39
1 RESUMO DE PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – AÇÃO MONITÓRIA 1-ACÃO MONITÓRIA 1.1 NOÇÕES GERAIS A Lei 9.079/95 reintroduziu no sistema processual um modelo de processo com marcantes peculiaridades, que já havia vigorado entre nós em outras épocas (a "ação decendiária", desde as Ordenações até os Códigos de Processo dos Estados, e a "ação cominatória" do CPC de 1939). O trâmite da ação monitória ocorre através de procedimento especial de jurisdição contenciosa. 1.2. EM LINHAS GERAIS, EIS A CONFIGURAÇÃO DO PROCEDIMENTO MONITÓRIO. Aquele que entender possuir prova escrita de crédito de soma em dinheiro, de entrega de coisa fungível ou de coisa certa móvel- desde que tal documentação já não constitua título executivo judicial ou extrajudicial, poderá propor "ação monitória" (art.1.102a). O juiz examinará a prova escrita trazida com a inicial. Considerando a peça "devidamente instruída", determinará expedição de "mandado", sem ouvir o réu, para que pague ou entregue a coisa em quinze dias (art.1.102b). Questão de concurso: Considerando o problema em questão. Daniela adquiriu, na loja Z, um televisor e efetuou o pagamento por meio de cheque. Como o cheque foi devolvido pelo banco, a referida loja tento obter o pagamento por tratativas extrajudiciais e o cheque terminou prescrevendo. A loja Z, então, não tendo logrado êxito em receber a dívida, ajuizou ação monitória em face de Daniela.

AÇÃO MONITÓRIA

Embed Size (px)

Citation preview

1

RESUMO DE PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – AÇÃO MONITÓRIA

1-ACÃO MONITÓRIA

1.1 NOÇÕES GERAIS

A Lei 9.079/95 reintroduziu no sistema processual um modelo de processo com

marcantes peculiaridades, que já havia vigorado entre nós em outras épocas (a

"ação decendiária", desde as Ordenações até os Códigos de Processo dos Estados, e

a "ação cominatória" do CPC de 1939).

O trâmite da ação monitória ocorre através de procedimento especial de jurisdição

contenciosa.

1.2. EM LINHAS GERAIS, EIS A CONFIGURAÇÃO DO PROCEDIMENTO MONITÓRIO.

Aquele que entender possuir prova escrita de crédito de soma em dinheiro, de

entrega de coisa fungível ou de coisa certa móvel- desde que tal documentação já

não constitua título executivo judicial ou extrajudicial, poderá propor "ação

monitória" (art.1.102a).

O juiz examinará a prova escrita trazida com a inicial. Considerando a peça

"devidamente instruída", determinará expedição de "mandado", sem ouvir o réu,

para que pague ou entregue a coisa em quinze dias (art.1.102b).

Questão de concurso:

Considerando o problema em questão. Daniela adquiriu, na loja Z, um televisor e

efetuou o pagamento por meio de cheque. Como o cheque foi devolvido pelo banco, a

referida loja tento obter o pagamento por tratativas extrajudiciais e o cheque

terminou prescrevendo. A loja Z, então, não tendo logrado êxito em receber a

dívida, ajuizou ação monitória em face de Daniela.

Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.

a) A Loja Z deverá deixar explícita a causa da dívida, sob pena de indeferimento

da inicial.

b) Sendo apta a petição inicial, o juiz deferirá a expedição do mandado de

pagamento sem ouvir Daniela.

2

c) Se Daniela pretender opor-se por meio de embargos, deverá segurar o juízo.

d) Os embargos porventura opostos por Daniela seguirão o procedimento da monitória

Resposta letra B

Nesse mesmo prazo, o réu poderá defender-se por meio de "embargos" (art. 1.102c,

caput- que vêm sendo chamados de embargos "ao mandado"). Se pagar ou entregar os

bens no prazo de quinze dias, o réu estará isento de custas e honorários

advocatícios (art.1.1 02c, § 1. o). Caso apresente "embargos", ficará "suspenso" o

"mandado" inicialmente deferido e o procedimento seguirá o rito ordinário do

processo comum de conhecimento (art. 1.102c, caput e § 2.0). Para apresentar tais

"embargos", não se impõe ao réu o ônus de ter bem penhorado (art.1.102c, § 2.0).

Na hipótese de o réu não "embargar" tempestivamente ou ter seus embargos

rejeitados, a decisão inicial que havia determinado a expedição do "mandado" se

transformará "de pleno direito" em "título executivo judicial" (art.l.l02c, caput

§ 3°).

A partir daí, o processo prossegue na forma executiva (art. 1.102c, caput e §

3.0), nos termos dos arts. 475-1 a 475-R do CPC.

Questão de concurso:

A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia

de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou

de determinado bem móvel. No tocante a este assunto, é possível dizer que:

a) Estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá de plano a

expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de dez dias.

b) Os embargos dependem de prévia segurança do juízo e serão processados em autos

apartados, pelo procedimento ordinário.

c) No prazo de quinze dias, poderá o réu oferecer embargos, que suspenderão a

eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de

pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em

mandado executivo.

d) Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de honorários advocatícios, mas arcará

com as custas processuais.

Resposta letra C

1.3. FUNÇÃO DO PROCESSO MONITÓRIO

3

A tutela monitória foi criada para aquelas situações em que, embora não exista

título executivo (v. Capo 2 do vol. 2), há concretamente forte aparência de que

aquele que se afirma credor tenha razão.

1º- Por meio do procedimento monitório, busca-se a rápida formação do título

executivo judicial - um atalho para a execução -, naqueles casos em que

cumulativamente:

(a) há concreta e marcante possibilidade de existência do crédito e

(b) o réu, regularmente citado, não apresenta defesa nenhuma.

Esta finalidade essencial da via monitória não deve ser perdida de vista, quando

se examinam alguns dos seus aspectos mais debatidos.

2º - Secundariamente, a tutela monitória, no direito brasileiro, presta-se também

à busca de um rápido cumprimento da obrigação pelo réu. Para isso, previu-se a

isenção de custas e honorários, em caso de pronto cumprimento do mandado monitório

pelo réu. Procura-se, assim, incentivá-lo com essa vantagem a abster-se de levar o

processo adiante quando sabe que não tem razão.

1.4. PRETENSÕES QUE PODEM SER OBJETO DA AÇÃO MONITÓRIA

Serão veiculáveis por meio de ação monitória as pretensões relativas ao pagamento

de soma em dinheiro e à entrega de bem fungível ou coisa determinada móvel (art.

1.1 02a). Excluem-se as pretensões referentes a fazer, não fazer e entregar bens

imóveis. Trata-se de mera opção do legislador. Essas outras pretensões poderiam

perfeitamente ter sido abrangidas pela tutela monitória, quando houvesse a prova

escrita.

Súmula nº 384 do STJ  - "Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo

de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia".

1.5. A PROVA ESCRITA SEM EFICÁCIA DE TÍTULO EXECUTIVO

a) A "prova escrita", que o legislador colocou como requisito para a obtenção da

tutela monitória (art.l.l02a) é qualquer documento isolado ou grupo de documentos

conjugados de que seja possível ao juiz extrair razoável convicção acerca da

4

plausibilidade da existência do crédito pretendido. O magistrado, nessa fase

inicial do procedimento monitório, desenvolve um juízo de verossimilhança (em

"cognição sumária): procura verificar, com base nos documentos apresentados, se há

boa chance de ser verdadeira a versão contida na inicial, para, em caso positivo

(e desde que as regras de direito amparem a pretensão fundada em tal versão),

proferir decisão determinando a expedição do mandado de cumprimento.

Então, é perfeitamente possível que a prova escrita apresentada seja até mesmo

meramente indireta: a comprovação de outras circunstâncias das quais, com base nas

máximas da experiência (art. 335 do CPC), o juiz pode chegar a razoável suposição

da existência do crédito. Os documentos apresentados nem mesmo precisam vir

diretamente do réu.

Um exemplo presta-se a demonstrar o que ora se afirma:A atropelou uma pessoa e

levou-a ao hospital. Assinou o documento de internação na condição de acompanhante

da vítima. Comprometeu-se verbalmente a arcar com as despesas do tratamento da

vítima, sem firmar, porém, documento nesse sentido. Prestando depoimento na

delegacia acerca do acidente, A afirmou textualmente que estava custeando o

tratamento hospitalar da vítima. Porém, não pagou nada para o hospital. Esse,

então, ajuizou demanda monitória em face de, para cobrar aqueles valores. Narrou

que havia se comprometido a pagar as despesas hospitalares da vítima. Apresentou

como prova escrita conjugadamente o documento de internação que assinara como

acompanhante do paciente no momento da internação e o termo da declaração de

perante a polícia.

Nesse caso, estaria plenamente justificado o deferimento da expedição de mandado

de cumprimento da obrigação, embora não existisse nenhum documento diretamente

proveniente do réu reconhecendo a dívida.

b) Além disso, a prova escrita apresentada não pode, em si mesma, ter força de

título executivo. Sendo a finalidade do processo monitório a geração de um título

executivo rapidamente, seu emprego é inútil por aqueles que já detêm tal título.

Por isso, a lei expressamente vedou o uso do procedimento monitório nesses casos

(art. 1.1 02a).

Porém, há casos em que, embora o documento apresentado pareça constituir título

executivo extrajudicial, existe concreta dúvida acerca de tal eficácia executiva

ou porque existe específico detalhe no título, que talvez possa caracterizar um

defeito que afete sua validade (exemplo: dúvidas quanto às assinaturas das

testemunhas), ou porque se trata de documento incluído em uma daquelas categorias

5

que doutrina e jurisprudência discutem intensamente se constitui ou não título

executivo (exemplo: dívida condominial etc.). Em tais situações, desde que haja

dúvida concreta e objetiva, o suposto credor pode optar pela via monitória. Não é

ele obrigado a ingressar com demanda executiva, diante do grande risco de que esta

venha a ser rejeitada.

Também se inseriam nesses casos duvidosos as pretensões de cobrança dos bancos,

amparadas em contrato de abertura de crédito em conta corrente. Era controvertido

se tal contrato servia de título executivo ou não. Porém hoje a questão está

pacificada. Nos termos da Súmula 233 do STJ, tal tipo de documento não é título

executivo nem mesmo quando acompanhado de extrato pormenorizado do débito.

Logo, o instrumento de contrato de abertura de crédito e os demonstrativos do

débito podem, quando muito, servir de prova escrita para a obtenção de tutela

monitória:

"O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo

de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória (Súmula

247 do STJ).

Questão de concurso:

Determinada instituição financeira privada, sempre que celebra contrato de

abertura de crédito em conta-corrente com seus clientes, normalmente exige que,

vinculada ao contrato, seja emitida e assinada nota promissória. A empresa faz

essa exigência no intuito de obter mais garantias ante o inadimplemento do

cliente.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) A prática é contrária ao CDC e constitui venda casada, sendo, portanto, crime

contra as relações consumeristas.

b) De acordo com a jurisprudência do STJ, em caso de inadimplemento do cliente, a

instituição poderá executar diretamente a nota promissória, pois, por tratar-se de

título de crédito abstrato, desvincula-se da relação jurídica originária e é

título executivo extrajudicial, nos termos do CPC.

c) Conforme a jurisprudência do STJ, o contrato de abertura de crédito em conta-

corrente, em caso de inadimplemento constitui documento hábil para o ajuizamento

da ação monitória, desde que acompanhado do demonstrativo de débito.

6

d) A instituição financeira poderá executar diretamente o contrato de abertura de

crédito em caso de inadimplemento de algum cliente. No entanto, a petição inicial

da execução deverá estar acompanhada do extrato de conta-corrente, sob pena de

perder sua força executiva, consoante a jurisprudência prevalecente.

e) Em caso de inadimplemento de algum cliente, a melhor providência para a

instituição financeira, do ponto de vista de economia processual, seria ajuizar

ação de conhecimento com ampla fase probatória, para, ao final, obter título

executivo judicial e proceder à fase de cumprimento da obrigação.

Resposta letra C

c) Se o documento já teve força de titulo executivo e não se reveste mais dessa

eficácia, pode embasar a tutela monitória, desde que sirva para a formação do

convencimento do juiz. É o caso, p. ex., do cheque prescrito (Súmula 299 do STJ).

Questão de concurso:

Prescrito o cheque, e não decorrido o prazo de dois anos da ação de

locupletamento, prevista no artigo 61 da Lei do Cheque:

a) admite-se ação monitória ajuizada pelo credor, instruída com o cheque

prescrito, desde que indique a causa da sua emissão;

b) admite-se ação monitória ajuizada pelo credor, instruída com o cheque

prescrito, dispensada a indicação da causa da sua emissão;

c) não se admite ação monitória ajuizada pelo credor, instruída com o cheque

prescrito, enquanto não decorrido o prazo de dois anos da ação de locupletamento

d) não se admite, em qualquer caso, ação monitória instruída com cheque prescrito

Resposta letra B

d) De outra parte, o uso da ação monitória será sempre facultativo. Mesmo que a

pessoa detenha prova escrita sem eficácia de título executivo, poderá escolher

entre esta via e a da ação condenatória de processo comum de conhecimento.

7

1.6. ELEMENTOS QUE A INICIAL DEVE CONTER

A causa de pedir na ação monitória terá por conteúdo a afirmada relação jurídica

de direito material que vincula autor e réu e a situação de inadimplemento

decorrente da conduta comissiva do último.

A narrativa constante da peça inicial e a prova escrita apresentada pelo autor

deverão abranger - ainda que indiretamente, como se frisou - a constituição (o

evento gerador) e a exigibilidade (ocorrência do termo ou condição etc.) do

crédito. Deverá existir a adequada exposição dos fatos constitutivos do crédito

pretendido: os documentos escritos trazidos com a inicial, em vez de dispensar tal

narrativa, apenas servirão de prova dos fatos narrados.

A fundamentação da peça inicial e a prova escrita envolverão, ainda, os fatos que

permitam a determinação da quantidade devida, quando se tratar de dinheiro ou bem

fungível. E que não há espaço para nenhum procedimento liquidatório - quer entre a

expedição do mandado e sua comunicação ao réu, quer entre a fase cognitiva e a

executiva. Aliás, e também por essa razão, terá de acompanhar a inicial o

demonstrativo do cálculo da quantia devida, de que trata o art. 604, pois na

hipótese de ser concedido o mandado de cumprimento e o réu não embargá-lo,

diretamente se ingressará na fase executiva (v. n.13.10).

1.7. PROVIMENTO QUE INDEFERE A EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE CUMPRIMENTO

O juiz, quando reputa inviável a concessão do mandado de cumprimento, deverá dar

oportunidade para o autor:

(a) apresentar novos documentos que eventualmente ajudem na formação do

convencimento do juiz ou,

(b) não havendo novos documentos a juntar, emendar sua inicial, optando pelo

processo comum de conhecimento.

Havendo defeito insanável (exemplo: impossibilidade do pedido de cobrança de

dívida de jogo, litispendência etc.) ou, nas hipóteses do parágrafo anterior, não

se dispondo o autor a emendar a inicial, o juiz proferirá sentença extinguindo o

processo monitório. Contra ela caberá apelação (art. 513).

8

Seja qual for o fundamento dessa sentença extintiva, ela não fará coisa julgada.

Mesmo quando o juiz extinga o processo por reputar não existir o direito do autor

(o que é, indubitavelmente, exame de mérito), não ficará afastada a repropositura

da mesma demanda. É que a decisão do juiz, nessa fase do procedimento, funda-se em

mero juízo de verossimilhança, não podendo por isso ser dotada da autoridade da

coisa julgada.

1.8. CONSEQÜÊNCIAS DA NÃO INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS AO MANDADO

1) Se o réu não apresentar embargos ao mandado no prazo de quinze dias, nem pagar,

a decisão que havia concedido a expedição de tal mandado se converterá em título

executivo judicial. A doutrina tem discutido intensamente se tal decisão não

embargada faz coisa julgada material (ou seja, se seria ou não possível o réu

propor depois disso outra demanda, pedindo o reconhecimento da inexistência do

direito do autor).

Pelos seguintes motivos, entre outros, parece mais adequado o entendimento de que

não existirá coisa julgada nessa hipótese:

a) No sistema processual civil brasileiro, reservou-se o atributo da coisa julgada

às sentenças de mérito transitadas em julgado (art. 467 c/c o art. 485). O "título

executivo" constituído de pleno direito tem por base simples decisão - e não

sentença.

b) A circunstância de a decisão inicial se transformar em "título executivo

judicial" também não lhe confere a autoridade da coisa julgada. Há vários títulos

executivos judiciais que não se revestem da coisa julgada (exemplo: formal ou

certidão de partilha emitido em procedimento de jurisdição voluntária).

c) O instituto da coisa julgada, que tem por essência a imutabilidade, é

constitucionalmente incompatível com decisão proferida com base em cognição

sumária, que é, por isso mesmo, provisória, sujeita a confirmação.

2) Haverá, isso sim, preclusão, que é fenômeno interno ao processo: no curso desse

processo monitório, todas as matérias anteriores à formação do título executivo já

não mais poderão ser suscitadas pelo réu, seja mediante embargos ao mandado (cujo

prazo prec1uiu), seja em futuros embargos à execução (que é a medida cabível na

fase executiva do processo, antes do início de vigência da Lei 11.232/2005; depois

9

do início de vigência dessa Lei, em 23.06.2005; o remédio cabível passa a ser a

impugnação ao "Cumprimento de sentença" vol. 2).

Questão de concurso:

Proposta a ação monitória, estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz

deferirá de plano a expedição de mandado de pagamento ou de entrega da coisa no

prazo de 15 dias. Nesse caso,

a) cumprindo o réu o mandado, ficará isento do pagamento dos honorários

advocatícios do advogado do autor, arcando apenas com as custas processuais.

b) cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas, arcando apenas com os

honorários advocatícios do advogado do autor.

c) o oferecimento de embargos pelo réu depende de prévia garantia do juízo,

mediante depósito ou oferta de bens à penhora.

d) poderá o réu oferecer embargos, que serão processados em autos apartados, pelo

procedimento sumário.

e) poderá o réu oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial.

Resposta letra E

1.9. CITAÇÃO POR EDITAL E POR HORA CERTA NO PROCESSO MONITÓRIO

A doutrina tem debatido, e os tribunais não chegaram a um consenso, acerca da

possibilidade de citação ficta (por edital ou hora certa) no processo monitório. A

nosso ver, o problema não reside tanto em definir se são admissíveis estas formas

de citação no procedimento monitório, pois não há dispositivo legal que vede seu

emprego. O cerne da questão está em definir coerentemente as conseqüências do não

comparecimento do réu (ausência de pagamento e de embargos), quando ficticiamente

citado.

No processo comum de conhecimento, quando a citação é "ficta" e o réu revel,

nomeia-se curador especial em seu benefício. E depreende-se que nesses casos não

haverá o chamado "efeito principal da revelia": não serão presumidos verdadeiros

os fatos narrados na inicial (art. 302, parágrafo único, ele o art. 320).

10

Se contra o réu que foi ficticiamente citado e ficou revel não se aplica o efeito

da revelia, é injustificável que réu citado da mesma forma, ao não interpor

embargos ao mandado, sofra o efeito da formação automática do "título executivo"

no procedimento monitório, o qual, sob certo aspecto, é até mais grave (afinal, a

"presunção" relativa de veracidade advinda da revelia não impõe necessário e

automático julgamento contrário ao revel no processo comum de conhecimento).

Assim, as mesmas razões que impedem o efeito principal da revelia, quando o revel

foi citado por edital ou hora certa, obstam a automática constituição do título

executivo de réu no processo monitório, que, citado da mesma forma, não embarga.

Essa conclusão é inclusive reforçada pelo entendimento jurisprudencial agora

sumulado pelo STJ, segundo o qual "ao executado que, citado por edital ou por hora

certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para

apresentação de embargos" (Súmula 196). Então, se mesmo na execução, que já se

inicia com título executivo, prevalece esse entendimento, não pode ser diferente

no processo monitório.

Surgindo necessidade de citação "ficta" no procedimento monitório, procede-se ao

ato de cientificação da demanda, por edital ou hora certa, e aguarda-se o decurso

do prazo: comparecendo o réu (para pagar ou embargar) não há problemas em caso

contrário, caberá a nomeação de curador especial com legitimidade para interpor

embargos ao mandado.

Apesar de tudo isso, não se pode afirmar que, havendo necessidade de citação

ficta, seria incabíve1 o procedimento monitório, uma vez que:

(a) por vezes, a necessidade de citação ficta só é constatada depois que o

processo já se iniciou - e não é cabível subordinar o processo a um pressuposto

que só se define depois de sua instauração;

(b) há sempre a chance de que a citação, mesmo se dando por edital ou hora certa,

chegue ao efetivo conhecimento do réu, e este, incentivado pela isenção de custas

e honorários, opte por cumprir o mandado. Nessa linha, a Súmula 282 do STJ admite

citação por edital no processo monitório.

Questão de concurso:

Em ação monitória

11

a) é incabível a citação com hora certa.

b) a Fazenda Pública não tem legitimidade passiva.

c) o autor pode pretender a entrega de bem imóvel.

d) cabe a citação do réu por edital.

e) o cheque prescrito não constitui documento hábil para o ajuizamento da ação.

Resposta letra D

1.10. EMBARGOS AO MANDADO

Discute-se, ainda, qual a natureza dos embargos ao mandado: ação própria que

instaura processo incidental, a exemplo do que ocorre com os embargos à execução;

ou contestação dentro do próprio processo monitório.

A resposta pode ser dada pela comparação de dois modelos de procedimento

monitório, tradicionalmente utilizados.

1º - Em um deles, o juiz profere, no início, o mandado de cumprimento da

obrigação. Se o réu se opuser, o mandado que inicialmente lhe foi apresentado

perderá sua eficácia monitória e passará a valer como simples citação. No final,

haverá sentença condenando, ou não, o réu ao cumprimento da obrigação. Se o réu

não cumprir a obrigação nem se defender, será proferida sentença confirmando a

ordem inicial. Nesse primeiro sistema, a atuação do réu se faz por "contestação".

2º - No segundo modelo, a impugnação do réu apenas suspenderá o mandado de

cumprimento da obrigação. Se julgada procedente a impugnação, o mandado será, só

nesse momento, desconstituído. Se improcedente, a ordem inicial de cumprimento

passa a valer, por si só, como "título executivo". Neste modelo, a impugnação do

réu funciona como outra demanda - autônoma em relação à demanda de tutela

monitória.

A nossa legislação sobre monitória estabeleceu que o mandado ficará "suspenso"

quando forem interpostos embargos (art.1.102c, caput). Previu também que, julgados

improcedentes os embargos, o mandado inicial vai se converter "de pleno direito"

em "título executivo" (art. 1.1 02c, § 3. o), independentemente de sentença final.

12

Isso, a nosso ver, basta para descartar que os embargos do art. 1.102c sejam

"contestação".

Constituem forma incidental de desconstituição do provimento inicial e (ou) de

reconhecimento da inexistência do crédito - o que, no sistema processual

brasileiro, é feito por meio de nova demanda, geradora de outro processo.

Frise-se, porém, que o tema é ainda bastante controvertido.

Os embargos ao mandado devem ser apresentados no prazo de quinze dias da juntada

aos autos do mandado de pagamento, independentemente de qualquer garantia para o

juízo (penhora, caução etc.). Havendo vários réus, o prazo se conta da juntada aos

autos do último mandado (art. 241). Já há decisões de tribunais no sentido de que,

mesmo sendo diferentes os procuradores dos vários réus, não se conta em dobro o

prazo para embargar, vez que tal ato não estaria inserido na cláusula geral "falar

nos autos", empregada no art. 191.

Toda e qualquer matéria que serviria de defesa ao réu em processo comum de

conhecimento poderá ser suscitada. No processo incidental de embargos, as partes

terão direito a ampla instrução probatória (não perdura a exclusividade da prova

escrita, vigente apenas na fase inicial do procedimento monitório).

De acordo com a Súmula 292 do STJ, cabe reconvenção à ação monitória, uma vez que,

com a oposição dos embargos, o procedimento torna-se ordinário.

São cabíveis todas as formas de intervenção de terceiros (entendimento com o qual

nem todos os doutrinadores concordam). Mesmo a denunciação da lide e o chamamento

ao processo são aplicáveis. No primeiro caso, o embargante denunciante ingressa

com ação regressiva (denunciação) contra o terceiro denunciado, para o caso de ser

confirmado o mandado inicial de pagamento. No segundo, o embargante chama ao

processo outros devedores solidários ou o devedor principal por ele afiançado - a

fim de que, caso confirmado o mandado inicial, a força executiva daí proveniente

estenda-se também aos chamados ao processo.

O ônus da prova cairá precipuamente sobre o embargante, na medida em que lhe

caberá destruir aquele juízo de verossimilhança que se estabeleceu graças à prova

escrita que o embargado apresentou de início.

A sentença de procedência ou improcedência dos embargos fará coisa julgada. Se de

improcedência, acobertará cada uma das causas de pedir apresentadas pelo

13

embargante como extintivas, modificativas ou impeditivas do direito pretendido

pelo embargado. Se a sentença acolher o pedido de embargos:

(I) quando os embargos tiverem sido de mérito, reconhecerá com força de coisa

julgada material a inexistência total ou parcial do crédito que o embargado

sustentava ter; ou,

(II) quando os embargos só tiverem veiculado questões processuais, apenas

invalidará o processo monitório. Obviamente, pode haver nos embargos a cumulação

de matérias processuais e de mérito.

A sentença de rejeição (por razões de mérito ou preliminares) dos embargos não

será o título autorizador do início da execução no processo monitório. A lei é

razoavelmente clara: rejeitados os embargos, a decisão inicial concessiva do

mandado converter-se-á em título executivo.

O recurso cabível contra a sentença de acolhimento ou rejeição de embargos é o de

apelação (art. 513), a ser recebida no duplo efeito. Alguns autores negam que a

sentença contra a rejeição dos embargos tenha efeito suspensivo. Invocam a

aplicação analógica do art. 520, V (que trata da sentença que rechaça os embargos

à execução).

Mas as hipóteses de apelação sem efeito suspensivo do art. 520, em nosso sistema

atual, são exceções à regra geral- motivo porque não parece apropriado interpretá-

la ampliativamente (ainda que se reconheça que seria melhor se o legislador

tivesse negado o duplo efeito para a sentença que rejeita os embargos ao mandado).

É possível a alegação de prescrição em sede de embargos a ação monitória.

1.11. FASE EXECUTIVA

a) Decorrido o prazo para embargos ou sendo estes rejeitados (e desde que não

penda apelação), automaticamente a decisão inicial concessiva da tutela torna-se

elemento autorizador do início da execução.

Constituído o "título executivo" e já sendo possível executar, ingressa-se, sem

solução de continuidade, na fase executiva do processo. A execução, no

procedimento monitório, independe de nova demanda (petição inicial e demais

formalidades).

14

Ocorre no mesmo processo em que se a autorizou, porque o caput e o § 3.° do art.

1.102c, alterados pela Lei 11.232/2005, em vigor desde 23.06.2006, manteve essa

característica do processo monitório, de ingressar diretamente na fase executiva,

tão logo esteja aperfeiçoado o título executivo. No entanto, a execução passou a

fazer-se pelas regras sobre o "cumprimento de sentença" (art. 475-J e seguintes).

Precisamente por não existir solução de continuidade entre as etapas de cognição e

de execução, não há nova citação do réu (a partir de então, "devedor" -

art.1.102c), pois ele não é chamado para participar de um novo processo. O ato que

lhe dá ciência do mandado (agora já) executivo, abrindo-lhe oportunidade para

pagar ou garantir o juízo é intimação operada no curso do processo. O § 3° do

art.1.102c é claro quanto a isso.

Pela disciplina do "cumprimento de sentença", deixa de existir a oportunidade para

nomear bens à penhora. O devedor será desde logo intimado da penhora (art. 475-J,

§ 1.0, acrescido pela Lei 11.232).

Na disciplina anterior ao início de vigência da Lei 11.232/2005, mesmo sendo

intimação, e ainda que o devedor tenha procurador constituído nos autos, esse ato

de comunicação será efetivado na pessoa da parte - e não na de seu patrono. Pagar,

garantir o juízo ou permanecer inerte, deixando que de ofício se afetem bens de

seu patrimônio, são condutas que incumbem diretamente ao litigante, e não a seu

advogado. Nessas hipóteses, a parte é a destinatária direta da intimação.

Mas, por expressa previsão da Lei 11.232/2005, essa diretriz está alterada. A

intimação da penhora poderá fazer-se na pessoa do advogado do devedor, inclusive

mediante publicação no órgão oficial de imprensa (art. 475-J, § 1.0).

b) Na disciplina anterior ao início de vigência da Lei 11.232/2005, não havendo

cumprimento do mandado executivo, uma vez garantido o juízo (penhora, depósito da

coisa objeto da prestação etc.), cabem embargos à execução. A possibilidade destes

embargos deflui da não exclusão, para a disciplina do processo monitório, do art.

669 (que os autoriza expressamente).

Mas, "constituído de pleno direito o título", ocorre preclusão. Fica vetada a

possibilidade de discussão de toda e qualquer matéria anterior àquele momento.

Conquanto cabíveis embargos à execução, estes apenas poderão veicular matéria

superveniente à "constituição do título".

15

Isso é confirmado pelo emprego do adjetivo "judicial" para qualificar o "título"

que se forma. Confere-se-lhe o regime dos títulos executivos judiciais, o qual tem

uma única peculiaridade em relação ao dos títulos extrajudiciais: a limitação da

matéria de defesa suscitável mediante impugnação prevista no art. 475-L. Entre

essas defesas, a única que pode ser alegada e que tem causa anterior ao fim da

fase cognitiva é a do inciso I (nulidade da citação na fase de conhecimento, se

não houve comparecimento tempestivo do réu - regra essa que se aplica

extensivamente aos outros dois casos de falta de pressuposto processual de

existência).

Tal limitação da matéria da impugnação ao cumprimento de sentença ocorre inclusive

quando o título executivo se constituiu pela não interposição dos embargos ao

mandado. O que ora se afirma não é incompatível com o que se lançou acima, acerca

da inexistência de coisa julgada, nesse caso. O que impede que matérias alheias ao

art. 475-L sejam argüidas, nessa hipótese, não é coisa julgada material, mas a

mera prec1usão (e, portanto, essas matérias, cuja veiculação é vedada na

impugnação, poderão ser ventiladas em ação autônoma).

Diferentemente do que aqui se sustenta, alguns doutrinadores negam a possibilidade

de embargos à execução na fase executiva do processo monitório. Outros, no extremo

oposto, aceitam-na e defendem que quaisquer matérias (e não só as do art. 475 - L)

poderiam ser apresentadas. Parece que, aos poucos, está se tornando prevalecente o

entendimento acima defendido.

Com a Lei 11.232/2005, em lugar de embargos de executado, passou a caber

impugnação ao "cumprimento de sentença", a ser formulada em quinze dias a partir

da juntada aos autos do comprovante da intimação da penhora (art. 475-J, § 1.°).

Também na impugnação haverá limites à matéria veiculável. O rol de alegações que

podem ser apresentadas na impugnação (art. 475-L) equivale, basicamente, àquele

das matérias argüíveis em embargos à execução de título judicial.

1.12. AÇÃO MONITÓRIA E A FAZENDA PÚBLICA

Súmula 339 do STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

Em face da Fazenda Pública prevalece a opinião de ser incabível o uso da tutela

monitória, no que tange à sua função essencial: a rápida autorização da execução.

16

Diz-se que quando a Fazenda for ré, não havendo pagamento nem embargos, nem por

isso constituir-se-á de pleno direito o título executivo. Não se trata, todavia,

de assunto a respeito do qual haja unanimidade.

O óbice está na indisponibilidade do interesse público - garantia constitucional

que é decorrência direta do princípio republicano (se os bens públicos pertencem a

todos e a cada um dos cidadãos, a nenhum agente público é dado dispor deles,

mediante sua mera inércia, sua omissão em apresentar manifestação em juízo). É por

isso que, no processo comum de conhecimento, não se dá o efeito principal da

revelia contra a Fazenda Pública; não se lhe impõe o ônus de impugnar

especificadamente fato a fato da inicial para que esses não se presumam

verdadeiros; não se admite a sua confissão, e assim por diante.

Assim, argumenta-se que, se não se toleram essas decorrências no processo comum de

conhecimento, não seria coerente, dentro do sistema, que se tolerasse a grave

conseqüência da inércia do réu no procedimento monitório: automática formação de

"título executivo".

Não foi por outra razão, por exemplo, que no art.l00 da Constituição Federal só se

autorizem execuções pecuniárias contra a Fazenda Pública com base em "sentença

judiciária": impõe-se a realização de processo de conhecimento com as decorrências

e aplicações da indisponibilidade do interesse público, acima indicadas.

O óbice ao uso da tutela monitória em sua inteireza, nesse caso, não é a pura e

simples previsão de modo especial de execução contra a Fazenda. Fosse só isso,

seria válido o argumento de que se utilizaria o procedimento monitório apenas até

o fim de sua primeira fase, prosseguindo-se, depois, pela via dos precatórios.

Igualmente, seria correto dizer que o obstáculo não atingiria as pretensões que

não envolvessem dinheiro. O problema é outro: é sistematicamente impossível

atribuir à eventual inércia da Fazenda Pública a conseqüência estabelecida no

procedimento monitório.

Na hipótese de a Fazenda não pagar nem embargar, tem de ser adotada solução

semelhante à que vinham dando alguns tribunais para a questão das execuções contra

a Fazenda com base em título extrajudicial: o juiz, mesmo assim, deveria proferir

sentença, requisitando-se o pagamento, por intermédio do presidente do tribunal,

após o trânsito em julgado da sentença, que estaria sujeita, inclusive, ao duplo

grau de jurisdição, se proferida contra a União, Estado e Município.

17

Tal caminho afastaria a finalidade principal da tutela monitória. Dentre as

especiais vantagens que o procedimento oferece ao demandante, restaria a chance de

que a Fazenda Pública, incentivada pela isenção de custas e honorários, cumprisse

espontaneamente o mandado - nos casos em que, mediante prévio exame interno,

reconhecesse não deter razão. Afinal, o cumprimento espontâneo do mandado pela

Fazenda Pública, esse sim, é possível. Se a pessoa de direito público atende ao

mandado de pagamento, o cumprimento da obrigação é voluntário (e não por força de

condenação) - não se estaria afrontando, por isso, o sistema de pagamento por

precatórios.

Como dissemos, esse tema é objeto de intensa discussão na doutrina: alguns negam

completamente o uso da tutela monitória contra a Fazenda Pública; outros a reputam

cabível, em todos os seus efeitos. As várias decisões proferidas até agora pelos

tribunais acerca do assunto também não apresentam ainda solução uniforme (há, por

exemplo, duas decisões do STJ proferidas em sentidos opostos, na mesma época: em

uma, admite-se a monitória contra a Fazenda, com as limitações acima indicadas; na

outra, rejeita-se o cabimento da monitória nessa hipótese).

1.13.EMPREGO DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DENTRO DO PROCESSO MONITÓRIO

Em termos práticos, o procedimento monitório brasileiro, por si só, oferece

especial utilidade ao demandante apenas em duas hipóteses:

(a) se o réu atende à injunção e paga;

(b) se o réu permanece inerte e tem início automaticamente a fase executiva.

Havendo embargos ao mandado, o recurso à via monitória não terá oferecido ao autor

muito mais do que ele obteria com a direta propositura de demanda comum de

conhecimento (a única especial vantagem que lhe resta é, no caso de rejeição dos

embargos, o imediato início da fase executiva, independentemente de novo

processo).

Nos processos monitórios de outros países ou épocas, estabeleceram-se mecanismos

destinados a fazer com que, em certos casos, a decisão inicial tivesse desde logo

força executiva, mesmo se pendentes embargos (na Itália, "cláusula de execução

provisória na Alemanha e na antiga ação decendiária luso-brasileira, "condenação

com reserva de exceções"). Mas nada de similar foi previsto especificamente para o

atual procedimento monitório brasileiro.

18

Sem prejuízo de posterior alteração da lei para estabelecer mecanismos como os ora

indicados, existe, desde logo, instrumento à mão do juiz para assegurar que

concretamente o procedimento monitório desempenhe papel ainda mais relevante: a

antecipação de tutela, genericamente prevista no art. 273.

Trata-se de instituto aplicável inclusive ao procedimento monitório (art. 272,

parágrafo único). Sua adequada utilização tende a abranger aproximadamente as

mesmas situações que, no sistema italiano, por exemplo, dão ensejo à declaração de

executividade provisória da decisão inicial. Até porque, concedido o mandado,

existirá juízo de verossimilhança favorável ao de mandante, que, muito

provavelmente, será suficiente para que se considere cumprido um dos requisitos da

antecipação (art.273, caput).

Existindo o perigo de dano irreparáve1 ou de difícil reparação (art. 273, 1), ou

caracterizado abuso do direito de defesa ou propósito protelatório do réu (art.

273, lI), haverá dever do juiz de, tendo o autor requerido (art. 273, caput),

conceder a antecipação da "eficácia executiva lato sensu" - autorizando-se, desde

logo e pelo menos, execução provisória. Na hipótese do inciso I do art. 273, a

antecipação deve ocorrer já no próprio momento da concessão do mandado, se a

urgência da situação

19

1.14.QUADRO SINÓTICO

Noções gerais

Pretensões objeto de ação monitória

Função do processo monitório - Atalho para a execução

. Pagamento de soma em dinheiro

· Entrega de bem fungível

. Entrega de coisa certa móvel

Prova escrita e ação monitória

· Juízo de verossimilhança

· Sem eficácia de título executivo

· Facultatividade

Petição inicial

· Narrativa do fato constitutivo Prova escrita Se necessário, demonstrativo de

cálculo

· Oportunidade de emenda e complemento Provimento que indefere o mandado ·

Sentença apelável

· Sem coisa julgada material

Não interposição de embargos ao mandado - Preclusão, e não coisa julgada

Citação ficta- Cabimento; limites na eficácia da tutela monitória

Embargos ao mandado

20

· Natureza

· Prazo e condições de interposição

· Matéria veiculável - Provas

· Intervenção de terceiros

· Ônus da prova

· Imutabilidade, recorribilidade e eficácia da sentença

Fase executiva

Mesmo processo Embargos de devedor

Matérias alegáveis em embargos à execução

Ação monitória e Fazenda Pública

Antecipação de tutela no processo monitório

21

22

QUESTÕES DE CONCURSO

Tício ajuizou ação monitória fundada em cheque emitido pelo devedor e ainda não

prescrito, tendo o juiz determinado a expedição de mandado para pagamento, contra

o qual o devedor opôs embargos. Neste caso, deverá o juiz

a) rejeitar os embargos, a final, ante a prova inequívoca da divida.

b) julgar os embargos pelo mérito, por não estar o cheque prescrito.

c) designar audiência de instrução e julgamento para a prova dos fatos alegados

pelas partes.

d) acolher os embargos e decretar a carência da ação monitória, por já possuir o

embargado titulo executivo

Correta: d)

Questão cód. 18503

Assinale a alternativa incorreta. Ação monitória.

a) Impende reconhecer que, dos três requisitos clássicos que conotam o título

executivo, o título injuntivo ostenta apenas dois - exigibilidade e liquidez -,

uma vez que a certeza será agregada ao documento pela decisão judicial que

determina o pagamento ou a entrega da coisa.

b) No mandado de pagamento é cabível a inclusão de custas processuais e honorários

advocatícios devidos ao autor da demanda, para a hipótese de adimplemento

espontâneo da ordem pelo réu.

c) Dispõe o réu de quinze (15) dias para oferecer embargos, que suspenderão a

eficácia do mandado inicial, também sendo cabível a interposição de reconvenção.

d) Por constituir a ação monitória espécie de procedimento que propicia a formação

de um título executivo judicial, não comporta a modalidade de citação ficta ou

editalícia, pois os embargos, pelos quais se defende o apontado como devedor, têm

natureza declaratória ou constitutiva negativa.

Correta: b)

23

Questão cód. 18628

Assinale a alternativa incorreta. Ação monitória.

a) Impende reconhecer que, dos três requisitos clássicos que conotam o título

executivo, o título injuntivo ostenta apenas dois - exigibilidade e liquidez -,

uma vez que a certeza será agregada ao documento pela decisão judicial que

determina o pagamento ou a entrega da coisa.

b) No mandado de pagamento é cabível a inclusão de custas processuais e honorários

advocatícios devidos ao autor da demanda, para a hipótese de adimplemento

espontâneo da ordem pelo réu.

c) Dispõe o réu de quinze (15) dias para oferecer embargos, que suspenderão a

eficácia do mandado inicial, também sendo cabível a interposição de reconvenção.

d) Por constituir a ação monitória espécie de procedimento que propicia a formação

de um título executivo judicial, não comporta a modalidade de citação ficta ou

editalícia, pois os embargos, pelos quais se defende o apontado como devedor, têm

natureza declaratória ou constitutiva negativa.

Correta: b)

Questão cód. 18739

Quanto à Ação Monitória é correto afirmar:

a) que o réu deve oferecer embargos, no prazo de dez dias, sob pena de revelia

b) que rejeitados os embargos, fica constituído o título executivo judicial

c) que os embargos ao pedido inicial não produzem efeito suspensivo

d) que não é cabível contra pessoa jurídica.

Correta: b)

Questão cód. 18850

24

A ação monitória é uma inovação que foi introduzida no Código de Processo Civil

através da Lei n.º 9.079, de 14 de julho de l995, Tendo isso em vista, observe as

afirmações abaixo e marque uma das alternativas a seguir:

I. o ordenamento jurídico brasileiro adotou o modelo do procedimento monitório

puro, que prescinde da existência de prova documental para ser iniciado;

II. a ação monitória é de natureza executiva, visto que, se não forem opostos

embargos pelo réu, o mandado de pagamento converte-se em mandado executivo;

III. os embargos opostos independem de prévia segurança do juízo e serão

processados nos próprios autos, pelo procedimento ordinário;

IV. pode ser objeto da ação monitória, excepcionalmente, pedido que vise a

satisfação de obrigação de fazer;

V. o deferimento da expedição do mandado de pagamento ou de entrega de coisa certa

importa em juízo de mérito da pretensão do autor.

a) I, III e V estão corretas;

b) II, IV e V estão corretas;

c) I, III e IV estão corretas;

d) somente III e V estão corretas;

Correta: d)

Questão cód. 19078

"Monitória - Prescrição de título - O cheque encontra-se prescrito para o

exercício de execução, tendo em vista que o prazo respectivo é de seis meses. O

cheque perdeu a eficácia executória, mas não deixou de ser prova hábil para

ensejar a ação monitória ( artigo 1.102a do CPC ). "

Essa decisão está

a) incorreta, uma vez que o cheque prescrito é considerado inexistente no mundo

jurídico, não podendo, assim, ser aproveitado como documento comprobatório de

crédito para fins de ajuizamento de ação monitória.

25

b) incorreta, uma vez que a prescrição não retira do cheque a sua executividade,

mas apenas impede que seja descontado ou compensado na rede bancária, razão pela

qual, sendo título executivo extrajudicial, o certo seria aproveitá-lo para

instruir processo de execução por quantia certa contra devedor solvente e nunca

ação monitória.

c) correta, uma vez que a prescrição apenas retira do cheque a sua força

executiva, impedindo o seu aproveitamento como título executivo extrajudicial, mas

não lhe suprime a força probante, razão pela qual pode ser utilizado como

documento hábil à instrução de pedido monitório.

d) correta, uma vez que ao autor cabe a opção por utilizar o processo monitório ou

a execução por título extrajuducial, independentemente da prescrição do cheque,

que apenas lhe retira a exigibilidade em termos de mercado financeiro, mas nunca a

sua força executiva como título extrajudicial.

Correta: c)

Questão cód. 19259

A ação monitória visa :

a) a constituição do devedor em mora;

b) a cobrança de obrigação de fazer;

c) a execução de obrigação de dar;

d) a constituição de título executivo judicial.

Correta: d)

Questão cód. 19406

A ação monitória pode ser instruída com:

a) um cheque, desde que prescrito;

b) um cheque, ainda que não prescrito;

26

c) uma fita magnética, onde o devedor confesse a dívida;

d) uma fotografia, onde se veja claramente o autor entregando dinheiro ao réu.

Correta: a)

Questão cód. 20110

O que acontecerá se o devedor, na ação monitória, não pagar (ou não entregar a

coisa devida) nem oferecer embargos?

a) O Juiz, por sentença, declarará a eficácia executiva do documento que instruiu

a peça vestibular.

b) Constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo extrajudicial,

convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo.

c) Constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se

o mandado inicial em mandado executivo.

d) Constituir-se-á, por sentença, o título executivo judicial, convertendo-se o

mandado atrial em mandado executivo.

Correta: c)

Questão cód. 20163

Citado, na ação monitória, o réu poderá

a) apresentar embargos, somente.

b) apresentar contestação, somente.

c) acatar a ordem judicial, pagando ou entregando a coisa, ou, então, apresentar

embargos.

d) cumprir o mandado de pagamento ou entregar a coisa, oferecer embargos ou não

opor embargos, desatendendo o pedido do credor.

Correta: d)

27

Questão cód. 20190

O Autor propõe ação monitória para indagações que visem a declarar seu pretenso

direito, para efeito de formação de título executivo. A solução cabível será

a) emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento próprio.

b) processar o pedido, até final julgamento, eis que o devedor não opôs embargos.

c) proceder à instrução, em audiência, para os fins descritos na petição inicial.

d) indeferir a petição inicial por inépcia, por impossibilidade jurídica do

pedido.

Correta: d)

Questão cód. 20601

Sobre a ação monitória, é correto afirmar:

a) é ação de conhecimento, constitutiva, com cognição sumária e expedição de

mandado monitório;

b) a duplicata, a nota promissória e o cheque são títulos hábeis a aparelhar

monitória;

c) Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos

próprios autos, pelo procedimento ordinário;

d) não são admissíveis embargos.

Correta: c)

Questão cód. 20796

Citado o réu em ação monitória para pagar ou entregar a coisa, o que poderá fazer:

a) apresentar contestação;

b) ofertar embargos;

c) nomear bens à penhora;

28

d) formular reconvenção.

Correta: b)

Questão cód. 20952

A ação monitória compete a quem pretender:

a) com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma

em dinheiro, entrega de coisa fungível ou determinado bem móvel.

b) com base em cheque sem provisão de fundos, pagamento de valor em dinheiro,

entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.

c) com base em cheque "sustado", pagamento de valor por outro cheque, entrega de

coisa infungível ou de determinado bem, podendo ser móvel ou imóvel.

d) com base em título líquido e certo, pagamento em dinheiro, entrega de coisa

fungível ou determinado bem móvel.

Correta: a)

Questão cód. 20991

Quanto à ação monitória, no prazo de quinze (15) dias, poderá o réu oferecer

embargos. Os embargos

a) dependem de prévia segurança do juízo e serão processados em autos apartados,

pelo procedimento executivo;

b) independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos,

pelo procedimento ordinário;

c) dependem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios autos,

pelo procedimento ordinário;

d) independem de prévia segurança do juízo e serão processados em autos apartados,

pelo procedimento executivo.

Correta: b)

29

Questão cód. 21841

Para recepção da petição inicial de ação monitória e expedição do mandado

injuntivo, é indispensável prova escrita. Qual alternativa satisfaz a exigência

legal?

a) Duplicata mercantil sem aceite, com comprovante da entrega de mercadoria e

protestada.

b) Nota fiscal do produtor pela compra e venda de gado.

c) Cheques dados em garantia de contrato de mútuo.

d) Cobrança por serviços de conservação e manutenção de lote de terreno, segundo

previsão no contrato padrão do loteamento.

Correta: c)

Questão cód. 21941

A ação monitória compete

a) a quem pretender, com base em prova escrita ou oral, sob protesto de produzi-

la, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem

móvel.

b) a quem pretender o pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou

de determinado bem móvel.

c) a quem pretender, com base em prova escrita com eficácia de título executivo,

pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem

móvel.

d) a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo,

pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem

móvel.

Correta: d)

30

Questão cód. 21949

O advento da ação monitória insere-se no contexto da Reforma do Código de Processo

Civil, que visa simplificar e agilizar o processo, buscando uma efetividade maior

da prestação da tutela jurisdicional. É correto afirmar que

a) a principal característica da ação monitória é a possibilidade de dispensa do

processo de conhecimento pleno para se atingir a formação de título executivo.

b) a ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita com

eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa

fungível ou de determinado bem móvel.

c) os embargos monitórios dependem de caução.

d) a decisão sobre a expedição de mandado de pagamento ou de entrega da coisa só

pode ocorrer com a participação do réu no processo, obedecendo-se ao princípio do

contraditório.

Correta: a)

Questão cód. 22674

Sobre a ação monitória é incorreto afirmar que:

a) aquele que entender possuir prova escrita de crédito de soma em dinheiro -

desde que tal documentação não constitua título executivo - poderá propor ação

monitória;

b) na hipótese de o réu não apresentar embargos ao mandado tempestivamente, a

decisão inicial que havia determinado a expedição do "mandado" se transformará "de

pleno direito" em "título executivo judicial";

c) o recurso cabível contra a sentença de acolhimento ou rejeição dos embargos ao

mandado opostos pelo réu na ação monitória é o de agravo de instrumento;

d) nos embargos ao mandado, os ônus da prova cairão precipuamente sobre o

embargante, na medida em que lhe caberá destruir aquele juízo de verossimilhança

que se estabeleceu graças à prova escrita que o embargado apresentou de início.

Correta: c)

31

Questão cód. 54335

Na ação monitória, de acordo com o Código de Processo Civil,

a) poderá o réu oferecer embargos, sem a suspensão da eficácia do mandado inicial,

no prazo de 5 dias contados do recebimento do mandado de paga-mento ou de entrega

da coisa.

b) os embargos dependem de prévia segurança do juízo e serão processados em autos

apartados, respeitando-se o procedimento ordinário.

c) estando a petição inicial devidamente instruída, o Juiz deferirá, após a oitiva

das testemunhas previa-mente arroladas, a expedição do mandado de pagamento ou de

entrega da coisa no prazo de dez dias.

d) cumprindo o réu o mandado de pagamento ou entrega da coisa no prazo legal,

ficará isento de custas e honorários advocatícios.

Correta: d)

Questão cód. 78225

Quanto ao cabimento de ação monitória em face do poder público, a posição sumulada

do Superior Tribunal de Justiça é:

a) admite, sem restrições

b) admite, em alguns casos

c) não admite, sem exceções

d) não admite, com exceções

Correta: a)

Questão cód. 103708

Sobre a ação monitória, assinale a alternativa incorreta:

a) A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem

eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa

fungível ou de determinado bem móvel;

32

b) Mesmo que o réu cumpra voluntariamente o mandado, deverá arcar com o pagamento

de custas e honorários advocatícios;

c) O réu poderá oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial.

Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título

executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo;

d) Os embargos independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos

próprios autos, pelo procedimento ordinário;

Correta: b)

Questão cód. 108124

A ação monitória:

a) requer prova incompleta sem eficácia de título executivo;

b) não comporta obrigação de entrega de coisa fungível;

c) não isenta o réu de custas, mesmo que cumpra o mandado de pagamento;

d) admite o oferecimento de embargos, independentemente de prévia segurança do

juízo;

Correta: d)