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“Divididos dentro da fábrica, a gente não consegue enfrentar os desafios” Veja a entrevista completa em www.sindimetalcanoas.org.br M arino Vani, metalúrgico integrante da IndustriALL Global Union, conversou com o Sindicato sobre a atual conjuntura política e trabalhista do país e da América Latina, assim como as perspectivas da luta sindical que guiam a atuação da Federação na região e no mundo. Confira trechos. O Brasil está em crise e existe uma eterna busca por culpados. Como solução, o atual governo apresenta inúmeras reformas e mudanças na legislação. Como você avalia estas políticas e a crise instalada no país? Sofremos uma crise desde 2008 e isso gerou, entre os trabalhadores, falta de esperança e de perspectiva. Com isso, as pessoas acabam elegendo ou votando alternativas de governo que vêm aprofundar ou piorar a situação. O que o governo brasileiro e outros no mundo fazem é propor, para resolver a crise do capitalismo e do sistema, a retirada de direitos trabalhistas, por meio de reformas e do discurso de flexibilização do mundo do trabalho e de geração de emprego. Isso é uma grande mentira. Ao contrário do que está fazendo Bolsonaro, nós precisamos de um governo mais nacionalista, que defenda o país e pense políticas regionais articuladas com o mercado global, o desenvolvimento das nossas indústrias estratégicas - como o petróleo, minério, indústria, manufatura, por exemplo. Deve-se pensar na nossa capacidade produtiva em termos de agricultura, mas não podemos deixar de ser um país industrial. O Brasil, nesse momento, perde porque tem desemprego e não tem política industrial; se ajoelha e é serviçal dos Estados Unidos, que é a economia que compete com a brasileira. E ainda quer que a economia sirva aos interesses das empresas e das transnacionais americanas. O governo não defende em nada a indústria nacional, pequena ou grande, nem a criação de empregos, é um desastre. Eles dizem: “Fiquem tranquilos que nosso governo vai baixar a mão de obra porque aqui no Brasil o custo disso é muito caro para o empresário”. É um discurso muito bonito, mas nem os donos de escravos o faziam. Foto: Matheus Leandro - STIMMMEC ANO XXV SET. 2019 A VEZ E A VOZ Conheça as modalidades e quais riscos corre quem opta por sacá-las Saiba o que está ocorrendo dentro das metalúrgicas da base SAQUE DO FGTS FÁBRICAS 377 Informativo do Sindicato dos Trabalhadores nas Ind. Metal. Mecân. e de Mat. Elét. de Canoas e Nova Santa Rita “Os sindicatos são as ferramentas mais importantes de uma sociedade democrática. Quando você acaba com eles, está acabando com a democracia” Qual o papel dos trabalhadores(as) e do movimento sindical neste cenário? As reformas laborais querem acabar com a negociação coletiva e a representação delegada dos trabalhadores através dos sindicatos, que negociavam e faziam o equilíbrio entre o capital e o trabalho. No campo político nacional, já que a maior ameaça vem dele, quais os caminhos para a mudança? Os brasileiros têm que saber qual é a consequência do seu voto. Essa foi a opção dos brasileiros e nós temos que assumí-la. Se o governo está fazendo isso, nós temos que reagir. As pessoas estão vendo que esse caminho não tem solução. Hoje nós temos mais formas de chegar até os trabalhadores do que antigamente, precisamos educá-los e formá-los para o debate. Sindicatos e dirigentes precisam conversar com os trabalhadores e construir juntamente propostas alternativas para o desenvolvimento do Brasil. O caminho é criticar o que não está correto e propor alternativas para um desenvolvimento coletivo. Separados, divididos dentro da fábrica, a gente não consegue enfrentar os desafios, não consegue construir propostas mais globais. Os sindicatos são o único instrumento que pode contribuir e mais contribui para o desenvolvimento. Sempre quando foram chamados, apresentaram propostas e alternativas viáveis e concretas. Quando são excluídos, é um sinal de que a maioria da sociedade não faz parte da solução de seus problemas e não se responsabiliza pelo desenvolvimento coletivo. Isso gera o individualismo, a exclusão de pessoas, e a visão de problemas e inimigos onde não existem. Entre a classe trabalhadora não há inimigo, nós somos todos parte de um grupo de trabalhadores que vendemos a nossa mão de obra.

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“Divididos dentro da fábrica, a gente não consegue enfrentar os desafios”

Veja a entrevista completa em www.sindimetalcanoas.org.br

Marino Vani, metalúrgico integrante da IndustriALL Global Union, conversou com o Sindicato sobre a

atual conjuntura política e trabalhista do país e da América Latina, assim como as perspectivas da luta sindical que guiam a atuação da Federação na região e no mundo. Confira trechos.

O Brasil está em crise e existe uma eterna busca por culpados. Como solução, o atual governo apresenta inúmeras reformas e mudanças na legislação. Como você avalia estas políticas e a crise instalada no país?

Sofremos uma crise desde 2008 e isso gerou, entre os trabalhadores, falta de esperança e de perspectiva. Com isso, as pessoas acabam elegendo ou votando alternativas de governo que vêm aprofundar ou piorar a situação. O que o governo brasileiro e outros no mundo fazem é propor, para resolver a crise do capitalismo e do sistema, a retirada de direitos trabalhistas, por meio de reformas e do discurso de flexibilização do mundo do trabalho e de geração de emprego. Isso é uma grande mentira.

Ao contrário do que está fazendo Bolsonaro, nós precisamos de um governo mais nacionalista, que defenda o país e pense políticas regionais articuladas com o mercado global, o desenvolvimento das nossas indústrias estratégicas - como o petróleo, minério, indústria, manufatura, por exemplo. Deve-se pensar

na nossa capacidade produtiva em termos de agricultura, mas não podemos deixar de ser um país industrial.

O Brasil, nesse momento, perde porque tem desemprego e não tem política industrial; se ajoelha e é serviçal dos Estados Unidos, que é a economia que compete com a brasileira. E ainda quer que a economia sirva aos interesses das empresas e das transnacionais americanas. O governo não defende em nada a indústria nacional, pequena ou grande, nem a criação de empregos, é um desastre. Eles dizem: “Fiquem tranquilos que nosso governo vai baixar a mão de obra porque aqui no Brasil o custo disso é muito caro para o empresário”. É um discurso muito bonito, mas nem os donos de escravos o faziam.

Foto: Matheus Leandro - STIM

MM

EC

ANO XXV SET.₢ 2019

A VEZ E A

VOZ

Conheça as modalidades e quais riscos corre quem opta por sacá-las

Saiba o que está ocorrendodentro das metalúrgicas da base

SAQUE DO FGTS

FÁBRICAS

377

Informativo do Sindicato dosTrabalhadores nas Ind. Metal. Mecân.

e de Mat. Elét. de Canoas e Nova Santa Rita

“Os sindicatos são as ferramentas mais importantes de uma sociedade democrática. Quando você acaba

com eles, está acabando com a democracia”

Qual o papel dos trabalhadores(as) e do movimento sindical neste cenário?

As reformas laborais querem acabar com a negociação coletiva e a representação delegada dos trabalhadores através dos sindicatos, que negociavam e faziam o equilíbrio entre o capital e o trabalho.

No campo político nacional, já que a maior ameaça vem dele, quais os caminhos para a mudança?

Os brasileiros têm que saber qual é a consequência do seu voto. Essa foi a opção dos brasileiros e nós temos que assumí-la. Se o governo está fazendo isso, nós temos que reagir.

As pessoas estão vendo que esse caminho não tem solução. Hoje nós temos mais formas de chegar até os trabalhadores do que antigamente, precisamos educá-los e formá-los para o debate. Sindicatos e dirigentes precisam conversar com os trabalhadores e construir juntamente propostas alternativas para o desenvolvimento do Brasil. O caminho é criticar o que não está correto e propor alternativas para um desenvolvimento coletivo. Separados, divididos dentro da fábrica, a gente não consegue enfrentar os desafios, não consegue construir propostas mais globais.

Os sindicatos são o único instrumento que pode contribuir e mais contribui para o desenvolvimento. Sempre quando foram chamados, apresentaram propostas e alternativas viáveis e concretas. Quando são excluídos, é um sinal de que a maioria da sociedade não faz parte da solução de seus problemas e não se responsabiliza pelo desenvolvimento coletivo. Isso gera o individualismo, a exclusão de pessoas, e a visão de problemas e inimigos onde não existem. Entre a classe trabalhadora não há inimigo, nós somos todos parte de um grupo de trabalhadores que vendemos a nossa mão de obra.

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Na modalidade saque-aniversário, o valor será um percentual do saldo da conta do FGTS. Para contas com até R$ 500, será liberado 50% do saldo, percentual que vai se reduzindo quanto maior o valor em conta. Já para contas com mais de R$ 500, os saques serão acrescidos de uma parcela fixa, conforme tabela abaixo.

tabela de porcentagem baseada no valor retido nas contas. O saque poderá ocorrer até o último dia útil do segundo mês após a aquisição do direito. As solicitações de migração para esta nova modalidade têm início em 1º de outubro de 2019.

FGTS: liberação de saques afeta a seguridade dos trabalhadores

SAQUE DO FGTS | EDITORIAL2 A VEZ E A VOZ

Por meio da MP 889/2019, o governo validou a liberação de duas modalidades de saque ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), tanto em contas ativas quanto em contas inativas. Embora o governo alegue o objetivo de “aquecer” a economia com os 40 milhões que podem ser sacados, especialistas afirmam que, em grande escala, os valores serão usados no pagamento de dívidas. Ainda, há risco à seguridade dos trabalhadores, que ficarão sem poder acessar o FGTS em caso de demissão.

Criado no início da década de 1960, o FGTS é uma conta individual que mensalmente é alimentada com 8% do salário do trabalhador via depósito dos empregadores. Em caso de demissão, doença grave, aposentadoria ou falecimento do titular, os valores podem ser sacados. Ainda, na possibilidade de aquisição de casa própria, também ocorre a liberação do Fundo.

A primeira modalidade de saque tem início em 13 de setembro, somente para quem possui Conta Poupança na CEF. Em outubro, iniciam os saques para quem não possui conta poupança ou corrente no banco. Quem possui Cartão Cidadão pode realizar o saque nos caixas eletrônicos. A retirada dos valores obedece as tabelas abaixo.

Caso o saque-aniversário seja realizado pelo trabalhador(a), o acesso aos valores do FGTS fica inviabilizado em caso de rescisão do contrato de trabalho. Quem fizer a opção e depois decidir mudar, deverá aguardar dois anos – sem realizar saques – para retornar à modalidade saque rescisão.

Exemplo 1: João optou pelo saque aniversário em maio de 2020, mês do seu aniversário. No mesmo ano, em setembro, ele foi demitido sem justa causa pela empresa. Logo, João não terá acesso aos valores do FGTS, somente à multa de 40%.

Exemplo 2: João optou pelo saque-aniversário em maio de 2020, mês do seu aniversário. No entanto, decidiu retornar ao modelo anterior, o saque-rescisão, em junho do mesmo ano. Logo, somente poderá acessar as contas do FGTS em julho 2022 (25 meses depois da solicitação).

1º saque: limitado à R$ 500,00 em cada conta

Saques para quem tem conta poupança da Caixa

Saques para quem não tem conta poupança da Caixa

Análise

Cronogramas de saques

Cada trabalhador(a) poderá sacar até R$ 500,00 de cada conta (ativa ou inativa) do FGTS. Estes saques deverão ocorrer até 31/03/2020.

Mês de nascimento

Iníciodo saque

Mês de nascimento

Iníciodo saque

Janeiro 18/10/19 Julho 10/01/2020Fevereiro 25/10/2019 Agosto 17/01/2020

Março 08/11/2019 Setembro 24/01/2020Abril 22/11/2019 Outubro 07/02/2019Maio 06/12/2019 Novembro 14/02/2019Junho 18/12/2019 Dezembro 06/03/2019

Até 500,00 50,0% ---------de 500,01 até 1.000,00 40,0% 50,00

de 1.000,01 até 5.000,00 30,0% 150,00de 5.000,01 até 10.000,00 20,0% 650,00de 10.000,01 até 15.000,00 15,0% 1150,00de 15.000,01 até 20.000,00 10,0% 1900,00

Acima de 20.000,01 5,0% 2900,00

Mês de nascimento Início do saque

janeiro, fevereiro, março e abril 13/09/2019maio, junho, julho e agosto 27/09/2019

setembro, outubro, novembro e dezembro 09/10/2019

Para a advogada Lídia Woida, do escritório Woida, Magnago, Skrebky, Colla & Advogados Associados, retirar o mínimo de seguridade financeira dos trabalhadores caso ocorra uma demissão é um risco alto e deve ser considerado. “Vivemos um cenário de amplo desemprego, onde muitos estão saindo do modelo de contratação via CLT, em decorrência de demissões, e adentrando o mercado informal. O risco está neste processo. Não é possível prever uma demissão. Então, se o trabalhador opta pelo saque no mês do aniversário e, na sequência, é demitido, fica sem qualquer amparo financeiro do fundo”.

As novas modalidades de saque são opcionais aos trabalhadores. De acordo com a Caixa Econômica Federal, não haverá qualquer alteração no pagamento da multa de 40% sobre o FGTS em caso de demissão sem justa causa.

Exemplo: João trabalhou de carteira assinada, em quatro empresas. Cada empresa abriu uma conta nova de FGTS para realizar os depósitos. Logo, João poderá sacar de cada uma dessas contas o valor de R$ 500,00.

Obs 1. Caso o valor de alguma conta seja inferior a R$ 500,00, João poderá sacar todo o valor que existir nela. Caso o valor de alguma conta seja superior a R$ 500,00, João ficará limitado a sacar somente o teto estipulado pela MP.

Obs 2. Trabalhadores que possuam Conta Poupança na CEF terão os valores transferidos automaticamente para a conta. Caso não queiram, devem comunicar o banco até 30 de abril de 2020, para não ocorrer ou desfazer o crédito.

Obs 3. Neste primeiro momento, o direito à multa de 40%, assim como a retirada integral do valor do FGTS em caso de demissão sem justa causa, não é afetado pela MP 889.

Há quase seis décadas, o Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita atua na defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras da base. São 59 anos, fechados neste 1º de setembro de 2019, também acompanhando os altos e baixos da história do país e seus reflexos na classe trabalhadora. Uma verdadeira roda gigante de lutas e conquistas que, até aqui, certifica o nosso papel nessa história.

Hoje, com a roda girando por baixo, nosso trabalho é árduo frente o ataque aos direitos e à dignidade dos trabalhadores(as), onde muitos já estão inseridos no trabalho informal ou com ampla redução das garantias trabalhistas. E há pouco tempo, durante a redemocratização do país, também foram estas as nossas bandeiras de luta, em um período com altos índices de desemprego e valorização mínima dos ganhos e dos direitos da classe trabalhadora. A atuação do nosso sindicato foi fundamental para fazer a roda girar.

Lutamos, em infindáveis campanhas salariais. Barramos, em atos e manifestações à aplicação de políticas neoliberais. Garantimos a valorização dos salários e de tantos outros benefícios, além de fazer valer acordos, convenções e leis pela seguridade da categoria. Girar a roda, de forma que fique positiva e benéfica à classe trabalhadora, nunca foi preocupação dos empresários ou de governos com políticas antissociais, mas sim, de verdadeiros representantes dos trabalhadores(as).

E foram anos em que foi possível sentir os efeitos da valorização e da inclusão. Quando os ventos sopraram de maneira favorável, apostamos em parcerias pela qualidade de vida, pautando a importância da alimentação saudável, aumentando os espaços de lazer e incentivando o direito ao conhecimento, aos estudos e à formação. As políticas públicas neste período foram grandes incentivadoras de uma vida melhor, ideal que guia desde o princípio a atuação sindical.

Mas atualmente, por escolha democrática e da maioria, a roda gira para baixo novamente. Com respeito à liberdade de escolha, mas questionando amplamente os meios pelo qual esta se fez, afirmamos que este é o início de um novo esforço para retornar à parte de cima. E mesmo com a vontade de alguns, que bradam pelo fim da atuação dos sindicatos, nós não vamos parar. Nossa história comprova a importância da luta e da boa atuação. Seguimos!

Alíquota Parcela adicionalLimite das faixas de saldo (R$)

Nosso papel na rodagigante da história

2º saque: no mês de aniversárioA partir de abril de 2020, entra em vigor

a modalidade Saque-aniversário. Com ela, anualmente será permitido um saque no mês de aniversário do trabalhador(a), obedecendo uma

* Nascidos em Janeiro e Fevereiro: Saques no período de abril a junho de 2020;* Nascidos em Março e Abril: Saques no período de maio a julho de 2020;* Nascidos em Maio e Junho: Saques no período de junho a agosto de 2020.

Obs. Após o mês de JUNHO de 2020, os saques poderão ser feitos no mês de aniversário do trabalhador(a).

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aluno Leonardo Moraes foi um dos selecionados para integrar a delegação brasileira no torneio e competir na área de Manutenção Industrial.

O caminho até a competição teve início em 2017, quando disputou a seletiva regional com todos os SENAI do Estado. Passada a primeira etapa, disputou e conquistou uma vaga para representar o Estado no torneio nacional. “O treinamento foi intenso, mas pela primeira vez o RS foi ouro na minha modalidade”, afirmou.

Em dezembro de 2018, realizou treinamento em São Paulo e desde o início do ano em Brasília. Aos 19 anos de idade, chegou à Rússia, integrando a delegação dos estudantes brasileiros que conquistaram o pódio na competição. “Posso não ter ganhado uma medalha, mas estou muito tranquilo do trabalho que eu sei desenvolver, tanto pessoal quanto profissionalmente com as pessoas. O amadurecimento me enriqueceu muito e de muitas formas diferentes. Isso só agregou para o meu currículo”, concluiu.

Setembro será decisivo para barrarmos a Reforma da Previdência

Mortes e acidentes no trabalho vão se multiplicar com desmonte das NRs

PREVIDÊNCIA | NRS | PREMIAÇÃO 3A VEZ E A VOZ

No dia 4 de setembro, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o texto principal da Reforma da Previdência. Foram mantidas mudanças como o fim da aposentadoria por tempo de contribuição; a obrigatoriedade da idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres; a mudança no cálculo do benefício e o curto tempo das regras de transição. O texto será encaminhado ao plenário da casa e deve ser votado até o início de outubro.

Na CCJ, também foram apresentados mais de 500 emendas protocoladas e três relatórios alternativos. O senador gaúcho Paulo Paim (PT)foi um dos rejeitores completos à proposta. “A natureza da Previdência pública e solidária é um enorme avanço civilizatório conquistado ao longo de gerações. Nós não negamos a promover a justiça em todos os regimes previdenciários que busquem sua maior eficiência, mas não podemos compactuar com a ideia de que direitos previdenciários devam ser sacrificados, de forma

Paulo Chitolina em meio aos estudantes gaúchos, na Rússia

Brasil conquista 3º lugar na 45ª WorldSkills, na Rússia

Entre os dias 22 e 27 de agosto, ocorreu em Kazan (Rússia), a 45ª WorldSkills, torneio internacional de educação profissional. O Brasil contou com uma delegação composta por 63 alunos treinados pelo SENAI e pelo Senac, sendo que dentre estes, nove eram gaúchos.

A terceira colocação no ranking geral comprova, segundo Paulo Chitolina - presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita e integrante do Conselho Nacional do SENAI representando os trabalhadores pela CUT -, a qualidade na formação dos alunos brasileiros. “Ficamos atrás apenas da China e da Rússia, polos que investem pesado na tecnologia industrial. É possível perceber que em outros países a qualificação profissional e investimentos em tecnologia tem forte fomento do

governo. Enquanto aqui no Brasil, há redução da participação do Estado nestes pilares, com o acréscimo de cortes na educação e em todas as áreas de pesquisa”, afirmou.

Delegação contou com aluno de CanoasEstudante do Senai AJ Renner de Canoas, o

A redução em 90% das Normas Regulamentadoras (NRs) de Segurança e Saúde no Trabalho, anunciada pelo governo, tem mobilizado lideranças políticas, jurídicas, sindicais e diversos movimentos sociais nos últimos meses. Atualmente, as NRs em vigor seguem o que está previsto nas normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e são frutos de negociações envolvendo representantes do governo, dos trabalhadores(as) e da classe empresarial.

Loricardo de Oliveira, secretário-geral da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) e integrante da CTPP, participou da audiência pública realizada recentemente pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. Ele lembrou que as normas reguladoras haviam sido uma exigência

Entrevista completa em www.sindimetalcanoas.org.br

do Banco Mundial em 1978 “porque morreu muita gente em Itaipu, por exemplo”. Também mencionou a criação das comissões tripartites e disse que em dezembro do ano passado, na última reunião realizada em Brasília, aprovaram de forma unânime que a comissão não podia ser extinta porque vinha de uma convenção ratificada.

Conforme manifesto elaborado por um conjunto de entidades sindicais no período de 2012 a 2018, foram registrados 4,5 milhões de acidentes de trabalho no país. O número corresponde a um acidente a cada 49 segundos, resultando em 16 mil mortes e mais de 38 mil amputações. Ou seja, a média no Brasil é de uma morte por acidente de trabalho a cada 3h43min, segundo dados oficiais do Ministério Público do Trabalho.

Ainda conforme o documento, no mesmo

a torná-los inviáveis”, afirmou.Como a Reforma da Previdência é uma

alteração constitucional, será analisada em dois turnos e, em cada um deles, precisará de ao menos 49 votos favoráveis dos 81 senadores. Por isso, setembro deve ser de intensas mobilizações em todo o Brasil, com a participação da classe trabalhadora, centrais sindicais, entidades dos mais diversos segmentos e políticos da oposição. Afinal, a pressão em cima dos parlamentares já provou que tem grande influência ao barrar mudanças como a capitalização, regras mais rígidas para aposentadoria dos trabalhadores(as) rurais e a redução do valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Paulo Paim, em conversa com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita, disse torcer por uma mudança conjuntural e prometeu esforços para que o Senado volte a ser uma casa revisora e não apenas carimbadora, aprovando o que vier da Câmara dos

Deputados sem contestações. “Espero que acatem as emendas que serão apresentadas, nem que seja parcialmente. Precisamos assegurar, por exemplo, que os benefícios dos aposentados e pensionistas sejam mantidos, que as regras especiais permaneçam respeitadas, que as transições sejam atenuadas, e que, efetivamente, aqueles que por uma infelicidade fiquem inválidos tenham direito à aposentadoria integral”, concluiu.

período, R$ 79 bilhões foram gastos pela Previdência Social na cobertura de benefícios acidentários e 350 mil dias de trabalho foram perdidos devido a acidentes, contando apenas os casos notificados.

A auditora Heloísa Rubenich (da Agitra), contou que na década de 70 o Brasil era o campeão em acidentes de trabalho no mundo, o que levou o governo da época, por pressão de órgãos internacionais, a criar as normas reguladoras. Hoje, o país encontra-se em quarto lugar neste mesmo ranking, mas ainda há muito por fazer. “Morre-se mais no trabalho do que no trânsito ou por latrocínio e homicídio. São muitos trabalhadores perdendo a vida e não podemos compactuar com esse retrocesso que está ocorrendo”, disse.

Foto: Matheus Leandro - STIM

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FÁBRICAS4 A VEZ E A VOZ

O jornal A Vez e a Voz é uma publicação do Sindicato dosTrabalhadores Metalúrgicos de Canoas e Nova Sta Rita - STIMMMEC

Presidente: Paulo ChitolinaVice-presidente: Silvio Bica

Secretário de Imprensa:André Soares (Índio)

Assessoria de Imprensa: Rita Garrido (Reg. Prof. nº 18.683) e Matheus Leandro

Telefone DDG: 0800.6024955Colônia de Férias: (51) [email protected]: www.sindimetalcanoas.org.br

Rua Caramuru, 330 -Centro de Canoas/RS

Salário Mínimo Nacional: R$ 998,00Piso Regional do RS: R$ 1.346,46

Pisos salariais: Metalúrgicos |Máquinas Agrícolas: R$ 1.394,00

R$ 5,63/hora (para menor aprendiz)

Reparação de Veículos:R$ 1.496,00 (piso normativo)

R$ 6,80/hora (para borracheiro)Adicional de Insalubridade:

Grau Médio / 20% do SM: R$ 199,60Grau Máximo / 40% R$ 399,20

EXPEDIENTE INDICADORES SALARIAIS

A Justiça do Trabalho homologou os dois processos coletivos movidos contra a Mangels, em 2012, a respeito do pagamento de Periculosidade. No total, cerca de 250 trabalhadores, que passaram ou ainda estão ativos na empresa, devem reaver valores sobre o tema em questão.

Trabalhadores(as) presentes na assembleia realizada no final de maio, no Sindicato, aprovaram a proposta de deságio referente a 30% e foram informados sobre a forma de pagamento, que será em até 12 vezes.

A direção da GE tem discutido possíveis alterações na logística de transporte dos trabalhadores(as), pretendendo suprimir seis ônibus da frota e realizar remanejos nos trajetos. Segundo o dirigente Homero Taborda, a mudança aumentará consideravelmente o tempo de percurso diário, visto que inúmeros funcionários(as) já passam mais de uma hora dentro do ônibus em seu caminho para casa ou à empresa. “A

Cerca de 40 metalúrgicos foram demitidos em quinze dias. De acordo com Silvio Bica, vice-presidente do Sindicato, o alto número de desligamentos é fruto da má administração feita pela direção da empresa, que tem sempre como vítima os trabalhadores(as).

Para Bica, a substituição repentina de tratores produzidos de forma interna por máquinas de peças importadas é o que encarece o produto final e abre espaço no mercado para empresas concorrentes.

Nos últimos tempos, os trabalhadores(as) da Maxiforja enfrentam atitudes de descaso com a saúde e os acidentes de trabalho. O resultado tem sido a sobrecarga física e a desmotivação para desempenhar as atividades rotineiras.

Em relatos feitos ao Sindicato, a questão mais preocupante é o modo em que os médicos do trabalho, de forma corriqueira, tem negado a emissão de CATs aos trabalhadores acidentados. Muitos, por conta disso, recorrem ao Sindicato para conseguir dar entrada no INSS. “A omissão da empresa com os acidentados é clara quando, após negativa, a CAT é emitida pelo Sindicato e aceita no INSS. Ao que tudo

Mangels: processos de periculosidadeestão em fase de pagamento

Maxiforja: Descaso com a saúde dos trabalhadores

General Electric : alterações no transporte e sobrecarga de trabalho

AGCO: Demissões repentinasameaçam o chão de fábrica

Com a homologação, o pagamento começou a ser feito, e o Sindicato está auxiliando, em conjunto com a assessoria jurídica, no recebimento. Para verificar se o seu nome está na lista e/ou a disponibilidade do pagamento, ligue para o DDG 0800.604.4955 - ramal 5352, com Tânia - ou vá diretamente à sede do Sindicato (R. Caramuru, 330, Centro de Canoas).

Obs. Caso conheça alguém que tenha trabalhado na empresa neste período, peça-o que entre em contato com o Sindicato.

direção alega reduzir custos, mas o Sindicato está pressionando para que estes efeitos sejam minimizados”, afirmou.

A rotatividade de mão de obra, reflexo dos contratos temporários, é outro problema na GE e finda por sobrecarregar quem atua há mais tempo na empresa. De acordo com relatos, a necessidade de repassar orientações aos novos contratados aumenta a demanda de serviço,

indica, é uma tentativa de reduzir a responsabilidade e os gastos com acidentes de trabalho”, destacou o dirigente e cipeiro Leandro Reis.

Diversos trabalhadores também alegam que são desrespeitados durante a consulta no departamento e que o histórico médico é ignorado por alguns profissionais na empresa. “Falta postura no atendimento e é preocupante como lesões ou qualquer outro trauma sofrido durante o labor em outras ocasiões seja ignorado em diagnósticos recentes”, afirmou o dirigente Luciano Sartori.

Os cipeiros contam com o respaldo do Sindicato, que é a entidade de defesa dos trabalhadores(as), para registrar em ata de Cipa todo e

qualquer descaso e/ou omissão com a saúde dos funcionários(as).

Acidentes de trabalho:quem custeia?

Não é de hoje a reclamação dos trabalhadores que precisam arcar com custas de fisioterapia quando se acidentam dentro da empresa. O plano de saúde oferecido pela metalúrgica tem coparticipação dos trabalhadores, e a falta de reconhecimento frente aos acidentes de trabalho contribui para que muitos tenham que tirar do próprio bolso o tratamento, resultado do descaso da empresa.

Insalubridade A situação do pagamento do

adicional de insalubridade ainda está

trancada. O Sindicato solicitou, em ofício enviado à empresa no mês de julho, uma reunião para retomar as tratativas do pagamento. No mesmo documento, afirmou que a visita realizada por peritos na empresa constatou que a maioria dos setores são insalubres, muitos do qual o adicional foi retirado.

A Maxiforja, em uma tentativa de burocratizar as tratativas, restringiu o encontro a um número específico de pessoas, o que elimina a participação de diretores atuantes e conhecedores da realidade dos trabalhadores da empresa. Neste sentido, o Sindicato aguarda o posicionamento da empresa e intensificará mobilização para que este direito seja cumprido.

O Sindicato, na tentativa de amenizar a perda destes demitidos, negociou com a metalúrgica o pagamento de um salário nominal e a extensão do plano de saúde por 90 dias, além do que já é garantido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Em conversa, a direção da AGCO também afirmou que não haveria mais demissões por ora. No entanto, mais trabalhadores foram desligados nos últimos dias e a ameaça na empresa deve continuar.

já que trabalhadores novatos não conhecem a rotina e as atividades. “Não há qualquer problema com novos trabalhadores, mas este movimento está gerando estresse e pressão para que mantenhamos o ritmo na produção e nas atividades do dia a dia”, afirma Taborda. Além disso, a carga extensiva de trabalho e as compensações aos sábados têm gerado cansaço notório nos trabalhadores(as).