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A Verdadeira Obra do Espírito - Jonathan Edwards

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JOlla than Edwards

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D do,s m 'te.ma cio nais d e Catal.oWD na l)tlbllrn~D (CJP)

(CbnaraBrnsiLeinld •Livm. S~ Brasil)

Edwards , jonathan, '~703~l75·8~

AVcn:ladcirn Dh ""do Espiri [0:: sinais d . :

3'Urenricid:!dc I Jonathan Edwards: Trad.u~io \/aleria

POlll:ana..........,. 2 _ : i e L L I l! '\ I', - S a n " P a u l o : Vi. 11 N va, 2nlO.

·r '1 ule ungi nal: The marks. or a work of the

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1. Bfblia. N ..l', Episrola de Joao - Crh:h,:a e

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Sinais de Autenticidade-z . - EI)ICAO REVISAOA

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Jonathan Edvvards

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Titulo do original: The Marks o f a Work of the True Spirit

l ..a edicao: 1992

Reimpressao: 1995

2. a edicao revis ada: 2010

Publicado com a devida autorizacao e com todos os direitos

reservados por SOCIEDADE R.F.LTCIOSA EDT<;OES VID.A NOVA

Caixa Postal 21266~ Sao Paulo, SP, 04602-970

www.vidanova.com.br

Proibida a reproducao par quaisquer rneio (rnecanicos, eletronicos,

xerograficos, fotograficos, grava~ao, estocagem em banco de dados,

etc.), a njio ser com citacoes breves com indicacao de fonte.

ISBN 978-85-275-0427-0

Impresso no Brasill Printed in B rasil

COORDF.NACAO EDTTORJAL

Marisa K. A. de Siqueira Lopes

COORDENACAO DE PRODUC;AO

Sergio Siqueira Moura

R"EV1SAo

Arkhe Editorial

REVlS}\.O DE PRl)VAS

[osiane de Almeida

Mauro Nogueira

D r AGRAlvr A \ = A o

Sk editoracao

CAl)A

Rima Comunicat;ao

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Sumario

Prejacio ... ~.... . . . . . . . .. . . . . . ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Intro ducao .. ~ ~ ~ 9

I. Sinais que supostamente negam uma

obra espiritual I3

2. Sinais bfblicos de uma obra do Espfrito

de Deus 45

3. Infcrencias praticas ,............ 63

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Prcfacio

J ONA1'LHAN EDWARDS E CONHECIDO I-IOJE NO

Brasil principalmente par causa de seu sermao

intitulado Pecadores nas mdos de um Dell", irado.

Isso e lamentavel, pais Edwards foi antes de

tudo urn humilde missionario, que trabalhou,,-

entre os indios, e urn pastor amoroso. E provavel

que ele preferisse ser lembrado simplesmente

como 0 "fiel pastor da igreja de Northampton'

e nao corno urn pregador de mellsagens sobre 0

fogo do inferno .. De qualquer forma, devido a

forca e ao brilhantismo de seus escritos teo16gi-C()S, seu nome difundiu-se atraves dos Estados

Unidos e da Europa. Chegou 0 mornento de

apresenta-lo ao Brasil.

Neste pequeno livro , Edwards 110S fala

sobre a atuacao do Espirito na igreja arravesdos seculos, Essa questao the era crucial, pais

sua igreja foi atingida pelo Grande Desperta-

mento das decadas de 30 e 40, 110 seculo XVIII .

Esse foi urn periodo de grande agitacao e con-

fusao, a medida que se faziam todos os tipos de

alega~ao espiritual. N ao e necessario que se diga

lIuao semelhante e hoje a situacao no Brasil ..

Este livreto apareceu pela primeira vez

numa forma mais compacta, como uma palestra

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I R I

realizada na Universidade de Yale, nos Estados Ul1 idos ..

Com 0 passar do tempo, Edwards fez alguns acrescirnos,

ate que chegou ao tamanho que ele tern hoje. A oerdadeira

obra do Espirito - stnais de autenticidade e uma exposicao

magistral do capitulo 4 de l]oao, texto que nos exorta a

avaliar "se os espiritos vern de Deus, porque muitos falsas

profetas tern saido pelo mundo". Edwards extrai dos

escritos do ap6stolo joao urn total de quatorze sinais au

marcas que indicam a presen~a ou ausencia do Espirito

de Deus numa pessoa, movirnento ou igreja. A seguir, ele

oferece cinco conclusoes praticas para a igreja, encerrando

com sua enfase caracteristica na humi ldade em todas as

coisas do Espirito.Os editores

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Illtrodtlc.ao.>

Am ados) nao acrediteis em qualquer cspirtto, mas

avaliai Je as espiritos o em de Deus, po rqu e m uito s

fa/50s proft tas fern saido pelo mundo (IJo 4~1).

NA ERi-\ APOST61~]CA, HOUVE 0 rvWOR DERRA-

mamento do Espirito de Deus de todos os

tempos, seja em terrnos de dons e intluen-

cias extraordinarios, seja em termos de

realizacoes comuns, convencendo, conver-

tendo, iluminando e santificando as almas

dos homens. Todavia, a medida que as in-fluencias do verdadeiro Espirito abundavam,

tambem as falsificacoes sc disserninavam; 0

Diabo fartou~se ern imitar as obras do Espi-

rito de Deus, tanto as comuns quanta asextraor-

dinirias, conforme se evidencia em inumeras

passagens dos escritos apostolicos, 18S0 tor-

nou indispensavel 0 fornecimento de certas

regras a igreja de Cristo, marcas distintivas

e claras atraves das quais ela pudesse pros~

seguir em seguran'ra, ao avaliar 0verdadeiro

e 0falso, sem correr 0 risco de ser ludibriada.

A exposicao dessas normas e 0 prop6sito

evidente do capitulo 4 de 1Jo 3 .°, texto em

que tal assunto e tratado de forma mais clara

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I 1 o I I 1 1 J

e completa do que em qualquer outro lugar na Biblia. Com

esse objetivo determinado, 0apostolo encarrega-se de suprir

a igreja de Deus com sinais do ESllirito verdadeiro, que

sejam claros, seguros e bern adaptados ao usa e a pratica,

Para que 0assunto pudesse ser abordado de maneira simples

e adequada, }oao insiste nessa tematica ao longo de todo 0

capitulo. Por isso mesmo, e estranho que 0 que e dito aqui

nao seja levado em consideracao, nos ins6litos dias de hoje

quando ha atividades tao incomuns e amplas nas mentes

das pessoas, uma imensa variedade de opinioes e tantas

discussoes a respeito da obra do Espirito,

A exposicao do apostolo ]DaD sobre esse assunto eintroduzida par uma mencao ocasional ao fato de que a

Espirito habita ern nos, como clara evidencia da partici-

pa~ao em Cristo .. (4Qyem guarda seus mandamentos

permanece em Deus, e Deus ncle. E nisto conhecemos

que ele permanece em nos: pelo Espirito que nos tern dado."

(lJo 3.24). Consequenternente, podemos inferir que 0

proposito do ap6stolo nao e apenas mostrar os sinais pelos

quais e possivel distinguir 0 Espfrito verdadeiro do falso,par seus dons de profecia e milagres extraordinarios, nlas e

tambem falar sabre as influencias comuns desscs sinais na

mente do povo de Deus, visando a uniao corn Cristo e aedificacao nele, 0que tambern fica claro nos proprios sinais

oferecidos, os quais iremos observar mais adiante ..

As palavras iniciais do texto servem de introducao a

exposicao sabre os sinais distintivos entre 0 verdadeiro

Espirito e 0 false. Antes de definir cada um dos sinais, 0

ap6stolo primeiro exorta os cristaos contra a credulidade

ingenua e a prontidao para confiar em toda manifestacao

ilusoria como obra do Espiri to verdadeiro. "Arnados, nao

acrediteis em qualquer espirito, mas avaliai se as espiritos

vern de Deus ...~'Em segundo lugar, 0 ap6stolo adverte

quanta it existencia de muitas imitacoes: "~.porquc muitos

falsos profetas tern saido pelo rnundo". Estes nao sofingiam

possuir 0 Espirito de Deus em seus extraordinarios dons

de inspiracao, mas tambcm fingiam ser grandes amigos e

preferidos de Deus, pessoas cminenternente santas com

grande interesse pelas iniluencias da salvacao e santificacao

vindas do Espirito de Deus~Portanto, devemos considerar

essas palavras como uma ordem para examinarmos e pro-

varmos as pretensoes quanta ao Espirito de Deus, nos

dois aspectos acima refcridos.

Assim, meu intuito agora e mostrar quais sao os

sinais verdadeiros, certos e distintivos de uma obra do

Espirito de Deus, pelos quais podemos nos guiar segura-

mente ao julgarmos qualquer acao que encontramos em

nos mesrnos au nos outros. Nesse ponto, eu observaria

que em tais casos devemos tomar asEscrituras como nosso

gu ia .. E las sao a grandiosa e definitiva regra de fe dada

por Deus a sua igreja, para orienta-la nas coisas relativasaos principais aspectos das almas de seus redimidos, alern

de serem uma norma suficiente e intalivcl. Com ccrteza,

[oraln dadas evidencias suficientes para que a igreja fosse

guiada na importante tarefa de discernir as espiritos, Sem

elas, a igreja estaria sujeita a ilusoes dolorosas e irremedia-

velmente exposta a ser subjugada e devorada por seus

inimigos. Nao precisamos ter medo de confiar nessas regras

de fe ~ Sem sombra de diivida, 0 Espirito que inspirou as

Escrituras sabia como dispor boas regras, par meio das

quais f6ssemos capazes de distinguir suas atuacoes de

tudo aquilo que falsamenre alega proceder dele. Como

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IlL I.

l\ \-'ER I)Arn~1 itA ()l1R .. I){) ESPl Rrl"(1

observei antes, 0 Espirito de Deus fez isso delibe-

radamente no capitulo 4 de Ijoao, de forma mais

detalhada e ampla do que em qualquer Dutro lugar da

Biblia. Portanto, nest a exposicao nao procurarei em

nenhum outro lugar regras au evidencias para discernir

os espiritos, mas me limitarei aquelas encontradas nesse

capitulo de 1Jo3.0. No entanto, antes de passar a tratar

delas em detalhes, gostaria de preparar meu caminho:

em primeiro lugar, parrirernos da negafao, observando,

em alguns casos, as coisas que nao sa o sinais ou evidencias

de uma obra do Espirito de Deus.

Capitulo ]

Sinais que supostamente

negam uma obra espiritual

,

1 1 1 N ..\D..\ ronr SEH.(·()N(~LLrfl)O (~()?\'1C}:R·rI~Zl\

unicamente a partir do fato de uma obra ter

sido realizada de maneira muito incomum

e extraordinaria, uma vez que a variedade

ou diferenca ainda esta dentro dos lirnites

das regras das Escrituras. As coisas e os even-

tos com que a igreja esta acostumada nao

servem como regras para julgarmos as obras,

pois e possivel que Deus aja de farmas novas

e cxtraordinarias, E evidente que varias vezes

no passado Deus ja agiu de maneira extraor-

dinaria. Ele fez coisas ineditas acontecerem,

obras singulares, agindo de tal forma que

surpreendeu tanto homens quanto anjos ..]i

que Deus agiu assim em tempos passados,

nao temos nenhuma razao para pensar que

ele nao continue a agir dessa forma. As

profecias das Escrituras nos dao motivo para

erer que Deus tern coisas ineditas a realizar.

Se uma obra, por maior que seja, nao estiver

eln desacordo com as regras estabelecidas

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I l4 I -J\ \'ERI)i\I)[!H;\ ()BHI\ I)() [SP1H_r-r()

lIS I

por Deus, 0 simples fato de se desviar daquilo que ate

agora tern sido 0 padrao nao serve como argumento de

que ela nao provern do Espirito de Deus. Ele e soberano

em suas acoes. Sabemos que Deus lanca mao de uma

grande variedade de acoes e nao podemas definir a

extensao dessa divcrsidade dentrc dos limites das regras

que ele mesmo fLXOU, Nao devemos limitar Deus naquilo

em que ele mesmo nao se limitou.

Portanto, nao e 16gico julgar qlle lIma obra nao seja

do Santo Espirito de Deus par causa do extraordinario

nivel de iniluencia que exerce n a m en te das pessoas. A..inda

que elas pare<;-aln ter Ulna percepcao fora do comum sabre

a terrivel natureza do pecado e uma consciencia excep~

cional da desgraca de uma vida sem Cristo; ainda que

tenham vis6es exrraordinarias da realidade e da gloria

das coisas divinas, sendo por isso proporcionalmente leva-

das a inclinacoes bastante incornuns de temor, contricao,

desejo, amor au alegria; ainda que a aparente mudanca

seja muito repentina e a acao seja levada a efeito com

uma rapidez bastante rara; OU ainda que 0 numero depessoas afetadas seja muito grande,. e muitas delas sejam

bem jovens; de todas essas circunstancias - alem de outras

que sejam incomuns, nenhuma delas, porern, infringindo

as regras dadas nas Escrituras - nenhuma delas prova

que a obra nao seja do Espirito de Deus ..Antes, se sua

natureza estiver de acordo com as regras e os sinais dados

nas Escrituras, 0 grau de intluencia e 0 poder da atuacao

extraordinarios e incornuns sa o argumentos a seu favor;

pais quanto mais alto for 0 grau em que sua natureza se

aproximar das regras, maior sera sua conformidade a elas e

tanto mais evidente sera tal conformidade ..Quando as coisas

acontecem em Ulna escala menor, ainda que realmente

estejam de acordo com as regras~ nao e tao ficil perceber

se sua natureza esta de acordo com tais r e g ra s . .

As pessoas tendem muito a duvidar do que Ihes eestranho; especialmeut« os mais idosos,. qlle hesitam em

acreditar que seja certo algo a que nao estavam acostu-

mados em sua epoca e de que nunca ouviram falar nos

dias de seus pais. Mas, se 0 simples fato de uma obra ser

muito incomum se tarnar urn born argumento a favor da

afirmacao de que ela nao provern do Espirito de Deus,

entao precisamos rever como acontecia 1105 dias dos

apostolos, N aquela epoca, a acao do Espirito se clava de

forma totalmente inedita em muitos aspectos, como nunca

se vira au ouvira desde a fimdacao do mundo. Naqueles

tempos, rna is do que nunca, a obra era levada a efeito

com urn poder visivel e notavel, J amais se viram antes

efeitos do Espirito de Deus tao poderosos e adrniraveis

produzindo: rnudancas tao subitas; tao grande comprome-

timento e fervor em enormes multidoes; tantas alteracoes

repentinas em vilas, cidades e nacoes; tao rapido progressoe tao vasta extensao do trabalho ~ alern de muitas outras

circunstancias extraordinarias que poderiam ser mencio-

nadas. A natureza incomum da atuacao do Espirito sur-

preendeu os judeus; eles nao sabiam como interpreta-la,

mas nao conseguiam acreditar que fosse uma obra de Deus.

De fato, muitos consideravam que as pessoas afetadas pela

acao do Espirito careciam de sanidade, como pode ser

observado em Atos 2..13; 26..24 e ICorintios 4.10.

Alem disso, a partir das profecias das Escrituras,

temos base para supor que, no inicio do ultimo e maior

derramamento do Espirito de Deus, que acontecera nos

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J 1 h ] I I 7 I

2..Vma obra nao cleve ser ju lg ad a p elo s efeitos cau-

sados 110corpo das pessoas, tais como lagrimas, tremores,

gemidos, altos ciamores, contorcoes ou fraqueza fisica. A

influencia sob a qual as pessoas estao nao pode ser julgada

de forma positiva au negativa por meio dessas manifes-

tacoes, simplesmente porque nao ternos, em lugar algum

das Escriruras, qualqucr regra que diga iSSOt Nao podemos

concluir que as pessoas estao sob a intluencia do Espirito

verdadeiro porque vemos tais efeitos em seus carpas, pais

isso nao c dado como sinal do Espirito verdadeiro. Par

outro Iado, tarnbern nao temos qualquer razao para

concluir, a partir de aparencias externas, que elas nao

estejam sob a influencia do Espirito de Deus; de fato, nao

ha nenhuma regra biblica de discernimento de espiritos

que, de forma direta 011 indireta, exclua tais efeitos sabre

o carpo, e nem qualquer razao pode exclui-los. Se levarmos

em conta as coisas divinas e eternas, a natureza do homem

e as leis sabre a uniao entre alma e corpo, poderemos

facilmente explicar como uma intluencia certa e uma

percepcao verdadeira e adequada das coisas deveriam ter

tais efeitos sobre 0 corpo, ate mesmo no caso daquelas

manifcstacoes de carater mais extraordinario, como por

exemplo a fraqueza fisica, 0 arrebatamento em grandes

contorcoes e os altos e estrondosos gritos assim provoca~

dos. Todos nos concordamos e estariarnos prontos a dizer

em qualquer momenta que a miseria do inferno e, sem

duvida, tao apavorante e a eternidade tao incomensuravelque, se uma pessoa pudesse ter uma clara compreensao

da realidade de tal desgraca, isso seria uma experiencia

bern rnaior do que sua fragil constituicao poderia suportar,

Seria especificamente esse 0 caso se, an mesmo tempo, a

pessoa estivesse sentindo 0 perigo iminente do inferno,

estivesse completamente insegura quanta a sua libertacao

dele e, ainda, nao tivesse em momenta algum nenhuma

garantia contra isso. Se considerarmos a natureza humana,

nao devemos ficar surpresos com 0 fato de que tudo pare~a

estar anunciando uma rapida e imediata desrruicao, quando

as pessoas tern uma profunda percepcao de a lg a q ue e tao

terrivelmente apavorante, alern de uma clara visao de suapropria pecaminosidade e cia ira de DellS. Vernos que a

natureza do homem tern tanto essa tendencia que, ao sen-

tir 0p er ig o d e um a c ala mid ad e terrivel a qua l esteja expos-

to, de a todo 0momento esta inclinado a pensar: "E agora!"

Em tempos de guerra, quando a cora~ao das pessoas esta

tornado pelo medo, elas tendem a tremer ao simples

sacudir de uma falha e esperam a chegada do initnigo a

qualquer instante, dizendo para si pr6prias: " Ago ra s e re i

destruido", Suponhamos que urn hornem se veja

pendurado sabre urna grande cova repleta de chamas

crueis e ardentes, sustentado par urn fio que ele sabe ser

ultirnos tempos, 0 modo de aruacao sera bastante extraor-

dinaric, alga como 11UIlca se viu antes. Naque le momenta

teremos motivo para dizer, como em Isaias 66.8: "Quem

jamais ouviu is so ? C@ cm viu coisa semelhante? Por acaso

seria possive! fazer nascer uma terra num s o dia? N asceria

Ulna nacao de um a s6 vez? Mas logo que Siao entrou em

trabalho de parto, deu a luz seus filhos", Assim, pode-se

esperar com razao que, em certa medida,0

modo de atuacaofora do comum sera sernelhante aos eventos extraordinarios

e a gloriosa mudanca no estado do mundo, que Deus fani

acontecer par meio desse ato.

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I lH I S IN;\ 1 \ (J ·L 'E ~·~L()~ L\J\l L~TL :-\1- (~J'\_\:t r\1,:\ (_)Bl~:\ ... J 1 ~J I

muito fraco e insuficiente para suportar seu l-1eso, estcja

bern consciente de qlle verdadeiras multidoes ja estiverarn

antes em tais condicoes e que muitas pessoas cairam e

pereceram, e nao veja nada a sell alcance a que possa se

agarrar para se salvar - imagine a situacao angustiante

desse homem ~Ele tenderia a pensar: ~go ra ()fio estd se

rompendo ! A g o ra ) n es te minute , serei e n go l id o p o r essas terri-

·ve is cbamas '" , Sera que ele nao gritaria em tais circuns-

tancias? Oltallto mais aqueles que se veem pendendo sabre

uma cava infinitarnenre mais terrivel au sustentados sobre

ela pela mao de Deus e, ao mesmo tempo, percebem que

Deus foi extrernamente encolerizado por des! Nao admira

que a ira de Deus, quando manifestada apenas urn poueo

para a alma, subjugue a forca hurnana.

Portanto, e muito facil explicar par que uma percepcao

verdadeira da gloriosa excclcncia de nosso Senhor Jesus

Cristo e de seu maravilhoso amor sacrificial, bern como a

pratica de urn amor e uma alegria verdadeiramente espiri-

tuais sejam tais qu e superem em muito a forca fisica. Todos

reconhecernos que nenhum hornem pode ver a Deus econtinuar vivendo, e que nossas frageis constituicoes fisicas

conseguem suportar apenas uma fracao mui to pequena

da perccpcao da gloria e do amor de Cristo que os santos

gozam nos ceus, Assim, nao e de todo estranho qu e a s

vezes Deus de a seus santos tamanho antegozo dos ceus

que lhes diminua a forca fisica. Se nao foram inconcebiveis

o desfalecimento da rainha de Saba e sua fraqueza fisica

quando el a presenciau a gloria de Salornao, muito menos

e inexplicavel que aquela que e 0 anritipo da rainha de

Saba, isto e , a igreja ~ trazida, por assim dizer, dos extrernos

confins da terra, onde era forasteira e estrangeira vivendo

em estado de pecado e miseria - desfaleca ao vcr a gloria

de Cristo, 0anriripo de Salomao. S e r a . especialmente assim

naquele reino prospero, hannonioso e glorioso que Deus

estabelecera no mundo nos ultimos dias,

Algumas pessoas tern objecoes contra esses fena-

menos extraordin:irios, aIegando que nao temos registrada

no Novo Testamento nenhuma ocorrencia de tais manifes-

tacoes nos relatos dos derramamentos extraordinarios do

Espirita. Se isso Fosse admitido, nao consigo ver forca

alguma ern tais objecoes, ja que nem a razao nem qualquer

regra das Escrituras excluem tais eoisas, principalmente,

considerando-se 0que foi observado acima ..N a o conheco

nenhuma mencao explicita no Novo Testamento de

alguem chorando, gemendo au solucando por medo do

inferno au por ter tido uma percepcao da ira de Deus. A

partir disso, porern, haveria alguern tao tolo a ponto de

afirmar que, nao importa a quem essas coisas acontecam,

suas conviccoes nao sao do Espirito de Deus? 0motive

pelo qual nao seguimos essa argumentacao e que tais fatos

podem ser facilmente explicados, seja par nasso conheci-mento da natureza humana, seja pelo que as Escrituras

nos informam em geral com relacao a natureza das coisas

eternas e das conviccoes de culpa geradas pelo Espirito

de Deus. Assim, nao e nccessario dizer nada em particular

a respeito desses efeitos externos e circunstanciais. Nin-

guem supoe qlle seja precise haver textos biblicos exp l i~

cito s para toda manifestacao externa e acidental dos

impulsos intirnos da mente humana. Embora tais circuns-

tancias nao estejam particularmente registradas na hist6ria

sagrada, ainda assim temos muitas raz6es para acreditar,

a partir dos relatos gerais que possufrnos, que tais coisas

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I I}() I :\ v E R 1 J /\ r) E I !{A o B R.·\ no E : S p t R rro I 2 . 1 ~

nao poderiam ter acontecido de Dutra forma naqueles dias.

Hi tambern motives para crermos que tao grande derra-

mamento do Espirito nao se den totalmente sem aqueles

efeitos mais exrraordinarios nos carpos das pessoas. Em

particular, aque1e carcereiro parece ter sido urn exemplo

disso, quando ele, em extrema aflicao e assombro, veio

tremulo e prostrou-se diante de Pallia e Silas. Sua pros-

tracao nao se assemelha a uma posrura proposital de suplica

nem a uma atitude de humildade para com Paulo e Silas,

pois parece que ele nao disse coisa alguma naquele

instante. Ele primeiro os levou para fora, e s6 entao lhes

disse: "Senhores, que precise fazer para ser salvo?"

(At 16.29,30). Sua prostrac;ao, porem, parece ter tido a

mesma causa de seu tremor. 0 salmista faz urn relato de

seus "constantes gcmidos", de uma grande fraqueza em

seu corpo sob 0 peso da consciencia e de uma percepcao

da culpa do pecado (S132.3,4): "Enquanto me calei, meus

ossos se consumiam de tanto ge1ner 0 dia todo. Porque

tua mao pesava sobre mim de dia e de noite; meu vigor se

esgotou como no calor da seca". A partir disso, podernospelo menos argumentar que e perfeitamente possivel supar

que, quando ha tal percepcao do pecado, esse efeito possa

surgir em alguns casos. Pois bern, mesmo que imagi-

nassemos algum aumento ou exagero louksesis) em sua

forma de se expressar, ainda assim a salmista nao teria

ilustrado seu caso por meio de alga absurdo, para 0 qual

nenhum grau daquele tormento mental de que ele falava

pudesse tender. Em Mateus 14.26, lemos que os

disdpulos, ao verem Cristo vindo em sua direcao na

tempestade, tomaram-no por algum terrivel inimigo que

ameacava destrui-los naque1e temporal e, "tornados de

medo, gritaram" ..Por que, entao, deveriamos achar estranho

o fato de as pessoas gritarem de medo, quando Deus lhes

aparece na forma de urn terrivel inimigo, e elas se veem

em grande risco de serem engolidas pelo abismo do

tormento eterno? Mais de uma vez, vemos a esposa falando

de si mesma como alguem tao inundado pelo arnor de

Cristo que seu corpo enfraquece e cla desfalece: "Sustentai-

me com passas, confortai-me com macas, pais estou doente

de amor" (Ct 2.5); "0filius de Jerusalem, eu as fas:ojurar:

se encontrardes 0meu amado, dizei-lhe que estou doente

de amor" (Ct 5.8). Portanto, a partir dessas ocorrencias nos

santos, podemos ao menos argumentar que e muito natural

imaginarmos que tais manifesracoes passarn s ur girem a lg un s

casos, : que isso as vezes sera vista na igr~ia de Cristo.

E uma fraca objecao dizer que as impressoes de

pessoas entusiastas produzem grande efeito sabre seus

corpost Pelo simples fato de os quacres costumarem tre-

mer, nao se pode argumentar que Saulo (rnais tarde cha-

mado Paulo) e 0 carcereiro nao tenham tremido devido

a reais conviccoes de consciencia, Na verdade, todas essasobjecoes baseadas em efeitos sobre 0 corpo humano,

sejam eles de maior ou menor intensidade, parecem ser

excessivamente frivolas. Aqueles que argumentam nesse

sentido caminham no escuro, nfio sabendo onde pisar

nem por meio de qual regra julgar. A raiz e 0 curso dos

fatos devem ser observados, e a natureza das manifes-

tacoes e inclinacoes deve ser analisada e examinada pelas

regras da Palavra de Deus, e nao pelos impulsos da natu-

reza humana.

3. 0 fato de uma obra gerar muitos rumores sobre a

religiao nao serve como argumento de que ela 11ao provern

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l L2 I-

.\ Y' r RI ) , \ 1)E i R, \ () B l{;\ l)(J ESP r a I 1 "o I ~ " . ) I

do Espirito de Deus. Embora a verdadeira religiao seja de

natureza contraria aquela dos tariseus -- que gostavarn de

ostentacao e tinham pra7..er em se colocar diante da vista

dos homens para receber aplausos ~, a natureza humana

nao deixa de ser de tal forma que e moralmente impossivel

haver grande envolvimento, forte inclinacao e engajamento

geral em meio a urn POVO, sem que surja uma notavel, visfvel

e aberta comocao e alteracao nessas pessoas. Na verdade,

as coisas espirituais e eternas sao tao grandiosas e possuem

uma importancia tao infinita que seria urn absurdo enonne

o ser humano ser apenas movido e afetado por elas de

forma moderada. Logo, se as seres humanos se emocionam

com essas coisas no grau enl que elas merecem au de uma

forma proporcional a Sllaimportancia, isso nao e argumento

para dizer que nao estao sendo movidos pelo Espirito de

Deus. Alcm disso, houve alguma vez, desde a fundacao do

mundo, urn fata assim, ou seja, alga como um povo inteiro

imensamente envolvido em algum acontecimento, sem que

houvesse qualquer barulho ou alvoroco? Nao,. a natureza

humana nao permitiria isso.De faro, em Lucas 1 7 4 0 2 0 , Cristo diz: "0 reino de

. 4 ,t · _.Deus nao vern com aparenCla exterior ; ou seJa, nao

consistira daquilo que e externo e visivel, 0 reino de Deus

nao sera como os reinos terrenos, estabelecidos com pompa

exterior em algum lugar especifico destinado a ser a cidade

real e sede do reino, Como 0proprio Cristo explica logo

em seguida: "nern dirao: Esta aqui! Ou: Esta ali! Pais 0

reino de DellS esta entre vas" (v, 21)..0 reino de Deus nao

sera estabelecido no mundo, sobre a ruina do reino de

Satanas, sem urn efeito bastante perceptivel e grandioso.

Realmente, havera uma mudanca poderosa no estado das

coisas, para admiracao e assombro do mundo inteiro, N a

verdade, manifestacoes assirn sao sugeridas nas profecias

das Escrituras e ate pelo proprio Cristo, nesse mesmo trecho

das Escrituras e em sua explicacao pessoal das palavras

acima mencionadas: "Pois como a relampago que brilha

em uma extremidade do ceu e ilumina ate a outra extre-

midade, assim tambern sera 0 Filho do hornem no seu

dia" (v , 24). Isso serve para discernirmos a vinda de Cristo,com () prop6sito de estabelecer seu reino, da vinda de

falsos cristos - esta, diz Jesus, ocorrera de maneira

particular nos desertos e no interior das casas..Por outre)

lado, 0estabelecimento do reino de Deus devera ser aberto

e publico, a vista do mundo todo em clara revelacao, como

urn relampago que nao pode ser ocultado, mas ofusca os

olhos de todos e "brilha de uma a outra extremidade do

ceu", Sabemos que, quando a reino de Cristo veio, por

meio daquele notavel derramamento do Espirito nos dias

dos apostolos, houve uma grande comocao em todos os

lugares. Qye poderosa oposicao se viu em Jerusalem por

ocasiao daquela grande cfusao do Espirito! Tambem em...

Samaria, Antioquia, Efeso, Corinto e outros lugares! Esse

acontecimento encheu 0mundo de rurnores e deu oportu-

nidade para que algumas pessoas dissessem que os apos-

talos estavam agitando 0 mundo (At 17.6).

4. 0 fato de muitas pessoas serem objeto de uma acao

e receberem grandes irnpressoes em sua imazinacao nao

constitui prava de que tal acao nao provem do Espirito de

Deus. Se elas tern muitas impressoes em sua imaginacao,~

isso nao significa que nao recebam mais nada. E passive!

justificar facilmente a existencia de muitas manifestacoes

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I ')·4 I .-\ ,. E R I )/\ I") E J I { . .\ ( ) B R ;\ no rs 1 · ' 1 R 1 ro I 1/.) I

dessa natureza em rneio a urn povo, dentre 0 qual uma

enorme variedade de pessoas tern a mente envolvida par

intensos pensamentos e fortes inclinacoes para coisas

invisiveis. N a verdade, seria estranho se tais impressoes

nao existissern. Nossa natureza e dessa forma de modo

que nao podemos pensar em coisas invisiveis sem recorrer

a certo grau de imaginacao, Ouso desafiar qualquer ho-

mem, meSID()dentre aqueles com as maiores poderes men-

tais, a fixar seus pensamentos em Deus, Cristo, ou qualquer

outra coisa do mundo por vir, sem que algumas fantasias

invadam sua imaginacao, Em geral, quanta mais envolvida

estiver a mente e quanto mais intensas forem a contem-

placao e a emocao, tanto mais viva e forte a fantasia sera,

especialmente se aparecer de subito ..Isso acontece quando

a impressao mental e muito recente, apossando-se forte-

mente de ernocoes como 0medo au a alegria, ou quando

a mudanca de estado e concepcoes da mente e repentina e

surge de urn extrema oposto, como, por exernplo, quando

se passa de urn estado excessivamente apavorante para

outro excessivamente arrebatador e aprazivel. Assim, naoe admiravel que muitas pessoas nao distingam bern entre

o que e fantasioso c 0 que e inteligivel e espiritual; elas

tendem a enfatizar demais a parte imaginaria, insistindo

russo quando relatam suas experiencias, especialmente se

forem pessoas de menor capacidade de compreensiio e

discernimento.

Visto que Deus nos deu uma faculdade como a ima-

ginac;ao e 110S fez de modo que nao podemos pensar em

coisas espirituais e invisrveis sem exercitar essa capacidade,

parece-me que 0 estado e a natureza do ser humano sao

de tal forma que a imaginacao e realmente subserviente e

util para as outras habilidades mentais, desde que usada

de maneira apropriada. Frequentemente, porern, quando

a imaginacao e muito intensa, e as outras faculdades,

fracas, ela predomina e perturba as atividades das demais

faculdades. A partir de alguns casas de que tenho conhe-

cimento, parece-rne claro que Deus de fato llSOU essa

faculdade com propositos verdadeiramente divinos, em

especial com algumas pessoas mais ignorantes. Ele parece

ser condescendente com a situacao delas, tratando-as como

bebes, assim como em tempos antigos ele instruia sua

igreja par meio de tipos e representacoes vivas e exteriores,

quando esta ainda se encontrava em estado de ignorfmcia

e menoridade. Nao vejo nada de irracional nessa minha

opiniao. Deixemos que outros, com mais oportunidade

para lidar com as almas em assuntos espiriruais, julguem

se a experiencia a confirma ou nao..

Nao podemos alegar que uma obra nao e do Espirito

de Deus pelo fato de algumas pessoas, que sao objeto

dessa obra, estarem em uma especie de extase, urn estado

em que sao levadas para alern de si mcsmas, tendo a mente

transportada em uma sequencia de percepcoes fortes e

agradaveis, uma especie de visao, como se tivessem sido

arrebatadas para 0ceu e la vissem coisas gloriosas. Conheci

pessoalmente alguns desses casas e nao vejo nenhuma

necessidade de introduzir a hipotese da ajuda do Diabo

para explicar essas coisas; nem precis amos, alem disso,

supor que sejam da mesma natureza das visoes dos profetas

ou do arrebatamento de Paulo ao paraiso, A natureza

humana,submetida a essas intensas operacoes e emocoes,

esclarece tudo por si mesma. Se e perfeitamente justificavel

o fato de as pessoas terem suas forcas sobrepujadas quando

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i\ V [ R IJ :\ 1) L 1R A < .) I)Itj \ I)o l;Sr t H J l ' ~J

tern uma verdadeira percepcao da gloriosa e maravilhosa

grandeza c excelencia das coisas divinas e das enlevantes

visoes da beleza e do amor de Cristo _____.omo ja mostrei

que pode acontecer -, entao acredito que nao e absolu-

tamente estranho que, entre os muitos que sao movidos e

dominados dessa forma, haja algumas pessoas especiais

cuja imaginacao seja assim influenciada. 0 efeito nada

tern de proporcional e analogo a outros efeitos provenientesde uma intensa atuacao de suas mentes. Quando as pen-

samentos estao tao concentrados e as emocoes sao tao

fortes - c toda a alma esta tao compenetrada, arrebatada

e absorvida -, nao e admiravel que todas as outras partes

do corpo tambem sejam afetadas, a ponto de serem privadas

de sua forca, deixando toda a constituicao fisica a ponto

de desabar ..Portanto, nao e estranho que, nesses casos,

principalmente em algumas pessoas, a cerebra em parti-

cular - que de forma muito especial e influenciado por

intcnsas meditacoes e aruacoes da mente - seja tao afetado

que, durante algum tempo, tenha sua forca e seu animo

desviados e abstraidos das sensacoes dos orgaos exreriores,e se envolva par completo em uma seric de agradaveis e

prazerosas percepcoes, de acordo com a disposicao atual

da mente. Algumas pessoas tendem a interpretar tais coisas

de maneira errada, atribuindo-lhes urn valor excessivo,

como se fossem visoes profeticas, revelacoes divinas e, a svezes, sinais dos ceus sabre aquilo que ira acontecer. De

acordo com alguns casas de que tenho conhecimento, 0

desfecho revelou ser bern diferente, Mesmo assirn, porern,

parece-me que, a s vezes, tais fatos realmente provem do

Espirito de Deus, ainda que de maneira indireta; isto e , a

extraordinaria disposicao da mente dessas pessoas e aquela

forte e viva percepcao das coisas divinas provern desse

Espirito. 0 mesmo pode ser dito a medida que a mente

continua em sua santa disposicao, retendo urn sensa divino

da excclencia das coisas espirituais, mesmo em seu arre-

batamento. Tal disposicao e sensibilidade santas provern

do Espirito de Deus, embora as percepcoes que as

acompanham sejam apenas acidentais e, portanto, geral~

mente haja nelas alga de confuso, impr6prio e false).

5.011S0 ciaexemplificacao como recurso importantc

para promover uma obra nao e sinal de que esta nao pro~

vern do Espirito de Deus ..Certamente, nao podemos dizer

que determinado efeito nao e de Deus se alguns meios

sao usados para produzi-lo; sabemos que e comum Deus

fazer usa de instrumentos para realizar a obra dele no

mundo. Assim, nao se pode apresentar argumentos

contraries a origem divina de urn efeito alegando-se 0

uso de urn determinado meio em lugar de outro, Esta de

acordo com as Escrituras 0 fato de qlle as pessoas devem

ser influenciadas pelos bons exemplos dos outros ..A Biblia

nos ordena qtle oterecamos bons exemplos para outros

(Mt 5.16; IPe 3.1; ITm 4.12; Tt 2 ..7) e tambern que nos

deixemos influenciar pelos bans exemplos dos outros e as

imitemos (2Co 8.1~7;Hb 6.12; Fp 3.17; leo 4 ..16; 11~1;

2Ts 3.9; ITs 1.7). Portanto, fica claro que 0 exernplo e

urn dos recursos de Deus, e seguramente nao se pode

argumentar que uma acao nao e de Deus se os proprios

meios dele sao usados para efetiva-la.

Alern disso, assim como 0 exemplo e urn modo

biblico de realizacao da obra de Deus, ele tarnbem e urn

recurso razodvel. Nao se pode argumentar que as homens

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I 28 I r :29 I

nao sao influenciados pela razao porque se deixam

influenciar pelo exernplo. Essa maneira de difundir a ver-

dade entre as pessoas tende a iluminar a mente e conven-

cer a razao. Ninguern negaria que a comunicacao entre

as homens par meio de palavras tende a iluminar de forma

mutua as mentes. Conrudo, a mesma coisa pade ser trans-

mitida por meio de acoes, de maneira rnuito mais completa

e eficaz. Alem de comunicar nossas pr6prias ideias paraos outros, aspalavras nao tern utilidade alguma. Em alguns

casas, porern, as acoes podem fazer isso com mais eficacia.

Ha uma linguagem nos atos c, a s vezes, ela e muito mais

clara e convincente do que as palavras. Portanto, nao se

pode argumentar contra 0merito de urn efeito, vista que as

pessoas ficam profundamente comovidas ao verem as emo-

' T o e s dos outros. Isso realmente acontece,. muito embora a

irnpressao seja gerada apenas pel a observacao dos indicios

de uma grande e extraordinaria comocao percebida no

comportamento dos outros, na qual se leva em conta apenas

aquila que os emociona, sem que seja dita uma s o palavra.

Em tais casas, s o no comportamento dessas pessoas hilinguagem suficiente para que seu estado mental e sua

percepcao dos fatos sejam transmitidos ao s outros, de forma

mais eficaz do que seria passive! apenas com 0 usa de

palavras. Se urn hornem vissc alguem sob extremo tormento

fisico, ele poderia ter uma ideia muito mais clara e uma

prova mais convincente daquilo que as pessoas sofrem em

sua rniseria devido a seus atos, do que se ele somente

ouvisse as palavras de um narrador insensivel e impassivel.

Ele poderia cornpreender melhor 0que e excelente e muito

agradavel vendo 0 comportamento de alguem que esta em

verdadeiro regozijo do que pelo insipido relato de uma

pessoa inexperiente e insensivel ..Castaria que esse assunto

Fosse analisado com base em um raciocinio mais rigoroso.

Vista que nao sao somente os fracos e ignorantes que se

deixam influenciar pelo exemplo, mas tambem aqueles que

mais se orgulham de seu poder intelectual sao mais afetados

peIo argumento demonstrado dessa forma do que de

qualquer outra maneira, nao fica evidente que os efeitos

produzidos nas mentes das pessoas sao racionais? De fato,quando assirn originadas - como, por exemplo, ao ouvirem

a pregacao da palavra au por meio de qualquer outro

recurso - as inclinacoes religiosas de muitos homens

podem revelar-se "fogo de palha" e logo desaparecer.,

E assim que Cristo descreve os ouvintes do tipo "solo

rochoso' (Mt 13.20,21). Mas as inclinacoes de alguns

dos que sao influenciados pelo exemplo sao permanentes

e provam ser de natureza salvifica ..

J arnais houve urn periodo de notavel derramamento

do Espirito e grande renovacao da religiao sem que 0

exemplo exercesse urn papel importante, Foi assim na

Reforma e tambern nos dias dos ap6stolos, em jerusalem,

Samaria, Efeso e em outras partes do mundo , como fica

evidente para qualquer pessoa que estiver atenta aos

relatos registrados em Atos dos Apostolos. Da mesma

forma como naqueles tempos uma pessoa era estimulada

par outra, assim tambern uma vila au cidade era influen-

ciada pelo exemplo de outra: "Dessa forma, tende vas

tornado modelo para todos os crentes na Macedonia c

na Acaia. Pois, a partir de vas, nao somente a palavra do

Senhor foi ouvida na Macedonia e na Acaia, mas tarn-

bern a Yassa fe em Deus foi divulgada em todos as lu-

gares.~ .." (ITs 1.7,8) ..

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I :3 t I

.censes que cnam,

As Escrituras parecem indicar de varias formas que

o exemplo cleve ser urn importante m cio de propagacao da

igreja de Deus. Isto e demonstrado 110 episodic em que

vemos Rute seguindo N oemi para f{)ra da terra de Moabe,

entrando na terra de Israel, quando decidiu que nao a

deixaria, mas que a acompanharia onde quer que fosse e

pousaria onde quer que ela pousasse. Rute disse ainda que

o povo de Noemi seria 0 seu povo, e 0Deus de Noemi, 0

seu Deus. Como mae ancestral de Davi e de Jesus Cristo,

sem duvida, Rute foi urn magnifico tipo da igreja, e e par

causa da igreja que sua hist6ria esta inserida no canon das

Escrituras ..0 ato de Rute deixar a terra de Moabe e seus

deuses para vir e depositar sua confianca sob a sombra da s

asas de ) Deus de Israel oterece-nos urn tipo da conversao,

nao s o da ig re ja d os gentios, mas de todo pecador, que por

natureza e peregrino e estrangeiro ..Ao se converter, porern,

ele esquece seu proprio povo e a casa de seu pai, tornando-

se concidadao dos santos e verdadeiro israelita. 0 mesmo

parece ser demonstrado pelo efeito que 0exemplo da esposa,

ao desfalecer de amor, teve sabre as filhas de Jefi lsalem~ ou

seja, elas eram cristas professas que, ao verem a esposa em

circu nstancias tao extraordi narias, foram primeiro

des pe rta d as e d epo is convertidas (veja Cantares 5 .8 ,9 e 6.1 ) . .

Sem duvida, esse e urn dos modos por meio do qual "o

Espirito e a noiva dizem: Vern" (Ap 22.17); au seja, e 0

Espirito na n o iv a 4 Esta profetizado que a obra de Deus

devera ser assirn realizada no Ultimo graIlde derramamento

do E spirito , que inaugurara aquele glorioso dia da igreja,

tao frequentemente mencionado nas Escrituras: ~~.... as

habirantes de uma c id ad e ira o a Dutra, dizendo: Vamos

depressa suplicar 0favor do Senhor e buscar 0 Senhor dos

Exercitos; eu tambern irei. Assim, muitos povos e poderosas

nacoes virao buscar 0 Senhor dos Exercitos em Jerusalem

e suplicar a bencao do Senhor . Assim diz 0 Senhor dos

Exercitos: N aquele dia sucedera que dez homens, de nacoes

de todas as linguas, pegarao na barra das roupas de um

judeu, dizendo: Iremos convoseo, porque temos ouvido que

Deus esta convosco" (Zc 8t21~23).

Tambeln nao e valida a objecao contra tamanho usa..

de excmplos, alegando-se que a Biblia se refere a palavra

como 0 principal meio de rcalizacao da obra de Deus.

IS50 porque a Palavra de Dells realmente e 0recurso mais

importante par meio do qual outros instrumentos agem e

se tornam eficazes. Ate mesmo as sacramentos nao tern

nenhum efeito se nao fo r pela Palavra, pois tudo 0 qu e e

visfvel aos olhos e ininteligivel e vao se nao houver a Pala-vra de Deus para instruir e guiar a mente. Na verdade, a

Palavra de Deus e ensinada e aplicada pelo exernplo,

assim como era proclamada em outras cidades na Mace-

donia e na Acaia pelo comportamento dos tessaloni-

6~ A existencia de diversas acusacoes de graves irn-

prudencias e irregularidades na conduta de muitos qlle

parecem ser objetos de uma obra do Espirito nao e sinal

de que ta l operacao nao provern do Espirito de DetlS~

Devemos considerar que 0prop6sito de Deus, ao derrarnar

seu Espirito, e tornar os homens santos e nao estadistas.

Em meio a uma multidao mista, formada por todos as

tipos de -pessoas - sabios e ignorantes, jovens e velhos,

tendo grandes e pequenas habilidades naturais, estando

sob intensas impressoes da mente - nao e admiravel

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I 1 ") I ' ) J)))

encontrar muitas pessoas cornportando-se levianamente ..

Poucos hornens sabem como agir quando estao sob

profundas ernocoes de qualquer tipo, sejam elas de natureza

fisica ou espiritual. Isso requer uma boa dose de discricao,

forca e firmeza mental. Mil irnprudencias nao provam

que uma acao nao e do Espirito de Deus; claro, a rnenos

que, alern de tais imprudencias, prevalecarn tambern

muitos fatos irregulares e realmente contraries a s regras

da santa Palavra de Deus. Isso pode ser bern explicado

pela fraqueza excessiva da natureza hurnana, alern da

escuridao e corrups:ao que restam naqueles que, mesmo

assim, sao objetos das influencias salvificas do Espirito

de Deus e tern urn verdadciro zclo par e le . .

No Novo Testamento, temos urn exemplo notavel de

urn povo que participou amplamente daquele grande

derramamento do Espirito nos d ia s d os apostolos, mas em

meio ao qual abundavam imprudencias e enormes irre-

gularidades (if. a igreja em Corinto). Dificilmente en-

contraremos alguma igreja mais celebre par ter sido

abencoada com grandes derramamentos do Espirito deDeus, seja nas influencias divinas comuns, ao convencer e

converter pecadores, seja nos dons extraordinarios e mila-

grosos. Contudo, em quantas mulriplas imprudencias, gran-

des e pecaminosas irregularidades e estranha confusao eles

incorreram na Ceia do Senhor e no exercicio da disciplina

da igreja! A isto se pode acrescentar seu modo inadequado

de tratar de outras atividades da adoracao publica, as

discordancias e as litigios a respeito dos mestres e mesmo

a pratica de seus extraordinarios dons de profecia, glossolalia

au coisas do genero, por meio das quais eles falavam e

a gia m p ela inspiracao imediata do Espirito d e D eu s.

Se virmos grandes irnprudencias e ate irregulari-

dades pecaminosas ern alguns dos que sao poderosos

instrumentos de execucao cia obra, isso noaa prova que

aquilo nao e uma a ca o d e Deus. 0 p ro prio apostolo Pedro,

discipulo notavel, eminentemente santo e inspirado -

urn dos principais instrumentos usados por Deus para 0

estabelecimento da igreja crista no rnundo ~ foi acusado

de urn grave e pecaminoso erro em sua conduta quando

estava ern pleno exercicio desse trabalho ..Paulo refere-se

a ta l falta em Gala tas 2.11~13:"~lando, porern, Cetas

chegou a Antioquia, eu 0 cnfrentei abertamente, pais

merecia ser repreendido. Porque antes de chegarem alguns

da parte de Tiago, ele estava comendo corn os gCI1tios;

mas quando eles chegaram, Cefas foi se retirando e se

separando deles, por temer os qlte eram da circuncisao, E

os outros judeus tambern f iZeralTI como ele, a ponto de

ate Barnabe se deixar levar pela hipocrisia d elc s". S e urn

grande pilar da igreja crista - urn dos lideres daqueles

que sao os pr6prios alicerces sabre as quais, junto a Cristo,.

diz-se que a Igreja inteira foi edificada - Ioi culpado detal irregularidade, devemos espantar-nos se instrumentos

inferiores, que 113.0 rem aqucla extraordinaria oricntacao

do Espirito divine) que Pedro tinha, forcm acusados de

varias irregularidades?

EspeciticaIneIltc, nao se pode afirrnar que uma obra

nao e de Deus somente porque varies homens que sao

objetos ou instrumentos del a sao culpados de uma dema-

siada prontidao para censurar os outros como nao crentcs.

Na verdade, essa precipitacao talvez ocorra par causa de

erros que eles corneteram em relacao aos sinais atravcs

dos quais devem julgar a hipocrisia e a carnalidade dos

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I : ~ - + \ I ~j5 I

outros; au pe1a incorreta percepcao da amplitude dos

mctodos usados pelo Espirito de Deus em suas operacoes;

ou por nao levar em conta de modo adequado a debilidade

e a corrupcao que talvez ainda restern no coracao dos

santos; OU, ainda, pela falta de Ulna aprcensao correta de

sua propria cegueira, traqueza e corrupcao rernanescente,

nas quais 0 orgulho espiritual pode permanecer ocuho,

sob algum disfarce, scm ser descoberto. Se admitirmos apossibilidade de talvcz ainda restar uma boa dose de

cegueira c corrupcao em homens verdadeiramente pie-

doses, qu e os torna sujeitos a enganos resultantes da

hipocrisia - 0 que sem duvida todos reconhecem -,

entao nao e inexpIid.ve1 que a s vezes eles incorram em,

faltas como essas mencionadas acima. E muito facil, e em

alguns casos ainda Inais simples, explicarmos por que a

corrupcjio remanescente em homcns bons a s vezcs

encontra espaco, passando mais despercebida dessa forma

do que de outras; e par mais lamentavel que seja, com

certeza muitos santos ia fa1l1aram assim,..

Na r el ig ia o, a indifercnca e abominavel, e 0 fervor,

uma gra~a excelente. No entanto, mais do que todas as

outras virtudes cristas, 0 fervor precisa ser cuidadosamente

obscrvado e buscado, pais e com a indiferenca que a

corrupcao e, especificamente, 0orgulho e a paixao humana

tendem a se misturar de maneira imperceptivel. Sabemos

que nunca houve uma epoca de grande reforma, acom-

panhada de urn reavivamento do zelo pela igreja d e D eu s,

sem que houvesse alguns casos notaveis de irregularidades,

incorrendo de uma au outra forma em severidade indevida.

Foi assim que nos dias dos apostolos se despendia muito

zelo em quest6es como a carne sacrificial, estando os

cristaos com animos acirrados uns contra os outros, e

cada parte condenando e censurando a Dutra como se

fossem falsos cristaos - ao passo que 0 ap6stolo amou

ambas aspartes, pois estava sob a influencia de urn espirito

de real piedade: ~'.ttE quem come, para 0 Senhor come,

porque da gra,!-as a Deus; e quem nao come, para 0Senhor

deixa de comer, e da gras:as a Deus" (Rm 14~6). Assim

tambem na igreja de Corinto eles estavam agindo de talmodo que louvavam alguns ministros e censuravam outros,

estando envaidecidos uns contra os outros; contudo, esses

fatos nao provavam que aquela obra, realizada de maneira

taomaravilhosa, nao era de Deus. Posteriormente, quando

a religiao ainda tlorescia no mundo e urn espfrito de

eminente santidade e zelo prevalecia na igreja crista, 0

zelo dos cristaos desandou para uma severidade muito

impropria e indevida no exercicio da disciplina da igreja

com relacao aos infratores. Em alguns casos, estes nao

eram admitidos de forma a lguma na caridade e comunhao

dos cristaos, por mais que se mostrassem humi ldes e peni ~

tentes ..Nos dias de Constantino Magno, 0zelo dos cristaos

contra 0 paganismo transformou-se em certo grau de

perseguicao, Assim tambern, no glorioso reavivamento

da religiao, na Reforma, muitas vezes esse fervor mani-

festou-se com uma severidade bastante irnpropria, atin-

gindo niveis de perseguicao; de fato, isso ocorria ate

mesmo por parte d e a lg un s dos mais eminentes reforma-

dores, como 0 grande Calvino em particular. Naqueles

dias de florescimento da religiao vital, muitos homens

eram culpados de terem censurado duramente outras

pessoas cujas opinioes sabre algumas quest6es teologicas

divergiam das deles.

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I 37 [

7 r Tambern nao se pode argumentar que, em termos

gerais, uma obra nao e do Espirito de Deus se houver

muitos erros de julgamento e algumas ilusoes de Satanas

misturadas a ela. Par maior que seja uma intluencia

espiritual, nao devemos esperar que 0 Espirito de Deus

seja outorgado hoje da mesma fonna como foi concedido

aos apostolos, guiando-os infalivelrnente nas quest6es

da doutrina crista a fim de que se pudesse confiar naquiloque ensinavam como regra para a igreja crista. Se hi 0

surgimento de varias ilus6es de Satanas ao mesmo tempo

em que prevalece urn grande zelo religioso, nao se pode

provar que, de forma geraI, a acao nfio provern de Deus.

Esse mesmo argumento nao foi valido no Egito, em

tempos passadas. Pelo fato de Janes e J ambres realizarem

falsos milagres pela mao do Diabo, ninguem podia dizer

que nao foram realizados milagres verdadeiros pela mao

de Deus. Na realidade, as pessoas podem ser objetos de

muitas influencias do Espirito de Deus e, mesmo assim,

a s vezes se deixarem levar pelas ilusoes de Satanas. Isso

nao e urn paradoxa maior do que outras coisas que aeon-

tecem com verdadeiros santos em seu estado atual, nas

situacoes em que: a gra<;a convive COIn urn tanto de

corrupcao; 0 novo e 0 ve1ho homem subsistem juntos

no mesmo ser; e 0 reino de Deus e 0do Diabo permane-

cern por algum tempo juntos no mesmo coracao, Nesta

e em outras epocas, muitas pessoas piedosas tern caido

em lamentaveis enganos porgue tendem a dar dema-

siada irnportancia a impulsos e irnpressoes, como se

estes fossem revelacoes diretas de Deus predizendo

alguma coisa ou mostrando-Ihes aonde devem ir e 0 que

devem fazer,

8. Se alguns dos que foram considerados como sendo

guiados pelo Espfrito cometem erros graves ou praticas

escandalosas, ainda assim nao podemos afirmar de forma

generalizada que a obra nao e do Espirito de Deus. 0 fata

de existirem algumas imitacoes nao prova que nada e

verdadeiro - em uma epoca de reforma, coisas desse

tipo sempre sao esperadas, Se examinarmos a historia cia

igreja, nao encontraremos nenhum exemplo de urn grandereavivamento da religiao que nao tenha sido acompanhado

por tais acontecimentos. Foram inumeros os casos dessa

natureza nos dias dos ap6stolos ..Alguns se desviavam para

graves heresias, e outros, para praticas vis, mas ainda assim

pareciam instrumentos de uma acao do Espirito. Durante

algum tempo, eram aceitos como irmaos e companheiros

entre aqueles que de fato agiam pelo Espirito, e ninguem

suspeitava de nada ate que eles mesmos se afastassem.

Alguns desses hom ens eram mestres e ministros, pessoas

importantes na igreja crista, a quem Deus concedera dons

de milagres do Espirito Santo, como vemos nos versiculos

iniciais do capitulo 6 de Hebreus. Temos urn excmplo

disso em Judas, urn dos doze ap6stolos. Durante muito

tempo ele esteve constantemente unido e intimamente

relacionado a urn grupo de discipulos que havia tido

experiencias genuinas; ninguem descobriu ou suspeitou

de Judas ate que ele mesmo se revelou atraves de sua

conduta escandalosa.. Em todos os aspectos externos, 0

proprio Jesus 0 havia tratado como se verdadeiramente

fosse urn discipulo; Cristo ate mesmo 0investira do carater

de apostolo, enviando-o a pregar 0 evangelho e conce-

dendo-lhe dons milagrosos do Espirito. Partanto, embora

Jesus 0 conhecesse, ele nao se investiu do carater de juiz

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- -,,\ V L I{ ) :\ i}I H }\ oB n.\ IJ o F S P 1 R r r ( ) ! ') 9 I

"Nao hi um consenso qtlanto a essa opiniao ..Hi quem se coloque

a favor da total falta de relacao entre Nicolau, citado por Lucas, e os

nicolaitas, mencionados en) Apocalipse ..Estes seriam uma referencia

a Balaao e suas obras, com a nome transliterado para 0grego (nota

do editor) ..

cometeram os erros mais graves e grossciros, e os atos

mais aborninaveis. Eln epocas de grande derramamenro

do Espirito, em que hi urn reavivamento da religiao no

mundo, e particularmente noravel 0 fato de que muitos

daqueles que a principio pareciam fazer parte do movi-

mento se desviarn e cometern crros estranhos e extravagan-

tes, mostrando urn fanatismo grosseiro, vangloriando-se

par possuirem urn alto grau de espiritualidade e perteicao,censurando c condenando outros como carnais, Foi assim

COIn as gn6sticos nos dias dos ap6stolos e com varias

faccoes na Refonna, como Anthony Burgess observa em

seu livro Spiritual Rtjinings C'Refinamentos Espi ri ru a is " ),

parte 1, sermao 23 , pagina 132: "Os primeiros reformadores

de destaque, gloriosos instrumentos de Deus, encon-

travam-se em urn amargo conflito: eles njio 56 eram

provados par formalistas e papistas tradicionais por urn

lado, mas rambem por homens que s e j ul ga v am mais

iluminados do que os reformadores, por outro lado; dai

eles chamarem de "literistas" e "vocalistas" aqueles que de

fato aderiam a s Escrituras e por meio delas tentavam fazer

profecias - homens que conheciam as palavras e vogais

das Escrituras, mas que njio possuiam nada do Espirito

de Deus. Em qualquer cidade, onde quer que a verdadeira

doutrina do evangelho irrompesse e destronasse 0papismo,

imediatamente surgiam tais opinioes, como joio em meio

ao trigo born. Com isso, apareceram grandes divisoes, e a

Reforma tornou-se abominavel e odiosa para 0 mundo.

Era como se ela tivesse sido 0 sol dando calor e vivacidade

aos vermes e serpentes para que estes pudessem surgir

rastejantes do solo. Por essa razao, os homens investiam

contra Lutero, dizendo qu e ele havia proclamado somente

onisciente que sonda as coracoes; antes, agiu como urn

ministro da igreja visivel (po is ele era 0 ministro de seu

Pai) e, assim, nao rejeitou Judas ate que ele proprio se

desmascarou por meio de sua conduta pecaminosa. Dessa

forma, Cristo clava urn exemplo aos lideres e legisladorcs

da ig re j a visivel, mostrando-lhes que nao deveriam

atribuir a si mesmos 0 papel daquele que sonda os cora-

s:6es; no exercicio de seus cargos, deveriam avaliar so-mente segundo 0 que fosse visivel e aparente. Naquela

epoca, houve alguns ap6statas que a principia eram tidos

como homens eminentemente cheios da gra<;a do Espi-

rito de Deus. Urn desses casas provavelmente foi 0 de

Nicolau, urn dos sete diaconos. Quando ocorreu aquele

extraordinario derramamento do Espfriro, os cristaos em

Jerusalem consideravam-no urn hornem cheio do

Espirito Santo; par isso, ele foi escolhido entre a multidao

de cristaos para 0 service diaconal, como vemos em Atos

6~3,5 .. Mais tarde, porern, ele se desviou, tornando-se

lider de urn grupo de vis hereges, de praticas vulgares,

que, a partir de seu nome, passaram a se chamar "nico-

laitas" (cf Ap 2.6,.15)~*

Assim tambem, no periodo da Reforma, quando

ocorreu a separacao do papisrno, era realmente grande 0

ntirnero daqueles que, durante algum tempo, pareciam

juntar~se aos reformadores, mas depois se desviaram e

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I -t() I SJ N .. I ~ ()l-l- ~l: Pc. ).'-r-,,\\·1 E N T ·E :. [ \ ; t _{ ; ;\ .\ 1 l· ,\1;\ ()gjt,\ ... I .+ J I

9. Nao se pode argumentar que uma obra nao e do

Espirito de Deus porque, aparentelnente, os ministros a

promovem, insistindo demais nos rcrrores da santa lei de

Deus, com uma boa dose de sentimento e seriedade, Se

realmente existir, como geralmente se supoe, urn inferno

de tormentas tao pavorosos e incessantcs, do qual verda-

deiras multidoes corrern grande perigo ~ e no qual a

maior parte dos homens das nacoes cristas efetivamente

cai, gera~ao ap6s gera~ao) par nao perceber sua terrivel

natureza e, portanto, par nao tamar 0devido cuidado para

evita-lo -, entao por que nao seria correto que aqueles

que se preocupam com as almas se dessem ao trabalho de

conscientizar as pessoas disso? Por que os homens nao

deveriarn ser inforrnados 0 maximo possfvel sobre a

verdade? Se corro 0 risco de if para 0 inferno, deveria

fiear feliz POf saber tudo 0 que possa sobre sua natureza

pavorosa. Se estou muito propenso a negligenciar 0devido

cuidado para evita-lo, aquele que me explicar a verdade

sabre a situacao , mostrando da maneira mais vivida

possivel minha desgrac;a e 0 perigo em que me encontro,

essa pessoa me prestara 0 maior dos favores.

Pergunto a qualquer urn: nao e este mesmo 0cami-

nho que os horncns tomariam se corressern perigo de

uma grande calamidade natural? Suponharnos que algum

de voces que sa o c11efesde familia visse um de seus filhos

dentro de uma casa totahnente en1 chamas; sc, na iminenciade ser consumida pelo fogo, a crianca estivesse com-

pletamente inconsciente do perigo e nao fizesse nenhurna

tentativa para fugir depois de voce the ter gritado, voce

passaria a falar com ela de maneira apenas fria e indi-

ferente? Voce nao gritaria bern alto, chamando-a com

seriedade do modo mais vigoroso possivel, mostrando-

lhe 0 perigo em que se encontra e sua insensatez em se

demorar? Sera que sua propria natureza nao the ensinaria

isso, obrigando-o a tamar tal atitude? Se voce continuasse

a falar apenas friamente, como fazemos em conversas

comuns sabre assuntos inditerentcs, sera qu e aqueles que

estao a seu redor nao pensariam que voce esta destituido

de suas faculdades mentais? N ao e assim que a humanidade

se camparta em acontecimcntos seculares de grande irn-. . . . .. ~ . . . . . . .

portancia que requerem a m axirna atencao e muita

urgencia, e com os quais os homens estao bastante

preocupados, Eles nao estao acostumados a tillar com os

outros sobre 0 perigo que corrern e adverti-Ios apenas

superficialmcnte ou de maneira fria c indiferente. A

natureza os ensina de outro modo. Se nos, que cuidamos

das almas, soubessernos como e 0 inferno e conhecessernos

a situacao dos condenados a perdicao, ou se por algum

outro meio nos tornassemos conscientes de quao pavorosa

urn evangelho carnal". No iicio, alguns dos lideres

daqueles Ianarico» "selvagcns" haviam sido muito bern

considerados e especialmente estimados pelos primeiros

reformadares. Assim tarnbem na Inglaterra, no periodo

em que a religiao vital prevalecia (nos dias do rei Carlos

r , do interregno e de Oliver Cromwell), tais fatos erarn

comuns. Da mesma forma na Nova Inglaterra, em seus

dias mais gloriosos, quando a verdadeira religiao flares-cia, coisas desse tipo aconteciam. Portanto, 0 fat a de 0

Diabo disserninar tanto joio nao prova que uma obra

verdadeira do Espirito de Dells nao esta sendo glorio-

samente realizada.

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I 43 I

e a condicao deles; se ao mesmo tempo soubessernos que a

maioria dos hornens to i para la e vissemos que nossos

ouvintes naosedao conta do perigo- nessas circunstancias,

seria moralmente impossivel que evitassernos mostrar-lhes

com muita seriedadc a terrivel natureza de tal desgra~a e

como estao extremamente arneacados por ela. Nos ate

mesmo tiles clamariamos em voz alta.

G.1tando os m inistros pregam f riamente sobre 0

inferno, advertindo os pecadores de que 0 devem evitar,

por mais que suas palavras digam que ele e infinitamente

terrivel, eles acabam se contradizendo; pais a semelhanca

das palavras, como observei anteriormente, as acoes tam-

bern tern sua propria linguagem. Se a sermao de urn pre-

gador ilustra a situacao do pecador como imensamente

pavorosa, ao mesmo tempo que sell comportamento e sua

maneira de falar contradizem isso - mostrando que ele

nao pensa assim -, tal ministro vai contra Setl proprio

objetivo, porque nesse caso a linguagem das acoes e muitomais eficaz do q.ue 0 significado puro e simples de suas

palavras. Nao que eu acredite que devemos pregar somente

a lei; acontece que as ministros talvez preguem insuficien-

temente outras coisas. 0 evangelho deve ser proclamado

tanto quanta a lei, e esta cleve ser pregada apenas para

preparar 0 caminho para 0 evangelho, a fim de que ele

possa ser proclamado de modo mais eficaz. A principal

tarefa dos ministros e pregar 0 evangelho: "Pais Cristo e

o fim da lei para a justificacao de todo aquele que ere"

(Rm lOA). Portanto, urn pregadar ficaria muito alern da

verdade se insistisse demais nos terrores da lei, esquecendo

seu Senhor e negligenciando a proclamacao do evangelho,

Mesmo assim, porern, a lei realmente deve ser enfatizada,

e sern isso a pregacao do evangelho talvez seja em vao.

Certamente, e bela falar com seriedade e emocao,

de acordo com a natureza e a importancia do assunto.

N no ncgo que possa existir urn poueo de impetuosidade

impropria, diferente daquilo que, pela logica, decorreria

da natureza do tema, fazendo com que forma e conteudo

nao estejam de acordo. Alguns dizem que e il6gico usar 0

medo a fim de afugentar as pessoas para 0 ceu, Contudo,aeho que faz parte da lOgica 0 esforco para afugentar as

pessoas do inferno, em euja margem elas se encontram,

prontas para eair dentro dele a qualquer momenta, mas

sem se dar conta do perigo. Nao seria justa afugentar

alguem para fora de uma casa em chamas? 0 medo

justificavel, para 0 qual ha uma boa razao, certamente

nao deve ser criticado como se Fosse algo i16gico.

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Capitulo 2

Sinais biblicos de urnaobra do Espirito de Deus- - - - - - - - - - - - - - ~ - - - - ~ ~ ~ - - ~ ~ -

An; ,~QlTl,. \JOSTRJ\i\l()S /\.l.~C~t..I)J~XEi'-lPJ_()S

daquilo que nao prova que Ulna obra reali-

zada em meio a urn povo nao e do Espirito de

Deus. Como proposto anteriormente, em

segundo lugar, prossigo agora com urna

exposicao positiva acerca dos sinais e eviden-cias biblicos, certos e distintivos de uma acao

do Espirito de Deus, atraves dos quais pode-

mos proceder no julgamento de qualquer- ~

operas:ao que encontremos em nos mesmos• •

ou que veJamos em meio a urn POVO, scm COf-

rer 0 risco de sermos enganados. Para isso,

como ja disse antes, estarei inteiramcnte

limitado a s evidencias que nos sao dadas par

joao no texto a que me refiro em rninha

argumentacao, Oll seja, a capitulo 4 de sua

primeira epistola, ern que 0 assunto e particu-

larrnente examinado de uma forma mais clara

e completa do que em qualquer outro lugar

na Biblia. Ao cornentar os sinais, irei aborda-

los na ordem em que os encontro no capitulo,

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/\ "v E R n. \ lJ r IH .:~ () H Ri\ l )() ESP f H . . I "r()

1.0 fata de a ac;aoproduzir efeitos que engrandecam

a esrima das pessoas por aquele Jesus que nasceu da Virgem

e foi crucificado fora dos port5es de Jerusalem -

parecendo confirmar e estabelecer ainda rnais na mente

humana a verdade declarada pelo evangelho de que clc e 0

Filho de Deus e 0 Salvador dos hom ens - e sem diivida

uma comprovacao de que tal obra e do Espirito de Deus.

Em 1)03.0 4.2t3, 0 apostolo nos da essa evidencia: '~ssimconheceis 0 Espirito de Deus: todo espirito que confessa

que Jesus Cristo veio em corpo e de Deus; e todo espirito

que nao confessa Jesus nao e de Deus, mas e 0 espirito do

anticristo, a respeito do qual tendes auvido que havia de

vir, e agora ja esta no rnundo". Isto implica confessar nao

so qu e houve urn homem assim que surgiu na Palestina, 0

qual realmente fe z e sofreu as coisas narradas a respeito

dele; implica tambem confessar que ele era 0Cristo, isto e ,

o Filho de Deus, ungido para ser Senhor e Salvador, como

est a subentendido no nome Jesus Cristo. A existencia de

tais implicacoes no texto do apostolo e confirmada pelo

versiculo 15, no qual joao continua falanda desse mesmo

assunto, dos sinais do verdadeiro Espirito: "...aquele que

confessa que Jesus e 0 Filho de Deus, Deus permanece

nele, e ele em Deus'). N ote-se que a palavra confessar, como

normalmente usada 110 Novo Testamento, significa mais

do que apenas admitir; implica estabelecer e confirmar alga

pelo testernunho, proc1amando-o com manifestacoes de

estima e zelo: "Portanto, todo aquele que me confessardiante

dos homens, eu tambern 0 confessarei diante de meu Pai,

que esta no ceu' (Mt 10.32); "pelo que eu te confessarei

entre as na~oese salmodiarei 0teu nome" (Rm 15.9; Biblia

de Jerusalem); e "...tada lingua confine que Jesus Cristo e

o S e nh o r, p ar a g lo ria de Deus Pain (Fp 2.11). Em IJ o3 .o 5 .1

e confirrnado 0 sentido do termo empregado pelo ap6stolo

nesse trecho: ('Todo aquele que ere que Jesus e o Cristo e

nascido de Deus; e todo aquele que ama 0 que 0 gerou

ama tarnbern 0 que dele e nascido". Vemos essa confissao

tam bern no texto paralelo em ICorintios 12.3, em que Paulo

nos da a mesma regra para distinguirmos 0 verdadeiro

Espirito de todas as imitacoes: "Porranto, vos declaro quen in gu em , f al an da pelo Espfrito de Deus, pode dizer: Mal-

dito seja jesusl (ou mostra uma consideracao desfavoravel

ou desprezivel por ele) E ninguern pode dizer: Jesus eSenhor! a nao ser pelo Espirito Santo".

Portanto, se 0 Espirito que age em meio a urn povo

e claramente percebido como aquele que r ea liz a um a obra

que convence as pessoas acerca de Cristo e as coriduz ate

ele ~ com a f in alid ad e d e confirmar em suas mentes a

crenca na hist6ria do Cristo que veio em carne e que ele

e 0 Filho de Deus, enviado pelo Senhor para salvar os

pecadores, 0unico Salvador de quem os pecadores tern

imensa necessidade -; e, ainda, se esse Espirito parece

gerar nas pessoas pensamentos sabre Cristo superiores e

mais honrosos do que elas costumavam ter, fazendo com

que se voltem para Jesus, tudo isso, sem diivida, e sinal de

que esse e 0Espirito verdadeiro e certo, por mais incapazes

que sejamos de determinar se, para serem salvificas, a

conviccao e a emocao sentidas pelas pessoas devem ter

determinada forma ou grau,.

Conrudo, as palavras do ap6stolo sao notaveis. A

pessoa a respeito de quem 0 Espirito da testemunho e

par quem ele engrandece a estima dos homens cleve ser

aquele Jesus que veio em carne e nao algum outro Cristo,

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S IN /\IS H I B l_ l( '.( )~ 11[ - t.l~\t-\ ()BR.. no l".\Pll\ I j.( 11)[ r)E L: ~

mistico au Iantastico, como seu substituto. Assim era a luz

interior, enaltecida pelo espirito dos quacres, mas que, na

verdade , dim inuia sua co nsideracao por urn Cristo

exterior e a dependencia dele - ou seja, 0 Jesus que

veio em carne -; isso os desviava de Cristo. Mas 0espirito

que da testemunho de Jesus e conduz os homens a ele s o

pode ser 0 Espirito de Deus ..

o Diabo tern a mais cruel e implacavel inimizadepela pessoa de Cristo, especialmente no que diz respcito

a seu carater de Salvador dos homens. Saranas tern odic

mortal da historia e doutrina da redencao e nunca tentaria

gerar nos homens pensamentos mais honrosos a respeito

de Cristo, a fim de que as pessoas dessern mais valor a sinstrucoes e mandamentos do Senhor, 0 Espirito que

inclina 0 coracao dos homens para 0 Descendente da

mulher nao e 0 espirito da serpente que nutre contra ele

uma inimizade tao irreconciliavel.;

2. S e 0 espirito qu e opera agir contra os interesses do

reino de Satanas, que consistem em promover e estabelecer

o pecado, acalentando as concupiscencias mundanas dos

hornens, entao teremos ai uma evidencia segura de que ta l

Espirito e verdadeiro e nao fa lso . .Esse sinal nos e dado em

lJoao 4.4,5: "Filhinhos, va s sois de Deus e ja tendes vencido

os faIsos profetas, pois aquele que esta em vas e maior do

que aquele que esta no mundo ..E les sao do mundo; pDr

isso falam como quem e do mundo, e 0mundo os ouve' ~

Eis uma clara antitese: e evidente que 0 ap6stolo ainda

esta comparando aqueles que sao influenciados pelos dois

tipos opostos de espirito, 0verdadeiro e 0false, mostrando

a diferenca entre eles. Urn e d e D eu s e vence 0 espirito do

mundo; 0 outro e do mundo e fala e rem 0 sabor [ruim]

das coisas do mundo. 0 espirito do Diabo e aqui deno-

minado "aquele que esra no mundo" ..Cristo diz: "0 meu

reino nao e deste mundo" (Jo 18.36) ..Com a reino de

Satanas, ocorre 0 contrario: ele e "0 deus dcste mundo".

o que 0 apostolo quer dizer com 0 mundo au "as

coisas que ha no rnundo" e explicado por suas proprias

palavras: "Nao ameis 0 mundo nem 0 que nele ha. Sealguern ama 0mundo, 0arnor do Pai nao esta nele. Porque

tudo 0 que ha no rnundo, 0 desejo da carne, 0 desejo dos

olhos e 0 orgulho dos bens, nao vern do Pai, mas sirn do

mundo" (I]o 2.15,16). Assim, e evidente que 0 aposrolo

entende par "mundo" tudo 0que e de interesse do pecado,

consistindo em todas as corrupcoes e ambicoes seculares

do homem, bern como todos os atos e objetos por meio

dos quais essas inclinacoes podem ser atendidas.

Portanto, com base nas palavras de Joao, podemos

determinar com segurans:a qual e 0espirito que tern agido,

avaliando tais procedimentos: se diminui 0 apego dos

homens aos prazeres, beneficios e honras do mundo; se

arranca de seus coracoes a procura ambiciosa dessas coisas;

se os envolve em uma profunda s ol ic itu d e p el a condicao

futura e pela felicidade eterna reveladas no evangelho,

levando-os a uma busca zelosa do reino de Deus e sua

justic;a; se as convence a respeito da terrfvel natureza do

pecado, cia culpa que ele provoca e da desgraca a que

exp6e as pessoas - esse s o pode ser 0 Espfrito de Deus.

N ao devemos supor que Satanas convenceria ou

despertaria a consciencia dos homens para 0 pecado. Nao

lhe seria de nenhuma utilidade fazer com que a candeia do

Senhor seja iluminada com uma luz mais brilhante, dando

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I S() I I _ )l I

voz ao representante de Deus na alma. Em tudo 0que faz,

porern, e de seu interesse ernbalar 0 sono da consciencia e

mante-la calada, 0 fata de ter a consciencia com a boca e

com as olhos abertos na alma tendera a atrapalhar e

prejudicar seus designios das trevas, pcrturbando constan-

temente suas acoes, indo contra seus interesses e inquic-

tando-o, de tal fonna que e!e nao consiga fazer rnais nada

que d es eja s ern s er incomodado, No momento em que estaquase firmando os homens no pccado, iria 0Diabo tomar

tal caminho? Iria ele iluminar e despertar as consciencias

para que aspessoas enxerguem a terrivel natureza do pecado

e passem a terne-lo excessivamente, par conhecerem as

desgra~as provocadas par seus pecados anteriores e sua

imensa necessidade de lib erta ca o d e suas culpas? Sera que

ele tornaria as homens mais cuidadosos, questionadores e

vigilantes para poderern discernir 0que e pecaminoso, evitar

futuros pecados e, portanto, temerem mais as tentacoes do

Diabo e serem mais zelosos a fim de se guardarem contra

elas? Onde esta a lucidez dos que acham que urn espirito

agindo assim provem do Diabo?. . . .

E possivel que algumas pessoas digam que Satanas

pode ate mesmo despertar a consciencia dos homens para

engana-los, fazendo-os pensar que foram objetos de uma

acao salvifica do Espirito de Deus, enquanto na verdade eles

ainda estao em fel de amargura ..Em resposta a isso, porern,

pode-se argumentar que 0homem que esta com a consciencia

atenta e 0 menos passivel no mundo de ser enganado. A

mente entorpecida, insensivel e tola e a que se deixa cegar

mais facilmente. Quanto mais sensive] for a consciencia em

uma alma perturbada, tanto mais dificilmente ela sera

tranquilizada se nao houver uma verdadeira cura. Quante

.. • A •

mars essa conscrencia se torna sensivel a natureza pavorosa

d o p ec ad o e a gra nde za d a culpa do proprio hornem, menos

p ro ba bilid ad e h i de qu e ele depcnda de sua propria jusrica

ou seja acalmado apenas co m imagens ir re ai s. Uma pessoa

que ficou totalmente aterrorizada ao sentir seu p ro p ri o p e ri go

e desgraca nao e facilmente iludida e levada a cref em sua

salvacao, senao houver algum fundamento sol ido. Despertar

a consciencia e convence-la da p erv ersid ad e d o p ecad o p od enao tender a the dar autoconfianca, mas com certeza tende a

abrir cam inho para a e lim inacao do pecado e de S atanis.

Portanto, esse e urn born sinal de que 0 Espirito que assim

opera nao pode ser 0 espfrito do Diabo, a menos que supo-

nhamos que Cristo nao sabia como argumentar, pois el e

disse aos f ar is eu s - os quais pensavam que 0Espirito pelo

qual ele agia era 0 espirito do Diabo - que Satands niio

expeliria Satands (Mt 12.26). Assim, se vemos p e ss oa s s endo

conscientizadas c ia terrivel natu reza do pecado e da ira de

Deus contra e1e; se clas se conscientizam de sua propria

condicao miseravel e estao seriamente preocupadas com sua

salvacao espiritual; se estao cientcs de sua necessidade de

misericordia e ajuda de Deus, comprometendo-se a busca-las

par meia dos recursos divinamente indicados - entao sem

duvida podemos conduir que essa consciencia provem do

Espirito de Deus, quaisquer que sejam os efeitos provocados

no carpo dessas pessoas, isto e , ainda que elas gritem,

estremecam ou desmaiem, sejam tomadas por convulsoes au

haja qualquer outra agitacao da carne au do espfrito.

A intluencia do Espirito de Deus e manifestada com

maior abundancia se 0 coracao das pessoas e desviado do

mundo, libertado dos objetos de suas ambicoes e arrancado

de suas ocupacoes mundanas pela percepcao da excel enc ia

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l 51 I, .

S IN . .I.~BIB L j{ .()S [)L l'1\l·\ of)R. i \ J)(") F _ . ~ P[]{ITf) l )1: 1) F L : ~ r ):3 I

3. 0 espirito que opera gerando nos homens uma

profunda consideracao pelas Sagradas Escrituras, fir-

rnando-os ainda mais na verdade e divindade da Palavra

do Senhor, certamente e 0 Espirito de Deus. Essa regra

nos e dada peIo ap6stolo em 1]oao 4.6: "N os somas deDeus; quem conhece a Deus nos ouve; quem nao e de

~

Deus njio nos ouve. E assim que conhecemos 0 espirito

da verdade e 0 espirito do erro", Nos so m as d e Deus, isto e e ,

"nos, as apostolos, somas enviados e indicados par Deus

para ensinar 0 rnundo, proc1amando as doutrinas e man-

damentos que serao a regra de fe dos homens; quem conbece

a Deus n os o uu e" , etc ..Aqui, a declaracao do ap6stolo

abrange igualmente todos as que num mesrno sentido

sao de Deus; ou seja, todos as que Deus nomeou e inspirou

para prodamar a igreja as normas de fe e pratica. Sao

todos os profetas e apostolos, cuja doutrina Deus colocou

como alicerce para a cdificacao de sua igreja, como vemos

em Efesios 2.20 .. Enfim, sao todos os amanuenses da

Biblia. 0Diabo jamais tentaria criar nas pessoas qualquer

estima pela Palavra divina, concedida por Deus para ser a

grande e permanente regra de orientacao da igreja em

todos as assuntos religiosos e em tudo 0 que se refere a salmas dos homens, ao Iongo de todas as eras ..Urn espirito

de engano nao levaria as pessoas a buscarem instrucao na

boca de Deus. Os espiritos malignos, que nao tern luz. . . .

interior, nunca conclamam: "'A lei e ao tesremunho", pois

o proprio Senhor ordenou que desmascarassemos suas

ilus6es: "Quando vos disserem: Consultai os que con-

sultam os mortos e os feiticeiros, que sussurram e mur-

muram, respondei: Por acaso urn povo nao consultara 0. . . .

seu Deus? Em favor dos vivos se buscarao os mortos? A

Lei e ao Testemunhoi Se eles nao falarem conforme esta

palavra, nunea verao raiar 0 amanhecer" (Is 8~19,20) .. 0

Diabo nao diz 0 mesmo que Abraao: "Eles tern Moises e

os profetas, que os oucam" (Lc 16.29); nem fala sabre Cristo

como a voz que veio do ceu: "u.a ele ouvi" (Mt 17.5). Seraque0espirito de engano, querendo iludir as hornens, gera-

ria neles urn alto conceito da regra infalivel, dispondo-os

a dar-lhe muito valor ease familiarizarem com ela? Iria

o principe das trevas levar os homens para a luz do sol

com 0 intuito de promovcr seu reino de trevas? 0 Diabo

sempre demonstrou rancor e odio mortais pelo livro

sagrado, a Biblia. Ele tern feito tudo 0 que pode para

extinguir essa luz e dela desviar os homens. Ele sabe que

esta e a luz pela qual seu imperio de trevas sera destrufdo.

Hi muitas eras Satanas vern experimentando 0poder dessa

luz a impedir seus objetivos e frustrar seus planes: e seu.. .

eterno flagelo. E a principal arma usada par Miguel em

sua peleja contra 0Diabo ----.a espada do Espirito, que 0,

traspassa e subjuga. E a grande e poderosa espada com a.. .

qual Deus pune a Leviata, a serpente perversa. E aquela

espada a fia da q ue sai da boca do cavaleiro e com a qual

ele derrota seus inimigos, como lemos em Apocalipse

19.15 ..Cada texto e como uma ferroada a atormentar a

velha serpente .. 0 Diabo ja sentiu essa dor pungente

milhares de vezes; assim, ele csta empenhado na luta contra

a Biblia e odeia cada palavra nela contida. Podemos estar

certos de que ele jamais ten tara aumentar a estima au 0

arnor das pessoas pelas Escrituras. Consequentemente, e

das coisas divinas e par se apegar a s alegrias espirituais

de Dutro mundo, as quais estao prometidas no evangelho.

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I 54: I,

A \' L ltJ L\l )~J!L'\ ()BIL·\ 1 )() ESP1 R rro . .

S l _ " '< _ , \ r \ gin LIe () S ~) :. lli\ L \ (} B H_/\ I "U) l- >d III':' l [\.l 1)E . 1) r: l r ~ , ") )

comum vermos alguns fanaticos depreciando essa regra

escrita, estabelecendo acima dela a luz interior ou alguma

outra norma.

urn reino de trevas,. sen do apoiado e prornovido somente

pelas trevas e pelo engano. Por meio das trevas, Satanas

obrern todo seu poder e imperio; por isso lemos sobre tal

pader (veja Lucas 22.53 c Colossenses 1.13)~ Os dernonios

sao chamados "principes deste mundo de trcvas" (Ef 6.12).

Qyalquer espirito que remove nossas trevas enos traz a luz

livra-nos do engano e, por convencer-nos da verdade, faz

uma grande gentileza. Se sou levado a e.tLXergar a verdadee me conscicntizo dos fatos como reahnente sao, rneu clever

e agradecer de imediato a Deus, se rTI antes ficar parade,

indagando p(}r quais meios recebo ta l beneficia.

4 6 Dutra regra para discernirmos os espiritos pode

ser inferida a partir das farmas de tratamento dadas aos

espiritos inimigos, nas ultimas palavras de IJo3.o 466: ~(t ... 0

espirito da verdade e 0 espfrito do erro", Elas revelam ascaracteristicas opostas entre 0Espirito de Deus e as outros

espiritos qlle ralsificam suas obras. Portanto, se ao

observarmos a maneira de agir de urn espirito vernos que

ele opera como espirito da verdade, levando as pessoas a

verdade e convencendo-as de coisas verdadeiras, entao

podemos concluir com seguran~a que esse e 0espirito certo

e verdadeiro ..Por exemplo, se notamos que 0 espirito em

operacao aumenta nas pessoas a consciencia de que: existe

urn Deus e ele e urn Senhor magnifico que abomina 0

pecado; a vida e curta e muito incerta e hi Dutro mundo

alern deste; os homens tern almas imortais e devem prestar

contas de si proprios a Deus; as pessoas sao excessivamente

pecadoras por natureza e atos, indefesas em si mesmas -

enhm, se ta l espirito e confirmado nas questoes relativas a

s a doutrina, entao ele esta operando como espirito cia

verdade, pais apresenta as fatos como realmente sao. Ele

traz os homens para a luz, porque tudo 0 que manifesta a

verdade e luz, como observa 0 ap6stolo Paulo, em Efesios

5.13: "Mas todas cssas coisas, sendo condenadas, mani-

festam-se pela luz, pais tudo que se manifcsta e luz", Logo,

podemos concluir que nao e o espirito das trevas que assim

descobre e manifesta a verdade. Cristo nos diz que Satanas

e "mentiroso e pa i da mentira" (Jo 8.44), que seu reino e

5. Se 0 espfrito que esta em acao em meio a urn pave)

opera como espirito de arnor a Deus e ao homern, temos ai

um sinal seguro de que esse e 0Espirito de Deus, 0 apostolo

joao enfatiza esse sinal do versiculo 7 ate 0tim do capitulo:

"Amados, amemos uns aos outros, porque 0 amor e de

Deus, e todo aquele que ama e nascido de Deus e conhece

a Deus. Aquele que nao ama nao conhece a Deus, porque

Deus e amor", etc. Aqui, e evidente que Joao continua

comparando os dais tipos de pessoas que estiio sob a acao

das duas especies opostas de espiritos ..Ele menciona 0am or

como urn sinal par meio do qual podemos identificar quem

tern 0espirito verdadeiro. Isso se torna especiahnente claro

110S versiculos 12 e 13: "...se arnamos uns aos outros, Deus

permanece em nos, e seu amor e em nos aperfeicoado ..

Assim sabemos qlle permanecemos nele, e ele em n6s: por

haver ele nos dado do seu Espirito" ~Nesse trecho, J03.0fala do aITIOr como se russo consistisse a propria natureza

do Espirito Santo; au seja, e como se 0 amor divino

permanecendo em nos e 0 Espirito de Deus habitando em

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56 I )i

nos Iossern a mesma coisa (assim tarnbern ocorre no

versiculo 16 desse capitulo e nos dais ultimos versiculos

do anterior). Portanto, esse ultimo sinal do Espirito

verdadeiro, dado pelo apostolo, parece ser considerado a

mais erninente, sendo aqucle sabre a qual joao insiste de

modo mais ample do que todos os outros. Ele fala

especificamente do amor tanto a Deus quanta aos homens:

do amor ao s bomens, nos versiculos 7, 11 e 12; do amor aDeus, nos vcrsiculos 17, 18 e 19; de ambos, 110S dois ultirnos

versiculos; e do amor aos homens como algo proveniente

do amor a Deus, tambem nos dois ultimos versiculos.

Portanto, quando 0 espirito em meio a urn povo age dessa

forma, gerando em muitas pessoas pensamentos elevados e

sublimes sabre 0 Ser Divino e suas gloriosas perfeicoes;

quando lhes contere uma percepcao admiradora e aprazivel

da excelcncia d e J es us Cristo, apresentando-o como 0chefe

entre dez mil e totalmente digno de adoracao, tornando-o

precioso para a alma; quando 0 coracao e conquistado e

atraido pelas razoes e estimulos do amor de qlle 0 ap6stolo

fala nas passagens mencionadas acima ~ isto e , 0esplendido

e gracioso arnor de Deus ao enviar seu unico Filho para

morrer em nosso favor e 0maravilhoso amor sacrificial de

Cristo par nos, mesmo quando nao tinhamos nenhum amor

por ele, e eramos seus inimigos; forc;osamente, trata-se do

Espirito de Deus, como podemos notar nas seguintes

passagens de l)oao 4: "0 arnor de Deus para conosco

manifestou-se no fata de Deus ter eriviado seu Filho

unigenito ao mundo para que vivamos por rneio dele. Nisto

esta 0 arnor: nao famos nos que amamos a Deus, mas foi

ele quem nos amou e enviou seu Filho como propiciacao

pelos nossos pecados" (v, 9,10); "E conhecemos 0 arnor

que Deus tern por nos e cremos nesse amor, Dells e arnor;

quem permanece elll amor permanece em Deus, c Deus

nele" (v, 16); e "nos amamos porquc ele nos amou primeiro"

(v ; 19). 0 espirito que estimula nosso amor com esses

motivos e transforma em agradaveis objetos de contcm-

placao os atributos de Deus, contorme revelados no evan-

gclho e rnanifestados em Cristo; a espiri to que faz C(JID

que a alma tenha anseio par Deus e Cristo ~ apos tersentido a presen~a e a cornunhao divinas, tido conhecimento

deles e com eles se ter harmonizado - e viva para agrada-

los e honra-Ios; 0 espirito que acalma as contendas entre

os hornens, dando-lhes paz e boa vontade, incentivando-

os a praticarem acoes de bondade pratica e a desejarem

com firmeza a salvacao das almas; 0cspirito que inunda de

contentarnento aqueles que se mostram fllhos de Deus e

seguidores de Cristo - insisto, 0 espirito que opera dessa

maneira em meio a urn povo da a prova mais sublime da

influencia do Espirito verdadeiro e divino.

Defato, existe urn

amorsimulado

que muitasvezes

aparece em meio aqueles qu e sao levados POf um espirito

de engano ..Nos fanaticos mais desenfreados, geralmente

ha uma especie de uniao e afeicao gerada pela autoestima

e ocasionada por urn acordo mutua referente a questoes

sabre as quais eles muito diferem dos outros e devido a s

quais sao objetos de ridiculo perante 0 resto da hurna-

nidade. Naturalmente, isso as leva a se orgulharem muito

mais dessas peculiaridades que os tornam objetos do

desprezo alheio, Era assim que os antigos gnosticos e os

fal1.aticos impetuosos, que apareceram no corneco da

Reforma, vangloriavam-se de seu imenso arnor uns pelos

outros ..Em uma das seitas especiticamente, as pessoas

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I 5: ) I . .

~l~/\I ~ HIBLJ(~(lS [)L I I \ . } .. \ ()!lRA I)() E~PlHI " [ ' ( ) I)L [)Fl.f\~ lJ)

denorninavam-se afamilia do amor. Isso, porern, e muito

diferente do arnor cristao que acabei de descrever, pois e

apenas a exibicao de uma autocstima natural, nao havendo

verdadeira caridade; e como a uniao e 0 companheirismo

que podem existir em meio a urn grupo de piratas que

estao em guerra corn () resto do mundo, Nessc texto de

]()a(), e dito a suficienre sabre a natureza do verdadeiro

amor cristae para que este possa ser distinguido de todasas imi tacoes, Esse arnor surge da percepcao das mara ~

vilhosas riquezas provenientes da livre gra~a e soberania

do arnor de Deus por nos em Cristo Jesus. A isso, sejam

somados urn reconhecimento de nosso completo demerito,

por sermos inimigos que odeiam a Deus e a Cristo, e

uma renuncia de toda nossa excelencia e retidao pessoal

(veja as versiculos 9, 10, 11 e 19). A caracteristica mais

evidente do verdadeiro amor divino sobrenatural - dis-

tinguindo-o das imitacoes que surgem de uma autoestima

natural- e que nele brilha a virtude crista da humildade,

qualidade que, mais do que todas as outras, renuncia,

degrada e aniquila a palavra auto. 0 amor cristae, au a

verdadeira caridade, e urn amor humilde: ~'O amor e

paciente; 0 amor e benigno. Nao e invejoso; nao se van-

gloria, nao se orgulha, nao se porta com indecencia, nao

busca os proprios interesses, nao se enfurece, nao guarda

ressentimento do mal ..... (leo 13t4,5). Portanto, quando

vemos em alguem urn amor acompanhado do reconhe-

cimento de sua propria insignitrcancia, sordidez, fraqueza

e total insuficiencia; e, ainda, quando ha aurodesconfianca,

autodesprendimento, aurorrernincia e humildade de

espirito ~ estes sao sinais claros do Espirito de Deus.

Aquele que assim permanece no amor permanece em

Deus, e Deus nele. A grande prova do verdadeiro Espirito

a que 0 apostolo se refere e 0 arnor de Deus OlIO arnor de

Cristo: ", .vseu arnor e em nos aperteicoado" (v, 12). No

exemplo de Jesus, vemos melhor que tipo de amor e esse.

o amor demonstrado pelo Cordeiro de Deus nao era

somente pelos amigos, mas tambcrn pelos inimigos,

sentimento este acompanhado por urn espirito manso e

humilde. Ele mesrno diz: «.•• aprendei de mim, que sou

manso e humilde de coracao" (M t 11.29). Arnor e

humildade sao as duas coisas mais contrarias ao espiriro

do Diabo neste mundo, pais, acima de tudo, 0 carater

desse espirito maligno consiste em orgulho e maldade.

Assim, estive falando especialmente dos varies sinais

que 0ap6stolo nos da de uma obra do Espirito verdadeiro.

Vimos que hi algumas coisas que 0 Diabo naofaria sob

hip6tese alguma, mesmo se pudesse: ele nao despertaria

as consciencias, tornando as homens conscientes de sua

condicao desgracada devido ao pecado e de sua grande

necessidade de urn Salvador; nao confirmaria os homensna crenca de que Jesus e 0Filho de Deus e 0 Salvador dos

pecadores, nem aumentaria a estima e consideracao das

pessoas por Cristo. Satanas nao criaria na mente humana

uma percepcao da necessidade, utilidade e verdade das

Sagradas Escrituras, nern Faria com que as pessoas bus-

cassem fazer uso delas; ele tambem nao mostraria aos

homens a verdade sobre os assuntos da alma, a fim de

abrir seus olhos e arranca-Ios da escuridao, levando-os aluz e dando-lhes uma visao das coisas como realmente

sao..Ha ainda outras coisas que 0Diabo ndo pode nem ira

f a z e r : ele nunca c l a r a aos homens urn espirito de arnor

divino, humildade e desprendimento cristaos. Na verdade,

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I s o I. .

SIN.Al~ B1BLI(~(")Sm l\\'l/\ ()HRi\ no rSPIRJI'C)i"_}ll)Fl.l\

ele nem poderia se quisesse. 0 Diabo nao pode dar aquila

que ele mesmo nao possui, e essas coisas sao totalmente

opostas a sua natureza. Assim, quando ha uma inrluencia

ou operacao extraordinaria na mente de urn povo, e os

aspectos acima sao nela verificados, podemos determinar

com seguranca que aquela obra e de Deus, quaisquer que

sejam as outras circunstancias que a acornpanham, as

instrumentos usados au as metodos aplicados para efetiva-la. Nao importam as meios empregados por urn Deus

soberano - cujos juizos sa o urn abismo profundo - para

realizar sua acao, nem os impulsos provenientes dos

instintos animais, nem os efeitos provocados no corpo

humano. Os sinais descritos par Joao sao autossuficientes

e se sustentam, mostrando claramente 0d ed o d e D e U S t Esses

sinais pesam muito mais na balanca do que mil pequenas

objecoes que muitos levantam a partir de extravagancias,

irregularidades e falhas na conduta, superando tambem as

ilus5es e escandalos de alguns estudiosos.

N esse ponto, porern, algumas pessoas podem

questionar se as evidencias apresentadas sao suficientes,

citando 0apostolo Paulo: "Esses homens sao falsas apes-

tolos, obreiros desanestos, disfarcando-se de apostolos de

Cristo. E nao e de admirar, pois 0 proprio Satanas se

disfarca de anjo de luz" (2eo 11.13,14). Respondo que

isso nao pode ser urn argumento contra a suficiencia desses

sinais para discernirmos 0 espirito verdadeiro e 0 falso

nos falsas apostolos e profetas, aqueles nos quais 0Diabo

se transforma em anjo de luz. Isso porque e pensando

principalmente nesses "obreiros desonestos" que joao

apresenta tais evidencias, como fica claro pelas palavras

do texto: "Amados, nao acrediteis em qualquer espirito,

mas avaliai se os espiritos vern de Deus, porque rnuitos

falsos profetas tern saido pelo rnundo" (v.1);ou seja: "Hi

muitos que sairam pelo mundo, que sao ministros do

Diabo e se transformam em profetas de Deus, por meio

destes 0 espirito do Diabo e transtormado em anjo de

luz. Portanto,. avaliem os espiritos com estas regras que

lhes darei, para que sejam capazes de discernir ()espirito

verdadeiro do [also, disfarcado com tanta asnicia". Semduvida, osf a I s osprofetas aludidos par foao sao homens do

mesmo tipo dos falsos apostolos e obreiros desonestos a

respeito dos quais Paulo fala, par meio dos quais Satanas

se transforrnou em anjo de luz. Assim, podemos estar

certos de que as sinais estao especialmente adaptados para

podermos distinguir entre 0espirito verdadeiro e 0Diabo

transformado em anjo de luz, porque sao propostos espe-

cialmente para tal fim. Fornecer as sinais pelos quais 0

verdadeiro Espirito pode ser discernido desse tipo de

imitacao e 0 claro prop6sito e designio de joao,

Alero disso, se examinarmos 0 que e dito sabre esses

falsos profetas e ap6stolos (e hi muita coisa a esse respeito

no Novo Testamento) e prestarmos atencao a rnaneira como

por meio deles 0 Diabo se transformava em anjo de luz,

nao encontrarernos absolutamente nada que prejudique no

minimo detalhe a suficiencia desses sinais para discernirmos

o verdadeiro Espirito de tais imitacoes. 0 Diabo trans-

formava-se em anjo de luz, pais havia nesses homens exi-

b ica o e grande jactancia de urn conhecimento extraordinario

das coisas divinas (C12.8; ITm 1.6,7; 6.3-5; 2Tm 2.14-18;

Tt 1.10,16). Consequentemente, seus seguidores deno-

minavam-se gn6sticos, por aparentarem vasta sabedoria. Por

meio deles, 0 Diabo imitava as dons miraculosos do

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Espirito Santo, em visoes, revelacoes, profecias, milagres

etc; dai serem chamados falsos apostolos e falsas profetas

(veja Mateus 24.24). Havia ainda aparencias ilusorias e

falsas alegacoes de santidade sublime e devocao em palavras

(Rrn 16.17,18; Ef 4.14) - eis POf que sao chamados de

obreiros desonestos (2eo 11413) e Fontes e nuvens sem

agua (2Pe 2.17; Jd 12)t Fingiam tarnbem extraordinaria

piedade e retidao em sua adoracao supersticiosa (C12~16-23). Tinham, portanto, urn zelo falso, soberbo e amargo

(GI 4.17,18; ITm 1.6; 6.4,5). Aparentavam igualmente

humildade, fingindo extrema pobreza e sujeicao, enquanto

na verdade estavarn enfatuados "sem motivo algum na sua

mente carnal" (Cl 2.18) ..E faziam dessa humildade sua

propria justifica~ao, envaidecendo-se excessivamente por

sua eminente piedade (C12.18,23). De que maneira, porem,

fatos assim podem prejudicar de alguma fonna as coisas

rnencionadas acima como sinais distintivos do Espirito

verdadeiro? Alem dessas dernonstracoes vas, que podem

ser do Diabo, ha influencias comuns do Espirito de Deusque mui tas vezes sao confundidas com a gra\=a salvifica;

mas isso nao vern ao caso, pais, mesmo nao sendo salvfficas,

ainda assim sao obra do Espfrito verdadeiro.

Portanto, considero concluida a explanacao que a

principia me propus a fazer, au seja, considerar as sinais

distintivos e infaliveis por meio dos quais podemos

proceder com seguranca no julgamento de qualquer obra

que venhamos a presenciar, reconhecendo se e ou nao do

Espirito de Deust Passo agora a s inferencias praticas ..

Capitulo 3

Inferencias praticas

-

1. A P i\ H T T R o o ( l_l f1~ F( ) r 1 )] 'ro "!{ 'r E /\(21 11 ,

arrisco-me a tirar a seguinte conclusao: a

exrraordindria injlztencia q ue su rg iu rc ce nte -

men te } ge rando uma p r e o c u p a i a o n otd ue l e urn

e nu oh nm ento inc om um d as m ente s e m re laia o

a o s a ss un to s lig ad o s a re/igiao~ sem duuida, em

termos gera is , prooem do Espirito d e D e us. Ha

apenas duas coisas que precisam ser conhe-

cidas para se julgar uma obra desse tipo, a

saber: osfotos e as reg ras . J : i foram expostas anossa frente as regras da Palavra de Deus.

~anto aos fatos, nao hi rnais do que duas

maneiras por meio das quais podemos

aborda-los, a fim de que sejamos capazes de

compara-Ios a s regras: por nossa propria

observacao ou pelas informacoes daqueles que

tiveram a oportunidade de presencia-los.

Muitas coisas que dizem respeito a essa

obra ja sao conhecidas, et se 0 ap6stolo joao

nao errou em suas regras, elas seriarn autossu-

ficientes para identifica-la como sendo, de

modo geral, obra de Deus. 0 Espfrito que

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IN F r R r-.(.L\ ~ P 1Z.. [ I { : .\ s ( :-)).

esta agindo desliga a mente humana das vaidades deste

mundo, envolve-a ern uma profunda preocupacao com a

felicidade ererria, faz com que busque com fervor a

salvacao e convcnce-a da terrivel natureza do pecado e de

suas proprias condicoes naturais de culpa e desgraca. Essa

obra desperta a mente, fazendo-a ter consciencia da terrfvel

ira de Deus, gerando nela urn desejo intenso e urn cuidado

e esforco ardentes para obter 0favor divino. 0Espiritoleva os hornens a urn aproveitamento diligente dos meios

de gra~a indicados por Dells, acornpanhado de urn maior

respcito pela Palavra de Deus e urn desejo de ouvi-Ia, le-.r-

la e conhece-Ia melhor do que antes. E notoriamente

claro que 0 Espirito que est a em a~ao atua globalmente

como espirito da verdade, tornando as pessoas mais

conscientes daquilo qlle de fa to e verdadeiro nas coisas

qlle dizem respcito a salvacao eterna. Ele Ihes mostra

que devem morrer e que a vida e muito curta e incerta;

que existe urn Deus sublime que abomina 0 pecado e a

quem as pessoas devem prestar contas; que ele Ihcs

deterrninara a condicao eterna em Dutro mundo e qu e os

homens prccisam muito de urn Salvador ..Esse Espirito

faz com {_1uea s pessoas tcnham mais consciencia d o valor

do Cristo crucificado e de sua necessidade dele, levando-

as a buscar seriamente uma participacao nele. Por meio

de manifestacocs par toda a terra, isso nao pode deixar de

se tornar visivel para as pessoas em geral: "porquanto nada

se passoll ai, nalgum recanto". A acao nao ficou limitada

a algumas cidades em poucas regi6es rnais afastadas ..Ela

tern side realizada em rnuitos lugares por toda nossa terra

e na maioria dos POl1tOS centrais, mais populosos e

publicos, Ncsse sentido, Cristo tern agido assim entre nos,

da mesma forma como realizou seus milagres na Judeia.

1580 vern se manifestando ininterruptamente ha urn tempo

consideravel, de forma que ja houve muitas oportunidades

para observarmos a natureza da obra. Tados as que tern

conhecimento intima de algulna pessoa que foi objeto de

uma obra do Espirito conseguem cnxergar com muito

mais clareza aquila que as regras do apostolo demonstram

de maneira evidente e certa como obra de Deus,Nesse ponto, eu poderia acrescentar qlle, se ulna

obra for observada em varies lugares e ern uma gral1de

multidao de pessoas de todos os tipos, a natureza e a

tendencia do espirito que esni agindo poderiio ser avaliadas

com muito mais certcza e menos perigo de sermos

ludibriados do que se ela for vista em um s o lugar especi-

fico e em apenas determinados homens que ja tiveram

muito convivio entre sit Algumas poucas pessoas podern

entrar em acordo para trapaccar as outros, simulando Ulna

obra e professando coisas das quais nunca tiveram

consciencia ..Quando, porern, a obra esta disseminada por

imensas areas de urn pais, em lugares distantes uns dos

outros, em meio a pessoas de todos os tipos e de todas as

idades, ern multi does que possuem mente sa , born

discernimento e integridade notoria, considerando-se

aquila que se pode conduir de tudo 0 que e noticiado e

visto nesses homens - ao longo de varies meses e par

aqueles que lhes sao mais familiares nesses assuntos e hi

muito os conhecem ~, seria urn grande absurdo supor

que ainda assim nao se pode avaliar 0 tipo de influencia

exercida sobre as mentes pela obra que neles se realiza.

Sera que nao e possivel dizcr se aquilo tende a despertar

au entorpecer a consciencia; se os inclina rnais a buscarem

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6/ I

ou negligcnciarem sua salvacao; se parece confirma-los

na fe nas Escrituras ou leva-los ao deismo; se faz ou nao

corn que tcnham maior consideracao pelas verdades

supremas da religiao?

Aqui se cleve notar qlle sao duas atitudes diferentes

que sa()vividas pelas pessoas: protessar a conviccao de certas

verdades divinas, a ponto de respeita-Ias e ama-las de

maneira salvifica; e professar qlle estao mats comicncidas Oil

confiantes do que antes quanto a veracidade das verdades

divinas, descobrindo que agora as consideram rnais. Trata-

se de duas coisas bem diferentes. As pessoas sinceras e de

born senso tern muito mais direito de exigir que mais crcdito

seja dado a esta Ultima contissao do qu e a prirneira. De

tato, na primeira, e mais provavel que alleIlas algumas pcssoas

em particular sejam enganadas do que llm povo inteiro.

Tadavia, fage ao prop6sito dessa argllmenta<;ao a qucstao de

as conviccoes das pessoas e a alteracao em suas disposicoes

e crnocoes alcancarem tamanho grau e ta l forma para serem

salvificas .. Se houver nos discernimentos, disposicoes e

emocoes das pessoas, os efeitos rnencionados anteriormente,

sejam eles salvificos ou nan quanto a seu grau e forma, nao

deixam de ser urn sinal da influencia do Espirito de Deus ..

As regrtlS das Escrituras servem para disringuirmos entre as

intlucncias comuns do Espirito de Deus, com as que sao

salvificas, e a inilucncia de outras causas,

Posta que, pela providencia divina, durante estes

ultimos meses, tenho estado err) meio a algumas pessoas

que foram objetos da obra em questao e, especificamente,

tenho tido a oporrunidade de vcr e observar aquelas coisas

extraordinarias com as quais muitos se tern cscandalizado

~ por exemplo, pessoas chorando, gritando, sendo

tomadas por violentas contorcoes flsicas etc. Tenho visro

a maneira, a conclusao e as frutos dessas manifestacoes

ao longo de varios meses. Considerando-se rambern que.,

naquilo que se refere aos assuntos da alma, eu conhecia

intimamente muitas dessas pessoas, antes dessa ocasiao e

a partir de entao, neste memento sinto-me convocado a

dar meu testemunho, como segue: ate 0 ponto ern que a

natureza e a tendencia de tal obra puderam ser observadas

por urn espectador a quem as objetos da acao procuravam

abrir seus coracoes ou podiam ser examinados por meio

de uma pesquisa diligente e particular, afirrno que nessa

obra pude discernir todos os sinais indicados. Isso tern

acontecido em quase todos os casos, e em cadapormenor;

na maioria dos eventos restantes, todos os sinais apare-

ceram em grand{ssima medida.

Os objetos dessas manifestacoes incomuns tern sido

de dais tipos: pessoas muito angustiadas par perceberem

seu pecado e sua desgraca ou entao pessoas que se sentiam

arrebatadas por uma sublime sensacao da gralldeza,maravilha e excelencia das coisas divinas. Com relacao

ao primeiro tipo, pelo que pude observar na grande multi-

dao de pessoas, com bern poucas excecoes, a angUstia era

aparentemente gerada par uma conviccao real e apropriada,

e elas estavam conscientes da verdade. Embora eu nao

suponha que, quando tais fatos foram considerados

comuns, as pessoas se tenham entregado a violentas repres~

s6es intimas para cvitar manitestacoes externas de sua

angustia, que de outra forma poderiam ter surgido, ainda

assim tern havido pouquissimos homens nos quais era

possfvel notar algum sinal de afetacao ou fingirnento. No

entanto, para muitos, sem duvida, teria sido impossivel

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conter tais manifestacoes. Gcralmente, durante essas

contorcoes, as pessoas pareciam estar no perfeito dominio

de sua razao; as que podiam falar eram capazes de descrever

o cstado de suas mentes naquele mornento e 0motive de

sua angUstia, podcndo tambcm lembrar do que. ocorreu e

discorrer sabre isso depois, Tenho conhecido pouqufssimos

casas de homens que, em seus limites extremos, durante

lIm curto cspa~o de tempo, estiveram de alguma forma

desprovidos do uso da razao. Mas entre as centenas, talvez

ate milhares, de pessoas que recentemente foram arrebatadas

por essas contorcoes, eu nunca soube de uma unica que

ficasse permanentemente desprovida da razao, Em algumas

cra evidentc que a melancolia tinha entrado no meio e,

quando isso acontecia, a diferenca era bastante clara: seus

torrnentos apresentavam outro aspecto e operavam de

maneira muito divcrsa em comparacao com a angustia

provcniente da mera conviccao. Nao era somente a verdade

q ue a flig ia essas pessoas, mas tambern inumeras e vas

ilusoes, e conceitos qlle nem as Escrituras nem a razaoseriam capazes de dissipar, Nessas condicoes, alguns objetos

da obra do Espirito realmente nao eram capazes de falar

de si mesmos, declarar a percepcao que tinham das coisas

ou explicar aos outros a maneira e a razao de seu transtorno ..

Ainda assim,. nao tenho motivo algum para acreditar que

nao estavam sob conviccao genuina e que neles nao estava

scndo manifestado alga born. Mas isso nao clevesurpreen~

der aqueles qlle conhccem bern 0 estado das almas em

dificuldades espirituais: e natural que algumas coisas das

quais as pessoas tern consciencia lhes sejam totalrnente

novas. Suas ideias e sensacoes intimas eram ineditas; assim,

era algo que nao sabiam expressar em palavras. Certos

indivfduos, que diante das primeiras perbTUntas diziam nao

saber 0qlle se passava com eles, depois de tere In sido particu-

larmente examinados e interrogados, conseguiram explicar

seu caso, ainda que par si rnesmos nao fossem capazcs de

encontrar express6es e formas de falar sohre isso.

i\lbruns acham que as terrores que produzem tais

efeitos nao passaln de urn susto. Sem duvida, porem, deve-

se fazer distincao entre urn medo descomunal ou uma

extrema angtistia qlle surge da percepcao de uma verdade

pavorosa - uma causa P()f certo proporcional ao efeito

produzido - e urn susto sem razao nem necessidade.

Este ultimo pode ser de dais tipos: primeiro, quando as

pessoas sao aterrorizadas pelo que nao e a verdade ( C ) que

vi pouquissimas vezes, exceto em casos de melancolia); e

segundo, quando elas estao assustadas devido a aparicoes

terriveis e ruidos exteriores, surgindo dai urn sentimento

geral. Em tais circunstancias, os homens percebem qtle

hi algo terrivel, mas 113.0 sabem 0que e, nem tern em

suas mentes qualquer verdade em particular, Tenho vistapoucas rnanifestacoes desse tipo de medo, seja entre idosos

. . ~

seJa em meio a Jovens.

Aqueles que se encontram nessas condicoes extremas

geralmente demonstram urn profundo reconhecimento de

sua maldade excessiva, do grande numero e gravidade de

seus pecados, de sua pavorosa protanacao, inimizade e

perversidade, e da obstinacao e dureza de seus coracoes ..

Ha uma percepcao de sua imensa culpa aos olhos do

Senhor e da terrivel natureza do castigo devido ao pecado.

Frequentemente, esses homens tern uma ideia bern clara

do horrivel abismo cia desgraca eterna. Ao mesmo tempo,

sentem que 0 Deus supremo, que os tern em suas maos,

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f il) I~ ,

i~: E l { 1 - , ~ lj :\ \ I~{i\ . j - r ( : .- \ ~ I 7 J I

esta irado ao extreme, e sua ira parccc-lhes assombrosa-

mente terrivel. Veem 0 Senhor tao provocado e sua ira

descomunal COlTIO alga tao intenso que aguardam com

apreensao urn grande perigo: acreditam que Deus nao ira

mais tolera-Ios, liquidando-os, de forma irrefreada, e

Iancando-os no IJavoroso abismo que imaginam haver a

sua [rente, sern verern, ao mesmo tempo, refUgio algum.

Eles percebem cada vez mais a vaidade de tude) em que

costumavam confiar e COIn que normahnente se congratu-

lavam, ate serem levados a urn total desespero e verem que

se encontram a total disposicao da mera vontade daquele

Deus tao irado contra eles. Muitas pessoas, em circuns-

tancias extremas, eram levadas a ter uma percepcao extraor-

dinaria de seu plena mcrecimento dessa ira e da destruicao

que ja estava diante de seus olhos, ternendo a todo 0momenta

que Fosse cxecutada contra elas. Estavam profundamente

convictas de que tudo isso seria justa e de que Deus e de

fato absolutamente soberano. Com frequencia, alguma

passagem das Escriruras expressando a soberania de Deusfixava-se em suas mentes, e assirn conseguiam se acalmar,

Eram levadas, por assim dizer, a prostrar-se aos pe s do

Senhor ..Ap6s extremas agonias, urn poueD antes de a luz

surgir, elas se recompunham e se aquietavam, em submis-

sao a urn Deus justa e soberano. Sua forca corporal, porem,

esgotava-se. As vezes parecia que suas vidas estavarn quase

perdidas ..Entao vinha a luz, e urn glorioso Redentor, com

sua gras:a maravilhosa e onipotente, era-lhes revelado

geralmente em algum doce convite das Escrituras. A s vezes,

a luz entrava de repente; outras vinham mais gradualmente,

inundando suas almas com arnor, reverencia, alegria e

humilhacao, impelindo seus coracoes a buscarem 0 exce-

lente e arnavel Redentor e a almejarem prostrar-se perante

ele. Alern disso, essa experiencia os fazia desejar que outros

irrnaos pudessem ver 0 Sen hor, aceita - 1 0 c receber dele a

remissao, Esses homens almejavam viver para a gloria de )

Senhor, mas estavam conscientcs de que nao podiarn fazer

nada por si mesmos, senrindo-se vis diantc de seus pr6prios

olhos e mantendo muita vigilu11cia sabre seus coracoes.

Entao ocorriam todas as manifestacoes de uma verdadeiramudanca interior.

De tempos em tempos, a gras:a tem agido da rnesma

forma como cosrumava atuar naqueles que outrora foram

converridos, ou seja, com semelhantes dificuldades, ten-

tacoes, contratempos e consolos, excetuando-se 0 fato de

que em varias pessoas a luz e 0 consolo sao de urn grau

mais sublime que 0comum, Muitas criancas bern pequenas

ja foram sujeitadas dessa fi)rma. Tern havido inumeros casas

parecidos com aqueles sabre os quais lemos que "Entao 0

espirito impuro 0 agitou causando-lhe convuls6es c,

gritando, saiu dele" (Me 1.26; veja tam bern 9..26)~

Provavelmente, as acontecimentos mencionados acima

foram designad{)s para servirem de modelos. Algumas

pess{)as sao tomadas diversas vezes pO f grandes agonias,

antes de serem libertas. Outras passam por uma extrema

angUstia que depois cessa, sem que a essa experiencia se

siga a libertacao.

C2! : lando ex iste Ulna multidao reunida nessas circuns-

tancias, em alto vozerio, hi quem fa,_;aobjecoes, dizendo

que tudo e uma grande confusao e que Deus nao poderia

ser responsavel par aquilo, pais ele e 0 Deus da ordcm,

nao da desordem. Considerernos, porern, 0 proprio con-

ceito de confusao: e 0 rompimento da ordern em que os

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eventos estao adequadamente dispostos e devidamente

direcionados para seus objctivos, de forma que, sendo

quebradas a disposicao e a l igacao correta dos meios, suas

metas nao podem ser atingidas. Ora, a conviccao dos

pecadores, visando a sua conversao, e alcancar 0 tIm dos

prop6sitos religiosos. N ao deixo de achar qtte as pessoas

influenciadas tao extraordinariamente devem tentar refrear

aquelas manifestacoes exteriores, 0 que de fato Ihes e bernpossivel e cleve ser tentado ao maximo durante uma adora-

~ao solene ..Mas se Deus se agrada em convencer a cons-

ciencia dos homens, de maneira que eles nao conseguem

evitar expressoes flsicas descomunais, a ponto ate de

suspender e cessar por completo os atos publicos dos quais

participam, nao acredito que isso scja uma confusao maior

au uma interrupcao mais lamentavel do que se urn grupo

de pessoas estivesse reunido n()campo para orar pela chuva

e fosse interrompido por urn copioso aguaceiro .. C2!leira

Deus que todas as assembleias publicas da terra tenham de

.nterrornper seus cultos no proximo domingo devido a

confusoes assim! Nao precisamos lamentar a quebra da

ordem dos meios, par termos alcancado 0 fim para 0 qual

aquela disposicao fora estabelecida. Aquele que saiu em

busca de urn tesouro nao deve se aborrecer se for detido no

meio de sua jO[llada, par ter encontrado 0 que procuravat

Alem dos que Sal) dominados POf tais conviccoes e

angUstias, ultimamente tenho visto muitos que tiveram

sua fOfC;U fisica arrebatada por uma percepcao da glori()sa

excelencia do Redentor e das maravilhas de seu amor

sacrificial, Eles tambem tern um reconhecimento bastante

incornum de sua propria insignificancia e excessiva vileza,

com todas as expressoes e manifestacoes da mais notavel

hurnilhacao e aversao a si rnesrno. Tanto em novos

convertidos quanta em muitos que, segundo crernos, se

converteram em tempos passados, 0 amor e a exultacao

vern acompanhados de uma protusao de Ligrinlas e de

uma grande demonstracao de contricao e humilhacao,

especialmente par na~ mais terem vivido para a gloria de

Deus desde sua conversao. Eles passarn a perceber sua

sordidez e a perversidade de seus coracoes de forma muitomais clara do que antes. Sao tornados por urn enorme

dcsejo de viver rnelhor a partir de entao e, ao mesmo

tempo, passam) mais do que nunc a, a desconfiar de si

pr6prios. Muitos tern sido tornados par urn sentimento

de compaixao pelas almas, ansiando por sua salvacao. Eu

poderia mencionar muitas outras coisas nessa obra

extraordinaria correspondcndo a cada uma das evidencias

eniatizadas anteriormente. Portanto, se 0 apostolo joao

soube definir os sinais de urna obra do Espirito verdadeiro,

tal obra e assim como acabamos de descrever .

A Providencia divina levou-me a urn lugar onde a

obra de Deus ja havia sido realizada anteriormente. Tive a

felicidade de permanecer ali durante dais anos com °veneravel pastor Stoddard; entao, fiquei conhecendo

algumas pessoas que, naquela epoca e sob seu ministerio,

foram objetos de uma acao do Espirito. Eu conhecia

intimamente as experiencias de muitos outros que; sob

seu ministerio, haviarn sido assim influenciados, antes

daquele periodo, fatos ocorridos de forma aceitavel para

a doutrina de todos as teologos ortodoxos. Recentemente,

uma obra foi levada a efeito naquele lugar com inumeras

operacoes inusitadas, Sem duvida, porern, era a mesma

que havia sido realizada naquele lugar em outras ocasioes,

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/ \ V L l { I _ ) : \ I ) L I 1 ~ : \ ( ) U lL-\ l) o l: ~ P 1 H _r r o- ,

IN rrR LN('lAS PRA [-r C/\S 75 r

embora dessa vez houvesse algumas circunstancias nOV~lS.

Se, em termos gerais, essa nao e uma a<;aode Deus, entao

devemos descartar qualquer alusao a conversao e aexperiencia crista, jogar fora nossa Biblia e desistir da

religiao revelada. Todavia, nao quero dizer com isso que

o grau de influcncia do Espirito deve ser determinado

pela dimensao do cfcito fisico nas pessoas ou que as

melhores experiencias sempre sao as que exercem maior

inlluencia sobre 0 corpo.

Quante a s irnprudencias, irregularidades e enganos

que tern sido observados, nao se deve de forma alguma

estranhar se uma reforma, ocorrida ap6s Ulna longa e quase

universal apatia, for logo de inicio - quando ° reaviva-

menta e recente - acompanhada por tais coisas. N a criacao,

Deu.s nao fez 0 mundo todo de uma s o vcz..Dep()is de

dizer no principia: "Haja lui' (Gn 1.3), havia ainda uma

boa dose de imp erfcicao , escuridao e misrura de caos e

desordem, antes que 0 todo fosse estabelecido de forma

perfeita. No cornecoda grande

obrade

Deuspara

libertarseu povo da longa escravidao no Egito, durante algum

tempo, houve falsos prodigios em meio aos verdadeiros.

Isso tornou as egipcios ceticos ainda mais incredulos,

fazendo-os duvidar totalmente da natureza divina da obra,

QIando as filhos de Israel leva ram a area de Deus pela

primeira vez, depois de ter sido abandonada e ter ficado

distante durante muito tempo, des nao buscaram 0Senhor

da maneira como lhcs fora ordenado (ler 15.13). N o

momenta em que as filhos de Deus se apresentaram diante

do Senhor, Satanas tambern veio entre des (} 6 1.6). E as.

naus de Salomao, quando traziam ouro, prata e rnarfim,

tarnbem carregavam macacos e payees (IRs 10.22). Quando

a luz do dia corneca a aparecer ap6s uma noite escura, e

natural que a escuridao esteja mesclada a luz durante certo

tempo, e ainda nao termos de imediato urn dia perfeito e 0

sol brilhando com toda sua intensidade. Os frutos da terra

primeiro fieam verdes para depois amadurecer, chcgando

gradativamente a sua devida perfeicao. Conforme Cristo

nos ensina, assim tarnbem e 0 reino de Deus: ~'Disse

tambem: 0 reino de Deus e cornparavel a urn homem quelanca a semente a terra; quer esteja ele dormindo a noite,

quer acordado de dia, a semente acaba brotando e crescendo,

sem ele saber como ..A terra produz 0 grao por si mesma,

primeiro a planta, depois a espiga, e por ultimo 0 grao que

enche a espiga" (Me 4.26-28).

As imprudencias e falhas qllC acompanham uma obra

do Espirito sao 0 que menos deve nos espantar, se consi-

derarmos que os objetos sao principalmente pessoas jovens,

com pouca firmeza e experiencia. Por estarern no auge da

juventude, elas sao muito mais vulneraveis a cairern em

extremes. Satanas mantern oshomens pres()s em

seus lacesate on de pode; mas, quando ja nao consegue faze-lo, cle

muitas vezes tents leva-los a exageros, a fim de desonrarem

o Senhor e, assim, macular a religiao ..Sem duvida, urna

das causas de pessima conduta e 0 fato de as pessoas muitas

vezes, verem claramente que seus ministros tern urna

opiniao negativa da obra. Assim, com justa razao, nao

ousam recorrer a eles como seus orientadores nesse

assunto, ficando, portanto, sem conselheiros. Consequen-

temente, nao e de admirar que, quando a situacao das

pessoas - e como a de urn rebanho sem pastor, elas tendam

a se desviar de seu carninho. N essas circunstancias,

permanecem em gral1de e continua carencia de lideres, e

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I 70 l IN f r R . t J " \ J (-l A ~ IlH . A - r 1C~:\S I /-

/\ - v [ R [) / \ 1) E 1 F l t \ C } B H :\ I) ( ) ESP I R tI'(_

esses, par sua vez, necessitam incessanterncnte de muito

mais sabedoria do que a que ja possuem. Mesmo que uma

congregatyao tenha ministros que apoiem a obra e exultem

nela, nao se pode esperar que as pessoas ou tais ministros

saibam exatamentc como se comportar diante de uma

situacao tao extraordinaria - pais e urn acontecimento

novo, do qual nunca haviam tido expericncia nem tempo

suficiente para observar a te nd en cia , a s consequencias e asimplicacoes. A venturosa influencia ci a experiencia esta

bastante clara hoje no povo em meio ao qual Deus me

estabeleceu. A acao ali realizada neste ano tern sido muito

mais pura do que a de seis anos atras: parece ser mais

genuinamente espiritual e isenta de misturas da carne e da

corrupcao au de qualquer coisa que de a impressao de

abuso e e xa ge ro fanatica. Dessa vez, a obra tern ocorrido

mais por meio de uma profunda humilhacao e remincia

perante Deus e os homens, havendo bern menos impru-

dencias e irregularidades. Tern havido especialmente Dutra

diferenca native! nesse sentido: antes, em seu consolo e

regozijo, muitos esqueciam demasiadarnente sua distancia

de Deus e, ao conversarem sabre as coisas divinas e suas

experiencias pessoais, tendiam a falar com muita leviandade;

agora, eles nao parecem ter nenhuma inclinacao assirn,

porem exultam com uma alegria mais solene, reverente e

humilde, confonne Deus ordena (S12.11). Is50 nao significa

que 0 regozijo nao seja tao grande, pois em muitos casos

pode ate ser bern maior ..Daqueles que, entre nos, forarn

objetos da a s : a o na primeira vez, muitos agora tiveram

cantatas bern mais intensos com 0 ceu, 0jubilo que eles

tern atua de outro modo, humilhando-os, quebrantando

seus coracoes e prostrando-os ao chao. Qpando falam sabre

seus enlevos, nao fazem isso com risadas, mas com uma

profusao de lagrimas. Assim, aqueles que antes riram, agora

estao chorando. Contudo, por testemunho unanime, a alegria

que sentem e imensamente mais pura e agradavel do que

aquela que antes havia estimulado seus instintos animals ..

Dessa vez, cles se assemelham mais a J aco, 0 qual disse, ao

ver a escada que atingia 0 ceu, quando Deus lhe apareceu

em Betel: "Como este lugar e terrivel!" (Gn 28.17), ou saocomo Moises, quando Deus lhe mostrou sua gl6ria sabre 0

monte e de imediatamente curvou-se para a terra (Ex 34.8),

2. Consequentemente, estejamos prevenidos para de

forma alg um a no s o po rm os ouJazermos q ua lq ue r c o tsa que

venha impedir o u obstrutr a o bra. Pelo contrdrio, facamos 0

maximo para promove-la. Agora que Cristo desceu dos

ceus por meio de uma notavel e maravilhosa acao de seu

Espirito, tornou-se uma obrigacao para seus discipulos

professos reconhece-Io e honra-lo.

oexemplo dos judeus nos tempos de Cristo e dos

ap6stolos e suficiente para que aqueles que nao reconhe-

cern a acao do Espirito passem a se preocupar com si

proprios, tornando-se bastante cautelosos quanta ao que

dizem ou fazem. Naquela epoca, Cristo estava na terra e

o mundo nao 0 conheceu. Ele veio em meio ao proprio

povo que 0professava, mas este nao 0recebeu. As profecias

das Escrituras que as judeus conheciam continham muitas

referencias a vinda de Cristo, sendo este urn acontecimento

hi rnuito tempo esperado. Contudo, pelo fato de Cristo

ter vindo de maneira inusitada e contraria a s expectativas

da razao secular, eles nao 0 receberam .. Pelo contrario,

opuseram-se a ele, julgaram-no louco e declararam que

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I 78 I.

i\ \'EIl[)~\DEIIL""\unrtA LH) Fspr mro I N !-= r RENe " 1 , ~ \ S P It-\ J1C ,.\S I 79 I

o espirito peIo qual de operava era 0 espirito do Diabo.

Eles observavam e se espantavam com as prodigios

realizados, mas nao sabiam como interpreta-los, Encon-

traram tantas pedras de tropeco que, no final, nao puderam

aceitar 0Senhor. Qyando 0Espirito de Deus foi derramado

de forma tao maravilhosa nos dias dos apostolos, aquilo

foi considerado confusao e perturbacao. Os judeus ficavarn

estupeJatoJ com 0 que viam e ouviam, mas nao estavamcomnctos . Em especial, a obra de Deus foi rejeitada por

aqueles que mais se orgulhavam de ter discernimento e

sabedoria, como vemos em Isaias 29.14: ('.....ontinuarei a

fazer uma obra maravilhosa com este povo, uma obra mais

que maravilhosa; a sabedoria dos seus sabios cessara, e a

pericia dos seus peritos se escondera", Muitos dos que eram

bern conceituados por sua fe e piedadc nutriam grande

rancor ern relacao a obra, pais percebiam que ela tendia a

Ihes diminuir a honra e rcpreender seu formalismo e

insensibilidade. Por esses motivos, alguns deles atacaram e

censuraram a acao do Espirito de Deus, de forma maliciosae explicita, acusando-a de ser obra do Diabo, indo contra

suas conviccoes rnais intimas e, corn isso, cometendo 0

pecado imperdoavel contra 0 Espirito Santo.

Ha tarnbem uma vinda espiritual de Cristo a fim de

estabelecer seu reino no mundo que e tao mencionada pelas

profecias das Escrituras quanta a primeira, a qual ha muito

tern sido esperada pela igreja de Deus. Pelo que e dito,

temos razao para crer que, em muitos aspectos, ela sera

semelhante a Dutra. Com certeza, 0 estado lamentavel em

que a igreja visivel de Deus se encontra e muito parecido

com a situacao cia igreja juciaica dos dias de Cristo. Partanto,

quando ele vier sera natural que sua at;ao parec;a estranha

para a maioria das pessoas. Na verdade, DaD poderia ser de

outra forma~ Seja au nao a presente obra 0 comeco da

sublime e tantas vezes profetizada vinda de Cristo para

estabelecer seu reino, ainda assim e evidente, pelo que tern

sido dito, que se trata de uma a f T a o do mesmo Espirito e da

mesma natureza. Selll duvida, a conduta daqueles que se

reCU SalTIconrinuam ente a reconhecer Cristo nessa obra-

especialmente os que sao nomcados mestres em sua igreja-- provoca Deus a ira, como acontecia com as judeus

antigamente, quando se recusavam a reconhecer Cristo ..

Nao importa 0 que eles dizem sobre enormes pedras de

tr o pe < ;o n o caminho au de motivos para duvidarem da obra;

os mestres da igr~ja judaica encontraram inumeras pedras

de trope~o que consideravam insuperaveis ..Muitas coisas

reveladas em Cristo e na a~ao do Espirito depois de sua

ascensao eram-lhes por demais estranhas, e eles pareciam

convencidos de que havia justa razao para seus escrupulos,

Para as judeus, Cristo e sua obra eram uma pedra de tropeco:

"E bem-aventurado aquele que nao se escandalizar par,

minha causa" (Mt 11.6). E verdade que a maneira como

Cristo apareceu era incomum e inesperada. Contudo, ele

nao precisou operar milagres naJudeia durante muito tempo

para que todos os que tiveram a oportunidade de observa-

10 , mas que se recusaram a reconhece-lo, se tornassem

terrivelmente culpados perante Deus ..Jesus os condenou,

dizendo, segundo Lucas 12.56: "Hipocritasl Sabeis

decifrar 0 aspecto da terra e do ceu; entao, como nao

sabeis decifrar este tempo?"

Pelo fato de 0 supremo Senhor ter deix:ado os ceus e

ter surgido entre nos durante tanto tempo - em tao

gloriosa acao de poder e gra~a, de forma tao extensiva,

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1 J 'J r I:.H [ ~ (~ L \ ~ P l{A .I' J c .. \ ~ H I

1108 locais mais publicos e em quase todos os pontos da

terra - sem dar tantas cvidencias de sua aparicao, nao se

deve pensar que muitas pessoas, e ate mesmo muiros mestres

da igreja, podem permanecer inocenres perante ele, se nunca

o receberam, admitiram e honraram; au se nunca demons-

traram alegria diante de sua prescn<;a graciosa nem agra-

deceram tao gloriosa e bendita obra de sua g ra 9 a ., n a qual

sua bondade e revelada de forma mais clara do que se elenos tivesse conferido todas as bencaos seculares que 0mundo

pode oferecer, Sem duvida, um longo e profunda silencio

ncsses casos, especialrnente por parte dos ministros, provoca

Deus a ira. De faro, esse tipo dissimulado de oposicao tende

a obstruir a obra. Tais ministros omissos opoern-se a acao

de Deus) como Cristo disse em tempos passados: "Qpem

nao esra comigo esta contra mirn" (Mr 12.30)4 Aqueles

que ficam d uv id an do d essa obra inusitada, nao sabendo

entende-la e recusando-se a recebe-Ia ~ e, a s vczes,

dispostos a falar com desprezo sobre ela, como fizeram os

judeus antigamente - fariam bern em considerar e

estremecer diante d as p alav ras q ue 0 a po sto lo P au lo lhes

dirigiu: "Vedc, 6 zombadores, admirai-vos e desaparecei;

porque em vossos dias realizarei uma obra, obra na qual

jamais crericis, se alguem vas contasse" (At 13..40) ..Aqueles

que nao conseguem crer que a obra seja verdadeira, POf

causa de seu grau e forma extraordinarios, deveriam

considerar 0 que aconteceu com 0 cetico capitao de

Samaria, que disse: "Ainda qlle 0 Senhor fizesse janelas no

ceu poderia isso acontecer?", ao que Eliseu respondeu:

"Tu 0 veras com os tens olhas, mas de nada corneras"

(2Rs 7.19). Qpe todos aqueles para os quais ta l obra e

nuvem e e sc urid ao ~ como 0 foi a coluna de nuvem e de

fogo para os egfpcios ~ possam cuidar para que ela nao

seja sua destruicao enquanto 0 Israel de Deus e iluminado.

Eu pediria aqueles que estao em silencio, mantendo

uma atitude de prudencia e aguardando 0 resultado dos

fatos e as frutos que serao trazidos pelos objetos da obra

em suas vidas e relacoes sociais, que considerem se isso

justificara sua longa recusa em confessar Cristo quando

ele vier a terra em sua presen~a tao maravilhosa e graciosa40,

E provavel que muitos dos que se encontram nessa espera

nem saibam a que estao esperando .. Se eles aguardam

para ver uma obra de Deus sem obstaculos nem pedras

de tropec;o, sao como tolos a margem de urn rio esperando

que toda a agua rerrnine de flu ir. N ao se cleve esperar

uma a~ao de Deus sern pedras de tropeco, "porque e

inevitavcl que venham escandalos" (Mt 18~7,ARA)t Deus

nunca deu ao mundo lima grande manifcstacao de si

mesmo sem que houvesse ao mesmo tempo muitos

transtornos. 0 que acontece com as palavras do Senhor

tarnbem se da com suas obras: a principia, parecemrepletas de coisas estranhas, inconsistentes e dificeis para

os coracoes ceticos e mundanos dos homens. Para muitos,

Cristo e sua obra sempre foram e sempre serao uma pedra

de trope<;o, rocha de ofens a, laco e armadilha. 0 profeta

Oseias, ao falar de urn glorioso reavivamento da fe na

igreja de Deus - quando Deus seria para Israel como 0

orvalho, f lorescendo como 0 lirio e Iancando suas raizes

CO~O 0 cedro do Libano, cujos ramos estender-se-iam

etc. -, conclui, dizendo: "Quem e sabio para entender

essas coisas? E prudente, para cornpreende-Ias? Pais os

caminhos do SENHOR sao retos e os justos andarao por

eles; mas os transgressores neles cairao" (Os 14.9) ..

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- ..

[ ~ F [,l{LNt: 1i\S P H ./\· r j ( - , \ ~ I H . i ) (

Em alguns aspectos, e provavel que os escandalos

que agora acompanham a obra nao diminuam e, sim,

aumentem ..Provavelrnente, veremos rnais casas de apos~

tasia e iniquidade grosseira ern meio a cristaos professes.

Se urn tipo de pedra de tropeco for removido, pode-se

esperar que outros surgirao, Corn as obras de Cristo ocorre

o mesrno que acontecia com suas parabolas - as coisas

dificeis para as mentes obscuras dos homens lhes sao

atribuidas de proposito, a fim de lhes provar sua disposicao

e sensibilidade espiritual, e para que aqueles (Iue tern

pensamentos corruptos e espirito descrente, perverso e

contestador, "vendo, vejam e nao percebarn' (Me 4.12).

Aqueles que agora espcram para ver as consequencias

dessa obra acham que serao mais capazes de deterrnina-

l a depois ; provavelmente, porern, rnuitos estao enganados.

Os judeus que viram as milagres de Cristo esperavam ter

maiores provas de que elc era 0 Messias - eles queriam

urn sinal do ceu. Contudo, aguardaram em vao, pois suas

p ed ra s d e trope~o nao dirninuiram, mas, s im, aumentaram.Eles nao viam solucao para as dificuldades e) assim, tor-

navam-se cada vez rnais insensiveis em seu ceticismo.

Muitas pessoas que estavarn oranda par aquela gloriosa

reforma de que as Escrituras fa1am nao sabiam pelo que

oravam (como aconteceu com as judeus quando oravam

pela vinda de Cristo) e, quando chega a resposta a oracao,

nao a reconhecem nem recebem.

No fim, essa falsa prudencia, expressa por pessoas

que esperam tanto, antes de reconhecer a obra, provavel-

mente se revclara como a maior imprudencia, Em conse-

quencia, elas nao receberao parte alguma dessa bencao

tao sublime e perderao a mais preciosa oportunidade de

obter luz, gra~a e consolo divinos, dons celestiais e eternos

j:i concedidos por Deus na Nova Inglaterra. Enquanta a

fonte gloriosa e deixada aberta de Ulna forma tao mara-

vilhosa, com multidoes afluindo a ela e recebendo uma

rica provisao para as necessidades de suas alrnas, os ceticos

ficam a distancia, duvidando, admirando-se e nao rece-

bendo nada; e provavelmente continuarao assim ate que

esse precioso perfodo tcrmine. Realmente, e de espantarque aqueles que desconfiam de uma obra acompanhada

de manifestacces externas tao incomuns permanes:an1

assim firmes em suas diividas, sem se dar ao trabalho de

obter melhores informacoes, indo ao lugar onde esses

fatos foram observados, analisando-os minuciosamente e

pesquisando-os com cuidado, nao se contentando em

observar apenas dais ou tres casos nem descansando ate

que sejam totahnente esclarecidos pelo proprio testemunho.

Se esse caminho fosse seguido, creio que todos aqueles,

cujas mentes nao estao bloqueadas contra a conviccao,

seriam convencidos, Como erram os que se arriscam afalar com displicencia sabre essas coisas, baseando-se

somente em censuras incertas por parte de outras pessoas!

A admoestacao daquele judeu descrentc poderia ensina-

los a ter mais prudencia: "Afastai-vos destes homens e

deixai -as livrcs, pais se este projeto ou esta obra for dos

homens, se desfara ..Mas, se e de Deus, nao podereis

derrota-los; para que nao sejais achados cornbatendo

contra Deus' (At 5 ..38,39). Nao importa se 0 que foi

dito aqui e suficiente au nao para convence-Ios de que

essa obra e de Deus; ainda assim espero que, no futuro,

eles possam pelo menos dar ouvidos a advertencia de

Gamaliel mencionada acima. Dessa forma, eles nao iriam

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I 84 f

- .

IN rE i{ E\i( ~ L"-\~ PH_r\·rl(~"\S I 8 .5 I

refuta-Ia, nem diriam qualquer coisa que, mesmo indi-

retamente, pudesse Ihe trazer descrediro, a fim de que

nao sejam considerados opositores do Espirito Santo.

N enhum pecado e tao prejudicial e perigoso para as

almas dos homens quanto aquele cometido contra 0

Espirito Santo. E melhor falarmos contra Deus Pai, ou

o Filho, do que contra 0 Espirito Santo em suas ope-

racoes graciosas no coracao dos homens. Isso e 0 que

mais tende a excluir para sempre nossa alma das bencaos

das obras do Espfrito ..

Se ha alguem qu e resolutamente continua falando

sobre essas coisas com desprezo, eu pediria que tal pessoa

considere se nao esta cometendo 0 pecado imperdoavel.

Quando 0Espirito Santo e derramado de forma extensiva,

e as concupiscencias, a inditerenca e a hipocrisia humanas

sao censuradas por suas poderosas operacoes, esse e 0

momento mais provavel em que tal pecado pode ser

cornetido. No caso de a obra continuar, seria born que,

entre os muitos que se mostram contraries a ela, algunsnao cometessem esse pecado, se ninguem 0comcteu ainda.

Falta apenas Ulna coisa para que aqueles que maliciosa-

mente atacam e criticam a obra, chamando-a de obra do

Diabo, cometam 0 pecado imperdoavel: ataca-la, indo

contra suas corviccoes pessoais. Embora haja alguns que

sejam bastante cautelosos a ponto de nao atacar nem cri-

ticar abertamente a obra, ainda assim, porern, deve-se

temer - naquele dia em que 0 Senhor avancara tao glo~

riosamente contra seus inimigos - que muitos dos que

estao calados e inertes, especialmente se forem ministros,

atraiam a maldicao do anjo do Senhor sobre eles: ' 'A.ma1~

dicoai Meraz, diz 0 anjo do Senhor, amaldicoai seus

habitantes; pais nao vieram em socorro do Senhor., em

socorro do Senhor, contra os valentes'' (Jz 5.23).

Considerando-se que 0 Senhor desceu dos ceus e

manifestou-se de forma tao maravilhosa nesta terra, e imitil

esperarmos que nao seremos imensamente influenciados

par isso em nossa condicao e inclinacao espirituais, seja a

favor au contra a gra~a de Deus ..Os que nao ficarem mais.. .

felizes se sentirao bern mais culpados e desgracados. Esempre assirn. Um periodo que para algtlns se revela urn

ana aceitavel, por conceder bencaos aos que 0 acolhem e

aproveitam, mostra-se para outros urn dia de vinganca

(Is 61.2). Quando Deus envia sua Palaora, esta nao volta

vazia, muito menos seu Espirito. Quando Cristo estava na

terra, na regiao da Judeia , muitos 0 desprezaram e

rejeitaram; no fim, porern, sua presen<;a no mundo nao se

revelou como algo indiferente para cles. Deus fez com que

todo aquele povo sentisse que Cristo tinha estado entre

eles. Os que nao 0 sentiram para seu consolo, sentirarn-no

p ara se u grande pesar. Quando Deus simplesmente enviouo profeta Ezequiel aos f i lhos de Israel, clc declarou que,

ouvindo-o ou deixando de ouvi-Io, ainda assim haveriam

de saber que urn profeta estivera entre eles, ]a que Deus

apareceu de forma tao maravilhosa nesta terra, com muito

mais certeza podemos supor que ele t a r a com que todos

saibam que 0 supremo Senhor esteve na Nova Inglaterra.

3. Dirijo agora minha atencao aqueles que defendem

essa obra, tern participado del a e preocupam-se em

promove-la. Qyero adverti-los para que estejam sempre

atentos com si mesmos, a fim de evitarem erros, condutas

impr6prias ou qualquer coisa que possa denegrir e

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I 8() I .. V rH~)A~)r I R1\ oI \ I~/ \ I )( ) ESP 1 Itrr()h •

IN! Liu.r«~L\~ PH (\·rl(.:.\~ J s: I

obscurecer a obra, nao dando oportunidade aquelcs que

estao prontos para censura-la. 0ap6stolo Paulo tOlTIOU 0

cuidado de nao dar tal oportunidade a quem a desejava.

Ele tambern exortou Tito a manter-se muito atento e zelar

por si proprio, a tim de que tanto sua pregacao quanta

seu comportamento pudessem ser irrepreensiveis, "para

que todo adversario seja envergonhado, nao tendo como

nos criticar" (Tt 2.8). Precisamos ser prudentes como as

serpentes e simples como as pombas. Nos dias de hoje,

devemos comportar-nos de maneira inofensiva e cautelosa,

pois, do contrario, nao serao poucas as consequencias,

Devemos esperar que, em especial, 0 grande inimigo da

obra ira tentar-nos ao maximo e triuniara, se conseguir

prevalecer em qualquer coisa que nos cegue e corrompa.

Ele sabe que isso sera melhor para promover seus

propositos e interesses do que se prevalecer contra cern

outras pessoas. Precis amos vigiar e orar, pois somos apenas

criancinhas. Para 110S, esse leao que ruge e muito forte, e

essa velha serpente, muito ardilosa.Humildade, desconfianca de si rnesrno e uma total

dcpendencia de nosso Senhor Jesus Cristo serao nossa

melhor defesa ..Assim, mantenhamos a mais rigorosa

vigilancia contra 0orgulho espiritual au contra a exaltacao

devido a experiencias, consolos exrraordinarios e sublimes

grac;:asdos ceus que qualquer urn de nos possa ter reccbido.

Em especial, apos tais bencaos precisamos manter Ulna

severa e zelosa vigilancia sabre nosso coracao. Nao devem

surgir pensamentos de g16ria pessoaI a respeito do que

recebemos neln reflex6es altivas sabre nos mesmos, como

se agora nos tornassemos os santos favoritos, eminentes e

especiais do ceu, estancia 0 segredo do Senhor particu-

larmente conosco. N ao devemos presumir que nos, mais

do que todos, somos dignos de ser promovidos a condicao

de grandes instrutores e ccnsores desta geracao ma . 1 endo

urn alto conceito de nossa propria sabcdoria e discerni-

rnento, acabamos por assumir posturas de profetas ou

embaixadorcs cxtraordinarios dos ceus, ~ando Deus ± a z

supremas revelacoes a nossa alma, nao devemos brilhar

diante de 110SS()S pr6prios olhos. Ao conversar com Deus

no monte, ainda que seu rosto brilhasse tanto ofusc ando

as olhos de Arao e do povo, Moises nao resplandecia a

seus proprios oIhos: ~(... nao sabia Moiscs que a pele do

seu rosto resplandecia". Ninguem se considere livre dessa

presuncao espiritual, mesmo estanda em suas melhores

disposicoes mentais. Deus percebeu que 0 ap6stolo Pal110

(embora talvez 0mais eminente santo que ja existiu) nao

estava a salvo desse perigo, nem me s rno quando tinha

acabado de conversar COIn 0 Senhor no terceiro ce u (veja

2Corintios 12..7). A presuncao e a pior vibora do cora~ao;

foi 0primeiro pecado a entrar no universo,. permanecendopar baixo dos outros no alicerce da edificacao do pecado.

Em suas acoes, e a mais misteriosa, enganosa e insondavel

de todas as ambicoes, tendendo a intrometer-se em toda

e qualquer coisa. N ada e tao odioso a Deus e contrario anatureza do evangelho, nem tern consequencias tao peri-

gosas. Nenhum Dutro pecado permite tanto a entrada do

Diabo no coracao dos santos, expondo-os a s suas ilus6es.

J a observei isso em muitos casus e em santos eminentes,

odiabo entrava por essa porta, logo apos alguma experien-

cia sublime e comunhao extraordinaria com Deus, enga-

nando-os e desviando-os dolorosamente de seu caminho,

ate que Deus, em sua misericordia, abria seus olhos e os

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I N K 1-

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1~ . F E R E N (~ r _ " \ ~ I' 1\ i\- 1- 1 ( . J " -\ \ I 89 I

libcrtava. Depois disso, eles mesmos reconhcciam que

haviam sido traidos pela presun~ao.

Alguns verdadeiros amigos da obra do Espirito de

Deus erraram ao dar demasiada atencao a impulsos e tortes

impressoes da mente" como se fossern sinais diretos do

ceu sabre alguma coisa que deveria acontecer ou que Deus

queria que eles fizessem - alga que nao seria indicado

ou revelado em lugar algum c ia Biblia sem tais impulsos ..

Essas impressoes, sc realmente vern do Espirito de Dells,

sao de natureza bern diferente de sua grat;a cornum encon-

trada no coracao dos santos. Elas tern a natureza dos dons

extraordinarios do Espirito; mais exatamente, constituem

a inspiracao demonstrada pelos profetas, apostolos e outros

hornens da antiguidade, as quais Paulo distingue da grafa

comum do Espirito (ICorintios 13) ..

Urna razao pela qual alguns tendem a enfatizar

dernais esses impulsos e a ideia que fazem cia gloria dos

dias felizes que se aproximam: eles acreditam que sera,

em parte, a restauracao daqueles dons ex t raord indr io s doEspiriro. Creio que essa opiniao se deve urn pouco a falta

de lima consideracao adequada e de uma cornparacao da

natureza e valor daqueles dois tipos de iniluencia do Espi-

rito, isto e , as comuns e pr6prias da gra<;a e as extraor-

dinarias e miraculosas. As primeiras sao, em muito, as

mais excelentes e gloriosas, como Paulo mostra em varias

passagens de seus escritos .. Ao falar dos dons extraor-

di.nari os do Espirito, ele diz: "Procurai com zelo as

melhores dons. E agora vas mostrarei U1TI caminho muito

superior" (lCo 12.31), ou seja, 0 caminho mais excelente

da influencia do Espirito, No capitulo seguinte, Paulo

mostra que esse "carninho sobremodo excelente' e mesmo

a gras:a do Espirito, que consisre, em poucas palavras, na

caridade au amor divino. Ao fango de todo a capitulo,

de mostra a grande preferencia da graya sabre a inspiracao,

Deus transmite sua propria natureza a alma, mediante a

gra{fl salvffica no coracao, rnais do que por meio de todos

as dons miraculosos. A imagem bendita de Dells consiste

na grafa e nao nos dons. A excelencia, felicidade c gloria

cia alma estao na gra~a, uma raiz que produz frutos

infinitamente superiores ..A salvacao e 0 desfrutar eterno

de Deus estao prometidos a gra<;a divina, mas nao ainspiracao. Um homem pode ter dons extraordinarios e,

mesmo assim, ser aborninavel perante Deus e ir para 0

inferno. A vida espiritual e eterna cia alma consiste na

gra~a do Espirito, que Deus confere somente a seus filhos

amados, Algumas vezes, ele tern conferido dons como se

fossem para cachorros e pareos, como fez para Balaao,

Saul, Judas e outros que, nos primeiras tempos da igreja

crista, cometeram 0 pecado imperdoavel (Hb 6). N) dia

do juizo, muitos homens perversos irao suplicar: "Senhor,Senhor , nos nao profetizamos em teu nome? Em teu nome

nao expulsarnos demonios? Em teu nome GaO fizemos

muitos milagres?" (Mt 7.22). 0 maior privilegio dos

profetas e apostolos nao foi 0 fato de terem sido inspirados

e haverem operado milagres, mas sirn sua santidade

notavel, A gra<;apresente em seus coracoes consistia mil

vezes mais em dignidade e honra do que em seus dons de

milagres. Nao vcmos Davi se conformando com sua

posicao de rei ou profeta, mas sirn com a santa influencia

do Espirito de Deus em seu coracao, transmitindo-lhe

luz divina, arnor e alegria. Mais do que todos os outros

apostolos, Paulo tinha uma quantidade enorme de visoes,

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I v o II l)1 I

revelacoes e dons de milagres. Todavia, ele considerava

tudo como perda em comparacao com a excelencia do

conhecimento espiritual de Cristo. A verdadeira prova

de que as nomes dos apostolos estavam escriros no ceu

nao consistia em seus dons, mas sim na gra~a que haviam

recebido. E por isso que Cristo as leva a exultarem, muito

mais do que se tivessem submetido dem6nios a seus pes.

Possuir a grac;a no coracao e urn privilegio ainda mais

sublime do que aquele da propria Virgem, que teve 0

corpo da segunda pessoa da Trindade concebido em seu

ventre, quando 0poder do Supremo a envolveu: "Enquan-

to ele dizia essas coisas, uma mulher entre a multidao

levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado 0 ventre que

te gerou e as seios que te amamentaram. Mas ele rcspon-

deu: Antes, bem-aventurados as que ouvem a p ala vra d e

Deus e a praticam" (Lc 11.27,28; veja rambern Mateus

12.47ss.). A influencia do Espirito Santo, ou do amor

divino no coracao, e 0maior privilegio e a gloria do mais

supremo arcanjo dos ceus. Na verdade, esse e a meio peloqual uma criatura tern comunhao com 0 proprio Deus,

com 0 Pai e com 0 Filho, em sua beleza e fel icidade. Por

meio do Espirito, as santos participam da natureza divina,

e 0 gozo de Cristo e neles consurnado.

As intluencias santificadoras comuns do Espirito de

Deus sao a jinalidade de todos as dons extraordinarios,

como a ap6stolo mostra, em Efesios 4.11-13. 0 unico

merito que elas tern e 0 de estarem subordinadas a ta l

firn. Se nao fosse assim, dificilmente trariarn algum

proveito; pelo contrario, somente agravariam a desgrac;:a

das pessoas. Como 0 ap6stolo observa, esse e 0 caminho

sobremodo excelente que Deus usa para transmitir seu

Espirito a igreja. E a mais suprema gloria da igreja visivel

em todos os tempos, senda a que a torna mais parecida

com a do ceu, quando as profecias, Iinguas e outros dons

de milagres cessam. Deus transmite seu Espirito somente

por meio daquele "caminho sobremodo excelente" de que

fala 0 apostolo, au seja, a caridade, ou amor divino, que

"jamais acaba" ..Portanto, a gloria do estado de felicidade

que se aproxima para a igreja nao requer de forma alguma

esses dons extraordinarios, Como essa condicao da i gr ej a

sera a mais semelhante a seu estado perfeito no ceu, cntao

creio que nela todos os dons extraordinarios terao cessado

e desaparecido. Todas as estrelas e a lua, que refletem a

luz a noire, serao tragadas pelo sol do amor divino. Paulo

fala desses dons de inspiracao como coisas infantis, se

comparadas a influencia do Espirito no arnor divino. Os

dons sao concedidos a igreja somente para apoia-la durante

sua menoridade, ate que seja detenninada uma regra esravel

e completa, e todos os meios comuns da gra~a sejam

estabelecidos. A medida que a igreja avanca para a maio-ridade, porem, eles deverao cessar: ('~ando eu era

crianca, pensava como crianca; mas, assim qlle cheguei a

idade adulta, acabei com as coisas de crianca" ( ICo 13.11).

Compare esse versiculo com os tres anteriores.

Aqui, ao falar da interrupcao de profecias, linguas e

revelacoes - quando a igreja crista passar do estado de

menoridade para 0 de maioridade - a ap6stolo parece

referir-se tanto a este mundo quanta ao ceu, pais fala de

uma condicao na qual a fe, a esperan~a e 0 arnor perma-

necerao depois que milagres e revelacoes desaparecerern.

Veja 0 ultimo versiculo: "...agora permanecem (menei,

restam} estes tres: a fe , a esperans:a e 0 amarH. A maneira

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, 92 I

como Paulo fala revela Ulna referencia evidente aquila que

ele dizia antes. E aqui 1 1 a uma clara antitese entre este

permanecer e aqueles extinguir, stlenaar e desaparecer; do

versiculo 8. 0 apostolo mostrara como todos aqueles dons. . . . . . . . . . .

de inspiracao, nos qUaIS a 19reJa cnsta se apOlava em sua

infancia, deveriam passar quando ela chegasse a rnaioridade.

Entao, ele volta para ver 0 que pennanece depois que tais

coisas acabarem e cessarem; e observa que tres coisas

perrnanecerao na igreja, a saber, a fe, a esperan«;a e 0 amort

Portanto,o estado adulto de que Paulo fala e 0mais perfeito

ao qual a igreja chegara na terra, especialmente nos ultimos

dias do mundo. Isso foi dito com bastante propriedade a

igreja de Corinto, por duas razoes: primeira, porque 0

apostolo ja havia dito aquela igreja que eles eram como

criancas (leo 3.1,2); e segunda, porque aquela i gr ej a, ma is

do que todas as outras, parecia abundar em dons de

milagres. Quando chegar a tao esperada condicao gloriosa

da igreja, a iluminacao crescera tanto que, de a lguma forma,

correspondera ao qlle foi dito no versiculo 12: "...veremosface a foce" (veja tambern Isaias 24.23 e 25.7).

Portanto, nao espero uma restauracao desses dons de

milagres nos tempos gloriosos cia ig rc ja q ue virao e nem a

desejo. Parece-me que isso nao acrescentaria nada a gloria

daqueles tempos; antes, poderia ate reduzi-la. De minha

parte, preferiria desfrutar durante quinze minutos das

influencias comuns do Espirito - mostrando-me a divina

beleza espiritual de Cristo, sua infinita gra~a e seu amor

sacrificial,. cstimulando 0 santo exercicio da fe , do amor

divino, da arnavel benevolencia e do humilde regozijo em

Deus - a ter vis5es e revelacoes profeticas 0 3110 inteiro.

Creio que e muito mais provavel que Deus desse revelacoes

imediatas a seus santos nos tempos obscuros dos profetas

do que agora, quando se aproxima 0mais glorioso e perfeito

estado de Sua igreja na terra. Nao acredito que haia alguma

necessidade daqueles dons extraordinirios para que essa

condicao de felicidade seja introduzida e 0 rcino de Deus

seja estabelecido por toda a terra. ]a vi 0 suficiente do

poder do Senhor de modo muito excelente para me coo-

veneer de que ele pode fazer isso com facilidade, sem a

presens:a dos dons.

Assim, eu rogaria ao povo de Deus que seja muito

cauteloso quanta a maneira como considera tais coisas ..

Tenho visto pessoas se enganando em muitos casos. Sei

tambern, par experiencia propria, que, mesmo quando

santos verdadeiros, homens verdadeiramente eminentes,

recebem impressoes com muita intensidade - ainda que

em meio a extraordinarias praticas da gras:a e a uma

comunhao agradavel com Deus, havendo textos das

Eserituras fortemente ftxados em suas mentes -, isso

nao e urn sinal segura de que se trata de uma revelacao

do ceu. Conheyo alguns casos em que influencias acorn-

panhadas de todas essas circunstancias foram urn fracasso.

Aqueles que abandonam a palavra segura da profeeia -

que Deus nos deu como uma luz que brilha na escuridao

- para seguir tais impressoes e impulsos abandonam a

orientacao de urn farol para seguir u m fo g o transitorio.

N ao e adminivel, portan to, que as vezes essas pessoas sejam

levadas a cometer exageros.

Alem disso, posto que a inspiracao nao tern hora

marcada -para aparecer, n ao d e sp re z er no s 0 e st ud o b um an o.

Aqueles que afirmarn que ta l empenho resulta em poueoau nenhum beneficia na obra de urn ministro nao retleti-

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I 0.~· E I{ !~~( . i i\S 1 . 1R / \ . !- ( ~ i\~ J 95 J

ram bern sobre 0 que estao dizendo. De Dutra forma, nao

diriam isso. Par estudo humano, eu entendo, e suponho

que ha quem concorde comigo, 0 aperfei<;oamento do

conhecimento comum por meios humanos e materiais.

Dizer a partir disso que 0 estudo e inutil e como afirmar

que a cducacao de uma crianca ou as conhecimentos que

urn adulto vern a ter depois da infancia nao tenham valor.

Se Fosse assim, urn menino de quatro anos estaria tao

preparado para se r urn mestre na igreja de Deus quanta

urn homem muito sabio de trinta anos de idade, possuindo

o rnesmo grau de gra~a e a mesma capacidade de trabalhar

para 0 desenvolvimenta do reino de Deus por meio de

sua instrucao, Se os adultos tern mais habilidade e capa-

cidade para prestar services, porque possuem mais

conhecimentos do que uma crianca pequena, entao e16gico que, se a essa sabedoria Fosse acrescentado 0mesmo

grau de gras:a, des teriam ainda mais habilidade e

capacidade. 0 aperfeis:oamento da sabedoria sem duvida

aumenta a capacidade de urn homem fazer tanto 0 bern

quanto 0 mal, de acordo com sua disposicao. 0 fato de

que Deus fez grande usa do estudo humane em Paulo,

Moises e Salornao e muito evidente para ser negado.

Se 0 conhecimento adquirido por meios humanos

nao deve ser desprezado, entao esses meios, isto e , 0 estudo,

tambem nao devem ser negligenciados, sendo de grande

valor para 0 preparo da instruciio publica dos outros.

Algumas vezes, ter 0 coracao repleto de influencias

poderosas do Espirito de Deus pode capacitar as pessoas

a falarem proveitosamente, e ate com excelencia, sem ter

estudo algum. Contudo, isso nao justifica0

fato de noslancarrnos desnecessariamente do alto do pinaculo do

temple, crendo que 0 anjo de Deus nos sustentara e evitara

que nos choquemos contra uma pedra, quando existc Dutro

caminho para descermos, ainda que nao seja tao rapido.

Eu rogaria ainda que 0 metodo, que tanto ajuda a

cornprcensao e a memoria, nao seja totalmente desprezado

nas prelecoes ern publico.

Dutra coisa que eu pediria qlle os amados filh{)s de

Deus considerassem com muita atencao e ate onde, e sabre

quais fundamentos, as regras das Escrituras Sagradas

podem realmente justificar sua atitude de censura com

relacao a outros cristaos professos, chamando-os de

hip6critas e ignorantes da verdadeira religiao. Todos nos

sabemos qtlC existe urn tipo de julgamento e censura que

nos foi proibido pela Biblia com muita frequencia e rigor.

Gostaria que tais regras das Escriruras fossem examinadas

e analisadas detalhadamente. Desejo tambem que

consideremos se 0fato de nos basearmos nelas para avaliar

a condicao dos outros - e para proferir sentenca sabre

eles como pessoas perversasJ ainda qlle sejam cristasprofessas e seu testemunho seja visivelmcnte born -- nao

foi de fato vetado por Cristo no Novo Testament(l. Se for

assim, entao sem duvida os discipulos de Cristo devem

evitar tal pratica, por mais que se julguem capazes para

isso ou par mais necessaria ou bern intencionada que a

considerem. Sabemos que 0julgamento dos coracoes dos

filhos dos homens, muitas vezes aludido como 0 grande

privilegio de Deus, e alga que pertence somente a ele:

''. . ..perdoa e age, retribuindo a cada urn conforrne todo 0

seu proceder, segundo vires no coracao, S6 tu conheces 0

coracao de todos os f i lhos dos hornens' ( IRs 8.39). Se

examinarmos,. iremos verificar que esse julgamento

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J N F [R. r:«.L\ S PR.!\ [-I ( ..A ~ I 97 I

considerado prerrogativa de Deus se relaciona nao s o a sintencoes e disposicoes do corat;ao dos homens em atos

especificos, mas principalmente ao estado do coracao com

relacao it sua contissao quando professam uma religiao,

Isso se mostra bern claro no exame dos seguintes textos:

ICronicas 28.9; Salma 7.9-11 e todo 0 26; Proverbios

16.2; 17.3; 21.2; J 6 2.23- 25; e Apocalipse 2~22)23~0

tipo de julgamento que pertence somente a Deus nos foi

proibido, como vemos nestas passagens: "Qyem es tu,,/>

que julgas 0 servo alheio? E para seu proprio senhor ( _ l u e

ele esta em pe au cai .. tn(Rm 14~4);"Ila urn 56 legislador

e juiz, aquele que pode salvar e destruir ..Mas quem e s tu,

q ue ju lg as 0 proximo?" (Tg 4t12); e "No entanto, pOlleo

me importa se sou julgado por vos, au por qualquer

tribunal humano; de fato, nem eu julgo a mim mesmo.

Pais, embora eu esteja consciente de que nao ha nada

contra mim, nem por isso me justifieo, pois quem me

julga e 0Senhorn (leo 4.3,4).

Illsisto, qualquer que seja 0 tipo de julgamento, estesera realizado nas atividades do dia do juizo; e alga

proibido para nos, conforme lemos em lCorintios 4.5:

"Portanto, nada julgueis antes do tempo, ate que venha 0

Senhor, 0 qual nao 56 trara a luz as coisas ocultas das

trevas, mas tambem manifestara os motivos dos coracoes,

Entao cada urn recebera seu reconhecimento da parte de

Deus". Distinguir entre os hipocritas, que tern aparencia

de piedade e uma vida exterior de homens picdosos, e os

verdadeiros santos - au separar as ovelhas das cabras -

e um oficio proprio do dia do juizo. De fato, e ilustrado

como a principal atividade e prop6sito daquele dia.

Portanto, cometem urn grande erro aqueles que com

firmeza assurncm a tarefa de determinar quem e sincere e

quem nao e , achando qlle pOdClTI tracar uma linha divis6ria

entre os santos verdadeiros e os falsos, separar as ovelhas

das cabras - posicionando umas a sua direita e as outras

:lsua esquerda - e distinguir e arrancar 0 joio em meio

ao trigo. Muitos dos servos do dono do campo tendem a

se considerar aptos para isso e estao muito dispostos a

oferecer seus services para esse fimt Mas seu Senhor Ihes

diz: "N ao, para que, ao tirar 0 joio, nao arranqueis com

ele tambern 0 trigo. Deixai ambos crescerem juntos ate a

colheita"; so entao de lhes ordenara que facam uma

separacao segura e cornpleta (Mt 13,28-30). Essa

passagem esta de acordo com a proibicao do ap6stolo,

mencionada anteriormentc: " ... nada julgueis antes do

tempo". N a parabola acima, os servos que tomam conta do

fruto do campo, sem diivida, correspondem aos que cuidam

da vinha, em Lucas 20, e aos que em outras passagens sao

representados como servos do Senhor da colheita,

designados como trabalhadores em sua colheita ..Sabemosque estes sao ministros do evangelho. Aquela parabola do

capitulo 13 de Mateus agora esta consumada: £'• • • enquanto

os homens dorrniam"; isto e , durante urn Iongo periodo de

sonolencia e inatividade da igreja~ "veio 0 inimigo dele,

semeou 0 joio no meio do trigo, e retirou -se", Agora e 0

momenta "quando a erva cresceu" e a religiao esta desper-

tando. Agora alguns servos que cuidarn do campo dizem:

"Quercs qu e vamos e arranquemos 0 joio?".

Entre os que supoem ter alguma experiencia do

poder da re1igiao, sei que hi uma grande tendencia de se

julgarem aptos para discernir e definir a condicao dos

outros, mediante uma breve conversa com eles. Contudo,

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I ()8 t IN [:ER f_ N C ~ I t\.\ I:~ A " 1 - [ ( " : A S [ ~ )< .J I

a vivencia mostrou-me que isso e urn erro. Outrora, eu

nao imaginava que 0 coracao do homem fosse tao

inescrutavel aSSilTI. Hoje sou menos indulgente e menos

severo do que no passado ..Vejo hoje que hi mais coisas

em urn homcm perverso, capazes de sirnular e fazcr uma

demonstracao razoavel de piedade. Encontro tambern mais

maneiras pelas quais os vcstigios de corrupcao nos piedosos

podem fazer com que pare~am homens carnais, formalistase hipocritas inertes. Quanto mais eu vivo, menos estranho

o faro de Deus estar declarando que e prerrogativa dele

provar os coracoes dos filhos dos homens e que ele ordena

que essa acao seja deixada para 0 dia do juizo. Gostaria

de louvar a sabedoria de Deus e sua bondade para camigo

e meus irrnaos, ao nao confiar essa grande tarefa a uma

criatura tao pobre, fraca e miope - urn ser com tanta

cegucira, orgulho, parcialidade, preconceito e falsidade

no coracao. Antes, ele entregou 0juizo nas maos de alguem

inflnitamente mais preparado e fez russo sua prerrogativa.

A conversa de algumas pessoas e 0 relato que daode suas experiencias sao rcalrncnte suficientes para negar

e descartar a ideia de que nao sao filhos preciosos de

Deus ..Isso 110S obriga, e ate for<;a, a viver 0 amor total.

Contudo, devemos dar a s Escrituras seu devido valor

quando dizem qlle, em um santo, tudo 0 que pertence avida espiritual e divina esta oculto (C13.3,4). Seu alimento

e 0mana escondido, e os que sao de Deus tern para comer

algo que os outros desconhecem ..Urn estranho niio pode

participar de suas alegrias. 0 coracao dentro do qual se

encontrarn ornamcntos divinos e distintos e 0 hornem

interior, exclusivamente a vista do Senhor, como vemos

em IPedro 3..4. Com excecao de quem 0 recebe, seu novo

nome, dado par Cristo, nao e conhecido par nenhum

homem (Ap 2.17). 0 louvor dos verdadeiros judeus, cuja

circuncisao e do coracao, nao provern de homens, mas de

Deus (Rm 2.29); ou seja, eles certamente podem ser

conhecidos e discernidos par Deus como verdadeiros

israelitas, de forma que recebem somente de Deus a honra

que lhes pertence. Isso pode ser visro no uso que 0apostolo

faz de uma expressao semelhante, em lCorfntios 4.5. Ali,ele fala que ju lga r as que sao cristaos justos e exclusividade

de Deus, 0que ele fara no dia do juizo, e "acrescenta:

"Entao cada urn recebera seu reconhecimento da parte

de Deus".

o caso de Judas e digno de nota. Embora tivesse

estado tanto tempo entre os outros apostolos, todos des

com uma experiencia genuina, ainda assim seus colegas

nunca pareceram imaginar que ele nao fosse um verda-

deiro discipulo, ate que 0 proprio Judas se revelou par

meio de sua conduta escandalosa. A historia de Aitoftl

tarnbem e bastante notavel, Mesm() sendo tao sabio, santoe urn hornem de !)eus com tanta intimidade com as

Escrituras, Davi nao suspeitava de Aitofel~ Davi sabia

mais do que todos seus mestres e anciaos. Havia crescido

em experiencia e estava no auge de seu born juizo. Era

urn grande profeta e conhecia muito bern Aitofel, pais

este era amigo da familia e cornpanheiro pessoaI em

assuntos religiosos e espirituais. Todavia, alern de nunca

ter descoberto que Aitofel era urn hipocrita, Davi ainda

confiava nele como urn verdadeiro santo. Apreciava sua

conversa religiosa, que the era doce, e considerava-o urn

santo notavel; acima de qua1quer Dutro homem, fez dele

seu guia e conselheiro nos assuntos da alma. Contudo,

._ ,

1

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t 1 ( ) ( j I }~__'r R l ); \ IJEI R.i\ () B R J\ I) ( ) ESP 1 H ._ J 1() I I o I I

Aitofel nao so nao era nenhum santo como tambern era

urn homern notoriamente mau, urn assassino, vil e

miseravel. Veja esta passagem: "Ha destruicao no seu

interior; opressao e fraude nao se afastam das suas ruas.

Nao e um inimigo que me afronta; isso eu poderia suportar,

Nem e urn adversario que me menospreza, porque dele

eu poderia me esconder. Mas es tu, meu colega, meu

companheiro e amigo intima. Juntos tivemos momentos

agradaveis; caminhavamos com a multidao para a casa

de Deus" (Sl 55.11-14).

Hi uma incoerencia no fato de supar que os homens

tern capacidade e direito de determinar a condicao das

almas de cristaos professos e assim fazer uma clara

separacao entre santos e hip6critas, colocando os santos

verdadeiros em determinado grupo e os falsos em outro,

separados por uma divisao imposta pelas pr6prios homens.

Is50 implicaria que Deus teria dado aos homens poder

para edificar Dutra igreja visivel dentro da sua, j:i que se

entendem par cristaos ou santos visiveis as pessoas quetern direito de ser recebidas como tais, com arnot, aos

olhos do publico .. Ninguern esta autorizado a excluir

qualquer pessoa dessa igreja visivel, se nao for mediante

os procedimentos eclesiasticos regulares estabelecidos por

Deus. Peco aqueles que tern verdadeiro zelo pela

propagacao dessa obra de Deus que considerem bern tais

coisas. Estou convicto de que, se nao me dao ouvidos

agora, muitos dos que lidam com as almas serao da mesma

opiniao quando tiverem mais experiencia,

Outra coisa que eu gostaria de suplicar aos zelosos

defensores dessa acao de Deus e que evitem discuss6es

muito fervorosas com seus opositores, demonstrando urn

zelo baseado na ira. Especificamentc, ern suas ora~oes e

pregacoes publicas nao insist am muito na perseguicao

aos inimigos ..Mesmo que a opressao deles Fosse dez vezes

pior, creio que nao seria melhor falar tanto sabre isso. Sc

e apropriado para os cristaos serem como cordeiros,

incapazes de reclamar e gritar quando sao feridos, assim

tambem e adequado que fiquem mudos e nao abram a

boca, seguindo 0 exemplo de nosso amado Redentor, nao

agindo como pareos, prontos para gritar quando sao

tocados. Nao deveriarnos estar tao dispostos a pensar e

falar de fogo do ceu quando as samaritanos se op6em a

nos e nao nos recebcm em suas cidades ..Os ministros de

Deus zelosos fariam bern em considerar a ordem que 0

apostolo Paulo deu a urn fervoroso ministro: "Ao servo

do Senhor nao convcm discutir, mas, peIo contrario, deve

ser amavel para com todos, apto para ensinar, paciente,

corrigindo com mansidao os qlle resistem, na esperan~a

de que Deus lhes conceda 0 arrependimento para

conhecerem plenamente a verdade, e que se libertem daarmadilha do Diabo, par quem haviam sido presos para

cumprirem a sua vontadc' (2Tm 2.24~26) ..

Humildemente, gostaria de fazer uma recornendacao

aos que amam 0 Senhor Jesus Cristo e desejam promover

seu reino: que deem especial atencao aquela excelente

advertencia de prudencia que Cristo nos deixou: "Ninguem

poe remendo de pano novo em roupa velha, pais 0

remendo rasgara parte da roupa, e 0 rasgo ficara rnaior.

Nem se poe vinho novo em recipiente de COUIO velho; do

contrario se rompem, derrama-se 0vinho, e as recipientes

se perdem; mas poe-so vinho novo em recipiente de couro

novo, e assim ambos se conservam" (Mt9..16,17)..Receio

f·!:..

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f 1 ()2 I

que hoje haja vinho sendo derramado em algum lugar da

terra por falta de atencao a essa regra, pais, embora acrediteque nos limitarnos demais a certos metodos e proce-

dimentos pre-estabelecidos ao tratar de assuntos religiosos

- 0 que tende a degenerar toda nossa religiao, trans-

torrnando-a em mera formalidade -, ainda assim qualquer

coisa que tenha a aparencia de grande inovacao, vindo

possivelmente a chocar e surpreender a mente humana,

gerando falat6rios e discussoes, tambem tende muito a

inibir 0 avans:o do poder da religiao, Is50 desperta a

oposicao de uns, desvia a mente de outros e confunde

inumeras pessoas, devido a duvidas e inquietacoes que

surgem. Faz tarnbern com que as pessoas se afastem de

sua grande tarefa e entrem en1 disputas vas. Portanto, a

menos que por sua propria natureza seja algo de consi-

deravel importancia, tudo 0 que estiver muito alern da

pratica cornum deve ser evitado. Nisso, seguiremos 0exem-

plo de alguern que foi muito bem-sucedido na proclamacaodo pader da religiao: "...para os judeus, tornei-rne judeu,

para ganhar os judeus. Para os que estao debaixo da lei,

como se eu estivesse debaixo da lei (embora eu nao esteja),

para ganhar os que estao debaixo da lei. Para os que esrao

sem lei, como se estivesse sem lei (nao estanda sem leipara com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para

ganhar as que estao sem lei. Para os fracos tornei-me

fraco, para ganhar as fracas. Tornei-me tudo para com

todos, para de todos os meios vir a salvar alguns. Fa< ;o

tudo por causa do evangelho, para dele me tornar c()par-

ticipante" (lCo 9.20-23).