Acao Greve Justica Eleitoral

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Ação para obstar a greve dos servidores da Justiça Eleitoral que está acontecendo em Agosto de 2015. Versão disponível gratuitamente na internet.

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  • ADVOCACIA-GERAL DA UNIO

    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    EXCELENTSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR NO SUPERIOR TRIBUNAL

    DE JUSTIA

    GREVE DOS SERVIDORES DA JUSTIA

    ELEITORAL. NECESSIDADE DE FIXAO

    DE CONTINGENTE MNIMO EM

    ATIVIDADE, SOB PENA DE OFENSA

    CONTINUIDADE DE SERVIO PBLICO

    ESSENCIAL

    A UNIO, por intermdio de seus representantes judiciais, nos termos

    do art. 9 da Lei complementar n 73/1993, ajuza a presente

    AO COMINATRIA DE OBRIGAO DE FAZER E NO-FAZER

    COM PEDIDO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS

    em face das seguintes entidades:

    SINDJUS/DF Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio e Ministrio Pblico da

    Unio no Distrito Federal SDS Ed. Venncio V Salas 113/114 - Braslia/DF - CEP: 70393-

    900 Telefone: (61)3212.2613/3212.2607

    SINDJEF/AC - Sindicato dos Servidores das Justias Eleitoral e Federal do Acre

    Endereo: Distrito Industrial, Rua Ilmar Galvo, BR 364 KM 02, S/N Rio Branco TRE-ACRE

    CEP: 69914-220 Telefone: (68) 3212-4489

    SINDJUS/AL - Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio Federal em Alagoas

    Endereo: Rua Engenheiro Roberto Gonalves Menezes (antiga Rua da Praia), 102 Centro

    Mceio- CEP: 57020-680 Telefone: (82) 3202-7385 Fax: (82) 3202-7385

  • ADVOCACIA-GERAL DA UNIO

    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    SINJEAM/AM - Sindicato dos Servidores da Justia Eleitoral do Estado do Amazonas

    Endereo: Rua Franco de S, 270, sala 709 Edifcio Amazon Trade Center 7 andar Bairro:

    So Francisco CEP: 69079-210 Telefone: (92) 3631.0214 / 8153.7394 Fax: 92 3631.0139

    SINDJUFE/BA Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio Federal na Bahia

    Endereo: Rua Ulisses Guimares, 3.302 Salvador - CEP: 41.213-000 Telefone: (71)

    3241.1131 /3241.2027

    SINJE/CE - Sindicato dos Servidores da Justia Eleitoral no Cear Endereo: Rua Jaime

    Benvolo, 21 Centro- Fortaleza CEP: 60.050.080 Telefone: (85) 3253.2628 Fax: (85)

    3253.7431

    SINPOJUFES/ES Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio Federal no Esprito Santo

    Rua Duque de Caxias n 155, Ed. Renata - Sala 201 Centro - Vitria/ES CEP: 29010-120

    Telefone: (27) 3322 0443/3222-1603 Fax: (27) 3223.8273 (27) 8152-1983

    SINJUFEGO/GO - Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio Federal do Estado de

    Gois Rua 115 F 36 Lote 86 - Setor Sul Goinia/GO CEP: 74085-325 Telefone: (62)

    3942.0641

    SINTRAJUFE/MA - Sindicato dos Trabalhadores do Judicirio Federal e MPU no

    Maranho Endereo: Rua de Santaninha, 100. Centro. So Lus MA CEP: 65010-580

    Telefone: (98) 3232.6023/32321147 Fax: (98) 3232.6023/32321147

    SINDJUFE/MS - Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio Federal e Ministrio

    Pblico da Unio em Mato Grosso do Sul Rua Joo Tessitore, 252 Bairro Cachoeira -

    Campo Grande/MS CEP: 79040-250 Telefax: (67) 3025-1572 ]

    SINDIJUFE/MT - Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio Federal do Estado de

    Mato Grosso Endereo: Avenida Hist. Rubens de Mendona, n 97, Ed. Eldorado Executive

    Center, sala 402- Cuiab CEP: 78008-000 Telefone: (65) 3027.6400 / (65) 3027.6008 Fax:

    (65) 3025-6727

  • ADVOCACIA-GERAL DA UNIO

    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    SINDJUF/PA-AP - Sindicato dos Trabalhadores da Justia Federal do Estado do Par e

    Amap Rua Bernal do Couto n 1089 - Bairro Umarizal Belm/PA CEP: 66055-080

    Telefax: (91) 3241. 6330 (91) 3241.6300

    SINDJUF/PB - Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio Federal da Paraba

    Endereo: Rua Herclito Cavalcante, 48 Centro - Joo Pessoa CEP: 58013-390 Telefone:

    (83) 3222.6898 / 3262.0942 / 99220998 Fax: (83) 3262-0944

    SINTRAJUF/PE - Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio Federal em

    Pernambuco Endereo: Rua do Pombal, n 52 Santo Amaro/Recife CEP: 50.100-170

    Telefone: (81) 3421.2608 Fax: (81) 3221.3488

    SINTRAJUFE/PI - Sindicato dos Trabalhadores do Judicirio Federal do Piau Endereo:

    Rua Magalhes Filho, 573- Teresina CEP: 64000-128 Telefone: (86) 3221-1645 / 3221-0273

    SINJUSPAR/PR - Sindicato dos Servidores das Justias Federal e Eleitoral do Paran

    Endereo: Alameda Cabral, 754 Bairro Mercs - Curitiba CEP: 80410-210 Telefone: (41)

    3324.5035 Fax: (41) 3233.6731

    SISEJUFE/RJ - Sindicato dos Servidores das Justias Federais no Estado do Rio de

    Janeiro Endereo: Av. Presidente Vargas, 509 11 andar Centro- Rio de Janeiro CEP:

    20.071-003 Telefone: (21) 2215.2443 Fax: (21) 2215.2443

    SINTRAJURN/RN - Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio Federal no Estado

    do Rio Grande do Norte Endereo: Rua Padre Tiago Avico, 1815 Candelria - Natal CEP:

    59065-380 Telefone: (84) 3231-0152 /3231.4805 Fax: (84) 3231.0152

    SINTRAJUFE/RS - Sindicato dos Trabalhadores do Judicirio Federal no Rio Grande do

    Sul Rua Marclio Dias, 660 - Menino Deus Porto Alegre/RS CEP: 90130-000 Telefone:

    (51) 3235.1977

    SINTRAJUSC/SC - Sindicato dos Servidores no Poder Judicirio Federal no Estado de

    Santa Catarina Endereo: Rua dos Ilhus n 118 sobreloja sala 03- Florianpolis CEP:

    88010-560 Telefones: (48) 3222.4668 / 8431.0860 Fax: (48) 3222.4668

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    SINDJUF/SE - Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio Federal no Estado de

    Sergipe Endereo: Rua Professora Nair Ribeiro Porto, n 05 Conj. Augusto Franco

    Farolndia Aracaju CEP: 49.031-130 UF: SE Tel: 79 8817.0701

    SINTRAJUD/SP - Sindicato dos Trabalhadores do Judicirio Federal do Estado de So

    Paulo Antnio de Godoy n 88 - 16 Andar Centro - So Paulo/SP CEP: 01034-000

    Telefone: (11) 3222-5833 (11) 3225 0608 - Imprensa: 3238.3807

    SITRAEMG/MG - Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio Federal do Estado

    de Minas Gerais Endereo: Rua Euclides da Cunha, 14 - Bairro Prado Belo Horizonte

    CEP: 30411-170 Telefone: (31) 4501-1500 Fax: (31) 4501-1500

    SINDIJUFE/RO-AC - Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio Federal em Rondnia

    e Justia do Trabalho no acre Endereo: Rua Jos de Alencar 2381 Bairro Centro Porto

    Velho CEP: 76801-036 Telefone: (69) 3221.7288 / 3221.8226 Fax: 3221.8226

    SINDJUFE/TO - Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judicirio Federal no Tocantins

    Endereo: Quadra 201 Norte, Conjunto 01, lote 2A, Av. Teotnio Segurados - CEP: 77006-

    002 Telefone: (63) 8401.3364 (Jairo) (63) 9998-0707 (Leoncio) e (63) 8463-1929 (Wanderley)

    FENAJUFE Federao Nacional dos Trabalhadires di Judicirio Federal e Ministrio

    Pblico da Unio Endereo: SCS Quadra 01 Bloco C, Edifcio Antnio Venncio da Silva

    14 Andar CEP 70395-900 Telefone (61) 33237061

    I DOS FATOS

    No dia 03 de junho de 2015, o Sindicato dos Trabalhadores do Poder

    Judicirio e do Ministrio Pblico da Unio no Distrito Federal SINDJUS - comunicou

    ao Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, por meio do Ofcio-Circular n 312/SINDJUS/DF,

    que a Categoria Profissional deliberou, em Assembleia, pela paralisao coletiva das atividades

    desenvolvidas pelos respectivos servidores, movimento grevista que se iniciou em 09 de junho

    de 2015.

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    Transcreva-se excerto do referido documento, in verbis:

    Assunto: Deflagrao de greve. Tempo indeterminado.

    Senhor Presidente,

    Cumprindo deciso tomada pelos servidores do Poder Judicirio e MPU

    durante assembleia realizada hoje, dia 03 de junho, o Sindicato dos

    Trabalhadores do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico da Unio no

    Distrito Federal - Sindjus-DF, comunica, por meio deste ofcio, a Vossa

    Excelncia, que, a partir do dia 9 de junho, a nossa categoria deflagrar

    greve por tempo indeterminado em prol da aprovao do PLC 28/15 e do

    PLC 41/15, que trata do reajuste salarial dos servidores.

    E vlido destacar que a Constituio da Repblica, no artigo 37, VII,

    assegura o direito de greve aos servidores pblicos, assim como as

    decises do Supremo Tribunal Federal, que nos mandados de injuno n

    670, 708 e 712, de 2007, regulamentou o direito de greve no servio

    pblico. Deste modo, o Sindjus frisa que a partir do dia 9 de junho,

    prxima tera-feira, os servidores do Poder Judicirio e MPU estaro em

    greve para garantir a aprovao de seu PCCR.

    Respeitosamente,

    Aps a comunicao formal e incio do movimento paredista, o

    Tribunal Superior Eleitoral realizou levantamento a respeito da extenso da paralizao, sendo

    noticiado que, em quase todos os Estados da Federao, os servidores dos Tribunais Regionais

    Eleitorais aderiram ao movimento, conforme documentao acostada, que atesta o carter

    nacional da greve.

    Juntamente com o levantamento da extenso do movimento, a Secretaria

    de Gesto de Pessoas do TSE, em 22 de julho de 2015, encaminhou informaes relativas ao

    impacto da greve iniciada em 09/06/2015. Confira-se o teor do referido documento:

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    Por fim, aps minucioso estudo e levantamento dos percentuais mnimos

    necessrios para a manuteno do servio essencial, a Diretoria Geral do Tribunal Superior

    Eleitoral concluiu que:

    (...) na Secretaria de Tecnologia da Informao e na Secretaria de

    Administrao do TSE necessrio o mnimo de 90% dos servidores em

    atividade para se garantir o xito nas eleies, conforme se demonstra no

    documento anexo. Nos Tribunais Regionais Eleitorais, especificamente

    nos cartrios eleitorais onde se realizam as atividades de coleta

    biomtrica, necessrio o mnimo de 80% dos servidores para o

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    cumprimento da meta de cadastrar 50 milhes de eleitores no binio

    2015/2016. Documento em anexo

    Os fatos narrados delineiam um cenrio de gravssimo risco para a

    realizao regular das eleies em 2016, em razo das metas que devem ser

    obrigatoriamente cumpridas, relacionadas biometria, como de conhecimento pblico,

    bem como o diagnstico de funcionamento das urnas eletrnicas, com base no pleito

    anterior, e contrataes respectivas.

    Portanto, a necessidade de interveno imediata do Poder Judicirio,

    razo pela qual a Unio comparece perante o Superior Tribunal de Justia, para solicitar

    provimento jurisdicional de carter urgente que declare o percentual mnimo e setorial dos

    servidores que devem permanecer na atividade, independentemente do movimento

    paredista.

    II DA COMPETNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar os Mandados de Injuno

    670, 708 e 712, decidiu aplicar a Lei 7.783/1989 para regulamentar a greve dos servidores

    pblicos, enquanto no editada a lei ordinria prevista no inciso VII do art. 37 da

    Constituio Federal. Adicionalmente, a Excelsa Corte determinou a incidncia da Lei

    7.701/1988, at a regulamentao legislativa especfica, para definir a competncia relativa

    apreciao de conflitos judiciais decorrentes de greves de servidores pblicos.

    Assim, por aplicao analgica da alnea a do inciso I do art. 2 da

    Lei 7.701/1988, que atribui competncia ao Tribunal Superior do Trabalho para julgar dissdios

    coletivos que excedam a jurisdio dos Tribunais Regionais do Trabalho, a competncia ser

    do Superior Tribunal de Justia quando (i) a paralisao for de mbito nacional ou (ii) abranger

    mais de uma unidade da Federao. Dentro do STJ, por sua vez, a competncia ser da Primeira

    Seo, por fora do disposto nos incisos V e XI do 1 do art. 9 do RISTJ, conforme a redao

    dada pela Emenda Regimental n 11, de 2010.

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    A prpria Primeira Seo j teve a oportunidade de afirmar a sua

    prpria competncia, verbis:

    AO DECLARATRIA DE ABUSIVIDADE DE GREVE DE

    SERVIDORES PBLICOS CIVIS. COMPETNCIA DO SUPERIOR

    TRIBUNAL DE JUSTIA. APLICAO SUBSIDIRIA DA LEI N

    7.783/89. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. NO

    ABUSIVIDADE DA PARALISAO. SERVIOS ESSENCIAIS.

    FIXAO DE PERCENTUAL MNIMO.

    1. A partir do julgamento do Mandado de Injuno n 708/DF pelo

    Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justia passou a

    admitir, originariamente, os dissdios coletivos de declarao sobre a

    paralisao do trabalho decorrente de greve pelos servidores pblicos

    civis e as respectivas medidas cautelares quando em mbito nacional ou

    abranger mais de uma unidade da federao, aplicando-se a Lei n

    7.783/89 enquanto a omisso no for devidamente regulamentada por

    lei especfica para os servidores pblicos civis, nos termos do inciso VII

    do artigo 37 da Constituio Federal.

    2. Tal competncia, no fosse j qualquer deciso, em regra,

    primariamente declaratria, compreende a declarao sobre a

    paralisao do trabalho decorrente de greve, o direito ao pagamento dos

    vencimentos nos dias de paralisao, bem como sobre as medidas

    cautelares eventualmente incidentes relacionadas ao percentual mnimo

    de servidores pblicos que devem continuar trabalhando, os interditos

    possessrios para a desocupao de dependncias dos rgos pblicos

    eventualmente tomados por grevistas e as demais medidas cautelares

    que apresentem conexo direta com o dissdio coletivo de greve. (...)

    (STJ, 1 Seo, Pet n 7.884/DF, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. em

    22/09/2010, DJe de 07/02/2011).

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    O critrio adotado para a definio da competncia para julgamento da

    greve de servidor pblico diz respeito ao mbito da paralisao, e no legitimidade de

    entidades sindicais.

    O ponto principal diz respeito a uma situao ftica, qual seja, a

    abrangncia da greve e o intuito do delineamento provisrio da competncia do STJ para anlise

    da matria, refletindo a necessidade de conferir-se tratamento isonmico no trato de questes

    de paralisao de servidores pblicos em mbito nacional, ou com abrangncia em mais de uma

    regio da Justia Federal, ou ainda, que compreendam mais de uma unidade da federao.

    O que se desejou foi evitar, caso existente uma greve (situao ftica)

    de abrangncia nacional, que se confira tratamento jurdico diverso entre os diferentes rgos

    do Poder Judicirio.

    Portanto, a teor do disposto no MI 708/DF, MI 706/ES, MI 712/PA,

    a competncia para julgamento das aes envolvendo a greve dos servidores de mbito

    nacional do E. Superior Tribunal de Justia, sendo irrelevante, para este fim

    (determinao da competncia), o mbito de abrangncia da representao da Entidade

    Sindical.

    Ademais, tendo em vista o mbito nacional da deflagrao da greve, a

    questo objeto de discusso nestes autos transcende aos interesses locais ou individuais, de

    forma que no se pode afirmar que a controvrsia est adstrita ao mbito local ou regional.

    No caso presente, o carter nacional da greve dos servidores da

    Justia Eleitoral inquestionvel, se demonstra pela efetiva deflagrao do movimento

    paredista, como relatado acima, e de acordo com a vasta documentao acostada na

    presente Petio Inicial, oriunda do Tribunal Superior Eleitoral, que atestou a expanso

    da paralizao.

    Assim, no h qualquer dvida acerca da competncia do Superior

    Tribunal de Justia para processar e julgar a presente demanda.

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    III DO DIREITO

    III.I. DAS ATRIBUIES ESSENCIAIS DA JUSTIA ELEITORAL

    Merece destaque explicitar o papel e a importncia da Justia Eleitoral

    para o funcionamento regular do pas e para a consolidao do Estado Democrtico de Direito,

    inclusive porque, diferentemente de outros ramos do Poder Judicirio brasileiro, a Justia

    Eleitoral desempenha, alm da funo jurisdicional, funes administrativas, normativas e

    consultivas.

    Trata-se de rgo de jurisdio especializada que integra o Poder

    Judicirio e cuida da organizao do processo eleitoral (alistamento eleitoral, votao, apurao

    dos votos, diplomao dos eleitos, etc.), atuando, portanto, para garantir o respeito soberania

    popular e cidadania, organizar e executar todo o processo eleitoral.

    A Justia Eleitoral, destarte, rgo do Poder Judicirio que possui

    funo primordial, tratando-se de instituio essencial para que o Brasil continue consolidando

    seu regime democrtico por meio de eleies livres (e confiveis), como tem ocorrido desde a

    redemocratizao do pas.

    Ora, a greve deflagrada interfere em todas as esferas de atuao da

    Justia Eleitoral, mas de modo especialmente gravoso, seno trgico, na sua competncia

    administrativa relacionada, principalmente, com a organizao e realizao do prximo

    pleito.

    Em suma, as relevantes atribuies da Justia Eleitoral,

    notadamente aquelas relacionadas s metas que devero ser efetivadas para a garantia do

    prximo pleito, so os fundamentos para que o Judicirio pondere os valores em jogo,

    declarando o percentual mnimo de servidores em atividade durante o movimento

    paredista.

    III.II. DOS VALORES FUNDAMENTAIS EM RISCO

    O primeiro artigo da Constituio de 1988 consagra a cidadania como

    um dos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil (inciso II), realando, no pargrafo

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    nico a titularidade do poder e sua relao com as eleies1. Mais adiante, no caput do art.

    14, a Carta Suprema assevera que a soberania popular ser exercida pelo sufrgio universal

    e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos.

    Com efeito, um dos sustentculos do Estado Democrtico de Direito

    a realizao de eleies regulares, fato que ganha especial relevo no Brasil, j que a

    redemocratizao do pas relativamente recente na histria e na memria caminhamos este

    ano para a stima eleio presidencial aps 1985 , sendo de grande importncia assegurar que

    as eleies deste ano transcorram com absoluta normalidade, garantindo e consolidando a

    democracia e o funcionamento regular das instituies.

    Nesse sentido, direito fundamental de todo cidado o voto exercido

    de forma direta e secreta, conforme dispe o art. 14 da CF/882. Trata-se de direito basilar da

    democracia, sem o qual o Brasil voltaria a um perodo trgico, em que a participao popular

    na deciso dos destinos do pas era solenemente desprezada.

    Esse direito to valioso, e que custou tanto inclusive vidas para ser

    constitucionalmente reconhecido e executado, no pode ser prejudicado, e nem sequer

    ameaado, pela conduta da categoria deflagrada, prejudicando o funcionamento regular da

    Justia Eleitoral em pleno perodo de eleies, independentemente da legitimidade ou no da

    pauta de reivindicaes.

    Com todo o respeito s demandas dos servidores da Justia Eleitoral, os

    cidados brasileiros no podem ser prejudicados no exerccio de seu direito fundamental ao

    voto. A luta por melhores salrios e condies de trabalho, conquanto digna a priori, no pode

    jamais justificar a inviabilizao das prximas eleies e do cumprimento das respectivas

    metas, conforme levantamento realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

    Como ilustra a concluso exarada pela Diretoria Geral do TSE, os

    seguintes servios essenciais esto seriamente prejudicados com o movimento grevista, o

    qual tem potencial inviabilizar as eleies de 2016. Vejamos:

    1 Art. 1, pargrafo nico: Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos

    termos desta Constituio. 2 Art. 14: A soberania popular ser exercida pelo sufrgio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos

    (...).

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    SISTEMAS ELEITORAIS:

    (...) Desenvolvimento dos sistemas eleitorais: atividades em atraso com

    grave comprometimento da realizao do teste de segurana da uma,

    previsto para ocorrer em novembro, de acordo com a Resoluo TSE

    n 23.444 (...);

    (...) O atraso na fase de desenvolvimento verificada em decorrncia da

    greve afeta gravemente a fase de testes e colocar em risco a votao,

    totalizao e divulgao das eleies.

    URNAS ELETRNICAS

    A ausncia de desenvolvimento e implementao das ferramentas de

    auxilio e diagnstico da urna impossibilita a realizao do 10 Simulado

    Nacional de Hardware/2015, previsto para a segunda quinzena de

    agosto.(...)

    BIOMETRA

    A coleta de dados biomtricos do eleitor executada pelos Tribunais

    Regionais Eleitorais, com meta estabelecida para o binio 2015/2016 de

    50 milhes de eleitores cadastrados. A greve teve grande impacto em

    cada TRE, com inexpressivo resultado at o momento, o que j

    compromete o alcance da meta. Exemplo disso o TRE/BA cuja

    atividade de coleta biomtrica est totalmente paralisada.

    CONTRATAES

    A especificao dos bens e servios relacionados s eleies a cargo da

    STI est gravemente comprometida com a paralisao. (...)

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    O atraso na aquisio poder inviabilizar a utilizao dessas umas no

    prximo pleito.

    III.III - DA AUSNCIA DO CONTINGENTE MNIMO. DA IMPOSSIBILIDADE DE

    PARALISAO TOTAL. DA VIOLAO AO ART. 11 DA LEI N 7783/89

    O direito de greve dos servidores pblicos deve sofrer limitaes, na

    medida em que deve ser sopesado com os princpios da supremacia do interesse pblico e da

    continuidade dos servios pblicos para a garantia das necessidades coletivas. Essa a

    discusso na presente demanda.

    A ponderao ao exerccio de greve do setor pblico a necessidade de

    manuteno de um contingente mnimo de servidores em efetivo desempenho da funo, a fim

    de que a greve no se converta em prejuzo populao, DEVENDO-SE OBSERVAR A

    SITUAO ESPECFICA DE CADA CASO E DE CADA SETOR ATINGIDO PELA

    PARALIZAO.

    Dos relatos que instruem a presente exordial, resta incontroverso que

    os Sindicatos requeridos no asseguraram a manuteno de percentual mnimo de dos

    servidores em atividade, durante o movimento paredista, seja em observncia Lei n.

    7.783/89, ou em respeito s peculiaridades da Justia Eleitoral, que alberga atividades

    indispensveis coeso social.

    Alm disso, o movimento deflagrado demonstra manifesta inobservncia

    exigncia de um contingente mnimo manuteno de uma prestao mnima de servio

    populao, nos termos previstos no art. 11 da Lei n 7783/89, de forma a preservar os interesses

    da coletividade, bem como para viabilizar o prximo pleito eleitoral, que necessita de um

    processo de cadastramento de eleitores, ajuste de urnas, correo das inadequaes do pleito

    pretrito, desenvolvimento de sistemas eleitorais e contratao de servios atravs de licitao.

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    Frise-se que a presente medida, alm de assegurar populao parcela

    mnima dos servios que preservem a ordem democrtica, mostra-se necessria, assim, para

    evitar que haja prejuzo irreparvel.

    A situao revela a necessidade de que seja mantido um percentual

    mnimo de servidores em efetivo exerccio, independentemente do movimento grevista,

    observando-se as peculiaridades da Justia Eleitoral, de acordo com os seguintes parmetros

    apresentados pelo Tribunal Superior Eleitoral, concluindo-se que:

    na Secretaria de Tecnologia da Informao e na Secretaria de

    Administrao do TSE necessrio o mnimo de 90% dos servidores

    em atividade para se garantir o xito nas eleies, conforme se

    demonstra no documento anexo. Nos Tribunais Regionais Eleitorais,

    especificamente nos cartrios eleitorais onde se realizam as atividades

    de coleta biomtrica, necessrio o mnimo de 80% dos servidores para

    o cumprimento da meta de cadastrar 50 milhes de eleitores no binio

    2015/2016.

    As reas diretamente envolvidas no planejamento e preparao das

    eleies so a Secretaria de Tecnologia da Informao - STI e a Secretaria de

    Administrao - SAD, sendo que as demais reas desenvolvem atividades correlatas que

    tambm impactam no pleito eleitoral.

    A concluso a que se chegou em relao aos mencionados percentuais,

    tem por base a especificidade do servio prestado pela Justia Eleitoral. Em decorrncia da

    paralizao, diversas atividades se encontram em srio atraso, podendo inviabilizar as eleies

    de 2016. Vejamos a ttulo de exemplo:

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    SISTEMAS ELEITORAIS: Desenvolvimento dos sistemas eleitorais: atividades em

    atraso com grave comprometimento da realizao do teste de segurana da urna,

    previsto para ocorrer em novembro, de acordo com a Resoluo TSE n 23.444;

    atraso na construo dos scripts de lacrao, sem o qual as urnas no podero ser

    lacradas e, consequentemente, no podero ser utilizadas; atraso na gerao de

    verso integrada do sistema Gedai-UE/UENUX, sem o qual no h como inserir os

    dados dos candidatos e dos eleitores nas urnas;

    URNAS ELETRNICAS: A ausncia de desenvolvimento e implementao das

    ferramentas de auxilio e diagnstico da urna impossibilita a realizao do 1 Simulado

    Nacional de Hardware/2015, previsto para a segunda quinzena de agosto. O plano

    de ao relacionado a erros apresentados pelas urnas nas eleies de 2014 est

    prejudicado, por falta de planejamento das atividades de evoluo dos sistemas das

    urnas, em razo da paralisao das sees responsveis;

    BIOMETRA: A coleta de dados biomtricos do eleitor executada pelos Tribunais

    Regionais Eleitorais, com meta estabelecida para o binio 2015/2016 de 50 milhes

    de eleitores cadastrados. A greve teve grande impacto em cada TRE, com

    inexpressivo resultado at o momento, o que j compromete o alcance da meta.

    Exemplo disso o TRE/BA cuja atividade de coleta biomtrica est totalmente

    paralisada. Destaque-se que foram investidos valores vultosos no projeto e que o tempo

    para a sua realizao relativamente curto, j que o binio se encerra em maio/2016

    quando h o fechamento do cadastro de eleitores;

    CONTRATAES PARA AS ELEIES DE 2016: A especificao dos bens e

    servios relacionados s eleies a cargo da STI est gravemente comprometida com a

    paralisao. O atraso na aquisio poder inviabilizar a utilizao dessas umas no

    prximo pleito.

    Registre-se, por fim, que o percentual de servidores em greve na

    STI de 50% e na SAD de 31%, o que impacta severamente o andamento das atividades

    acima referidas, comprometendo o xito das prximas eleies.

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    Destaque-se julgados do Superior Tribunal de Justia, que asseguram o

    percentual mnimo de servidores a fim de garantir a continuidade dos servios pblicos:

    PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVOS

    REGIMENTAIS. AO ORDINRIA DECLARATRIA COMBINADA

    COM AO DE PRECEITO COMINATRIO DE OBRIGAO DE

    FAZER E DE NO FAZER. TUTELA ANTECIPADA. GREVE DOS

    SERVIDORES DO PODER JUDICIRIO FEDERAL EM EXERCCIO

    NA JUSTIA ELEITORAL. FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN

    MORA EVIDENCIADOS.

    1. Os agravos regimentais foram interpostos contra deciso liminar

    proferida nos autos de ao ordinria declaratria de ilegalidade de

    greve, cumulada com ao de preceito cominatrio de obrigao de

    fazer e de no fazer, e com pedido de liminar ajuizada pela Unio

    contra a Federao Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores do

    Judicirio Federal e Ministrio Pblico da Unio FENAJUFE e

    Sindicato dos Servidores do Poder Judicirio do Ministrio Pblico da

    Unio SINDJUS/DF, para que seja suspensa a greve dos servidores

    do Poder Judicirio Federal em exerccio na Justia Eleitoral em todo

    o territrio nacional.

    2. Ainda em juzo de cognio sumria, razovel a manuteno do

    percentual de no mnimo 80% dos servidores durante o movimento

    paredista, sob a pena de multa de cem mil reais por dia, principalmente

    por tratar-se de ano eleitoral. Nesse aspecto, o eminente Ministro

    Gilmar Mendes, ao proferir seu voto nos autos da Rcl 6.568/SP,

    ressalvou que "a anlise de cada caso, a partir das particularidades do

    servio prestado, deve realizar-se de modo cauteloso com vista a

    preservar ao mximo a atividade pblica, sem, porm, afirmar,

    intuitivamente, que o movimento grevista necessariamente ilegal"

    (DJe de 25.09.09; fl. 786 sem destaques no original).

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    3. O direito de greve no mbito da Administrao Pblica deve sofrer

    limitaes, na medida em que deve ser confrontado com os princpios

    da supremacia do interesse pblico e da continuidade dos servios

    pblicos para que as necessidades da coletividade sejam efetivamente

    garantidas. Complementando o raciocnio, pertinente citar excerto dos

    debates ocorridos por ocasio do julgamento do MI n 670/ES, na qual

    o eminente Ministro Eros Grau, reportando-se a seu voto proferido no

    MI 712/PA, consignou que na relao estatutria "no se fala em

    servio essencial; todo servio pblico atividade que no pode ser

    interrompida" (excerto extrado dos debates, fl. 145 sem destaques

    no original).

    4. O processo eleitoral um dos momentos mais expressivos da

    democracia, j que o meio pelo qual o eleitorado escolhe seus

    representantes. Como cedio, a Justia Eleitoral objetiva resguardar

    o valor maior da ordem republicana democrtica representativa que

    o exerccio da cidadania, concretizada na oportunidade de votar e ser

    votado. Alm disso, notrio que essa Justia especializada no busca

    dirimir conflitos de interesses privados sobre direitos disponveis, mas

    compor litgios entre direito do cidado e o interesse pblico,

    notadamente o zelo pela democracia representativa.

    5. A paralisao das atividades dos servidores da Justia Eleitoral

    deflagrada em mbito nacional, sem o contingenciamento do mnimo

    de pessoal necessrio realizao das atividades essenciais, agravada

    pela ausncia de prvia notificao da Administrao e tentativa de

    acordo entre as partes, nos termos do que preceitua a Lei n 7.783/89,

    atenta contra o Estado Democrtico de Direito, uma vez que impede o

    exerccio pleno dos direitos polticos dos cidados e ofende,

    expressamente, a ordem pblica e os princpios da legalidade, da

    continuidade dos servios pblicos e da supremacia do interesse

    pblico sobre o privado.

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    PROCURADORIA-GERAL DA UNIO DEPARTAMENTO DE ASSUNTOS DO PESSOAL CIVIL E MILITAR

    6. Agravos regimentais do Sindicato dos Trabalhadores do Poder

    Judicirio e do Ministrio Pblico da Unio no Distrito Federal

    Sindjus/DF e da Federao Nacional dos Trabalhadores do Judicirio

    Federal e Ministrio Pblico da Unio Fenajufe no providos.

    (AgRg na Pet 7.933/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA

    SEO, julgado em 23/06/2010, DJe 16/08/2010)

    AO DECLARATRIA DE ABUSIVIDADE DE GREVE DE

    SERVIDORES PBLICOS CIVIS. COMPETNCIA DO SUPERIOR

    TRIBUNAL DE JUSTIA. APLICAO SUBSIDIRIA DA LEI N

    7.783/89. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. NO

    ABUSIVIDADE DA PARALISAO. SERVIOS ESSENCIAIS.

    FIXAO DE PERCENTUAL MNIMO.

    [...]

    6. As entidades sindicais tm o dever de manter a continuidade dos

    servios pblicos essenciais, cuja paralisao resulte em prejuzo

    irreparvel ao cidado, entre os quais, os de pagamento de seguro-

    desemprego e de expedio de Carteira de Trabalho, fazendo

    imperioso o retorno de servidores no percentual mnimo de 50%, em

    cada localidade, para a prestao dos servios essenciais, falta de

    previso legal expressa acerca do ndice aplicvel.

    7. Pedido parcialmente procedente.

    (PETIO 2010/0067370-5 Relator(a) Ministro HAMILTON

    CARVALHIDO (1112) rgo Julgador S1 - PRIMEIRA SEO Data

    do Julgamento 22/09/2010 Data da Publicao/Fonte DJe

    07/02/2011) (grifos nossos)

    PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVOS

    REGIMENTAIS. AO ORDINRIA DECLARATRIA COMBINADA

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    COM AO DE PRECEITO COMINATRIO DE OBRIGAO DE

    FAZER E DE NO FAZER E COM PEDIDO PARA CONCESSO DE

    LIMINAR. GREVE DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIRIO

    FEDERAL EM EXERCCIO NA JUSTIA DO TRABALHO. FUMUS

    BONI IURIS E PERICULUM IN MORA EVIDENCIADOS.

    1. Os agravos regimentais foram interpostos contra deciso liminar

    proferida nos autos de ao ordinria declaratria de ilegalidade de

    greve cumulada com ao de preceito cominatrio de obrigao de

    fazer e de no fazer e com pedido de liminar ajuizada pela Unio contra

    a Federao Nacional dos Trabalhadores do Judicirio Federal e

    Ministrio Pblico da Unio FENAJUFE e Sindicato dos

    Trabalhadores do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico da Unio

    no Distrito Federal SINDJUS/DF para que seja suspensa a greve

    "dos servidores do Poder Judicirio Federal em exerccio na Justia

    do Trabalho em todo o territrio nacional".

    [...]

    4. Ao analisar o pedido de urgncia, verifiquei estarem presentes os

    requisitos autorizadores da medida, tais quais o fumus boni iuris e o

    periculum in mora, bem como a ausncia de periculum in reverso,

    oportunidade em que deferi, em parte, a liminar para: a) reconhecer

    a preveno com a Pet 7933/DF e; b) determinar que 60% dos

    servidores sejam mantidos no trabalho nos dias de greve, excluindo

    desse montante os exercentes de cargos e funes de confiana, at

    que seja apreciado o mrito da demanda.

    5. Diante dos novos elementos, razovel que sejam includos no

    percentual de contigenciamento mnimo de 60% os servidores

    ocupantes dos cargos e funes de confiana, tendo em vista que a

    deciso original poderia importar na imposio de retorno s

    atividades da quase totalidade dos servidores. No se pode incluir,

    portanto, no percentual acima aqueles servidores comissionados que

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    no tenham vnculo efetivo com o Poder Judicirio no mbito da

    Justia Laboral, assim como os cedidos e requisitados.

    6. Agravos regimentais do Sindicato dos Trabalhadores do Poder

    Judicirio e do Ministrio Pblico da Unio no Distrito Federal

    Sindjus/DF e da Federao Nacional dos Trabalhadores do Judicirio

    Federal e Ministrio Pblico da Unio Fenajufe providos em parte.

    (AGRAVO REGIMENTAL NA PETIO 2010/0088406-8 Relator(a)

    Ministro CASTRO MEIRA (1125) rgo Julgador S1 - PRIMEIRA

    SEO Data do Julgamento 23/06/2010 Data da Publicao/Fonte

    DJe 16/08/2010) (grifos nossos)

    Neste sentido, deve ser assegurado o contingente mnimo de (I) No

    TSE, 90% dos servidores relacionados Secretaria de Tecnologia da Informao e na

    Secretaria de Administrao; (II) Nos TREs, 80% dos servidores nos cartrios eleitorais,

    onde so realizadas as atividades de coleta biomtrica, para o cumprimento da meta de

    cadastramento de 50 milhes de eleitores; (III) nas demais reas de atuao, 50% dos

    servidores.

    Tal medida objetiva a preservao da atividade eleitoral, sendo observado

    o especfico servio prestado, para que este no seja exposto a riscos incompatveis com o

    exerccio do direito de greve.

    O Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento do MI n 708/DF,

    conferiu destacada nfase ao princpio da continuidade do servio pblico, que no pode, sob

    nenhuma hiptese, deixar de ser efetivado, quer pela inobservncia da quantitativo mnimo de

    servidores em exerccio, quer pelo prolongamento indefinido da paralisao.

    Sendo assim, a greve dos servidores da Justia Eleitoral em mbito

    nacional, sem o contingenciamento do mnimo de pessoal em atividade, para a realizao das

    atividades essenciais, atenta contra o Estado Democrtico de Direito, uma vez que impede o

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    exerccio pleno dos direitos polticos dos cidados e ofende, a supremacia do interesse pblico

    sobre o privado.

    IV - A CONCESSO DA LIMINAR

    A fumaa do bom direito, caracterizada pela plausibilidade das

    alegaes da parte autora, exsurgindo no momento em que so contrapostos os contornos do

    movimento grevista em andamento, e a legislao de regncia, em patente ofensa ordem

    democrtica, bem como em funo de no ter sido observado um qurum mnimo de

    servidores em atividade, a fim de preservar a manuteno das atividades essenciais

    desempenhadas pelos servidores da Justia Eleitoral, conforme amplamente demonstrado

    no tpico anterior.

    Em relao ao periculum in mora, a no manuteno dos percentuais

    mnimos de 90%, 80% e 50%, de forma setorizada, acarretar graves prejuzos ao prximo

    pleito eleitoral, bem como aos interesses da coletividade, de acordo com as metas que devem

    ser efetivamente cumpridas.

    A deflagrao de greve nos servios da Justia Eleitoral tem o potencial

    de causar enormes prejuzos ao processo eleitoral do pas, gerando danos incomensurveis e

    irreparveis sociedade brasileira.

    Gravssimo, ainda, o risco real de comprometimento da soberania

    popular, garantia assegurada pela Constituio Federal de 1998 e exercida por meio do sufrgio

    universal, que somente se concretiza com deflagrao do processo eleitoral.

    A greve no servio pblico sempre causa alguma espcie de dano,

    porm a greve em atividades eleitorais toma contornos catastrficos, colocando em risco todo

    o planejamento do processo eleitoral e o direito dos cidados brasileiros de exercer o sufrgio

    universal, sendo o perigo de dano irreparvel concreto, no meramente retrico.

    Dessa forma, requer a Unio, a concesso de liminar para garantir a

    presena de contingente mnimo de: 90% dos servidores relacionados Secretaria de

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    Tecnologia da Informao e na Secretaria de Administrao, no TSE; 80% dos servidores

    nos cartrios eleitorais, onde so realizadas as atividades de coleta biomtrica, nos TREs;

    50% nas demais reas de atuao.

    V - DA COMINAO DE MULTA EM PATAMAR QUE INIBA A DESOBEDINCIA

    (ART.287 C/C 461, 4 DO CPC).

    Destarte, impende requerer que, na inobservncia dos dispositivos legais

    citados, seja cominada multa diria de modo a compelir os associados das requeridas ao

    cumprimento da obrigao de fazer, ex vi dos arts. 287 c/c 461, 5, do CPC.

    A referida multa no possui carter de ressarcimento, mas busca impor aos

    Sindicatos requeridos medida coativa, tendente ao adimplemento da obrigao fixada na

    deciso liminar, inexistindo limitao de valor, caso persistindo o descumprimento.

    Portanto, o valor a ser fixado, a ttulo de multa diria, merece ser em

    patamar expressivo, de modo a compelir o efetivo e regular cumprimento da ordem judicial,

    visto que um valor inexpressivo no inibir o eventual descumprimento por parte do ru e de

    seus representados.

    Vale destacar, que a multa deve ser cominada a cada um dos Sindicatos

    rus, sob o regime de solidariedade com cada servidor recalcitrante, em caso de

    descumprimento da ordem judicial, com o objetivo de que seja assegurada a efetividade da

    medida. Vlida a transcrio de deciso proferida pelo TRF 3 Regio (processo n. 0024661-

    33.2014.4.03.000), na data de 28 de setembro de 2014, em caso semelhante de greve de

    servidores da Justia Eleitoral:

    Ante o exposto, visando assegurar a ordem pblica e na defesa da

    segurana jurdica, premissas jurdicas essenciais para a realizao do

    processo eleitoral que tem incio no prximo dia 05 de Outubro, concedo

    a presente medida liminar, para determinar:

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    a) A proibio de deflagrao do movimento grevista dos servidores

    pblicos federais junto ao Tribunal Regional Eleitoral de So

    Paulo, marcado para iniciar no prximo dia 30 de Setembro;

    b) A cominao de multa diria de R$ 300.000 (trezentos mil reais)

    ao Sindicato ru, inclusive sob o regime de solidariedade com

    cada servidor que venha a desobedecer a deciso, sem prejuzo

    da responsabilidade administrativa, cvel e criminal.-

    Destaques intencionais

    Desse modo, indispensvel que seja fixada multa diria de R$

    500.000,00 (quinhentos mil reais), caso os SINDICATOS no assegurem a continuidade

    dos servios pblicos, com a manuteno dos percentuais mnimos de servidores em

    atividade, conforme acima explicitado.

    Em caso de eventual descumprimento, revelia de deciso dessa Corte

    Superior, e em cumprimento ao art. 9, 2 da CF/88 (que ao prever o direito de greve determina

    que os abusos cometidos sujeitam os responsveis s pena da lei) que fique, desde logo, previsto

    eventual enquadramento de servidores e entidades sindicais aos ditames do art. 3 da Lei

    8.429/92 e responsabilidade civil nos termos do art.37, 6,da CF/88 e arts. 186 e 187 do

    CCB, e a integrarem eventuais aes de indenizao contra a Unio por interrupo da

    prestao de servios a cargo da administrao pblica federal (IN n 1/AGU de 19/7/96 c/c

    arts. 121 e 122, 1, 2 e 3 da Lei 8.112/90).

    VI - DO PEDIDO

    Ante o exposto, requer a Unio:

    a. Em sede de cognio sumria, seja deferida medida liminar inaudita altera pars

    para determinar a fixao de contingente mnimo de 90% dos servidores

    relacionados Secretaria de Tecnologia da Informao e na Secretaria de

    Administrao, no TSE; 80% dos servidores nos cartrios eleitorais, onde so

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    realizadas as atividades de coleta biomtrica, nos TREs; 50% nas demais reas

    de atuao, preservando assim a continuidade do servio pblico eleitoral, sob

    pena de multa diria de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), a cada um dos

    sindicatos rus, sob o regime de solidariedade com cada servidor recalcitrante,

    caso haja o descumprimento da ordem judicial acima requerida, sem prejuzo

    da responsabilidade administrativa, cvel e penal, inclusive a comunicao ao

    Ministrio Pblico competente e Polcia Federal para apurao de crime

    eleitoral;

    b. A citao dos rus para, querendo, contestar a presente ao;

    c. Ao final, seja julgado procedente o pedido, confirmando-se a liminar, com a

    consequente condenao dos rus na obrigao de fazer no sentido de assegurar um

    contingente mnimo de servidores em atividade, nos estritos termos do item a.

    Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito

    admitidos, em especial pela juntada de novos documentos, caso sejam necessrios.

    Embora de valor inestimvel, atribui-se causa o valor de R$ 10.000,00

    (dez mil reais).

    Pede deferimento.

    Braslia/DF, 31 de julho de 2015.

    KASSANDRA MARA MAFRA DOS SANTOS NEVES

    Advogada da Unio

    NIOMAR DE SOUSA NOGUEIRA

    Advogado da Unio

    Diretor do Departamento de Assuntos do Pessoal Civil e Militar - PGU