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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 100 - Ago/18 “A Alma da Educação está Educação da Alma” Professor Henrique José de Souza

ABIM 005 JV Ano XII - Nº 100 - Ago/18 “A Alma da Educação ... · conhecimento do Decreto, expedido pelo Grão-Mestre do GOSP, nº 348/2015-19, de 17/ago/18, convocando suas Lojas,

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ABIM 005 JV Ano XII - Nº 100 - Ago/18

“A Alma da Educação está Educação da Alma”

Professor Henrique José de Souza

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Anuncie conosco!A Revista Arte Real, distribuída para cerca de 29.000 leitores cadastrados, de todo o Brasil e exterior, além de difundida nas redes sociais e listas de discussão maçônicas, reserva um espaço para divulgar a sua empresa!

[email protected]

EditorialDia 24 de fevereiro de 2007 nascia a Revista

Arte Real, mais um veículo em prol do engrandecimento da cultura maçônica. O Editorial de sua primeira edição traduzia nosso objetivo, do qual, jamais, afastamo-nos. Assim dizia: “Intuídos pela ideia de estreitarmos, mais e mais, os laços fraternais que devem realmente nos unir, pois, não há outra maneira de sermos fortes se não unidos, apenas, entendemos que fomos um canal da Vontade Suprema em criar o Arte Real. Porém, aqui começa uma grande empreitada, que para executá-la, convocamos todos vocês, leitores, que ora nos recebe, carinhosamente, para, juntos, derrubarmos os muros da ignorância e construirmos pontes de sabedoria, iluminando-nos com a Luz da Verdade”.

Um hercúleo trabalho, em contribuição à cultura de nossa Ordem que, neste mês, chegamos a simbólica edição nº 100, publicads virtualmente, além de as 22 edições impressas bimestrais, publicadas por um determinado tempo, por meio de um convênio com a GLEMT. Cometemos erros e acertos em uma jornada profícua, que nos trouxe grande aprendizado.

Iniciamos sua distribuição com uma carteira de leitores com 2.000 e-mails cadastrados. Hoje, computamos aproximadamente 28.000, destes, muitos do exterior, incluindo países europeus e africanos, principalmente os lusófonos. Decerto, um grande feito que merece ser comemorado, porém a missão deve continuar e, agora, com muito mais responsabilidades.

Muito, ainda, temos que aprender, e, como autodidata em tudo que nos aventuramos realizar, estaremos ávidos a buscar a forma mais inteligente de sermos este canal de informação, a fim de ajudarmos na construção de uma Ordem sob a Luz da Cultura, livrando

nossos Irmãos dos grilhões da ignorância, à guisa do que dizia o excelso Professor Henrique José de Souza: “Não há nada mais elevado do que a Verdade, e por isso mesmo é que sua aquisição é o mais elevado dos ideais humanos”.

Nesta edição, destacamos a matéria “Mônaco – A Mais Recente Conquista da Maçonaria”, de autoria de François Kock, jornalista, especialista em Maçonaria, da Revista L’express; de nossa lavra, achamos por oportuno saudar o Dia do Maçom, com o memorável Discurso de Gonçalves Ledo, além de nossas explicações sobre a confusão criada quando da escolha da data para tão merecida comemoração.

No site “AGROemDIA”, encontramos uma interessante matéria, de autoria de João Carlos Rodrigues, intitulada “Maçonaria Chega a Indígenas na Amazônia”, que, assim como em Mônaco, vence barreiras, em prol do aperfeiçoamento moral do homem; por fim, intuitivamente, escolhemos para brindar nossos leitores, o belo texto intitulado “Desafios que a Maçonaria Deve Vencer”, do Irmão Fábio Cyrino, membro da Loja Harmonia e Concórdia, do GOSP, que nos alerta para a necessidade de reinventarmos a Maçonaria. “Coincidentemente”, enquanto diagramávamos tal matéria, tomamos conhecimento do Decreto, expedido pelo Grão-Mestre do GOSP, nº 348/2015-19, de 17/ago/18, convocando suas Lojas, em Assembleia Geral, para votarem sobre seu desligamento com o GOB. Enfim, a história, mais uma vez, repete-se!

Enfim, esta é, apenas, a centésima edição de um trabalho “ad eternum”, em prol da cultura maçônica. Obrigado por nos acompanhar em nossa caminhada de Luz. Que os Mestres da Sabedoria continuem a nos guiar, fazendo deste periódico, um canal para a materialização de seus excelsos ensinamentos! Que isto se cumpra!

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 03

Um dos últimos estados da Europa, onde o catolicismo é a religião do Estado, Mônaco resistiu muito tempo às sereias da Maçonaria.

E se uma Grande Loja vem a ser, finalmente, criada, o príncipe Alberto II recusou-se a ser o Grão-Mestre.

Desta vez, os maçons, realmente, conseguiram se implantar no Rochedo. A Grande Loja Nacional Regular do Principado de Mônaco – GLNRPM – primeira e única obediência monegasca, comunica, agora, sua alegria, sem grande contenção, exatamente, um ano após sua consagração oficial.

Ela teve lugar, em 19 de fevereiro de 2011, na sala das Estrelas do Clube Sporting de Monte Carlo. Na manobra, um colégio de “Grandes Oficiais Instaladores”, dignitários de três obediências conhecidas – a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI, as Grandes Lojas Unidas da Alemanha e a Grande Loja Nacional Francesa- GLNF.

Uma cerimônia de prestígio termina, como se deve, com uma noite de gala. Entretanto, os

irmãos monegascos vêm de longe. Muito longe. O empreendimento não tinha, com efeito, nada de evidente em um país onde o catolicismo é a religião do Estado. O Arcebispo de Mônaco, Monsenhor Bernard Barsi, fez questão de relembrar, após o lançamento da GLNRPM, que um católico não pode ser maçom.

Mais grave ainda, uma luta feroz de influência entre ingleses, alemães e franceses retardou a consagração da obediência. A GLNF acreditava poder ganhar a corrida de velocidade após a publicação, em 30 de janeiro de 2009, de um anúncio no Boletim Oficial do Principado de Mônaco, dando nascimento à GLNRPM. Em um segundo momento, em 7 de março de 2009, no Palácio Acrópole de Nice, o Grão-Mestre da GLNF, François Stifani, deu Carta Constitutiva a três Lojas Maçônicas de Mônaco, chamadas: “A Porta Nova”, “Santa Graça”, e “Jean Monoïkos”. Os três Veneráveis Mestres são Jean-Pierre Pastor, cônsul de Mônaco, em Cuba; Claude Boisson, antigo vice-presidente do Parlamento monegasco; Franck

MônacoA Mais Recente Conquista da Maçonaria

François Kock

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 04

Nicolas, organizador de manifestações. Este último é, também, um amigo de infância do Príncipe Albert: “Eu empurrava o seu trenó de corrida”, confessa ele.

E, devido a esta proximidade entre Nicolas e o herdeiro dos Grimaldi que Stifani ousou um golpe arriscado?

Em 03 de março de 2009, o alto dignitário francês escreveu à Sua Alteza Sereníssima: “Eu me permito fazer a proposta de ocupar a função de Grão-Mestre da futura Grande Loja Regular do Principado de Mônaco. Nós criaremos as condições de uma iniciação secreta, onde estarão presentes, somente, os oficiais de sua escolha e os altos dignitários de minha obediência, dignos de confiança”. François Stifani, destacou que a GLNF prescreve “a submissão aos soberanos e chefes de Estado que protegem a Maçonaria” e que o Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra é o duque de Kent. Nada se fez. A resposta foi negativa e o tapa dolorido.

Na hora, Stifani renunciou a consagrar a GLNRPM. “Foi preciso aguardar até novembro de 2010 para que François Stifani mudasse de ideia,” resumiu Franck Nicolas. O incidente deixou sequelas.

Devido a um veto da GLUI, a sede internacional da maçonaria regular, François Stifani não pode assistir à cerimônia de consagração de 2011, obrigando-o a se fazer representar por seu predecessor, Jean-Charles Foellner. Os três irmãos que tinham recebido o malhete de Stefani assumem o comando da obediência monegasca: Jean-Pierre Pastor, Grão-Mestre; Claude Boisson, Grão-Mestre Adjunto; Franck Nicolas, Grande Secretário. A eles se junta Eugène Boccone, Grande Tesoureiro.

O empreendimento maçônico continua muito elitista. Com sete Lojas e duzentos irmãos, os recrutamentos são raros e o número de irmãos em ligeira baixa, depois de um ano. As condições de ingresso são drásticas: ser monegasco há cinco anos ou residir no principado há dez anos.

Por que fixar condições tão estritas? Para limitar as negociatas. Dito de outra forma, evitar que os homens de negócio batam às portas do templo com o objetivo de conquistar mercados apetitosos. O Grão-Mestre Pastor reconhece que para escapar desses desvios, que existem em outros países, é preciso ficar muito vigilante.

O autor é jornalista da Revista L’express, desde 1988, especializado em Maçonaria. Tradução do Irmão José Filardo.

Albert II Sereníssimo, mas não Grão-Mestre

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 05

O Discurso de Ledo e o Dia do MaçomFrancisco Feitosa

Diante do, ainda que tardio, despertar da população brasileira, fazendo ecoar seus protestos contra os diversos escândalos de

corrupção, cansada de ver nossa pátria mãe ser tão subtraída em tenebrosas transações, nos mais variados segmentos da sociedade, achamos por bem, ao mesmo tempo em que elucidar sobre o porquê da homenagem ao Dia do Maçom, convidar nossos leitores a uma profunda reflexão sobre nossa responsabilidade como um Iniciado em nossa Ordem.

Abaixo, transcrevemos, em ortografia atual, o famoso e eloquente discurso do Irmão Joaquim Gonçalves Ledo, o verdadeiro artífice da Independência do Brasil, proferido na 14ª Sessão – Assembleia do GOB, no 20° dia do 6° mês, quando, na oportunidade, como Primeiro Grande Vigilante, exerceu mais uma vez o Grão-Mestrado no impedimento do, então, Grão-Mestre José Bonifácio.

“Senhor! A natureza, a razão e a humanidade, esse feixe indissolúvel e sagrado, que nenhuma força humana pode quebrar, gravaram, no coração do homem, uma propensão irresistível para, por todos os meios e com todas as forças em todas

as épocas e em todos os lugares, buscarem ou melhorarem o seu bem-estar. Este princípio tão santo como a sua origem, e de centuplicada força, quando aplicado às nações, era de sobra para o Brasil, essa porção preciosa do globo habitado, não aceder à inerte expectação de sua futura sorte, tal qual fosse decretada longe de seus lugares e no meio de uma potência (Portugal), que deveria reconhecer inimiga de sua glória, zelosa de sua grandeza, e que bastante deixava ver, pelo seu Manifesto às nações, que queria firmar a sua ressurreição política sobre a morte do nascente Império Luso-Brasileiro, pois baseava as razões de sua decadência sobre a elevação gloriosa desse filho da América – o Brasil.

Se, a esta tão óbvia e justa consideração, quisesse juntar a sua dolorosa experiência de trezentos e oito anos, em que o Brasil só existira para Portugal, para pagar tributos, que motivos não encontraria na cadeia tenebrosa de seus males, para chamar a atenção e vigilância de todos os seus filhos a usar da soberania, que lhe compete, e dos mesmos direitos, de que usara Portugal, e por si mesmo tratar de sua existência e representação política, da sua prosperidade e da sua constituição? Sim, o Brasil

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 06

podia dizer a Portugal: “Desde que o sol abriu o seu túmulo e dele me fez saltar, para apresentar-se ao ditoso Cabral a minha fertilidade, a minha riqueza, a minha prosperidade, tudo te sacrifiquei, tudo te dei, e tu que me deste? Escravidão e só escravidão. Cavavam o seio das montanhas, penetravam o centro do meu solo, para te mandarem o ouro, com que pagavas às nações estrangeiras a tua conservação, e as obras, com que decoras a tua majestosa capital; e tu, quando a sôfrega ambição devorou os tesouros, que, sob mão, achavam-se nos meus terrenos, quiseste impor-me o mais odioso dos tributos, a “capitação”. Mudavam o curso dos meus caudalosos rios, para arrancarem de seus leitos os diamantes que brilham na coroa do monarca; despiam as minhas florestas, para enriquecerem a tua grandeza, que, todavia, deixava cair das enfraquecidas mãos ... E tu que deste? Opressão e vilipêndio! Mandavas queimar os filatórios e teares, onde minha nascente indústria beneficiava o algodão, para vestir os meus filhos; negavas-me a luz das ciências, para que não pudesse conhecer os meus direitos nem figurar entre os povos cultos; acanhavas a minha indústria, para me conservares na mais triste dependência da tua; desejavas, até, diminuir as fontes da minha natural grandeza e não querias que eu conhecesse o Universo, senão o pequeno terreno, que tu ocupas. Eu acolhi no meu seio os teus filhos, a cuja existência doirava, e tu me mandavas em paga tiranos indomáveis, que me laceravam.

Agora, é tempo de reempossar-me de minha Liberdade; basta de oferecer-me em sacrifício às tuas interessadas vistas. Assaz te conheci, demasiado te servi... – os povos não são propriedade de ninguém.

Talvez, o Congresso de Lisboa, no devaneio de sua fúria (e será uma nova inconseqüência), dê o nome rebelião ao passo heróico das províncias do Brasil à reassunção de sua soberania desprezada; mas, se o fizer, deverá, primeiro, declarar rebelde a Razão, que prescreve aos homens não se deixarem esmagar pelos outros homens, deverá declarar

rebelde a Natureza, que ensinou aos filhos a se separarem dos seus pais, quando tocam a época de sua virilidade; é mister declarar rebelde a Justiça, que não autoriza usurpação, nem perfídias; é mister declarar rebelde o próprio Portugal, que encetou a marcha de sua monarquia, separando-se de Castela; é mister declarar-se rebelde a si mesmo (esse Congresso), porque, se a força irresistível das coisas prometia a futura desunião dos dois Reinos, os seus procedimentos aceleraram essa época, sem dúvida fatal para outra parte da nação que se queira engrandecer.

O Brasil, elevado à categoria de Reino, reconhecido por todas as potências e com todas

as formalidades, que fazem o direito público na Europa, tem inquestionavelmente

jus de reempossar-se da porção de soberania que lhe compete,

porque o estabelecimento da ordem constitucional é negócio privativo de cada povo.

A independência, Senhor, no sentido dos mais abalizados políticos, é inata nas colônias, como a

separação das famílias o é na Humanidade.

A natureza não formou satélites maiores que os seus

planetas. A América deve pertencer à America, e Europa a Europa, porque não

debalde o Grande Arquiteto do Universo meteu entre elas o espaço imenso que as separa. O momento, para estabelecer-se um perdurável sistema e ligar todas as partes do nosso grande todo, é este...

O Brasil, no meio das nações independentes, e que falam com exemplo de felicidade, não pode conservar-se colonialmente sujeito a uma nação remota e pequena, sem forças para defendê-lo e, ainda, para conquistá-lo. As nações do Universo têm os olhos sobre nós, brasileiros, e sobre ti, Príncipe !

Cumpre aparecer entre elas como rebeldes, ou como homens livres e dignos de o ser. Tu já conheces os bens e os males que te esperam e à tua posteridade. Queres ou não queres?

Resolve, Senhor!”

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 07

Cabe salientar que, as datas em que foram realizadas as Sessões do GOB, em seus primórdios, vêm criando inúmeras confusões graças à falsa interpretação do Barão do Rio Branco, em notas de “História da Independência do Brasil”, de Varnhagen, copiando Manoel Joaquim de Menezes, em um erro largamente divulgado, através de diversos compiladores, o que gerou inúmeras controvérsias, inclusive, sobre a data de fundação do GOB, devido à confusão do calendário, utilizado na época: o hebraico (iniciado em 21 de março), utilizado pelo Rito Adonhiramita, ou o antigo romano (iniciado em 1º de março), utilizado pelo Rito Moderno.

Enfim, essa situação poderá ser bem elucidada através do livro “História do Grande Oriente do Brasil – A Maçonaria na História do Brasil”, de autoria do historiador maçônico José Castellani, editado pelo próprio GOB. Castellani se baseou em documentação do GOB, que poderá ser acessada na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, com o título: “Documentos para a História da Independência”, volume I, onde, no capítulo referente à Maçonaria e à Independência, consta a certidão das Atas das Sessões do Grande Oriente, em 1822.

Além disso, existe outro documento oficial do GOB, na forma de Ato exarado, emitido em 1922, por ocasião do centenário de sua criação.

A data, em que foi proferido esse fervoroso discurso de Ledo, foi sugerida e aprovada como o Dia do Maçom, na 5ª Reunião da CMSB, realizada em Belém, PA, em 1957, por sugestão da GLMMG, baseando-se na falsa interpretação do Barão do Rio

Branco. Por isso, comemoramos o Dia do Maçom em 20 de agosto, quando, na verdade, esse discurso foi proferido no 20º dia do 6º mês (Elul), o que nos remete à data de 09 de setembro.

Como o objetivo de nossa Revista é tratar a Cultura com a seriedade que ela merece, estamos apresentando esse tema com equilíbrio e ressaltando que a veracidade dos fatos não tira de jeito e maneira, nosso direito de comemorarmos o dia 20 de agosto como o Dia do Maçom.

Em verdade, esse dia deve ser comemorado pelos verdadeiros Maçons todos os dias, através de uma postura altruística, a exemplo de nossos Irmãos do passado que se souberam impor e derrubar as Bastilhas assoladoras da sociedade brasileira.

Muitas Bastilhas, ainda, existem e precisamos, urgentemente, derrubá-las. Ressuscitemos nosso saudoso Irmão Ledo dentro de nós, através de uma conduta digna de um verdadeiro Maçom. A sociedade, que despertara em manifestações por todo o Brasil, cansou de esperar uma Maçonaria mais atuante. A Maçonaria somos todos nós e não uma instituição, uma Pessoa Jurídica.

Ontem, lutávamos para deixar de ser uma Colônia de Portugal, mas, ainda hoje, pensamos e agimos como um povo colonizado por nós próprios!

Desejo-lhe um feliz Dia do Maçom, desde que você que me lê, faça valer, na prática, a razão da escolha desse dia!

Feliz Dia do Maçom

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 08

Avessa, historicamente, a movimentos que atraía a atenção para suas ações, embora tenha ativa participação política, a secular

Maçonaria amplia sua penetração em diferentes parcelas da população brasileira. No Norte do país, por exemplo, a irmandade chegou aos povos indígenas. Um líder de uma comunidade Kokama é mestre maçom – elevado grau da instituição conhecida pela discrição e pelo silêncio que, ainda, mantêm a sua aura de sociedade secreta, apesar de ter sofrido mudanças em sua atuação nos últimos tempos.

Sob a condição do anonimato, o mestre maçom indígena conversou com o AGROemDIA*, via Whats App. Ele contou que é membro do Grande Oriente – a mais antiga Potência Maçônica brasileira (associação de Lojas Maçônicas) – há 13 anos. Passou a fazer parte da irmandade a convite de um membro do Poder Judiciário. “Tivemos um longo convívio, ele observou meu comportamento e um dia me convidou para ser maçom”, lembrou o índio, que há sete anos alcançou o Grau de Mestre na irmandade.

Morador de uma comunidade Kokama, na periferia de uma das capitais de um estado da Região

da Amazônia, ele disse não existir conflito entre suas crenças indígenas, a Maçonaria e o fato de ser fiel da igreja pentecostal. “A Maçonaria prega o respeito, a ética, a elevação espiritual”, pontua o líder Kokama.

Casado, pai de cinco filhos, o índio deixou a vida na Floresta Amazônica, anos atrás, para viver na área rural de uma cidade grande da região para poder estudar e se capacitar profissionalmente. Ali, tornou-se líder da comunidade indígena e, hoje, é uma das vozes respeitadas na etnia Kokama. Mesmo diante da aldeia, nunca perdeu o contato com os familiares que ficaram na floresta.

De voz tranquila e discreto, o líder divide seu tempo entre a família, o trabalho, o movimento indígena brasileiro, a religião pentecostal e a Maçonaria. Segundo ele, há vários índios com perfil para ingressar na irmandade. O mestre indígena maçom – provavelmente o primeiro do Brasil – espera que mais índios venham a fazer parte da sociedade filosófica e filantrópica, com uma história cheia de segredos e mistérios, assim como os povos indígenas.

*AGROemDia é um site (www.agroemdia.com.br) especializado em assuntos sobre a agropecuária, meio ambiente e o campo.

Maçonaria chega a Indígenas da

Amazônia

João Carlos Rodrigues

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 09

Ao longo de sua história, a Maçonaria, não aquela das lendas e tradições românticas, de tempos imemoriais, das guildas de ofício,

que pretendiam manter uma reserva intelectual de mercado, mas sim, a Maçonaria como Instituição, fruto de um momento social iluminista, originada ao longo do final do século XVII e início do XVIII, sempre, enfrentou oposição do chamado “mundo profano”, principalmente, por seu caráter sigiloso, reservado, secreto até.

Nestes 300 anos de existência oficial, completado em 2017, a Maçonaria se deparou com fortes movimentos que pretenderam controlá-la e, até mesmo, suprimi-la, com a eliminação de suas estruturas, a prisão e mesmo a condenação à morte de seus integrantes. Desde a emissão da Bula “In Eminenti Apostolatus Specula”, por parte do papa Clemente XII, em 28 de abril de 1738, uma das primeiras tentativas de sua supressão, até os fortes ataques sofridos ao longo do século XX por nações totalitárias, de caráter fascista, mesmo assim a Maçonaria, sempre, representou, ao mesmo tempo, um farol de conquistas sociais de Liberdade e Igualdade entre os homens e uma ameaça àqueles que pretendiam a perpetuação de um “status quo”, baseado no controle do Estado e da Sociedade por poucos, uma elite perversa, que visava ao controle do conhecimento, aos meios de produção, às liberdades individuais.

Nestes últimos 300 anos, em suas fileiras, a Maçonaria abrigou líderes políticos, libertadores, intelectuais, filósofos, cientistas e artistas: de Saint-Martin e Washington; de Voltaire a Franklin; de Mozart e Puccini a Montaigne e Fleming. A Maçonaria sofreu e sobreviveu, sempre, permanecendo imune aos ataques externos e internos à sua estrutura globalizada, em uma época em que o termo, ainda, nem sequer havia sido cunhado.

Nestes 300 anos, lutou-se pela Liberdade social, pelo acesso universal à instrução, pelo direito de acesso aos meios de produção, pela liberdade política, pela defesa dos Estados laicos e pela comunhão entre os povos. Lutou-se pelo fim do Absolutismo; pelo fim da Escravidão; pela eliminação das oligarquias na sociedade; pela eliminação do totalitarismo de Hitler, de Mussolini e de Franco, exemplos de Estados onde a Maçonaria foi perseguida e, praticamente, eliminada, com a morte de aproximadamente 400.000 maçons em campos de extermínio, conforme os registros oficiais apontam; lutou-se pelo fim da Ditadura do Proletariado nas quatro décadas após o término da Segunda Guerra Mundial e tem se lutado, ainda, pela supressão das injustiças sociais e econômicas.

Agora, nestas primeiras décadas do século XXI, a Maçonaria, de uma maneira geral, enfrenta um inimigo maior que todos aqueles que já a

Desafios que a Maçonaria Deve Vencer! Fábio Cyrino

Revista Arte Real nº 100 - Ago/18 - Pg 10

confrontaram: a indiferença. A indiferença por parte de seus integrantes de que não há mais batalhas a serem vencidas; a indiferença e a acomodação por parte de seus integrantes de que as grandes causas se resumem a encontros sociais e a discursos vazios desassociados da realidade prática de um mundo em transformação, um mundo que exige respostas rápidas para questões, cada vez, mais complexas; a indiferença por parte de seus integrantes, com relação aos equívocos internos e à luta insana por um poder, sem poder algum; a indiferença diante de grupos que, simplesmente, esquecem-se dos compromissos assumidos no instante de suas iniciações.

Portanto, o maior inimigo da Maçonaria não está, somente, no crescimento de movimentos antimaçônicos, no crescimento de teorias de conspirações, nos ataques de grupos extremistas que tem se infiltrado dentro da Ordem, com o intuito de se valer da “proteção” de seus templos para fins menores e escusos. O maior inimigo da Maçonaria está na constituição, internamente, em nossas fileiras, de grupos de interesses particulares, na construção de uma oligarquia, de um governo de poucos, por si só perverso, com pretensões de se perpetuar no poder da Instituição, transformando-se numa autocracia ou mesmo numa plutocracia. O que se tem visto de uma forma generalizada é que os interesses maiores, os interesses sociais e culturais de grande parte da sociedade profana e maçônica, foram deixados de lado, em troca de uma política feita para se garantir regalias efêmeras e reuniões festivas sem significados maiores.

Mas quais desafios a Maçonaria deve vencer? Antes de qualquer ação concreta, antes de se voltar à sociedade profana, a Maçonaria deve se reinventar, não no sentido de se criar um novo

padrão de atuação, mas sim de se retornar aos princípios defendidos e elaborados por aqueles que “inventaram” a Instituição; uma reformulação da “ética maçônica”, com vias ao reexame dos hábitos dos maçons e do seu caráter em geral, de modo a se evitar o desmoronamento dos pilares de sustentação da Instituição; um reexame das reais necessidades da Maçonaria, principalmente, com relação àqueles que pretendem ocupar a liderança e a representação de nossa Ordem, guindando-se aos seus maiores postos, não só o mais carismático, mas, também, aquele que seja mais preparado do ponto de vista ético, intelectual e moral.

Necessitamos de um novo padrão de comportamento, não o comportamento vigente, voltado para a autopromoção e a perpetuação de privilégios, mas sim um novo padrão para se vencer os desafios referentes à construção de uma sociedade profana baseada nos princípios fundamentais defendidos pela Ordem, ou seja, a formação de Homens preparados para a diminuição das diferenças existentes entre as classes, não somente sob a ótica econômica, mas, também, do ponto de vista cultural e educacional.

O que devemos ter em mente e plenamente consciente é que a Maçonaria é a Instituição onde o mundo deve se espelhar e não ao contrário. Que os exemplos de valorização do Homem, da História e da Cultura que, sempre, foram os grandes pilares da Maçonaria, iluminem o mundo de trevas profano a partir de nossas fileiras e não o oposto, pois não podemos permitir que as trevas desse mesmo mundo obscureçam as Colunas de nossa Instituição.

Devemos ser vaidosos não por aquilo que pretendemos ser, mas sim, orgulhosos por toda ação e comportamento que nos identifiquem e reconheçam como Homens preparados para transformar o Mundo.