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Abril/Maio de 2007 - Ano VI - Nº 33

Abril/Maio de 2007 - Ano VI - Nº 33 · A gestão democrática da escola exi-ge, em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade escolar. Mudança

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Abril/Maio de 2007 - Ano VI - Nº 33

Av. Ver. Narciso Yague Guimarães, 277, Cep: 08790-900 - Centro Cívico

Mogi das Cruzes - SPFone: (11) 4798-5085 Fax: (11) 4726-5304

[email protected] wwwmogidascruzes.sp.gov.br

• Conselho Editorial Maria Geny Borges Avila Horle

Anne Ivanovici Cláudia Helena Romanos Pereira

Leni Gomes Magi Marilda Aparecida Tavares Romeiro Safiti

• Jornalista Responsável Luiz Suzuki - MTB 22936

Kelli Correa Brito - MTB 40010

• Coordenação Editorial Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro

Lilian Gonçalves Marinina Beatriz Leite

• Fotos Alunos das escolas municipais no Projeto Peixinho e no lançamento do Fórum Mun-dial de Educação Alto Tietê, em Mogi das

Cruzes

• Colaboraram nesta edição Luciana Martins de Souza, Glória Salazar,

Carmem Silvia Candelária Cucick, Cláudia Regina de Oliveira Lira, Aline de Morais

Nogueira de Oliveira, Ana Clara de Almeida Correia, Márcia Ferreira dos S. Stanziola,Rosemeire Tonete de Carvalho, Elizete

Monteiro da Costa, Kátia Fernanda Bueno do Prado, Luciana Takigawa, Maria Aparecida Silva, Geraldina Porto Witter,

Equipe da EM Prof. Primo Villar e EM Profª Maria Luiza Fernandes, Patrícia Santos Faria, Daniela Mausek, Kássia Soraya de

Oliveira, Silvana Monteiro de Souza, Ana Maria Tertuliano Américo,

Luiz Maritan, Gracila Maria Grecco Manfré e José Sebastião Witter

• Produção e Impressão Marpress informática - Tel: (11) 4795.6060

• Tiragem 3.500 exemplares

A Revista Educando em Mogi, nº 33 é uma publicação da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes e não se

responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados.

N ovos desafios se colocam para os educadores. É o momento

de refletirmos sobre várias questões, como a prática em

sala de aula, a gestão e a inclusão. Trazemos nesta edi-

ção uma pausa nesta rotina agitada. O artigo “Realidade de Educa-

dor – A Busca da Qualidade de Vida em Tempos de Indignação” nos

mostra a preocupação com a qualidade de vida deste profissional,

seu lado humano nestes novos tempos.

A inclusão de portadores de necessidades especiais na rede re-

gular de ensino também merece destaque com a apresentação do

trabalho desenvolvido em turmas de Educação Infantil e o trabalho

da equipe multiprofissional da Avaliação Diagnóstica. Este trabalho

conta com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, que viabili-

za o atendimento rápido dos alunos encaminhados aos especialis-

tas e a realização de exames complementares para a definição dos

diagnósticos.

Paulo Freire, os questionamentos de Geraldina Porto Witter e as

atividades de escolas mogianas completam esta edição, que mais

uma vez traz as novidades sobre o Fórum Mundial de Educação Alto

Tietê. Lembrem-se estamos em um momento importante da Educa-

ção, temos que trabalhar o conhecimento articulado aos diferentes

saberes. Somos profissionais do ensino do século XXI e podemos le-

var a frente tudo aquilo em que acreditamos.

Editorial

Educar nos tempos atuais

SECRETaRIa MunICIPal dE EduCação

CooRdEnadoRIa dE CoMunICação SoCIal

Abril/Maio de 2007 - Ano VI - Nº 33

Sumário

ESPEcIALAlto Tietê se prepara para as atividades do Fórum em setembro

HISTORIANDO

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34 Magistério: fonte de alegria

CIP: formando empreendedores e capacitando profissionais

4 Gestão Participativa

POLíTIcA EDucAcIONAL

EDucAçãO ESPEcIAL

Avaliação diagnóstica multiprofissional: “Educação com qualidade social para todos”

Uma parceria em prol da população

Inclusão, Dedicação e Respeito – Protagonismo na Diversidade

Inclusão – Igualdade de Direitos pela Vida

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8

9

10

PRáTIcAS DE ENSINO

12 Realidade de Educador – A Busca da Qualidade de Vida em Tempos de Indignação

Defesa do Consumidor

O Desenho Infantil

Paulo Freire: uma vida que inspira educadores

Ver... para ler!

Perguntas, respostas, aprendizagem

Curtindo Santos

Projeto “100% Saudável”27

26

24

22

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16

20

28 A Educação Física e o Movimento

EDucAçãO E ESPORTES

29 Festival incentiva jovens e homenageia ex-atletas

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Gestão Participativa

POLíTIcA EDucAcIONAL

S abe-se que no atual cenário edu-cativo, a Gestão Democrática se configura como um desafio para

a consolidação de um ensino verdadei-ramente de qualidade.

Nesse processo de democratização, entende-se que o gestor deve fazer uma releitura de suas atribuições, a fim de rever algumas atitudes equivocadas no trato educativo e, assim, traçar metas compatíveis com um ensino que esteja voltado ao desenvolvimento pleno das competências dos educandos, o que compreende uma gestão democrática, participativa.

Entretanto, é sabido que a gestão de-mocrática é um princípio consagrado

pela constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, administrativa e financeira, entre outros.

E ainda, exige a compreensão em pro-fundidade dos problemas postos pela prá-tica pedagógica, bem como, visa romper com a separação entre a concepção e a execução, entre o pensar e o fazer, entre a teoria e a prática. Busca também resgatar o controle do processo e do produto do trabalho pelos educadores. Todavia, falar de gestão escolar democrática é também falar da participação cidadã.

Participar da gestão significa inteirar-se e opinar sobre os assuntos que dizem respeito à escola. Para isso, é necessário um aprendizado que é, ao mesmo tem-

po, político e organizacional.A gestão democrática da escola exi-

ge, em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os membros da comunidade escolar. Mudança que implica deixar de lado o velho precon-ceito de que a escola pública é do esta-do e não da comunidade.

Esta gestão implica que a comuni-dade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas, seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços educacionais, como mui-tos pensam. Pais, alunos, professores e funcionários devem assumir sua parte de responsabilidade pelo projeto da es-cola. Dessa forma, a gestão democrática

Luciana Martins de Souza

de uma escola será avaliada pelo efetivo engajamento de todos nas decisões co-muns. Não será avaliada pela quantidade de tarefas coletivas realizadas - número de reuniões formais, por exemplo - mas pela competência política e organizacio-nal em transformar permanentemente a proposta da escola numa proposta social com o envolvimento da comunidade no geral, pois só assim, é possível uma ges-tão democrática. Neste sentido, a gestão participativa é considerada uma condição

para o desenvolvimento de sociedades democráticas.

Enfim, pode-se compreender que é possível a gestão democrática, entretanto cabe ressaltar que a mesma apóia-se nos princípios de desenvolvimento de uma consciência crítica, no envolvimento das pessoas, na participação e cooperação e na autonomia.

É por esses motivos que a gestão par-ticipativa requer líderes motivados, dedi-cados à escola e confiantes, com expec-

tativas altas sobre o desempenho escolar; fatores esses exigidos em toda e qualquer instituição. Neste sentido, como educa-dora, acredito que está na hora de arrega-çarmos as mangas e irmos à luta, pois só assim será possível uma gestão participativa.

FREITAS, Kátia Siqueira. Em Aberto / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais: Uma inter-relação: políticas públicas, gestão democrática-participativa e formação da gestão escolar. Brasília, v. 17. n.72.p. 1-195, fev/jun 2000.

_________. Gestão participativa. Disponível em: <www.google.com.be.> Acesso em: jan/2006.LUCK, Helena. A evolução da gestão educacional, a partir de mudança paradigmática. Paraná: CEDAHP, 2005.

______. Em Aberto / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais: Gestão escolar e formação de gestores. Brasília, v. 17. n.72.p. 1-195, fev/jun 2000.PARO, Vitor H. Administração escolar. Introdução crítica. São Paulo: Cortes e Autores Associados, 1991.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Luciana Martins de Souza é Pedagoga, Pro-fessora de Educação Infantil da E.M. Profª Maria José Tenório de Aquino Silva e aluna do Curso de Especialização em Gestão e Planejamento Escolar.

EDucAçãO ESPEcIAL

Avaliação diagnóstica multiprofissional:

E sta avaliação reflete o compro-misso adquirido pela Secre-taria Municipal de Educação

de Mogi das cruzes, em proporcionar uma “Educação de qualidade” para to-das as crianças da Rede Municipal de Ensino, atendendo, assim, ao princípio fundamental da inclusão. O projeto visa apontar soluções para os inúmeros pro-blemas enfrentados pelos professores, que buscam possibilitar o desenvolvimen-to cognitivo, cultural e social do aluno portador de necessidades educacionais especiais; e compreende, que a inclusão não consiste apenas na permanência de-les na sala de aula. A avaliação procura atender em parte aos anseios dos edu-cadores, no sentido de aprimorar as prá-ticas pedagógicas para fazer da inclusão, uma realidade.

O recente levantamento de dados, realizado junto aos professores da rede, revelou um número cada vez mais cres-cente de crianças com queixas, que se-gundo as escolas, poderiam caracterizá-los como alunos com hipóteses de serem Portadores de Necessidades Educacionais Especiais. Perante a necessidade de es-clarecer este quadro e atender as queixas dos professores, esta avaliação interdisci-plinar configura-se como uma das me-didas necessárias e tem como objetivo geral: configurar um panorama geral de quantos e quais seriam os alunos Porta-dores de necessidades educativas especiais.

O projeto procura também:* atender as necessidades dos alunos

Portadores, tanto as pedagógicas, como as inerentes ao tratamento de cada caso;

* atender à necessidade urgente em dar subsídios para os docentes na orien-tação de suas práticas pedagógicas;

* propiciar reflexões para a constru-ção de uma escola inclusiva.

Para atingir estes objetivos foi elabo-rado um projeto de avaliação interdisci-plinar concebido em 9 etapas que conta com a participação de: cinco psicólogas, cinco psicopedagogas, quatro fonoaudi-ólogas e uma fisioterapeuta. Esta equipe realiza as avaliações em regime de muti-rão aos sábados e domingos nas escolas e durante a semana, se reúne para ela-borar os relatórios, fechar as hipóteses diagnósticas dos alunos com suspeita de serem Portadores de Necessidades Educacionais Especiais e realizar os en-caminhamentos.

A equipe interdisciplinar tem como objetivo compreender o problema en-focando a avaliação como um processo dinâmico em que interagem três fatores: a escola, o aluno e a família. A proposta não é rotular o aluno, e, sim, mostrar o ponto em que ele se encontra em re-lação ao processo de aprendizagem e como estes fatores estão presentes nes-ta problemática. Assim, consideramos no diagnóstico, não só as deficiências, mas também as potencialidades, observando

que a criança encontra-se num estado que pode sempre ser modificado.

Os resultados da primeira etapa da avaliação foram muito positivos, tanto para os pais como para os professores.

“Estou muito feliz porque agora estou entendendo o problema do meu filho. Antes eu não sabia muito como conver-sar com ele. A psicóloga foi muito boa, me orientou bastante. Este projeto serve para melhorar e a equipe é muito boa”, comentou Laudicéia Pereira da Silva, mãe de um aluno de Prontidão EM Dr. Waldir Paiva de Oliveira Freitas.

“Foi muito bom, deveria ter esse tra-balho sempre porque hoje em dia as crianças estão muito difíceis. ás vezes, o próprio professor não sabe como lidar. É ótimo tanto para a mãe como o profes-sor”, observou Luciana Batista de Oli-veira, mãe de aluno da EM Dr. Isidoro Bocault. Os professores têm se mostrado muito satisfeitos com a forma de condu-ção e a devolutiva da avaliação.

Além disto, esta avaliação mostrou a necessidade de um trabalho conjunto com as demais secretarias, tal a neces-sidade de garantir o atendimento rela-cionado aos encaminhamentos de com-petência da Secretaria da Saúde, como nas outras áreas relacionadas com as condições ambientais e sócio-econô-micas, como a Secretaria da Ação e ci-dadania. Problemas relacionados a Pro-motoria também foram encaminhados.

“Educação com qualidade social para todos”

Glória Salazar e Carmem Silvia Candelária Cucick

Assim, acreditamos que a inclusão do Portador é um processo muito amplo que culmina com a verdadeira inclusão Social. A inclusão escolar seria o come-ço de um processo muito mais comple-xo e de responsabilidade de toda a so-ciedade, que deve ser construído com a participação contínua e intensiva de vários agentes e agências sociais, como o trabalho integrado das diferentes Secre-tarias. Por isto, a Secretaria da Educação, a partir dos resultados da primeira eta-pa da avaliação, realizou reuniões com as diferentes Secretarias e estabeleceu parcerias. Esta ação conjunta está dando resultados, que superam as expectativas.

um exemplo disto é o atendimento de todas as crianças encaminhadas para es-pecialistas, o que foi providenciado pela Secretaria da Saúde. casos de alunos com problemas de comportamento foram atendidos pela Promotoria.

Que Deus nos dê sabedoria e força para que possamos fazer deste projeto um novo paradigma de “Educação com qualidade social para todos” e uma so-ciedade mais justa e mais feliz!

Glória Salazar é psicóloga e coordena-dora da Equipe de Avaliação.Carmem Silvia Candelária Cucick é pe-dagoga especializada em Educação Es-pecial e Coordenadora do CAPNEE

G. Prieto (�00�)“As mudanças a serem

implantadas devem ser assumidas como parte da responsabilidade tanto da sociedade civil quanto dos representantes do poder Público, pois se, por um lado, garantir educação de qualidade para todos implica somar atuações de várias instancia, setores e agentes sociais, por outro, seus resultados poderão ser desfrutados por todos, já que a educação propicia os meios que possibilitam as transformações na busca da melhoria da qualidade de vida da população”.....

P alestras, cursos e atividades com os alunos fazem parte de uma parceria que está apresentan-

do bons resultados para dois segmen-tos importantes da sociedade: Saúde e Educação. Em Mogi, as duas secretarias desenvolvem projetos juntas para ofe-recer um atendimento de qualidade e mais informação à população.

Neste primeiro semestre, uma das ini-ciativas foi a realização do curso de cui-dador de Idosos, que fez parte do primeiro bloco de cursos do centro de Iniciação Profissional. “Tudo começou quando a conselheira de Saúde Juraci Fernandes de Almeida, representante do segmen-to terceira idade, apresentou a proposta. A idéia era tão boa que a Secretaria de Saúde decidiu operacionalizá-la e isso foi possível graças à parceria com a Se-cretaria Municipal de Educação”, co-mentou o secretário municipal de Saúde.

O curso já iniciou a segunda turma, no cIP de Braz cubas. As palestras são

ministradas por profissionais das áreas de Saúde e Educação, voluntariamente. São duas aulas por semana durante três meses. “É um curso muito completo com temas bem abrangentes para o ato de cuidar de idosos. Acho que esta não será só uma ocupação, mas sim um traba-lho. Os professores foram bons e as aulas bem dinâmicas”, disse a aluna Madalena Antonia da Silva Rubens.

Além dos cursos, os educadores par-ticipam de palestras. Recentemente, as diretoras das unidades escolares conhe-ceram mais sobre a Hanseníase em uma palestra ministrada pelo doutor Rodolfo Toshio Tagawa, coordenador do programa de hanseníase no município, que falou sobre a importância do diagnóstico pre-coce. “É muito interessante ampliarmos os conhecimentos sobre a hanseníase e divulgarmos estas informações para a comunidade”, disse Elisabete Apareci-da costa, diretora da Escola Municipal Professor Antonio Nacif Salemi.

As pastas também são parceiras no projeto de Avaliação Diagnóstica dos Alunos com Hipótese de Serem Porta-dores de Necessidades Especiais. A equi-pe multiprofissional da coordenadoria de Atenção Integral à criança (caic) formada por psicólogas, fisioterapeutas, fonoaudiólogas e psicopedagogas, com o apoio do centro de Atendimento aos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais (capnee), elaborou os diag-nósticos e o acompanhamento médico após esta etapa conta com o apoio dos profissionais da Saúde.

“A união dos esforços da Educação e Saúde resulta em uma ação mais efetiva em relação à saúde das crianças e tam-bém da comunidade. Avançamos mui-to na questão da avaliação diagnóstica com essa parceria. Os alunos diagnosti-cados tiveram a possibilidade de serem atendidos por especialistas e realizarem exames mais complexos”, contou a se-cretária municipal de Educação.

uma parceria em prol da população

D estaco aqui o trabalho árduo, respeitoso, digno e competente de todas as Assistentes de Desenvolvi-mento Infantil (ADI), Auxiliares de Desenvolvimen-

to da Educação (ADE), professoras, funcionárias e a diretora do ccIM Richer Romano Neto, que vêm desenvolvendo um trabalho significativo na Educação inclusiva: são verda-deiramente protagonistas na diversidade.

Todos os dias em que Letícia chega ao ccIM é recebida carinhosamente e com alegria por todas as pessoas que fazem parte do seu cotidiano escolar: desde quem prepara seu ali-mento diário, abre a porta para recepcioná-la, troca suas fral-das, dá o seu banho até os alunos da escola que preocupam-se em oferecer carinho e atenção quando a vêem caminhando lentamente até o refeitório .

É nesse momento que a equipe escolar do ccIM faz a diferença: quando respeita as competências de cada criança.

como mãe da Letícia Maria, portadora de necessidades es-peciais e aluna do ccIM desde fevereiro de �00�, agradeço a dedicação e o respeito.

O verdadeiro trabalho com a educação inclusiva não se faz apenas por leis, mas com profissionais que se dedicam em aprender, conhecer, decifrar e romper barreiras neste proces-so educacional.

Ter um filho portador de necessidades especiais pode parecer um sofrimento para muitas pessoas, mas para quem acompanha a história de Letícia Maria, sabe que viver já faz a diferença. Agradeço a todos pelos avanços conquistados por ela.

Inclusão, Dedicação e Respeito – Protagonismo na DiversidadeCláudia Regina de Oliveira Lira

“ A diferença é mudança e também um choque epistemológico profundo, provoca dor e sofrimento, porque abala as estruturas. De todas as maneiras, a diferença é aquilo que coloca a nossa identidade momentaneamente em cheque”(Eizirick e comerlato) 199�.

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Cláudia Regina de Oliveira Lira é diretora substituta na E.M. Profª Maria José Tenório de Aquino Silva e é mãe de Letícia Maria de Oliveira Lira, portadora de necessidades especiais, aluna do CCIM Richer Romano Neto desde fevereiro de 2007.

Inclusão – Igualdade de direitos pela vida

V ivemos hoje, em nossa profissão, o desafio da Inclusão. A “Socie-dade Inclusiva”, termo tão dis-

cutido em palestras, congressos, revistas e televisão. Sabemos que incluir um aluno Portador de Necessidades Especiais não é apenas aceitá-lo dentro da escola, mas, sim, dar a ele oportunidades de construir seu conhecimento, conquistar sua auto-nomia, elevar sua auto-estima e garantir seus direitos enquanto cidadão.

Sei bem que essa é uma tarefa muito difícil e que vai além dos muros esco-lares. É preciso uma mudança de com-portamento das pessoas, em respeitar e

aceitar as diferenças, além de políticas públicas comprometidas com uma so-ciedade inclusiva. Porém queria relatar uma experiência profissional, que trans-formou minha vida.

No início do ano letivo de �00�, co-mecei a trabalhar em caráter de substi-tuição com uma turma de Maternal. Foi um desafio, pois já havia trabalhado com crianças de Educação Infantil, mas por curtos períodos e elas já haviam feito o processo de adaptação. Mas a vida nos coloca desafios para serem vencidos e que possamos aprender e crescer com eles.

Foi então que após o início do ano

letivo, a diretora comunicou a entra-da na minha turma de uma aluna com dois anos e meio, portadora de autismo. Fiquei desesperada, pois não me con-siderava preparada para receber esta criança tão nova e com cuidados tão especiais, dos quais não fazia nem idéia do que seriam.

A mãe da criança, no seu direito ga-rantido por Lei, queria que a filha fre-qüentasse a escola regular e não abria mão disso. Desde então, ela começou a freqüentar as aulas e no início, foi um su-foco. Algumas crianças por serem muito novas choravam com medo. Outras imita-

Aline de Morais Nogueira de Oliveira

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vam seus movimentos repetitivos, como bater com a cabeça nas coisas (parede, mesa), achando que ela estava brincando.

cheguei a ponto de desistir da sala, não sentia segurança no que estava fa-zendo, pois poderia estar prejudicando-a e às outras crianças. Foi neste momento, que encontrei PARcEIROS, pessoas especiais com espírito elevado, que nos compreendem e nos dão apoio emo-cional e humano.

Falo da diretora que soube me com-preender e não me julgar como incapaz, e procurou o Serviço de Apoio Peda-gógico Itinerante (SAPI), da Secretaria Municipal de Educação. Ela conversou com o pessoal da Escola Municipal de Educação Especial (Emesp) Profª Jovita Franco Arouche e buscou parcerias para nos auxiliar com aquela criança que es-tava ali e precisava da nossa atenção.

com todo esse apoio, nossa pequena criança começou também a se adaptar à sua nova rotina, já tão turbulenta desde cedo. Esse pequeno anjo, que se chama

Maria Laura, começou a freqüentar as aulas duas vezes por semana por 1 hora. Esse horário ficou definido pela psicó-loga da Emesp com o consentimento da mãe, que por sua vez compreendeu que a Maria Laura é apenas um bebê e preci-sava de descanso, pois já fazia várias ativi-dades durante a semana (fonoaudiólogo, atendimento com o pessoal da Emesp na sala de estimulação, hidroterapia, exames médicos, entre outros).

Atualmente, meus alunos sabem o dia e a hora que nossa criança irá chegar e a recebem com amor. Todos vão até o portão para recebê-la. Mesmo sem ela interagir com eles, Maria Laura os olha de um modo especial.

Eu aprendi e cresci com sua che-gada. Aprendi que não devemos julgar pelo que achamos e cresci muito, pois compreendi que o novo é algo que nos aparece como Divino e surge em nos-sas vidas para mostrar o quanto somos pequenos diante dela e que sempre há tempo para aprender e evoluir.

Hoje, vejo o quanto minha sala pro-grediu. Eles a tratam como um “bibelô”, que precisa de cuidados especiais. Ela está a cada dia mais linda, já não tem comportamentos como tinha no início e com seu jeito especial, me conquis-tou totalmente.

Posso dizer que me sinto realizada quando a vejo, pois ela está bem e sei que de alguma forma participei do seu desenvolvimento. Gostaria de encerrar com uma mensagem:

“Não importa quanto difícil pareça o desafio, acredite e procure parceiros, pois nada somos sem parceria. A Inclusão nas escolas só irá acontecer realmente quan-do todos derem as mãos e abraçarem essa causa tão nobre e bela que é a igualdade de direitos pela vida. Sejamos parceiros na busca de uma sociedade mais huma-na, digna e feliz”.

11

Aline de Morais Nogueira de Oliveira é pro-fessora da E.M.Dermeval Arouca e da E.M. Ilda Pereira Pena Alvarez

1�

“Está disponível na Internet, uma infinidade de mensagens de elevação da auto-estima, que a meu ver são combustíveis para a qualificação emocional.”

V ivemos uma realidade em que não sabemos mais diferenciar o que é ter qualidade de vida

e o que é levar uma vida com qualida-de. Na verdade o termo qualidade de vida é algo relativo, pois o que pode representar qualidade para uns, pode não representar para outros. Vale refle-tir: ”Será que temos tempo para a nos-

PRáTIcAS DE ENSINO

REALIDADE DE EDucADOR

Ana Clara de Almeida Correia

A busca da quaem tempos d

1�

sa vida?” A partir daí, devemos buscar o que é realmente importante para bem vivê-la. Nós, educadores, formadores de opinião, deveríamos, sim, nos preo-cupar com a nossa qualidade de vida e o que realmente ter essa qualidade re-presenta para nós; pois como orienta-dores da aprendizagem, podemos refletir nas gerações futuras, a carga de valores e opiniões inerente à nossa conduta e, principalmente, à nossa forma de nos relacionarmos com a vida...

Não somos somente profissionais, somos, acima de tudo, seres humanos e necessitamos como todos os outros, estabelecer prioridades para que consi-gamos atingir esta qualidade. A reflexão sobre nossa conduta diária, não somente como profissionais que somos, mas como mães, pais, filhos, amantes e amigos. É imprescindível para que possamos realizar uma triagem de consciência... “Será mes-mo que temos vida? O que é ter vida?”

Será que o que nos aflige hoje, o estresse, a falta de energia, a doença que somatizamos e a tristeza, não serão tão somente os sintomas da “falta de Vida”, da falta de tempo para nós mesmos, para que consigamos enxergar, sentir, falar... Todos precisamos buscar a vida!

Pense um pouco...Há quanto tempo você não se lembra de uma boa piada e ri sozinho? Há quanto tempo não desvia seu olhar rotineiro e numa outra ótica

enxerga a beleza existente nas mesmas paisagens diárias a caminho do trabalho? Quantas vezes se lembrou nos últimos meses de olhar-se no espelho, não com o olhar crítico da idade, mas com os olhos maravilhados de quem possui a grandiosidade da perfeição da máquina humana, garantindo a sua existência? Quantas vezes deu graças a isso? São pequenas coisas que fazem nossa vida mais feliz. São pouquíssimas coisas que podem nos fazer ter vida!

É claro que é confortável ter dinheiro, ter posses, influência, comprar o carro do ano, adquirir marcas da moda. São coisas que muitos querem, porém poucos possuem.Viver para ter, não pode ser mais importante quanto viver para ser. E “Ser” é inerente, não ao que os outros pensam ou esperam de você, mas ao que você espera de sua vida e de sua conduta. É o seu plano individual de existência, mesmo que não seja traçado em metas distintas. Todos temos objetivos para atingir.

Para que tudo isso aconteça, temos que nos qualificar emocionalmente. E qualificar-se neste sentido requer calma, dedicação. Qualificar-se emocionalmente é ser gente, é saber respeitar os limites do outro, sabendo respeitar também os seus limites. É ter emoção e deixá-la fluir livremente. A emoção é o combustível para a vida. E onde a conseguimos, nestes tempos de desconfiança, insegurança,

medo e indignação? conseguiremos este objetivo nos

relacionamentos que desenvolvemos e no viver bem consigo mesmo e com os outros. Se tivermos a capacidade de nos relacionarmos cordialmente com as situações mais comuns (não digo com isso que somos perfeitos: devemos ter sentimentos e nos indignarmos com as

e indignaçãolidade de vida

“Qualificar-se emocionalmente é ser gente, é saber respeitar os limites do outro, sabendo respeitar também os seus limites”

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injustiças que se revelam diariamente), podemos economizar muitos desprazeres e conflitos em que muitas vezes nos en-volvemos, e com isso, acabamos sofrendo seus resultados, que na maioria dos casos não nos levam a nada. Está disponível na Internet, uma infinidade de mensagens de elevação da auto-estima, que a meu ver são combustíveis para a qualificação emocional. Acho-as realmente impor-tantes! Por mais que você ou eu não tenhamos paciência para acessar a todas, é interessante como cumprem seu papel, mesmo sem intenção direta.

Na verdade, estas mensagens criam uma rede de energia, oração e boas vibrações, que de uma forma ou de outra, nos qualificam a abrir o coração, a pensar em Deus e a agradecer pelas dádivas que recebemos; levando-nos a buscar no universo que nos rodeia uma forma de ver a vida e no dia-a-dia, a qualidade de relacionamentos que temos e que precisamos ter.

Permita-se pensar... Muitos de nós educadores, em círculos de discussão refletimos sobre a falta de recursos da educação, sobre a baixa qualidade do ensino, sobre a hipocrisia social em que estamos quase diluídos... Para estes fins temos estudado, nos qualificado, buscado soluções cabíveis, e nos vimos acreditando no futuro...

Porém reflita agora, pense em gente, em você, no outro, nas nossas igualdades e diferenças, nos nossos anseios em reali-zarmos um bom trabalho, em deixarmos nossa marca no universo. Pense em quantas vezes acreditamos em novas idéias e nos perdemos no caminho, pense em como somos seres inacabados e precisamos do tempo para nos ensinar a viver. Pense em sua vida, em como você tem se relacionado com ela e com as pessoas que fazem parte, de quanto você pode ser instrumento de alegria para difundir emoção e qualidade de vida para os outros, sendo e tendo qualidade própria.

Em todo este contexto, um fato é real. Ter tempo para a vida, para si e para refletir é imprescindível. Se quer ser bom educador, seja bom para você e será também para os seus alunos. Se quer ser bom pai ou mãe, mostre ter bondade para seus filhos em tudo o que faz. Se quer ser um bom amigo, escute e seja, além de tudo, seu próprio amigo. Pense em você! Experimente interiorizar a vida no que há de mais simples, pois isso é o que há de mais real. Não há receita para o bem viver, dentro de nossas expectativas e perspectivas, devemos nos ajustar ao que nos faz realmente felizes. O tempo passa depressa, não o perca. coloque em suas metas a busca desta qualidade de vida, que além de ensinar, inspira, renova, e faz de nós seres únicos e preciosos! Isso faz toda a diferença.

“Não somos somente profissionais, somos, acima de tudo, seres humanos e necessitamos, como todos os outros, estabelecer prioridades para que consigamos atingir esta qualidade.”

Ana Clara de Almeida Correia, é Pedagoga e Diretora das E.M. Antonio Pedro Ribeiro e E.M. (R) Profª Maria Alda M. Lainetti

1�

I niciando o tema em pauta, devemos reconhecer a importância de de-terminados aspectos de ordem social, econômica, jurídica e política. Portanto, compete ao profissional da área pedagógica, estar atento ao

processo de informação e divulgação de um assunto aparentemente sim-ples, porém, complexo pela sua extensa gama de matérias distintas que aca-bam se interligando e culminando na economia tanto do cidadão comum, quanto das instituições, como um todo.

A partir dos anos �0, no Brasil, o choque entre o macro-sistema (so-ciedade, estado e instituições) e o micro- sistema (particular; assunto que se relacionam ao código civil e as pessoas) tem demonstrado a necessida-de de promover o valor dos fatos, atenuando a frieza da norma escrita e promovendo eficácia que produza justiça, dentro dos princípios legais que norteiam a sociedade democrática brasileira. contudo, estudos demons-tram que é recomendável abordar o tema, direcionando os trabalhos para o público infanto-juvenil, onde o consumo de artigos e prestações de ser-viços vem acompanhado de propaganda duvidosa, que gera riscos à saúde e à integridade física, além de contribuir para a pseudo-formação de um adulto consumista e desatento aos seus direitos de consumidor.

Na prática, o objetivo central é o de formar, desde os primeiros anos de vida escolar, pequenos fiscais em defesa do consumidor, desencadean-do um processo que a médio e longo prazo se estenderá por décadas. Isto deve fazer parte de nossa cultura, haja vista, o fato de que boa parte dos consumidores contribuírem pouco com a economia de seus municípios, quando deixam de exigir nota fiscal, registro de contrato, etc.

Boa parte dos produtos pirateados são voltados para crianças e adolescen-tes, promovendo a sonegação nas esferas Municipal, Estadual e Federal, pre-judicando as empresas estabelecidas em nossa região e causando também:

- queda na arrecadação fiscal, deixando, principalmente, os governos mu-nicipais com sérias dificuldades na captação de recursos para a execução de obras e projetos sociais;

- quebra de empresas, diminuição da oferta de emprego e fuga de in-vestimentos.

Portanto, o público está inserido em um contexto lógico, onde as in-formações poderão formar novas opiniões. Alias, questões sociais e psico-lógicas indicam e incentivam todos os setores da sociedade a buscarem, por meio de métodos pedagógicos apropriados, transformar em realidade este projeto para o público infanto-juvenil.

“Ensinar o direito do consumidor para adultos é complicado porque as pessoas têm vícios, têm manias. Então, entendemos que a melhor forma é preparar uma geração futura.” - (Jornal Hoje, �9 de maio de �.00�)

Vale lembrar que os professores são multiplicadores. Toda a mensagem de cidadania e toda a informação à respeito desse assunto deve ser trabalha-da por ele. Está aí a oportunidade para que possamos divulgar com maior intensidade os direitos do consumidor.

Elizete Monteiro da Costa é professora da E. M. Profª Ana Lúcia Ferreira de Souza e Advogada Seção de São Paulo (OAB/SP nº 181.448

Defesa do consumidorElizete Monteiro da Costa

A o adentrarmos no universo do desenho infantil é importante rever algumas de nossas inter-

venções pedagógicas, ou seja, como esta-mos oportunizando de maneira concreta e efetiva as produções artísticas em sala de aula e como estão sendo desenvol-vidas as atividades de desenhar.

Partindo do pressuposto teórico da psicologia histórico-cultural de Vygotsky (1�9�-19��), podemos entender o de-senho como um sistema de signos que designam palavras, conceitos, relações, gestos, acontecimentos, cenas próprias do seu mundo e que são carregados de sentimentos e valores. Diante disto, le-vantamos alguns questionamentos: como o professor interpreta as figurações de seus alunos? Estabelece algum diálogo com as crianças no momento de suas produções? Incentiva? Elogia? critica? Age com indiferença? O olhar do pro-fessor normalmente é dirigido a partir dos conhecimentos que têm sobre as possibilidades do grafismo infantil, no-ções adquiridas na sua formação e nas poucas experiências que vivenciou.

De acordo com esta mesma teoria, as crianças não desenham o que vêem, mas o que conhecem; portanto, as sig-nificações que são atribuídas aos dese-nhos são as mais diferentes possíveis e nem sempre estão ligadas à representa-ção do real (formas exatas), mas, sim, à subjetividade; algum indício a mais so-

bre aquele objeto, que desconhecemos e que somente com a articulação da fala poderemos decifrar.

Há uma idéia equivocada ao se con-siderar os desenhos que mais se aproxi-mam da reprodução real dos objetos, os que melhor apresentaram um resultado de figuração. As crianças interpretam e reinterpretam as figurações atribuindo-lhes significados de acordo com suas próprias imaginações.

É grande a responsabilidade do professor na construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento do desenho infan-til, permitindo a exploração da função expressiva e o potencial criativo; assim, como na interação/interlocução entre o autor e o leitor para que haja uma com-preensão na construção dos significados.

Imaginação e realidadeO universo da imaginação é um

produto social, refletido na figuração. A criança recria ou reproduz aquilo que existe (nossas experiências são conser-vadas no cérebro) e transforma a reali-dade presente em uma outra realidade. Quanto mais privilegiado for o ambiente cultural da criança, maior será sua pos-sibilidade de criar figurações.

O desenvolvimento da imaginação infantil está diretamente relacionado ao desenvolvimento da linguagem. Ao produzirem suas figurações, as crianças podem representar uma realidade fictí-

Marcia Ferreira dos S. Stanziola

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cia, como por exemplo: desenhar uma escada para pegar estrelas no céu.

As interpretações e reinterpretações, atribuídas às suas figurações, possuem significados de acordo com a própria imaginação de quem as cria. As crianças não têm a preocupação com a exatidão das formas de suas figuras em relação às dos objetos reais. No processo de figura-ção e imaginação, o elemento constitu-tivo está na significação e não na repro-dução gráfica exata do objeto real.

InterpretaçãoInterpretar o desenho da criança significa

elaborar tentativas de apreender os signi-ficados que o autor atribuiu às figurações.

Para que isto seja possível, é impor-tante o professor estabelecer um processo de interação/interlocução no momen-to em que as crianças estão produzin-do seus desenhos; só assim, haverá uma compreensão e uma construção de significados.

A figuração é um modo de comu-nicação e interação, evocam imagens que são colocadas à disposição de um intérprete. Este, por sua vez, deverá fi-car atento, observando e analisando o momento em que as crianças produzem seus traços, pois, é comum manifestarem outros movimentos, como: gestos, mí-micas, fala com o “outro”, canto, dança; permitindo outro modo de leitura das significações, não se prendendo às obje-tividades; mas, sim, ultrapassando-as.

A criança desenha para significar seus pensamentos, sua imaginação e seu co-nhecimento.

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OBSERVAçãO TRANScRITA DE uMA cRIANçA DESENHANDO “SOzINHA”. Figura - Figuração de Luiz Henrique “O Jardim”

Professora: O que você vai desenhar?

Luiz Henrique: Estou desenhando eu.

Professora: O que você está fazendo?

Luiz Henrique: Fui mexer no jardim da minha mãe e arranquei uma plantinha de lá.

Professora: E o que aconteceu?

Luiz Henrique: A minha mãe deu uma surra em mim para eu não mexer mais. Daí eu fui lá e plantei outra plantinha.

Na figura, realizada por Luiz Henrique, vemos a repre-sentação de um jardim com flores e duas crianças. A leitura que fazemos deste desenho tem um significado objetivo co-mum: o jardim.

1- flores vistosas, terra, criança ao redor. Poderíamos in-terpretar o desenho, assim dizendo: significa duas crianças, talvez seu irmão ou amigo olhando as flores do jardim. No entanto, qual o significado subjetivo que Luiz Henrique atri-buiu ao seu desenho? Sem suas palavras (autor) jamais pode-ríamos percebê-lo.

As palavras de Luiz Henrique explicitaram o significado subjetivo de sua figuração. Trata-se da representação de uma

figura feminina ao alto da folha (sua mãe), que num gesto de extrema raiva, o agride por ter tirado uma plantinha do jardim.

A segunda figura humana (Luiz Henrique) está com uma plantinha na mão.

Ainda na representação, pela articulação da fala, podemos sa-ber que, após ter apanhado, ele replantou a plantinha no jardim.

A estabilidade da significação é refletida pela linguagem e não pela figura apresentada no desenho.

Sobre o significado das palavras, Vygotsky diz: “... uma palavra sem significado é um som vazio; o significado, por-tanto, é um critério da “palavra”, seu componente indispen-sável” (1991 a, p.100�).

A narrativa na figuração e na imaginação

As figuras apresentadas podem ligar-se umas às outras pelas narrativas, originan-do pequenas histórias e eventos. Dada essa possibilidade, o objeto figurativo apresenta o caráter de texto gráfico, no qual figurações desencadeiam sua nar-rativa e a do “outro”.

O objeto figurativo é evocado da fala e é por meio dela que se encontra a narração. As crianças narram durante o processo de figuração, os eventos por ela

imaginados. A narração explicita os sig-nificados das figurações, bem como seus movimentos e lugares no campo figurativo.

As falas dos interlocutores também são propulsoras de ações. A fala dá sen-tido às figurações e evoca o desenho de outras figuras, desencadeando nar-rativas esclarecedoras referentes aos eventos representados. A narrativa in-dica que os eventos desenhados ocor-rem em lugares de sua imaginação. Por ela, sabemos coisas de sua cultura, de seu cotidiano, das coisas que sabe pe-

los programas de TV aos quais assiste.

conclusãoDesenhar é uma atividade mui-

to praticada nas instituições escolares, mas, normalmente, quando incentiva-das e desenvolvidas, ficam atreladas a momentos específicos, como: desenhar para elaboração de algum trabalho - dia das mães, páscoa, dia do índio; ou então; desenham livremente. Qual o objetivo que queremos atingir enquanto educa-dores? Proporcionar um momento de

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- FERREIRA, Sueli. Imaginação e lin-guagem no desenho da criança Cam-pinas, SP 1998 – Coleção Papirus.

- DERDyK, Edith; Formas de Pen-sar o desenho, Desenvolvimento do grafismo infantil, Série Pensamento e ação no magistério, editora scipio-ne-1989.

Márcia Ferreira dos S. Stanziola é diretora da E.M. Profª. Wanda de Almeida Trandafilov.

prazer às crianças enquanto produzem seus traços ou a necessidade de figurar um significado?

De acordo com a teoria histórico-cultural, a criança é simbolista e seu desenho indica a necessidade de sig-nificar. O processo de significação está intimamente ligado à figuração.

É importante o professor atentar-se para o processo de produção da figura: a

“interpretação”, observando e analisando com a subjetividade da criança-autora, que não se limita apenas às reproduções de formas dos objetos reais.

Partindo do pressuposto da teoria da psicologia histórico-cultural de que as crianças não desenham o que vêem, mas o que conhecem. Desta forma, podemos afirmar que o desenho não está ligado à objetividade da representação (busca da forma exata dos objetos reais), mas também a diferentes significados que são atribuídos pela criança.

A figuração, como modo de comuni-cação, está articulada com a fala e perpassa por todos os momentos de produção do desenho. Os desenhos não comunicam por si mesmos, evocam imagens.

Interpretar um desenho requer a consideração de uma série de fatores que constituem o conhecimento da criança, assim como a imaginação, o pensamento, a percepção, a memória e as interações.

Ao desenharem, as crianças refletem valores da sociedade e experiências pes-soais que vivem em seu contexto cultu-ral, por isso, o desenho torna-se um im-portante instrumento de pesquisa; tanto na área educacional, como psicológica.

P aulo Freire, cidadão simples que nasceu no berço da humildade e no meio da maioria massificada. cres-ceu, estudou e tornou-se reconhecido mundialmen-

te pela sua preocupação em proporcionar a todos e todas um caminhar para a construção de um mundo melhor, pautado na essência da pessoa enquanto ser capaz de dialogar e com-preender para agir e transformar os espaços onde vive, con-vive e revive a própria história.

Hoje leio, discuto e dialogo suas obras no círculo de cul-tura e também em outros espaços educativos, objetivando o aprofundamento e compreensão, uma vez que todos seus es-critos estão carregados de conceitos antropológicos, lingüís-ticos, políticos e também religiosos.

Perceber a construção do entendimento de mundo por Paulo Freire, pressupõe ler obra a obra e, neste trajeto, per-ceber a transcendência da questão educativa/política para a percepção da evolução da sua própria vida, ou seja, em um movimento dialético é que se constitui a sua teoria, pautada na vivência observada, sentida, pensada, analisada e reorgani-

zada em prol do bem comum. Sua afirmação de que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, torna-se clara, com-preensiva e carregada de sentido.

Pautada na afirmação acima citada questiono: “Seria a falta de diálogo dos professores e de reconhecimento da História da humanidade e, da própria história, que “limita” a compre-ensão dos processos educativos, e ainda, a busca de um novo caminho para a formação do cidadão consciente da sua exis-tência e de seu papel na sociedade e na história?”

Elencar questões educacionais hoje, exige uma compre-ensão do ontem, e, principalmente, das personagens determi-nantes do rumo da História. Neste movimento conseguimos discutir, dialogar, construir e reconstruir conceitos e consensos que se fortalecem, quando procuram ultrapassar a teorização, contextualizando as vivências das nossas escolas, trazendo à luz temas como formação de professores, consciência ingênua e crítica, atuação profissional como reprodutores e/ou como organizadores de vivências de construção e compreensão do mecanismo social.

Rosemeire Tonete de Carvalho

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Descobertas enas pesquisas so

A leitura e discussão das obras Freirianas provocam uma série de sentimentos e emoções no círculo de cultura dentre seus participantes, principalmente em mim, ora de clareza, potência, motivação, responsabilidade, segurança do caminho certo, ora de inquietação, dúvida, impotência diante da compreensão do mecanismo so-cial que sustenta todas as relações com suas intenções subliminares.

Na verdade, as discussões nos círculos possuem um sabor de descoberta das próprias origens, desmascarando as verdadeiras razões das próprias ações. Olhar este, que se assemelha ao olhar de Paulo Freire quando percebe o seu crescimento apontan-do o grau de politização das suas ações do passado – des-crito em suas primeiras obras, mesmo que na época não as julgasse como.

Diante do exercício do conhecer e reconhecer, surgi-nos o maior desafio que não basta apenas reconhecer a necessidade de conhecer para si (círculo), e, sim, ampliar este movimento para o outro; interagir, relacionar, persu-adir, convencer, e é neste espaço/tempo que muitas vezes fraquejamos diante da visão ainda míope das possibilidades diante de nós. Ninguém determina o que o outro deve aprender e ou mesmo fazer, e, sim, é necessário envolvê-lo para que perceba e sinta a própria necessidade.

Reconhecer-se como protagonista do processo edu-cativo pressupõe coragem e humildade para aceitar as li-mitações instaladas em sua visão de mundo, que um dia foi ditada por pessoas interessadas na cegueira social para a manutenção do espaço de dominação.

Neste cenário de violência que violou o meu direito de participar do mundo que vivo, posso afirmar que em-

bora toda a distorção consciente de uns para a minha não interferência e sim re-produção de uma cultura de massificação, sinto-me feliz em vislumbrar caminhos e possibilidades de fazer do meu trabalho educativo um espaço de diálogo e cons-trução de um mundo possível para as novas gerações.

A cada obra lida e discutida, saltos significativos são dados, quanto à consciência da própria ação, portanto, enquanto pesquisadora do cEPEc, aponto como ne-cessário ampliarmos esta oportunidade para outros integrantes visando fortalecer a nossa atuação efetiva e consciente nos espaços em que vivemos e convivemos.

Rosemeire Tonete de Carvalho é mestre em Educação, Supervisora de Ensino da Rede Municipal de Mogi das Cruzes e pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Edu-cação Cátedra Paulo Freire (Círculo Mogiano de Cultura)

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novos olharesbre Paulo Freire

M uitos de nós, professores, acreditamos que o impor-tante é instruir bem, ou seja,

ter conhecimento, domínio da matéria que ministra na aula, e associamos isso à capacidade de ensinar, de fazer aprender. Não que estejamos errados, mas inseguros para admitir-mos que o conhecimento não se faz apenas com metalinguagem, com conceitos a, b ou c; mas também com liberdade, com trocas de experi-ências, e é isso que nós professoras das quartas séries da Escola Municipal De-sembargador Armindo Freire Mármora estamos tentando fazer.

Aceitamos primeiramente a idéia de que, o professor do novo milênio não é mais pedestal, representante de todos os saberes. como nos diz as palavras de

celso Antunes: “A escola já não mais pode aceitar o professor que acredita que ao concluir seu curso universitário havia ganhado todas as ferramentas para o perpétuo exercício de ensinar”.

Diante da reflexão, resolvemos nos aprofundar juntamente com os alunos, no projeto de leitura que já realizávamos no centro de construção e Divulgação do conhecimento (cEDIc) e nas aulas de informática. Após conversas com as crianças, escutamos propostas e decidimos que iríamos fazer um passeio pela nossa cidade à procura de elementos que en-riquecessem nossa proposta de trabalho.

Agendamos então, uma visita ao jor-nal Mogi News. Lá fomos muito bem recebidos, forneceram-nos informações sobre o funcionamento e a execução de

um jornal, desde a coleta de informações pelos repórteres até a impressão, venda e telemarketing. Além de enriquecermos nosso projeto, tornamos a aula interdisci-plinar naturalmente, já que testemunha-mos um trabalho de cidadania e respeito ao meio ambiente com a reciclagem dos jornais recolhidos das bancas e aqueles que não atendiam o padrão de qualidade. Os alunos olhavam e escutavam a tudo com muita curiosidade e atenção.

Saímos de lá radiantes e com mil idéias para as novas aulas. Durante as conversas no caminho, pensávamos em como des-pertar o gosto pela leitura, não como no passado pela imposição, mas pelo prazer.

Desembarcamos então em mais um momento a ser explorado: a arte. che-gamos ao museu Histórico Visconde de

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Ver...para ler!Kátia Fernanda Bueno do Prado, Luciana Takigawa e Maria Aparecida Silva

Mauá, localizado no casarão do carmo, região central de Mogi das cruzes. Es-perávamos apenas obter informações sobre o funcionamento e a conservação do museu, mas qual fora a nossa surpre-sa! Havia lá uma rica exposição sobre a Revolução de �� e os imigrantes japo-neses, organizados pela especialista Gra-ziela carbonari, que nos deu uma aula de história e de leitura de “dados” por meio dos objetos expostos. Ainda fo-mos presenteados por um convite para conhecermos também o Museu Histó-rico “Profª Guiomar Pinheiro Franco”, localizado na mesma região.

A nós, professoras e aos �1 alunos que esperávamos encontrar apenas ob-jetos antigos da família, mais uma sur-presa! Participamos de um maravilhoso

passeio pelo tempo e pela história de nossa cidade. Graças aos artistas: Rui Longo, cidinha Prado, Amábile Luz, Rodrigo Lyns e David Pradal; pude-mos conhecer personagens marcantes, viajamos em momentos e fatos, como se fizéssemos parte deles. Tudo como se já tivéssemos lido em algum livro de romance. Os alunos cantaram e conhe-ceram até a música “Oh! Abre alas”, de chiquinha Gonzaga.

Em um tempo, diante de tantas e inúmeras informações que nos chegam pela internet, contribuímos para que a leitura tenha um papel importantíssimo no desenvolvimento da capacidade de discernir entre o que é útil e o que não é. Temos uma outra preocupação: salvar a língua pátria e prepararmos as crian-

ças, por meio do ato de ler, para que se comuniquem melhor e partilhem seus conhecimentos e saberes.

Lembramos ainda que, quando se tra-balha a interdisciplinaridade, é preciso despir-nos de preconceitos que valori-zam ou denigram determinada disciplina e que é preciso existir uma integração entre os diferentes professores envolvi-dos. E esta etapa nós aqui, já consegui-mos ultrapassar!

“Aprende-se pesquisando temas e problemas pela observação... pela reconstituição histórica de contextos concretos” (Darcy Ribeiro)

Kátia Fernanda Bueno do Prado, professora com Licenciatura Plena em Artes Plásticas e pós-graduação em psicopedagogia; Luciana Takigawa, professora com Licenciatura Plena em Pedagogia e pós-graduação em psicope-dagogia e Maria Aparecida Silva, professora com magistério. Todas trabalham na Esco-la Municipal Des. Armindo Freire Mármora

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PRáTIcAS DE ENSINO

E ntre os procedimentos ou estra-tégias para se ensinar e apren-der, as perguntas e as respostas

há séculos são consideradas meios efi-cientes. Na antiguidade, Górgias, Sócra-tes, Platão enfatizaram o uso de tais re-cursos, mas é certamente com Sócrates que mais se difundiu, via os escritos de Platão. Ao longo da História da Educa-ção, mais especificamente das tecnolo-gias educacionais, sempre foram usadas como recurso. Entretanto, nem sempre em sua forma mais adequada e precisa para alcançar os objetivos pretendidos.

Havia carência de pesquisas cientifi-

camente seguras para testar como, quan-do, tipologia e outras características da relação pergunta-resposta que pudessem ser realmente adequadas ao bom desen-volvimento do educando. As pesquisas sobre a matéria começaram a crescer de forma notável dos anos sessenta do século passado para cá.

Duas vertentes ou ambientes de pes-quisa logo se destacaram: a interação pro-fessor-aluno e a aprendizagem da leitu-ra, incluindo disciplinas acadêmicas. No primeiro caso, os milhares de estudos de observação da interação evidenciaram que os professores não dominavam tec-

Geraldina Porto Witter

Perguntas, respostas,aprendizagem

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Geraldina Porto Witter é pedagoga, psicó-loga, doutora em Ciências (Psicologia) - USP e livre docente em Psicologia Escolar na Unicastelo

nologia para manter relações realmen-te produtivas com seus alunos e entre elas não sabiam usar adequadamente a relação pergunta-resposta. Não usavam questões que realmente requeriam dos alunos um bom envolvimento cogniti-vo, criticidade, criatividade e respeito às diferenças. No Brasil o quadro era ainda mais drástico. Perguntas que só requeriam memorização ou descrição eram o que os docentes usavam nas interações com os alunos em sala, nas provas de avaliação e outras atividades acadêmicas.

Muitas tecnologias e bases para melhor capacitar os professores no uso de seu comportamento verbal, especialmente no perguntar, foram desenvolvidas, se mostraram eficientes e estão sendo aperfeiçoadas como resultado de muitas pesquisas de tecnologia educacional. É necessário orientar os professores para que sejam produtivos e possam mudar seu comportamento, obter mais êxito e garantir maior e melhor desenvolvimento para seus alunos.

A segunda vertente desenvolveu-se concomitantemente, mas com um rit-mo mais acelerado e com produção mais confiável e generalizável para situações sociais, sócio-econômicas, culturais e

educacionais distintas. O maior desen-volvimento possivelmente foi influen-ciado pelo fato da leitura ser internacio-nalmente uma área de produção muito rica, diversificada, realizada dentro dos parâmetros, cientificamente recomen-dados e esperados. Embora em países como o Brasil, a produção não alcance tais parâmetros; no exterior prevalecem: o trabalho de múltipla autoria, estudos experimentais e quase experimentais, análises quantitativas ou mistas, busca de unificação do conhecimento. Foram geradas tecnologias envolvendo pergun-tas e respostas como ferramentas de en-sino. Mais ainda, passou-se a estabelecer quando, quem, que tipo de pergunta, que procedimentos e estratégias de busca da resposta, o aluno precisa aprender para ser não apenas um leitor autônomo, in-dependente, crítico, criativo, motivado; mas um cidadão que é capaz de usar es-tas competências e habilidades para se desenvolver e contribuir para o social.

Ensinar, orientar, tornar o aluno com-petente ao fazer perguntas é fundamen-tal no processo de conhecer. Educadores precisam dominar as tecnologias e proce-dimentos que viabilizam isto e também como agir quando o aluno já consegue ir

além, como mantê-lo se desenvolvendo, ainda que isto custe mais empenho do próprio professor. certamente, o docen-te precisa aprender e usar melhor tanto seu repertório de perguntar-responder como viabilizar ao aluno tal avanço.

como não há espaço suficiente para oferecer informações específicas fica aqui a promessa de após esta contex-tualização inicial, em um próximo arti-go, disponibilizar algumas informações e pistas aos professores. Enquanto isto preste mais atenção às perguntas que fazem aos alunos, às perguntas que eles fazem e como ambos respondem. Es-pera-se que em sala de aula os alunos, hoje, falem e façam mais perguntas do que o próprio professor. como isto está ocorrendo em sua sala de aula? como reage às perguntas e respostas dos alu-nos? Observe-se e aos seus alunos. De-pois se dará continuidade ao estudar o perguntar, o responder como veículo de aprendizagem e de desenvolvimento para o docente e os seus alunos.

“O cheiro do mar é diferente, é muuuuito bom!” Luiz Henrique c. de Oliveira

“Adorei as cachoeiras, o aquário e o museu! Quero ir de novo!”

Natália c. P. Barbosa

“Eu achei legal o mar grandão

e o navio que estava dentro.”

Thaina A. F. Ferreira

“O esqueleto da baleia era

enorme, maior do que a nossa

sala. Nunca tinha visto.”

Lucas Julio cardoso

E m outubro de �00�, os alunos da zona rural das escolas muni-cipais Prof. Primo Villar e E.M.

Profª Maria Luiza Fernandes tiveram a oportunidade de conhecer uma outra cultura regional, que em muitos aspec-tos assemelha-se com a nossa.

Fizemos um passeio à Baixada Santista, litoral do Estado de São Paulo. Em uma visita ao Museu de Pesca, os alunos pu-deram compreender a cultura desde os tempos antigos até hoje e o modo de vida dos pescadores, que obtém seu sustento utilizando os recursos que a natureza ofe-rece, tratando-a com respeito e sabedoria.

Estivemos também no Aquário de Santos. A diversidade animal conquistou a todos. As crianças encantaram-se com

os pingüins, tubarões, arraias, tartarugas marinhas e uma grande variedade de peixes. Desta maneira, elas vivenciaram conhecimentos, que, até então, estavam apenas na teoria e nos livros didáticos.

Além da proposta cultural do passeio, ainda houve tempo para os alunos guar-darem recordações inesquecíveis desse dia, já que muitos deles jamais haviam visto o mar. Eles puderam apreciá-lo na beira da praia num gostoso piquenique.

As crianças retornaram no final do dia, cheias de novos conhecimentos e histórias para contar desse maravilhoso passeio que pôde ser realizado por meio do apoio da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das cruzes com o projeto caminhando e conhecendo.

curtindo SantosEquipe da E.M. Prof. Primo Villar e E.M. Profª Maria Luiza Fernandes

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R esolvemos realizar o projeto “100% Saudável” ao perceber-mos que as nossas turmas (ma-

ternal A e B) estavam com uma grande dificuldade de se alimentarem de maneira saudável. As crianças recusavam a maior parte de legumes e verduras preparados com dedicação pelas cozinheiras Vilma e Vanda. As turmas também desconheciam algumas frutas e não se comportavam bem à mesa, faziam sujeira, jogavam ali-mentos que não gostavam embaixo da mesa e falavam alto.

Para realizarmos o projeto, primeira-mente visitamos nossa horta, onde obser-vamos as verduras e legumes existentes, depois comentamos sobre o plantio e a importância desses alimentos para nossa saúde. As crianças ficaram empolgadas e aproveitamos esta animação para levar-mos o assunto para a sala de aula.

Na classe, desenvolvemos as seguin-tes atividades com as crianças: diálogo coletivo com a apresentação de carta-zes e história no retroprojetor, pesqui-sa com figuras de alimentos recortadas de revistas, montagem de cartazes e modelagem em massinha. A partir daí, notamos uma diferença no nosso dia-a-dia. No momento das refeições, os pe-

quenos começaram a comer melhor e aqueles que continuaram não aprecian-do alguns alimentos, já falavam que não queriam ao servimos. Depois dessa pe-quena melhora, tivemos certeza de que poderíamos melhorar ainda mais, então, resolvemos ir além: levamos verduras, le-gumes e frutas para a sala de aula, dando oportunidade das crianças manusearem e conhecerem vários alimentos: de ver-duras até grãos.

Para melhor apreciação dos alimentos, fizemos uma salada de frutas, vitamina de morango, salada de verduras e legu-mes, tudo com a colaboração dos pais e com alguns alimentos colhidos em nossa horta. Essa atividade foi muito rica, pois percebemos que as crianças ficaram bem interessadas e assim, exploramos todas as áreas do conhecimento necessárias ao desenvolvimento dos alunos: mate-mática, linguagem oral e escrita, natu-reza e sociedade, movimento e música.

Além disso, trabalhamos também a hi-giene e o mais importante: conseguimos fazer com que as crianças experimentassem os alimentos sem nenhuma recusa. Elas puderam perceber que os gostos dos ali-mentos eram agradáveis e não ruins, como diziam antes mesmo de experimentarem.

Aproveitamos o tema da alimenta-ção e falamos em roda de conversa so-bre as guloseimas, conscientizando os alunos de que mesmo sendo saborosas, não podem ser consumidas em excesso, pois são prejudiciais à saúde. A ativida-de gerou comentários, como “comer muito doce dá dor de barriga.”, “Eu ga-nho doce em casa quando como todo o papa”, etc...

Após este processo, a melhora na ali-mentação foi maior e resolvemos dar continuidade no assunto em nosso dia-a-dia. Encerramos o projeto com um piquenique na escola e uma exposição de alimentos no salão. Novamente con-tamos com a participação dos pais, que colaboraram com tudo o que precisamos para a realização do nosso projeto.

com tudo isso, podemos dizer que estamos muito satisfeitas, pois vivencia-mos cada passo que é dado pelas crian-ças e hoje, nosso maior objetivo foi al-cançado e estamos melhorando a cada dia. Agradecemos a colaboração de to-dos que participaram direta ou indire-tamente do nosso projeto.

Professoras do Centro de Educação Infantil Comunitário Mundo Vivo

Projeto “100% Saudável”Patrícia Santos Faria, Daniela Mausek, Kássia Soraya de Oliveira e Silvana Monteiro de Souza

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A Educação Física e o Movimento

A Educação Física é responsável pela orientação e desenvolvimento desse “movimento”, que é de fundamental importância para nossa vida, tornan-do-nos mais saudáveis e articulados em nosso dia-a-dia.

Esta ciência nos apresenta caminhos para que as potencialidades do homem em movimento sejam descobertas e analisadas, transformando assim a sua pró-pria realidade.

Na busca da melhora da qualidade de vida, nos deparamos com inúmeros exem-plos do quanto se faz necessário ampliarmos nossa consciência em relação à saú-de física, mental e social. E um alerta no que diz respeito a essa corrida desmedi-da do “corpo perfeito” e a estética acima de tudo: temos que entender que o que realmente vale, é sermos pessoas ativas e bem dispostas sempre, pelo maior tempo possível, garantindo assim uma velhice mais prazerosa, saudável, com nossos movi-mentos preservados. Não podemos deixar para depois para sermos pessoas saudá-veis. A preocupação está no agora, principalmente, com nossas crianças.

A escola tem papel fundamental na formação global da criança e é nesse espa-ço que podemos e devemos formar indivíduos ativos e conscientes, autônomos e detentores do conhecimento corporal humano.

Assim sendo, entendemos a importância e a contribuição que a Educação Fí-sica, em sua plenitude: é fundamental para a formação de nossas crianças, bem como em nossa vida.

“ O fenômeno global do corpo é, do ponto de vista intelectual, tão superior à nossa consciência, ao nosso espírito, à nossa maneira de pensar, de sentir e de querer, quanto a álgebra é superior à tabuada de multiplicação”.(NIETZSCHE)

Ana Maria Tertuliano Américo é professora e coordenadora dos Projetos de Esportes da Secretaria Municipal de Educação

Ana Maria Tertuliano Américo

EDucAçãO E ESPORTES

“O movimento é o meio pelo qual o indivíduo se comunica e transforma o mundo que o rodeia”

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Festival incentiva jovens e homenageia ex-atletas Luiz Maritan

u m encontro de gerações marcou o 1º Festival de Natação Lucila Martins, realizado no centro Esportivo do Socorro no dia �1 de abril. crianças e jovens dos projetos mantidos pela Prefeitura de

Mogi das cruzes, por meio das secretarias municipais de Educação e Espor-te e Lazer (Smel), puderam nadar ao lado de grandes nomes da modalidade na cidade.

cerca de �00 pessoas entre alunos, pais e responsáveis estiveram presentes para acompanhar o evento que homenageou os ex-nadadores Lucila Mar-tins, medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 19�1, e Akcel Godói, bronze na edição de 19��. Os dois levaram medalhas e objetos da época, fi-zeram uma demonstração na piscina e ainda passaram suas experiências para as crianças e jovens com idades entre � e 1� anos.

“Eu gostaria de ser um incentivo para eles, para que todas essas crianças saibam que, se eles quiserem, eles podem conseguir ter sucesso na vida. O es-porte é importante na formação das crianças porque dá disciplina. Eu nun-ca bebi, nunca fumei. E trabalhar isso com as crianças é importante para que elas aprendam coisas boas”, afirmou Lucila, que trabalhou como professora da Prefeitura antes de se aposentar.

Medalhas e objetos dos dois ex-nadadores ficaram expostos para que as crianças pudessem conhecer um pouco mais de perto a história da natação na cidade. “A natação é um dos melhores esportes que existe porque mexe com todo o corpo do participante. É um dom, mas também é preciso muito trei-namento e esforço”, completou Akcel, que hoje faz parte da equipe da Smel.

O Projeto Peixinho atende ��0 alunos das terceiras e quartas séries do En-sino Fundamental de escolas municipais, enquanto as aulas que são dadas no centro Esportivo do Socorro são abertas à população. Participantes dos dois programas mostraram o que aprenderam neste semestre.

“Eu sempre pedia para aprender a nadar, mas minha mãe não tinha dinheiro para me colocar em uma aula. Então, apareceu esta oportunidade e eu adoro. Quero ser nadadora quando crescer”, disse a pequena Thábata Rodrigues, de nove anos. Moradora do Jardim Aeroporto III e aluna da Escola Municipal

“Benedito Ferreira Lopes” – cAIc, ela participa do Projeto Peixinho, tem aula duas vezes por semana e já escolheu o nado de costas – o mesmo que consa-grou Lucila Martins – como o seu preferido.

“Eu acho muito importante este projeto, tanto que faço questão de trazê-la todas as vezes. É fundamental que a criança não fique ociosa, nem com a ca-beça vazia, aprendendo o que não deve”, afirmou Maria Eunice Rodrigues da Silva, mãe de Thábata.

Luiz Maritan é jornalista

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Alto Tietê se preparapara as atividades doFórum em setembro

O mês de maio foi marcante para o movimento do Fórum Mundial de Educação Alto Tietê. O comitê Organizador comemorou os 1� mil participantes dos

lançamentos municipais e preparou uma mesa-redonda sobre os temas do Fórum e uma formação para os jovens do Fórum Infanto-Juvenil. O site do movimento está no ar e ainda as ins-crições já estão abertas, partindo-se da definição dos eixos te-máticos e sub-eixos, pela comissão de Metodologia e Temática.

Neste período, também terão início as inscrições de ativi-dades autogestionadas. Os valores e prazos estarão disponíveis no site http:\\altotiete.forummundialeducacao.org Além da participação como ouvinte, todos e todas podem inscrever

atividades autogestionadas e pôsteres para serem apresentados durante os dias do Fórum. As atividades são de responsabilida-de das entidades proponentes e serão momentos importantes para a troca de idéias e a articulação entre educadores, enti-dades, movimentos sociais, redes e organizações.

INTEGRAçãO NOS LANçAMENTOS

Pais, educadores, alunos e a comunidade em geral com-pareceram aos lançamentos, entre os dias � e 1� de abril, e fizeram da integração entre todos e todas, o destaque deste Fórum, que pela primeira vez é organizado por onze mu-nicípios: Arujá, Biritiba Mirim, Ferrraz de Vasconcelos, Gua-rarema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das cruzes, Poá,

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ATIVIDADES DE MAIOEste mês foi iniciado com uma grande novidade: o site

do Fórum Mundial de Educação Alto Tietê está no ar. Todos podem acompanhar as novidades do movimento pelo ende-reço http://altotiete.forummundialeducacao.org Neste espaço, criado pela comissão de comunicação e a Equipe de Orientadores de Informática da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das cruzes, além do dia-a-dia do mo-vimento, as cidades participantes terão um espaço especial para que todos conheçam sua história, cultura e atividades.

As reuniões de formação contaram com a participação de todos e todas. No dia 19 de maio, educadores, adoles-centes e representantes de entidades e movimentos sociais participaram da mesa-redonda “Protagonismo, Diversida-

de e Sustentabilidade”, na universidade Braz cubas, em Mogi das cruzes. Os convidados foram Isis Lima Soares, educadora popular e integrante do Projeto “cala-Boca já Morreu”; Maria Sirley dos Santos, educadora e membro da Associação de Educadores da América Latina e caribe (Ae-lac) e Luiz carlos Oliveira, educador, mestre pela Puc em Ecopedagogia e colaborador do Instituto Paulo Freire (IPF).

uma atividade lúdica apresentou às crianças e jovens, o tema do Fórum no Alto Tietê e seus eixos temáticos, no dia �9 de maio, na universidade Braz cubas. cerca de 1 mil Estudantes de Educação Infantil ao Ensino Médio foram acolhidos para o debate, pois é muito importante que este público também participe da construção do Fórum Mundial de Educação Alto Tietê, principalmente do Infanto-Juvenil.

Salesópolis, Santa Isabel e Suzano. No dia 1� de abril, todos estiveram em Mogi das cruzes

para o Encontro Regional, que contou com uma emocionan-te marcha em que os municípios participantes levaram suas bandeiras oficiais e as bandeiras com desenhos das crianças. A cidade de Arujá foi a escolhida para a leitura da ementa do movimento e a Associação de Assistência aos Deficientes Vi-suais do Alto Tietê (AADVAT) representou a sociedade or-ganizada durante o encontro.

“É com muita satisfação que estamos aqui nesse marco his-tórico para a região. Este é o primeiro passo para a mudan-ça que trará resultado para nossos filhos”, observou Ricardo

Oliveira Pedroso, presidente da entidade. Moacir Gadotti, re-presentante do conselho Internacional e os prefeitos de Su-zano e Mogi das cruzes falaram em defesa do movimento, mostrando a união em prol da educação.

A Secretaria Executiva do Alto Tietê, com apoio da Bio-Bras, anunciou a neutralização do carbono que será emitido durante as atividades de setembro. A questão ambiental será trabalhada no Fórum, sendo representada por um dos eixos temáticos.

Durante o evento, foi anunciado o desenho escolhido para estampar o selo do Fórum Mundial de Educação Infanto-Juvenil. Os alunos da Escola Municipal Renata campanholi, de Guara-rema, comemoram a escolha realizada pela comissão de cultura.

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Eixos temáticos e sub-eixosA partir do tema Educação: Protagonismo na Diversi-

dade, a Comissão de Metodologia e Temática definiu os eixos te-máticos e sub-eixos, que serão a base para as atividades que acon-tecerão durante os quatro dias do Fórum.

• EDucAR PARA A SuSTENTABILIDADE DO PLANETA;EcopedagogiaEducação ambiental e o ensino formalEducação ambiental e o ensino não-formalMovimentos sócio-ambientaisEducação e bioéticaEducar para o uso sustentável dos recursos naturaisEducação ambiental e comunidadesEducação, tratados e convenções internacionaisOs meios de comunicação e a educação ambientalEducação ambiental, meio ambiente e políticas públicasEducação e indicadores sócio-ambientaisEducação ambiental e as redes de intercâmbioResponsabilidade social, processos de produções e mercado de consumo

• PROTAGONISMO: RESPONSABILIDADE SOcIAL NA EDucAçãO cONTEMPORÂNEA;Protagonismo e cidadania planetáriaProtagonismo, interdependência e co-responsabilidadeA ética da responsabilidade social em nosso tempoResponsabilidade solidária e cooperação para o desenvolvimentoA responsabilidade e protagonismo do Estado, da família, do volun-tariado e do terceiro setorProtagonismo, redes e movimentos emancipatóriosA responsabilidade social na produção do conhecimentoResponsabilidade social das instituições de ensinoProtagonismo na educação não-formalO papel da mídia na construção de padrões sociaisO papel da sociedade na educação

• PRáTIcAS EM EDucAçãO: OS cENáRIOS DA DIVERSIDADE;Práticas educativas numa visão de educação não-formal e informalPrograma de formação de gestores da educaçãoPrograma de formação continuada de professores e saberes neces-sários à prática educativaCurrículo: por uma prática além dos conteúdosEnsino contextualizado e aprendizagem significativaProjetos educacionais na prática pedagógicaAvaliação: Reflexão e AçãoInclusão digital e o trabalho do professorInfluência das mídias na educaçãoRelação professor-aluno no processo educativoViver valores na escola, lições para toda a vidaEscola e Família: parceiros no processo educativo

Educar para a formação de leitoresEducação e a ArteEducação e o EsporteEducação e a Diversidade étnico-racialEducação e a SexualidadeEducação Infantil: primeira etapa da Educação BásicaO cuidar e o educar na Educação InfantilA importância de brincar na primeira infânciaEnsino Fundamental de nove anos: Currículo, Metodologia e AvaliaçãoAlfabetização e LetramentoEducação de Jovens e Adultos e suas especificidadesPráticas educativas na perspectiva da educação popularCompetências e habilidades a serem desenvolvidas no Ensino MédioInclusão e Acessibilidade CurricularO papel do Ensino Superior na articulação da teoria e da prática profissional

• POLíTIcAS PÚBLIcAS EM EDucAçãO: EFETIVANDO E cONcRETIzANDO DIREITOS?Organização da educação: planos e diretrizesPolíticas públicas para a infância e juventude: do direito de ser crian-ça à construção da cidadaniaAcesso, permanência e diversidade na escola pública com qualidade socialPolíticas públicas para diversidade étnico-racialPolíticas públicas de educação inclusivaPolíticas públicas para a Educação InfantilUniversalização do atendimento às crianças em creches e pré-escolasPolíticas públicas para o Ensino FundamentalImplantação do Ensino Fundamental de nove anosErradicação do analfabetismoPolíticas públicas para a Educação de Jovens e AdultosPolíticas públicas para o Ensino MédioFormação profissional e inserção no mundo do trabalhoO papel da escola pública na formação profissionalPós-médio: o desafio da profissionalizaçãoO papel social do ensino superior: da universalização à qualidade da formação profissionalAmpliação das universidades públicasA avaliação educacional e institucional e o compromisso socialGestão democrática: direta, participativa e representativaA participação dos pais e da sociedade civil na gestão da escola públicaEleições diretas para diretor de escolaFinanciamento e qualidade da educaçãoPolíticas públicas para a educação à distânciaEducação e saúde: investindo na qualidade de vidaInclusão digital: limites e possibilidadesValorização dos profissionais da educaçãoPolíticas públicas para a educação não-formalParcerias com empresas e outros movimentos independentes (sócio-educativos)Educação Superior: ensino, pesquisa e extensãoGestão da educação das cidades: políticas públicas educacionais e direito à educação

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N o dia � de maio, cerca de 1.��0 mogianos se reuni-ram no centro Municipal

Integrado “Deputado Maurício Nagib Najar” para receber os certificados dos cursos de qualificação profissional do centro de Iniciação Profissional (cIP). Os primeiros formandos de �00� fa-zem parte da ampliação do programa, que tem contribuído para o desenvol-vimento da cidade.

Até este mês, o cIP ofereceu mais de 9 mil vagas. A estimativa é que neste ano, o programa atenda o mesmo número de vagas que em �00�: 1� mil. O crescimento do cIP faz parte do desenvolvimento que Mogi tem apresentado nos últimos anos. O município tem se destacado na geração de empregos. Em �00�, já foram criadas �.0�9 vagas.

O cIP atua tanto na qualificação profissional para iniciantes e pessoas

que já trabalham, como oferece aulas de empreendedorismo para aqueles que desejam abrir seu próprio negócio.

“Por meio dos cursos, abri meu próprio salão de beleza e aos poucos estou con-quistando meu espaço no mercado de trabalho. O curso me deu criatividade para superar os obstáculos e me manter sempre atualizada”, contou Simone cristina Máximo.

Ana cláudia Silva de Almeida fez os cursos de maquiagem e massagem no cIP Braz cubas. “O diferencial do curso são as aulas práticas. Nas aulas de massagem, cada aluna fazia a massagem na outra. Eles são rigorosos quanto ao horário e o curso é bem planejado, essa já é uma preparação para o mercado de trabalho. com as aulas de empreen-dedorismo, já sei como cobrar e onde comprar material”, disse.

A monitora dos cursos de iniciação em

vendas e recursos humanos, Sônia Ro-drigues destacou a formação que o cIP proporciona aos alunos. “A iniciativa po-tencializa o perfil profissional dos alunos e estimula a geração de renda. Eles podem construir uma carreira baseada no conhe-cimento, responsabilidade e ética”, disse.

A parceria entre as Secretarias de Educação e Saúde foi um dos desta-ques do evento. No primeiro semestre, foi formada a primeira turma do curso de cuidador de Idosos. Os alunos rea-lizaram estágios em asilos e fizeram vi-sitas domiciliares. O apoio do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) e o Posto de Emprego e Qualificação (PEQ) também foram destacados. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social também contribui para o crescimento do programa, indicando ao Departamento de Educação Não-formal as tendências do mercado de trabalho.

cIP: formando empreendedores e capacitando profissionais

HISTORIANDO

É extremamente comum pensarmos que estamos fora da realidade, que “nasce-mos na época errada” ou que o país

atravessa momentos críticos nunca antes vistos. Quando abraçamos o magistério como profis-são, este tipo de pensamento parece crescer e ganhar dimensões gigantescas, muito fora do alcance de alguma resolução plausível. O que não podemos perder de vista é o dinamismo da história. cada período da vida humana tem seus avanços, seus dilemas, seus desafios...

Em seu livro “Educação e Sociedade na Primeira República”, o professor Jorge Na-gle soube com maestria tecer considerações especiais sobre o tempo da grande mudan-ça da História brasileira, o período que vai de 19�0 a 19�0 (última década da chamada

“República Velha” ou Primeira República). Indiscutível é o papel deste autor na História da Educação Brasileira. Ele próprio, que nos deu a honra de escolher nossa cidade para sua moradia, começou sua carreira nas primeiras letras e chegou a Reitor da universidade Es-tadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – a uNESP. No referido livro, há um momento em que trata do “entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico”, assim discorrendo:

“O entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico que tão bem caracterizam a dé-cada de 19�0, começaram por ser, no decênio anterior, uma atitude que se desenvolveu nas correntes de idéias e movimentos político-sociais e que consistia em atribuir importân-cia cada vez maior ao tema da instrução, nos diversos níveis e tipos”. Mais adiante, insiste também em mostrar o papel da cultura e o quanto se fez nesse período de tempo, espe-cialmente quando se refere ao grande papel da Semana de Arte Moderna, em 19�� – “o pon-to culminante das atividades dos modernistas,

Magistério:Gracila Maria Grecco Manfré e José Sebastião Witter

Profª Jovita Franco Arouche

Profº Aprígio de Oliveira

Profº Adelino Borges Vieira

Profª Leonor de Oliveira

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Magistério:

NAGLE, Jorge. Educação e Sociedade na Pri-meira República. Rio de Janeiro: DP&A, 2001TOLEDO, Regis. Mogi das Cruzes. Os Gran-des Personagens da História. São Paulo: 2004.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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uma espécie de festa pública (...)”. Não só a corrente modernista do grupo de São Paulo

– Rio de Janeiro, mas também a formação de um movimento de renovação literária e cul-tural em Recife, sob a liderança de Gilber-to Freyre foram vozes de combate à “fácil e superficial imitação de modelos estrangeiros; introduziram, nas suas produções, a ambiência e a realidade humana brasileiras”.

como podemos observar, a vida neste período de “ebulição” dos parâmetros sócio-culturais na história da sociedade brasileira, não era nada fácil. Especialmente para quem havia escolhido o magistério como profis-são. citemos alguns exemplos de professores que então viviam em Mogi das cruzes e que, mesmo tendo a dificuldade atravessada por todos no país, ainda tinham uma conturba-da vida pessoal e familiar; entretanto, nunca se deixaram abater. A trajetória destes quatro profissionais é louvável nos nossos dias e suas biografias merecerem ser conhecidas. O prof. Aprígio de Oliveira (1���/19��) perdeu dois filhos: Maria, que morreu de tuberculose, e José, vítima de atropelamento. Mesmo sendo marcado por estas tragédias, continuou a ser professor e, seguindo sua trajetória, foi nome-ado professor titular para a cadeira de peda-gogia na Escola Normal Livre de Mogi das cruzes, no ano de 19�0 e em 19�� foi no-meado Diretor da Escola coronel de Almeida. A Profª Jovita Franco Arouche (1�9�/19��), em 19��, já casada e mãe de dois filhos (És-ter e Francisco), foi nomeada a assumir uma sala de alfabetização mista rural, instalada em São José dos campos. Além do acesso ao lo-cal ser precário, viveu por dois anos distante da família, que ficou em Mogi, voltando so-mente dois anos mais tarde, quando foi desig-nada a ocupar a função de professora adjunta

da Escola coronel Almeida. A esposa do Prof. Adelino Borges Vieira (1���/19��) morreu após dar a luz ao segundo filho do casal (a mãe do citado professor também perdera a vida do mesmo modo). Além da carreira do magistério, era filantropo e participou de vá-rias entidades beneficentes mogianas e este-ve à frente da Associação comercial. A Profª Leonor de Oliveira (1�91/19��) foi mãe de seis filhos, era profissional dedicada e extre-mamente feliz. Mesmo com a sobrecarga dos afazeres domésticos, sempre conseguia sepa-rar um momento para atender a todos de seu lar, sem distinção. costumava também “reu-nir alunos ao redor de um piano, oferecendo momentos de lazer e divertimento, associado ao ensino do canto e da música”.

Guimarães Rosa, em seu “Grande Sertão: Veredas”, já acautelava sobre o viver com sa-bedoria, dizendo que na vida não há ensaios

“porque o aprender-a-viver é que é o viver mesmo”. Das vidas aqui apresentadas, sigamos os exemplos desses professores...

GRACILA MARIA GRECCO MANFRÉ é Professora Universitária e Consultora Educacional

JOSÉ SEBASTIÃO WITTER é professor titular na área de História e professor emérito pela Univer-sidade de São Paulo (USP)

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