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A voz que ensina Dirlene da S. Moreira* CRFª 7861-MG O professor utiliza a sua voz para ensinar, controlar os alunos, mostrar atenção e carinho e seu principal instrumento de trabalho é a voz. Suas posturas e atitudes, sua qualidade vocal e expressão não verbal podem interferir de maneira positiva ou negativa no interesse e participação dos alunos durante as aulas. Devido à grande demanda vocal, à carga horária intensa, às turmas numerosas e condições de trabalho desfavoráveis, aliados à falta de conhecimento técnico sobre o uso da voz, os problemas vocais em professores são muito freqüentes e exigem um auxílio especializado. Na maioria das vezes o desgaste vocal acontece lentamente e de maneira gradual e muitos sintomas iniciais podem não produzir modificações perceptíveis. As queixas vocais mais comuns entre estes profissionais são rouquidão, dor e ardor na garganta, cansaço, sensação de sequidão e corpo estranho na região do trato vocal, além de falhas na voz. Alguns fatores como estresse, quadros alérgicos, condições de trabalho inadequadas, gripes e resfriados, fumo, álcool, hábito de falar muito alto e por tempo prolongado, tem um impacto extremamente negativo sobre a voz. As alterações vocais em professores estão, na maioria das vezes, relacionadas ao funcionamento vocal, sendo assim é necessário que estes profissionais recebam informações e orientações quanto ao uso da voz e alguns conhecimentos básicos sobre como se dá o seu funcionamento e cuidados necessários para manter uma voz saudável prevenindo possíveis alterações. Devido à falta de informações a respeito da voz, muitos professores só tomam consciência da importância desta como instrumento de trabalho e na sua vida pessoal quando começam os primeiros sintomas como sinais de fadiga, falhas na emissão, ou até mesmo depois de já ter uma patologia vocal instalada, como é o caso dos nódulos vocais, popularmente conhecidos como calos vocais, que podem ser prevenidos desde que tomados os devidos cuidados. Alguns hábitos diários podem favorecer a saúde vocal como ter uma alimentação saudável e equilibrada evitando alimentos muito gordurosos ou condimentados e alimentos e bebidas muito quentes ou muito geladas, manter sempre uma garrafinha de água ao alcance das mãos, praticar atividades físicas regulares, alongar a musculatura do pescoço, tronco e ombros, agasalhar-se adequadamente em dias frios, protegendo-se de correntes de ar contínuas, evitar falar por longos períodos e em alta intensidade, principalmente em ambientes muito secos, expostos ao ar condicionado, evitar o uso de cigarro e bebidas alcóolicas, não utilizar medicamentos sem orientação médica, evitar soluções caseiras como mascar gengibre, evitar chocolates, leite e seus derivados antes das aulas pois estes alimentos aumentam as secreções no trato vocal provoncando pigarros e comprometendo a qualidade vocal.

A voz que ensina

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A voz que ensinaDirlene da S. Moreira*

CRFª 7861-MG

O professor utiliza a sua voz para ensinar, controlar os alunos, mostrar atenção e carinho e seu principal instrumento de trabalho é a voz. Suas posturas e atitudes, sua qualidade vocal e expressão não verbal podem interferir de maneira positiva ou negativa no interesse e participação dos alunos durante as aulas.

Devido à grande demanda vocal, à carga horária intensa, às turmas numerosas e condições de trabalho desfavoráveis, aliados à falta de conhecimento técnico sobre o uso da voz, os problemas vocais em professores são muito freqüentes e exigem um auxílio especializado. Na maioria das vezes o desgaste vocal acontece lentamente e de maneira gradual e muitos sintomas iniciais podem não produzir modificações perceptíveis. As queixas vocais mais comuns entre estes profissionais são rouquidão, dor e ardor na garganta, cansaço, sensação de sequidão e corpo estranho na região do trato vocal, além de falhas na voz.

Alguns fatores como estresse, quadros alérgicos, condições de trabalho inadequadas, gripes e resfriados, fumo, álcool, hábito de falar muito alto e por tempo prolongado, tem um impacto extremamente negativo sobre a voz.

As alterações vocais em professores estão, na maioria das vezes, relacionadas ao funcionamento vocal, sendo assim é necessário que estes profissionais recebam informações e orientações quanto ao uso da voz e alguns conhecimentos básicos sobre como se dá o seu funcionamento e cuidados necessários para manter uma voz saudável prevenindo possíveis alterações.

Devido à falta de informações a respeito da voz, muitos professores só tomam consciência da importância desta como instrumento de trabalho e na sua vida pessoal quando começam os primeiros sintomas como sinais de fadiga, falhas na emissão, ou até mesmo depois de já ter uma patologia vocal instalada, como é o caso dos nódulos vocais, popularmente conhecidos como calos vocais, que podem ser prevenidos desde que tomados os devidos cuidados.

Alguns hábitos diários podem favorecer a saúde vocal como ter uma alimentação saudável e equilibrada evitando alimentos muito gordurosos ou condimentados e alimentos e bebidas muito quentes ou muito geladas, manter sempre uma garrafinha de água ao alcance das mãos, praticar atividades físicas regulares, alongar a musculatura do pescoço, tronco e ombros, agasalhar-se adequadamente em dias frios, protegendo-se de correntes de ar contínuas, evitar falar por longos períodos e em alta intensidade, principalmente em ambientes muito secos, expostos ao ar condicionado, evitar o uso de cigarro e bebidas alcóolicas, não utilizar medicamentos sem orientação médica, evitar soluções caseiras como mascar gengibre, evitar chocolates, leite e seus derivados antes das aulas pois estes alimentos aumentam as secreções no trato vocal provoncando pigarros e comprometendo a qualidade vocal.

Deve-se também evitar tossir, pigarrear ou raspar a garganta, que geram um atrito muito grande entre as pregas vocais podendo machucá-las. A maçã é uma importante aliada na limpeza do trato vocal, assim comer uma maçã durante ou após as refeições contribui também para uma voz mais saudável; Incluir atividades que envolvam a participação dos alunos, seja na leitura oral de um texto, atividades em grupo e ainda recursos visuais durante as aulas também podem ser boas estratégias para poupar a voz do professor. É fundamental que o professor procure manter uma postura ereta, falar sempre de frente para a classe e não direcionado para o quadro, seus gestos devem agir como complemento à sua fala e não devem ser exagerados demais. Articular bem as palavras, ter uma boa entonação e projeção vocal, locomover-se pela sala de aula e/ou posicionar-se mais ao centro da sala permite que os alunos ouçam melhor o que é dito pelo professor evitando assim que ele necessite falar em alta intensidade, além de auxiliar o professor a prender a atenção do aluno e consequentemente cansar menos a sua voz. Ao adotar estas estratégias o professor torna sua aula mais dinâmica, favorece a atenção e interesse dos alunos e consequentemente torna-a menos cansativa para o aluno e para o professor;

É importante o professor observar quais mudanças podem ser aplicadas ao seu dia a dia e se necessário procurar um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo que são os profissionais capacitados para esclarecer suas dúvidas e ajudá-lo a encontrar soluções para as situações problema relacionadas à sua voz, lembrando que a prevenção é sempre a melhor opção.

*Fonoaudióloga na CLINIMED CONTAGEM