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12 FICHA TÉCNICA: FICHA TÉCNICA: FICHA TÉCNICA: Propriedade/Editor: Obra Diocesana de Promoção Social * Administração: Presidência da ODPS * Director/Grafismo: André Rubim Rangel (C.P.: TE428) * Presidente ODPS: Américo Ribeiro * Colaboradores: João Pratas e Mónica Taipa de Carvalho * Cronistas Efectivos: Agostinho Jardim, Américo Ribeiro, António Bagão Félix, Bernardino Chamusca, Daniel Serrão, Eugénio da Fonseca, Francisco Carvalho Guerra, Francisco Sars- field Cabral, Lino Maia, Paulo Morais * Revisor: Guilherme Sousa * Gráfica/Impressão: CLARET - Companhia Gráfica do Norte * Periodicidade (2006): Trimestral * Tiragem: 4.000 ex. * Depósito Legal: 237275/06 * Sede/Distribuição: Serviços Centrais da ODPS, R. D. Manuel II, 14; 4050-372 PORTO * NIPC: 500849404 * URL: www.odps.org.pt * Mail: [email protected] * Contacto: 912 518 916 * Registo ICS: 124901 * Sócio AIC: 262 * Sócio APDSI: 1000005 Uma Obra com visão e futuro! E E LO LO S S OCIAL OCIAL »»> Actualidades F. Sarsfield Cabral F. Sarsfield Cabral F. Sarsfield Cabral Director de Informação da Rádio Renascença »»> Partilhando A. Bagão Félix A. Bagão Félix A. Bagão Félix ex-Ministro do Traba- lho e Segurança Social Para além das palavras... Como é natural, têm-se multiplicado as previsões sobre o que será a actuação do novo Presidente da República. E as palavras de Cavaco Silva no seu discurso de posse foram analisadas e comentadas até à exaustão. Mas o mais importante da presidên- cia de Cavaco Silva talvez não este- ja nas palavras. Estas são importan- tes, sem dúvida, até porque o Presi- dente não tem funções executivas e o seu papel é, sobretudo, o de aler- tar, influenciar e mobilizar. No entan- to, prevejo que Cavaco irá influen- ciar a vida nacional sobretudo pela sua personalidade e pela sua atitu- de. Na maneira de ser e de actuar do Presidente vão sentir-se os traços estruturais da sua personalidade: exigência, trabalho, perseverança, sentido de Estado. Ora Portugal precisa acima de tudo de uma mudança de mentalidade que leve a encarar com severa reprovação o laxismo na condução dos assuntos de Estado, a corrupção na utilização dos dinheiros de todos nós, o clien- telismo partidário e outros vícios que têm baixado o nível da vida pública nacional. E em democracia as men- talidades mudam-se pelo exemplo e pela capacidade de constituir uma referência ética e cívica. Ser e ter 1. Fazem parte dos verbos funda- mentais da nossa existência. Andam de mãos dadas e de pés atados: o ser e o ter. Às vezes sós, muitas vezes acompanhados do saber, do fazer, do dar, do amar. O nosso viver confronta-se inva- riavelmente entre a liberdade de se ser, a necessidade de se ter, a responsabilidade de se dar, a capacidade de se fazer, a exigên- cia de se saber, o impulso de se amar. Mas, num tempo impulsionado cada vez mais pelas tecnologias poderosas e pela obsessão da circunstância, é entre o ser e o ter que nos vemos constantemente desafiados. É de tal modo assim, que na lin- guagem corrente nos deixamos aliciar pela hegemonia do ter mesmo se com isso apenas esta- mos a ser. Usa-se e abusa-se do ter para se expressar uma acção, um movi- mento, um processo, um estado de alma até. Já não dói dizer-se “penso”, mas “tenho uma ideia”, “quero” mas “tenho vontade”; ou um “tenho um desejo” quando nos bastaria tão simplesmente a conjugação do verbo desejar. E, não raro, até nos damos conta de que, em vez de “sermos”, dizemos que “temos uma vida”… Este tipo de linguagem denuncia a supremacia quase inconsciente e perigosamente alienante do ter sobre o ser no nosso quotidiano. Até os problemas que nos conso- mem em cada dia já não são do domínio do ser mas do ter. Por isso, dizemos “Eu tenho um pro- blema” o que significa que trans- formamos a percepção do proble- ma em qualquer coisa que passa- mos a possuir: o próprio proble- ma!...E este vinga-se passando de possuído a possuidor. 2. Na vida, começa-se por se ser antes de ter. O Verbo antes da 2º Trimestre 2º Trimestre 2º Trimestre 2006 2006 verba. Na morte, deixa de se ser, ainda que se possa ter. Porém, o ter não dá eternidade mesmo que por via testamentária ou sucessó- ria. Mas o ser pode ser duradouro por via consanguínea ou cromosso- mática. Como escrevia Vergílio Ferreira “é- se por dentro; por fora, está-se”. O ser ilumina-se por sinais interiores, enquanto o ter exibe sinais exterio- res. Por isso, a riqueza está no ser, ainda que continuemos a medir pelo ter aquilo que não somos capazes de avaliar pelo ser. Ao ser está associada a utopia. Ao ter, a ambição. Ao ser está associado o reconheci- mento. Ao ter, o sucesso e o fra- casso. Por isso, no ser se vive e no ter se ganha e se perde. O ser congrega na diferença. O ter desagrega pela soma. O ser desdobra-se através do livro da vida. O ter pressupõe o livro de cheques. O ser exige o ser melhor, como princípio. O ter exige o ter mais, como meta. O ser é a parte imersa no iceberg. O ter é a parte emersa. O ser é um caminho. O ter é uma paragem. O ser aperfeiçoa-se na partilha, na autenticidade, na doação. O ter consome-se no individualismo, no cinismo, no consumismo. Ao contrário do ter, o ser não preci- sa de euros para se mensurar, apesar da desvalorização dos recursos não monetarizáveis, como a sabedoria, a generosidade, a disponibilidade, o bom senso, a persistência, a paciência, a expe- riência. O ser e o ter, porém, não são inimi- gos ou incompatíveis. A convergên- cia do ser e do ter é a base de liga- ção entre o imperativo de se ser e a liberdade de se ter. Por isso, o espaço privilegiado de sinfonia entre o ser e o ter é a família. E um espaço decisivo de sintonia entre o ser e o ter pode e deve ser a empresa. Pela ética, pelo respeito, pela responsabilidade social. E até (ou sobretudo) na religião, ser-se em é mais profundo e verdadeiro do que ter- se fé. Por isso, o deserto como símbolo da libertação e o Sermão da Montanha como renúncia à estrutura do ter. E a vida para além da morte, em que o ser se torna eter- no e o ter se transforma em poeira. TEMA TEMA : : AUTENTICIDADE AUTENTICIDADE A A NO NO I N. 2 I N. 2 2º Trimestre 2 0 0 6 > D i r e c t o r < A A A NDRÉ NDRÉ NDRÉ R R R UBIM UBIM UBIM R R R ANGEL ANGEL ANGEL Preconizar o Amor Caros Amigos e Amigas, A nossa capacidade de Amar é dimensionada pelo bem que faze- mos aos outros. Neste bem entram o desejo, o desígnio, a coragem, a vontade, o sacrifício, a alegria, o amor..., enfim, entra a experimentação de uma sabedoria muito sensível de viver, onde a inteligência, a ética, a consciência moral e a cultura se associam num todo equi- librado, harmonioso e consistente. Como todos constatamos, o nosso presente está em busca de sentido. Porém, o sentido não é originário, não vem do exterior dos nossos seres. Emerge da participação, da fraternização, do amor… Então conclui-se que este comanda a vida pessoal e a vida comu- nitária. Ele esclarece que a verdadeira ética não está nas grandes decla- rações de generosidade, está numa solidariedade inteligente, numa caridade autêntica e expressiva, na procura de compromis- sos humanistas entre o possível e o ideal, o presente e o futuro, a eficácia e a justiça social. Entre os rostos que sorriem, expressando felicidade, estão os rostos de muitos, cada vez mais numerosos, muitas vezes margi- nalizados pela sociedade do progresso, que só presta verdadeira atenção aqueles que se sabem afirmar e que sabem sorrir! A ODPS, como grande Instituição e onde estamos inseridos, pre- coniza o amor num contexto amplo e significativo, chamando a si a caridade, a esperança, a bondade e tantos outros valores, dá- nos a possibilidade e a oportunidade de, no meio deste frenetismo do dia a dia em que vivemos, onde a solicitação fútil é uma com- panheira persistente, pararmos para pensar. Dá-nos ocasião para reflectirmos e actuarmos por forma a encon- trarmos a unidade e sentido da nossa existência e do nosso viver, pois ajudamos os outros, aqueles que não nos podem retribuir, porque exercitamos e alargamos, sob variadíssimos meios, a nossa capacidade de servir, a nossa capaci- dade de amar o próximo. Com Amizade. D. Armindo Lopes Coelho inaugura alguns espaços da ODPS (foto acima). pp. 2-4 Entrevistas neste n. com os Mem- bros da Liga dos Amigos da ODPS (foto abaixo) e com o Ministro Ramos Horta. pp. 5 e 6, respect. Vemos agora este Espa- ço crescer, como é cres- cente a (tri)dimensão da Obra, que viu renovado o seu Site há pouco tempo. Contámos com a colaboração de todos, através de sugestões, ideias e opiniões… Força! A razão de mais uma folha, 4 pp., deve-se ao destaque necessário da visita episcopal do Pas- tor diocesano a alguns dos nossos Centros. Merece também especial atenção neste n. o escla- recimento e compromisso público dos objectivos da Liga dos Amigos; a men- ção dum amigo verdadei- ro da Obra, Manuel Gonçalves; e o encontro com José Ramos Horta. De salientar ainda o surgimento de novos espaços: “Janela de Inclusão”, “Mail do Lei- tor” e “Entrevista com”. Aproveito também para me penitenciar perante o Dr. Bagão Félix pelo corte feito ao seu texto, publicado parte no n.0. Por fim, um apelo, a cami- nho do tema: Sejamos AUTÊNTICOS! »»> Editorial André Rubim André Rubim André Rubim Rangel Rangel Rangel Jornalista e Director de Informação ODPS d i s t r i b u i ç ã o g r a t u i t a »»> Do Alto Américo Ribeiro Américo Ribeiro Américo Ribeiro Presidente da ODPS e Membro Directivo do BPN Reportagem do Lançamento do novo site ODPS Reportagem do Lançamento do novo site ODPS ver p. 9 ver p. 9 Bispo do Porto admirado com a evolução da Obra

AANO NO OCIAL »»> Partilhando 2º Trimestre d i s t r i b u ... · verbo desejar. E, não raro, até ... E este vinga-se passando de possuído a possuidor. 2. ... Um abraço, Pe

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FICHA TÉCNICA:FICHA TÉCNICA:FICHA TÉCNICA: Propriedade/Editor: Obra Diocesana de Promoção Social * Administração: Presidência da ODPS * Director/Grafismo: André Rubim Rangel (C.P.: TE428) * Presidente ODPS: Américo Ribeiro * Colaboradores: João Pratas e Mónica Taipa de Carvalho * Cronistas Efectivos: Agostinho

Jardim, Américo Ribeiro, António Bagão Félix, Bernardino Chamusca, Daniel Serrão, Eugénio da Fonseca, Francisco Carvalho Guerra, Francisco Sars-field Cabral, Lino Maia, Paulo Morais * Revisor: Guilherme Sousa * Gráfica/Impressão: CLARET - Companhia Gráfica do Norte * Periodicidade (2006): Trimestral * Tiragem: 4.000 ex. * Depósito Legal: 237275/06 * Sede/Distribuição: Serviços Centrais da ODPS, R. D. Manuel II, 14; 4050-372 PORTO * NIPC: 500849404 * URL: www.odps.org.pt * Mail: [email protected] * Contacto: 912 518 916 * Registo ICS: 124901 * Sócio AIC: 262 * Sócio APDSI: 1000005

Uma Obra com visão e futuro! EELOLO S SOCIAL

OCIAL 

»»> Actualidades F. Sarsfield CabralF. Sarsfield CabralF. Sarsfield Cabral Director de Informação da Rádio Renascença

»»> Partilhando A. Bagão FélixA. Bagão FélixA. Bagão Félix ex-Ministro do Traba-lho e Segurança Social

Para além das palavras...

Como é natural, têm-se multiplicado as previsões sobre o que será a actuação do novo Presidente da República. E as palavras de Cavaco Silva no seu discurso de posse foram analisadas e comentadas até à exaustão. Mas o mais importante da presidên-cia de Cavaco Silva talvez não este-ja nas palavras. Estas são importan-tes, sem dúvida, até porque o Presi-dente não tem funções executivas e o seu papel é, sobretudo, o de aler-tar, influenciar e mobilizar. No entan-to, prevejo que Cavaco irá influen-ciar a vida nacional sobretudo pela sua personalidade e pela sua atitu-de. Na maneira de ser e de actuar do Presidente vão sentir-se os traços estruturais da sua personalidade: exigência, trabalho, perseverança, sentido de Estado. Ora Portugal precisa acima de tudo de uma mudança de mentalidade que leve a encarar com severa reprovação o laxismo na condução dos assuntos de Estado, a corrupção na utilização dos dinheiros de todos nós, o clien-telismo partidário e outros vícios que têm baixado o nível da vida pública nacional. E em democracia as men-talidades mudam-se pelo exemplo e pela capacidade de constituir uma referência ética e cívica. ◘

Ser e ter 1. Fazem parte dos verbos funda-mentais da nossa existência. Andam de mãos dadas e de pés atados: o ser e o ter. Às vezes sós, muitas vezes acompanhados do saber, do fazer, do dar, do amar. O nosso viver confronta-se inva-riavelmente entre a liberdade de se ser, a necessidade de se ter, a responsabilidade de se dar, a capacidade de se fazer, a exigên-cia de se saber, o impulso de se amar. Mas, num tempo impulsionado cada vez mais pelas tecnologias poderosas e pela obsessão da circunstância, é entre o ser e o ter que nos vemos constantemente desafiados. É de tal modo assim, que na lin-guagem corrente nos deixamos aliciar pela hegemonia do ter mesmo se com isso apenas esta-mos a ser. Usa-se e abusa-se do ter para se expressar uma acção, um movi-mento, um processo, um estado de alma até. Já não dói dizer-se “penso”, mas “tenho uma ideia”, “quero” mas “tenho vontade”; ou um “tenho um desejo” quando nos bastaria tão simplesmente a conjugação do verbo desejar. E, não raro, até nos damos conta de que, em vez de “sermos”, dizemos que “temos uma vida”… Este tipo de linguagem denuncia a supremacia quase inconsciente e perigosamente alienante do ter sobre o ser no nosso quotidiano. Até os problemas que nos conso-mem em cada dia já não são do domínio do ser mas do ter. Por isso, dizemos “Eu tenho um pro-blema” o que significa que trans-formamos a percepção do proble-ma em qualquer coisa que passa-mos a possuir: o próprio proble-ma!...E este vinga-se passando de possuído a possuidor. 2. Na vida, começa-se por se ser antes de ter. O Verbo antes da

2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre 20062006

verba. Na morte, deixa de se ser, ainda que se possa ter. Porém, o ter não dá eternidade mesmo que por via testamentária ou sucessó-ria. Mas o ser pode ser duradouro por via consanguínea ou cromosso-mática. Como escrevia Vergílio Ferreira “é-se por dentro; por fora, está-se”. O ser ilumina-se por sinais interiores, enquanto o ter exibe sinais exterio-res. Por isso, a riqueza está no ser, ainda que continuemos a medir pelo ter aquilo que não somos capazes de avaliar pelo ser. Ao ser está associada a utopia. Ao ter, a ambição. Ao ser está associado o reconheci-mento. Ao ter, o sucesso e o fra-casso. Por isso, no ser se vive e no ter se ganha e se perde. O ser congrega na diferença. O ter desagrega pela soma. O ser desdobra-se através do livro da vida. O ter pressupõe o livro de cheques. O ser exige o ser melhor, como princípio. O ter exige o ter mais, como meta. O ser é a parte imersa no iceberg. O ter é a parte emersa. O ser é um caminho. O ter é uma paragem. O ser aperfeiçoa-se na partilha, na autenticidade, na doação. O ter consome-se no individualismo, no cinismo, no consumismo. Ao contrário do ter, o ser não preci-sa de euros para se mensurar, apesar da desvalorização dos recursos não monetarizáveis, como a sabedoria, a generosidade, a disponibilidade, o bom senso, a persistência, a paciência, a expe-riência.

O ser e o ter, porém, não são inimi-gos ou incompatíveis. A convergên-cia do ser e do ter é a base de liga-ção entre o imperativo de se ser e a liberdade de se ter.

Por isso, o espaço privilegiado de sinfonia entre o ser e o ter é a família. E um espaço decisivo de sintonia entre o ser e o ter pode e deve ser a empresa. Pela ética, pelo respeito, pela responsabilidade social. E até (ou sobretudo) na religião, ser-se em fé é mais profundo e verdadeiro do que ter-se fé. Por isso, o deserto como símbolo da libertação e o Sermão da Montanha como renúncia à estrutura do ter. E a vida para além da morte, em que o ser se torna eter-no e o ter se transforma em poeira. ◘

TEMATEMA::  AUTENTICIDADEAUTENTICIDADE 

AANONO I N. 2 I N. 2

2º Trimestre 2 0 0 6

> D i r e c t o r < AAANDRÉNDRÉNDRÉ R R RUBIMUBIMUBIM R R RANGELANGELANGEL

Preconizar o Amor Caros Amigos e Amigas, A nossa capacidade de Amar é dimensionada pelo bem que faze-mos aos outros. Neste bem entram o desejo, o desígnio, a coragem, a vontade, o sacrifício, a alegria, o amor..., enfim, entra a experimentação de uma sabedoria muito sensível de viver, onde a inteligência, a ética, a consciência moral e a cultura se associam num todo equi-librado, harmonioso e consistente. Como todos constatamos, o nosso presente está em busca de sentido. Porém, o sentido não é originário, não vem do exterior dos nossos seres. Emerge da participação, da fraternização, do amor… Então conclui-se que este comanda a vida pessoal e a vida comu-nitária. Ele esclarece que a verdadeira ética não está nas grandes decla-rações de generosidade, está numa solidariedade inteligente, numa caridade autêntica e expressiva, na procura de compromis-sos humanistas entre o possível e o ideal, o presente e o futuro, a eficácia e a justiça social. Entre os rostos que sorriem, expressando felicidade, estão os rostos de muitos, cada vez mais numerosos, muitas vezes margi-nalizados pela sociedade do progresso, que só presta verdadeira atenção aqueles que se sabem afirmar e que sabem sorrir! A ODPS, como grande Instituição e onde estamos inseridos, pre-coniza o amor num contexto amplo e significativo, chamando a si a caridade, a esperança, a bondade e tantos outros valores, dá-nos a possibilidade e a oportunidade de, no meio deste frenetismo do dia a dia em que vivemos, onde a solicitação fútil é uma com-panheira persistente, pararmos para pensar. Dá-nos ocasião para reflectirmos e actuarmos por forma a encon-trarmos a unidade e sentido da nossa existência e do nosso viver, pois ajudamos os outros, aqueles que não nos podem retribuir, porque exercitamos e alargamos, sob variadíssimos meios, a nossa capacidade de servir, a nossa capaci-dade de amar o próximo. Com Amizade. ◘

D. Armindo Lopes Coelho

inaugura alguns espaços da ODPS

(foto acima). pp. 2-4

Entrevistas neste n. com os Mem-bros da Liga dos Amigos da ODPS (foto abaixo) e com o Ministro Ramos Horta.

pp. 5 e 6, respect.

Vemos agora este Espa-ço crescer, como é cres-cente a (tri)dimensão da Obra, que viu renovado o seu Site há pouco tempo. Contámos com a colaboração de todos, através de sugestões, ideias e opiniões… Força! A razão de mais uma folha, 4 pp., deve-se ao destaque necessário da visita episcopal do Pas-tor diocesano a alguns dos nossos Centros. Merece também especial atenção neste n. o escla-recimento e compromisso público dos objectivos da Liga dos Amigos; a men-ção dum amigo verdadei-ro da Obra, Manuel Gonçalves; e o encontro com José Ramos Horta. De salientar ainda o surgimento de novos espaços: “Janela de Inclusão”, “Mail do Lei-tor” e “Entrevista com”. Aproveito também para me penitenciar perante o Dr. Bagão Félix pelo corte feito ao seu texto, publicado parte no n.0. Por fim, um apelo, a cami-nho do tema: Sejamos AUTÊNTICOS! ◘

»»> Editorial André Rubim André Rubim André Rubim RangelRangelRangel Jornalista e Director de Informação ODPS

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»»> Do Alto Américo RibeiroAmérico RibeiroAmérico Ribeiro Presidente da ODPS e Membro Directivo do BPN

Reportagem do Lançamento do novo site ODPSReportagem do Lançamento do novo site ODPS ver p. 9ver p. 9

Bispo do Porto

admirado com a

evolução da Obra

2

OOBRA

BRA & A

 & ACÇÃO

CÇÃO 

Uma Obra com visão e futuro! 2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre 20062006

»»> Mail do Leitor… Saudações cordiais. Agradeço o envio dos exemplares publica-dos do "Espaço Soli-dário". Felicito o tra-balho e desejo as maiores felicidades para todo o projecto do periódico informati-vo da ODPS. Parabéns! Que a fantasia da caridade se renove sempre no Porto. Um abraço,

Pe. José Cordeiro (Reitor do Colégio

Pontifício Português - Roma, Itália)

Acuso a recepção do “Espaço Solidário”, que muito agradeço. Felicito-vos por este periódico informativo, pelo que representa e também pela parte gráfica excelente. Com os agradecimen-tos da Direcção desta Escola Salesiana do Estoril,

Pe. Joaquim Taveira da Fonseca

(Director Pedagógico)

Gostaria de deixar a minha opinião sobre o “Site”. Penso que é agradável, tem uma aparência simpática e está visualmente bonito. O que me parece é que está muito denso. Parece-me que, com a própria colaboração dos Centros, o site se possa tornar mais dinâmico e mais inte-ressante. Despeço-me com os melhores cumprimen-tos.

Fernando Pereira (Resp. do Ctr. Soc. do

Regado - 3ª Idade)

»»> Dinamismos Centrais

No início de Abril o Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, que recente-mente atingiu a idade para a resigna-ção episcopal, visitou metade dos Cen-tros Sociais pertencentes à ODPS: Carriçal, Machado Vaz, Rainha D. Leo-nor, Regado, S. Roque da Lameira e S. Tomé. A grande particularidade que marcou estas visitas foi o factor surpresa, para que a normalidade da vida de cada Centro não fosse quebrada. Não deixou, no entanto, de gerar bastante alegria global. A visita aos restantes Centros será feita mais tarde, do mesmo modo, em data ainda desconhecida. D. Armindo inaugurou 3 novos Centros: 2 ATL em S. Roque e 1 ATL na Rainha D. Leonor. De registar ainda que cada Centro sinalizou a passagem do Bispo da Diocese Portucalense com uma placa.

Centros Sociais do Carriçal e S. Tomé No passado dia 4 de Abril os utentes do Centro Social de S. Tomé e do Centro Social do Carriçal foram presenteados com a visita do Rev.mo Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho. Já há muito aguardada, tanto pelos utentes como pelos colaboradores, pôde-se testemunhar a alegria, o carinho, a amizade que D. Armindo desper-ta a seu redor. Foi uma visita breve mas plena de significado, até para as crianças, quando uma delas, num gesto espontâneo, ofereceu a D. Armindo um porta-chaves. Em nome de todos, expresso mais uma vez a nossa gratidão por esta visita. ◘

Rosa Maria Seabra

A felicidade esteve bem espelhada

no rosto de D. Armindo

Centro Social Machado Vaz Na tarde do dia 04/04/2006 este Centro teve o prazer de receber o Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho.

11

Move, promove e tudo se desenvolve E ELOLO S  SOCIAL

OCIAL 

20062006 2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre

»»> Perspectivas Eugénio da FonsecaEugénio da FonsecaEugénio da Fonseca Presidente da Caritas Portu-guesa e da Dioc. de Setúbal

Coerência, precisa-se! Sempre que o país ou o mundo entram em qualquer tipo de reces-são, a “crise” passa a ser a palavra-chave. Presentemente, diz-se que Portugal está num estado de depres-são colectiva por causa da crise económica que está a atravessar. É inegável que não estamos a viver um período fácil. Basta ver a situação socioeconómica em que se encontram milhares de portu-gueses que, sem trabalho, caíram nos braços da pobreza. Contu-do estou convencido de que o estado depressivo de que se fala não se deve tanto à falta de recursos materiais, mas de esperança numa forma diferente de viver em sociedade. Julgo, por isso, que a crise fundamental não é de natureza financeira, mas de valores. A falta de autenticidade no dizer e no fazer de muitos, tem contri-buído, sem dúvida, para a desilusão e desconfiança que se insta-laram entre nós. É certo que não se trata de um problema novo. Faz parte do pecado original. Por isso, é já muito antigo o ditado popular que diz: “bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, mas não faças o que ele faz”. O drama, porém, é que a autenticidade parece ter deixado de fazer parte do código de conduta da maioria das mulheres e dos homens do nosso tempo, particularmente daqueles que, pelos ideais que defendem ou pelas responsabili-dades sociais que detêm, mais deveriam pugnar pela fidedignida-de. A este propósito vale a pena recordar o grande e saudoso Papa Paulo VI, que já em 1975 dizia que “o homem contemporâneo escuta com melhor vontade as testemunhas do que os mes-tres” (EN 41). Não só continua actual esta constatação como se torna urgente que a levemos a sério, sob pena de vivermos em permanente desconfiança e desrespeito mútuos que colocam em causa a vontade de dar as mãos pela construção de uma socieda-de de maior bem-estar para todos. ◘

»»> Diocese Portucalense Pe. A. Jardim MoreiraPe. A. Jardim MoreiraPe. A. Jardim Moreira Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza

O olhar de Cristo leva-nos mais longe

A morte de um travesti, provocada por alguns adolescentes que residiam na instituição "Oficinas de S. José" no Porto, foi o rastilho para acusações, nem sempre justas, por dúvidas sobre a forma, sistemas e políticas, com que se tem vindo a responder ao grave flagelo da nossa sociedade, decorrente da crise de valores, das famílias e/ou da falta delas. 1. Não podemos ignorar que todos nós somos responsáveis pela construção e/ou destruição da sociedade em que estamos inseridos; 2. Que o Estado deve assumir as responsabilida-des directas, pelos problemas decorrentes da organização da sociedade, dos valores pessoais, familiares e colectivos, de uma cultura de permis-

sividade e até desrespeitadora dos outros e por isso, tantas vezes, desumana. 3. A Igreja, que recebeu do seu Senhor e Mestre, o mandamento do amor ao irmão, ao injustiçado e excluído, ao ponto de se identi-ficar com ele, exige que a Igreja no exercício da sua intervenção social, não se reduza ou equipare à intervenção legal do Estado. Pessoalmente, considero que a Igreja, no passado, foi muitas vezes pioneira, indo à frente de qualquer intervenção pública, quer com crianças quer com idosos. Hoje, com o crescente assumir das responsabilidades sociais do estado, na área social e dos Direitos Humanos, a Igreja deve tam-bém continuar a ir sempre mais além, no Amor e na qualidade das respostas que oferece aos mais pobres, às vítimas da marginalida-de e do crime. A sociedade cristã e não cristã espera esta diferença positiva na acção social e conotativa da Igreja, ou seja, a mais valia na prática dos que têm fé. Assim, quando as instituições da Igreja não conseguem proporcio-nar as condições e respostas de qualidade e dignidade àqueles que lhes são confiados, quer por falta de meios e/ou condições, quer pela escassez de recursos humanos, então parece-me que não deve aceitar limitar-se a uma resposta que pode ser pouco digna e desadequada e/ou nada Evangélica. As instituições de erecção canónica devem ser a expressão visível da caridade, do rosto misericordioso de Deus, na Sua Igreja. De outra forma são a negação (escandalosa) do humanismo total que Jesus espera dos seus seguidores. ◘

Pe. Lino MaiaPe. Lino MaiaPe. Lino Maia Presidente da CNIS e do SDPSC - Porto

Páscoa: o dia que o Senhor fez

O dia que o Senhor fez é o dia da vitória pascal de Cristo. Esta é a obra do Senhor. “Foi o Senhor quem o fez, foi milagre do Senhor”. Entrar nesta dimensão é a grande e fascinante tarefa que, anualmente, todos os que nos sentimos seduzidos e enviados pelo Senhor somos convi-dados a fazer durante os dias pas-cais. A Igreja, a que pertencemos, é a obra do Senhor! Os discípulos de Cristo são obra do Senhor, são dom para a Sua Igreja, para a construção dum mundo novo, mais humano e, portanto, mais divi-no. O amor que o Senhor derramou em nossos corações pelo dom do Espíri-to Santo, e que se manifesta e difun-de como distintivo dos cristãos, é obra do Senhor. O tempo pascal é dar graças por este “dia” que o Senhor fez… É dar graças por todos os novos sorrisos que se ajuda a esboçar em rostos de espe-rança como aleluias e hossanas por um futuro melhor… ◘

10 OOBRA

BRA & A

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CÇÃO 

Uma Obra com visão e futuro! 2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre 20062006

»»> Um Obreiro Bernardino ChamuscaBernardino ChamuscaBernardino Chamusca

Advogado e ex- Presid. ODPS

Os Fundadores Referindo-se ao dia 6 de Fevereiro de 1964, uma acta que, sendo o primeiro documento do arquivo da ODPS, entendemos ser o documento funda-dor desta Instituição, aponta os nomes do Bispo D. Florentino de Andrade e Silva e das Assistentes Sociais Julieta Marques Cardoso e Maria Margarida Rosas da Silva como as personalidades que naquele dia, em reunião realizada no Paço Episco-pal do Porto, pelas 15,30 horas, plan-taram a semente da Obra Diocesana. D. Florentino, Administrador Apostóli-co da Diocese, na ausência de D. António Ferreira Gomes, exilado em 1958 pelo Dr. António de Oliveira Salazar, chamou logo a colaborar com a Obra nascente o Pe. António

Teixeira Fernandes, pouco depois o Pe. Albino Carvalho de Sou-sa e meses mais tarde, como responsável pastoral pela área do Cerco do Porto, o Pe. João Alves Dias. Papel de relevo tiveram as Assistentes Sociais acima menciona-das, a primeira como Directora, naquele ano, do Instituto de Servi-ço Social (fundado em 1956 por D. António Ferreira Gomes, tendo como suporte jurídico a Associação de Cultura e Serviço Social), tendo ainda colaborado nesse ano de 1964 as Assistentes Sociais Esmeraldina Oliveira, Maria Augusta Negreiros e Ana Maria Miranda. “O Instituto de Serviço Social, como instituição da Igreja, dispôs-se a colaborar nesta iniciativa” ficando “combinado que as Monito-ras que orientam os estágios das alunas, lançariam o trabalho nos primeiros bairros” - lê-se na dita Acta. O documento regista ainda que o Prelado se propôs fazer “junto da Câmara Municipal as dili-gências necessárias para que este organismo subsidie o trabalho a realizar”. Nesse ano de 1964 colaboram também personalidades como Dr. Pedro Cunha, Dr. Carlos Lobo (fazia a ligação da C. M. Porto com a Obra), Dr. José Francisco dos Santos, o seminarista Moura, Arqº Sena Esteves, Dr. Justino Cruz, Eng.º José Cunha, Eng.º Resende além de um grupo de pessoas do Bairro do Cerco do Porto que em outra oportunidade referiremos. Logo em 1964 surge um Conselho Consultivo que reúne no mês de Setembro tendo como membros o Pe. A. Fernandes, a Dr.ª Maria do Carmo Nunes (Instituto de Assistência à Família), o Dr. Braga da Cruz (Delegado de Saúde), o Dr. Carlos Lobo (C. M. Porto), o Dr. Pedro Cunha da «Equipe Central” da Obra e as Assistentes Sociais Julieta Cardoso e Esmeraldina Oliveira. ◘

»»> Obra agendada DATA ACTIVIDADE CENTRO SOCIAL

2º Trim.

Visita ao Museu da Moeda (3ª Idade)

Cerco do

Porto

Passeio a Viseu (3ª Idade) Participação no Campeonato Nacional de Boccia (3ª Idade) Acção de sensibilização para

a Educação Rodoviária (Infância) Dia Mundial da Criança –

visita à Quinta do Sorriso (Infância) Um dia no Parque Aquático –

Vieira de Leiria (Infância)

Maio

Passeio à Santa Sãozinha de Alenquer

Machado Vaz

Debate: “Educação para envelhecimento saudável” Participação no concurso

“Mostra o que sabes”

Jun.

Sessão de informação e esclarecimento sobre “Gripe Humana de Origem Aviaria”

Passeio de comboio ao “Tua” Apresentação ao público

duma peça do Teatro

2º Trim.

Gravação de um CD, como culminar do Projecto “Crescer com a Música”

(1, 2, 3, 4 e 5 anos).

S. Roque da

Lameira

Vivência do Dia da Mãe (com a participa-ção das mães numa manhã recreativa). Participação no Concerto “A Quinta da

Amizade”, no Europarque (3, 4 e 5 anos). Visita ao Estádio do Dragão (4 e 5 anos). Visita ao Parque da Cidade (2 e 4 anos).

Visita á Biblioteca Almeida Garrett (A.T.L.).

Estas são algumas das muitas Activida-des que os Centros Sociais da ODPS vão realizando frequentemente. “Hoje” são estes Centros os referidos, “amanhã” serão outros. ENVIEM-NOS SEMPRE AS VOSSAS VÁRIAS NOTÍCIAS, TRABALHOS E FOTOS!!!

VAI SER UM DIA EM GRAN-DE, COM 300 OBREIROS...

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O OBRA

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20062006 2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre Move, promove e tudo se desenvolve

A visita embora breve e inesperada, agradou aos Utentes do Centro que, sem contarem os encon-trou num treino da modalidade de “Boccia”. Apesar do imprevisto da visita, os idosos não dei-xaram de manifestar a sua satisfação e agradeci-mento pela consideração que representa sempre a sua vinda. Agradavelmente bem disposto o Bispo D. Armindo Lopes Coelho conversou com os Utentes e fez referência ao “ar feliz” que os idosos deixaram transparecer. Utentes e Colaboradores agradecem a vinda do Rev.mo Senhor Bispo e congratulam-se que volte em breve, com mais tempo, para permitir a pre-sença de ainda mais idosos, porque é para todos motivo de orgulho receber Sua Excelência Reve-rendíssima, o Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho. ◘

Maria de Lurdes Regedor Castro

Centro Social Rainha D. Leonor

No dia 4 de Abril de 2006 foi com satisfação e alegria que recebemos a visita de Sua Ex.cia Reverendíssima, o Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho. Começou por inaugurar as novas instalações do ATL do Centro Social Rainha D.ª Leonor que sofreram obras de beneficiação. Estas obras esta-vam há muito previstas, mas só com o empenho e persistência do Conselho de Administração, pre-sidido por Américo Ribeiro é que estas finalmen-te foram concretizadas, e, hoje, temos condições dignas de trabalho. Visitou também as instalações da Creche, Jardim-de-Infância e Terceira idade. Satisfeito com o que viu, o Bispo D. Armindo teve sempre uma palavra amiga e um sorriso para com os colaboradores e utentes deste Centro. Os idosos receberam-no com entusiasmo e ale-gria e solicitaram-lhe uma próxima visita onde o Bispo D. Armindo pudesse confraternizar com eles, e até mesmo pediram para fazer a bênção da sala de convívio. Apesar de breve e inesperada, esta visita marcou quer idosos, quer colaboradores, que esperam ter nesta “casa” novamente a sua presença. ◘

Isabel Cristina

Centro Social do Regado No dia quatro de Abril Do ano dois mil e seis No centro Social do Regado Uma lápide vereis. Nesta, gravado ficou, O dia em que, Rev.mo Bispo do Porto por aqui passou. Outras figuras ilustres Acompanharam este «Grande Amigo» Visitando também A nossa feira do livro. No final destas “andanças” E de tudo observado Surgem agora as perguntas Das crianças do Regado: - Quem é o senhor Bispo? - O que é ser Bispo? - O que veio cá fazer? - Porque veste aquela roupa tão comprida? - Porque anda de preto? - Porque é que se dá um beijo nas suas mãos? A todas estas questões nós iremos responder Mas agora o importante É nunca este dia esquecer. ◘

Marília de Bastos Florindo

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Uma Obra com visão e futuro!

2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre 20062006

Centro Social de S. Roque da Lameira

A visita do Senhor Bispo foi uma grande e boa surpresa para todos nós. O Centro Social S. Roque da Lameira tem sido ultimamente alvo de alguns melhoramentos o que tem feito com que todo o pessoal se tenha empenhado no conforto e na decoração do mesmo. Como tal a vinda do Senhor Bispo apesar de inesperada foi para nós um grande incentivo á continuação do empenhamen-to para a criação cada vez mais de um bom e agradável ambiente para todos os Colaboradores e Utentes. Da nossa parte o muito obrigado pelo interesse e disponibili-dade com que a sua visita nos presenteou. Bem haja! ◘

Aurora Rouxinol

Centro de S. Tomé

»»> Infor ’ O b r a

Visita ao Parque Biológico de Gaia

No dia 10 de Fevereiro, as crianças do Centro Social S. Roque da Lameira, na valência A.T.L, foram visitar o Parque Biológico de Gaia, Empresa Municipal instituída peia Câma-ra Municipal de V. N. de Gaia. (…) O objectivo desta visita foi contribuir para a educação ambiental das crianças, facili-tando-lhes o contacto com a natureza, fonte de equilíbrio psicológico. No final da visita, as crianças lancharam no recin-to destinado para o efeito. ◘

Um livro, um encontro, uma reflexão... O dia 2 de Abril é celebrado internacionalmente como o Dia Internacio-nal do Livro Infantil e como tal este ano o C. S. Regado resolveu come-morá-lo de uma forma especial, inserindo-o nas actividades de promo-ção e desenvolvimento pedagógico do projecto educativo de centro, que tem por tema “Abre um livro… descobre os seus segredos”. Assim, na semana de 3 a 7 de Abril foi organizada uma pequena feira do livro, onde se podiam encontrar alguns dos melhores títulos disponíveis

para crianças em idade pré-escolar e também do 1º Ciclo. A afluência foi bastante significati-va, ultrapassando as expectati-vas iniciais e proporcionando assim ao centro a oferta de alguns livros, por parte da edito-ra representada na feira. Para enriquecer esta iniciativa tivemos o prazer de contar com a ilustre presença do Professor Doutor José António Gomes, professor da disciplina de Litera-tura para a Infância na Escola Superior de Educação do Porto.

(…) ◘

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20062006 2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre Move, promove e tudo se desenvolve

O mesmo site ODPS, mas com novo rosto... Na tarde do dia 7 de Abril, deu-se o lançamento do novo site da Obra Diocesana de Promoção Social (ODPS), com a presença do Presidente do Conselho de Administração, Américo Ribeiro, a Direcção, o Presidente ces-sante, Bernardino Chamusca, e os Responsáveis de cada um dos 12 Centros Sociais do Porto, ao cuidado da ODPS. Como convidados palestrantes estiveram o Prof. Daniel Serrão e o Eng. Tiago Fernandes, enquanto que o Director de Informação, André Rubim Rangel, se encarregou pela apresentação/demonstração do site. O Presidente, Américo Ribeiro, como anfitrião, fez a abertura referindo que aquele era um momento duplamente

significativo, visto que a par do novo site se inaugurava o pequeno salão, onde se deu a cerimónia, no 2º andar dos Serviços Centrais da ODPS. Comovido e sempre convicto e objectivo nas suas palavras disse que “este é o site, o verdadeiro site que eu pretendo, de futuro. Todos nós jun-tos temos um papel importante no desenvolvimento da Obra. Já o temos através do Espaço Solidário, mas não é suficiente. Queremos que este site seja cada vez mais

visitado, com a vossa ajuda. Este Conselho de Admi-nistração está aqui para dar e durar, apesar de redu-zido. Sou hoje um homem feliz e emotivo por ver que a Obra cresce agora mais com o novo site”. (…) Todos os leitores estão, desde já, convidados a navegar em www.odps.org.pt e a dar a sua opinião e sugestão, que a posteriori poderá vir a ser publicada no próprio site. Obrigado. ◘ ARR

Um Dia do Pai bem especial O Centro Social Fonte da Moura, desde Outubro de 2005, tem vindo a dar corpo a um projecto "Tudo em Famí-lia", junto dos utentes das valências da Terceira Idade. Este trabalho, iniciou-se a partir de encontros mensais realizados a partir das 21h00, onde estiveram presentes filhos, netos e outros familiares, para em conjunto reflectirmos sobre os vários temas/problemas/actividades direccionadas para estas valências. De um destes encontros, surgiu a ideia de comemorar o Dia do Pai de uma forma diferente ao qual demos o nome de "Dia dos Pais". Assim, no dia 17 de Março, as famílias trouxeram os idosos para um jantar convívio. Neste jantar contamos com a colaboração e presença do Sr. Presidente do Conselho de Administração, bem como outros membros do respectivo Conselho, com os Directores de Serviços, Colaboradoras (Cozinha, ATL, Apoio Domiciliário e Centro de Dia), não esquecendo a peça fundamental do nosso trabalho "utentes e Família". Foi um dia diferente na vida de todos, pautado de emoção, alegria, convívio e amizade. Se querem saber mais, aguardem por nós no próximo número. ◘

A Equipa de Colaboradores

O evento realizou-se no dia 04 de Fevereiro de 2006 pelas 11,00 horas no lugar menos imaginável, ou talvez não - Pavilhão do Grupo Desportivo, Cultural e Recreativo das Escolas de Arreigada em Paços de Ferreira ao qual a ODPS agradece a disponibilidade pela cedência gratuita do mesmo, pois são gestos que vão escassean-do e como tal devem ser salientados. (…) Podemos afirmar, sem qualquer dúvida, que o evento foi um sucesso, o qual se repetirá e, quiçá, poderá desen-cadear a formação de equipa para outros palcos dada a excelente "craveira" da maioria dos participantes. ◘

Paulo Lapa

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Uma Obra com visão e futuro!

2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre 20062006

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Cantar as Janeiras Ao longo do mês de Janeiro o Conselho de Adminis-tração e os colaboradores dos Serviços Centrais tive-ram o prazer de receber vários grupos de utentes dos Centros Sociais do Cerco do Porto, Machado Vaz, Pasteleira e Pinheiro Torres. O Salão Nobre da Obra Diocesana, uma bonita sala onde se encontram fotografias de todos os Bispos do Porto desde a fundação da Instituição (1964), rece-beu crianças e idosos que, com alegria e satisfação cantaram temas tradicionais da época que se estava a viver. Cada actuação foi seguida de um pequeno lanche onde o convívio fraterno foi sentido e vivido por todos, incluindo o Presidente do Conselho de Administração, Américo Ribeiro, e o Tesoureiro, Rui Cunha. ◘

Formação de Cozinheiras Em Fevereiro, ao longo de três sábados, o Centro Social da Pasteleira acolheu as sessões práticas do Curso de Formação de Gestão e Organização de Cantinas. Quinze cozinheiras da Instituição tiveram o privilégio de reciclar os seus conhecimentos com o Chefe de Cozi-nha António Barbosa. Durante as sessões, este demonstrou a confecção de várias pratos, onde se comprovou todo o seu talento e a máxima de que na cozinha tudo se pode aproveitar. A última sessão desta formação, culminou num almoço onde as formandas, o Chefe, o Presidente do Conselho de Administração, a Responsável da Formação, Dr.ª Paula Salvador, e os Directores de Serviço puderam con-firmar os resultados desta formação, materializados em saborosas iguarias. ◘

Mónica Taipa de Carvalho e João Pratas

1º Jogo de Futebol ODPS

A expectativa era grande, o evento tam-bém não era para menos, estávamos a minutos de participar no acontecimento, que pela simbologia do mesmo, ficará para a história da Instituição, como o primeiro jogo de FUTEBOL (futsal) entre os colaboradores da ODPS e o Conse-lho de Administração.

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»»> LIGA dos AMIGOS da ODPS:

Move, promove e tudo se desenvolve O OBRA

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tido de fortalecer os valores sociais, fraternos e de partilha na sociedade onde vivemos. 2. – Qual é o critério e condições de inserção associativa nesta Liga? Ou seja, quem pode e não pode per-tencer à Liga? Devemos canalizar todos os contribuintes, não podemos excluir ninguém. 3. – Quais são os grandes propósitos que esperais, juntamente com o Conselho de Administração, desejais ver alcançados a curto e a médio prazos? Vamos unir ideias, princípios e objectivos delineados pelo Conselho de Administração da Obra e permitir promover o bem social, alegrias, fornecer bens materiais e financeiros conforme os vamos reunindo. 4. – De que forma vos comprometeis a que esses objectivos e projectos sejam cumpridos e realizáveis com sucesso? Dentro do esforço individual e com o contributo de todos os que consigamos reunir em torno de Projecto. 5. – Como é que o ESPAÇO SOLIDÁRIO, em concreto, beneficiará da vossa boa obra e acção? Poderemos obter o contributo de individualidades ou empresas que possam contribuir para o enriquecimen-to do próprio Espaço Solidário. ◘

Adão Oliveira, Fernando Moreno e Gisélia Ribeiro

Obra Diocesana vive momentos felizes MANUEL GONÇALVES, natural de Riba d’Ave – Santo Tirso, radicado no Brasil, há dezenas de anos, faz des-locar a FÁTIMA todos os Idosos da Obra Diocesana. Altruísmo, dádiva, amor ao próximo, generosidade, bondade, carinho e gratuidade são palavras que encaixam na pessoa de MANUEL GONÇALVES. O dia 28 de Abril de 2006 marca história na vida da OBRA DIOCESANA. A Liga de Amigos da ODPS levou ao Conselho de Administração este ilustre português, que, de imediato, quis conhecer a Obra Diocesana. Acompanhado pelo Presidente, Américo Ribeiro, pelo Tesoureiro, Rui Cunha, e pelo membro da Liga de Ami-gos, Adão Oliveira, foi-lhe proporcionada uma visita a diversos Centros Sociais para conhecer mais de perto a dimensão desta Instituição no contexto social da cidade do Porto. Admirado, impressionado, sensibilizado e comovido com tudo que presenciou: a capacidade organizativa que encontrou, o espírito de família e de grupo que presenciou em todos os Colaboradores, a recepção que lhe foi feita pelas Responsáveis dos Centros, o carinho que lhe foi dispensado pelos Idosos e também pelas crianças, a modernização encontrada em alguns Centros Sociais, o equipamento/mobiliário de qualidade que dão vida a

todos aqueles que o utilizam… foram algumas das palavras que nos dirigiu. Após esta visita, o Conselho de Administração proporcionou uma recepção a Manuel Gonçalves nos Serviços Centrais da ODPS, onde lhe foi oferecido um almoço familiar, com a presença de todos os Colaboradores dos Serviços Cen-trais, os Directores de Serviço, os membros Conselho de Administração, Amé-rico Ribeiro e Rui Cunha, da Liga de Amigos, Adão Oliveira, Fernando Moreno e Gisélia Ribeiro, o anterior Presidente da ODPS, Bernardino Chamusca, e a presença honrosa do Vigário Geral da Diocese, Pe. Américo Aguiar. Ali viveram-se momentos extraordinariamente enriquecedores envoltos em

1. – O que pretende ser, no vosso entender, a Liga dos Amigos da ODPS? A Liga pode contribuir com a união de esfor-ços, quer de particulares, e empresas no sen-

Fernando Moreno

Adão Oliveira

GiséliaGiséliaGisélia RibeiroRibeiroRibeiro

Manuel Gonçalves

Américo Ribeiro

Rui Cunha

cont. ►

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Uma Obra com visão e futuro!

2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre 20062006

»»> Entrevista com...

José RAMOS HORTAJosé RAMOS HORTAJosé RAMOS HORTA Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Timorense

O que tem sido para si, com tudo o que acarreta, ser Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Timor? José Ramos Horta (JRH) – O cumprimento duma missão enquanto membro do Gover-no do meu país. Não é uma função desusadamente especial. Dentro das tarefas que cabe a cada um de nós esta é a que me coube. Pro-curo, portanto, fazê-la da melhor maneira possível. Há uma década atrás, preci-samente, conquistava o Pré-mio Nobel da Paz. Sente que continua e que pode agora fazer muito mais pela paz, não só em Timor, mas a nível mundial? JRH – Procuro fazer o que eu posso, primeiro no meu país. Na medida do possível, dar confiança, fé e esperança a muitos outros povos. Anseio a paz no mundo, mas a minha prioridade é a minha própria casa, o meu país, porque ainda não temos paz e democracia profundamen-te enraizadas. Antes disso recebeu o Pré-mio dos Direitos Humanos. Tem sido uma referência excelente nesses dois valo-res basilares da Cidadania? JRH – Às vezes é um peso demasiadamente grande. Criam-se ilusões e/ou expectativas em relação a uma determinada pessoa. Podemos dizer que o povo

timorense vive agora em paz, na dimensão ausente do martírio? JRH – É verdade que esta-mos em paz, estamos em liberdade. Já foram os anos do medo, do sofrimento, da tortura. Há uns bons anos proferiu que a globalização seria cru-cial. Acha que essa mesma globalização com que ideali-zou está já implementada ou poderá vir a ser melhorada? JRH – Obviamente que não. A globalização tanto tem efeitos positivos, como nega-tivos. Tem trazido benefícios, mas também alguns prejuí-zos a muitas comunidades pelo mundo fora. Há data marcada para a sua possível candidatura a Secretário-geral da ONU? Quando e como pensa anun-ciá-la? JRH – Não tenho data marca-da. Já tenho dito que ainda não tomei uma decisão sobre o assunto e não posso dizê-lo agora. Tomarei a seu tem-po, se tomar! Sente os apoios de Portugal e dum modo geral? Têm sido relevantes? Vão pesar na sua decisão? JRH – Acho que devo tomar essa decisão, mas na altura certa. Por enquanto não. Não sou candidato e não posso comentar mais do que isso. ◘

Realizada em Mar. 2006 Texto e Foto: ARR.

“… ainda não temos paz e democracia

profundamente enraizadas”

espírito de família e de ami-zade. A intervenção do Presidente do Conselho de Administra-ção, Américo Ribeiro, foi de saudação amiga a todos os presentes e de enaltecimen-to e enfoque à generosidade e amor ao próximo, demons-trados pela pessoa de Manuel Gonçalves. A emo-ção foi notada mas partilhada e comungada mutuamente. Manuel Gonçalves agrade-ceu o dia maravilhoso que lhe proporcionaram em conhecer a Obra Diocesana, em saber o que era a Institui-ção e que, numa próxima deslocação, gostaria de visi-tar todos os outros Centros Sociais que ainda não conhece. Referiu que a sua dádiva era feita com alegria, com amor, com enorme satisfação e com a certeza de que iria contribuir para a felicidade de muitos Idosos. Entregando um cheque no valor €5.000,00 destinado à deslocação de todos os Ido-sos a Fátima, onde haverá uma celebração, manifestou que gostaria de estar presen-te nesse dia connosco mes-mo deslocando-se, proposi-tadamente, do Brasil. Por fim, o Pe. Américo Aguiar, Vigário Geral da Dio-cese, teceu palavras de incentivo ao Conselho de Administração pelo trabalho e dedicação que têm vindo a prestar à Instituição, palavras de motivação e de carinho pelo esforço e dinamismo que a recente Liga de Ami-gos está a desenvolver e, finalmente, palavras de grati-dão, de reconhecimento, de elogio ao gesto generoso de Manuel Gonçalves. A Obra Diocesana vive um momento histórico e de futu-ro risonho e feliz, que encon-tra em pessoas como Manuel Gonçalves o elo motivador para o sucesso. ◘

◄ cont.

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A 20062006 2º Trimestre2º Trimestre2º Trimestre Move, promove e tudo se desenvolve

Escola de vida cristã A autenticidade ou vida autêntica no movi-mento francês da “Filosofia do Espírito” mani-festa-se na existência em conformidade com o que a eleva e valoriza no acesso à transcen-dência (Enciclopédia Verbo). Ser autenticamente Homem, com os valores próprios do Corpo e da Alma, nos tempos que correm, tem sido difícil e parece-o cada vez mais face a uma anticultura instalada. Essa anticultura é por vezes notória na comunica-ção social, na televisão, no cinema, no teatro, etc., bem como nas formas de vida fácil e desprendida muitas vezes de sentimentos, que aniquilam os valores humanos mais nobres. Nesse sentido, para alguns a autenti-cidade deixou de ser o carisma do carácter e passou a ser o carisma da mediocridade. Para o cristão comprometido, a autenticidade é uma escola de vida cristã para o próprio e para o relacionamento com os outros. Só des-se modo a solidariedade se transforma na verdadeira caridade. ◘

»»> Descobrir a AUTENTICIDADE Francisco Carvalho GuerraFrancisco Carvalho GuerraFrancisco Carvalho Guerra Presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa

»»> Janela de Inclusão Paulo MoraisPaulo MoraisPaulo Morais Professor Universitário e ex-Vice Presidente da C. M. Porto

Modelo social europeu Duas gerações volvidas sobre a II guerra mun-dial, o maior desafio dos europeus é ainda a manutenção da paz. E essa só será garantida, em meu entender, se forem cumpridos, ainda que minimamente, os objectivos definidos pela agenda de Lisboa. É certo que transformar a economia europeia na mais competitiva do mun-do, numa lógica de desenvolvimento sustentado e respeito pelo ambiente, a par da manutenção do modelo social europeu – parece objectivo inalcançável. O modelo social europeu, hoje tão questionado, tem padecido, em particular nos países do sul da Europa, duma lógica demasiado assistencialista. Muitos governos têm avaliado as respostas sociais de forma perversa: premeiam (e pagam, com o provento dos nossos impostos) as respos-tas sociais em função do número de utentes assistidos e jamais em função dos progressos de inclusão experimentados por aqueles. Desta forma, inflacionam artificialmente a quantidade de beneficiários do modelo; mas sobretudo, o número de negociantes com o sistema. Aumen-tam o custo do sistema e liquidam a sua poten-cial eficácia. Privilegiando a quantidade de assis-tidos, em detrimento da qualidade da assistên-cia, eternizam a desgraça. Geram-se assim fal-sas respostas que mais não são do que negó-cios montados em cima da desgraça alheia. Este modelo é anti-social e economicamente insus-tentável. Designa-se frequentemente por acção solidária, mas não é de autêntica solidariedade que se trata. Os resultados deste modelo perver-so estão à vista, nas ruas e bairros de França, na marginalidade suburbana em Portugal, em suma, no seio da nossa civilização. Urge mudar este paradigma de intervenção social. O apoio social deve ser entendido de uma forma integrada e evolutiva. Não pode nunca por nunca estagnar através de modelos ultrapassa-dos, estafados, através dos quais uma mesma resposta é artificialmente mantida, dirigida aos mesmos utentes ao longo do tempo; a sociedade europeia exige que as respostas se destinem a diferentes públicos em diferentes momentos ou preferencialmente, diferentes respostas a dife-rentes utentes. Quando assim acontece, quer dizer que não só as respostas estão a resultar relativamente a cada utente, mas também que, sob o ponto de vista social, os problemas são novos, na medida em que os anteriores se foram resolvendo ou minimizando. Só através duma acção social moderna, inclusi-va – enfim, autêntica – o modelo social europeu pode ser salvaguardado. E assim, talvez a Agen-da de Lisboa se cumpra e a Europa tenha futuro. É o objectivo da manutenção da paz que no-lo exige! ◘

Sr. Manuel Gonçalves, um bom e generoso amigo da ODPS