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“ABELHA NÃO FAZ MEDO, FAZ MEL! Dona Zizi - apicultora de 80 anos da Região do Mato Grande. Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1747 Junho/2015 João Câmara Dona Zizi, nasceu em Araruna na Paraíba, mas veio pra a região do Mato Grande ainda pequena. Atualmente, ela mora na comunidade de Lagoa dos Negros, no município de João Câmara, no Semiárido Potiguar. Viúva há 12 anos. Teve 17 filhos, mas só criou apenas 5, que, de acordo com ela: , “cada um que nascia era um punhado de saúde que chegava no meu corpo” conta. Tem 29 netos e 21 bisnetos. Dona Zizi sempre trabalhou na agricultura, e no cuidado da casa e dos filhos, e participando de associações e fóruns locais, ajudando no desenvolvimento do município e da região, além de ser também artesã. Foi com a “vontade e a coragem” que Dona Zizi iniciou sua atividade de apicultora, no ano de 1985. Anos depois de ter conhecido o primeiro enxame de abelha. Assim, ela conta: “começou assim: eu toda vida tive vontade de criar abelha, mas não sabia como, quando o pessoal falava em abelha eu tinha vontade de criar. A primeira vez que chegou aqui eu me lembro: uma abelha chegou no cajueiro ali na casa de comade Maria, eu não me lembro nem o ano. Menina, era uma abelha assim, ninguém não sabia nem o que era. Isso todo mundo veio olhar. Isso era bem 70... E aí compadre Pedro disse: “é uma italiana”, que no lugar que ele morava tinha, daí a gente ficou conhecendo. Se uniu tudinho numa só, ficam tudo penduradas quando elas chegam. É um enxame. Elas grudam uma na outra, uma noutra, que chega ficam pendurada assim oh?! Em 82 Monsenhor Lucena começou a criar... Ele celebrava a missa aqui aí foi disse: “Dona Zizi hoje a gente vai ver se o pessoal quer criar abelha aqui. “Eu vou fazer um projeto...”. Ah, eu fiquei muito alegre! Nós fizemos cinco caixa nesse projeto. Aí começou cinco pessoas, quando nós comecemos era Seu Zé André, Seu Zé Tomas...que quando foi um dia Monsenhor Lucena veio capturar uma abelha mais eu, que eu nunca tinha visto como pegava... daí nós peguemos essa abelha e trouxemos pro cajueiro ali da minha casa...., conta.

"Abelha não faz medo, faz mel" - Dona Zizi: apicultora de 80 anos da Região do Mato Grande

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Dona Zizi, nasceu em Araruna na Paraíba, mas veio pra a região do Mato Grande ainda pequena. Ela mora na comunidade de Lagoa dos Negros, no município de João Câmara, no Semiárido Potiguar. Foi com a "vontade e a coragem" que Dona Zizi iniciou sua atividade de apicultora, no ano de 1985. Anos depois de ter conhecido o primeiro enxame de abelha.

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“ABELHA NÃO FAZ MEDO, FAZ MEL”!

Dona Zizi - apicultora de 80 anos da Região do Mato Grande.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1747

Junho/2015

João Câmara

Dona Zizi, nasceu em Araruna na Paraíba, mas veio pra a região do Mato Grande ainda pequena. Atualmente, ela mora na comunidade de Lagoa dos Negros, no município de João Câmara, no Semiárido Potiguar. Viúva há 12 anos. Teve 17 filhos, mas só criou apenas 5, que, de acordo com ela: , “cada um que nascia era um punhado de saúde que chegava no meu corpo”conta. Tem 29 netos e 21 bisnetos. Dona Zizi sempre trabalhou na agricultura, e no cuidado da casa e dos filhos, e participando de associações e fóruns locais, ajudando no desenvolvimento do município e da região, além de ser também artesã. Foi com a “vontade e a coragem” que Dona Zizi iniciou sua atividade de apicultora, no ano de 1985. Anos depois de ter conhecido o primeiro enxame de abelha. Assim, ela conta: “começou assim: eu toda vida tive vontade de criar abelha, mas não sabia como, quando o pessoal falava em abelha eu tinha vontade de criar. A primeira vez que chegou aqui eu me lembro: uma abelha chegou no cajueiro ali na casa de comade Maria, eu não me lembro nem o ano. Menina, era uma abelha assim, ninguém não sabia nem o que era. Isso todo mundo veio olhar. Isso era bem 70... E aí compadre Pedro disse: “é uma italiana”, que no lugar que ele morava tinha, daí a gente ficou conhecendo. Se uniu tudinho numa só, ficam tudo penduradas quando elas chegam. É um enxame. Elas grudam uma na outra, uma noutra, que chega ficam pendurada assim oh?! Em 82 Monsenhor Lucena começou a criar... Ele celebrava a missa aqui aí foi disse: “Dona Zizi hoje a gente vai ver se o pessoal quer criar abelha aqui. “Eu vou fazer um projeto...”. Ah, eu fiquei muito alegre! Nós fizemos cinco caixa nesse projeto. Aí começou cinco pessoas, quando nós comecemos era Seu Zé André, Seu Zé Tomas...que quando foi um dia Monsenhor Lucena veio capturar uma abelha mais eu, que eu nunca tinha visto como pegava... daí nós peguemos essa abelha e trouxemos pro cajueiro ali da minha casa....”, conta.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

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Pouco ou muito Dona Zizi não para de tirar mel. Até 2012 tinha 35 e agora tem pouco mais de 15 caixas no apiário. Mas ela afirma que além de uma atividade que permite uma harmonia com a natureza, entendendo o mundo das abelhas de forma calma e respeitosa a atividade também é muito rentável, que depende da coragem e também das chuvas, segundo ela: “qual é o trabalho do agricultor que faz esse dinheiro? Nenhum. Porque quem tem a coragem dá dinheiro. É muito bom criar. Eu sempre costumo dizer pro pessoal: gente a abelha não faz medo ela faz mel! Olhe, desde de 85 que eu crio abelha. Vai pelo inverno e esse ano agora quem colheu quando começou o inverno pra cá aqui do Mato Grande colheu mel, mas desde que eu me operei dos meus olhos não comecei firme nas abelhas... Não teve a flor pra elas vão embora. Agora quando bota o inverno elas voltam, mas a gente não sabe se foi elas não, mas a gente chama elas , mas elas vem e (risos)toma conta da caixa., afirma.

O campo e a colheita - Dona Zizi conta como acontece a colheita das abelhas: “quando é de 4 pra 4 e meia aí a gente se veste aí vamos tirar o mel. Só de 5 e meia da tarde que quando chegar 6 já tá todo mundo tirando lá nas caixa, que quando dá de uma hora da manhã pra duas horas pronto a gente já tem terminado. Tem que lavar toda as vasilhas pra deixar o mel já no garrafão. Você tem que lavar tudo ... a gente chama ir pro campo! Vai duas pessoas para o campo, uma ou duas pra trazer o mel, porque tem vezes que tem uma pessoa pra trazer no carro de mão. Traz quando coleta o mel volta novamente pra lá. Aí você coleta o mel, bota na centrifuga, depois de passar na centrífuga volta com os quadro novamente pra lá. A caixa fica lá...é aqueles quadros pesados. Você tira os quadro bota noutra caixa aqui, aquela caixa principal ficou no lugar, aí aqui você bota no carro de mão noutra caixa das mesma que tem lá. Quando chega aqui tem aquela pessoa que vai desopercular, desopercular é com um galfo aquela capinha pra botar na centrífuga, que você fica vendo o mel limpinho, que ela tem que ter uma capinha pra segurar o mel lá né? Tem quadro que dá 2kg, tem quadro que dá 1kg e meio...”, explica.

Dona Zizi também é artesã. Ofício que aprendeu com o tio aos onze anos de

idade, atualmente, participa também da feira agroecológica do Mato Grande e das atividades da Microrregional da

ASA, portanto, uma liderança atuante e muito querida na região!