, pimentão e azeitonas, deixe refogar um pouco.2 - Acrescente a farinha até obter a consistência de-sejada, refogue um pouco e coloque coentro picado por cima, reserve. 3 - Sirva com a carne de sol e arroz integral.

Vamos cozinhar?

Comida congelada é sem-pre uma mão na roda na hora de acelerar o processo na co-zinha. E não estou falando de comida congelada industriali-zada e sim de molhos, tempe-ros e comidas feitas em casa que ajudam muito na hora de preparar o almoço ou o jantar da família!

Além da utilização de po-tes plásticos para acondicionar a comida no freezer, podemos usar outros objetos e alguns macetes que acabam ajudando a organizar melhor o freezer.

Vamos as dicas:1 - Certifique-se que o

material utilizado para ar-mazenar o alimento é ade-quado ao uso.

n Existem plásticos que não são adequados para o freezer ou mesmo para armazenar alimen-tos, verifique na embalagem o símbolo de segurança do plástico.

n Os plásticos considera-dos seguros para utilização de alimentos que vão no freezer e micro-ondas contêm os núme-ros 2, 4 e 5.

n Normalmente os potes comercializados com a fina-lidade de armazenamento de alimentos contêm além dos símbolos obrigatórios outras marcações que identificam a utilização.

2 - Sempre identifique o alimento congelado.

n Nome – Dependendo do alimento podemos não identifi-

car direito e acabar desconge-lando a comida errada.

n Data – Colocar o dia em que foi para o congelador é uma maneira de controlar o tempo em que a comida está congelada. Cada alimento tem um período em que pode ficar congelado, após esse período ele perde nutrientes, sabor e em alguns casos causa prejuízo a saúde se consumido.

n Peso – Se tiver balança aproveite para colocar o peso, principalmente em molhos e temperos, isso ajuda muito na hora dos preparos.

3 - Organizaçãon Utilize potes adequados

ao tamanho do seu freezer.n Sempre deixe com a eti-

queta a vista.n Além dos potes podemos

utilizar sacos tipo ziplock para alimentos mais líquidos e pas-tosos, podendo empilhar e oti-mizar o espaço.

Um freezer organizado aca-ba ajudando no seu bolso, pois assim você consegue controlar melhor o que tem congelado, evitando desperdício de alimen-to e consequentemente de di-nheiro, além de sua praticidade.

n Classificação: Prato principaln Tempo de preparação: 30 minutos n Dificuldade: Fáciln Porções: 2 Pessoas

Coluna do Vinho Gustavo Andrade de Paula [email protected]