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A Viagem

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a viagem

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  • A Viagem

    Charles Evaldo Boller

    Acompanhe-me numa singular viagem.

    Para isto necessrio que voc aceite alguns postulados e a pouca consistncia do que mostrarei, considerando que, em essncia, tudo no passa de simples fantasia, mas os conceitos so os mais modernos de que a cincia dispe. Faamos semelhana de nossas lendas na Maonaria, que mesmo em sendo fices, pretendem transmitir profundos conhecimentos filosficos, dependendo apenas do grau de interesse e desenvolvimento de cada indivduo e da perseverana em alcanar o conhecimento que leva a educao natural.

    Tenha certeza que a pretenso flutuar por caminhos fascinantes que podero revelar entendimento de verdades complexas e difceis de explicar de outra forma.

    Preparando o Ambiente da Viagem

    Faamos de conta que estamos parados no centro de uma loja aberta ritualisticamente. Aparelhada com todos os instrumentos de trabalho do maom, bem como sua matria prima: a pedra bruta.

    Esotericamente falando, o teto no existe, ento, vamos tirar de vez esta cobertura do lugar de onde est e empurr-la para bem longe, to longe que desaparea. Descortina-se sobre ns o espao infindo e ao longe brilha o sol.

    Empurremos tambm as paredes de nosso templo para bem longe. Estamos no centro do espao infindo que s no totalmente negro porque a luz do luzeiro o ilumina.

    Eliminemos igualmente o piso de nosso templo, afastando-o mais devagar para que nossa mente se acostume lentamente com o flutuar no espao. Como no temos mais referenciais, no sabemos ao certo se o piso da loja e a Terra que esto se afastando, ou se somos ns que estamos levitando, viajando espao afora.

    Se pensar que paramos a, enganou-se, agora possumos poderes sobrenaturais que nos permitem parar o tempo, o que fazemos.

  • Este nosso novo Universo: nada ao nosso redor, o tempo parado e apenas o Sol a nos iluminar. Neste ambiente especial construdo por nossa imaginao, apenas ns nos movemos. Estamos sem ponto de referncia a no ser o sol. Longe de tudo. No existe rudo ou necessidade de ar. Somos poderosos

    Olhamos ao redor e observamos a imensido. Como diminuta a nossa estatura em relao a este Universo ilimitado e sem horizonte.

    Com nossa nova capacidade de imaginao deixamos nosso corpo material e flutuamos para fora de nossa priso. Olhamos para as pedras brutas que somos pelo seu lado externo de formas como nunca nos foram dadas observar. Observamos como nosso tmulo material. Como j aprendemos, o que este corpo tem por fora mero invlucro de nossa manifestao material no Universo tridimensional, o importante desta massa seu contedo interno, algo que aos olhos materiais impossvel identificar.

    Foi devido a esta limitao que samos de nossos tmulos materiais e estamos aqui fora olhando para eles.

    Aqui somos finitos e infinitos. Nesta existncia artificial no rege tempo ou matria, no existe incio ou fim. Todas as coisas materiais que possumos em nossa efmera vida material so nada se comparados com a imensido que ora contemplamos ao lado de fora de nossos crceres que nos servem apenas como instrumentos de nossas experincias sensoriais.

    Locke defendeu que as idias so formadas a partir de experincias sensoriais exteriores e que a reflexo interior colocava em seu devido lugar. Combateu o Inatismo, filosofia que parte do pressuposto do homem possuir idia inata do Grande Arquiteto do Universo; que esta idia j nasce com a pessoa. Vamos comprovar esta assertiva ao sairmos do nosso corpo apenas por fora de nosso pensamento e levarmos junto conosco apenas nossas capacidades de ver e pensar.

    Na Maonaria nos ensinado que nascemos livres porque nascemos racionais e os seres humanos so, por isto, considerados iguais, independente de governos e outros homens. Usamos desta experimentao sensorial no apenas atravs de nossos dispositivos de percepo da realidade, criamos uma nova percepo, pela fantasia, e por um exerccio

  • do pensamento estamos passeando fora de nossos corpos fsicos pelo espao infindo.

    Parece insanidade, mas divertido. E como diz Domenico de Masi: "no sei se estou trabalhando, aprendendo ou me divertindo".

    Os trabalhos do Rito Escocs Antigo e Aceito querem demonstrar ser o homem infinito e que suas posses so finitas. Locke concebe o infinito como resultante da unidade homognea de espao, nmero e durao, e o que diferencia uma da outra que o infinito apenas no tem limite. Deduzimos que o homem material finito enquanto presa da materialidade e torna-se infinito quando desperta para a liberdade da razo apoiada pelo conhecimento.

    isto a que este passeio conduz.

    Incio do Passeio

    Percebe quo devagar esto nossos passos neste passeio? No h necessidade de correr. Nossas experincias mais eficientes no ocorrem sempre aos saltos, mas em pequenos avanos de uma dimenso para a outra de um conhecimento alicerando o prximo, ciclos eternos de tese, anttese e sntese. Assim se faz na Maonaria. O salto dado pela mente e no pelo corpo material. disto que devemos nos libertar para penetrar nos segredos de ns mesmos. Apenas em condies especiais obtemos a verdadeira luz para investigar a verdade oculta em ns mesmos. Nossa fantasia cria o ambiente, nossa racionalidade preenche os vazios.

    Se olharmos todo o trajeto que nos trouxe at aqui realmente um salto imenso para a nossa pequenez de criatura vivente do espao tridimensional. Aqui s existe a noo de espao porque trouxemos junto conosco as carcaas que nos contm. Qualquer forma que adotarmos, seja ela material ou assim como nos imaginamos agora, no passamos todos de simples viajantes espaciais, o que todos somos; astronautas deslocando-se permanentemente pelo espao sideral numa velocidade estonteante a um destino desconhecido.

    Vamos diminuir de tamanho, alis, ns no temos dimenso, podemos ser imensamente grandes ou infinitamente pequenos, basta querer. Nossa mente vai fazer com que diminuamos de tamanho lentamente, porque ainda faz pouco tempo que abandonamos nossa clausura fsica e adentramos nesta nova condio de existncia.

  • Vamos encolher at que possamos entrar pelo ouvido do meu corpo material a em frente e que conheo bem, haja vista que j fiz alguns passeios dentro dele ultimamente. Vamos diminuir de tamanho at que possamos divisar as molculas desta carcaa.

    Percebeis como meu corpo est desaparecendo?

    O corpo est se dissolvendo lentamente.

    Porque ser?

    Um Universo Interior

    Boyle foi o primeiro que no aceitou mais as teorias de Aristteles dos quatro elementos: gua, terra, ar e fogo e formulou as bases e conceitos dos elementos qumicos.

    A diversidade de molculas com que um corpo fsico composto enorme, ento escolhamos a primeira molcula que encontrarmos e vamos continuar a diminuir de tamanho para podermos abordar um dos tomos.

    Sabia que no foi Boyle quem criou a idia de tomo? Isto j foi cogitado na antiga Grcia, por Demcrito; dele a idia que os materiais so formados por partculas minsculas. Hoje dispomos deste conhecimento porque estamos apoiados nos ombros de gigantes do passado.

    Pode-se dizer que o tomo formado por duas regies que ocupam o espao: o ncleo, que seu centro compacto e pesado, e uma coroa ou eletrosfera. No ncleo esto os nutrons e prtons e na eletrosfera movem-se os eltrons em diversas rbitas.

    Rutherford sugeriu que o tamanho do tomo seria algo em torno 0,000.000.01 centmetro. Para imaginarmos melhor o significado desta dimenso consideremos o homem do tamanho de um tomo e toda a populao da Terra caberia na cabea de um alfinete e ainda sobraria muito espao.

    E ns estamos do tamanho de um tomo agora.

    S que no vemos nada.

    Por qu? Se molculas das mais diversas compem um corpo fsico, elas deveriam estar em todo lugar, trilhes delas

  • deveriam estar presentes aqui, e deveriam obliterar a luz do sol.

    Onde estaro?

    A eletrosfera de um tomo cerca de 10.000 a 100.000 vezes maior que o ncleo. Ento, porque no estamos vendo nada?

    Vamos diminuir mais umas 100.000 vezes o nosso tamanho. Ainda no vemos nada. O corpo pelo qual estamos viajando simplesmente sumiu. O que existe ao nosso redor apenas espao vazio. S a luz do sol chega at ns.

    Continuemos a procurar at encontrar um ncleo de tomo, formado de prtons, nutrons e outras partculas insignificantes, e assim como ns, desloca-se solitrio nesta imensido do espao. do tamanho de uma laranja, e cabe em nossa mo.

    Onde estar o eltron que faz par com este ncleo?

    Sabemos que a massa do eltron tem em torno de 1.840 vezes menos massa que o ncleo. Muito pequenos para serem vistos, mesmo com estes olhos que temos agora. Temos que diminuir ainda mais de tamanho para divisar corpsculo to diminuto, ser por isto que no vemos o eltron?

    No! Ele no visto porque ns paramos o tempo, lembra?

    Somos criaturas muito poderosas em nosso mundo de fantasia.

    O eltron deste tomo est parado em algum lugar que pode estar em termos proporcionais a nossa atual estatura a alguns quilmetros daqui, ou at bem perto como alguns centmetros. No o vemos apenas devido suas dimenses relativas diminutas.

    Estou cansado. Vamos diminuir mais nossa estatura, at ficarmos to pequenos que possamos sentar confortavelmente sobre o ncleo deste tomo.

    Ainda no vemos o eltron, e teramos que encolher ainda cerca de quase umas 2.000 vezes a nossa atual estatura, e ainda assim seria muito difcil encontr-lo.

  • Vamos restaurar o fluxo do tempo.

    No se assuste com a escurido!

    Consegue imaginar o que aconteceu?

    Porque esta escurido sbita?

    So os eltrons! Eles nos deixaram cegos! Esconderam o Sol.

    O Mundo Material

    Os eltrons em movimento impedem a luz de chegar at ns. Isto porque a velocidade com que o eltron gira em torno do ncleo to alta que mesmo com sua minscula massa impede a passagem da luz.

    Sua velocidade tal que pode ser comparada prpria velocidade da luz.

    A velocidade dos eltrons de tal magnitude que num determinado instante cada um deles pode estar ocupando qualquer espao ao redor do ncleo. Ele tem apenas uma probabilidade de estar fisicamente num determinado lugar, num determinado instante. As frmulas matemticas da mecnica da fsica quntica no oferecem valores determinados, apenas probabilidades.

    Compare com as hlices de um avio; as ps parecem estar em todo o entorno de seu eixo ao mesmo tempo, podemos olhar atravs delas porque sua velocidade inferior a da luz. Mesmo assim, as ps parecem estar em todo lugar ao mesmo tempo. Com o eltron parecido, mas em escala de velocidades imensamente superior.

    assim que se forma a matria slida de que so formados nossos corpos, o mausolu de nossos pensamentos. A velocidade com que os eltrons giram ao redor de seus ncleos cria a matria, lhe proporciona solidez. como tudo no Universo fsico construdo.

    Esta a assinatura do Grande Arquiteto do Universo dentro de ns mesmos.

    Isto at contradiz Locke, mas no esqueamos que nossa existncia aqui apenas resultado de fico, do exerccio de nossa mente criativa.

  • Mesmo assim, esta constatao nos leva a inferir ser este, de fato, o nosso local mais sagrado. Como imenso o corpo fsico de qualquer ser vivente! O homem em sua inteireza, considerando a carcaa, a mente, as emoes, sua espiritualidade e outros detalhes um universo tremendamente complexo, semelhante ao grande Universo.

    A este universo que existe dentro de cada ser vivente, devido exatamente a esta diversidade e complexidade, denominamos Macrocosmo apenas para simplificar nossas limitaes de entendimento.

    assim, de forma espantosa, com quase nada de matria, com quase absoluto espao vazio que o Grande Arquiteto do Universo produziu toda a matria slida do Universo.

    Milagre ou realidade?

    Ser que legitima a expresso do "penso, logo existo", de Descartes?

    Se tomarmos a realidade do ponto de vista em que nos encontramos agora, certamente deduziramos que nada somos. Tudo o que existe feito essencialmente de espao vazio, somos feitos do nada, ento nada deveramos ser. Existimos apenas como que por milagre. Um maravilhoso feito do Incriado.

    Heidegger argumentava que o ser se faz no tempo; e o que constatamos em nossa experincia; o ser o nada que o constitui.

    Plato afirmava que o Universo em que vive o homem ilusrio, feito de sombras e aparncias; em nossa experincia, quanto desta assertiva verdadeiro?

    O que acabamos de afirmar e virtualmente constatar, foi baseado na informao de que o eltron e o prton contm massas, isto , que sejam efetivamente feitos de matria slida, mas que o garante?

    Existem consideraes cientficas atuais que dizem terem os tomos ora o comportamento de partcula e ora de fenmeno ondulatrio, isto , no possurem massa e serem constitudas exclusivamente de campos de fora, de campos eletromagnticos, de energia.

  • A ento a nossa pasma intelectualidade entra em pane!

    Se os tomos no so nada mais que campos de fora, ento somos efetivamente feitos de puro espao vazio, nada somos!

    Simples ftons?

    Campos magnticos em interao e deslocando-se velocidade da luz?

    Ainda sem considerar a teoria das Supercordas que remetem at o instante do inicio da expanso do Universo, o inicio de toda a histria que nossos cientistas sonhadores do para o Universo e ao qual denominam "big bang", j nos satisfazemos com o fato de constatar que existe um projeto racional e um objetivo vlido para tomar parte nesta grande orquestra da vida, esta milagrosa massa de seres viventes. Porque olhando em nossa prpria essncia, sequer deveramos existir! um milagre! Os fatos apontam para uma realidade onde a vida tem uma insignificante possibilidade de se manifestar.

    A Improbabilidade da Vida

    Partindo da constatao que as frmulas da mecnica quntica nos fornecem apenas probabilidades e nunca certezas qual seja a verdadeira constituio do tomo. Acrescente-se que as molculas de que nossas carcaas so formadas constituem apenas um por cento de toda a massa do Universo, isto porque, 75% de toda matria do Universo formada por Hidrognio, 24% Hlio, e o restante 1% (um por cento) constitudo por todos os demais elementos da tabela peridica. Desde o ltio, passando pelo carbono at chegar ao urnio.

    A qumica que d origem vida uma insignificncia quantitativa em relao ao gigantismo do Universo!

    Da nossa intelectualidade vir a se preocupar com a existncia e a realidade nos faz singelos na imensido deste Universo - especula-se que existam outros Universos. deveras um milagre possuirmos conscincia!

    Percebe a maravilha desta descoberta dentro de ns mesmos?

  • Consegue observar o quanto somos infinitos na forma em que nos encontramos e o resto do Universo finito? Em termos absolutos poderamos at dizer que nem infinitos somos, mas inexistentes.

    Conscientizou-se agora do quanto somos livres e iguais neste Universo criado pelo Grande Arquiteto do Universo?

    razo mais que suficiente para buscar o conhecimento para nos entendermos melhor uns com os outros.

    Fazer estes tipos de viagens o nico caminho que dispomos para trilhar pelos caminhos que conduzem para a liberdade e perfeio; simplesmente porque nos conscientizamos que existe um criador, no possvel que tudo seja resultado de obras do acaso sem a presena de uma mente pensante por traz de tudo o que se manifesta na natureza.

    Esta nossa realidade, esta nossa insignificncia perante o milagre da existncia material j suficiente para nos levar a entender do porque o amor fraterno o nico caminho para a verdadeira igualdade.

    Na essncia somos todos relacionados e iguais. Somos imperfeitos em nossa materialidade, mas alcanamos a perfeio em nossa racionalidade, da mesma forma como disse Plato: "o nico crculo perfeito a idia de crculo que existe em nossa imaginao".

    Abrangncia do Mundo Interior

    Estenda esta viso s outras dimenses que temos: espiritualidade, emotividade, pensamentos, e outros. Este conhecimento de ns mesmos no fica limitado ao que estamos percebendo neste instante, este crescimento exige a perfeio tanto do esprito como do corao.

    H necessidade de treinar nossas percepes tanto do visvel como do invisvel, e tudo dedutvel por nossa capacidade de abstrao, de fantasia, at vir a comprovar-se pela experimentao cientfica. Assim como aconteceu com Pitgoras, que na tradio intelectual do mundo ocidental teve transformada a sua capacidade de mstica matemtica numa espcie de ponte entre a razo humana e a inteligncia divina. De nossa parte, enquanto sonhamos, no temos provas materiais da imaginao ser realizvel, ao menos enquanto estivermos restritos ao nosso crcere material, ao nosso corpo

  • fsico. Tampouco criamos proposies que no possam ser questionadas, at contrariadas, pois algo assim, nas palavras de Isaiah Berlin, no contm informao.

    Devemos procurar a justia e a fraternidade, o amor fraterno, para obter a possibilidade de, mesmo imperfeitos em alguns aspectos, sermos levados perfeio do intelecto e da espiritualidade pela fora do pensamento.

    E assim como efetuamos nossa caminhada at ficarmos sentados aqui nesta escurido sem ter medo de nada, quando o tempo est em marcha, aonde chegamos devagar, um passo de cada vez. A Maonaria nos ensina que o caminho da perfeio tambm no se d aos saltos, seno com muita prudncia e lentido. Velocidade coisa de eltron em sua rbita, ns devemos lentamente ir formando uma base educacional em busca da verdadeira liberdade que nos liberta do fanatismo, do dio e outros vcios. Pois se vissemos at aqui na superfcie deste ncleo de tomo num salto, certamente desfaleceramos. A escurido nos enlouqueceria! No entenderamos que na escurido de nosso mais recndito ser, na falta da liberdade a que o eltron nos levou, nos sentiramos presos, imobilizados, com medo de nos mexer, inclusive de pensar. E o medo desta priso certamente nos induziria a adotar alguma postura fantica e alienante, quem sabe at, num ato desesperado, o suicdio.

    Percebe o quanto a nossa capacidade de sonhar infinita e como isto nos diferencia do homem-fera primitivo? A filosofia do Rito Escocs Antigo e Aceito est conectada ao conhecimento humano, desde sua pequenez diante do Universo, at o gigantismo de sua capacidade de sonhar e pensar. pela capacidade racional inteligente que todo maom deriva conhecimentos detalhados e genricos para a sua prpria sobrevivncia fsica e intelectual. Uma coisa puxa a outra.

    O sonhar leva a predispor o iniciado na busca contnua de instrues e conhecimentos. Isto o leva a efetuar saltos mentais e lhe impem denodo quando se interna nacaminhada dos mundos desconhecidos, reservados apenas aos que tm coragem de enfrentar as veredas do desconhecido. Mesmo que l reine escurido, a mente continuar a irradiar a luz do entendimento de verdades cada vez mais complexas e intrincadas.

    O peregrino cego carrega junto de si a luz do entendimento ao buscar intensamente dentro de si mesmo o

  • "conhece-te a ti mesmo", de Scrates. O homem pensador passa a aperfeioar-se.

    Depois que se aperfeioou e descansou parte em nova jornada, em ciclos eternos de sonhos, racionalizaes e sedimentaes de novos conceitos.

    Fica evidente que ao adentrarmos no mausolu que somos, despertam idias ocultas que at ento no percebamos. Encontramos alguns porqus da existncia: De onde venho? Para onde vou? Algo que possvel descobrir com viagens ao interior de ns mesmos. Faz da passagem para o oriente eterno apenas mais uma etapa da vida; algo que alivia o constrangimento e medo da morte. Este o conhecimento, a luz que o profano busca em nossos templos; a travessia que o iniciado faz quando se desloca do ocidente para a luz do oriente. Ao nos libertarmos do medo da morte, rompem-se os grilhes da escravido do mundo material e passa a brilhar a luz da sabedoria do Grande Arquiteto do Universo.

    Templos Vivos

    Todo maom considerado de fato um templo vivo.

    S a partir desta constatao o maom passa a considerar-se criatura pura e sagrada. Certamente tudo faz para no conspurcar o ambiente sagrado de que constitudo seu templo interior, derivando que isto induza o desenvolvimento de conceitos morais e ticos cujo objetivo preservar a pureza do lugar sagrado de seu interior. Isto faz do mundo interior um lugar perenemente limpo e puro.

    Desperta adicionalmente que apenas limpar o templo interior no suficiente. A pureza moral e tica insuficiente. Exige-se que o interior do templo, local da razo e dos sentimentos equilibrados, nutram o crebro com estmulos que levem a buscar a perfeio. Da ressalta-se a importncia em velar na maioria das vezes do centro das emoes, o corao, de modo a mant-lo subjugado mente, pois considerado esotericamente um mausolu e tudo aponta para o corao como tmulo do maom; ao menos enquanto no morrer o maom que o contm.

    O caminho para a liberdade e perfeio do maom dominar suas paixes com o objetivo de acabar com atitudes extremadas e fanticas. E a vereda do esprito passa pela capacidade de sonhar, com grandes chances de converter a

  • fera humana, apenas controlada pelas leis, em ser humilde diante da grandiosidade do que daqui divisamos.

    Quando o tempo se desloca, em nosso interior reina escurido enquanto no efetuarmos um salto para dentro de ns mesmos iluminados pela sabedoria do entendimento desta viagem. Este deslocamento realizado em pequenas estaes, para que o choque da descoberta desta escurido no nos deixe cegos e com medo, assim como fazemos em nossa evoluo pelos graus do Rito Escocs Antigo e Aceito.

    O medo pode nos imobilizar e escravizar aos extremismos.

    necessria coragem para desbravar o caminho.

    Agora que mostrei a minha senda, faa as tuas viagens a ss para dentro de voc mesmo e descubra teus prprios caminhos. S no se assuste com a escurido do lugar, leve sempre junto a luz de tua capacidade intelectual para de l sair em segurana. Ao homem maom dado caminhar s na busca de sua espiritualidade e liberdade, exatamente porque ningum a pode fazer por outrem. tarefa individual e intransfervel.

    E saiamos daqui, pois os trabalhos encerraram a meia-noite.

    Bibliografia:

    1. ARANHA, Maria Lcia de Arruda, Filosofando, Introduo Filosofia, Editora Moderna, 1993.

    2. ASLAN, Nicola, Instrues Para loja de Perfeio para o Grande 4 ao 14, Quarta Edio, Editora Manica A Trolha Ltda., 2003.

    3. BOSQUILHA, Glucia Eliane, Minimanual compacto de Qumica, Editora Rideel, 1999.

    4. CAMINO, Rizzzardo da, os Graus Inefveis, Loja de Perfeio, Volume 1, Primeira Edio da Editora Manica A Trolha Ltda., 1995.

    5. Dicionrio Eletrnico Houaiss da Lngua Portuguesa, verso 1.0, 2001.

    6. GLEISER, Marcelo, Criao Imperfeita, ISBN 978-85-01-08977-7, 1 edio, Editora Record, 366 pginas, So Paulo, 2010.

    7. GUIMARES, Joo Francisco, Maonaria, a Filosofia do Conhecimento, Primeira Edio, Madras Editora Ltda., 2003.

  • 8. LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano, Editora Nova Cultural Ltda., 2005

    9. OLIVEIRA FILHO, Denizar Silveira de, Comentrios aos grandes Inefveis do Rito Escocs Antigo e Aceito, primeira Edio, Coleo Biblioteca do maom, Editora Manica A Trolha Ltda., primeira Edio, 1997.

    10. REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario, Histria da Filosofia, Volume 1, Editora Paulus, 9 edio, 2005.

    Biografias:

    Aristteles ou Aristteles de Estagira, filsofo de nacionalidade grega. Nasceu em Estagira em 384 a. C. Faleceu, em 7 de maro de 322 a. C. Um dos mais importantes pensadores de todos os tempos.

    Demcrito ou Demcrito de Abdera, filsofo de nacionalidade grega. Nasceu em 16 de janeiro de 460 a. C. Faleceu, em 371 a. C. Da era pr-socrtica que fundou a atomstica e estudioso da matemtica e fsica, em cultura semelhante Aristteles.

    Domenico de Masi, antroplogo, consultor, escritor, filsofo, professor e socilogo de nacionalidade italiana. Nasceu em Rotello, Provncia de Campobasso, Itlia em 1 de fevereiro de 1938., com 72 anos de idade. Exps suas idias sobre a sociedade e o trabalho em diversos livros destinados aos amantes da sociologia, como A Emoo e a Regra, O Futuro do Trabalho e O cio Criativo.

    Ernest Rutherford, fsico de nacionalidade inglesa e neozelandesa. Tambm conhecido por Lord Ernest Rutherford of Nelson. Nasceu em Nelson, Nova Zelndia em 30 de agosto de 1871. Faleceu, em 1937, com 65 anos de idade. Suas pesquisas obtiveram incrvel importncia, tendo elucidado uma srie de problemas relacionados radioatividade, estrutura dos tomos e natureza eltrica da matria.

    Isaiah Berlin, filsofo de nacionalidade inglesa. Tambm conhecido por Sir Isaiah Berlin. Nasceu em Riga, Letnia em 6 de junho de 1909. Faleceu em Oxford, em 5 de novembro de 1997, com 88 anos de idade. considerado como um dos principais pensadores liberais do sculo XX.

    John Locke, escritor e filsofo de nacionalidade inglesa. Nasceu em Wrigton, Somerset em 29 de agosto de 1632. Faleceu em Oates, em 28 de outubro de 1704, com 72 anos de idade. Rejeitou as idias inatas: a fonte de nossos

  • conhecimentos seria a experincia, isto , a sensao ajudada pela reflexo.

    Martin Heidegger, filsofo de nacionalidade alem. Nasceu em Messkirch, Floresta Negra, Alemanha em 26 de setembro de 1889. Faleceu em Messkirch, em 26 de maio de 1976, com 86 anos de idade. Um dos mais importantes representantes do existencialismo e da filosofia alem do sculo XX.

    Plato ou Plato de Atenas, filsofo de nacionalidade grega. Tambm conhecido por Aristcles Plato de Atenas. Nasceu em Atenas em 428 a. C. Faleceu em Atenas, em 347 a. C. Considerado um dos mais importantes filsofos de todos os tempos.

    Ren Descartes, cientista, filsofo e matemtico de nacionalidade francesa. Tambm conhecido por Ren du Perron Descartes. Nasceu em La Haye, Touraine, Atual Descartes em 31 de maro de 1596. Faleceu em Estocolmo, Sucia, em 11 de fevereiro de 1650, com 53 anos de idade. Muitos filsofos consideram-no o pai da filosofia moderna.

    Robert Boyle, cientista, fsico, matemtico e qumico de nacionalidade irlandesa. Nasceu em Lismore, Irlanda em 28 de maro de 1950. Faleceu em Londres, em 30 de dezembro de 1691. Estabeleceu de forma clara e precisa os conceitos de elemento qumico, combatendo assim os elementos alquimistas e aristotlicos.

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