16
1 A VIOLÊNCIA ÉTNICA NO AMBIENTE FABRIL DURANTE A II GUERRA MUNDIAL: O CASO DA EMPRESA NORTE-AMERICANA THE RIOGRANDENSE LIGHT AND POWER, NA CIDADE DE PELOTAS. TAMIRES XAVIER SOARES Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Bolsista Cnpq [email protected] Introdução A Justiça do Trabalho, já prevista na Constituição de 1934, mas somente regulamentada em 1941 1 , garantia aos operários alguns direitos básicos, tais como, estabilidade de emprego após dez anos de trabalho na mesma empresa, aviso prévio, férias, etc. Neste artigo, iremos analisar um processo trabalhista 2 da cidade de Pelotas, ajuizado em 1942 por um grupo de nove estrangeiros, contra a empresa norte- americana, The Riograndese Light and Power, requerendo a reintegração em suas funções. A empresa The Riograndese Light and Power, mais conhecida apenas como Light, quando instalou-se na cidade em 1914 era de capital inglês, porém em 1929 foi adquirida pelo grupo norte-americano, AMFORP. 3 À The Riograndense Light & Power competia o abastecimento de energia elétrica da cidade de Pelotas, e também o transporte público, feito pelos bondes elétricos. O quadro de funcionários contava com várias profissões, tais como: secretárias, engenheiros, mecânicos, motorneiros, fiscais, entregadores de conta, carvonistas, e assim por diante. Em 1941, ano em que os funcionários estrangeiros foram demitidos, 1 Samuel Souza (2007, p. 61) em sua tese explica como funcionou a criação da Justiça do Trabalho em 1934 e a sua regulamentação de 1941. “Esta, embora aprovada da constituição de 1934, incorporada à constituição de 1937, fora regulamentada somente em 1941, quando deixou sua dependência da Justiça Comum na execução das leis. Desde a criação das Juntas de Conciliação e Julgamento, as sentenças que não eram acatadas de bom grado pelos empregadores eram executadas apenas em juízo federal”. 2 O processo a ser analisado faz parte do acervo da Justiça do Trabalho de Pelotas, e encontra-se digitalizado no CD-Room denominado Processos Trabalhistas de Pelotas/RS (1935-1957). 3 American & Foreign Power Company.

A VIOLÊNCIA ÉTNICA NO AMBIENTE FABRIL DURANTE A II ... · oportunidade de conviver e estabelecer relações com esses grupos éticos que haviam se formado na região. ... e norte-americanos

Embed Size (px)

Citation preview

1

A VIOLÊNCIA ÉTNICA NO AMBIENTE FABRIL DURANTE A II GUERRA

MUNDIAL: O CASO DA EMPRESA NORTE-AMERICANA THE

RIOGRANDENSE LIGHT AND POWER, NA CIDADE DE PELOTAS.

TAMIRES XAVIER SOARES

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Bolsista Cnpq

[email protected]

Introdução

A Justiça do Trabalho, já prevista na Constituição de 1934, mas somente

regulamentada em 19411, garantia aos operários alguns direitos básicos, tais como,

estabilidade de emprego após dez anos de trabalho na mesma empresa, aviso prévio,

férias, etc. Neste artigo, iremos analisar um processo trabalhista2 da cidade de Pelotas,

ajuizado em 1942 por um grupo de nove estrangeiros, contra a empresa norte-

americana, The Riograndese Light and Power, requerendo a reintegração em suas

funções.

A empresa The Riograndese Light and Power, mais conhecida apenas como

Light, quando instalou-se na cidade em 1914 era de capital inglês, porém em 1929 foi

adquirida pelo grupo norte-americano, AMFORP.3 À The Riograndense Light & Power

competia o abastecimento de energia elétrica da cidade de Pelotas, e também o

transporte público, feito pelos bondes elétricos.

O quadro de funcionários contava com várias profissões, tais como: secretárias,

engenheiros, mecânicos, motorneiros, fiscais, entregadores de conta, carvonistas, e

assim por diante. Em 1941, ano em que os funcionários estrangeiros foram demitidos,

1 Samuel Souza (2007, p. 61) em sua tese explica como funcionou a criação da Justiça do Trabalho em

1934 e a sua regulamentação de 1941. “Esta, embora aprovada da constituição de 1934, incorporada à

constituição de 1937, fora regulamentada somente em 1941, quando deixou sua dependência da Justiça

Comum na execução das leis. Desde a criação das Juntas de Conciliação e Julgamento, as sentenças que

não eram acatadas de bom grado pelos empregadores eram executadas apenas em juízo federal”. 2 O processo a ser analisado faz parte do acervo da Justiça do Trabalho de Pelotas, e encontra-se

digitalizado no CD-Room denominado Processos Trabalhistas de Pelotas/RS (1935-1957). 3 American & Foreign Power Company.

2

trabalhavam para a empresa nove funcionários alemães e um italiano, porém, todos

foram demitidos no final de 1941, mesmo tratando-se de empregados estáveis. A razão

das demissões que a empresa alegou foi motivo de força maior, devido à nacinalidades

dos empregados, tendo em vista o senário mundial.4

O processo que estamos analisando nos indica que os imigrantes a que estamos

nos referindo chegaram ao Brasil entre 1900 a 1940. Porém, na cidade de Pelotas já

havia colônias alemãs e italianas desde o século XIX, deste modo, quando os

funcionários estrangeiros da Light chegaram à cidade de Pelotas, tiveram a

oportunidade de conviver e estabelecer relações com esses grupos éticos que haviam se

formado na região.

Segundo Fredrik Barth (1998, p. 193), os grupos étnicos têm uma função

organizacional. “Na medida em que os atores usam identidades étnicas5 para categorizar

a si mesmos e outros, com objetivos de interação, eles formam grupos étnicos neste

sentido organizacional”.

Deste modo, os grupos éticos desempenham um papel importante na sociedade

que o circunda, pois possibilita a identificação dos seus e dos outros, e a partir disto,

auxilia no estabelecimento das relações, tanto internas quanto externas ao grupo. Ou

seja, os grupos éticos estabelecem fronteiras, no entanto, essas fronteiras são flexíveis,

segundo Fredrik Barth (1998), sendo essa flexibilidade percebida, se analisarmos as

relações sociais que os funcionários estrangeiros da empresa norte-americana

mantinham: participavam dos clubes e das festividades de seus grupos étnicos, mas

também estabeleciam relações sociais fora deles, as quais acabaram culminando em

casamentos de alguns dos estrangeiros citados com mulheres brasileiras.

Esses grupos étnicos em vários períodos da história foram vistos como nocivos,

como explica René Gertz (2005, p. 155):

4 No ano em que os funcionários foram demitidos, o mundo estava em plena II Guerra Mundial. 5 Segundo Regina Weber (2006), as identidades étnicas são produtos de uma construção; algo mutável e

não fixo, sólido, o que nos auxilia a compreender melhor nosso objeto.

3

A existência de uma ideologia e de um discurso do “perigo alemão” estava

difundida entre uma parte muito significativa da população rio-grandense (e brasileira) praticamente desde que os primeiros alemães chegaram ao estado,

em 1824. Mas um primeiro ponto alto que na tentativa de combater esse

“perigo” foi atingido nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial,

durante a qual houve muitos atentados contra integrantes desse grupo e

depredações de suas propriedades.

Posterior à Primeira Guerra Mundial, as violências diminuíram, tendo em vista

a situação de miséria que a Alemanha enfrentava após ter sido derrotada no conflito. A

década de 20, segundo pesquisas demográficas, é um período de grande imigração

alemã para o Brasil: “[...] os autores registram para a década de 1920 – e não para a de

1890 – um contingente três vezes superior a qualquer década anterior ou posterior”

(GERTZ, 2008, p. 136).

Esses imigrantes vinham em busca de novas oportunidades, muitos tinham

cursos técnicos, e serviriam de mão-de-obra qualificada nas empresas rio-grandenses.

Através do processo, percebemos que os dez imigrantes que trabalhavam na empresa

Light, provavelmente eram qualificados. Não temos dados concretos, como certificados

de cursos técnicos ou faculdades, mas as funções que exerciam na empresa indicam para

uma qualificação, tendo em vista que todos eram chefes de setores, como mecânica,

elétrica, distribuição, que não poderiam ser exercidas por pessoas sem experiência nas

áreas de mecânica ou elétrica.

Durante praticamente toda década de 1930, os imigrantes alemães e teuto-

brasileiros tiveram certa tranquilidade. Exemplo disso são os festejos de 1934 em

comemoração aos 110 anos de imigração alemã. Além disso, foi criado o Dia do

Colono, mostrando o clima amistoso.6 Segundo René Gertz, um exemplo da boa relação

do Estado com os imigrantes alemães, pode ser demonstrando com a presença do

ministro de Vargas nos festejos nacionais alemães.

Porém, esse clima “amistoso” terminou, quando o mesmo Presidente que

prestigiava as festas alemãs, instituiu a campanha de Nacionalização, em 1938, a qual

tinha seu foco na educação. Criou-se um currículo nacional unificado, obrigando todas

6 Todavia, deve-se frisar que esse clima é particular ao Rio Grande do Sul, pois em Santa Cataria, durante

esse mesmo período, havia grandes violências aos imigrantes alemães.

4

as escolas a utilizar a língua portuguesa, abandonando as linguagens de origem. As

medidas contra imigrantes são intensificadas, com o decorrer da década de 40, chegando

ao auge, em 1942 com a declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo. “No

contexto do conflito mundial e da política do Estado Novo, alemães, italianos e

japoneses foram levados aos campos de concentração brasileiros como prisioneiros de

guerra.”. (PERAZZO, 2009, p. 44).

Na cidade de Pelotas, a violência a essas etnias não foi diferente, a população

foi às ruas, quebrou casas, lojas, e feriram pessoas de origem alemã. José Plínio Fachel,

em sua tese (2002), analisa esses acontecimentos violentos na cidade de Pelotas e São

Lourenço. No mês de agosto de 1942, seis navios de bandeiras brasileiras foram

atacados, e, segundo as notícias, seriam submarinos do Eixo que teriam cometido tais

atos.

Quando a notícia foi divulgada, a população pelotense ficou em alerta,

aguardando maiores detalhes em frente às redações dos jornais. As

manifestações já iniciaram neste dia, como podemos ver no jornal do dia 18

de Agosto, onde apedrejamento de dois hotéis é visto como um ato patriótico.

As manifestações seguiram na manhã do dia 19 de Agosto, quando os

estudantes do Colégio Gonzaga saíram em passeata, tendo na Igreja São João

um alvo para ser apedrejado, pois esta era uma comunidade luterana

(ROCHA, 2002, p. 18).

Para a população pelotense, após os episódios de ataques citados acima, ser

germânico era sinônimo de ser nazista. Muitas famílias que até então eram bem vistas

pela sociedade pelotense, algumas com certo poder aquisitivo, sofreram violências. Em

Pelotas, segundo Fachel (2002) as perseguições violentas aos imigrantes começaram no

dia 19 de agosto, e tiveram apoio militar.

Criou-se na cidade um clima de temor e paranoia, muito alimentada pelo

governo norte-americano. Marlene de Fáveri (2009, p. 96) traz uma visão mais ampla

sobre o assunto, mostrando que várias empresas de alemães e descendentes

estabelecidas no Brasil, também foram afetadas.

5

Com o rompimento das relações comerciais com a Alemanha e a posterior

declaração de guerra, a informação de que o governo alemão exigia das firmas alemãs estabelecidas no Brasil a colaboração em serviços de

espionagem contribuiu para reforçar a lógica da ação policial e muitas das

empresas alemãs entraram na “lista negra” e passaram a sofrer um

“boicote” de produtos importados por parte do governo norte-americano,

bloqueando as atividades de pessoas físicas ou jurídicas. Os ocupantes dos

cargos de chefias destas empresas foram substituídos por pessoas de

nacionalidade brasileira, “expediente” já utilizado pelos ingleses e norte-

americanos na Primeira Guerra, e com mais rigor pelos americanos na

Segunda Guerra Mundial.

Campos de concentração foram criados em vários estados, com o intuito de

internar os imigrantes alemães, italianos e japoneses e seus descendentes, se fossem

classificados como perigosos à nação. Priscila Perazzo (2009, p. 173) fez um estudo

detalhado desses lugares de internamento, porém sobre o Rio Grande do Sul não

conseguiu aprofundar seus estudos.

A Colônia Penal Gen. Daltro Filho construída às margens do rio Jacuí, na

região da antiga cidade São Jerônimo, a 60km de Porto Alegre [...]. No ano

de 42, nela encontrava-se entre 200 a 300 prisioneiros, sendo 41 alemães, três

italianos e cinco japoneses [...]. O cotidiano de trabalho diário começava às

sete horas da manhã e se estendia pelo dia todo[...]. Tinham uma hora para

almoço [...].

Deste modo, podemos perceber que o clima era de grande tensão, a campanha

de nacionalização se intensificava, criavam-se campos de concentração para internar os

imigrantes que se mostrassem perigosos à segurança da nação brasileira, a população

saía às ruas contra os imigrantes das respectivas nacionalidades, empresas demitiam

seus funcionários súditos do eixo. Esta última forma de violência contra os imigrantes é

que iremos analisar no processo abaixo.

O Processo 213b

O processo em que iremos nos deter teve início no dia 15 de março de 1942,

envolvendo as seguintes partes: os funcionarios alemães Otto Daü, Germano Schmill,

6

Ernesto Otto Heyne, Frederico Poepping7, Carlos Jeismann, Henrique Guilherme

Ernest, Henrique Neimann; e o italiano Domingos Bassini8, contra a empresa The

Riograndense Light and Power.9

Todos os funcionários eram casados, exceto Otto Daü, que consta no processo

como sendo viúvo. Além disso, todos eram funcionários estáveis e ocupavam altos

cargos na citada empresa. Porém, no dia 18 de dezembro de 1941, depois de pago o

salário do mês e as férias, para cada um dos funcionários citados, o diretor da The

Riograndense Light and Power os demitiu.

No entanto, os reclamantes recorrem à Justiça do Trabalho, requerendo suas

reintegrações:

“[...] sido despedidos sem justa causa e tendo todos mais de dez (10) anos de

serviço contínuo e ininterruptos na referida empresa, não se conformam com esta medida em face das garantias, que a Lei 62 de 5 de dezembro de 1935,

publicada no “Diário Oficial” do mesmo mês e ano lhes concede em seus

Artºs. 10 combinado com o Artº 5º., cujo teor é o seguinte: que os

empregados, “desde que contem 10 anos de serviço e efetivo no mesmo

estabelecimento, nos termos desta lei, só poderão ser demitidos por motivos

devidamente comprovados de falta grave, desobediência, indisciplina ou

causa de força maior, nos termos do Artº 5º., e as garantias que também lhes

confere o Decreto nº 20.465, de 1º de outubro de 1931 (alterado pelo de nº

21.081 de 24 de fevereiro de 1932), que deixou explicitamente a

reintegração, quando seu Artº 53 dispôs: Após dez anos de serviço prestado a

mesma empresa, os empregados a que se refere a presente lei só poderão ser demitidos em caso de falta grave, apurada em inquérito feito pela

administração da empresa ouvido o acusado por si ou com assistência de seu

advogado ou do advogado da classe ou do representante do mesmo, si

houver, cabendo recurso para o Conselho Nacional do Trabalho (Processo

213-B, 1942, p. 2).

Durante a primeira audiência, ocorrida no dia 10 de junho de 1942, o

funcionário alemão Max Stauffert10

encaminhou um pedido ao Juiz de Direito Alcina

Lemos11

, solicitando sua entrada no processo, tendo em vista que também fazia parte do

7 Também chamado de Friz Poepping no decorrer do processo. 8 Todos os oito funcionários apresentaram como advogado Paulo H. Tagain. 9 Representada pelo diretor Sr. Dr. Ricardo Pereira M. D., acompanhado do advogado Bruno de

Mendonça Lima. 10 Também chamado de Max João Stauffert no decorrer do processo. 11 A Justiça do Trabalho previa que em lugares que não tivesse Justa de Conciliação e Julgamento, as reclamações trabalhistas deveriam ser julgadas pelo Juiz de Direito local.

7

grupo de funcionários estrangeiros que foram demitidos no dia 18 de dezembro de

1941. O pedido foi aceito, porém o advogado de Max Stauffert é Henrique Biasino,

diferente de seus colegas.

Nessa mesma audiência, o advogado Paulo Tagnin ao tomar a palavra,

argumentou que houve um caso semelhante de demissões de estrangeiros estáveis,

tendo este ocorrido na empresa Carris de Porto Alegre, a qual, na época referida, era

subsidiária do grupo AMFORP, igual à The Riograndense Light and Power de Pelotas:

[...] aos fundamentos e conclusões da decisão prolatada pela 1ª Junta de

Conciliação e Julgamento da Capital do Estado em caso idêntico ao presente

processo, de demissão de empregados da Cia. Carris Porto Alegrense,

sentença proferida a 20 de janeiro do ano corrente (1942), e que se encontra

na revista “O Orientador” daquela capital, nº. 43, de 2 de fevereiro de 1942

(Processo 213-B, 1942, p. 19).

No decorrer do processo, o advogado de Max Stauffert, Henrique Biasino,

reiterou que atos de demissões de estrangeiros de nacionalidade italiana, alemã e

japonesa eram generalizados: “esse ato generalizado de despedida da reclamada em

todo o país não obteve aprovação do Ministério do Trabalho, nem, que o alegante saiba,

a sanção decisória de qualquer Tribunal Trabalhista” (Processo 213-B, 1942, p. 19).

Em defesa da reclamada, o advogado Bruno de Mendonça Lima afirmava que

as despedidas se enquadravam na legislação, pois se tratava de força maior, devido à

nacionalidade dos reclamantes, tendo em vista que o Brasil estava neutro, mas havia

declarado solidariedade aos Estados Unidos.

Havendo o Governo Brasileiro, interpretado o sentir geral da opinião

pública do Brasil e honrando os compromissos internacionais antes

assumidos, declarando a sua solidariedade aos Estados Unidos, não era

possível à Suplicante manter em exercícios empregados que pertenciam a

nações agressoras da América (Processo 213-B, 1942, p. 20, grifo meu).

Sendo assim, não haveria, segundo a reclamada, mais condições de manter

funcionários de tais nacionalidades trabalhando em uma empresa que prestava serviço

público. Além disso, segundo Bruno de Mendonça Lima, o decreto lei 62 de 5 de

8

dezembro de 1935, que previa demissões por motivo de força maior não deixava

especificado o que significava motivos de força maior. Entendendo que os funcionários

eram súditos do eixo e que constituíam perigo para a segurança pública, a empresa os

demitiu acreditado que as demissões se adequariam à legislação, como motivo de força

maior. Seguindo a defesa da empresa norte-americana, Bruno de Mendonça Lima

alegou que:

Não será difícil alguém, que trabalhe nas secções técnicas de uma empresa de

eletricidade, principalmente exercendo parcela de direção, praticar atos de

sabotagem, que desorganizem ou paralisem os serviços. Si forem subtraídas

ou inutilizadas, por exemplo, certas peças de maquinas, atualmente de

impossível substituição, todo o serviço da empresa poderá ficar paralisado

indefinidamente e por muito tempo. Pode-se imaginar o que acontecerá de

grave a Pelotas si o serviço de eletricidade for cortado repentinamente. A

iluminação publica desaparecerá, o que felicitará a perturbação da ordem e os

atentados de toda natureza. A própria iluminação particular se tornará

deficiente por falta de aparelhamento e até de combustível. [...]. O serviço de transporte de passageiros ficaria suprimido, dificultando a ida dos

trabalhadores aos locais de trabalho. As fábricas paralisariam por falta de

energia, com grave reflexo na econômica local e nacional. Os quarteis, além

de ficarem privados de iluminação, ficariam com suas comunicações

radiotelegráficas interrompidas. E o telegrafo, o serviço telefônico, tudo isso

pararia. As comunicações entre Pelotas e o resto do Estado ficaria assim

quase cortadas, inclusive par as forças armadas. Por outro lado, as atividades

subversivas de alemães, italianos e japoneses se acham comprovadas

diariamente por diligencias policiais, que mostram que os mais pacíficos

súditos das nações agressoras, os aparentes mais inofensivos, tem sido

apanhados praticando atos de espionagem e sabotagem (Processo 213-B, 1942, p. 21-22).

No decorrer do processo, os advogados dos reclamantes levantam uma

discussão em torno da data de demissão dos reclamantes e a data em que o Brasil

rompeu as relações diplomáticas com os países que compunham o Eixo. Tendo as

demissões ocorrido dia 18 de dezembro de 1941, e o rompimento das relações

diplomáticas em janeiro de 1942, as demissões não se justificam por força maior, pois o

Brasil na data das demissões ainda mantinha relações com os países do Eixo.

Bruno de Mendonça Lima, advogado da reclamada, replicou da seguinte

forma: “[...] foi medida de prudência e de patriotismo, afastar das referidas empresas os

alemães e italianos, [...] ordenar a readmissão de tais elementos é dar-lhes assim

oportunidade para trabalharem contra os interesses da Pátria” (Processo 213-B,

9

1942, p. 22, grifo meu). Segundo o advogado, o perigo era iminente, e uma empresa de

serviços públicos não era lugar para funcionários Súditos do Eixo trabalhar.

Para justificar as demissões, Bruno de Mendonça Lima, em nome da empresa

norte-americana The Riograndense Light and Power, argumentou de várias formas, mas

os argumentos que mais nos chamaram atenção foram os que atribuíam características

biológicas pejorativas à etnia dos reclamantes.

Durante a segunda audiência, podemos perceber muitos desses argumentos a

que nos referimos acima.

Os suplicantes são súditos daquelas nações agressoras e estas, por suas vezes,

têm caracterizado a sua atuação hostil por métodos de infiltração, agindo sub-

repticiamente, num verdadeiro trabalho de sapa, exercido, como tal, com

sutiliza e a socapa, dentro de todas as fronteiras que não constituam o seu

habitat próprio da raça germânica, dita ariana pura, métodos esses, em

certo sentido, inéditos e contra os quais nenhuma das nações estava

preparada, porque a sua mentalidade não é afim a essa de insidia e de traição,

sem entranhas e sem escrúpulos. Utilizam-se aquelas nações agressoras de seus filhos radicados no estrangeiro, há muito ou há pouco tempo, os quais

aparentando embora gratidão, afeto dedicação aos países que os

hospedaram, na ocasião azada, agem sem qualquer hesitação, a frio,

obedecendo a planos, previa e maduramente, estabelecidos, contra os

interesses mais vitais deles. Ocasionam a intranquilidade, a confusão, a

paralização dos serviços de utilidades públicas mais importantes, a destruição

ou a entrega deles à sua pátria de origem, a qual tem conseguido, por

intermédio desses súditos, ou melhor, agentes, aniquilar o maior bem que

uma nação pode possuir, a sua independência (Processo 213-B, 1942, p. 28,

grifo meu).

Percebemos nesse agumento várias acusasões feitas pela empresa contra os

estrangeiros, principalmente a alemães. As próprias denominações evidenciam violência

étnica12

, já que são carregadas de preconceito em relação à etnia dos reclamantes, lhes

atribuindo características pejorativas, relacionando-as às respectivas étnias.

Entretanto, não foi só a reclamada que atribuiu caracteristicas pejorativas a

etnia dos reclamantes, o Juiz de Direito que julgava a reclamação, também utilizou esse

tipo de argumento.

12 Conforme POUTIGNAT; STREIFF-FERNART (1998, p. 43), por etnia se entende: “Nesta acepção, a

etnia combina os aspectos biológicos e culturais. Ela é simultaneamente comunidade de sangue, de cultura e de lingua”.

10

Durante a segunda e última audiencia, Alcina Lemos fez uma série de

considerações, e por fim apresentou o resultado da reclamação. No total, foram vinte e

quatro considerações, das quais iremos nos ater a três, devido ao seu teor

preconceituoso em relação à etnia dos reclamantes. A primeira que vamos analisar é a

consideração número onze:

Considerando que essas mesmas nações, como instrumento de eleição e dócil

aos seus manejos, de uma docilidade de autômatos e de escravos, tem se

utilizado, precisamente desses tais chamados elementos inofensivos,

pacíficos, tidos como integrados na sociedade e nos costumes dos países

em que vivem, elementos que penetram nos lugares, que trabalham nas

empresas de utilidade pública, imiscuindo-se em todos os recônditos

escaninhos de vida intima da terra que lhes da o pão, para, no momento

propício, golpeando-a pelas costas, a envolverem no sangue e no

desespero (Processo 213-B, 1942, p. 29, grifo meu).

Mediante os termos que o processo nos trás, parece que tanto o Juiz de Direito,

José Alcina Lemos, quanto a reclamada tinham a compreensão de que todos os alemães,

italianos e japoneses, eram, em potencial, pessoas cruéis, que iriam se infiltrar nos

países em que residiam, e provocar desordem e terror. Como se esse potencial fosse

uma característica intrínseca em pessoas nascidas em tais nações, o que vem ao

encontro do conceito de raça13

, contudo, tal visão não leva em conta os intercâmbios

culturais entre esses imigrantes e a comunidade, que eles começam a viver após seu

estabelecimento no país de destino.

Na décima sexta consideração do Juiz de Direito José Alcina Lemos a respeito

da reclamação, novamente aparece o perigo representado por tais etnias, e também é

novamente enfatizada a desconfiança que se deveria ter com pessoas das citadas

nacionalidades.

Considerando que essa ação advinda desse elemento alienígena é tão

regularmente sistemática que, a não ser por insensatez, ou indefensável e

condenável ignorância, para todo brasileiro, ser alemão ou italiano ao

mesmo deverá corresponder, que a um elemento suspeito, perigoso,

13 O conceito de etnia, muitas vezes, é confundido com o de raça. Ainda que alguns teóricos entendam o

conceito de raça como uma categoria biológica, Hall (1997, p. 68) o concebe como uma categoria discursiva que utiliza fenótipos para diferenciar-se socialmente de outros grupos.

11

indesejável e hostil, até prova em contrario (Processo 213-B, 1942, p. 29,

grifo meu).

Por fim, entre as últimas considerações, é citado como jurisprudência o caso

das demissões de funcionários súditos do eixo da empresa aérea Condor.

Considerando que S. Excia. senhor Ministro da Aeronáutica, em caso

idêntico de demissão coletiva de estrangeiros pertencentes a nações do Eixo,

os quais trabalhavam na empresa “Serviços Aéreos Condor”, justificou essa

medida, sentenciado: Trata-se de um caso de salvação publica, que exige não

sejam ocupados em funções que possam efetuar a segurança nacional,

pessoas de nações agressoras do contingente americano. A lei que garante a

estabilidade do emprego deve ceder aos casos em que corre perigo o bem

publico e a segurança do país (O Orientador, nr. 45, de 16 de fevereiro de

1942, p. 512) (Processo 213-B, 1942, p. 30).

Aquilo que tínhamos percebido anteriormente, e que no decorrer do processo

foi comprovado, é que as demissões dos funcionários súditos do eixo da empresa The

Riograndense Light and Power fez parte de uma política adotada pelo grupo norte-

americano AMFORP, do qual a empresa de Pelotas era subsidiária. No entanto, com a

citação acima, percebemos que as demissões não são casos raros, ao contrário, aquilo

que o processo nos mostra é que até mesmo o Ministro da Aeronáutica da época apoiou

demissões de funcionários súditos do eixo.

Concluindo o julgamento, o Juiz de Direito José Alcina Lemos julgou

improcedente a reclamação. No entanto, havia a possibilidade de recorrer da decisão, e

foi aquilo que os funcionários fizeram. No dia 16 de julho de 1942, os advogados dos

reclamantes, Henrique Biasino e Paulo Tagnin, entraram como recurso no Tribunal

Regional do Trabalho.

No recurso, os advogados dos reclamantes formulam a defesa dos funcionários

citando a estabilidade a que eles tinham direito, a inexistência de um inquérito para

apuração dos fotos.

Egrégio Conselho! Pode-se admitir que o M. Sr. Dr. Juiz de Direito,

reconhecendo todos os direitos que a lei concede aos reclamantes, decida

fazer lei sua, negando-lhes esse mesmo direito, que lhes reconhece? Será que

12

o livre “arbítrio” vá tão longe, que permita a S. Exa. a afastar-se do direito, e

intempestivamente derrogue todas as leis escritas, e a própria jurisprudência dos Tribunais? Então S. Exa. argumentando fora da lei, terá sido justo na

sentença que prolatou? Não acreditamos. Em primeiro lugar, os reclamantes

estão no Brasil há mais de dez anos uns, e outros há mais de quarenta,

cooperando por seu engrandecimento, e em segundo lugar, são todos

casados com mulheres brasileiras e tem filhos brasileiros, e alguns até

netos, e jamais cometeram qualquer ato que os desabonassem (Processo 213-

B, 1942, p. 32, grifo meu)

Importante frisar o fato de que a maiorias dos reclamantes, ao serem demitidos,

passaram a trabalhar em outras empresas locais, porém em cargos baixos e recebendo

menos que recebiam na empresa The Riograndense Light and Power. Constituindo esse

fato um argumento de defesa dos funcionários, já que segundo Biasino e Tagnin os

reclamantes não teriam mais como conquistar os direitos que tinham conquistado na

empresa-norte americana.

Com poderão os reclamantes, Egrégio Conselho, prover pelo sustento de suas

mulheres e filho? Esqueceu-se o M. Sr. Dr. Juiz de Direito, que julgando

improcedente a reclamação justa desses operários, acabava de lançar a

miséria, inúmeros brasileiros, filhos de mães brasileiras, casadas com estes reclamantes? Exa. deu uma sentença atento apenas ao ponto de vista

político internacional, sem que no entanto se pudesse justificar dentro das

nossas leis sociais, que apesar do momento que atravessamos, ainda não

sofreram qualquer modificação pelos poderes competentes, mas nunca uma

sentença apoiada na lei. Julgando o M. Sr. Dr. Juiz de Direito, improcedente

a ação dos reclamantes, anulou o futuro que estes operários preparavam

para as suas mulheres e filhos (Processo 213-B, 1942, p. 32, grifo meu).

Se o tom dos argumentos da reclamada durante as audiências citadas acima era

patriótico, é no recurso da decisão que os reclamantes dão a resposta a tais apelos

patrióticos, como podemos notar na citação acima. Não obstante, os advogados dos

funcionários deixam claro que, apesar de tratar-se de trabalhadores estrangeiros, seus

filhos e esposas são brasileiros, e que eles seriam afetados por tais demissões.

Seguindo o pedido de recurso, Biasino e Tagnin questionam as considerações

do Juiz de Direito José Alcina Lemos, que não utilizou em sua sentença nenhum

Acordão. “S. Exa. justificar a improcedência da ação, sem sequer citar um só Acordão

dos Tribunais e nem um julgamento a seu favor, e terminou apelando para a única

13

possibilidade, que lhe restava, o “LIVRE ARBITRIO” AD LIBITUM” (Processo 213-B,

1942, p. 32).

Concluindo a defesa dos reclamantes no pedido de recurso, os advogados

alegam que o Ministério do Trabalho, através do Ministro do Trabalho, veio diversas

vezes a público afirmar que a Legislação Trabalhista brasileira garante o direito não só

dos brasileiros, mas também dos estrangeiros, e que, portanto, assim que deve proceder

o julgamento, garantindo o direitos de seus clientes. E por fim dizem o seguinte:

Só o julgamento de Vs. Exas. sereno, imparcial, dentro da lei como o tem

sido sempre, nos confortará, seja qual for a sentença. Entretanto, longe de ser

uma insinuação, queremos dizer-vos, que negar o direito dos reclamantes,

apoiados como estão eles nas leis, importa nega-lo as suas mulheres e filhos,

que são nossos patrícios e que serão as verdadeiras vitimas da falta do

trabalho dos pais (Processo 213-B, 1942, p. 34).

Ao apresentar ao Egrégio Tribunal Regional a defesa da reclama ao recurso

movido pelos reclamantes, o advogado da mesma explicou que os processos

administrativos só devem ser abertos em caso de apuração de faltas cometida pelo

empregado, no caso dos reclamantes o motivo é força maior, segundo ele: “Quando se

trata de força maior e esta resulta de prova direita e irretorquível (no caso, a

nacionalidade dos reclamantes e a guerra) o inquérito seria verdadeira inutilidade”

(Processo 213-B, 1942, p. 37, grifo meu).

No dia 19 de dezembro de 194214

, o Egrégio Tribunal Regional informou sua

decisão, declarando procedente o reurso dos demitidos. Sendo assim a empresa The

Riograndense Light and Power teria de reintegrar os funcionários em suas antigas

funções, e lhes pagar os salários atrasados pelo tempo em que permaneceram afastados

da empresa.

Contudo, no dia 30 de março de 1943, cinco dos nove funcionários estrangeiros

da empresa norte-americana voltaram à justiça, encaminhando um Protesto, pois não

teriam recebido os atrasados, até o memento.

14 Importante lembrar que nesta data o Brasil já havia rompido sua neutralidade, aproximando-se dos Aliados.

14

Hoje mesmo, o Dr. Bruno de Mendonça Lima contra todos os princípios da

boa ética profissional, sem meu conhecimento como advogado dos

reclamantes, mandou chama-los e leu-lhe uma arenga referente a supostas

acusações a atos por eles praticados na Empresa, dizendo-lhes, que no dia

primeiro entraria em Juízo com um pedido de inquérito administrativo contra

eles. E não só isso, o próprio Sr. Ricardo Pereira (diretor da empresa),

ameaçou-os de manda-los para um campo de concentração, para dessa

forma exercer sobre os reclamantes maior temor a fim dos mesmo cederem

as pretensões da reclamada, que é de não pagar-lhes os vencimentos atrasados a quem tem direito e aceitarem em troca da não continuação nos

cargos, uma irrisória indenização (Processo 213-B, 1942, p. 73, grifo meu).

Os reclamantes protestaram judicialmente contra abertura do processo

administrativo, tendo em vista que a decisão do Tribunal Regional não havia sido

cumprida ainda, portanto não caberia a abertura de um processo administrativo. Com o

Protesto, a empresa então deposita os salários em uma conta no Banco do Brasil, porém

pede Embargo, para que fosse descontado dos salários atrasados o tempo em que os

funcionários estiveram afastados da Light, mas trabalhando para outras empresas locais.

O Embargo é recusado, e os trabalhadores recebem integralmente os salários atrasados,

menos Carlos Jeismann, que acabou falecendo seis meses antes do processo ser

concluído, deste modo quem acabou recebendo os salários atrasados que a empresa lhe

devia foi a viúva e seus três filhos.

Conclusão

A Segunda Guerra Mundial acabou afetando o Brasil de várias formas: as

relações diplomáticas entre Brasil e os países que compunham o Eixo, a economia, e,

como nos mostra o processo que analisamos, a Justiça do Trabalho também sentiu o

reflexo da guerra.

Recentemente instituída, a Justiça do Trabalho acabou se deparando com casos

diferentes dos ajuizados até então. O caso que aqui analisamos é um desses

diferenciados, no qual funcionários estrangeiros estáveis foram demitidos, e então

recorreram à Justiça do Trabalho requerendo seus direitos. Todavia, é nesse momento

15

da análise dos argumentos de ambas as partes que percebemos como a legislação era

ambígua, e assim se mostrou durante o processo. Como exemplo disso, podemos citar

as discussões que o processo traz sobre qual o significado de “força maior”, no Decreto

Lei 62 de 5 de dezembro de 1935.

Entretanto, a análise desse processo também nos mostrou que a empresa

recorreu a vários tipos de argumentos para legitimar as demissões, porém tanto a Light

quanto o Juiz de Direito José Alcina Lemos basearam suas ações na nacionalidade dos

reclamantes, atribuindo-lhes características depreciativas, tomando suas decisões sem

considerar o contexto em que esses funcionário estrangeiros viviam. Em consequência

disso, concluímos que as características pejorativas e as acusações sem provas que a

empresa atribuiu aos reclamantes constituíram uma forma de violência étnica, pois os

funcionários foram acusados e demitidos devido às suas características étnicas.

Referências Bibliográficas

FACHEL, José P. As violências contra os alemães e seus descendentes, durante

Segunda Guerra Mundial em Pelotas e São Lourenço do Sul. 2002. Tese (Doutorado

em História), Pontifícia Universidade Católica - RS, Porto Alegre, 2002.

FÁVERI, Marlene de. Tempos de intolerância: repressão aos estrangeiros durante a

Segunda Guerra Mundial em Santa Catarina. Revista Esboço: Direitos Humanos e

Relações Raciais e História, Santa Catarina, v. 16, n. 22, p. 91-109, 2009.

GERTZ, René E. O Estado Novo no Rio Grande do Sul. Passo Fundo: EDIUPF,

2005.

_______________, Brasil e Alemanha: os brasileiros de origem alemã na construção de

uma parceria histórica. Revista Textos de História, v. 16, n. 2, p. 119-149, 2008.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz T. da

Silva e Guacira L. Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

IBGE. Situação Demográfica – Imigrantes entrados, segundo as principais

nacionalidades - 1884/1945. Disponível em:

<http://seculoxx.ibge.gov.br/populacionais-sociais-politicas-e-culturais/busca-por-

palavra-chave/populacao> Acessado dia 15 de agosto de 2013.

PERAZZO, Priscila F. Prisioneiros, Direitos e Guerra no Brasil de Vargas (1942-1945),

Revista Esboço, v. 16, n. 22, p.41-53, 2009.

16

POUTIGNAT, Philippe; STREIFF-FERNAT, Jocelyne. Teoria da Etnicidade seguido

de Grupos Étnicos e suas Fronteiras de Fredrik Barth. São Paulo: UNESP, 1998.

ROCHA, Sabrina Santos da. Inversão do papel dos alemães e descendentes na

sociedade pelotense em agosto de 1924. 2002. Trabalho de conclusão de curso

(História), Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Pelotas, 2002.

WEBER, Regina. Imigração e identidade étnica: temáticas historiográficas e

conceituações. Revista Dimensões, n. 18, p. 236-255, 2006.

ZANELATTO, João. GONÇALVES, Renan. Campos de concentração/confinamento no

Vale do Araranguá durante a Segunda Guerra Mundial. Oficina do Historiador, Porto

Alegre: EDIPUCRS, v. 1, n. 6, jan./jun. 2013.

Souza, Samuel F. "Coagidos ou subornados": trabalhadores, sindicatos, Estado e as

leis do trabalho nos anos 1930. Tese de Doutorado, Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2007.

Fontes:

Processo da Justiça do Trabalho de Pelotas, n. 213-B, 1941. Disponível em CD-Room,

<<Processos Trabalhistas de Pelotas/RS (1935-1957).>>.

Revista O Orientador, n. 43, p. 436, 1942.

Revista O Orientador, n. 45, p. 512, 1942.