16
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO TRABALHO DE CONCLUSÃO CURSO PERÍODO 2014.2 1 Aluna do Curso de Engenharia de Petróleo, Departamento de Engenharia Mecânica, UFCG, Campina Grande, PB, e-mail: [email protected] 2 Engenharia de Petróleo, Professora Doutora, Departamento de Engenharia Mecânica, UFCG, Campina Grande, PB, e-mail: [email protected] A UTILIZAÇÃO DO GNV FRENTE OUTROS COMBUSTÍVEIS AUTOMOTIVOS NA PARAÍBA Yasmin Maria da Silva Menezes 1 , Adriana Almeida Cutrim 2 Resumo. O custo da gasolina e do etanol como combustíveis automotivos tem aumentado significativamente. Devido a isso, a procura por novos combustíveis mais econômicos tem se mostrado importante e o uso do gás natural veicular (GNV) tem se destacado. O GNV tem todas as propriedades físicas e químicas de que um veículo necessita para um bom desempenho, além de que trata-se de um combustível limpo que possui o menor preço de comercialização no mercado, quando comparado aos combustíveis tradicionais. Este trabalho tem como objetivo mostrar o uso do GNV frente ao uso dos outros combustíveis tradicionais em veículos leves na Paraíba, identificando suas vantagens mecânicas, econômicas e ambientais. A metodologia empregada a fim de se alcançar os objetivos foi a pesquisa qualitativa de caráter descritivo e levantamento de dados fornecidos pela PBGás a cerca da situação do GNV na Paraíba. Por meio da pesquisa efetuada, foi possível evidenciar os benefícios do GNV comprovando a redução de custos com a utilização desse combustível, redução de emissão de poluentes ao meio ambiente e ainda a demanda crescente do uso deste combustível na Paraíba. Palavras-chave: GNV, combustível, custo, Paraíba Abstract. The cost of gasoline and ethanol as automotive fuels has increased significantly. Because of this, the demand for new more economical fuels has been shown to be important and the use of natural gas vehicles (CNG) has excelled. The CNG has all the physical and chemical properties of a vehicle requires for a good performance, and that it is a clean fuel that has the lowest price of marketing, when compared to traditional fuels. This work aims to show the use of the CNG vs. use of other traditional fuels in light vehicles in Paraiba, identifying their mechanical, economic and environmental advantages. The methodology employed in order to achieve the goals was the qualitative research of descriptive character and survey data provided by PBGás about the situation of the CNG in Paraiba. Through the research carried out, it was possible to highlight the benefits of the CNG proving the cost reduction with the use of this fuel, reduction of emission of pollutants to the environment and the increasing demand of the use of this fuel in Paraiba. Key Words: CNG, fuel, cost, Paraíba 1. INTRODUÇÃO Na década de 40, as descobertas de óleo e gás no estado da Bahia deram início à história do gás natural (GN) no Brasil. Porém, foi na década de 80 que se teve um grande aumento na produção do GN, com a exploração da Bacia de Campos (RJ), disponibilizando o gás para consumo industrial e residencial na Região Sudeste por meio de gasodutos (PIQUET et al., 2009). Ainda na década de 80, a falta de combustíveis líquidos, principalmente na Europa, deu origem à aplicação do gás natural nos motores veiculares e em 1988 essa ideia chegou ao Brasil com a elaboração do Plano Nacional de Gás para Uso no Transporte, o PLANGÁS. O objetivo desse plano consistia em substituir o uso do óleo diesel das frotas pesadas por gás natural, uma vez que esse combustível correspondia a aproximadamente 52% do consumo energético do país, enquanto que o gás a apenas 1,8% desse total. No entanto, a pequena diferença entre os preços desses combustíveis e a escassez de postos de abastecimento inviabilizavam

A Utilização Do Gnv Frente Outros Combustíveis Automotivos Na Paraíba

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Com esse trabalho, é possível evidenciar os benefícios do GNV comprovando a redução de custos com a utilização desse combustível, redução de emissão de poluentes ao meio ambiente e ainda a demanda crescente do uso deste combustível na Paraíba.

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CINCIAS E TECNOLOGIA

    UNIDADE ACADMICA DE ENGENHARIA MECNICA CURSO DE GRADUAO EM ENGENHARIA DE

    PETRLEO TRABALHO DE CONCLUSO CURSO

    PERODO 2014.2

    1 Aluna do Curso de Engenharia de Petrleo, Departamento de Engenharia Mecnica, UFCG, Campina Grande, PB, e-mail: [email protected] 2 Engenharia de Petrleo, Professora Doutora, Departamento de Engenharia Mecnica, UFCG, Campina Grande, PB, e-mail: [email protected]

    A UTILIZAO DO GNV FRENTE OUTROS COMBUSTVEIS AUTOMOTIVOS NA PARABA

    Yasmin Maria da Silva Menezes1, Adriana Almeida Cutrim2

    Resumo. O custo da gasolina e do etanol como combustveis automotivos tem aumentado

    significativamente. Devido a isso, a procura por novos combustveis mais econmicos tem se mostrado importante e o uso do gs natural veicular (GNV) tem se destacado. O GNV tem todas as propriedades fsicas e qumicas de que um veculo necessita para um bom desempenho, alm de que trata-se de um combustvel limpo que possui o menor preo de comercializao no mercado, quando comparado aos combustveis tradicionais. Este trabalho tem como objetivo mostrar o uso do GNV frente ao uso dos outros combustveis tradicionais em veculos leves na Paraba, identificando suas vantagens mecnicas, econmicas e ambientais. A metodologia empregada a fim de se alcanar os objetivos foi a pesquisa qualitativa de carter descritivo e levantamento de dados fornecidos pela PBGs a cerca da situao do GNV na Paraba. Por meio da pesquisa efetuada, foi possvel evidenciar os benefcios do GNV comprovando a reduo de custos com a utilizao desse combustvel, reduo de emisso de poluentes ao meio ambiente e ainda a demanda crescente do uso deste combustvel na Paraba.

    Palavras-chave: GNV, combustvel, custo, Paraba Abstract. The cost of gasoline and ethanol as automotive fuels has increased significantly.

    Because of this, the demand for new more economical fuels has been shown to be important and the use of natural gas vehicles (CNG) has excelled. The CNG has all the physical and chemical properties of a vehicle requires for a good performance, and that it is a clean fuel that has the lowest price of marketing, when compared to traditional fuels. This work aims to show the use of the CNG vs. use of other traditional fuels in light vehicles in Paraiba, identifying their mechanical, economic and environmental advantages. The methodology employed in order to achieve the goals was the qualitative research of descriptive character and survey data provided by PBGs about the situation of the CNG in Paraiba. Through the research carried out, it was possible to highlight the benefits of the CNG proving the cost reduction with the use of this fuel, reduction of emission of pollutants to the environment and the increasing demand of the use of this fuel in Paraiba.

    Key Words: CNG, fuel, cost, Paraba 1. INTRODUO

    Na dcada de 40, as descobertas de leo e gs no estado da Bahia deram incio histria

    do gs natural (GN) no Brasil. Porm, foi na dcada de 80 que se teve um grande aumento na

    produo do GN, com a explorao da Bacia de Campos (RJ), disponibilizando o gs para

    consumo industrial e residencial na Regio Sudeste por meio de gasodutos (PIQUET et al.,

    2009).

    Ainda na dcada de 80, a falta de combustveis lquidos, principalmente na Europa, deu

    origem aplicao do gs natural nos motores veiculares e em 1988 essa ideia chegou ao Brasil

    com a elaborao do Plano Nacional de Gs para Uso no Transporte, o PLANGS. O objetivo

    desse plano consistia em substituir o uso do leo diesel das frotas pesadas por gs natural, uma

    vez que esse combustvel correspondia a aproximadamente 52% do consumo energtico do

    pas, enquanto que o gs a apenas 1,8% desse total. No entanto, a pequena diferena entre os

    preos desses combustveis e a escassez de postos de abastecimento inviabilizavam

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    economicamente a converso da frota nacional. A partir dessa medida, em 1992, o gs natural

    iniciou seu desenvolvimento efetivo e foi viabilizado como combustvel alternativo, seja para o

    etanol, para a gasolina ou mesmo para o diesel, como uma estratgia do governo federal de

    aumentar a participao do GN na matriz energtica nacional de 2% para 12%

    (CAVALCANTI, 2005).

    A regulamentao do GNV se deu oficialmente no ano de 1996, sendo possvel converter

    qualquer veculo onde o combustvel estivesse disponvel (Cavalcanti, 2005). Como esperado,

    os donos dos veculos movidos gasolina e a etanol aderiram ao programa de GNV devido ao

    diferencial de preos e relao custo/benefcio favorvel ao novo combustvel (NAPPO,

    2009).

    Dados da ANP (2003), afirmam que o Brasil chegou ao segundo lugar no mercado

    mundial de GNV, chegando a converter 400 mil veculos. Ao final de 2012 o Brasil decaiu de

    sua colocao com aproximadamente 1,73 milhes de veculos movidos a GNV, sendo

    precedido pelo Ir (3,3 milhes), Paquisto (3,1 milhes) e Argentina (2,18 milhes). Neste

    mesmo ano o GNV passou a participar de 9% do consumo de GN no pas, apresentando 1699

    postos de abastecimento e com uma mdia nacional de venda de 93476 m3/ms/posto (Figura

    01).

    Figura 01 Crescimento no nmero de postos de abastecimento de GNV nos anos de 2006

    e 2012.

    .

    Fonte: Adaptado de Almeida (2014).

    Ao longo dos anos, a demanda de GNV se tornou decisiva para a ampliao da malha de

    distribuio e otimizao da logstica do GN nas regies do Brasil, especialmente na regio

    Nordeste, onde essa ampliao foi intensiva na regio litornea, dando o ponta-p inicial para a

    criao do gasoduto que liga Cabo (PE) a Guamar (RN), possibilitando a distribuio de GN

    nos estados do Rio Grande do Norte, Paraba e Pernambuco (PRAA, 2003).

    At 1997, a Petrobras manteve o monoplio na produo e no transporte de gs natural,

    cabendo s distribuidoras estaduais a distribuio e venda de gs aos consumidores

    residenciais e industriais. Aps essa data, com a nova Lei 9.478/97, instituies privadas

    puderam atuar na cadeia do petrleo e do gs natural, dentre elas, a Companhia Paraibana de

    Gs (PBGS), responsvel pelo transporte e distribuio de gs natural na Paraba, cuja

    composio acionria tem o Governo do Estado da Paraba, a Gs Participaes Ltda.

    (GASPART) e a Petrobras Distribuidora S. A (SOUSA, 2009).

    A tendncia atual que o mercado de gs natural assuma uma participao crescente no

    Brasil e no mundo, seja por apresentar um diferencial de preos mais atraente, o que

    proporciona uma relao custo/benefcio favorvel para o combustvel veicular, seja pela

    questo ambiental, por se tratar de um combustvel limpo.

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    O objetivo geral deste trabalho mostrar o uso do gs natural veicular (GNV) frente ao

    uso dos outros combustveis tradicionais, como gasolina e etanol, em veculos leves, na

    Paraba, apresentando dados quantitativos que considerem a viabilidade econmica, o

    desempenho e os benefcios ambientais para, assim, estabelecer suas vantagens e desvantagens.

    2. GS NATURAL VEICULAR

    Na natureza, o gs natural aparece associado ao petrleo, onde forma uma cmara de

    presso acima da superfcie de lquido, ajudando a elevao do petrleo at a superfcie. Nestas

    condies, o gs sai juntamente com o leo. Ento, passa por um separador e, ou conduzido

    para o consumo, ou reinjetado para auxiliar a extrao do petrleo. Pode, tambm, ocorrer em

    jazidas sem a presena do petrleo, sendo denominado de no associado (PITANGA, 1992).

    Os hidrocarbonetos presentes em uma jazida determinam se haver ou no petrleo junto

    ao gs natural. A forma fsica do hidrocarboneto depende do nmero de tomos de carbono

    presentes na estrutura molecular: at quatro tomos em cada molcula, este se apresenta na

    forma gasosa, constituindo o gs natural, que uma mistura de metano, etano, propano e

    butano, entre cinco e vinte tomos de carbono por molcula, o hidrocarboneto se apresenta na

    forma lquida, constituindo o petrleo bruto, acima deste valor, o estado slido, formando os

    diversos tipos de carvo (LOURENO, 2003).

    Os principais usos do gs natural, segundo a Gs Point (2014), so mostrados na Figura

    02: matria-prima petroqumica; redutor siderrgico; combustvel industrial; no setor

    comercial; no setor residencial; no setor eltrico; e, por fim, no setor automotivo como

    combustvel veicular (GNV).

    Figura 02: Principais usos do Gs Natural.

    Fonte: Elaborao prpria com dados da Gs Point (2014).

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Segundo a ANP (2003), em meados da dcada de 90 o uso do gs natural como

    combustvel foi liberado pelo Governo, aps a indicao clara de que este produto poderia ser

    fornecido aos veculos de passeio em geral e ento, a partir da, toda a cadeia do gs natural

    vem apostando na expanso do mercado de GNV.

    De acordo com Brando Filho (2005), o desenvolvimento de um mercado como o GNV

    deve ser definido dentro do cenrio competitivo de combustveis disponveis em uma

    determinada regio, sabendo que os outros combustveis existentes e mais utilizados para o

    abastecimento de veculos leves so a gasolina e o etanol. Em conjunto com o etanol, a

    utilizao do GNV pode atuar na diminuio do consumo de gasolina em regies de alto ndice

    de poluio e com custos elevados de distribuio, como o caso de alguns estados da regio

    Nordeste do Brasil.

    Segundo a Associao Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gs Canalizado

    (ABEGS), no Brasil, houve um aumento de 18,4% de converses do ano de 2013 para 2014.

    Acredita-se que o aumento do preo dos combustveis tradicionais, principalmente a gasolina,

    vem contribuindo para o crescente nmero de converses. 2.1. Converso para GNV

    Os veculos movidos a GNV podem ser ditos veculos dedicados, quando funcionam

    exclusivamente com o GNV, veculos bicombustveis, quando funcionam com o GNV e com

    outro combustvel, como gasolina ou etanol, sendo estes os tipos mais comuns, ou Tri Fuel,

    quando o veculo se alimenta dos trs combustveis. Atualmente, no Brasil, os veculos

    dedicados ainda no so fabricados, porm, em algumas regies possvel que se importe. Os

    veculos bicombustveis podem ser fabricados desta forma ou podem ser adaptados em

    oficinas credenciadas, onde passam por um processo de converso e passam a poder contar

    com a opo de utilizar o GNV como combustvel (BRANDO FILHO, 2005).

    A converso do veculo no altera a utilizao do combustvel original. Na oficina, o

    veculo deve passar por uma avaliao tcnica completa que verifica e comprova a viabilidade

    da instalao do kit gs e o seu funcionamento com gs natural. Nesta avaliao, o mecnico-

    tcnico verifica se necessria a substituio de alguns itens, ilustrados na Figura 03, como, o

    sistema de ignio; a sonda lambda, que gerencia as informaes para os ajustes de mistura; o

    atuador de marcha lenta, responsvel por manter o regime de marcha lenta sempre no mesmo

    valor, independente do combustvel; filtro de ar, o qual garante a estabilidade da primeira

    regulagem do equipamento; a taxa de compresso, a qual deve atender um patamar mnimo

    sob pena de impedimento da converso; entre outros (SANTOS, 2002).

    Aps a instalao do kit gs, necessrio abastecer o sistema com presso normal de

    trabalho, de 200 a 220 kgf/cm2, onde os riscos de vazamentos so verificados para

    posteriormente o sistema de diagnstico eletrnico computadorizado fazer ajustes dos nveis

    de mistura, sendo possvel conseguir uma situao real de uso que no v prejudicar o motor

    em longo prazo. Na converso, necessrio que um conjunto de equipamentos seja instalado

    no motor (GS POINT, 2014):

    Cilindros: trata-se de um conjunto de reservatrios que acondicionam o gs;

    Rede de tubos de alta e baixa presso;

    Dispositivo regulador de presso;

    Vlvula de abastecimento;

    Dispositivo de troca de combustvel;

    Indicadores de condio do sistema.

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Figura 03 Itens que podem ser substitudos na converso para GNV.

    Fonte: Elaborao prpria com imagens do Gs Point, 2014.

    O motor movido GNV funciona com o deslocamento do gs do cilindro para o redutor

    de presso, onde a mesma ser adequada para o funcionamento do motor, atravs de um tubo

    de ao de alta presso. Para chegar ao motor, o gs passa pelo motor de passo, que regula a

    mistura oxignio/combustvel atravs do gerenciador eletrnico. Posteriormente, o gs vai

    para o misturador, que aspira o GNV e o insere no motor, onde ser queimado e os gases

    provenientes da queima so liberados pelo escapamento. No escapamento est localizada uma

    sonda lambda, que faz a medio dos gases emitidos pela descarga e verifica se a queima est

    correta, pois do contrrio, a sonda envia a informao ao gerenciados que corrige a mistura

    atravs do motor de passo (FULL GS, 2014).

    A maior desvantagem na converso do veculo a perda de espao no porta-malas em

    decorrncia da instalao do cilindro de gs, o qual o reservatrio do combustvel. O cilindro

    mais comum tem capacidade para armazenar 15 m3. Para carros pequenos existe a opo de

    utilizar cilindros de 7,5 m3 e para carros de maior porte existem os cilindros de 17 m3, 21 m3 e

    24,5 m3. A opo de utilizar os cilindros debaixo do carro tambm possvel, porm seria

    necessria a substituio do escapamento e em alguns casos, remover ou modificar a caixa do

    estepe, que implica em um custo maior e desnecessrio (GS POINT, 2014). A Tabela 01

    mostra o volume do cilindro e seu volume equivalente em L de etanol e gasolina, assim como

    tambm indica para quais carros recomendado o uso de tal cilindro.

    Vale ressaltar que o cilindro de GNV mais seguro que os tanques de gasolina e de

    etanol. Eles trabalham com uma presso mxima de 250 bar, enquanto que a presso de

    ruptura chega a 900 bar, presso esta que os compressores dos postos no so capazes de

    produzir (Gs Point, 2014). Alm disto, nenhum tipo de projtil ou de coliso pode levar o

    cilindro a explodir, afirmao comprovada por ensaios de balstica. Em caso de vazamento, o

    gs facilmente se dispersa na atmosfera, dado que sua densidade aproximadamente 60%

    menor que a do ar, no tornando a atmosfera txica ou explosiva (TARGET, 2013).

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Tabela 01: Volume dos cilindros e respectivas indicaes de carros.

    CILINDRO

    VOLUME

    EQUIVALENTE

    DE ETANOL

    VOLUME

    EQUIVALENTE

    DE GASOLINA

    TIPO DE CARRO

    RECOMENDADO

    13 L 10 L

    Gol, Uno, Palio,

    Corsa, Clio e

    demais pequenos.

    26 L 20 L

    Gol, Uno, Palio,

    Celta, Corsa, Clio,

    demais pequenos.

    28 L 21 L

    Corsa, Sedan,

    Picapes, Escort,

    Monza, Santana,

    Parati, etc.

    31 L 25 L Santana, Parati,

    Doblo, Meriva, etc.

    30 L 22 L Picapes em geral,

    furges, vans, etc.

    25 L 19 L

    Santana, Parati,

    Picasso, Doblo,

    Merica, etc.

    Fonte: Elaborao prpria com dados da Gs Point, 2014.

    Os kits podem ser de 2, 3 ou 5 gerao, cujas diferenas mais significativas esto no

    sistema de alimentao do combustvel. Os kits de 2 gerao utilizam um sistema de

    monoponto no gerenciado, ou seja, um carburador, onde o GNV aspirado de forma fixa,

    com regulagem manual, recomendados para veculos com ano de fabricao at 1996. Os kits

    de 3 gerao possuem sistemas de monoponto gerenciado, com injeo direta em um nico

    ponto (GNV aspirado variavelmente e controlado por vlvula eletrnica) e regulagem manual,

    recomendados para veculos fabricados a partir de 1996. Finalmente, os kits de 5 gerao

    utilizam sistemas multiponto, isto , de injeo eletrnica, onde o GNV injeto (no aspirado)

    e controlado pela central de injeo eletrnica do kit GNV. Sua regulagem eletrnica e esses

    kits so recomendados para veculos fabricados a partir de 2007 (GS BRASILIANO, 2014).

    A Figura 04 ilustra um kit gs de 5 gerao composto por uma vlvula de cilindro, um

    cilindro GNV, o misturador (ECU GNV), variador de avano, o qual controla o ponto de

    ignio do veculo, chave comutadora, o redutor de presso, vlvula de abastecimento,

    indicador de nvel de gs no cilindro e, por fim, bicos injetores e suporte que injetam o gs na

    entrada da vlvula de admisso.

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Figura 04 Kit GNV de 5 Gerao

    Fonte: Rodegs, 2014.

    2.2. Vantagens e Desvantagens 2.2.1. Ambientais

    A combusto do gs natural no produz xido de enxofre, chumbo e particulados e dentre

    os outros combustveis, o GNV o que produz a menor quantidade de dixido de carbono

    (CO2), no emite fumaa preta e nem odores alm de sua combusto ser sua combusto mais

    lenta, permitindo significativa reduo do rudo dos motores (AMBIENTE ENERGIA, 2014).

    E tambm devido aos combustveis lquidos serem mais volteis, eles evaporam de modo

    descontrolado, ao passo que a fuga de GNV dos cilindros praticamente no acontece, inclusive

    no abastecimento do combustvel.

    Segundo o Portal Ambiente Brasil, o uso do GNV age na reduo dos nveis de

    poluio atmosfrica e seu uso adequado pode reduzir as emisses de monxido de carbono

    (CO) em 76%, de xidos de nitrognio (NOx) em 84%, e de hidrocarbonetos pesados (CnHn)

    em 88%, praticamente eliminando as emisses de benzeno e formaldedos, que so

    cancergenos.

    Entretanto, Takahashi (2006) provou que o fator de emisso de poluentes na atmosfera

    pode vir a divergir dos esperados a depender do tipo de carro, do fabricante e ano de

    fabricao, da gerao do kit de converso para o GNV usado e tambm se os componentes

    mecnicos do veculo se encontram em perfeitas condies de uso. As emisses tornam-se

    menores se relacionadas com a emisso de veculos mais antigos.

    A Tabela 02 apresenta dados de valores tpicos de emisses de CO, NOx, aldedos

    (RCHO), hidrocarbonetos no-metano (NMHC) e metano (CH4) para veculos que utilizam

    gasolina, etanol e veculos convertidos ao uso de GNV no ano de 2008. A partir desses dados,

    percebe-se que o GNV pode apresentar fator de emisso de poluentes maior que o da gasolina

    ou do lcool. importante ressaltar que em marcha lenta, os veculos movidos GNV emitem

    grande quantidade de metano, que o prprio GNV antes da queima e apesar de alguns

    autores afirmarem que o GNV no produz dixido de carbono devido queima mais completa

    do GNV, comprovado que a queima do metano produz CO2, porm em quantidades

    menores, como mostra a Tabela 03.

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Tabela 02 Fator de emisso de CO, NOx, RCHO, NMHC, CH4 para veculos leves

    movidos a gasolina, etanol e GNV, em g/km.

    COMBUSTVEL CO NOx RCHO NMHC CH4

    Gasolina 0,37 0,039 0,0014 0,042 0,014

    Etanol 0,67 0,050 0,0140 0,088 0,032

    GNV 0,56 0,290 0,0038 0,026 0,220

    Fonte: Adaptado de 1 Inventrio Nacional de Emisses Atmosfricas por Veculos

    Automotores Rodovirios (2011).

    Tabela 03 Fator de emisso de CO2 em kg/L

    GASOLINA ETANOL GNV

    2,269 1,233 1,999 x 10-3

    Fonte: Adaptado de 1 Inventrio Nacional de Emisses Atmosfricas por Veculos

    Automotores Rodovirios (2011).

    2.2.2. Segurana

    No existe perigo de exploso com o GNV, pois alm de ser mais leve que o ar, o sistema

    de armazenagem e compresso dotado de vlvulas de segurana que se fecham caso haja

    algum rompimento na tubulao, alm de possuir um sistema de exausto em caso de um

    eventual vazamento e em decorrncia da sua densidade ser menor que a do ar, ele se dissipa

    rapidamente para a atmosfera, evitando concentraes de produtos potencialmente perigosos.

    Alm disso, o GNV no txico e odorizado, sendo perceptvel ao nariz humano a uma

    concentrao de apenas 0,5% (GASMAR, 2014).

    Os combustveis lquidos so ricos em benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno (BTEX),

    compostos extremamente nocivos sade humana e cancergenos. Vale ressaltar que esses

    combustveis tambm so altamente inflamveis, sendo que pequenos volumes podem ser

    capazes de provocar incndios.

    Os cilindros de armazenagem do gs usados nos veculos GNV so muito mais

    resistentes do que os reservatrios de gasolina. Eles so submetidos a severos testes de

    segurana, o que os torna prova de coliso, incndio e at mesmo de projteis de armas de

    fogo (TARGET, 2013).

    Os limites de flamabilidade superior e inferior do gs so prximos, o que significa

    que caso haja algum vazamento ativado com uma fasca, um interruptor de luz ou brasa de

    cigarro, imediatamente o fogo se apaga. Produzir uma chama constante praticamente

    impossvel em uma instalao GNV, ou seja, em situaes de vazamento, ele pode ser

    considerado no-inflamvel. Vale ressaltar que seu ponto de auto-ignio muito elevado

    (650C), enquanto que o da gasolina de 200C e do lcool 300C, ficando evidente que se

    houver um processo de aquecimento no veculo, o risco maior de incndio proveniente dos

    combustveis lquidos (GS POINT, 2014).

    Os componentes do sistema de converso testados pelos fabricantes com a finalidade

    de assegurar elevada confiabilidade e as normas de projetos e construes dos postos de

    abastecimento so mais rigorosos que as empregadas na converso dos veculos, o que garante

    normalmente um padro de segurana nas instalaes de GNV, no mnimo igual ou superior

    quelas encontradas para os combustveis lquidos. Outro fator de segurana que no

    abastecimento do veculo no posto, o mesmo feito sem que haja contato com o ar, evitando

    assim qualquer possibilidade de combusto (GS BRASILIANO, 2014).

    A segurana dos veculos a GNV pode diminuir quando os processos relacionados

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    instalao do kit e ao abastecimento no seguem rigorosamente as normas vigentes. Segundo

    Sousa (2009), no existem estatsticas acuradas a respeito dos acidentes com veculos a gs,

    entretanto, os poucos acidentes de que se tem notcia tiveram uma repercusso tremenda entre

    os consumidores do combustvel, devido ao alto poder de destruio que pode ocorrer tanto no

    veculo como na sua rea de entorno.

    A falta de uma fiscalizao rigorosa que obrigue o cumprimento de normas e

    procedimentos de instalao de cilindros e de abastecimentos nos postos de distribuio, leva

    realizao de converses sem qualquer preocupao com qualidade, segurana ou limitao

    das emisses de escapamento do veculo convertido.

    2.2.3. Tcnicas

    Um motor adequadamente adaptado para o uso de GNV opera normalmente com altas

    taxas de compresso permitidas em funo do elevado poder anti-detonante inerente ao GNV,

    e portanto apresenta uma eficincia trmica superior se comparado a motores a gasolina ou a

    etanol (GS POINT, FULL GS, 2014).

    A combusto do GNV com excesso de ar muito prxima da combusto completa,

    reduzindo os resduos a dixido de carbono e vapor dgua e inibindo a formao de resduos

    de carbono no motor, o que aumenta sua vida til e o perodo entre manutenes (BRANDO

    FILHO, 2005).

    Em funo da baixa formao de resduos da combusto e por ser um combustvel

    limpo e seco que no se mistura nem contamina o leo lubrificante, permite um maior

    intervalo entre trocas de leo lubrificante sem comprometer a integridade das partes

    componentes do motor (GASMAR, 2014).

    Uma desvantagem que se destaca alto custo para a converso e manuteno dos

    veculos, alm de que a insuficincia da malha distribuidora e o alto investimento para

    instalao nos postos de servio dos equipamentos especiais necessrios para a operao de

    abastecimento dos veculos tambm so de alto custo e dificultam a implantao da ideia de

    seu uso (SOUSA, 2009). Em geral, o alto custo com manuteno se d devido a converses

    inadequadas, que podem ocasionar, por exemplo, queima do cabeote do carro, ou uma

    reduo da potncia do veculo acima do normal. Para que a manuteno de um veculo

    movido a GNV ocorra com a mesma freqncia e custo dos veculos movidos gasolina ou

    etanol, so recomendadas as instalaes do kit de 5 gerao (GS BASILIANO, 2014).

    Ainda em se tratando de desvantagens, quando o uso exclusivo do GNV se torna mais

    freqente, a gasolina tem grandes chances de ficar envelhecida no sistema e isso pode fazer

    com que ela perca suas propriedades ativadas e para evitar que isso ocorra, ela deve ser usada

    no mximo at trs meses depois do abastecimento. Vale ressaltar que esse procedimento

    tambm implica no desgaste prematuro das velas, cuja vida til pode cair pela metade, por

    requisitarem uma tenso maior de centelhamento (GASMAR, 2014).

    No existem provas de que o motor do veculo seja comprometido devido ao uso do GNV,

    entretanto h casos em que o motor est carbonizado de modo que oculte certas falhas no

    motor, falhas essas que comeam a aparecer com uso do GNV. Isto ocorre porque a queima do

    gs no gera resduos e assim, por conseqncia, limpa os pistes do motor queimando os

    resduos que nele j existiam e expondo o desgaste sofrido (GLOBO GS BRASIL, 2014).

    fato que o motor movido GNV perde potncia por causa da perda calrica no momento

    da exploso. Como mostra a Tabela 04, o GNV o combustvel que possui menor poder

    calorfico, ou seja, ele tem uma queima mais fraca que os outros combustveis, da necessrio

    que se introduza uma maior quantidade de comburente (ar) para que ocorra a combusto e para

    isso, recursos como turbo compressor, cabeotes, xido nitroso, dentre outras peas, so de

    extrema importncia. Os combustveis lquidos mudam para o estado gasoso no momento da

    admisso do ar, perdendo calor e conseqentemente aumentando sua densidade e a massa

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    admitida, acarretando em uma maior potncia. A Tabela 04 tambm apresenta a relao

    ar/combustvel necessria para formar a mistura estequiomtrica ideal para a combusto.

    notvel que a quantidade de GNV para formar a mistura com o ar aspirado pelo motor menor

    comparada ao combustvel lquido e isto, somado menor energia do gs, faz com que o motor

    gere menos potncia (GS POINT, 2014).

    Tabela 04 Poder calorfico e relao ar/combustvel para o GNV, gasolina e etanol.

    COMBUSTVEL PODER CALORFICO

    (kcal/kg)

    RELAO

    AR/COMBUSTVEL

    GNV 5,33 17/1

    Gasolina 10,4 13,4/1

    Etanol 6,65 8/1

    Fonte: Adaptado do Gs Point (2014).

    Devido ao GNV ter menos energia que os combustveis lquidos, uma maior compresso

    no cabeote exigida para que o gs seja forado a queimar mais o combustvel. Entretanto, se

    o motor no estiver com a mistura ideal, ele vai elevar a temperatura na cmara de combusto

    do cabeote, podendo at queimar o cabeote (GLOBO GS BRASIL, 2014).

    De forma geral, a perda de potncia pode variar de 4 a 7% devido ao motor no ser

    dedicado; de 4 a 8% devido s caractersticas do combustvel; e de 8 a 10% devido mistura

    estequiomtrica, totalizando em uma perda de at 25% de potncia, quando no devidamente

    convertido (GLOBO GS BRASIL, 2014).

    Alternativas s principais desvantagens da utilizao de GNV esto sendo aprimoradas e

    entre elas podemos citar a ascenso dos veculos Tri Fuel, que permitem a utilizao tanto do

    gs, quanto da gasolina e etanol, possibilitando obter um melhor desempenho com cada um dos

    trs e reduo na emisso de poluentes; desenvolvimento de compressores de mdia vazo,

    utilizados no abastecimento dos veculos; desenvolvimento de novas geometrias para os

    reservatrios de GNV.

    2.3. GNV na Paraba

    Em 1998, o GNV foi implantado em Joo Pessoa, na Paraba, advindo dos campos de

    produo do Rio Grande do Norte Pernambuco por meio do Gasoduto Nordesto, ligando

    Cabo (PE) a Guamar (RN), cuja construo data desde 1985 (SOUSA, 2009).

    No final de 1994, a PBGs foi fundada e iniciou suas operaes de distribuio de gs

    canalizado no Estado da Paraba no ano seguinte e assim prossegue atualmente. A cidade de

    Joo Pessoa foi a primeira cidade do estado a fornecer e utilizar o GNV no atendimento ao

    segmento automotivo, principalmente em veculos de alto consumo de gasolina (SOUSA,

    2009).

    A frota atual da Paraba de 21542 veculos convertidos, segundo dados do

    DENATRAN no ano de 2014 (Figura 05), representando um total de aproximadamente 2,07 %

    em relao ao nmero total de veculos, dentre os quais 75,26% so bicombustveis, seja

    GNV/gasolina ou GNV/etanol, e 24,56% so Tri Fuel, ou seja, utilizam os trs combustveis e

    apenas 0,08% so exclusivos ao uso de GNV.

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Figura 05 Frota de GNV na Paraba, no ano de 2014.

    Fonte: Elaborao prpria com dados do DENATRAN (2014).

    Dados da PBGs apontam a Paraba como sendo o 5 estado com menor preo do GNV no

    Nordeste (Figura 06) e 10 no ranking nacional (Figura 07), ao passo que tambm o estado

    com o menor custo de etanol na regio (7 no ranking nacional) e o terceiro menor custo de

    gasolina em mbito nacional. De modo geral, os combustveis obedecem a ordem de preo

    GNV < etanol < gasolina.

    Figura 06 Preo dos combustveis na regio Nordeste.

    Fonte: Adaptado de PBGs (2014).

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Figura 07 Preo dos combustveis no Brasil

    *Informaes no disponveis respeito do GNV

    Fonte: Elaborao prpria com dados da PBGs (2014).

    Com relao ao abastecimento, apenas seis municpios comercializam, por meio de

    gasodutos, o combustvel na Paraba, tornando agravante a preocupao com o aumento do

    nmero de converses anuais, por falta de malhas de distribuio que incentivem o uso do

    GNV nos outros municpios do estado. A partir da Tabela 05 possvel observar que o preo

    do GNV, com relao gasolina e ao etanol, o torna a melhor opo de combustvel presente

    atualmente, considerando o custo de abastecimento.

    Tabela 05 Preos dos combustveis por municpio na Paraba, em R$, no ms de

    Dezembro de 2014.

    MUNICPIO GNV ETANOL GASOLINA

    Bayeux 1,962 2,300 2,921

    Cabedelo 1,990 2,313 2,934

    Campina Grande 2,050 2,304 3,026

    Joo Pessoa 1,979 2,295 2,915

    Mamanguape 2,020 2,330 3,001

    Santa Rita 1,980 2,280 2,907

    MDIA 1,997 2,304 2,951

    Fonte: PBGs (2014).

    Considerando que um veculo movido a GNV roda 12 km/m, enquanto que a gasolina

    e o etanol rodam, respectivamente, 10 e 7,5 km/L, tem-se que o custo por km rodado

    aproximadamente 55% menor quando o GNV utilizado, como mostra a Tabela 06.

    Tabela 06 Clculo do custo por km rodado, R$/km.

    COMBUSTVEL UND R$/UND R$/UND R$/UND

    GNV m 1,997 12,00 0,17

    Gasolina L 2,951 10,00 0,30

    Etanol L 2,304 7,50 0,31

    Fonte: PBGs (2014).

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    Quanto mais quilmetros rodados pelo veculo, mais rpido ser o retorno do

    investimento feito para a sua converso. Os dados da Figura 08 consideram os preos mdios

    do GNV, gasolina e etanol mencionados na Tabela 05. Consideram, tambm, que eles,

    respectivamente, rendem 14 km/m3, 10 km/L e 7 km/L e que o investimento feito na instalao

    do GNV seja de R$4000,00 (preo mximo da instalao de um kit de 5 gerao). O tempo de

    retorno do investimento para um veculo Flex (bicombustvel) ou movido etanol sempre

    menor que quele movido gasolina e, a partir de 4000 km rodados, esse tempo chegam a ser

    prximo para veculos movidos a qualquer combustvel e a tendncia que esse valor se torne

    constante se o aumento do preo da gasolina for significativamente maior que o preo do etanol

    e do GNV.

    Figura 08 Tempo de retorno da instalao do Kit GNV.

    FONTE: Elaborao prpria com dados de Gs Brasiliano (2014).

    Pode-se afirmar que o gasto (R$) com os combustveis lquidos chega a ser maior que o

    dobro do gasto com GNV, como pode ser observado na Figura 09. Tanto o consumo de etanol

    quanto o gasto com esse combustvel muito maior quando comparado ao GNV. A gasolina,

    apesar de possuir o custo por litro mais caro, menos consumida pelo motor e acaba se

    tornando mais rentvel que o etanol, porm ainda assim seu consumo muito maior que o de

    GNV.

    Figura 09 Gasto (R$) e consumo dos combustveis.

    FONTE: Adaptado de Gs Brasiliano (2014).

    http://www.gasbrasiliano.com.br/automotivo/aplicacoes/
  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    3. CONCLUSES

    No Brasil, a frota de veculos leves movida basicamente gasolina e etanol, porm

    devido a uma srie de fatores e, principalmente, aos altos preos desses combustveis lquidos,

    o GNV tem entrado em ascenso e se destacado na escolha do combustvel mais utilizado.

    Entretanto, no pas ainda no h venda de veculos exclusivos, ento necessrio que haja a

    converso do motor, a qual deve seguir uma poltica rigorosa para que o mesmo no apresente

    problemas tcnicos futuros, como queima de pequenas peas importantes para o

    funcionamento do motor.

    Quando se trata dos fatores ambientais, o GNV o combustvel com menores emisses de

    poluentes, especialmente o dixido de carbono, porm depende da combinao entre o ano de

    fabricao do veculo e do kit GNV. Quanto mais antigo o veculo ou kit, maior poder ser a

    emisso de poluentes com o uso do GNV, em relao aos combustveis lquidos.

    Em relao segurana, o GNV o combustvel mais seguro tanto por conter o

    reservatrio mais resistente a vazamentos, quando comparado aos tanques de gasolina e

    etanol, quanto por, em caso de vazamentos, no criar uma atmosfera txica ou explosiva por

    se dispersar imediatamente no ar.

    Na Paraba, o nmero de converses de veculos ao uso de GNV crescente, apesar de

    que o Estado apresente um nmero muito pequeno de postos de abastecimento, e o fator que

    mais se destaca como justificativa para isso o baixo custo com abastecimento e um menor

    tempo de retorno com o custo de converso.

    4. AGRADECIMENTOS

    Deus, por ter me guiado at esta etapa da minha vida, me dando fora e motivao

    quando tudo parecia perdido.

    Aos meus pais, Gess Filho e Ivonete Menezes, por todo o sacrifcio a fim de ver um

    grande sonho realizado: minha formao em Engenharia de Petrleo. Pela educao que me

    deram, por todo amor e pacincia, mesmo com a distncia.

    toda minha famlia que contribuiu de forma direta e indireta para que essa graduao

    fosse levada adiante com toda garra possvel, em especial s minhas tias Naurinha e Lalinha e

    ao meu namorado Bruno Paiva, que seguiu todos meus passos desde o incio e me apoiou em

    cada deciso tomada ao longo dessa jornada.

    Aos meus amigos, sem os quais eu no conseguiria adquirir tantos conhecimentos, ter

    tido maravilhosos momentos de descontrao e grupos de estudo, em especial a Thiago

    Rodrigues, Renan Pires, Vinicius Miranda, Bianca Evaristo, Safyra Gurgel, Sammyra

    Almeida, Jder Leal, Rafael Barros, Matheus Garrido, Jssica Ramalho, Raphael Ribeiro, Lus

    Augusto, Lzaro Ricarte, Danielle Lima e minha grande conselheira Endyara Cabral, entre

    tantos outros.

    Prof Dra. Adriana Cutrim, pela orientao tanto no TCC, quanto em todo o meu

    percurso acadmico, com toda sua amizade e sabedoria compartilhadas. coordenadora do

    Curso de Engenharia de Petrleo, Prof Dra. Rucilana Cabral por toda a sua amizade, ateno

    e ajuda nos momentos mais diversos. todos os professores do curso de Engenharia de

    Petrleo por todo o conhecimento e dedicao transmitidos. Ao pesquisador Kleberson Pereira

    por toda contribuio, e tambm amizade, nos mais diversos trabalhos desenvolvidos ao longo

    da minha graduao.

    Companhia Paraibana de Gs (PBGs), na pessoa do Dr. Carlos Alberto, pela

    contribuio dada neste trabalho com dados quantitativos e qualitativos que puderam

    desenvolver minha pesquisa.

  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ABREU, C. S. de. Anlise do desempenho ambiental do GNV como combustvel para a

    coleta de resduos slidos urbanos. 2013. 75 f. Dissertao (Mestrado em Engenharia e

    Tecnologia de Materiais. Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Porto

    Alegre.

    ALMEIDA, E. de. Benefcios da renovao da poltica para o GNV no Brasil. Grupo de

    Economia da Energia. Instituto de Economia. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Braslia, DF. 2014.

    AMBIENTE ENERGIA. O uso do gs natural em veculos (GNV). Disponvel em: <

    http://ambientes.ambientebrasil.com.br/energia/artigos_energia/o_uso_do_gn_em_veiculos_(

    gnv).html >. Acesso em 13 de Dezembro de 2014

    BRANDO FILHO. J. E. Previso de demanda por gs natural veicular: uma modelagem

    baseada em dados de preferncia declarada e revelada. 2005. 274 f. Dissertao (Mestrado

    em Engenharia de Transportes). Universidade Federal do Cear, Fortaleza.

    COMGS. Workshop: gs natural no transporte pblico. So Paulo. Outubro, 2013

    CONCEIO, G. W. da. A viabilidade tcnica, econmica e ambiental da insero do

    gs natural veicular em frotas do transporte coletivo urbano de passageiros. 2006. 290 f.

    Dissertao (Mestrado em Planejamento Energtico). Universidade Federal do Rio de

    Janeiro, Rio de Janeiro.

    DENATRAN. Frotas de veculos. Disponvel em: <

    http://www.denatran.gov.br/frota2014.htm >. Acesso em: 16 de Janeiro de 2015.

    FULL GS. O funcionamento do sistema GNV tradicional. Disponvel em: <

    http://www.fullgas.com.br/site/tudo-sobre-gnv/funcionamento-do-sistema/ >. Acesso em 19 de

    Janeiro de 2015.

    GS BRASILIANO. Simulador de Consumo. Disponvel em: <

    http://www.gasbrasiliano.com.br/automotivo/aplicacoes/ >. Acesso em: 25 de Janeiro de 2015.

    GASMAR. Perguntas freqentes Gs Natural. Disponvel em: <

    http://gasmar.com.br/index.php/2014-06-20-00-12-49 >. Acesso em: 11 de janeiro de 2015.

    GS POINT. Guia de converso para GNV. Disponvel em: <

    http://www.gaspoint.com.br/gnv/guia_conversao.asp >. Acesso em: 27 de novembro de 2014.

    GLOBO GS BRASIL. Combustvel original e GNV: perda de potncia tem soluo

    tcnica. Disponvel em: < http://www.globogasbrasil.com.br/artigos/combustivel-original-e-

    gnv-perda-de-potencia-tem-solucao-tecnica/ >. Acessado em: 13 de Janeiro de 2015.

    GOVERNO DA PARABA. Veculos do Governo do Estado passam a circular com gs

    natural ainda este ano. Disponvel em: < http://www.paraiba.pb.gov.br/48946/veiculos-do-

    governo-do-estado-passam-a-circular-com-gas-natural-ainda-este-ano.html >. Acesso em: 19

    de Dezembro de 2014.

    LOURENO, S. R. Gs Natural: Perspectivas e Utilizao. Dissertao (Comisso de Ps-

    Graduao em Engenharia Mecnica). 123 p. Universidade Estadual de Campinas, So Paulo,

    SP. 2003.

    MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA. Boletim mensal de acompanhamento da

    indstria de gs natural. Secretaria de Petrleo, Gs Natural e Combustveis Renovveis. Ed.

    n 91. Outubro, 2014.

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE. 1 Inventrio Nacional de Emisses Atmosfricas

    por veculos automotores rodovirios. Secretaria de Mudanas Climticas e Qualidade do

    Ambiental. Janeiro, 2011.

    NAPPO, M. A demanda por gasolina no Brasil: uma avaliao de suas elasticidades aps

    a introduo de carros bicombustveis. Dissertao (Mestrado em Finanas e Economia

    Empresarial). 62 p. Escola de Economia em So Paulo, So Paulo, SP. 2007.

    PRAA, E. R. Distribuio do Gs Natural no Brasil: um enfoque crtico e de

    http://ambientes.ambientebrasil.com.br/energia/artigos_energia/o_uso_do_gn_em_veiculos_(gnv).htmlhttp://ambientes.ambientebrasil.com.br/energia/artigos_energia/o_uso_do_gn_em_veiculos_(gnv).htmlhttp://www.denatran.gov.br/frota2014.htmhttp://www.fullgas.com.br/site/tudo-sobre-gnv/funcionamento-do-sistema/http://www.gasbrasiliano.com.br/automotivo/aplicacoes/http://gasmar.com.br/index.php/2014-06-20-00-12-49http://www.gaspoint.com.br/gnv/guia_conversao.asphttp://www.globogasbrasil.com.br/artigos/combustivel-original-e-gnv-perda-de-potencia-tem-solucao-tecnica/http://www.globogasbrasil.com.br/artigos/combustivel-original-e-gnv-perda-de-potencia-tem-solucao-tecnica/http://www.paraiba.pb.gov.br/48946/veiculos-do-governo-do-estado-passam-a-circular-com-gas-natural-ainda-este-ano.htmlhttp://www.paraiba.pb.gov.br/48946/veiculos-do-governo-do-estado-passam-a-circular-com-gas-natural-ainda-este-ano.html
  • I I I J or n a da d e Tr a b a l h o d e C o n c l u s o d e C ur s o d e E n g e n h ar i a de P e t r l e o U FC G /U AE M P er o d o 2 01 4 .2

    minimizao de custos. Dissertao (Programa de Mestrado em Engenharia de Transportes).

    173 p. Universidade Federal do Cear, Fortaleza, CE. 2003.

    PITANGA, F. J. Combusto de lquidos e de gases. So Bernardo do Campo. FEI, 1992.

    RODEGS. Funcionamento do GNV. Disponvel em: < http://rodegas.com.br/funcionamento-

    do-gnv/# >. Acesso em: 02/02/2015.

    SANTOS, E. M. do. Gs Natural: estratgias para uma energia nova no Brasil.

    Annablume, Fapesp, Petrobras. 312 p. So Paulo, SP. 2002.

    SOUSA, M. L. O gs natural como alternativa energtica para os segmentos industrial e

    veicular em Campina Grande PB. Tese (Programa de Ps-Graduao em Recursos

    Naturais). 183 p. Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB. 2009.

    TAKAHASHI, S. ROSSI, L. F. S. Anlise das vantagens e desvantagens da escolha de

    um veculo movido a GNV na cidade de Curitiba. In: XVI Congresso Brasileiro de

    Engenharia Qumica. III Congresso Brasileiro de Termodinmica Aplicada. 2006.

    TARGET. Cilindro de Ao para GNV. Disponvel em: <

    https://www.target.com.br/produtossolucoes/solucoes/solucoes.aspx?pp=27&c=3226 >.

    Acessado em: 02/02/2015.

    http://rodegas.com.br/funcionamento-do-gnv/http://rodegas.com.br/funcionamento-do-gnv/https://www.target.com.br/produtossolucoes/solucoes/solucoes.aspx?pp=27&c=3226