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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Escola de Administração da UFBA Núcleo de Pós-Graduação em Administração – NPGA.
.
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA, PROMOÇÃO DA SEGURANÇA E CIDADANIA
ABORDAGEM POLICIAL E O USO PROGRESSIVO DA FORÇA
NOS BAIRROS NOBRES E DE PERIFERIA EM SALVADOR
Eduardo Garrido Barbosa
Ronaldo Brito De Souza
Programa de Estudos, Pesquisas & Formação Em Políticas & Gestão de Segurança Pública -
PROGESP
REDE NACIONAL DE ALTOS ESTUDOS EM SEGURANÇA PÚBLICA- RENAESP/SENASP/MJ
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A ABORDAGEM POLICIAL E O USO PROGRESSIVO DA FORÇA NOS BAIRROS NOBRES E DE PERIFERIA EM SALVADOR1
APROACH AND POLICE USE OF FORCE IN PROGRESSIVE DISTRICT ARISTOCRAT AND PERIPHERALS SALVADOR
Ronaldo Brito de Souza2 Eduardo Garrido Barbosa3
RESUMO
Este trabalho de cunho científico caracteriza a abordagem policial de rotina realizada pelos integrantes da Polícia Militar da Bahia nos bairros periféricos e nobres da cidade de Salvador/Bahia, destacando os fatores que diferenciam ou assemelham este tipo de procedimento nestes espaços públicos diferenciados pelas questões estruturais, principalmente de ordem econômica. Destaca ainda o “modus operandi” e o aparato técnico utilizado e disponibilizado pelas guarnições da PM para atender a demanda potencial de ocorrência que caracteriza o panorama destes espaços como indicador da atitude individual do policial militar estando de serviço, de empreender esforço físico direcionado a intervir em situações que podem oportunizar o surgimento de um fato delituoso que ofenda a ordem pública e ponha em risco a incolumidade das pessoas.
ABSTRACT
This work features scientific nature of the approach performed routine police members of the Military Police of Bahia in the suburbs and noble city of Salvador / Bahia, highlighting the factors that differentiate this or similar type of procedure in public spaces for different structural issues, mainly of economic order. Also highlights the "modus operandi" and the technical apparatus used and trimmings provided by the PM to meet the demands of potential event that characterizes the landscape of these areas as an indicator of the attitude of individual police with military service, to undertake physical effort directed to intervene in situations that may oportunizar the emergence of an offense that really offended public order and endanger the sound of people.
Palavras-chaves: Abordagem. Força. Bairros.
1 Este Artigo é um Trabalho de Conclusão de Curso que tem como função a obtenção do grau de especialista em Prevenção da Violência e Promoção da Segurança e da Cidadania, promovido pela Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública – RENAESP - através do Programa de Estudos, Pesquisas e Formação em Políticas e Gestão de Segurança Pública – PROGESP - na Universidade Federal da Bahia - UFBA. 2 Ronaldo Brito de Souza é graduado no Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar da Bahia pela Academia de Policia Militar da Bahia – APM. [email protected]. 3 Eduardo Garrido Barbosa é graduado no Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar da Bahia pela Academia de Policia Militar da Bahia – APM. [email protected] e [email protected].
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I. INTRODUÇÃO
O presente artigo de pesquisa tem a finalidade de apresentar o tema “A
ABORDAGEM POLICIAL E O USO PROGRESSIVO DA FORÇA NOS BAIRROS
NOBRES E DE PERIFERIA EM SALVADOR” de forma a demonstrar como acontece a
abordagem policial realizada pelos policiais militares que trabalham na atividade fim da
Polícia Militar da Bahia nos bairros nobres e periféricos da cidade de Salvador – BA, como
proposta de trabalho no Curso de Especialização em Prevenção da Violência e Promoção da
Segurança Pública, tendo em vista que os autores são oficiais da Polícia Militar da Bahia.
Visa também caracterizar o “modus operandi” da abordagem policial nestes bairros, ou seja, a
maneira como são realizadas as abordagens às pessoas, estejam elas a pé ou no interior de um
veículo bem como a utilização do aparato técnico verificando se há diferenças na forma como
são realizadas estas atividades a depender da localidade e do público alvo, considerando que
nesta capital baiana há diferenças de paisagens, qualidade social e conceitual entre os bairros
denominados de periferia e os chamados nobres, pois ao confrontar estas classificações dos
bairros, os residentes são também estigmatizados, e a própria relação de intercâmbio entre
essas pessoas nos mais diversos ambientes também determina o nível de aceitação de cada
comunidade, principalmente no bairro considerado nobre, dada as preocupações que os seus
residentes consideram como motivos de atuação do aparato policial, como a ideologia da
sensação de segurança. As características da forma como o policial militar se apresenta ao
cidadão comum para realização de abordagem revelam o grau de conhecimento técnico do
efetivo humano empregado no policiamento ostensivo e suas deficiências, associado à
logística disponível, que parece evidenciar na pesquisa realizada, carece de melhor
distribuição junto às Unidades Operacionais de bairros periféricos que realizam a atividade
operacional de rotina, considerando o conceito de bairro periférico e aquele considerado
nobre, que traz nestas indicações a idéia das dificuldades encontradas para garantir a ordem
pública, principalmente se tratando desta cidade litorânea e de clima quente, como
manifestações corriqueiras de ordem festivas principalmente nos finais de semana, assim
como as grandes movimentações de públicos nas feiras livres, na concentração de comércio
em estabelecimento fixo e referencial como supermercados, casas de material de construções,
lojas de calçados e roupas além das regiões bancárias, onde há grande movimentação de
dinheiro em espécie além de locais onde se promove a emissão de sons musicais, geralmente
questionado a respeito da perturbação do sossego alheio, são exemplos de situações que
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fazem com que estes locais sejam alvo preferencial dos chamados delinqüentes, o que explica
a necessidade de se pontuar locais chamados pelos estudiosos da dinâmica do crime de “zonas
quentes” que justificam a colocação de determinado grupo de policiais naquele local
específico como área de atuação. No entanto, a questão levantada sobre o problema
apresentado diz respeito de como se realiza a abordagem policial nos diferentes locais em se
tratando de suas características peculiares observadas empiricamente no dia a dia.
Considerando fatores como o público residente nestes locais, principalmente sua condição
social, propõe a comparação dos procedimentos de abordagem policial referente à técnica e a
aproximação com o escolhido para ser abordado, se traz ou não constrangimento ao abordado,
seja pela falta de conhecimento do abordado. A teoria deste procedimento apresenta
princípios básicos da abordagem ensinada nos Cursos de Formação de Policiais Militares,
porém empregada com variações em diversas localidades de forma peculiar, assim propõe-se
uma reflexão sobre a abordagem policial, seus parâmetros e métodos empregados, buscando
contribuir para a promoção da segurança pública e da cidadania.
Esta atividade de fiscalização da conduta das pessoas que transitam livremente nas
ruas, logradouros, becos, vielas, bulevares e outros locais de grande ou pouca circulação de
pessoas, sejam a pé ou no interior de veículos particulares ou coletivos, gera um sentimento
individualizado de aceitação ou não do tratamento proporcionado pelos policiais militares no
instante da abordagem, que pode ser a conseqüência da não compreensão das técnicas
policiais de abordagem, do status desse público ou da relação de poder que se estabelecem no
instante da ação policial, variáveis que dependem dentre outros fatores, do local onde é
realizada a abordagem bem como das características individuais e coletivas das pessoas
abordadas. Para tanto, o procedimento de observação da intervenção policial nos bairros da
BARRA, GRAÇA e PERIPERI como cenário para a coleta de dados e análise aprofundada
destas reflexões considerando que estes bairros são antigos e bastante conhecidos da
população de Salvador, com características de bairros nobres e de periferia respectivamente,
sendo observadas sistematicamente as atuações dos policiais militares do policiamento
ostensivo motorizado e a pé das Companhias Independentes, 11ª CIPM na Barra e 18ª CIPM
em Periperi, por estas atuares nos bairros respectivamente indicados. Neste trabalho foi
considerando literalmente o conceito de abordagem elencado no manual de abordagem
policial adotado pela Polícia Militar da Bahia, publicado neste ano por esta Organização, no
seu Portal Interno exclusivo ao público policial militar, mediante Intranet, onde reza que
“abordagem é o ato de aproximar-se e interpelar uma pessoa a pé, motorizada ou montada
com o intuito de identificar, orientar, advertir, assistir, revistar, prender” como parâmetro de
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estudo do comportamento em geral do policial militar diante de situações corriqueiras de
abordagem por amostragem, ao se verificar qualquer situação que seja considerado um
potencial fator de existência de um delito penal, sendo assim observado o instante inicial da
ação policial e posteriormente como acontece a progressão do uso da força nestas
circunstâncias, ressaltando a preservação da vida como aspecto fundamental e primordial para
realização da tomada de atitude para a realização da abordagem policial, priorizando a
utilização do nível de força não letal o que demonstra a utilização da arma de fogo como
instrumento permanente de defesa em todo o desenrolar da ação policial, desde a abordagem,
passando pela busca pessoal e desfecho da situação. Não obstante as diferenças geográficas e
sociológicas que caracterizam o ambiente de atuação policial de modo que haja uma sensação
de segurança, pois obviamente, a polícia militar não é onipresente para estar em todos os
locais considerados como perigosos. Este trabalho analisa o procedimento de abordagem,
apontando as necessidades para uma melhoria contínua e significativa de prestação de serviço
policial militar a partir do aspecto estratégico e tático da montagem do serviço operacional de
forma que os atores deste procedimento compreendam a forma como atender às expectativas
da sociedade concernentes ao problema atual da segurança pública cujo prejuízo social é
bastante relevante.
II. CARACTERIZAÇÃO DOS BAIRROS NOBRES E DE PERIFERIA EM
SALVADOR
A cidade de Salvador, eclética nas diversidades culturais e representações sociais,
associam aspectos antigos, contemporâneos e futurísticos tanto na apresentação e vivência
cotidiana de seu povo quanto nos aspectos paisagísticos, resultado dos contrastes sociais
existentes e historicamente enraizados como uma característica fundamental que une ao
mesmo tempo capitalismo, misticismo, religiosidade e folclore. Estas representações
aparecem em todos os espaços públicos de Salvador, caracterizadas pela diferenciação destes
espaços coexistentes que revela um público freqüentador de todos os espaços, conforme
preconiza D!INCAO (1992), como uma sociabilidade ampla, embora tenha objetivos
diferenciados, situação que modifica comportamentos de grupos humanos onde a violência e
o medo do inesperado são amplamente reverenciados na medida em que a sociedade deixa de
investir na eliminação das causas dos problemas sociais para agir exclusivamente na
intervenção imediata do uso do poder estatal através da força circunstancial e exemplar nos
seus efeitos, como medidas solucionadoras e heróicas atribuídas aos representantes do Estado.
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Sobre esta questão Gey Espinheira (2008) salienta que “o Brasil tem uma enorme dívida
social com os seus cidadãos” e que “os jovens são as principais vítimas de uma ambiente
social adverso, expostos a situações de vulnerabilidade social e violência”. Neste contexto
social a Policia Militar da Bahia, instituição representadora do Estado, como seu braço
armado e legitimado para uso da força física amparada pela Lei, é inserida para atuar nos
diversos espaços públicos com todas as classes sociais, através do policiamento ostensivo
devidamente identificado através do uso da farda e de viaturas padronizadas pelos seus
integrantes, que são recrutados deste contexto social mediante concurso, selecionando pessoas
de todas as comunidades desta cidade, para atuar nos seus espaços. Diante deste panorama os
policiais militares vivenciam os mesmos problemas enfrentados pela população em geral,
sejam nas áreas ditas periféricas ou nos chamados bairros nobres, assim a abordagem policial
representa um fator de relação social que pode ou não reproduzir a relação de domínio do ente
estatal legitimado por uma ideologia própria diante de uma parcela significativa da sociedade,
residente nos bairros periféricos e freqüentadora das áreas de propriedade dos detentores de
poder econômico, embora sejam tidos como elementos potenciais de perturbação da ordem
pública e de desconforto dos moradores destas áreas nobres.
(...)Uma cidade nunca é a mesma em seus diferentes lugares, sobretudo quando se comparam
ambientes populares e aqueles outros de média e alta renda, com um padrão de urbanização
elevado, que se convencionou a denominar de “bairros nobres” em contraposição “aos
populares”, que também podem ser vistos como periféricos. (GEY ESPINHEIRA, 2008, p.15)
O conceito de bairro nobre e periférico revela que há diferenças nas paisagens e no
tratamento que estes espaços públicos e suas comunidades são submetidos tanto pelo Estado
bem como pela própria sociedade em geral. Área dita de periferia é aquela que está fora do
centro, que está mais afastada e que circunda a cidade. Partindo desta premissa, o centro é o
coração da cidade, local dito de área nobre, onde ocorrem as negociações, os contratos e as
decisões que determinam a dinâmica da cidade e o modo de viver das pessoas. No entanto a
estrutura do ambiente, sua conservação, preservação e utilização econômica definirá com
mais nitidez se área observada pode ser considerada nobre ou de periferia em razão de haver
local no centro das cidades grandes como Salvador com aspectos de regiões periféricas devido
à degradação do ambiente, como, por exemplo, parte do Centro Histórico de Salvador,
representado pelos inúmeros casarões antigos e ruas que não foram ainda reformados, onde
habitam pessoas que possuem baixo poder aquisitivo. Isto é facilmente visível e percebido
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pelas reações das pessoas ao se referirem a algum aspecto destes retratos sociais, inclusive
revelando sensações de medo, de repulsa, ou de conforto ou de desconforto, de glamour ou de
depreciação a depender dos locais e das circunstâncias. Assim aqueles que estão na periferia,
estrategicamente mais afastados do centro, ou próximo deste mas em condições de
degradação ambiental, estão lá para proteção deste centro dito nobre, historicamente
concebido como a força potencial protetora dos abastados socialmente residentes deste
Centro, como revela FAORO (1958, p.39) que o desenvolvimento histórico da idéia do
Estado em uma cultura vai unindo ao surgimento de cidades, considerando que as nações, os
povos históricos, são povos construtores de cidades. Hoje a residência real substitui o castelo
feudal e se torna o centro da história, nela, o sentimento do exercício da força converte-se no
sentimento de governo onde o laço feudal é superado pela idéia de nação, inclusive na
consciência da classe nobre. A prepotência caracterizadora do governo dos príncipes se
converte em símbolo da soberania no absolutismo moderno e das tiranias renascentistas. Este
legado se transforma no capitalismo moderno no domínio dos donos do poder econômico. A
residência da realeza dá agora lugar a mansões, prédios e condomínios fechados, usufruindo
de um sistema sofisticado de segurança. Os muros são fortificações que separam os seus
residentes dos ditos habitantes da periferia, justamente os desprovidos das oportunidades de
ascensão social. Os elementos que caracterizam as classes sociais perpassam pelo quantitativo
de gastos de seus indivíduos, pelos hábitos e suas necessidades, sendo que essas necessidades
tornam-se virtudes, que são associadas à Posição Social, resultando no panorama entendido
pelos donos do poder como situação de incivilidade aos de periferia e sentimento de
inferioridade provocados pelos dominantes e vivenciados pelos dominados, além das
concepções de parâmetros de existência e da forma como enxergar o mundo. Desta forma,
conforme análise do sociólogo Gey Espinheira (2008) no livro Sociedade do Medo, dos
bairros populares de Salvador, referente a juventude, pobreza e violência, onde revela que há
“dois pesos e duas medidas do Estado da sociedade de classes, na mistificação de “bairros
populares” e “bairros nobres”, em centro e periferia como conceitos sociológicos de
distanciamentos sociais das relações pessoais/institucionais, interpessoais e
institucionais/individuais, em que os benefícios públicos estão descompensados em sua
distribuição territorial e dos grupos sociais que se localizam nesses subespaços”. Nestes
espaços periféricos, elenca Gey Espinheira ao longo do seu estudo que são caracterizados por
habitar uma população dita marginalizada da vida social dominante, que possuem
dificuldades de acesso a bens e serviços disponíveis e desejados e sua área territorial
estrategicamente separada das áreas nobres é resultado da forte pressão migratória que se
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realizou nesta cidade no período de 1980 a 1990, oriundo do interior do Estado, resultando na
expansão urbana sem acompanhamento de normas e posturas municipais. Portanto vêem-se
casas de alvenaria, encravadas nas encostas, produzindo uma urbanização de elevada
densidade, com casas sobre casas, ruas estreitas e ladeiras íngremes, grotões e encostas
ocupados, culminando na sensação de amontoado e desordem, onde circulam jovens
empobrecidos, incapazes de superação, resultante da disseminação do sentimento de ser
periférico, da frustração diante da educação escolar, imposta pela sociedade como mecanismo
de mobilidade social, o que não ocorre, gerando então o medo da própria vida como projeto
incerto e duvidoso, com o mercado de trabalho se projetando como um elemento de
contraposição à educação, pois nele o que vale é o mecanismo da informação e de indicação
pessoal. Neste contexto, Gey Espinheira (2008) aponta dois fenômenos que são observados
quando se trata do sistema educacional voltado para os jovens de classe baixa: a obstrução do
acesso ao mercado de trabalho e a evasão escolar. A impossibilidade do jovem permanecer na
escola é o resultado da necessidade de procurar emprego ou trabalho como meio de garantir a
própria sobrevivência e da família. A medida que as séries escolares aumentam, diminuem a
freqüência desses jovens. Há então desperdício de talentos. Esses jovens vão para atividades
informais e quando se projeta conseguir vaga no mercado de trabalho formal e promissor são
barrados, pois não possuem qualificação profissional. Muitos então, se sujeitam a praticar
atividades que garantem um ganho imediato, que geralmente se constituem de atividades
ilícitas, que conduzem esses jovens a uma degradação moral de sua própria existência,
passando então a serem descartáveis e improdutivos, o que considera a sociedade a
necessidade urgente de eliminá-los. Por isso em determinados ambientes a ação policial na
abordagem com o uso excessivo da força é legitimada pela própria comunidade ao banalizar a
vida humana destes considerados descartáveis associando a polícia em determinadas
circunstâncias a um organismo de seleção social.
Por outro lado, as pessoas dos bairros periféricos se sentem inseguras e essa conclusão
pode ser retratada nas paisagens dos espaços públicos e na sua utilização. Esta diferença de
paisagens desses espaços e dos seus usuários denota que há historicamente diferença de
tratamento do Estado diante de públicos diferenciados. Inclusive as relações entre os usuários
desses espaços públicos e entre estes espaços e seus usuários determinam o grau de conflito
vivenciado naquela localidade, argumento muito utilizado, para justificar a violência
crescente nos bairros periféricos e a forma de atuação dos órgãos de segurança pública, não
evidenciando a ineficácia do Estado e da sociedade organizada na promoção das
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oportunidades reais de mobilidade social e sim na repressão das atividade ilegais, como se
apenas na periferia houvesse a ação delituosa, geralmente ineficaz devidos aos problemas de
ordem estrutural e de logística dos órgãos de polícia. Nestes espaços de periferia que verifica-
se que a atividade do tráfico de drogas tem proporcionado a prática de delitos contra a vida e
contra o patrimônio, muitas vezes criando um clima de medo na população principalmente
quando os policiais são as vítimas. Diversos programas sociais de cunho político, folclórico e
religioso conforme veiculado diariamente na mídia principalmente televisiva, por exemplo,
são implantados por setores da sociedade, e particularmente através da Polícia Militar da
Bahia com a implantação de Conselhos Comunitários de Segurança, executados com vistas a
participação da comunidade local na realização do policiamento em diversas modalidades,
concentrando esforços nas áreas de maior risco, ou seja, com incidência de práticas delituosas,
atendendo à filosofia da Polícia Comunitária materializada na Cartilha de Orientação para
formação e implementação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (2004),
publicado em boletim próprio, oportunidade para a integração contínua entre a comunidade e
a Unidade Policial instalada em determinada região da cidade. Considerando que a violência é
uma potencialidade intrínseca do ser humano, na concepção de MINAYO (1994) onde se
manifesta as intenções de domínio, de luta pelo poder, de aniquilamento do outro pela
superioridade física, do exercício da autoridade sobre o outro, fator facilmente observado nos
espaços preenchidos pelo contingente humano sendo então recepcionada pelas atitudes do
fazer ou não fazer e como este contingente organiza-se ou se desorganiza em instituições e
simbologias próprias, inventadas ou criadas por quem detém o poder de consenso, é notório
então que em todos os espaços públicos onde o exercício da cidadania pode ser pontuado, a
violência institucional ou individualizada pode ser observada mesmo na forma tácita, pois é
nestes espaços, território de acesso livre ou privatizado, visitados por diferentes indivíduos
com diferentes culturas onde ocorre o exercício da reflexão, da discussão de idéias de
transformação ou não da sociedade, da prática das tarefas diárias de sobrevivência e
convivência social. Como exemplo as manifestações da comunidade nas ruas destas áreas por
melhorias sociais, contidas pela policia militar com o fulcro constitucional da preservação da
ordem pública.
Para o entendimento das representações sociais das áreas nobre e de periferia da
cidade do Salvador com vistas a verificação de como acontece a abordagem policial militar de
rotina nestes espaços observando as caracterizações geográficas, humanas e sociais de
determinado local, fenômenos explicados a partir da conscientização de que estes locais foram
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e são criados a partir de determinados conceitos sistêmicos, onde as suas peculiaridades se
confunde com os seus usuários, este estudo se propôs a observar o trabalho dos policiais
militares, integrantes das Companhia Independentes da Polícia Militar da Bahia (CIPMs), no
policiamento ostensivo dos bairros da Barra e Graça, considerados área nobre, e do bairro de
Periperi, subúrbio ferroviário, área periférica, territorialmente afastada do centro comercial de
Salvador, porém com enorme contingente populacional, nesta cidade de Salvador / BA, locais
onde se localizam, respectivamente a 11ª CIPM / Barra e a 18ª CIPM / Periperi. O bairro da
Barra é um dos mais tradicionais de Salvador, localizado no vértice da península que está
situada a cidade do Salvador, banhado pelo Oceano Atlântico e pelo mar da Baía de Todos os
Santos, preservando em sua paisagem um acervo histórico e arquitetônico importante para a
compreensão da história desta cidade, com o Farol da Barra, Forte São Diogo, Forte Santa
Maria e Porto da Barra, expoentes convidativos para freqüência de grande público de
diferentes classes sociais, onde boa parte são turistas de toda a parte do mundo. Este bairro
faz parte do circuito do Carnaval de Salvador, hoje o mais freqüentado pelas atrações
carnavalescas que se apresentam além dos inúmeros camarotes ali instalados, locais onde
freqüenta o público de maior poder aquisitivo. Os bairros limítrofes, como Graça, Vitória,
Barra Avenida, Ondina e Chame-Chame também são considerados de área nobre e tradicional
de Salvador, assim como a Barra. O espaço territorial é super valorizado. Nestes locais
observa-se que a área residencial é composta de casas, prédios e mansões de alto valor
econômico. Quanto ao bairro de Periperi, também antigo bairro da capital baiana, bastante
conhecido, localiza-se na região do subúrbio ferroviário da capital, na zona norte fazendo
divisas de um lado com o mar e de outro com outros bairros de mesma característica como
Praia Grande, Coutos, Fazenda Coutos, Rio Sena, Mirantes de Periperi e Auto de Santa
Terezinha. Sua paisagem é característica de áreas periféricas com zonas de grande
povoamento, casas amotinadas e sobrepostas umas as outras, com várias ruas, becos e vielas
conforme já explicitado. Esse contingente muito grande de menor poder aquisitivo se
aglomeram nas localidades, ocupando terrenos de dimensões pequenas para essa demanda,
originando as favelas, os becos, uma paisagem de casas sobre casas, com vida própria e
relações muito próximas, onde os sujeitos se reúnem para dar sentido à suas próprias vidas e
assim, como no caso de Salvador, uma cidade de clima quente, as ações cotidianas destes
sujeitos dão origem a saberes sociais intrínsecos originados na base do afeto e interação social
intensa onde a casa se confunde com a rua e a rua é extensão da casa. Nesse ambiente os seus
usuários não estão alheios aos acontecimentos que revelam o grau de insegurança daquele
local representada pelo medo de exercer o direito constitucional de ir e vir, onde a casa agora
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não é mais o abrigo familiar, mas também o local de refúgio diante da escalada da violência,
associado aos problemas de infra-estrutura e de transporte público, fruto da relação de causa e
efeito concernente aos chamados problemas urbanos como a migração de pessoas do espaço
rural para as grandes cidades, resultando numa concentração muito grande de pessoas em um
espaço que se torna reduzido em razão dessa demanda. Em contrapartida há nesta cidade a
especulação de imóveis, do solo urbano, empurrando cada vez mais um contingente
populacional sem recursos para a periferia e assim o centro comercial da cidade grande se
congestiona de prédios e de atividades desproporcional à capacidade de circulação de pessoas
gerando crise no trânsito urbano com excessiva circulação de veículos, dado o aumento do
poder de compra da classe média, que por sua vez tenta imitar os padrões de comportamento e
de consumo do patronato. Ao compreender essa diversidade, na definição que
SACARDO(2007) traz sobre o território, informa que “o território constitui um espaço vivo
em permanente construção e reconstrução caracterizado pela interação e tensão entre os
sujeitos individuais e coletivos na arena urbana, espaço por excelência de convivência com a
alteridade, a multiplicidade de interesses, disputas, conflitos e, ao mesmo tempo, pela
possibilidade da inovação, da criatividade, da solidariedade, da inclusão, da autonomia, da
construção coletiva, do crescimento de redes e parcerias”. Assim com o crescimento do
comércio, formal e principalmente o informal em detrimento das indústrias que recuaram para
terrenos distante do centro residencial, empregando pequena parcela populacional, aqueles
poucos que possuem algum tipo de capacitação profissional regular, as áreas dos bairros
nobres são invadidas pelos moradores das periferias, integrando as relações sociais ali
existentes, despertando o olhar dos moradores destes bairros nobres para estes visitantes
indesejados e estranhos, reagindo de maneira a exigir das Unidades de Polícia instaladas a
observá-los e verificando sua conduta através da constância de abordagem policial de rotina.
Essa conduta diária dos agentes policiais representa para esses moradores a garantia do
controle sobre o comportamento alheio, ao qual Michel Foucalt (1979) chamou de poder
disciplinar, assegurando a sujeição constante de suas forças impondo uma relação de
docilidade-utilidade.
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III. ABORDAGEM POLICIAL NOS BAIRROS NOBRES DE SALVADOR.
Antes de tratar sobre como acontece a abordagem policial militar nos bairros nobres
de Salvador, procuremos contextualizar a doutrina de abordagem policial adotado pela PMBA
no cenário onde se realizam as relações entre o Estado e a sociedade de modo geral. A
atuação desta força policial encontra respaldo constitucional conforme o artigo 144, caput e
inciso V, parágrafos 5º e 6º da Constituição Federal do Brasil que dispõe sobre o dever de
segurança pública e os responsáveis, a responsabilidade das polícias militares dos estados de
exercer a polícia ostensiva e preservar a ordem pública associado ao artigo 240, parágrafos 1º
e 2º e 244, caput, do Código de Processo Penal Brasileiro (CPPB) e artigos 180, 181 e 182 do
Código de Processo Penal Militar (CPPM) que tratam da realização de busca pessoal
associado ao disposto no artigo 301, caput e 302, incisos de I a IV do citado CPPB que
registra as possibilidades de se efetuar prisão em flagrante delito, denotando que os policiais
militares no exercício de sua função tem a obrigatoriedade de agir quando verificar qualquer
situação de fundada suspeita, que possa culminar na realização de um ilícito penal, de
condutas tipificadas no Código Penal Brasileiro (CPB) e na Lei das Contravenções e Leis
Extravagantes como crimes ou contravenção penal, condutas tais que interferem nas relações
de convivência entre as pessoas trazendo geralmente prejuízos para a parte vitimada, que pode
ser o Estado representante da sociedade ou o particular. Dessa forma, a polícia constitui-se um
organismo do Estado para intervir com autoridade e no caso das polícias militares atuação
essencialmente preventiva das violações da lei impostas por um acordo social, regras de
convivência social, com o fim colimado de evitar danos sociais, que atinjam a incolumidade
das pessoas e a ordem pública. Segundo Jean-Claude-Monet a polícia é uma força organizada
e armada que serve para obrigar os indivíduos a acatar as normas coletivas e no pensamento
do sociólogo Max Weber esta força policial representa o Estado, que possui o monopólio do
uso legítimo da força (SELL, 2004). Como instrumento de dominação do homem pelo
homem o Estado, segundo Weber, faz uso da violência legítima se apoiando em um conjunto
de normas, no caso do Brasil pelos instrumentos legais acima mencionados.
A ação policial militar vivenciada pelos seus agentes nas ruas de Salvador
caracterizada pelo uso do poder de polícia objetivando restringir ou limitar o uso e o gozo de
bens individuais em prol do benefício da coletividade, na abordagem policial de rotina, aquela
realizada pelos policiais militares de serviço regular estando no interior de veículos
padronizados, facilmente identificáveis, devidamente fardados e identificados, utilizando-se
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de armamento ordinário, de uso contínuo, tipo armas de porte e portáteis apropriadas e
também identificadas, principalmente pistolas e carabinas ou metralhadoras com poder de
impacto neutralizador da ação do infrator, que na doutrina operacional da Polícia Militar
divulgada pelas diretrizes operacionais e manual de abordagem policial, publicados através da
intranet ao público interno ou mediante Boletins oficiais, apresenta os atributos do poder de
polícia que devem permear esta ação policial militar que são a discricionariedade, a
autoexecutoriedade e a coercibilidade. A discricionariedade indica que a decisão de agir é do
policial, esta ação policial, embora regulamentada, rege-se pela conveniência e oportunidade,
o que legitima a vontade do policial militar de agir preventivamente ou repressivamente
mediante o uso moderado da força, e neste caso age coercitivamente legitimado pelo Estado, e
nessas ações age com autoexecutoriedade por não precisar de autorização do Poder Judiciário
para realização destas abordagens policiais de rotina, que se caracterizam como ação policial
proativa.
A abordagem policial no dizer de Tânia Pinc (2007) representa um dos encontros mais
cotidianos entre a polícia e o público, ocasião em que o policial faz uso da força não letal,
embora utilize armamento letal no instante da aproximação do indivíduo a ser abordado. A
relação objeto de estudo é a ação policial proativa, quando a iniciativa é do próprio policial.
Segundo Tânia Pinc, além desta ação existe outra que decorre de iniciativa do cidadão
comum, principalmente através do número 190 que ela chama de ação policial reativa. Em
várias Unidades Operacionais da Polícia Militar da Bahia a aproximação com setores da
comunidade é bastante intensa, como ocorre com a 11ª CIPM na Barra, que moradores e
comerciantes possuem o número de telefone funcional da Companhia, facilitando o contato
com o comandante da unidade policial, com a central de comunicações ou com o oficial de
operações a fim de informar sobre fatos delituosos ou problemas que porventura estejam
ocorrendo na área de atuação da Companhia. Porém, a intervenção policial diária e mais
produtiva ocorre na realização do policiamento ostensivo, aguardando-se os estímulos de uma
determinação da central de operações de rádio, de solicitações da comunidade ou de
visualização de uma situação problema, seja motorizado ou a pé, onde a guarnição policial
realiza rondas constantes de observação do ambiente. Na situação em que a guarnição esteja a
bordo de viatura policial circulando por várias ruas e avenidas do bairro, o tempo de
permanência em uma rua é muito curto, caso não se realiza um ponto base para observação e
abordagem. Quando a guarnição realiza o policiamento ostensivo a pé, embora esteja mais
exposto a ações externas o contato com as pessoas de determinada rua ou quadra é bem maior
com a possibilidade de obtenção de se verificar melhor as características daquele setor
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policiado, com possibilidade de aproximação e interceptação rápida de pessoas que circulam
naquela via pública ou realização. A abordagem policial visa a interceptação de pessoas e
veículos na via pública objetivando realizar a busca pessoal e vistoria veicular com objetivo
de encontrar objetos ilícito como armas e drogas.
Para a compreensão da dinâmica da abordagem policial realizada nos bairros de classe
média alta da cidade de Salvador, foram observadas abordagens realizadas pelas guarnições
policiais da 11ª CIPM /Barra, primeira companhia que adotou a filosofia de policia cidadã
como base para a realização do policiamento ostensivo, caracterizado como comunitário. A
área de atuação desta Companhia sediada no bairro turístico da Barra tem como
particularidade o funcionamento de casas noturnas de shows, elevado número de instituições
financeiras, grande quantidade de bares e um comércio atuante em razão do turismo e da alta
freqüência dos banhistas. Segundo informações do setor operacional desta CIPM sua orla
marítima apresenta problemas de uso de drogas e uso inadequado do espaço público
principalmente no Porto da Barra. Além de ser uma área onde acontece várias festas populares
anteriormente programadas como o carnaval e o réveillon ocorre a realização constante de
eventos públicos como maratonas, caminhadas, shows variados, concentrando um grande
massa da população potencializando a ocorrência de eventos delitivos. Porém, o bairro da
Barra também esconde locais povoados por pessoas de baixo poder aquisitivo, com as
mesmas características de bairros periféricos, mas ação policial para efeito deste estudo foi
observada nos locais considerados como área nobre pela sua representação social. Além da
Barra, a área de atuação compreende também o bairro da Graça, que historicamente apresenta
aparência mais residencial, cuja população é composta de uma grande quantidade de pessoas
com alto poder aquisitivo e influência política e social na cidade. Como principais ocorrências
encontram-se aquelas associada ao tráfico de drogas e a conhecida “saidinha bancária”, que
ocorre durante o expediente bancário, onde o indivíduo é seguido após sair de um Banco e em
local diverso e afastado é saqueado, seguindo-se o roubo e o furto de transeuntes,
principalmente em razão da grande movimentação de visitantes. O efetivo policial da
Companhia da Barra é composto de 178 (cento e setenta e oito) policiais militares, destes,
doze são oficiais, conforme registros do mês de julho do corrente ano, sendo que, atuando no
serviço operacional há cerca de 139 (cento e trinta e nove) policiais militares, no entanto para
o emprego tático operacional aproximadamente são empregados 41 praças em atividade de
policiamento a bordo de viaturas, 30 praças no policiamento modular, ou seja, em postos
fixos e 26 praças no policiamento ostensivo realizado a pé. Na pesquisa de campo além das
observações das abordagens policiais montadas através das “blitz” foram submetidos a
15
questionário 26 policiais militares que atuam exclusivamente no policiamento ostensivo
realizado mediante viatura policial ou a pé, perfazendo um total de entrevistados de 27% dos
policiais da área operacional e 39% dos policiais que trabalham somente a bordo de viaturas
operacionais ou trabalham no PO a pé, público alvo da respectiva pesquisa por considerar que
estes policiais militares efetivamente realizam abordagem policial de rotina de forma
preventiva, na concepção de atuação por amostragem, de forma a coibir qualquer tipo de ação
infracional, o que não ocorre com o policiamento modular, onde o policial aguarda a
solicitação do público externo para atuar de forma coercitiva. Traçando um perfil do efetivo
desta Companhia, atuando neste tipo de policiamento verificou-se que 47% possuíam idade
entre 24 a 30 anos e 26% entre 30 e 40 anos, correspondendo a um efetivo jovem, com ampla
capacidade física de corresponder às exigências da atividade policial de rua. Dos entrevistados
81% eram solteiros e 60% tinham entre 1 a 5 anos de serviço e 20% de 10 a 20 anos de
serviço, sendo dos entrevistados 85% do sexo masculino e 15% do sexo feminino.
Analisando os dados da coleta, verificou-se que os policiais militares da Barra
geralmente abordam pessoas do sexo masculino, de classe social baixa e eventualmente média
alta ou baixa, quando na realização das chamadas “blitz”, barreira policial montada em um
trecho de uma avenida com bastante trafego de veículos, com viaturas estacionadas onde os
policiais se postam em pé, estrategicamente distribuídos ao longo do espaço destinado para a
abordagem sob o comando geralmente de um oficial. Os indivíduos selecionados para
abordagem geralmente possuem faixa etária entre 14 a 30 anos e no caso das blitz um dos
critérios usados corresponde ao número de ocupantes de um veículo principalmente se estes
são do sexo masculino, mas o principal critério que utilizam para a escolha dos indivíduos a
serem abordados foi apontado como atitude suspeita, seguido de local ermo e a existência de
comércio associado com a apresentação pessoal de indivíduos residentes nas áreas periféricas
da cidade e freqüentadores destes locais. Na abordagem, procedimento precedido de um
elevado grau de fiscalização sobre as pessoas circulantes, cogita-se uma possibilidade de que
o indivíduo escolhido para ser abordado seja identificado como potencial infrator da lei,
premissa da ação policial proativa, na abordagem de pessoas com fundada suspeita de que
eles possam ameaçar a segurança da coletividade (Tânia Pinc, 2006). Esta idéia vem
associada ao conhecimento das possibilidades de ocorrência do delito, apresentadas pelas
estatísticas criminais tornando o local um local de risco, por diversos fatores como per
exemplo a presença de Bancos comerciais, comércio de mercadorias de valor considerável,
grande ou pouca circulação de pessoas, bares etc. Na pesquisa os policiais da 11ª CIPM
apontaram como situações por eles vivenciadas como atitude suspeita principalmente a
16
situação de duas pessoas a bordo de motocicleta circulando por área comercial, ou efetuando
direção perigosa. Além deste indicaram também as seguintes situações: indivíduo que olha
muito para o policial militar de serviço; indivíduo que fica parado em local ermo ou comercial
sem fazer nada ou que ficam em frente à loja comercial parado por muito tempo; pessoas
desconhecidas circulando pela área de atuação do policial militar; indivíduo que se esconde
imediatamente quando vê a guarnição da policia militar e além disso quando joga fora o
material que portava, geralmente quando averiguado pelo policial se constata ser droga;
veículo de quatro rodas com mais de três passageiros circulando ou parado em frente a
estabelecimento comercial; presença de mendigos ou moradores de rua nas proximidades de
Bancos ou em área residencial, salientando que o simples fato de ser morador de rua foi
apontado como atitude suspeita; indivíduos que andam em grupos e locais de difícil
circulação de veículos. O policial militar ao efetuar abordagem com o critério de atitude
suspeita, utiliza o princípio do “Law enforcement”, apresentado por Sztompka (Tânia Pinc,
2006), atuando na base da desconfiança, que implica em suspeitar de pessoas que apresentem
indícios de ameaça à segurança. Mediante este conceito, a ação policial torna-se
eminentemente preventiva e pró-ativa, antecipando o evento criminoso, exercendo assim um
alto grau de fiscalização sobre as pessoas que circulam nas ruas. Na abordagem inicial, como
primeira atitude, geralmente a guarnição policial através de um de seus componentes,
determina mediante verbalização que a pessoa abordada tome uma posição de abordagem
adequada para realização da busca pessoal como colocar as mãos para cima ou em um
anteparo e abrir as pernas, como mecanismo de segurança, eliminando as possibilidades de
uma reação por parte do abordado. Posteriormente à busca pessoal se pergunta se a pessoa
abordada estar portando algum documento de identificação e o que é que ela está fazendo ali
naquele local. Esta preocupação com a identificação do indivíduo decorre do fato desta área
ser considerada nobre, portanto de grande circulação de capital em espécie ou patrimonial, por
isso se verifica que o roubo e o furto são as principais ocorrências nesta localidade, sendo que
os crimes contra a vida ocorrem de maneira esporádica, conforme informação do Comando da
11ª CIPM.
Por ser uma área nobre da cidade onde circulam pessoas com alto poder aquisitivo
geralmente nas abordagens ocorrem situações de conflitos entre policiais e abordados com
esta característica social. Na pesquisa realizada, os policiais militares 74% informaram que já
se reparou com a situação em que o abordado concordando ou não em ser abordado fez
questão de salientar a sua posição social ou que disse conhecer alguém influente no meio
político ou empresarial. Destes policiais que se depararam com esta situação 75% informaram
17
que o indivíduo abordado se recusou ser revistado. Isso reforça a tese de que nestes locais
ocorre com freqüência o fenômeno do dizer “sabe com quem está falando?” dito pelos
abordados com poder aquisitivo considerável, pois como explica Roberto da Mata (1997) este
comportamento acontece quando a pessoa entende que sua autoridade encontra-se ameaçada
ou diminuída ante a uma situação incomoda que é a abordagem e a busca pessoal. Assim este
abordado deseja impor sua “autoridade” tentando inferiorizar consciente ou
inconscientemente quem está efetuando o procedimento devido ao seu status social,
expressando uma vertente hierárquica e autoritária, principalmente, conforme indicado pelos
entrevistados ao informarem que conhece as leis e o Direito, como se os policiais militares
assim não conhecessem. Então nesta região de bairros nobres estamos diante de uma
ambigüidade de relações no instante da abordagem. Considerando o contexto em que está
inserido a frase do “sabe com quem você está falando?” e aliado ao resultado da pesquisa
apontado como uma atitude suspeita a presença nestes espaços nobres como mendigos ou
moradores de rua verifica-se que diante deste público o poder coercitivo do Estado
representado pelos policiais militares apresenta-se com maior rigidez, com mais força,
impondo determinados comportamentos nesta intensa fiscalização. Por outro lado, encontra
maiores dificuldades ao impor seu poder coercitivo quando o público a ser verificada a
possibilidade do comportamento transgressor se constitui de pessoas de status social e mais
informada culturalmente, situação que impõe a necessidade de esclarecer a importância da
realização deste procedimento operacional visando a manutenção da segurança da
coletividade.
IV. ABORDAGEM POLICIAL NOS BAIRROS DE PERIFERIA EM
SALVADOR
Ao tratarmos sobre o assunto abordagens policiais nos bairros nobres e periferia é de suma
importância salientar que segundo o manual de abordagem policial empregado na Policia
Militar da Bahia em sua página 37 a abordagem policial é o ato de aproximar-se e interpelar
uma pessoa estando ela a pé, motorizada ou montada com o intuito de executar alguns
procedimentos que vão desde a simples identificação da pessoa interpelada até a prisão do
abordado se for verificado o cometimento de alguma criminalidade ou a iminência do
cometimento da mesma. A abordagem policial segue alguns princípios no sentido de
salvaguardar os agentes do estado que são os policiais sobretudo os policiais militares que
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segundo o artigo 144 da Constituição Federal do Brasil executam o policiamento ostensivo,
que tem por finalidade a prevenção do cometimento do delito e a manutenção da ordem
pública e a própria população. Dentre estes princípios estão o da segurança que visa diminuir
os riscos da ação policial militar, o da surpresa que tem a finalidade de diminuir a
possibilidade de uma possível reação por parte do abordado, o da rapidez que tem como um
dos seus objetivos diminuir o constrangimento de um abordado inocente, o da ação vigorosa
que não deve ser confundida com ação violenta e deve-se mostrar um conhecimento técnico
profissional e finalmente a unidade de comando que tem por finalidade coordenar a ação da
tropa e é direcionada a uma única pessoa. Para se fazer um estudo a respeito da abordagem
policial em bairros de periferia que como foi citado neste presente artigo cientifico são bairros
que são caracterizados por estarem afastados do centro da cidade e que possuem uma grande
quantidade de pessoas que estão em classes econômicas pouco favorecidos, que em alguns
casos vivem em situações delicadas no que diz respeito a condições socioeconômicas, onde
pode-se encontrar uma grande quantidade de esquinas e becos formando assim as chamadas
favelas. Para analisarmos a abordagem policial em bairros de periferia foi feita uma profunda
pesquisa feita na área de responsabilidade do policiamento da 18ª CIPM situada no bairro de
Periperi e que realiza o policiamento ostensivo em diversos bairros do subúrbio ferroviário de
Salvador dentre os quais podemos destacar os bairros de Rio Sena, Alto de Coutos, Praia
Grande, Ilha Amarela, Vista Alegre, Mirantes de Periperi e o próprio bairro de Periperi. Em
alguns destes bairros existem muitos locais de lazer onde famílias circulam em busca de um
relaxamento e uma diversão como no bairro de Periperi onde encontra-se a Praça da
Revolução na qual se concentra boa parte da população do subúrbio ferroviário de Salvador
principalmente nas grandes festas que são realizadas no local como o “Perifolia”. Ainda no
bairro de Periperi, um bairro bastante antigo e tradicional da cidade, existe uma presença
significativa de casas comerciais e instituições financeiras como os Bancos. Em relação ao
bairro da Barra esse quantitativo de estabelecimentos comerciais e financeiros é bem menor,
razão pela qual os registros de ocorrências de delitos conhecidos como “saidinha bancária”,
onde pessoas que saem dos Bancos após utilizarem serviços bancários são assaltadas por
pessoas portando arma branca e na maioria dos casos arma de fogo. Por outro lado, nessa
região de periferia estão instalados uma quantidade enorme de “botecos”, que são bares
instalados na frente das residências, geralmente clandestinos, em contraposição aos bares e
restaurantes comerciais instalados regularmente no bairro da Barra. Segundo informações do
Comando da 18ª CIPM, nesses botecos, ocorrem a maior incidência de tráfico de drogas,
prostituição, brigas e também homicídios, principalmente nos finais de semana e no período
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da noite. Na maioria destes casos o veículo automotor mais utilizado para o cometimento do
delito á a motocicletas o que é motivo de grande atenção por parte dos policiais militares
lotados na 18ª CIPM, assim como no bairro da Barra, conforme pesquisa realizada. Alguns
dos policiais entrevistados citaram como exemplo de caracterização de atitude suspeita, dois
elementos embarcados em uma motocicleta próximo aos locais citados. Conforme escala
mensal do mês de julho do presente ano a 18ª CIPM tem um efetivo de 135 policiais militares
dentre os quais 55 exercem funções eminentemente de policiamento ostensivo, sendo 43 para
o serviço de radio patrulhamento a bordo das viaturas padronizadas, tecnicamente similar ao
que é empregado na Barra, e 12 executam o chamado policiamento ostensivo a pé, em
contraste com os 26 policiais empregados nesta modalidade de serviço no Bairro da Barra.
Este último comparativo, ocorre, devido ao fato da área física de responsabilidade dessa
CIPM não possuir grandes pontos turísticos, porém o efetivo empregado no policiamento
ostensivo a pé encontra-se aplicado em sua maioria salvaguardando o comercio local, os
transeuntes e os Bancos a fim de coibir o que já foi descrito neste tópico a chamada saidinha
bancária e pequenos furtos, além de apoiar órgãos do governo do estado sediados na área de
policiamento da 18ª CIPM como o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC). Para auxílio
na composição do presente artigo foram submetidos a pesquisa o efetivo empregado no
policiamento ostensivo quer seja motorizado ou a pé, pois estes policiais estão no dia a dia em
pleno contato com a população, no combate a criminalidade, a todo o tempo efetuando a
abordagem policial. Como complemento da observação das abordagens policiais, na pesquisa
de campo foram entregues questionários, a 26 policiais dentre estes 03 oficiais sendo que 02
exercem a função de oficiais coordenadores de área gerenciando o policiamento ostensivo
embarcados em viaturas padronizadas e 01 que exerce a função de chefe de planejamento
operacional da supracitada unidade policial militar sendo responsável pela elaboração da
escala mensal da mesma e dos planos de policiamento ostensivo e das ordens de serviço
policial. Foram entrevistados também treze policiais empregados no serviço de viatura nas
suas três funções (motorista, comandante e patrulheiro), totalizando 64 % dos policiais
entrevistados. Nove policiais do serviço de policiamento ostensivo a pé responderam ao
questionários totalizando 36% do efetivo entrevistado. Na coleta destes dados foi possível
traçar um perfil dos profissionais que trabalham nestes tipos de policiamento ao qual foi
submetido a esta pesquisa cientifica e foi constatado que 29% tem entre 24 a 29 anos de
idade, 57% tem entre 30 e 40 anos e 14% tem entre 41 e 50 anos de idade, o que difere do
efetivo da Companhia da Barra por ser esta uma tropa mais jovem; no que diz respeito ao
tempo de serviço na corporação 9% tem de 1 a 5 anos na instituição, 48% tem de 6 a 10 anos
20
de serviço, 26% tem de 11 a 20 anos e 17% tem de 21 a 30 anos sendo que 96% do efetivo
empregado nestas modalidades de serviço são do sexo masculino sendo a sua grande maioria,
revelando novamente que o efetivo dessa CIPM de Periperi é mais experiente. Foi observado
após a coleta dos dados da pesquisa de campo que referente a abordagem policial 100% das
indicações referentes ao sexo dos abordados pelas guarnições são do sexo masculino sendo
62% dos abordados pertencentes das classes baixa e extremamente baixa e 89% estão na faixa
etária dos 14 aos 30 anos de idade, tal qual o observado na Barra. Sob o principal critério
adotado pelo policial para a tomada de decisão em efetuar a abordagem a maioria indicou a
atitude suspeita, que obteve vinte e três indicações por parte daqueles profissionais. Dentre as
definições dadas pelos entrevistados para a chamada atitude suspeita podemos destacar as que
foram mais mencionadas por eles que foram as seguintes: dois elementos em uma moto
circulando pela rua e observando os transeuntes, indivíduos com olhar assustado em locais
com grande incidência de tráfico de drogas, elementos que saem apressadamente do local
onde estão ao perceberem a chegada do preposto policial, pessoas com vestimentas
incompatíveis com o clima como agasalhos no verão também foi considerado como atitude
suspeita pelos policiais da 18ªCIPM, dentre outras definições dadas pelo público pesquisado.
No que tange a instrução da tropa 73% dos policiais militares daquela unidade informaram ter
conhecimento que Policia Militar da Bahia possui o seu manual de abordagem policial e 71%
deles informaram ter contato com este manual durante o seu curso de formação, porém após o
seu período de formação e já na sua rotina diária de trabalho apenas 23% informaram que
participaram de treinamento no que diz respeito a abordagem policial, durante a realização de
tal procedimento foi observado que o nível de aceitação da pessoa abordada nos bairros que
compõem a área sob tutela de responsabilidade de policiamento ainda tem deixado a desejar o
que tem levado aos profissionais que trabalham naquele local a conscientizar a população
sobre a importância da abordagem policial na prevenção da criminalidade, pois 65% dos
entrevistados informaram que o nível de aceitação de público durante a o procedimento está
entre regular e ruim. Uma situação que também ocorre na abordagem policial realizada nos
bairros de periferia é a recusa do individuo em ser abordado pelo preposto policial no qual
houveram 65% de indicações referentes a esta recusa por parte do abordado. Neste caso as
pessoas que se negam a serem abordadas alegam ter uma posição de influência na sociedade
ou conhecerem pessoas com grau de influência na sociedade como políticos e empresários,
porém com menor intensidade do que na Barra, pois no caso de Periperi depende do local
aonde esteja sendo realizada a abordagem, principalmente na a´rea comercial. Esta situação
foi abordada por Roberto DaMatta em seu livro “Carnavais ,malandros e heróis “ no que foi
21
chamado pelo autor de teoria e prática do sabe com quem você está falando? Diante de tudo o
que foi observado e constatado se traçou um perfil da abordagem policial em bairros da
periferia de Salvador aqui representados pelos bairros que compõem a área de
responsabilidade de policiamento da 18ª CIPM.
V. USO PROGRESSIVO DA FORÇA POLICIAL NOS BAIRROS NOBRES E
DE PERIFERIA EM SALVADOR.
Para se falar em uso progressivo da força em bairros nobres e de periferia é preciso
entender que uso da força não se resume e se refere apenas a utilização da força física sendo
esta apenas um degrau na escala de utilização da força policial que vai desde a presença do
policial até o limite extremo e o degrau mais alto desta escala é uso de força letal através de
armas letais. Segundo Tânia Pinc em seu artigo “O uso da força não letal pela polícia nos
encontros com o público” a capacidade do uso da força tem função central no papel da policia
e qualquer pessoa, seja por um comportamento suspeito ou pelas próprias atividades rotineiras
poderá em algum momento se submeter a um grau de força aplicado pela policia. Ainda neste
artigo, ela mostra uma escala de níveis de força que são empregadas pelos policiais que se
inicia sem nenhuma força, passa pela presença do policial nas ruas e vai seguindo com a
comunicação verbal, condução do preso utilizando técnicas de imobilização e o uso das
algemas, uso de agentes químicos e técnicas físicas, findando com o emprego da arma fogo.
Desta forma conceitua-se força policial, todo emprego de energia física e de técnicas capazes
de neutralizar uma ação criminosa e o seu autor, sendo o uso da força o instrumento de
trabalho da instituição policial e de seus componentes, desta forma compreende-se que o uso
progressivo da força é segundo definição apresentada pela Policia Militar do Distrito Federal
através da sua Diretriz de comando 003/2006, toda intervenção compulsória sobre o individuo
ou grupo de indivíduos reduzindo ou eliminando sua capacidade de auto decisão. É
importante se observar que a utilização da força por parte dos agentes de segurança pública
deverá ser feita de forma moderada a fim de que tal utilização não perca a sua legitimidade
que poderá ocorrer se o emprego da força física não se enquadrar em quatro princípios básicos
que são a necessidade, proporcionalidade, a ética e a legalidade. Nos bairros que fazem parte
da área sob responsabilidade de policiamento das 11ª e 18ª CIPMs o policiamento visa
prevenir o cometimento do delito sendo o policiamento ostensivo rotineiro uma escala do uso
progressivo da força que é a presença policial no local. Em bairros como a Barra onde existe
um grande número de pontos turísticos com um grande fluxo de pessoas sobretudo de turistas,
22
o policiamento ostensivo tem grande importância, assim como em Periperi por ser um bairro
bastante populoso com um grande números de moradores e de pessoas que circulam também
nestes bairros se faz necessário a presença ostensiva da policia. Para a utilização da força o
policial deve estar respaldado pelo Estado que investe no individuo com formação e
treinamento objetivando lhe dar autoridade e poder a fim de que o mesmo seja reconhecido
com um agente da lei. Segundo David H.Bayley em seu livro Padrões de Policiamento a
competência exclusiva da policia é o uso da força física, real ou por ameaça e que a policia se
distingue, não pelo uso real da força, mas por possuir autorização para usá-la. O aumento no
emprego da força policial depende do nível de resistência oferecida pelo possível suspeito.
Havendo uma resistência com emprego de força letal o policial com o objetivo de proteger o
interesse coletivo empregará o uso de força letal, sendo o policial autorizado pelo Estado com
o objetivo de salvaguardar outras vidas e se preciso for ceifar a vida de outrem, devendo estar
esgotado todos os níveis de utilização de força policial, devendo obrigatoriamente estar
amparado em uma das excludentes de ilicitude descritas no Código Penal Brasileiro no seu
artigo 23, que são o estado de necessidade, a legitima defesa ou o estrito cumprimento do
dever legal no qual os dois últimos estão intimamente ligados com a função policial militar. A
ONU através dos seus Princípios Básicos sobre Uso da Força e Armas de Fogo –
PBUFAF(ONU 1990) já viria a explicitar esta situação afirmando que os policiais no
exercício de sua funções devem na medida do possível recorrer a meios não violentos antes de
utilizarem a força ou armas de fogo. Além do PBUFAF existe um código criado pela
Assembléia Geral da Nações Unidas em 1979, Código de Conduta para Encarregados de
Aplicação da Lei - CCEAL que tem por objetivo sensibilizar os integrantes das Organizações
responsáveis pela aplicação da Lei, os policiais. Estes instrumentos apesar de não terem força
de tratado são de suma importância na regulação internacional do uso progressivo da força e
estão descritos com uma grande riqueza de detalhes no curso de uso progressivo da força
ministrado pela Secretária Nacional de Segurança Pública (SENASP ) na modalidade de
educação a distância que tem reciclado e capacitado policiais pelo Brasil em diversos cursos
no qual o uso da força policial é um deles. Vale ressaltar que a utilização de força física por
parte do policial é limitada a duas situações especificas descritas no artigo 284 do Código de
Processo Penal – CPP, que delimita a casos de resistência a prisão e de tentativa de fuga por
parte do preso. Através dos dados colhidos na pesquisa de campo foi possível perceber como
se dá o uso progressivo da força em bairros nobres e de periferia em Salvador. Estes dados
serviram de amostragem para diagnosticar qual o nível de força mais utilizado na 11ª CIPM e
na 18ª CIPM , observando que nos bairros que fazem parte da área sob tutela da 11ª CIPM há
23
um grande índice de cometimento de furtos sobretudo pela grande quantidade de turistas que
circulam naqueles bairros, porém como o índice de homicídios é relativamente menor que na
área sob comando da 18ª CIPM e a probabilidade de confronto em locais apertados como
becos e vielas é reduzido na Barra, o uso da força moderada é constante e não apresenta
grande oscilação, pois segundo a pequisa de campo a simpres presença policial teatro de
operações como forma preventiva inibe o cometimento do crime de acordo com 74% dos
entrevistados da companhia da Barra. Além disso, a maioria das pessoas que se envolvem nas
ocorrências nos bairros nobres vieram de outros bairros, ou residem neste local como
“moradores de rua”. Diferente do que acontece em bairros como Periperi, onde existe os
envolvidos nos fatos delituosos residem no próprio bairro, muitos deles envolvidos com o
tráfico de drogas, em conseqüência o índice de homicídios é maior e geralmente está
relacionado a venda ilícita das drogas. Assim a probabilidade do emprego do nível extremo de
utilização da força, ou seja, a força letal é bem maior do que na área da 11ª CIPM, pois as
possibilidades de resistência a qualquer nível de força policial é bem maior, como afirmam
58% dos entrevistados, situação que mostra que nestes locais de periferia a simples presença
do policiamento ostensivo não traz um resultado mais expressivo, necessitando assim que o
Estado esteja presente principalmente promovem melhorias no âmbito do social, como afirma
Gey Espinheira (2008): “Sem medo de dizer, portanto, que nas sociedades urbanas
contemporâneas a pobreza é fator contribuinte causal da violência, em que o estado de
carência limita, frusta e revolta, sobretudo quando se conjugam juventude, exclusão,
frustação e engajamento em atividades transgressoras com promessas de recompensas
imediatas, a exemplo do tráfico de drogas, furtos e roubos”. No que tange a utilização da
força física por parte dos representantes do Estado na unidade de policiamento de bairro nobre
aqui representada pela 11ª CIPM a grande maioria dos entrevistados indicaram que nunca ou
raramente tem a necessidade de utilizar a energia necessária para conter ou impedir o
cometimento do crime o que representou cerca de 87% do público submetido a pesquisa de
campo, resultado um pouco distinto da unidade de policiamento em bairros de periferia aqui
representada pela 18ª CIPM onde 50% do público entrevistado indicou que freqüentemente ou
sempre tem a necessidade de utilizar a força física com objetivo de impedir e/ou conter o
cometimento do delito, salientando ainda que os outros 50% informaram que raramente
utiliza a força física na sua rotina diária de serviço, progredindo para a prisão do elemento que
cometeu o crime. Foi constatado que na unidade sediada na Barra 65% dos policiais
informaram que tem a necessidade efetuar entre pelo menos uma condução para a delegacia
durante o seu turno de serviço sendo que 8% informaram que tem a necessidade de fazer entre
24
cinco a dez conduções. Na companhia de Periperi este índice foi de cerca de 81% para no
mínimo uma condução para a delegacia e de 12% para no mínimo cinco conduções. Outro
fator interessante foi no que diz respeito ao conhecimento da tropa a cerca da legislação que
aborda o uso progressivo da força onde 65% dos policiais militares lotados na 11ª CIPM
indicaram ter conhecimento do teor da legislação, já na 18ª CIPM este índice foi de 56% . Os
dados colhidos na pesquisa de campo mostram que na unidade de policiamento sediada em
bairro de periferia existe um aumento maior do nível de força empregada ocorrendo em maior
percentagem o uso progressivo da força por parte do policial militar .
25
VI. CONCLUSÕES
Para se traçar um perfil e um comparativo da abordagem policial e do uso progressivo da
força em bairros nobres e de periferia foi necessário uma pesquisa profunda utilizando-se de
ferramentas como a técnica da Observação Social Sistemática –OSS e da pesquisa de campo
tendo ao final destas etapas coletado dados estatísticos referentes ao modus-operandi das
unidades operacionais que serviram de amostragem para se conseguir responder as
inquietações descritas no projeto de pesquisa, para tanto de inicio foi delineado um perfil dos
profissionais empregados nas modalidades de policiamento motorizado (viaturas
padronizadas ) e ostensivo a pé onde se conseguiu constatar que um pouco mais da metade do
público alvo da pesquisa de campo pertencente a 11ª CIPM tem entre 19 e 24 anos de idade o
que representa 55% dos entrevistados ,quanto ao estado civil 81% dos policiais submetidos a
pesquisa de campo são solteiros e 60% tem entre 1 a 5 anos de serviço mostrando que a
companhia da Barra tem uma tropa jovem no contato dia a dia com comunidade. No que
tange ao perfil profissional dos policiais militares da 18ª CIPM empregados no
radiopatrulhamento e no policiamento ostensivo a pé 86% tem entre 24 e 40 anos de idade,
61% são casados ou separados e 74% tem entre 5 e 20 anos de serviço sendo uma tropa comm
uma vivência operacional maior. Quanto aos critérios utilizados para a decisão em efetuar a
abordagem e quanto as características do publico submetido a abordagem foi observado que
em ambas as unidades operacionais 100 % dos abordados são do sexo masculino tem em sua
maioria a idade compreendida entre 14 a 30 anos de idade. Outro fator observado foi em
referencia a abordagem a pessoas pertencentes as classes médias baixa e baixa onde as
companhias estudadas tem números parecidos, porém quando a abordagem é feita nas classes
alta e extremamente alta a 11ª CIPM tem um número maior de abordados o que é facilmente
compreendido devido ao grande fluxo de pessoas destas classes sociais na área de
policiamento da Barra, situação que é invertida quando o público abordado pertence a classe
extremamente baixa que tem grande circulação nos bairros que fazem parte da área da 18 ª
CIPM. Na decisão de realizar o procedimento da abordagem as companhias tem resultados
parecidos pois a maioria das indicações por parte dos policiais foi a chamada atitude suspeita
que foram definidas também de forma similares observando apenas as peculiaridades dos
bairros que compõem a área das companhias estudadas onde o trafico de drogas faz parte da
rotina do policiamento da 18ª CIPM e os pequenos furtos fazem parte da realidade da 11ª
CIPM. Observou-se também que referente a instrução técnica também tiveram resultados
26
similares nos quais os policiais indicaram terem adquiridos conhecimentos sobre a abordagem
policial apenas no Curso de Formação, não participando de nenhum treinamento ou
reciclagem após a sua formação. Concernente às deficiências técnicas a falta de estrutura
técnica e de instrução de reciclagem foram também indicadas pelos entrevistados nas duas
Companhias, associando as dificuldades com o quantitativo de efetivo na área e escala de
serviço corrida, pois seria necessário utilizar o período de folga do policial para empregar em
curso específico de reciclagem, necessitando assim de melhor adequação de escala. Quanto ao
armamento empregado e material de proteção individuas foi apontados nas duas Unidades
Operacionais a falta de manutenção dos materiais bélicos bem como a existência de coletes
balísticos com validade de uso vencida empregado no policiamento ostensivo e ausência de
detector de metais para realização das abordagens policiais principalmente em barreiras fixas
montadas estrategicamente visando detectar a utilização indevida de arma de fogo por pessoas
não autorizadas por lei.
Diante do exposto e apoiado nos resultados que a pesquisa de campo apresentou a
abordagem policial nos bairros de Salvador ocorre segundo as peculiaridades de cada região,
inclusive na distribuição do efetivo operacional em viaturas ou a pé de acordo com o grau de
incidência de ocorrência policiais e o público alvo, geralmente pessoas de classe social baixa,
não importa o espaço público em que este indivíduo esteja presente, seja na Barra ou em
Periperi, a preferência é sempre aquele de apresentação pessoal indicadora de baixo poder
aquisitivo, buscando sempre procurar objetos produtos de furto ou roubo, armas de fogo ou
drogas ilícitas. Considerando que o momento da abordagem policial é bastante tenso tanto
para o policial como para o abordado, o parâmetro que propiciará uma tranqüilidade e
harmonia nesta relação social que surge neste instante é o da confiança. O policial militar age
por desconfiança ao selecionar o abordado, porém a reação deste indivíduo dependerá do grau
de confiança que este possui para com a instituição Polícia Militar. Por isso,
surpreendentemente tanto no bairro periférico como nos ditos nobres ocorre o conflito de
poder do Estado representado pelo policial militar e o individual representado pelo abordado
que questionará a ação policial por mais simples que pareça ao impedir momentaneamente o
seu direito de ir e vir e o poder de lhe tocar o corpo físico ou seus bens, principalmente
veículos para verificar objetos, que podem ou não constituir circunstância de fato delituoso.
Assim, não importa onde aconteça a abordagem, mesmo nos bairros periféricos ocorre com
grande intensidade a resistência do individuo diante da abordagem policial com argumentos
do “sabe com quem está falando”. Quanto ao tratamento dispensado pelos policiais militares
no instante da abordagem e seus desdobramentos observou-se que na Barra há maior cuidado,
27
principalmente no uso da força física, levando em consideração o público alvo. Na área de
Periperi, o grande número de conduções policiais para a Delegacia é um indicativo de que as
abordagens policiais ali realizadas objetivam conter o avanço da criminalidade, sobretudo o
tráfico de drogas, considerando que as principais ocorrências nesta área tratam de crimes
contra a vida e violência doméstica. Em referência a doutrina operacional de abordagem
policial empregada na Polícia Militar da Bahia embora esta Corporação tenha publicado
Diretriz norteando os procedimentos de abordagem em site interno bem como o Manual de
Abordagem Policial empregado na Escola de Formação de Praças, este conteúdo não é
trabalhado após a conclusão do Curso de Formação. O policial militar das Unidades
Operacionais ordinárias, que não atuam em um tipo de policiamento específico apresenta falta
de conhecimento atualizado das técnicas de abordagem policial, devidamente reconhecidas
pelos policiais a militares entrevistados nas duas Companhias, portanto não há um
procedimento operacional padrão aplicado em todas as ações de abordagem policial. Isso
também diminui a confiança da população perante a guarnição policial, por ter um parâmetro
de abordagem e alimentar receio de ser abordado. No que se refere ao modus operandi ambas
as unidades operacionais apresentam um conhecimento técnico similar sobretudo no que se
refere a instrução continuada , salientando ainda que apresentam procedimentos parecidos no
momento da abordagem, porém o uso da força necessária é mais constante em bairros
periféricos o que justifica a maior quantidade conduções a Delegacia uma maior utilização de
armas longas e portáteis alem de possuírem em suas viaturas guarnições tipos C e D (com três
e quatro policiais respectivamente). É necessário que o policiamento efetuado tanto nos
bairros nobres como os bairros periféricos tenham a mesma qualidade que será resultado de
uma melhor prestação de serviço comunidade, porém para que isto ocorra é necessário que os
policiais tenham uma educação continuada com treinamentos ,além de um trabalho de
conscientização da população para que entenda a importância da abordagem policial no
cometimento da criminalidade.
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2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Sociabilidade e violência: criminalidade no cotidiano de vida dos moradores do Subúrbio
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dinâmica dos padrões e procedimentos. Artigo do Departamento de Ciência Política da
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públicas. Artigo do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo,
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28. ___________. O uso da força não letal pela polícia nos encontros com o público.
Artigo do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, 2006.
29. Polícia Militar da Bahia. Diretriz Operacional nº 027/2009 do COPPM.
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32. PMMG – Polícia Militar de Minas Gerais. NOTA DE INSTRUÇÃO Nº 1. O uso de
força no exercício do poder de polícia. Belo Horizonte: Estado Maior da Polícia Militar,
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33. Policia Militar do Estado de São Paulo. Manual de Procedimento Operacional Padrão.
34. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Ed Vozes, 31ª ed.,
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35. SACARDO, Daniele Pompei. Território: Potencialidades na construção dos sujeitos.
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36. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Apostila 001 do Curso de Uso Progressivo
da Força.
37. SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica. 3ª ed.. Ed. Edifurd/UNIVALI, 2002,
Itajaí, 2004
3
APÊNDICE I
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
I CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA, PROMOÇÃO DA SEGURANÇA E DA
CIDADANIA
PESQUISA DE CAMPO PARA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
1. Identificação do Projeto de Pesquisa Título do Projeto: Abordagem policial e o uso progressivo da força Curso: Prevenção da Violência e Promoção da Segurança Pública Patrocinador da pesquisa: UFBA / Escola de Administração Instituição onde será realizado: PMBA / 11ª CIPM e 18ª CIPM Nome dos pesquisadores: Ronaldo de Souza Brito e Eduardo Garrido Barbosa E-mail dos pesquisadores: [email protected] e [email protected]
Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima identificado. Sua
colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir, a qualquer momento, isso não
causará nenhum prejuízo a você. Se você concordar em participar basta preencher os seus dados, não sendo
necessário identificar seu nome. Se você tiver alguma dúvida pode esclarecê-la com o responsável pela
pesquisa. Obrigado(a) pela atenção, compreensão e apoio.
2. Identificação do Sujeito da Pesquisa Nome: (NÃO É NECESSÁRIO IDENTIFICAR)
Data de Nascimento: Nacionalidade:
Estado Civil: Data de praça:
Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino
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Função que exerce na CIPM: ( ) Chefe do setor de planejamento operacional
( ) Oficial de operações
( ) Comandante de viatura
( ) Motorista de viatura
( ) Patrulheiro de guarnição de rádio patrulha
( ) Patrulheiro de guarnição do PO a pé
( ) Outro:_____________________________________
QUESTÕES DE PESQUISA DE CAMPO
1 – QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO PÚBLICO ALVO QUE GERALMENTE VOCÊ ABORDA?
A. QUANTO AO GÊNERO: ( ) Masculino ( ) Feminino
B.QUANTO À CLASSE SOCIAL:
( ) Alta
( ) Média Alta
( ) Média baixa
( ) Baixa
( ) Extremamente baixa
( ) Outro:_____________________________________
C. QUANTO À FAIXA ETÁRIA:
( ) 7 à 14 anos
( ) 14 à 21 anos
( ) 21 à 30 anos
( ) 22 à 30 anos
( ) 30 à 40 anos
( ) 40 à 60 anos
( ) acima de 60 anos
3
2 – NA REALIZAÇÃO DA ABORDAGEM POLICIAL, QUAL O CRITÉRIO UTILIZADO PARA A ESCOLHA DO LOCAL ONDE EFETUAR ESTE PROCEDIMENTO? (ENUMERE, EM ORDEM DE PRIORIDADE, OS TRÊS PRINCIPAIS CRITÉRIOS).
( ) LOCAL ERMO
( ) BOA ILUNINAÇÃO
( ) SEM ILUMINAÇÃO OU DEFICIENTE
( ) PERIFERIA
( ) REGIÂO NOBRE
( ) ZONA RESIDENCIAL
( ) AGLOMERADO DE PESSOAS
( ) ZONA COMÉRCIAL
( ) PROXIMIDADE DE ESCOLAS
( ) PRESENÇA DE PESSOAS EM ATITUDE SUSPEITA
( )OUTRO:__________________________
3 – NO INÍCIO DO PROCEDIMENTO, APÓS TER SELECIONADO A PESSOA A SER ABORDADA, QUAIS OS COMPORTAMENTOS ADOTADOS POR VOCÊ NESTE INSTANTE? (ENUMERE SEGUNDO A ORDEM DE IMPORTÂNCIA).
( ) PERGUNTAR SE A PESSOA ESTÁ PORTANDO CARTEIRA DE IDENTIDADE OU QUAISQUER OUTROS DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO.
( ) DETERMINAR QUE A PESSOA ABORDADA ADOTE UMA POSIÇÃO PADRÃO DE ABORDAGEM ( MÃOS PRA CIMA, APOIADAS NO ANTEPARO, PERNAS AFASTADAS ETC).
( ) PERGUNTAR O QUE AQUELA PESSOA ESTÁ FAZENDO NAQUELE LOCAL OU POR QUE ESTÁ USANDO DETERMINADO TIPO DE OBJETO.
( ) INFORMAR A FINALIDADE DA AÇÂO POLICIAL E ORIENTÁ-LA COMO PROCEDER DURANTE O PROCEDIMENTO.
( )OUTRO:______________________________________________________________ 4 NA REALIZAÇÃO DA ABORDAGEM POLICIAL, QUAL O CRITÉRIO UTILIZADO PARA SELECIONAR AS PESSOAS A SEREM ABORDADAS. (ENUMERE DE 1 A 3 OS CRITÉRIOS DE MAIOR IMPORTÂNCIA). ( ) RAÇA, COR DA PELE
( ) GÊNERO, SEXO
( ) ORIENTAÇÃO SEXUAL
( ) RELIGIÃO, CREDO
( ) ATITUDES SUSPEITAS
( ) CLASSE SOCIAL
( ) APARÊNCIA FÍSICA
( ) APRESENTAÇÃO PESSOAL-VESTIMENTAS
( ) TIPO DO VEÍCULO
( )OUTRO:__________________________
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5 - AS CONDIÇÕES SÓCIO_ECONÔMICAS DOS MORADORES DOS BAIRROS DETERMINAM O TIPO DE TRATAMENTO, A TÉCNICA OU A FORMA DE ABORDAGEM A SER REALIZADA? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
___________
AS CONDIÇÕES SÓCIO_ECONÔMICAS DOS MORADORES DOS BAIRROS DETERMINAM OU INFLUENCIAM O TIPO DE TRATAMENTO, A TÉCNICA OU A FORMA DE ABORDAGEM A SER REALIZADA? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
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_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
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6 – NOS LOCAIS ONDE VOCÊ ATUA EFETUANDO ABORDAGEMS QUAIS SÂO AS
SITUAÇÕES MAIS COMUNS CONSIDERADAS COMO ATITUDES SUSPEITAS? (ENUMERE,
EM ORDEM DE PRIORIDADE, AS DUAS PRINCIPAIS)
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_______________________________________________________________________
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7 – VOCÊ TEM CONHECIMENTO DE QUE A PMBA POSSUI ALGUM TIPO DE MANUAL BÁSICO DE ABORDAGEM POLICIAL?
A – SIM ( ) B – NÃO ( )
EM CASO POSITIVO INDICAR COMO VOCÊ TEVE ACESSO A ESTE MANUAL DE ABORDAGEM.
A – ( ) Através do curso de formação policial.
B – ( ) Através de outros policiais militares da PMBA.
C – ( ) Através de pesquisas em fontes externas à PMBA, tipo internet, biblioteca pública etc.
D – Através de outras instituições militares de outros Estados da Federação.
9 – DURANTE O PERÍODO EM QUE VOCÊ SE ENCONTRA NESTA CIPM VOCÊ JÁ PARTICIPOPU DE ALGUM TIPO DE TREINAMENTO DE ABORDAGEM POLICIAL?
A – SIM ( ) B – NÃO ( )
10 – VOCÊ CONHECE A DOUTRINA OPERACIONL DE ABORDAGEM POLICIAL EMPREGADA NA PMBA?
A – SIM ( ) B – NÃO ( )
11 – CITE TRÊS DEFICIÊNCIAS TÉCNICAS E DE EQUIPAMENTO EXISTENTES NA CIPM ONDE VOCÊ TRABALHA.
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12 – QUAL O PROCEDIMENTO ADOTADO QUANTO AO USO DE ARMAMENTO NO
INSTANTE INICIAL DE ABORDAGEM? (VOCE ESTA PARTINDO DO PRESSUPOSTO QUE OS
POLICIAIS CONHECEM AS TÉCNICAS ENUMERADAS... QUE TAL VOCÊ MANTER ESTA
PERGUNTA, DEIXANDO EM ABERTO A RESPOSTA E PEDINDO PARA JUSTIFICAR A
RESPOSTA, E FAZER OUTRA PERGUNTA PARA VERIFICAR O CONHECIMENTO DA
TERMINOLOGIA TÉCNICA?)
( )A - ADOTA A POSTURA MÁXIMA DE SEGURANÇA, SEMPRE.
( )B – ADORA A POSTURA MÁXIMA DE SEGURANÇA APENAS NOS CASOS MAIS GRAVES.
( )C – ADOTA A POSTURA RELATIVA DE SEGURANÇA SEMPRE.
( )D – ADOTA A POSTURA RELATIVA DE SEGURANÇA SEMPRE A DEPENDER DO CASO.
( )E – ADOTA A POSTURA BÁSICA SEMPRE, COM ARMA NO COLDRE.
( )F – NÃO RETIRA EM NENHUMA HIPÓTESE A ARMA DO COLDRE.
13 – QUAL O TIPO DE ARMA DE FOGO QUE VOCÊ MAIS UTILIZA NO SERVIÇO
OPERACIONAL?
( ) A - REVOLVER.
( ) B – PISTOLA .40.
( ) C – PISTOLA .380.
( ) D – CARABINA OU METRALHADORA.
3
( ) E – FUZIL.
14 – COMO VOCÊ CONSIDERA O NÍVEL DE ACEITAÇÃO DO PÚBLICO EXTERNO DA
ATUAÇÃO POLICIAL NO LOCAL ONDE VOCÊ ESTÁ ACOSTUMADO A TRABALHAR,
REFERENTE A ABORDAGEM POLICIAL REALIZADA NO DIA A DIA?
( )A – ÓTIMO.
( )B – BOM.
( )C – REGULAR.
( )D – RUIM.
( )E – INSUFICIENTE.
15 – PARA REALIZAÇÃO DA BUSCA PESSOAL NA AREA DE ATUAÇÃO DA SUA UNIDADE É
FREQUENTEMENTE UTILIZADO O DETECTOR DE METAIS? EM CASO POSITIVO INFORMAR
EM QUE SITUAÇÃO E PARA QUAL TIPO DE PÚBLICO É UTILIZADO.
A – SIM ( ) B – NÃO ( )
JUSTIFICATIVA:__________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
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16 – DURANTE AS ABORDAGENS REALIZADAS NA ÁREA DE ATUAÇÃO DESSA CIPM,
VOCÊ JÁ SE DEPAROU COM UMA SITUAÇÃO EM QUE O ABORDADO FÊZ QUESTÃO DE
LHE INFORMAR A SUA POSIÇÃO SOCIAL OU ALGUM TIPO DE CONHECIMENTO PESSOAL,
POLÍTICO OU EMPRESARIAL INFLUENTE?
A – SIM ( ) B – NÃO ( )
17 – NO CASO DO ITEM ANTERIOR, SE POSITIVO, HOUVE RECUSA À ABORDAGEM PELA
GUARNIÇÃO DA PM.
A – SIM ( ) B – NÃO ( )
18 – REFERENTE AO ITEM ANTERIOR, EM CASO POSITIVO, QUAL FOI A ALEGAÇÃO DO
ABORDADO PARA RECUSA À ABORDAGEM?
( )A – POSIÇÃO SOCIAL.
( )B – CONHECIMENTO POLÍTICO.
( )C – DISCORDANCIA COM A FORMA DE ABORDAGEM.
( )D – CONHECIMENTO DAS AS LEIS E DO DIREITO.
( )E –FILIAÇÂO OU PARENTESCO COM PESSOA INFLUENTE.
( )F – OUTRO:__________________________________________________________
19- NA SUA OPINIÃO, NA ÁREA EM QUE VOCÊ TRABALHA A SIMPLES PRESENÇA
POLICIAL É SUFICIENTE PARA INIBIR O COMETIMENTO DE DELITOS?
A -SIM ( ) B -NÃO( )
20 - DURANTE O SEU TURNO DE SERVIÇO COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ TEM A
NECESSIDADE DE UTILIZAR DA FORÇA FÍSICA (ENERGIA NECESSÁRIA) PARA CONTER
OU IMPEDIR O COMETIMENTO DE UM DELITO?
A-NUNCA( ) B-RARAMENTE ( ) C- FREQUENTEMENTE ( ) D – SEMPRE ( )
21 - DURANTE SEU TURNO DE SERVIÇO, NORMALMENTE, COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ
TEM A NECESSIDADE DE EFETUAR CONDUÇÕES À DELEGACIA DE POLÍCIA?
4
A –NENHUMA ( ) B – DE UMA A QUATRO ( ) C - DE CINCO A DEZ ( ) D -ACIMA
DE DEZ( )
22- DURANTE A SUA PROFISSIONAL VOCÊ TEVE OPOTUNIDADE DE CONHECER A
LEGISLAÇÃO QUE TRATA DO USO PROGRESSIVO DA FORÇA PELO POLICIAL?
A – SIM ( ) B – NÃO ( )
EM CASO POSITIVO, INDICAR COMO VOCÊ TEVE ACESSO A ESSA LEGISLAÇÃO.
A – ( ) Através do curso de formação policial.
B – ( ) Através de outros policiais militares da PMBA.
C – ( ) Através de pesquisas em fontes externas à PMBA, tipo internet, biblioteca pública etc.
D – ( ) Através de outras instituições policiais militares de outros Estados da Federação.
E – ( ) Outros meios. Quais? ______________________________________________
OBRIGADO.