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3° Seminário de Relações Internacionais: Graduação e Pós-graduação Repensando Interesses e Desafios para a Inserção Internacional do Brasil no Século XXI 30 de setembro de 2016, Florianópolis (SC) Área temática: Economia Política Internacional SOB AS ASAS DO DRAGÃO: GLOBALIZAÇÃO COMERCIAL LIDERADA PELA CHINA Diego Trindade d’Ávila Magalhães Universidade Federal de Goiás

ABRI - Sob as Asas do Dragao China Globalizacao Comercial

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3° Seminário de Relações Internacionais: Graduação e Pós-graduação

Repensando Interesses e Desafios para a Inserção In ternacional do Brasil no Século

XXI

30 de setembro de 2016, Florianópolis (SC)

Área temática: Economia Política Internacional

SOB AS ASAS DO DRAGÃO: GLOBALIZAÇÃO COMERCIAL LIDER ADA PELA CHINA

Diego Trindade d’Ávila Magalhães

Universidade Federal de Goiás

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RESUMO

Baseado na teoria da globalização e de globalizadores, este artigo tem o objetivo descrever

como e por que a China vem transformando a globalização comercial. A inserção econômica

chinesa redistribuiu os fluxos de comércio, cujo caráter é cada vez mais austral, asiático e

pacífico, em vez de setentrional, ocidental e atlântico. Além disso, implicou a reemergência

da Rota da Seda como um dos eixos dinâmicos do comércio internacional. Argumenta-se

que a capacidade de um país de influenciar as instituições e os padrões de interação

característicos da globalização comercial depende da sua importância na determinação do

volume (valores em dólares), da direção (distribuição geográfica) e do conteúdo (intensidade

e tipo de tecnologias) do comércio internacional. Nesse sentido, o papel da China na

globalização comercial do século XXI tende a assemelhar-se ao papel dos Estados Unidos

da América no século XX e ao do Reino Unido no século XIX.

Palavras-chave: China; comércio internacional; globalização; globalizadores

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Introdução

A “ascensão do ‘resto’”1 está definindo as características do “mundo pós-

americano”2, em que a hegemonia econômica dos Estados Unidos da América (EUA) é

atenuada pela emergência de economias em desenvolvimento. Nesse contexto, a

globalização e a ascensão da China estão entre os fenômenos que mais instigam a opinião

pública e motivaram uma profusão de ideias mistificadas sobre esses temas3.

“Deixem a China dormir, porque quando acordar fará o mundo tremer”, disse

Napoleão Bonaparte4, que já conhecia as grandezas da China demográfica, geográfica,

militar e economicamente, mas pouco via a projeção chinesa no mundo. No início do século

XXI, o mundo nota claramente a intensa e crescente presença chinesa nos mais diversos

aspectos da vida social nas mais distantes localidades do planeta. Um conjunto de dados

empíricos fotografam dinâmicas de um filme em que a China é o protagonista e o público é o

mundo, que, tremendo, assiste atônito um conjunto de transformações que requerem

descrições mais claras e explicações mais profundas.

Este artigo busca contribuir para compreender como a China vem transformando a

globalização comercial. Embora pareça uma tarefa hercúlea tratar simultaneamente de dois

fenômenos tão complexos, o empreendimento torna-se factível, se for fundamentado em

conceitos claros e em dados empíricos. Como resultado, espera-se sugerir caminhos para

responder algumas perguntas-chave: Como e por que a globalização comercial mudou nas

últimas décadas? Como aferir e comparar o papel ativo de certos países nessas

transformações? Por que a China alcançou papel tão ativo no contexto da globalização

comercial? Como a política chinesa de globalização continua transformando a globalização

comercial?

A base teórica deste pauta-se pelos conceitos de globalização e de países

globalizadores. Depois da seção teórica, analisa-se o papel da China na globalização

comercial.

Globalização e Globalizadores

1 AMSDEN, Alice H. A Ascensão do “Resto” : os desafios ao Ocidente de economias com industrialização tardia. São Paulo: Ed. UNESP, 2009. 2 ZAKARIA, Fareed. O Mundo pós-Americano . São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 3 Entre estudos mais sérios: HELD, David et al. Global Transformations : Politics, Economics and Culture. Stanford: Stanford University, 1999; GHEMAWAT, Pankaj. Mundo 3.0 : como alcançar a prosperidade global. Porto Alegre: Bookman, 2012; KISSINGER, Henry. Sobre a China . Rio de Janeiro: Objetiva, 2011; ARRIGHI, Giovanni. Adam Smith em Pequim : origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008. 4 Apud ZAKARIA, 2008. p. 90.

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A globalização é um processo essencialmente moldado por forças de caráter político

e tecnológico. É multidimensional, por não se restringir à esfera econômica. E é dinâmica,

porque não aponta para um caminho inevitável. O processo é definido e redefinido ao longo

do tempo pela ação de alguns atores centrais, pelos resultados das interações entre esses

atores, pela redistribuição dos fluxos e das redes sociais de alcance global, pelos impactos

das inovações tecnológicas e pelo modo como os atores internacionais exercem poder e

institucionalizam a ordem internacional.

Por articular elementos políticos e tecnológicos em múltiplas dimensões define-se

globalização como um

[...] processo (ou um conjunto de processos) que implica uma transformação na organização espacial das relações e das transações sociais – aferidas em termos de seu alcance, sua intensidade, sua velocidade e seu impacto – que gera fluxos transcontinentais ou interregionais e redes de atividade, interação e de exercício de poder5.

A globalização é muito mais do que um fenômeno comercial ou econômico, na

medida em que inclui ao menos as dimensões militar, ambiental, social e cultural, sendo a

política e a tecnologia elementos presentes em todas elas. O conceito de países

globalizadores tampouco se restringe a uma das dimensões do fenômeno, mas a ideia até

aqui apresentada em relação ao comércio internacional é generalizável para as outras

dimensões. Globalizadores são os

[P]aíses que mais contribuem para determinar as características de uma das dimensões da globalização em determinado período. São os que determinam o vetor de avanço do globalismo, atribuindo-lhe suas características tecnológicas, distributivas e organizacionais em cada uma de suas múltiplas dimensões6.

Nesse sentido, há um grupo específico de globalizadores propulsionando o

globalismo – entendido como nível de interdependência global7 – na dimensão militar, outro

grupo liderando a globalização ambiental, e assim ocorre nas demais dimensões da

globalização. Especificamente, a globalização comercial envolve

o aumento do alcance, da velocidade, do volume e dos impactos dos fluxos comerciais, bem como as transformações na distribuição ou direção geográfica desses fluxos, na divisão internacional do trabalho

5 HELD, David et al. Rethinking Globalization. In: MCGREW, Anthony G.; HELD, David (Ed.). The global transformations reader : an introduction to the globalization debate. 2. ed. Cambridge: Polity, 2003. p. 67-74. p. 68. 6 MAGALHÃES, Diego Trindade d’Ávila. Globalizadores e a Globalização Comercial: a China é um país globalizador? Tese (Doutorado em Estudos Estratégicos Internacionais) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. p. 69. 7 HELD et al., 1999.

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e nas instituições que regulamentam o sistema de comércio internacional8.

O que faz de um país um globalizador do comércio é a sua importância na

determinação do alcance, da velocidade, do volume, dos impactos dos fluxos comerciais.

Cada momento histórico teve um pequeno conjunto de países que foram as principais

referências no comércio internacional. Em 1890, onde um país latino-americano conseguiria

todo o conjunto de produtos sinônimo de progresso? Sem capital ou tecnologia para

produzir locomotivas, telégrafos, máquinas industriais ou geradores elétricos, aonde as

famílias, as empresas e o governo desse país olhariam? Para quais grandes mercados esse

país precisaria exportar produtos locais, para conseguir as divisas necessárias para importar

aquelas tecnologias? Provavelmente para o Reino Unido, a Alemanha, a França, os EUA e

no máximo outros 5 países que figuravam tanto como exportadores daqueles bens com

maiores valor agregado e conteúdo tecnológico quanto como grandes importadores da

maioria dos bens exportados pela maior parte dos países em várias partes do mundo.

Na segunda metade do século XX, esse papel de referência foi desempenhado pelos

EUA e pelos demais países do G7, sem os quais não existiria globalização comercial tal

como a conhecemos, tanto é que esse grupo de países originava mais da metade das

exportações mundiais nos anos 1960 e 19809. No século XXI, é cada vez mais claro que a

China tem desempenhado essa função cumprida pelos países do G7.

Esses países de referência, por serem os maiores propulsores dos fluxos globais de

bens e serviços, são os líderes, vetores, polos ou arquitetos da globalização comercial. Eles

moldam as principais características deste processo, ou seja, as particularidades das redes

e a velocidade, a intensidade, a direção e o impacto dos fluxos globais de comércio. Por

isso, chamam-se “globalizadores” do comércio, porque são os que mais integram os países

menos integrados às redes do comércio mundial10.

Em se tratando especificamente do comércio, para saber se um país é um dos

globalizadores do comércio em determinado momento, consideram-se três indicadores: (1)

participação de escala global no total das exportações e das importações; (2) alcance global

do comércio exterior do país estudado, como um grande parceiro comercial de um

significativo número de países em outras regiões; e (3) destaque como grande exportador

de bens industrializados de maior valor agregado11. Portanto, escala, alcance e valor

agregado distinguem os países globalizadores dos demais no contexto do comércio

8 MAGALHÃES, 2015, p. 59. 9 UNITED NATIONS CONFERENCE FOR TRADE AND DEVELOPMENT – UNCTAD. UNCTADstat . Geneva, 2016. Disponível em: <http://unctadstat.unctad.org>. Acesso em: 01 set. 2016. 10 MAGALHÃES, 2015, p. 64. 11 Idem.

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internacional. Valor agregado aqui significa desenvolvimento técnico-industrial, fundamento

do status de referência no comércio internacional, como fornecedores de bens e serviços

que simbolizam o progresso em determinada época, conforme mencionado nos exemplos

históricos acima.

China: um novo país globalizador do comércio

Primeiramente, esta seção analisa a participação chinesa no comércio internacional,

notando a escala global que adquiriam as suas exportações e as suas importações. De

modo extremamente acelerado, a China despontou para o topo do ranking entre os maiores

exportadores e importadores do mundo nas últimas décadas.

A participação chinesa nas exportações globais era relativamente alta já nos anos

1990, mas aumentava lentamente, em valor abaixo, mas próximo, dos 3%12. O ritmo de

crescimento do peso da China no comércio mundial deu uma guinada no início dos anos

2000, tendo dobrado entre 2001 e 2007, ano em que atingiu 9% (Gráfico 1). Em 2009 a

China ultrapassou a Alemanha como o maior exportador do mundo, em 2015 as

exportações chinesas responderam por 14% das exportações mundiais, atingindo US$ 2,2

trilhões, um valor superior à soma das exportações britânicas, francesas, italianas e

japonesas13.

Gráfico 1: Evolução dos valores (US$) e da participação (%) da China nas exportações globais (1995-2015)

12 UNCTAD, 2016. 13 Idem.

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Fonte: Elaboração própria (2016). Dados da UNCTAD (2016). Obs.: Os dados referem-se apenas à “China continental”, não incluindo os territórios chineses de Hong Kong, Macau e Taiwan14.

A China também ganhou destaque, no processo em que se tornou o segundo maior

importador do mundo no ano de 2009, quando ultrapassou a Alemanha15. A participação

chinesa nas importações mundiais variou modestamente nos anos 1990 e aumentou

vertiginosamente no início dos anos 2000, tendo dobrado entre 2001 e 2009, ano em que

atingiu 8% (Gráfico 2). Em 2015 a China absorveu 10% (US$ 1,6 trilhão) das importações do

mundo, sendo superada apenas pelos EUA, que absorveram 12%16.

Gráfico 2: Evolução dos valores (US$) e da participação (%) da China nas importações globais (1995-2015)

Fonte: Elaboração própria (2016). Dados da UNCTAD (2016). Obs.: Os dados referem-se apenas à “China continental”, não incluindo os territórios chineses de Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em segundo lugar, para que a China cumpra outro requisito do status de país

globalizador comercial, o seu comércio exterior deve ter alcance global. Em vez analisar

uma lista abrangente de dezenas de países de regiões distantes do Extremo Oriente, este

artigo apenas apresenta dados que atestam o alcance intercontinental do comércio exterior

chinês e que permitem a comparação com outros países (Gráficos 3 e 4). Os países pré-

selecionados figuraram como os 6 maiores importadores do mundo em 2015, nesta ordem:

EUA, China, Alemanha, França, Reino Unido e Japão (UNCTAD, 2016). Cada um desses

países absorve uma proporção significativa (mais de 5%) das exportações agregadas das

14 Seria mais plausível usar os dados agregados da China, mas a base de dados faz essa fragmentação, e a simples soma dos dados referentes aos territórios chineses causaria problemas de dupla contagem. Por isso, optou-se por usar apenas o dado referente à “China continental”. 15 Ibid. 16 Ibid.

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suas próprias regiões, no entanto, interessa mais saber o peso que têm como destino das

exportações de outros continentes, pois isto traduz o alcance global das suas transações.

Gráfico 3: Percentual das exportações dos 5 continentes absorvido por países selecionados (2015).

Fonte: Elaboração própria (2016). Dados da UNCTAD (2016). Obs.: Os dados referem-se apenas à “China continental”, não incluindo os territórios chineses de Hong Kong, Macau e Taiwan. Gráfico 4: Percentual das exportações dos 5 continentes absorvido por países selecionados (2015).

Fonte: Elaboração própria (2016). Dados da UNCTAD (2016). Obs.: Os dados referem-se apenas à “China continental”, não incluindo os territórios chineses de Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1995, com base nos dados da UNCTAD17, os EUA adquiriram 15% das

exportações africanas, França, 9%, Alemanha, 7%, e Reino Unido, 7%; enquanto Japão e

China não chegaram a absorver respectivamente mais que 3% e 1%, respectivamente. O

continente americano destinou ao Japão 7% das suas exportações, ao Reino Unido, 4%, à

Alemanha, 3%, à França, 2%, e à China, 2%. Das exportações asiáticas, 21% foram aos

17 Ibid.

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EUA, 4% à Alemanha, 3% à França e 2% ao Reino Unido. Os EUA absorveram 6% das

exportações europeias, o Japão, 2%, e a China, 1%. Das exportações da Oceania, 20%

destinaram-se ao Japão, 6% aos EUA, 4% ao Reino Unido, 3% à China, 2% à Alemanha e

1% à França. Em suma, fora dos seus respectivos continentes, os EUA constaram entre as

principais referências (acima de 5%) do comércio exterior da África, da Ásia, da Europa e da

Oceania; fora do seu continente, o Japão teve participação relevante na América e na

Oceania; e Alemanha, França e Reino Unido tiveram participação relevante apenas na

África. Por não ter participação tão importante no comércio exterior de outros continentes, a

China não atuava como um globalizador.

Essa configuração mudou drasticamente até 2015. Neste ano, os EUA tiveram

participação significativa como destino das exportações africanas (6%), asiáticas (14%),

europeias (7%) e da Oceania (6%); a China tornou-se destino relevante das exportações na

África (11%), na América (8%) e na Oceania (6%); a França, na África (6%); o Japão, na

Oceania (15%); enquanto a Alemanha e o Reino Unido destacaram-se apenas na Europa18.

Assim, este par de países geram um impulso maior à regionalização do que à globalização

do comércio. Por esse indicador, a China claramente se junta ao grupo de países

globalizadores, já que é um grande parceiro comercial de países de outras regiões.

No terceiro indicador de países globalizadores, a China também se qualifica, haja

vista o seu destaque como grande exportador de bens industrializados de maior valor

agregado. Para aferir isso, basta apresentar a participação percentual do país no conjunto

das exportações manufaturadas do mundo, sendo impressionante o fato de a China sozinha

ter respondido por 19% das exportações mundiais de manufaturados19. Essa grande

proporção de bens industrializados exportados pela China inclui tanto bens de baixo quanto

de alto conteúdo tecnológico. Do conjunto de exportações mundiais de bens industrializados

intensivos em trabalho e em matéria prima, a China originou 8% em 1995 e 33% em 201520.

Nesse período, as exportações de manufaturados de baixa intensidade tecnológica

provenientes da China foram de 4% para 22%, as de média intensidade tecnológica foram

de 2% para 14%, e as de alta intensidade tecnológica foram de 2% para 17% (Gráfico 5).

18 Ibid. 19 Ibid. 20 Ibid.

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Gráfico 5: Participação (%) da China nas exportações mundiais de manufaturados, por tipo (1995-2015)

Fonte: Elaboração própria (2016). Dados da UNCTAD (2016). Obs.: Os dados referem-se apenas à “China continental”, não incluindo os territórios chineses de Hong Kong, Macau e Taiwan.

Claramente, o desenvolvimento chinês vem sendo acompanhado pela modernização

industrial, e o seu status de referência no comércio internacional aumenta à medida que

mais e mais importadores leem made in China nos bens de alta tecnologia que simbolizam o

progresso tecnológico contemporâneo. Céticos apontam para o fato de que boa parte das

exportações da China não é chinesa, pois origina-se de empresas de capital e tecnologia

predominantemente estrangeiras21. No entanto, esse argumento não invalida a ideia de que

a China cumpre o requisito do indicador que aponta para o papel de referência do país

globalizador como origem de bens industrializados. Além disso, aquele argumento é

rebatido pelos fatos de que existe um significativo parque industrial exportador de alta

tecnologia efetivamente chinês e de que a China vem ascendendo à vanguarda tecnológica,

impulsionada pela capacidade de Pequim de gerenciar o sistema nacional de inovação, pelo

volume de investimento em pesquisa e desenvolvimento realizado na China e pela grande

quantidade anual de registros de patentes no país22.

Os dados analisados nas seções anteriores mostraram que tem caráter global a

escala da participação chinesa no comércio internacional, mais que o requisito mínimo

nesse indicador, o país figura como maior exportador e segundo maior importador do

mundo. A sua pauta de exportações é predominantemente de bens industrializados, sendo a

China um dos maiores exportadores de manufaturas intensivas em tecnologia. O alcance

global do comércio exterior chinês é evidenciado pelo fato de o país constar atualmente

21 DAN, Breznitz; MURPHREE, Michael. Run of the Red Queen : government, innovation, globalization, and economic growth in China. New Haven: Yale University Press, 2011. 22 MAGALHÃES, 2015.

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entre os 5 maiores parceiros comerciais da maior parte dos países do mundo, incluindo

dezenas deles localizados fora do Leste Asiático23.

Sob as Asas do Dragão: globalização comercial lider ada pela China

No início dos anos 2000, houve um intenso aumento na participação do Sul Global24

e da Ásia no comércio mundial, o que é um indício de que um país asiático em

desenvolvimento representa uma força centrípeta no contexto dos fluxos de bens e serviços,

um polo onde se concentram as redes que comandam esses fluxos. Sob as asas do dragão

chinês, a globalização comercial tem se transformado, como se nota pelos dados sobre a

distribuição dos fluxos comerciais.

Os dados dizem respeito à participação percentual (1) das exportações da Ásia

sobre as exportações mundiais, (2) das exportações do Sul sobre as exportações mundiais,

(3) do comércio intrarregional asiático (Ásia-Ásia) e (4) do comércio Sul-Sul sobre o total do

comércio no mundo. Em primeiro lugar, a parcela das exportações mundiais provenientes da

Ásia subiu de 32% para 41% apenas entre 2000 e 2014 (Gráfico 6), sendo que a sub-região

mais responsável por esse aumento foi o Leste Asiático, e o país que mais influenciou essa

variação foi a China, conforme visto apontado em gráficos anteriores.

Gráfico 6: Mudanças na distribuição geográfica dos fluxos comerciais (2000-2014)

Fonte: elaboração própria (2016). Dados da UNCTAD (2016).

23 MAGALHÃES, 2015. 24 “Sul Global” refere-se ao conjunto de países que não são desenvolvidos, enquanto “Norte” se refere aos países desenvolvidos, localizados majoritariamente no hemisfério Norte do planeta.

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Do total das exportações das exportações mundiais, o Sul25 originou 34% em 2000 e

49% em 201426. Nos não muito distantes anos 1990, o mundo em desenvolvimento tinha

uma participação bastante limitada nos fluxos mundiais de comércio. Foi neste século que o

comércio mundial sentiu os resultados do dinamismo de economias emergentes, sobretudo

as da Ásia, que aplicaram modelo de industrialização orientado para as exportações.

A partir de meados do século XX, a maioria dos fluxos comerciais passou a ser de

bens industrializados, em detrimento de bens primários. Enquanto a maioria das economias

primário-exportadoras perdiam participação no comércio internacional, as novas economias

industrializadas (da Argentina à Coreia do Sul) ganhavam, exportando aquilo que era mais

comercializado no mundo. No século XXI, a China consagrou-se como “oficina do mundo” e

maior exportador de manufaturados do mundo, posto que já ocupara antes do século XVIII e

da Revolução Industrial.

O comércio intra-asiático em 2000 representava 17% e passou para 25% do

comércio global em 201427. Esse dinamismo refletiu a constituição e o aprofundamento do

complexo produtivo, comercial e financeiro do Leste Asiático, na sequência “voo dos

gansos”, em que o Japão de 1960 a 2000 impulsionou a industrialização e a integração

produtiva da região, oferecendo capitais, tecnologia e mercado28. Esse papel de liderança

que atualmente tem sido exercido cada vez mais pela China, alavancando o comércio Ásia-

Ásia, ainda que corporações transnacionais estadunidenses e europeias tivessem e

continuam tendo papel fundamental na constituição desse tipo de integração regional29.

O comércio Sul-Sul respondeu por meros 14% do comércio mundial em 2000 e, mais

que duplicando, chegou a 29% em 2014. Isso significa a atenuação de uma assimetria em

que o Sul era marginal no comércio e a sua importância dependia do comércio com países

desenvolvidos. Atualmente, é semelhante a intensidade do comércio Norte-Norte e do Sul-

Sul, tendo participação majoritária os fluxos verticais: Norte-Sul e Sul-Norte. O crucial papel

da China no aumento da participação do comércio Sul-Sul é simbolizado pelo fato de ter se

tornado o maior parceiro comercial de países como Brasil, Irã, Tailândia (...) na última

década.

Como as manufaturas compõem a maior parte das exportações mundiais, a análise

da origem das exportações manufaturadas torna-se ainda mais relevante. Contrastando

1995 e 2015, nota-se que, sem a China, a participação do Sul nas exportações

manufaturadas mundiais manteve-se praticamente constante – indo de 25% para 26% –, e a

25 Inclui economias em desenvolvimento e em transição, sendo estas as ex-socialistas, como a Rússia. 26 UNCTAD (2016) 27 Idem. 28 ARRIGHI, 2008; KISSINGER, 2011; MAGALHÃES, 2015. 29 Idem.

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participação do Norte recuou na mesma proporção em que cresceu a participação da China,

cujas exportações manufaturadas foram de 3% a 19% no período (Gráfico 7).

Gráfico 7: Origem das exportações manufaturadas (1995, 2015)

Fonte: Elaboração própria (2016). Dados da UNCTAD (2016). Obs.: Os dados referem-se apenas à “China continental”, não incluindo os territórios chineses de Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em suma, a participação da Ásia e do Sul no comércio internacional tem aumentado

de modo acelerado no século XXI, em detrimento de países e regiões que historicamente

predominavam, e essas mudanças na globalização comercial decorrem diretamente do

“efeito China”. O dragão asiático representa uma força centrípeta que vem contribuindo para

conferir um caráter pacífico-cêntrico e austral à distribuição geográfica dos fluxos comerciais

globais.

Sinocentrismo: Rota da Seda 3.0 e Cadeias Globais d e Valor

Assim como outros globalizadores, a China tem uma política de globalização30, o que

explica em parte o dinamismo do seu comércio exterior no início do século XXI. Em 2006

mais de 10.000 empresas chinesas atuavam em 172 países, o que foi promovido pela

estratégia Going Global (ou Go Out), lançada em 1998 e reeditada por Pequim várias vezes

desde então31. Atualmente, fruto dessa política, notam-se ao menos duas grandes

transformações que provocam mais efeitos na Eurásia. Sob a asa Oeste do dragão,

reinstitui-se a Roda da Seda. Sob a asa Leste, criam-se cadeias globais de valor (CGVs)

lideradas por corporações transnacionais chinesas na forma de comércio intrafirma.

A Rota da Seda surgiu após missões enviadas pela dinastia Han à Ásia Central em

139 a.C., que trouxeram conhecimentos da cultura helênica e das civilizações persa e

30 MAGALHÃES, 2015. 31 CHINA DAILY. China’s direct investments abroad top $92 by 2007 . Beijing, 17 Apr. 2008. Disponível em: <http://www.chinadaily.com.cn/bizchina/2008-04/17/content_6624488.htm> Acesso em: 01 dez. 2014; SANTOS, Leandro Teixeira dos; MILAN, Marcelo. Determinantes dos Investimentos Diretos Externos Chineses: aspectos econômicos e geopolíticos. Contexto Internacional , Rio de Janeiro, v. 36, n. 2, p. 457-486, jul./dez., 2014.

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hindu32. Frequentemente mencionada como antecedente da globalização, a Rota da Seda

foi um complexo sistema de estradas e trilhas usadas por comerciantes e protegidas por

impérios e reinos por todo o caminho entre o Império Romano, a Pérsia, povos africanos e

indianos e a China nos primeiros anos da era Cristã33. Interrompida ao longo dos séculos

seguintes por crises dinásticas chinesas, pelo imperialismo europeu e pelo domínio soviético

sobre a Ásia Central, a Rota da Seda reemerge atualmente, sustentada política e

tecnicamente por Pequim.

De modo proativo, a China aproximou-se politicamente de um número cada vez

maior de países, firmando acordos comerciais como aquele no âmbito da Organização de

Cooperação de Xangai – cujos membros são Cazaquistão, China, Quirguistão, Rússia,

Tadjiquistão e Uzbequistão –, viabilizando a articulação do heartland da Ásia Central com a

Europa e a África34.

Tendo preparado o terreno político, Pequim propôs em 2013 o “Cinturão Econômico

da Rota da Seda” e a “Rota da Seda Marítima do Século XXI”, propostas já aceitas pela

Comissão Europeia e pela Rússia, entre outros parceiros35. A primeira iniciativa inclui

ferrovias, portos e outras obras de logística nos corredores econômicos China-Ásia Central-

Rússia-Europa, China-Ásia Central-Ásia Ocidental-Golfo Pérsico-Mar Mediterrâneo e China-

Sudeste Asiático-Sul da Ásia-Oceano Índico36. A segunda iniciativa inclui as rotas China-Mar

do Sul da China-Oceano Índico-Europa e China-Mar do Sul da China-Oceano Pacífico Sul37.

Paquistão, Mongólia e Bangladesh estão entre os países em que obras estão em

andamento.

A segunda transformação marcante no período contemporâneo refere-se ao modo

como a China tem participado de CGVs, uma espécie de nova “nova divisão internacional do

trabalho” que implica o aprofundamento da especialização produtiva de países e que está

redefinindo os padrões de comércio internacional, de investimento externo direto e de

crescimento econômico38. As CGVs criaram “[...] um novo ‘nexo comércio-investimento-

32 LI, James. Traditional Chinese World Order. Chinese Journal of International Law , [s.l.] v. 1, n. 1, p. 20-58, 2002. Disponível em: <chinesejil.oxfordjournals.org/content/1/1/20.full.pdf> Acesso em: 01 mar. 2014. 33 VISENTINI, Paulo Fagundes. As Relações Diplomáticas da Ásia : articulações regionais e afirmação mundial (uma perspectiva brasileira). Belo Horizonte: Fino Traço, 2012; HELD et al., 1999, p. 153. 34 PAUTASSO, Diego. China e Rússia no Pós-Guerra Fria : inserção internacional e transição sistêmica. Curitiba: Juruá, 2011; VISENTINI, 2012. 35 XINHUA. Construção de Cinturão e Rota tem resultados positi vos, diz China . Beijing, 23 Jun. 2016. Disponível em <http://br.china-embassy.org/por/zbgx/t1374767.htm> Acesso em: 01 set. 2016; MARITIME SILK ROAD SOCIETY. Maritime Silk Road . Hong Kong, 26 Jul. 2016. Disponível em <http://www.maritimesilkroad.org.hk/> Acesso em: 01 set. 2016 36 Idem. 37 Ibid. 38 ORGANIZATION FOR COOPERATION AND ECONOMIC DEVELOPMENT – OECD; WORLD TRADE ORGANIZATION – WTO; WORLD BANK. Global Value Chains: challenges, opportunities,

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serviços-know-how’, ou o entrelaçamento do comércio em intermediários, o movimento de

capital e ideias e a demanda por serviços, para coordenar as dispersas produção e

distribuição de bens e serviços”39. As CGVs são, portanto, sistemas produtivos – que podem

ser de cadeias sequenciais ou de redes complexas – baseados na “[...] fragmentação de

processos produtivos e na dispersão de suas tarefas e atividades” global ou

regionalmente40. Segundo a UNCTAD41,

cerca de 60% do comércio global, que hoje [2013] ultrapassa os US$ 20 trilhões, consiste no comércio de bens intermediários e de serviços que são incorporados em diversos estágios aos processos de produção de bens e de serviços para consumo final.

Inicialmente, a política de globalização de Pequim implementada a partir de 1978 foi

um esforço para globalizar-se e, duas décadas depois, embutiu um impulso para globalizar.

Desde as reformas de Deng Xiaoping iniciadas em 1978, a estratégia foi atrair investimentos

que trouxessem indústrias e tecnologias do exterior, com vistas à simbiose com capitais e

tecnologias chineses42. Em troca dos investimentos majoritariamente da tríade (EUA, Japão

e Europa), a China oferecia ambiente propício à produção e à exportação em escala global.

Como se viu no Gráfico 5, a China passou a produzir e a exportar cada vez mais

manufaturados de maior intensidade tecnológica, transformando seu papel nas CGVs

geridas por empresas estrangeiras no Leste da Ásia43.

Nesse contexto, o Japão liderava o “voo dos gansos”, oferecendo capitais, tecnologia

e mercados aos países emergentes da região. A novidade no século XXI é um “voo dos

gansos” liderado pela China, ou seja, empresários chineses construindo fábricas,

oferecendo crédito e comprando bens em diversos países da região. Os maiores

and implications for policy. Report prepared for submission to the G20 Trade Min isters Meeting , Sydney, 19 Jul. 2014. Disponível em: < http://www.oecd.org/tad/gvc_report_g20_july_2014.pdf > Acesso em: 01 dez. 2014. 39 Idem, p. 3. 40 UNITED NATIONS CONFERENCE FOR TRADE AND DEVELOPMENT – UNCTAD. World Investment Report 2013 – Global Value Chains: Investment and Trade for Development. Geneva: UNCTAD, 2013. p. 122. 41 Idem. 42 SAWAYA, Rubens R. China: uma estratégia de inserção no capitalismo mundial. In: FUNDAÇÃO ALEXANDRE GUSMÃO – FUNAG. III Seminário sobre Pesquisas em Relações Econômica s Internacionais . Brasília: FUNAG, 2011. 43 ZWEIG, David. The Rise of a New “Trading Nation”. In: DITTMER, Lowell; YU, George T. (Ed.). China, the Developing World, and the New Global Dyn amic . Boulder; London: Lynnr Rienner Publishers, 2010; CUNHA, André Moreira; ACIOLY, Luciana. China: ascensão à condição de potência global – características e implicações. In: CARDOSO JÚNIOR, José Celso; ACIOLY, Luciana; MATIJASCIC, Milko (Org.). Trajetórias Recentes de Desenvolvimento: estudos de experiências internacionais selecionadas. Brasília: IPEA, 2009; OLIVEIRA, Susan E. M. C. Cadeias globais de valor e os novos padrões de comércio internacional : uma análise comparada das estratégias de inserção de Brasil e Canadá. Tese (Doutorado em Relações Internacionais) – Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais, Universidade de Brasília, Brasília, 2014..

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beneficiários dos investimentos diretos chineses têm sido Cingapura, Indonésia, Tailândia,

Vietnã e República da Coreia44. Esse protagonismo chinês impulsiona a regionalização, no

sentido da integração produtiva pela formação de CGVs, bem como a globalização, pois

essa integração produtiva é guiada pelo interesse em produzir e exportar em escala global,

não se restringindo ao mercado regional.

Conclusão

Como a globalização comercial mudou nas últimas décadas? Tornou-se mais

pacífica e austral, o que a diferencia do período de globalização comercial da segunda

metade do século XX, quando predominava um caráter atlântico e setentrional. Por que isso

mudou? Porque a China adotou uma política de globalização e se tornou um país

globalizador comercial, e por causa do protagonismo dos países globalizadores que mais

contribuíram para a recente globalização e ascensão da China.

Como aferir e comparar o papel ativo de certos países nessas transformações? Por

meio do conceito de países globalizadores e dos indicadores acerca da sua participação na

distribuição dos fluxos de comércio internacional. Um globalizador comercial destaca-se por

sua participação de escala global no total das exportações e das importações, pelo alcance

global do seu comércio exterior – figurando como um grande parceiro comercial de um

significativo número de países em outras regiões –, e por ser um grande exportador de bens

industrializados de maior valor agregado45.

Por que a China alcançou papel tão ativo no contexto da globalização comercial? Em

primeiro lugar, a política econômica de Pequim após as reformas iniciadas em 1978

contribuiu para ampliar a liberdade, a integração e a modernização da economia nacional.

Em segundo lugar, o contexto externo era favorável, pois globalizadores, tais como EUA e

Japão, demonstraram interesse em integrar a China à economia internacional, algo que

pode ser interpretado como um “convite ao desenvolvimento”46. Por fim, a política de

globalização implementada por Pequim a partir do fim dos anos 1990 projetou a China como

um globalizador comercial.

Como a política chinesa de globalização continua transformando a globalização

comercial? Pelo restabelecimento da Rota da Seda e pela ampliação da participação

chinesa em cadeias globais de valor. É significativa a contribuição chinesa para a integração

44 MAGALHÃES, 2015; CHINA. China Statistical Yearbook 2014 . Beijing: National Boreau of Statistics of China, 2015. Disponível em: <http://www.stats.gov.cn/tjsj/ndsj/2014/indexeh.htm> Acesso em: 01 Set. 2016. 45

MAGALHÃES, 2015. 46 ARRIGHI, 2008.

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dos países menos integrados à economia mundial, firmando acordos comerciais, investindo

(e financiando investimentos) em infraestrutura, construindo fábricas, importando bens e

serviços e ampliando o seu papel como exportador de bens de alta intensidade tecnológica.

Na medida em que se tornou um ator-chave para o aumento do alcance, da

intensidade, da velocidade e dos impactos do comércio internacional, a China figura como

país globalizador. Como tal, tem a capacidade de influenciar de modo decisivo mudanças de

caráter político na globalização comercial, quais sejam, as estruturas de governança do

comércio internacional, os padrões de interação entre atores internacionais e os modos de

exercício de poder.

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