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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL DE PINHEIROS, COMARCA DE SÃO PAULO - SP. VIVIANE CLEIDE DEMETRIO , brasileira, solteira, empresária, portadora da Cédula de Identidade RG. Sob n. , inscrita no CPF/MF sob n. 149.169.378-99, residente e domiciliada sito à Rua Cdor Felício Lanzara, 66 casa 02, CEP.: 05525- 050, vem respeitosamente perante Vossa Excelência interpor a presente: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE COBRANÇA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS, contra NET São Paulo LTDA , empresa estabelecida à Rua Verbo Divino, 1356, Chácara Santo Antonio – São Paulo – SP, CEP.: 04719-002, inscrita no CNPJ nº 65.697.161/0001-21, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: I. DOS FATOS : A requerente é assinante titular dos serviços prestados pela empresa requerida, sob o contrato de n. 003/324167195, onde

Ação Declaratória - Viviane Demetrio

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO REGIONAL DE PINHEIROS, COMARCA DE SÃO PAULO - SP.

VIVIANE CLEIDE DEMETRIO, brasileira, solteira, empresária, portadora da Cédula de Identidade RG. Sob n. , inscrita no CPF/MF sob n. 149.169.378-99, residente e domiciliada sito à Rua Cdor Felício Lanzara, 66 casa 02, CEP.: 05525-050, vem respeitosamente perante Vossa Excelência interpor a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE COBRANÇAC/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANOS MORAIS,

contra NET São Paulo LTDA , empresa estabelecida à Rua Verbo Divino, 1356, Chácara Santo Antonio – São Paulo – SP, CEP.: 04719-002, inscrita no CNPJ nº 65.697.161/0001-21, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

I.

DOS FATOS :

A requerente é assinante titular dos serviços prestados pela empresa requerida, sob o contrato de n. 003/324167195, onde contratou verbalmente um pacote de serviços denominado “Combo Capacto Básico FID” que incluía serviços de TV, Telefone e Internet de 5 (cinco) Megas, no valor de R$ 85,00 (oitenta e cinco Reais) e sendo disponibilizado o serviços com a efetiva instalação no dia 20 de novembro de 2010, conforme se depreende da Ordem de Serviço Prestado que acompanha o presente.

Ao iniciar a prestação de serviços, a requerente notou que o serviço de internet estava diverso do contratado pelo preço oferecido pela empresa requerida e teve por muitas vezes seus serviços de telefone e internet não fornecida, interrompida por problemas técnicos. Exaustivamente contatou a empresa ré, com o fim de ver elidido seu

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problema, no entanto, sempre sob a justificativa de que a empresa requerida efetuava serviços de manutenção na região do serviço prestado, sob protocolos de atendimento no qual algum deles a requerente cuidou em anotar, quais sejam: 033241167195, 003110452160678 e 003110450759554.

Somente no dia 10 de fevereiro de 2011, 82 (oitenta e dois) dias após a contratação do serviço prestado, foi detectado erro na instalação interna efetuado pela empresa requerida, havendo necessidade de “refazer o cabeamento de toda residência”, conforme se depreende da Ordem de Serviço e Visita Técnica que acompanha a presente exordial, sendo efetivamente sanado a má prestação do serviço contratado somente nesta data.

Como se não bastasse o despautério em exposto, a requerente foi surpreendida com a cobrança de fatura da prestação de serviços da empresa requerida, no valor de R$ 107,43 (cento e sete Reais e quarenta e três Centavos) com vencimento para o dia 15 de março de 2011, valor diverso do contratado que deveria ser de R$ 85,00 (oitenta e cinco Reais), prestando serviço abaixo do convencionado que deveria ser 5 (cinco) Megas de internet por 1 (um) Mega do mesmo serviço.

II.

DO DIREITO:

Vale lembrar que, nos termos do que preceitua o CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, É ILEGAL A COBRANÇA DE QUALQUER VALOR POR SERVIÇO QUE NÃO FOI EFETIVAMENTE PRESTADO.

Ressalte-se, que a conta enviada refere-se a serviço efetivamente não prestado devido aos problemas técnicos de instalação, reconhecido pela própria empresa requerida, sendo de sua responsabilidade a efetiva prestação do serviço de forma funcional.

O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 42, parágrafo único, estabelece o seguinte :

“O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”.

Sendo assim, alternativa não restou a Autora senão o amparar-se no Poder Judiciário, com intuito de ser ressarcida dos valores pagos indevidamente, bem como para que se declare inexigíveis as cobranças efetuadas indevidamente.

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III.

DO DANO MORAL:

É certo que surge neste momento o dever de indenização pelo dano causado e suportado pela Autora.

Assim, não resta outra interpretação a ser dada, exceto de que encontram presentes os requisitos para a responsabilidade objetiva, independentemente da culpa, a saber, o nexo de causalidade, vislumbrado na omissão da Efetiva Prestação de Serviço na sua forma Funcional e o dano causado à requerente, como já fora aduzido.

Arrimando-se nos Princípios Constitucionais basilares, o Código Civil de 2002, nos artigos 186 e 927, dispõe:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts”. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

É inegável que a conduta levada a efeito pela Ré enquadra-se perfeitamente aos dispositivos supramencionados, fazendo jus a Autora a uma indenização justa levando-se em consideração os danos causados.

Segundo a Professora Maria Helena Diniz,

“o ato ilícito é o praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando direito subjetivo individual. Causa dano a outrem, criando o dever de reparar tal prejuízo”. (g.n.)

E a respeito da responsabilidade civil, assim define:

“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa animal, sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou ainda de simples imposição legal”.

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Oportuno consignar que, por indenização, entende-se o ressarcimento pelos prejuízos causados a uma pessoa por outra.

Ensina-nos o Dr. Carlos Alberto Bittar que :

“Com a superveniência do resultado danoso e presente o nexo causal – preenchidos, assim, os três pressupostos da responsabilidade civil : ação, dano e vínculo – surge para o lesante a obrigação de indenizar. Deve então suportar, patrimonial ou pessoalmente, conforme o caso, as conseqüências advindas, assumindo os ônus correspondentes, na satisfação dos interesses do lesado”.

E mais adiante, com o fim de desestimular a empresa requerida de utilizar dos artifícios em exposto para obter vantagem ilícita diante da prestação de serviço público prestado, diz que a sanção civil :

“Possibilita, de um lado, a desestimulação de ações lesivas, diante da perspectiva desfavorável com que se depara o possível agente, obrigando-o, ou a retrair-se, ou, no mínimo, a meditar sobre os ônus que terá de suportar. Pode, no entanto, em concreto, assumir aqueles os ônus, agindo dolosamente, ou, pelo menos deixar de tomar as cautelas de uso : nesses casos, sobrevindo o resultado e à luz das medidas tomadas na prática, terá de atuar para a reposição patrimonial, quando materiais os danos, ou a compensação, quando morais, como vimos salientando”.

Assim, pelos fatos e fundamentos supramencionados, bem como diante da conduta ardilosa, gananciosa e irresponsável da empresa requerida, resta patente a obrigação de indenizar a requerente dos danos morais sofridos.

Restando de sobejo comprovado, fica expressamente pleiteado que o quantum indenizatório por danos morais seja fixado pelo D. Juízo monocrático, com base nos preceitos doutrinários e jurisprudenciais, atentando-se ao abuso e arbitrariedade da conduta da Ré, a disparidade na capacidade econômica das partes, não obstante o caráter pedagógico da penalidade.

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IV.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Dentre as técnicas de repressão ao abuso do poder econômico ou à eventual superioridade de uma das partes em negócios que interessem à economia popular (como in casu) encontra-se o instituto da presunção: a necessidade de restabelecer o equilíbrio entre as partes concorre para que se presuma, por parte do aderente, a falta de cognoscibilidade suficiente quanto ao alcance do contrato.

Ocorre que através da relação havida entre as partes a Autora assumiu a qualidade de consumidora de serviços, conforme estabelece o artigo 2º do C.D.C:

“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.”

Sendo assim, a inversão do ônus da prova expressamente prevista em lei é cabível no caso vertente, nos moldes da Lei n° 8.078/90, in verbis:

Art. 6°. São direitos básicos do consumidor:

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, INCLUSIVE COM A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, A SEU FAVOR, NO PROCESSO CIVIL, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou QUANDO FOR ELE HIPOSSUFICIENTE, segundo as regras ordinárias de experiências.

Art. 51. São nulas de pleno direto, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:(...)

VI - ESTABELEÇAM INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA EM PREJUÍZO DO CONSUMIDOR.

Desta forma, impõe-se a devolução em dobro nos termos do art. 876 e 940 do Código Civil de tudo quanto tenha a Ré,

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cobrado da Autora indevidamente, conforme também o autoriza o Código de Defesa do Consumidor (§ único, do art. 42, da Lei n° 8.078/90).

V.

DO PEDIDO :

Diante do exposto, pleiteia que Vossa Excelência se digne a:

a) citar a empresa Requerida, solicitando, desde já, o amparo do artigo 219 e parágrafos do Código de Processo Civil, para que, querendo, no prazo legal, conteste a presente demanda, sob pena de revelia e demais cominações de estilo;

b) Seja, ao final, julgada PROCEDENTE a presente ação, DECLARANDO-SE OS DÉBITOS INEXISTENTES, bem como ao pagamento dos danos morais ocasionados à Autora, em valores a serem fixados por Vossa Excelência;

c) Deferir os benefícios do artigo 172 do Código de Processo Civil, ratificando a aplicação do artigo 219 e parágrafos do mesmo diploma legal.

d) Na devolução em dobro dos valores cobrados e pagos indevidamente referente à fatura de nº 0033241671951, com vencimento para 15/03/2011, no valor de R$ 107,43 (cento e sete Reais e quarenta e três Centavos), devidamente acrescidos de juros e correção monetária desde o efetivo desembolso.

Protesta provar e desde logo postula a Requerente, provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente, pela juntada de novos documentos e outras que se fizerem necessárias.

Dá-se à presente causa o valor de R$ 10.800,00 (Dez mil e oitocentos Reais).

Termos em que,Pede Deferimento.

São Paulo, 15 de março de 2.011.

VIVIANE CLEIDE DEMÉTRIORG.: