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ABA: Metabolismo e ABA: Metabolismo e mecanismo de ação.mecanismo de ação.
Cristina Filomena JustoCristina Filomena Justo
Fisiologia Vegetal AvançadaFisiologia Vegetal AvançadaLavras – MGLavras – MG 2005 2005
Introdução• A descoberta:
Dormina 1949, Paul F. Wareing, Inibidor de crescimento em gemas de batata e freixo
Abscisina II 1960, Frederick T. Addicott Aceleração da abscisão de folhas e frutos
Identidade química entre dormina e abscisina II.
Consagração do termo ÁCIDO ABSCÍSICO.
• Ocorrência:– Em todas as plantas vasculares,
na maioria dos tecidos vivos;– Em Briófitas, exceto hepáticas;– Em Fungos, como metabólito
secundário.
Introdução (2)
• Dormência de gemas e sementes;• Fechamento estomático;• Inibição do alongamento da raiz principal e
formação de raízes laterais;• Maturação de frutos;• Morte celular programada;• Senescência;• Síntese de proteínas de reserva em sementes;• Tolerância a stresses diversos (salinidade,
frio,...);• Tolerância a dessecação;• Tuberização, etc...
O ABA está relacionado com a indução de:
Funções
A estrutura molecular do ABA determina sua atividade fisiológica.
Introdução (3)
COOH
OH
O
15 Carbonos
Derivado isoprenóide
cistrans
IsômerosIntrodução (4)
• Ativo na maturação de sementes;• Inativo no fechamento estomático;• Presente nos produtos sintéticos.
Forma ativa de ocorrência natural
• Forma inativa conversível para a forma ativa [cis];• Não ocorre naturalmente;
Não ocorre conversão
Presente nos produtos sintéticos
Biossíntese do ABA
ABAABA
Via diretaRota do
mevalonato(fungos)
Via indireta
Rota do DOXP
(plantas)
DMAPP= dimetilalil pirofosfato
IPP= isopentenil pirofosfato
FPP= farnesil pirofosfato
GPP= geranil pirofosfato
GGPP= geranilgeranil
pirofosfato
Giberelinas
Etapas finais da síntese do ABA
Citossol
Xantoxal
C40
C15
NCED = 9-cis-epoxi-carotenóide dioxigenase
NCED
SDR
SDR = desidrogenase/
redutase de cadeias curtas
AOAO=
aldeído oxidase
Mutantes deficientes em ABA• Auxiliaram na
elucidação da via de síntese.
• Apresentam:
• Fenótipo murcho e/ou
• Viviparidade de sementes.
• Aplicação de ABA exógeno restaura fechamento estomático.
Catabolismo
ABA-β-D-glicose éster
Conjugação c/
monossac.
Desacelerado em caso de stress hídrico
Nova via de catabolismo
Zhou et al. (2004)
Não enzimático
?
• O neoPA foi detectado principalmente em sementes e plântulas.
• Ainda não se sabe o destino posterior do neoPA.
RNAm
Nova via de catabolismo (2)(Zhou et al. 2004)
•9´OH ABA tem efeito sobre indução dessa enzima
•O efeito do neoPA é fraco
Regulação do metabolismo
Formas inativas
Taxa de Biossíntese
NCED
ZEP
ABA-G
apoplasto -glicosidase
(+)-ABA-G
(+)-ABA
Transporte de ABA
Seiva bruta
• ABA livre
• ABA conjugadoSeiva elaborada
• ABA livre
• ABA conjugado
Sequestro e catabolismo no simplasto do mesofilo
Síntese no simplasto da raiz
Produção de formas conjugadas
Movimentação via simplasto e apoplasto
Carregamento do xilema
Biossíntese no mesofilo
Carregamento do floema via simplasto e apoplasto
Sauter et al. (2002)
Alcalinização da seiva bruta sob stress hídrico
ABA livre x conjugado
• O ABA conjugado é uma forma importante de transporte a longa distância (Sauter et al. 2002).
Transdução de sinal• A transdução de sinal depende da
existência de um receptor.• Identidade do receptor do ABA?
– Talvez seja um canal de cálcio,– Talvez ative uma GTPase.
• Localização do receptor?– Plasmalema ou citossol?– Núcleo celular?
• Há um receptor ou vários?– Existem diferenças de respostas aos enantiômeros.
• A busca pelo receptor do ABA não tem tido sucesso, mesmo com as técnicas de engenharia genética (Finkelstein et al. 2002).
Evidências da localização intracelular
do receptor
ABA “encaixotad
o”
UV
Microinjeção
(Allan et al. 1994; Schwartz et al. 1994)
Não descarta a possibilidade do ABA ligar-se a um receptor na plasmalema “pelo lado de dentro”.
Evidências da localização do receptor na plasmalema
• O ABA é incapaz de atravessar a plasmalema em pH 8, mas ainda ocorre fechamento estomático parcial (Anderson et al. 1994), portanto o ABA teria de agir “pelo lado de fora”.
• Ligação do anticorpo JIM19 a glicoproteínas na membrana plasmática é inibida competitivamente pelo ABA (Desikan et al. 1999).
• Acúmulo de ABA no apoplasto das células guarda resulta em fechamento estomático (Zhang e Outlow 2001).
Finalmente localizado o receptor do ABA?
• bio-ABA e novas técnicas:– citometria de fluxo (FCM);– microscopia laser confocal (CLSM).
Yamazaki et al. (2003)
Composto fluorescente
Fluorescência com bio-ABA
Protoplastos isolados de células guarda;
O bio-ABA ligou-se à plasmalema;
O receptor forma “clusters”;
103 a 104 receptores por protoplasto.
Yamazaki et al. (2003)
O bio-ABA tem ação fisiológica.
Yamazaki et al. (2003)
• O bio-ABA foi reconhecido pelo provável receptor e ocorreu transdução de sinal.
Inibição competitiva pelo ABA
Yamazaki et al. (2003)
• Provável receptor reconhece o ABA .
Natureza química do receptor?
Proteinase K causou redução da ligação do bio-ABA.
Yamazaki et al. (2003)
Inibidor da proteinase ou uso de proteinase denaturada resultaram em aumento da ligação do bio-ABA
Seqüência de aminoácidos do provável receptor do ABA
(Razem et al. 2004)
• Essa proteína recebeu o nome de ABAP1
• Tem um domínio WW similar à proteína de controle da floração (FCA) em Arabidopsis.
A proteína ABAP1• Foi obtida da fração microssomal da camada de aleurona de cevada. É uma proteína de membrana? Embora seja rica em aminoácidos hidrofílicos. • 52 kDa (Razem et al. 2004) X 42 kDa da epiderme de folhas de “broad bean” (Zhang et al. 2002). Seriam receptores diferentes nas duas espécies ?• ABAP1 não se expressa em folhas de cevada. Múltiplos receptores na mesma planta?
3H-(+)-ABA.
Razem et al. (2004)
A proteína ABAP1
Razem et al. (2004)
• Liga-se ao isômero natural do ABA de acordo com o pH.
Um modelo para o
receptor do ABA
•Talvez seja um canal de cálcio
Mensageiros secundários
• ADP ribose cíclico (cADPR) (Schroeder et al. 2001).
• O fosfolipídio esfingosina-1-P (SIP)• O inositol tri-fosfato está envolvido com
a ativação de canais de íons.
• H2O2 e o óxido nítrico estão envolvidos na sinalização do ABA (Desikan et al. 2003).
• O nível de Ca2+ no citossol afeta a abertura estomática.
Schroeder et al. (2001)
cADPR = ADP ribose cíclico
PLC = fosfolipase C
InsP3 = inositol trifosfato
Ca2+ exerce feedback positivo
Mensageiros secundários envolvidos no fechamento estomático induzido pelo ABA
SV = canais de liberação de lenta de Ca2+ vacuolar
Uma proteína de membrana com Ca2+ “binding motifs”; Ativada por G proteínas (GTPases); Codificada pelo gene rbohA (respiratory burst oxidase homolog A);
Um gerador de mensageiro secundário?
• NADPH oxidase
Keller et al. (1998)
NADPH + O2 NADP++O2-+
H+
O2- H2O2 •Stress
oxidativoTalvez relacionada com a resistência a patógenos.
105 a 108 kDa;
G proteínas na transdução de sinal
• Uma GTPase (AtRac1) que se expressa preferencialmente em células-guarda.
• Essa enzima é inibida pelo ABA.
Lemichez et al (2001)
Adição de ABA
Transdução de sinal em
cascata• As MAP
quinases estão envolvidas na transdução de sinal em várias vias hormonais.
• São também ativadas por fosforilação (MAPKK)
Membrana
Adaptado de Morris (2001)
Respostas induzidas pelo ABA• Rápidas
– Movimentos estomáticos• Lentas
– Expressão gênica:• Indução do acúmulo de reservas em
sementes;• Indução de dormência;• Indução da tolerância à dessecação;• Inibição da expressão de enzimas hidrolíticas; • Aumento da tolerância ao stress (hardening).
Respostas rápidas: Canais de íons envolvidos nos movimentos estomáticos
Schroeder et al. (2001)
• Canais de Ca2+
• Canais de ânions (S e R)
• Canais de K+ out
• Canais no tonoplasto (VK e FV)
Indução do fechamento
Inibição da abertura
Indução do Fechamento
Inibição da abertura• Bomba de H+
• Canais de K+ in
O ABA e o citoesqueleto
• O ABA induz a desorganização dos filamentos de actina nas células guarda.
• O processo é mediado pelo cálcio citoplasmático, por quinases e fosfatases.
Hwang & Lee (2001)
• Resultando em fechamento estomático.
Actina no fechamento estomático
Lemichez et al. (2001)
• Combinou-se proteínas fluorescentes com a actina e a tubulina.
• A adição de ABA resulta em desorganização dos filamentos de actina e os estômatos fecham-se.• Os mutantes abi1 não apresentam alteração do citoesqueleto em resposta ao ABA.
• A GTPase (AtRac1) está envolvida nessa resposta.
Respostas lentas
• Promotor dos genes• ABRC = “ABA responsive complex”
– ABRE = “ABA responsive element”– CE = “coupling element”
Seqüência consenso
Seqüência consenso
• Estas seqüências estão localizadas upstream em relação às seqüências codificadoras; • São reconhecidas por fatores de transcrição.
Genes ABA - responsivos
Mutações dirigidas
• Descobriu-se dois segmentos na região do promotor dos genes que são importantes para esse reconhecimento:– ABRE e – CE.Shen & Ho (1995)
•Realizadas para compreender a seqüência de nucleotídeos necessária para o reconhecimento pelos fatores de transcrição responsivos ao ABA
Super- expressão
em resposta ao ABA.
Shen & Ho (1995)
Gene reporterPromoter
•Foram inseridas várias cópias da seqüência ABRE na região do promotor dos genes
•Quanto mais cópias maior a expressão
G-box• Ocorre em diversas regiões promotoras de genes responsivos a fatores ambientais (Shen & Ho 1995);
• Seqüência- consenso: ACGT.• Os elementos ACGT isolados não conferem responsividade direta ao ABA. A determinação da resposta depende da seqüência de nucleotídeos ao redor do ACGT que provavelmente interage com os fatores de transcrição (Velasco et al. 1998).
Tabela gbox e CE
Shen & Ho (1995)
ABRC x GARC
Box 2
W-box
Shen et al. (2001)
Fatores de transcrição (TF)• São “trans-acting proteins”;• Ligam-se a regiões específicas do DNA;• Reconhecem seqüências específicas de nucleotídeos;• Podem ser ativados por fosforilação (MAP quinases).• Vários TFs podem ser necessários antes do acoplamento da RNA polimerase (pol II).• Vários tipos de TFs já foram identificados em plantas.
Buchanan et al. (2001)
Leucine zipper
• São fatores de transcrição formados por duas subunidades protéicas.
• O aminoácido leucina está presente numa seqüência repetitiva e promove a interação entre as subunidades.
• Contém uma seqüência de aminoácidos básicos que interage com o DNA.
• Podem formar-se heterodímeros e homodímeros com especificidade diferente.
• Reconhecem as G-boxes responsivas ao ABA.
Exemplo:VP1
ABA e stress• O déficit hídrico
aumenta a produção de espécies reativas de oxigênio (NADPH oxidase).
• A super-expressão de alguns genes aumenta a resistência à seca e à salinidade.
• As LEA-proteínas conferem tolerância a dessecação em sementes, são induzidas pelo ABA e também podem ser expressas em tecidos vegetativos.
Arroz submetido a stress hídrico
Buchanan et al. (2001)
Arroz não-transformado
Linhagens com expressão
constitutiva do gene HVA1
Engenharia genética• Aumentar a sensibilidade ao ABA
com deleção do gene ERA1 , que exerce regulação negativa na sinalização do ABA (farnesil transferase).
• Reduzir o catabolismo do ABA para aumentar a tolerância à seca. – Como?
Schoereder et al. (2001)
Respostas independentes do ABA
Shinozaki & Yamaguchi-Shinozaki (2000)
“Genes de stress” não-responsivos ao ABA
Buchanan et al. (2001)
Fator de transcrição
Interação com outros sinalizadores
ABA x Etileno
Beaudoin et al. (2000)
Ação antagônica
ABA x GAABI 1
Ação antagônic
a(Proteína quinase)
Modelo para células de aleurona
VP1
(Proteína fosfatase 2C)
(Fator de transcrição)
(LEA proteínas)
Adaptado de Zentela et al. (2002)
ABA x Citocininas
• As citocininas reduzem a sensibilidade das células-guarda ao ABA (Radin et al. 1982).
• Efeito antagônico do ABA e citocininas na senescência foliar:– O ABA acelera,– As citocininas retardam.
ABA x Açúcares
Finkelstein & Gibson (2001)
• Os açúcares não são considerados hormônios, mas sinalizam o estado nutricional da planta;
• As respostas promovidas pelos açúcares podem ser sinérgicas ou antagônicas ao ABA;
• Glicose x sacarose, efeito similar ou antagônicos;
• Vários mutantes para sensibilidade aos açúcares tem sensibilidade ao ABA alterada (gin, sun, sis);
• Genes similares podem responder de modo similar aos açúcares e de modo diferente ao ABA.
• Os açúcares potencializam a sensibilidade ao ABA em células-guarda.
Análogos do ABA• Estrutura química
ABA metileno ABA acetileno
Adição de um grupo metil ao carbono 8´ dificulta catabolismo.www.abscisicacid.com
Análogos permanecem ativos por mais tempo.
Análogos do ABA (2)• Aplicação de análogos pode aumentar
a resistência ao stress hídrico.
(www.abscisicacid.com)
abóbora
conífera
Controle sob stress hídrico
10 dias após o tratamento
10-5 Molar
Controle
Análogos do ABA (3)
Yamazaki et al. (2003)
Uso de análogos do ABA
Perspectivas:• Aumentar a produtividade em áreas
marginais, sujeitas a stress hídrico;• Melhorar o desempenho de cultivos
comerciais;• Uso como herbicidas.
“O ácido abscísico exerce influência sobre quase todos os aspectos do crescimento e do desenvolvimento da planta em maior ou menor extensão. Sua ação ocorre através de uma complexa rede de sinalização celular. A produção e a ação do ABA é parte de uma rede de processos interativos que mudam continuamente em resposta aos sinais ambientais e endógenos.”
Em síntese:R
ock
(20
00
)
Obrigada !
cADPR (ADP ribose cíclico)
Grill & Himmelbach (1998)
cADPR
Sanches et al. (2004)