A variação linguística no português brasileiro com pessoas influentes do Brasil

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Este artigo é uma pequena pesquisa sobre o campo da linguagem oral do português brasileiro.

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSOCAMPUS UNIVERSITRIO DE PONTES E LACERDAFACULDADE DE LINGUAGEM ZOOTECNIA E DIREITOCOORDENAO DE LETRASDISCIPLINA: SOCIOLINGUISTICADOCENTE: DIVINO ALEX ROCHA DE DEUS

ARTIGO CIENTFICO

HLIO RODRIGUES DA SILVA

Pontes e Lacerda MT2014/2A variao lingustica no portugus brasileiro com pessoas influentes do Brasil

Hlio Rodrigues da silva

Texto da disciplina de Sociolingustica: Nivelamento do III semestre do Curso de Letras do Campus Universitrio de Pontes e Lacerda, apresentado como requisito das atividades de Prtica como Componente Curricular.

Professor Me: Divino Alex.Pontes e Lacerda-MT2014/02[footnoteRef:1]A variao lingustica no portugus brasileiro com pessoas influentes do Brasil [1: *Hlio Rodrigues da Silva esta cursando letras no campus universitrio de Pontes e Lacerda Universidade de Mato Grosso. Endereo eletrnico: [email protected], fone: (65) 99292958.]

Hlio Rodrigues da SilvaResumo: este artigo uma pequena amostra das variaes do nosso portugus brasileiro, levando em conta que o nosso pas tem uma extenso geograficamente grande, e muitos micros e macros regies, h uma variao lingustica bem expressiva. Como se trata de uma pesquisa limitada no exps um apanhado geral das variaes lingustica de todo o pas, apenas de duas pessoas influentes de regies diferentes e culturalmente diferentes. Complementei fazendo algumas comparaes lingusticas com pessoas comuns de minha regio e de minha famlia. Palavras chave: sociolingustica Variaes lngua portugus brasileiro Introduo Este artigo tem por finalidade pesquisar nos fundamentos da lngua brasileira uma explicao para tantas maneiras de se expressar possivelmente valida na lngua oral, e no totalmente na linguagem escrita na chamada gramtica tradicional ou formal. Se existe uma nica maneira correta? O que os grandes estudiosos da lngua portuguesa penso a esse respeito? uma maneira intrigante de entender a situao do falante na sociedade j que a sociedade exige uma falar correto com o pretexto de qualificar o falante pelo modo de sua fala. Farei uma apreenso da oralidade de pessoas influente de nosso pas com um modo brasileiro de fala. Embasado em alguns tericos da sociolingustica como apresentarei no quadro terico a seguir, que farei esta analise.Quadro tericoO estudo organizado e sistemtico da lngua falada e suas variaes so muito recentes, a sociolingustica a cincia que deu conta desta explicao, e com isso podemos entender a importncia do falante em uma sociedade qualquer. Schleicher (1821-1867) foi um dos primeiros a observar esta variao lingustica nos estudos que fez com a lngua indo-europeia, a partir da fala e no da escrita. Ele considerava essa variao, como diferenciais dos falantes com uma justificava: a capacidade dos falantes com um aparelho fonador e um crebro evoludo poderia falar uma lngua natural, assim alem de considerar a lngua um organismo vivo, tambm atribua um falar preconceituoso de raa aos falantes responsveis pelas variaes. Esse passo foi muito importante para os estudos lingusticos. A sua pesquisa resulta na definio de dois grandes ramos lingusticos: ocidental e oriental. Um sculo mais tarde surge o primeiro congresso organizado por Willian Bright na universidade da Califrnia. Neste congresso, vrios estudiosos do assunto fazem suas propostas dos estudos voltados para uma cincia que se preocupasse com as relaes de variaes das comunidades de fala. Labov publica um trabalho que ficou marcado como os primeiros passos das pesquisas das comunidades de fala. Ele pesquisou fatores como idade, sexo, ocupao, origem tnica e atitude aos comportamentos lingusticos manifestos na pronuncia. Assim Willian Labov, em seu trabalho de 1963, define sua pesquisa observando este fato to significativo para a sociolingustica. Aps a apresentao de seu trabalho Labov deixa uma forte preocupao com o insucesso escolar de crianas de grupos sociais menos favorecidos; e em 1964 houve outro congresso em Bloomington, em que vrios linguistas apresentam seus trabalhos e debate sobre a escolarizao das crianas pobres e de origem estrangeira. Assim surgem trs obras a partir destas discusses e trabalhos: Ferguson (1965) Directions in sociolinguistics: Reporto na interdiciplinary seminar, Lieberson, (1966), social dialect and language learning. Fica evidente que se houve uma preocupao em estudar as variaes lingusticas, porque elas existem em qualquer lngua e sociedade, e a preocupao da sociolingustica no problematizar a lngua, mas mostrar a qualidade constitutiva do fenmeno lingustico; isto equivale estudar os dois lados da lngua o aspecto formal estruturado e o fenmeno variacionista.Labov estuda a lngua como fator heterogneo, para ele a lngua no homognea como afirma Saussure, mas faz parte de uma comunidade, assim ele cr que estudar sociolingustica estudar empiricamente as comunidades de fala. Mas para Saussure definir lngua fazer uma dicotomia entre lngua interna e lngua externa; elas se opem em orientaes formais e contextuais. O sistema formal/estrutural convencionado na sociedade; mais claramente um sistema invariante que pode ser abstrado das mltiplas variaes observveis da fala, a atividade da fala excluda como fator externo. Contudo Saussure foi de grande importncia para a lingustica e para a continuao das pesquisas, alem de estudar e dar sentido a uma nova cincia, ele serviu de inspirao para outros grandes pesquisadores com mile Benveniste. Benveniste tambm deixou sua marca na lingustica apesar de seu campo de estudo estar mais voltado a anlise do discurso, ele no deixa de ser importante para a sociolingustica, dentro da, e pela lngua que o individuo e sociedade se determinam mutuamente (Gamardi, pg. 26). Para Benveniste lngua e sociedade no so concebveis uma sem a outra, entretanto a lngua sendo faculdade mental dos indivduos em sociedade, ela s possvel pelo exerccio da linguagem de um individuo com outro. No poderia deixar de citar neste quadro, um grande pesquisador e doutor em lngua portuguesa, o brasileiro Marcos Bagno; Em seu livro, portugus ou brasileiro. Para Bagno o reconhecimento da lngua falada um grande passo para as pesquisas das cincias da lngua. A sociolingustica apesar de ser muito jovem proporciona para todos os pesquisadores um amplo olhar. Por muitos sculos a gramtica normativa a conteve em segundo plano, Segundo Bagno a lngua falada a verdadeira e natural, a lngua que cada pessoa aprende com sua me e seu pai, seus irmos, suas tribos, seus grupos sociais etc. ela a lngua viva em constante ebulio e transformao. Bagno ainda afirma que no podemos deixar de valorizar a lngua escrita, pois dela depende todas as cincias. Mas a questo da lngua oral muito mais importante, pois ela usada por todos, ate por quem no sabe ler os cdigos lingusticos. A comunicao depende dela, sem falar que ela acompanha o ser humano desde o primeiro ancestral a pisar na terra, e a linguagem escrita s foi usada muito mais tarde. As frases trabalhadas a seguir parte de uma entrevista com a cantora e atriz Mariana Rios, no programa do J Soares. O modo expressivo da atriz mostra uma originalidade de falar, refletindo a oralidade de sua cidade de origem, Arax, Minas Gerais; apesar de ser uma pessoa influente no meio artstico brasileiro; ela carrega consigo todo conjunto do sotaque de sua regio. Eu s di Arax ... Minas... Esta frase inicial na apresentao, podemos notar que o uso da lngua no esta em desacordo com as regras gramaticais, apenas o modo expressivo de falar. Isto muito comum entre ns brasileiros, omitir ou trocarmos o som fontico de algumas letras na pronncia de algumas palavras, neste caso ela omite a letra u no verbo trocando por uma fora a mais na vogal o ficando assim uma vogal Tonica acentuada. A outra mudana que ela faz trocar a vogal e pela semivogal i na pronuncia da preposio de da frase. A seguinte expresso: a minha famlia toda mora L, como podemos observar, no h nenhum problema na compreenso do enunciado, apesar de parecer um pouco estranha, se a frase fosse falada assim: toda a minha famlia mora La. Poderia soar melhor, Toda est representando o pronome indefinido de famlia, seguido de uma preposio a ligando o outro pronome possessivo minha que explica de quem se trata a famlia, aps o verbo mora de residir, e por ultimo o pronome La substituindo o local que ela morava. No entanto temos todas as informaes que precisamos no enunciado, apenas de uma forma diferente de expressar. Eu vim pru rio cum dizoito anus deixei todo mundo... Aqui temos uma questo fonolgica, as palavras sublinhadas so pronunciadas diferentes do modelo escrito, o que no afeta o entendimento na oralidade; o termo anus na escrita tem outro sentido semntico, mas compreensivo na oralidade, pois est dentro do enunciado completando o sentido de idade. Outro ponto interessante a parte final do enunciado deixei todo mundo este mundo a que ela refere entendemos que se trata de sua famlia, se fossemos questionar separadamente do texto seria com certeza uma frase ambgua. Mas ambiguidade uma variao que ns falantes do portugus estamos sempre usando, por isso s vezes precisamos alongar nossos discursos. A gente cunvers... cunversei com a famlia intera todo mundo mi apoio. Neste pequeno trecho vamos observar a troca do pronome ns por a gente, que em nvel de lngua no tem nenhum problema, a gente entende muito bem; mas j que estamos referindo norma gramatical, antiga totalmente desatualizada da lngua portuguesa brasileira, podemos ver que essa troca no aceitvel, porem nossos grandes estudiosos de nossa lngua est propondo uma mudana atravs das gramticas descritivas. Na sequencia ela usa o verbo com o sujeito oculto conversei para expressar que teve uma conversa com a famlia, para obter a aprovao de sua famlia. Eu cumecei a canta profissionalmente com sete anos, eu cumecei a participa di festivais de musica com sete anos, comecei faze dingoo. Vou investi no gado...; v quantu ki u sinh me compra essa vaca? E ai, vim vende a vaca pro sinh u sinh j ta com cheque ai? Fiquei semana intera olhando papel de parede olhando a tabua queu ia coloca. Nestas afirmaes vamos observar que ela omite a letra R nos verbos cantar, participar, Fazer, investir vender colocar e no pronome de tratamento senhor. Como podemos ver, esta forma de pronuncia omitindo a letra r no final do verbo constante no dialogo, isto uma variao tpica de algumas regies brasileiras como Minas Gerais, Bahia, entre outros o Mato Grosso. Observando alguns verbos pronunciados por uma pessoa de minha famlia pode constatar esta mesma omisso do caso acima, o verbo fazer, morar, falar e andar todos foram pronunciados, em apenas um momento sem que meu interlocutor percebesse esta omisso. Isto refora a ideia que ns mato-grossense, tambm variamos neste caso. Um fato interessante nas variaes dos ltimos anos, uma grande parte das pessoas est humanizando os animais domsticos, atravs da linguagem, minha vaca por sorte ela tava grvida... E ai ela teve nenein i eu fiquei cuidano disso, e eu criana sempre ligava v e ai, a vaca ta grvida di novo? Ta prenha? Neste caso a Mariana falou com a maior naturalidade, como se estivesse falando de um ser humano. Mas o que eu observei que este fato esta acontecendo no meio feminino e das crianas. Eu estava na sala de espera em um pet shop e observei pelo menos umas trs senhoras com seus animaizinhos, elas conversavam com seus filhotes ces e gatos como se estivesse falando com seus filhos. Os termos usados era sempre, mame no vai deixar voc aqui, mame volta pra te buscar, filhinha fique quietinha daqui a pouco vamos embora no vai doer, mame esta aqui pra te proteger. Variao de diferena no nome: eu ganhava vendendo chup chup, mas u chup chup num dava, no, os chup chup aqui in so Paulo achu sacol, n sacol? que vocs falam? Num ? Sacol, sacol, gelim alguma coisa assim, s que, l in Arax chup chup. Isso Geladinho. Temos pelo menos quatro nome para o geladinho que conhecemos neste enunciado da Mariana, este um tipo de variao que acontece em todo nosso territrio brasileiro, so vrios objetos que muda de nome dependendo da regio; neste ponto podemos ver que a gramtica normativa nunca vai dar conta deste tipo de variao; a lngua sempre foi e vai ser um fator varivel com o tempo e o espao. Buscando analisar outra pessoa entrevistada na mesma situao e no mesmo programa, o comportamento no se diferencia nos dois casos, as entrevistadas se mantiveram naturalmente descontradas. Em se tratando de uma pessoa de grande influencia na poltica brasileira, Marina Silva tem um portugus quase perfeito em relao lngua escrita, principalmente porque ela vem de uma regio menos favorecida do pas, seu vocabulrio no reflete muito o sotaque da sua regio. Minha observao que ela omite algumas letras nos finais das palavras, assim como a Mariana a omisso do r mas tambm a letra u: eu s muito jovem; e ai comeamos a convers; Quero v, inclusive pra t saudade da poca; eu s candidata a presidente da republica; fiquei muito emocionada quando voc me fal; purque voc me apresent pru Brasil; um jornalista me cham; E ele fal. Como podemos notar nas frases acima que como muitos brasileiros a ex-senadora tambm fala naturalmente como qualquer brasileiro.Consideraes finais. Aps analisar o material do vdeo das duas pessoas no contexto expostos, podemos afirma que as variaes lingusticas so muito naturais em qualquer lngua. Assim como afirma Labov, a diversidade lingustica faz parte de qualquer falante de uma lngua. Por mais que um falante possa estudar ser cuidadoso, tentar manter a fala o mais formal possvel, esta pessoa vai fluir em algum momento os traos lingusticos herdados de seus pais e de sua sociedade. Como podemos observar o primeiro caso atriz Mariana fala uma linguagem totalmente pertencente a sua sociedade. No segundo caso a ex-senadora, que mais culta linguisticamente falando, em alguns momentos de descontrao ela nem percebe que esta usando a lngua com suas variaes, anterior a sua formao. Os fatores observados so, no entanto interessantes porque se trata de pessoas que esto ligadas a regies diferentes, mas so regies que tem uma variao considerada ricamente e diversificada. Porem se fossemos pesquisar as variaes lingusticas de todas as regies do Brasil, poderamos construir outra lngua que no chamaramos de portugus, mas brasileiro como afirma Marcos Bagno em seu livro, portugus ou brasileiro? No entanto o portugus do Brasil esta se distanciando do portugus arcaico que conhecemos, e isto no um problema s do portugus brasileiro, todos os pases de lngua portuguesa inclusive o de Portugal esta cada vez mais se distanciando daquele falado no sculo XVI. A lngua de qualquer sociedade est e sempre estar em transformao. BIBLIOGRAFIA

1. BAGNO, Marcos. Portugus ou Brasileiro um convite pesquisa, 182 Pg. 2. Ed. So Paulo: Parbola editorial, 2001.

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