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25 julho Quarta-feira 18.00h Igreja de São Roque Lisboa Grupo Vocal Olisipo Armando Possante, direcção Tiago Bentes Rosário, piano Duarte Lobo (1565-1646) Requiem a 6 vozes Eurico Carrapatoso (1962-) Te Deum em louvor da paz * (ver texto a seguir) Estreia absoluta | Encomenda do festival no centenário do fim da I Guerra Mundial Concerto com o apoio 44 O Grupo Vocal Olisipo foi fundado em 1988, tendo sido desde então dirigido por Armando Possante. O seu repertó- rio é vasto e eclético, abrangendo obras do período medie- val até aos dias de hoje. Tem colaborado frequentemente com compositores e apresentado em entreia obras de Bob Chilcott (Irish Blessing), Ivan Moody (The Meeting in the Garden, The Prophecy of Symeon), Christopher Bochmann (Maria Matos Medley, Morning e a ópera Corpo e Alma), Eurico Carrapatoso (Magnificat em Talha Dourada, Horto Sereníssimo, Stabat Mater), Vasco Mendonça (Era um Redondo Vocábulo), Luís Tinoco (Os Viajantes da Noite) e Manuel Pedro Ferreira (Delirium),entre outros. Estreou em Outubro de 2016, no Festival Guitar’Essonne, em França, obras de Anne Victorino d’Almeida, António Pinho Vargas, Carlos Marecos, Daniel Davis, Edward Luiz Ayres d’Abreu, Fernando Lapa, José Carlos Sousa, Nuno Côrte-Real, Sér- gio Azevedo e Tiago Derriça. Trabalhou com dois dos mais prestigiados ensembles mundiais da actualidade – “Hilliard Ensemble” e “The King’s Singers” e também interpretação de ópera barroca com Jill Feldman. Conquistou diversos prémios em concursos, nomeadamente uma menção hon- rosa no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e o Primeiro Prémio nos concursos International May Choir Competition em Varna, Bulgária, Tampere Choir Festival na Finlândia, 36º Concorso Internazionale C.A.Seghizzi em Gorizia e 5º Concorso Internazionale di Riva del Garda em Itália, e vários prémios de interpretação. Efectuou inúmeras actuações por todo o país, tendo-se apresentado nos prin- cipais Festivais de Música e em palcos como os do Centro de Arte Moderna, Centro Cultural de Belém, Teatro Nacio- nal de S. Carlos, Casa da Música e Teatro Rivoli, entre muitos outros. Tem colaborado com vários ensembles ins- trumentais e orquestras, como o Quarteto Lacerda, Quar- teto Arabesco, Capella Real, Músicos do Tejo, Academia de Música Antiga, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, OrchestrUtopica, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra do Algarve, Orquestra Filarmonia das Beiras e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Internacionalmente tem-se apre- sentado em concertos por toda a Europa. Participou como convidado em Sunderland, Inglaterra e no Festival 500, em St. John’s no Canadá e mais recentemente em Singapura, onde apresentou 3 concertos de música portuguesa com especial enfoque nos compositores Francisco Martins, Estêvão de Brito, Eurico Carrapatoso e Fernando Lopes- Graça. Em todos os festivais, o grupo orientou diversos workshops para coros e maestros de todo o mundo. Em cinema participou no filme “As variações de Giacomo” onde contracenou com os actores John Malkovich e Veronica Ferres e com os cantores Miah Persson, Florian Bösch e Topi Lehtipuu. Gravou o Officium Defunctorum de Estêvão de Brito e as Matinas de Natal de Estêvão Lopes Morago para a editora Movieplay, Cantatas Maçónicas de Mozart para a EMI, e, para a Diálogos, Tenebrae com música de Francisco Martins e Manuel Cardoso e o Magnificat de Eu- rico Carrapatoso. Armando Possante fez os seus estudos musicais no Insti- tuto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Músi- ca de Lisboa, escolas onde actualmente ensina. Concluiu os Cursos Superiores de Direcção Coral, com o Professor Christopher Bochmann, Canto Gregoriano, com a Professo- ra Maria Helena Pires de Matos, e Canto, com o Professor Luís Madureira. Estudou Canto em Viena com Hilde Zadek e frequentou masterclasses de Canto e Canto Gregoriano com os maiores especialistas mundiais. É director musical e so- lista do Grupo Vocal Olisipo e do Coro Gregoriano de Lisboa tendo-se apresentado em concertos e orientado workshops em todo o mundo. Gravou mais de duas dezenas de dis- cos com grande reconhecimento crítico. Conquistou vários prémios, entre os quais o 3º prémio no Concurso Luisa Todi e o 1º prémio no 7º Concurso de Interpretação do Estoril. Conquistou com o GVO, quatro primeiros prémios e vários prémios de interpretação em concursos internacionais. Apresenta-se regularmente como solista em recital, oratória e ópera, tendo colaborado com as principais orquestras e maestros do país.

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25 julho Quarta-feira 18.00h Igreja de São RoqueLisboa

Grupo Vocal OlisipoArmando Possante, direcçãoTiago Bentes Rosário, piano

Duarte Lobo (1565-1646)Requiem a 6 vozes

Eurico Carrapatoso (1962-)Te Deum em louvor da paz *(ver texto a seguir)

Estreia absoluta | Encomenda do festival no centenário do fim da I Guerra Mundial

Concerto com o apoio

44

O Grupo Vocal Olisipo foi fundado em 1988, tendo sido desde então dirigido por Armando Possante. O seu repertó-rio é vasto e eclético, abrangendo obras do período medie-val até aos dias de hoje. Tem colaborado frequentemente com compositores e apresentado em entreia obras de Bob Chilcott (Irish Blessing), Ivan Moody (The Meeting in the Garden, The Prophecy of Symeon), Christopher Bochmann (Maria Matos Medley, Morning e a ópera Corpo e Alma), Eurico Carrapatoso (Magnificat em Talha Dourada, Horto Sereníssimo, Stabat Mater), Vasco Mendonça (Era um Redondo Vocábulo), Luís Tinoco (Os Viajantes da Noite) e Manuel Pedro Ferreira (Delirium),entre outros. Estreou em Outubro de 2016, no Festival Guitar’Essonne, em França, obras de Anne Victorino d’Almeida, António Pinho Vargas, Carlos Marecos, Daniel Davis, Edward Luiz Ayres d’Abreu, Fernando Lapa, José Carlos Sousa, Nuno Côrte-Real, Sér-gio Azevedo e Tiago Derriça. Trabalhou com dois dos mais prestigiados ensembles mundiais da actualidade – “Hilliard Ensemble” e “The King’s Singers” e também interpretação de ópera barroca com Jill Feldman. Conquistou diversos prémios em concursos, nomeadamente uma menção hon-rosa no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e o Primeiro Prémio nos concursos International May Choir Competition em Varna, Bulgária, Tampere Choir Festival na Finlândia, 36º Concorso Internazionale C.A.Seghizzi em Gorizia e 5º Concorso Internazionale di Riva del Garda em Itália, e vários prémios de interpretação. Efectuou inúmeras actuações por todo o país, tendo-se apresentado nos prin-cipais Festivais de Música e em palcos como os do Centro de Arte Moderna, Centro Cultural de Belém, Teatro Nacio-nal de S. Carlos, Casa da Música e Teatro Rivoli, entre muitos outros. Tem colaborado com vários ensembles ins-trumentais e orquestras, como o Quarteto Lacerda, Quar-teto Arabesco, Capella Real, Músicos do Tejo, Academia de Música Antiga, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, OrchestrUtopica, Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra do Algarve, Orquestra Filarmonia das Beiras e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Internacionalmente tem-se apre-sentado em concertos por toda a Europa. Participou como convidado em Sunderland, Inglaterra e no Festival 500, em St. John’s no Canadá e mais recentemente em Singapura, onde apresentou 3 concertos de música portuguesa com especial enfoque nos compositores Francisco Martins, Estêvão de Brito, Eurico Carrapatoso e Fernando Lopes-Graça. Em todos os festivais, o grupo orientou diversos workshops para coros e maestros de todo o mundo. Em cinema participou no filme “As variações de Giacomo” onde contracenou com os actores John Malkovich e Veronica Ferres e com os cantores Miah Persson, Florian Bösch e Topi Lehtipuu. Gravou o Officium Defunctorum de Estêvão de Brito e as Matinas de Natal de Estêvão Lopes Morago para a editora Movieplay, Cantatas Maçónicas de Mozart para a EMI, e, para a Diálogos, Tenebrae com música de Francisco Martins e Manuel Cardoso e o Magnificat de Eu-rico Carrapatoso.

Armando Possante fez os seus estudos musicais no Insti-tuto Gregoriano de Lisboa e na Escola Superior de Músi-ca de Lisboa, escolas onde actualmente ensina. Concluiu os Cursos Superiores de Direcção Coral, com o Professor Christopher Bochmann, Canto Gregoriano, com a Professo-ra Maria Helena Pires de Matos, e Canto, com o Professor Luís Madureira. Estudou Canto em Viena com Hilde Zadek e frequentou masterclasses de Canto e Canto Gregoriano com os maiores especialistas mundiais. É director musical e so-lista do Grupo Vocal Olisipo e do Coro Gregoriano de Lisboa tendo-se apresentado em concertos e orientado workshops em todo o mundo. Gravou mais de duas dezenas de dis-cos com grande reconhecimento crítico. Conquistou vários prémios, entre os quais o 3º prémio no Concurso Luisa Todi e o 1º prémio no 7º Concurso de Interpretação do Estoril. Conquistou com o GVO, quatro primeiros prémios e vários prémios de interpretação em concursos internacionais. Apresenta-se regularmente como solista em recital, oratória e ópera, tendo colaborado com as principais orquestras e maestros do país.

Page 2: A5 FEL - Programas de Sala 2018 - festorilisbon.com · Igreja de São Roque Lisboa Grupo Vocal Olisipo Armando Possante, direcção Tiago Bentes Rosário, piano Duarte Lobo (1565-1646)

1- Le dormeur du val (poema de Arthur Rimbaud, Outubro de 1870) - subtítulo: Pavana para um Infante dormido2 - Te Deum laudamus3 - Tu Rex gloriae, Christe4 - Si je mourais là-bas (poema de Guillaume Apollinaire, 30 de Janeiro de 1915) - subtítulo: Pavana para uma Infanta distante5 - Tu ad liberandum suscepturus hominem6 - Tu, devicto mortis aculeo7 - O menino da sua mãe (poema de Fernando Pessoa, 1926) - subtítulo: Pavana para um Infante defunto

Textos

1 - Le dormeur du val (poema de Arthur Rimbaud, 1870) - subtítulo: Pavana para um Infante dormido

“Le Dormeur du Val” d’Arthur Rimbaud

C’est un trou de verdure, où chante une rivièreAccrochant follement aux herbes des haillonsD’argent; où le soleil, de la montagne fière,Luit: c’est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,Dort; il est étendu dans l’herbe, sous la nue,Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant commeSourirait un enfant malade, il fait un somme:Nature, berce-le chaudement: il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine;Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine,Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.

Tradução de finais do século XIX de Rodrigo Solano, poeta português natural de Penafiel (1879-1910)

Era um recanto verde onde um ribeiro canta,prendendo às ervas seus farrapos de cristale rebrilhando ao sol que, loiro, se levanta.Era um pequeno e verde e luminoso vale.

Sobre a erva, um soldado, a boca aberta, inclinaa fronte nua sobre os verdes agriões,Dorme. E sobre o seu leito estende-se a neblinae vai chorar a luz seus macios clarões.

Os pés nos juncos, face pálida e risonha,parece uma criança adormecida; e sonha…Aquece-o, Terra-Mãe! E acalenta-o com jeito!

Mãos sobre o seio, em cruz, dorme tranqüilamente;nem os beijos da luz, nem os perfumes sente…E dois cravos de sangue abrem-lhe sobre o peito. 2 - Te Deum laudamus

Te Deum laudamus: te Dominum confitemur.Te æternum Patrem omnis terra veneratur.Tibi omnes Angeli; tibi cæli et universae potestates.Tibi Cherubim et Seraphim incessabili voce proclamant:Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaoth.Pleni sunt cæli et terra majestatis gloriæ tuæ.

Te gloriosus Apostolorum chorus;Te Prophetarum laudabilis numerus;

Te Martyrum candidatus laudat exercitus.Te per orbem terrarum sancta confitetur Ecclesia: Patrem immensæ majestatis;

Venerandum tuum verum et unicum Filium;Sanctum quoque Paraclitum Spiritum.

A Vós, ó Deus, louvamos e por Senhor nosso Vos confes-samos.A Vós, ó Eterno Pai, adora toda a Terra.A Vós, todos os Anjos, a Vós, os Céus e todas as Potesta-des;A Vós, os Querubins e Serafins com incessantes vozes proclamam:Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos!Os Céus e a Terra estão cheios da vossa glória e majes-tade.

A Vós, o glorioso coro dos Apóstolos,A Vós, a assembleia dos Profetas,A Vós, o exército dos mártires engrandece com louvores!A Vós, Eterno Pai, Deus de imensa majestade,

Ao Vosso verdadeiro e único Filho,Do mesmo modo ao Espírito Santo, nosso consolador.

3 - Tu Rex gloriae, Christe

Tu Rex gloriæ, Christe.Tu Patris sempiternus es Filius.

Vós sois o Rei da Glória, Cristo!Vós sois Filho sempiterno de vosso Pai!

4 - “Si je mourais là-bas..” (poema de Guillaume Apollinaire, 1915) - subtítulo: Pavana para uma Infanta distante(Nîmes, le 30 janvier 1915) Si je mourais là-bas sur le front de l’arméeTu pleurerais un jour ô Lou ma bien-aiméeEt puis mon souvenir s’éteindrait comme meurtUn obus éclatant sur le front de l’arméeUn bel obus semblable aux mimosas en fleur

Et puis ce souvenir éclaté dans l’espaceCouvrirait de mon sang le monde tout entierLa mer les monts les vals et l’étoile qui passeLes soleils merveilleux mûrissant dans l’espaceComme font les fruits d’or autour de Baratier

Souvenir oublié vivant dans toutes chosesJe rougirais le bout de tes jolis seins rosesJe rougirais ta bouche et tes cheveux sanglantsTu ne vieillirais point toutes ces belles chosesRajeuniraient toujours pour leurs destins galants

Le fatal giclement de mon sang sur le mondeDonnerait au soleil plus de vive clartéAux fleurs plus de couleur plus de vitesse à l’ondeUn amour inouï descendrait sur le mondeL’amant serait plus fort dans ton corps écarté

Lou si je meurs là-bas souvenir qu’on oublie— Souviens-t’en quelquefois aux instants de folieDe jeunesse et d’amour et d’éclatante ardeur —Mon sang c’est la fontaine ardente du bonheurEt sois la plus heureuse étant la plus jolie

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Ô mon unique amour et ma grande folie

post scriptum:

La nuit descendOn y presentUn long un long destin de sang

“Se eu morresse além…” (tradução de Lia Montanha) Se eu morresse na frente de batalha

Chorarias, ó Lou, minha bem amadaE então o que eu fui extinguir-se-iaQual obus ofuscante Um radioso obus semelhante às mimosas em flor

E então a lembrança do meu eu resplandecente no espaçoCobriria o mundo inteiro com o meu sangueO mar, os montes, os vales, a estrela transitória que se moveOs sóis maravilhosos amadurecendo no espaçoComo frutos de ouro circundando Baratier

Lembrança suspensa que permanece em todas as coisasTornaria rubros teus lindos e rosáceos seiosTua boca e teus cabelos escarlatesJamais envelheceriasE toda essa beleza ganharia novo esplendor

O derramar do meu sangue no mundoDaria ao sol uma claridade mais vivaUm novo colorido às flores e um renovado vigor às ondasUm amor inaudito desceria sobre o mundoE o amante tornar-se-ia mais forte sobre o teu corpo aberto

Lou, se eu morrer em combate, lembrança suspensa,- Evoca, por vezes, os instantes da loucura, Da juventude, do amor e da nossa paixão ardenteO meu sangue é a fonte a jorrar de felicidadeSê feliz, sendo a mais bela

Ó meu único amor e minha grande loucura.

L A noite desceO PressentimosU Um longo, um longo destino de sangue

5 - Tu ad liberandum suscepturus hominem

Tu ad liberandum suscepturus hominem, Non horruisti Virginis uterum.

Vós, para vos unirdes ao homem e o resgatardesNão desdenhastes entrar no seio de uma Virgem!

6 - Tu, devicto mortis aculeo

Tu, devicto mortis aculeo, aperuisti credentibus regna cælorum.Tu ad dexteram Dei sedes, in gloria Patris.Judex crederis esse venturus.

Te ergo quæsumus, tuis famulis subveni,quos pretioso sanguine redemisti.Æterna fac cum sanctis tuis in gloria numerari.

Vós, vencedor do aguilhão da morte, abristes aos fiéis o Céu,Vós estais sentado à direita de Deus, no glorioso trono do

vosso Pai!Cremos que nos vireis julgar no fim do mundo.

A Vós, portanto, rogamos que socorrais os vossos servosa quem remistes com o Vosso precioso Sangue.Fazei que sejamos contados na eterna glória, entre o núme-ro dos Santos.

7 - O menino da sua mãe (poema de Fernando Pessoa, 1926) - subtítulo: Pavana para um Infante defunto

No plano abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado — Duas, de lado a lado —, Jaz morto e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era! (Agora que idade tem?) Filho único, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve. Dera-lha a mãe. Está inteira E boa a cigarreira. Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada De um lenço... Deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece: «Que volte cedo, e bem!» (Malhas que o império tece!) Jaz morto, e apodrece, O menino da sua mãe.

Eurico Carrapatoso é licenciado em História pela Facul-dade de Letras da Universidade do Porto. Iniciou os seus estudos musicais em 1985, tendo sido sucessivamen-te aluno de composição de José Luís Borges Coelho, Fernando Lapa, Cândido Lima e Constança Capdeville. Concluiu em 1993 o Curso Superior de Composição no Conservatório Nacional de Lisboa com Jorge Peixinho. Foi assistente de História Económica e Social na Uni-versidade Portucalense. Leccionou na área da compo-sição em várias instituições, nomeadamente na Escola Superior de Música de Lisboa, na Academia Nacional Superior de Orquestra e na Academia de Amadores de Música. É professor de Composição no Conservatório Nacional, onde lecciona desde 1989, integrando o qua-dro da instituição. Recebe regularmente encomendas das principais instituições culturais portuguesas e a sua música tem vindo a ser executada, editada e difundida desde 1987, não só na Europa como a nível mundial. A 9 de Junho de 2004 foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.