28
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 2016 Equipa 1: Monitora: Carolina Cabanelas Ruben Oliveira João Viana Supervisor: Luís Costa Professor Xavier Romão Rafaele Fonseca Francisco Santos Diogo Pinto Ação sísmica sobre os edifícios: Porque é que os edifícios caem? Mestrado Integrado em Engenharia Civil 2016/2017 1º Semestre

Ação sísmica sobre os edifícios: Porque é que os …projfeup/submit_16_17/uploads/...7 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios Introdução Durante todo este

  • Upload
    lengoc

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 2016

Equipa 1: Monitora: Carolina Cabanelas

Ruben Oliveira João Viana Supervisor: Luís Costa Professor Xavier Romão Rafaele Fonseca Francisco Santos Diogo Pinto

Ação sísmica sobre os edifícios:

Porque é que os edifícios caem?

Mestrado Integrado em

Engenharia Civil

2016/2017

1º Semestre

2 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Resumo

No âmbito da unidade curricular “Projeto FEUP”, foi proposta,

aos estudantes do Mestrado Integrado em Engenharia Civil da

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), a

realização de um trabalho sobre "A ação dos sismos sobre os

edifícios", mais especificamente a razão pela qual alguns edifícios

caem. Pretende-se com este trabalho esclarecer o sismo e entender

a natureza da ação sísmica e os seus efeitos sobre os edifícios. Além

disso, pretendemos ainda dar a conhecer alguns conceitos básicos

sobre conceção estrutural dos edifícios e que tipos de colapso

estrutural se tem encontrado em alguns dos sismos mais recentes.

O trabalho foi realizado em duas fases principais: a recolha de

informações gerais sobre o tema e a análise e organização da

informação recolhida de acordo com os objetivos e possibilidades

propostos para a realização do trabalho.

Primeiramente, realizamos uma pesquisa abrangente de todo o

conteúdo necessário e indispensável para a elaboração do relatório,

reunindo informação acerca de natureza da ação sísmica sobre os

edifícios e conceitos chave de conceção estrutural.

3 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Agradecimentos

Ao professor Xavier Romão, nosso supervisor, e à monitora

Carolina Cabanelas, o grupo agradece por toda a disponibilidade

prestada no decorrer da realização do trabalho.

4 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Palavras-Chave

Sismos

Placas-tectónicas

Ondas Primárias

Ondas Secundárias

Mercalli

Richter

Betão Armado

Alvenaria

Inércia

5 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Índice

Resumo 2

Palavras - Chave 3

Agradecimentos 4

Lista de Figuras 6

Introdução 7

1. Os sismos: definição 8

2. A origem dos sismos 10

2.1. Métodos de classificação dos sismos 12

3. Sismicidade em Portugal 14

4. Efeitos sísmicos sobre as estruturas 16

5. Zonas de construção 18

6. Alvenaria VS Betão armado 19

7. Exemplos de sismos 22

Conclusão 25

Referências Bibliográficas 26

6 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Lista de Figuras:

Figura 1 (Direção de Porpagação das Ondas Primárias) 8

Figura 2 (Direção de Propagação das Ondas Secundárias) 8

Figura 3 (Localização das Placas Tectónicas) 10

Figura 4 (Tabela demonstrativas das escalas de Mercalli e Richter) 12

Figura 5 (Localização tectónica de Portugal) 13 Figura 6 (Falhas existentes em Portugal) 14

Figura 7 (Efeito da Inércia sobre um edifício) 16 Figura 8 (Exemplo de construção em alvenaria) 20

Figura 9 (Exemplo de construção em betão armado) 20

Figura 10 (Antes e depois do sismo em Itália) 21 Figura 11 (Destruição causada pelo sismo no Equador) 22

Figura 12 (Efeitos do sismo sobre o edifício Wheigan Jinlong) 23

7 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Introdução

Durante todo este ultimo mês, incluído na unidade curricular do

Projeto FEUP, o nosso grupo dedicou-se na realização de um

trabalho de pesquisa e de um relatório com o titulo: "porquê que

alguns edifícios caem?" Esta questão tem tido cada vez mais

relevância e mais importância devido aos riscos que proporciona ou

poderá proporcionar às populações. É, portanto, importante perceber

o que é um sismo, a sua influência no comportamento de um edifício

e quais os fatores que determinam a ação sísmica.

Os danos excessivos nos edifícios e o colapso dos mesmos

têm sido, ao longo da história, os fatores que levaram a um elevado

numero de mortes e a grandes perdas sociais e económicas. A

resistência sísmica das construções desempenha um papel de

grande relevo na proteção da população. Já existe em Portugal

regulamentação para a necessidade de as novas construções serem

resistentes a estes fenómenos, regulamentação essa que especifica

os requisitos necessários para que os edifícios sejam "anti-sismo".

8 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

1. Os sismos: definição

“Um sismo (...) é uma súbita libertação de tensão acumulada

por rutura dos materiais na crosta terrestre.” (Instituto Português do

Mar e da Atmosfera).

Um sismo ou terramoto é uma súbita libertação de tensão

acumulada, por rutura dos materiais na crosta terrestre, que é

propagada através de vibrações que se transmitem a uma vasta

área. Quando a deformação desses materiais excede a força de

coesão das rochas sob tensão elas fraturam-se através de planos de

fraqueza os quais podem já ser preexistentes.

Estas ondas dispersam-se, desde o foco, em todas as direções,

obrigando as partículas que constituem os materiais rochosos a

vibrarem, vibrações essas que se propagam sucessivamente às

outras partículas, originando ondas sísmicas que fazem “tremer” a

Terra. Estas ondas sísmicas ou vibrações podem ser divididas devido

a características especiais que cada uma delas possui: ondas

longitudinais e ondas transversais.

9 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Estas ondas designam-se por ondas internas, pois são ondas

com origem no foco que se propagam no interior da Terra, em

qualquer direção. A interação das ondas primárias e secundárias

com a superfície produz outro tipo de ondas - ondas de Love e de

Rayleigh.

As ondas de Love varrem a superfície terrestre,

horizontalmente, segundo movimentos de torsão. Atacam

preferencialmente os alicerces dos edifícios

Longitudinais - Ondas P (Primárias) As ondas P são do tipo compressivo. Uma

onda a propagar-se ao longo de uma mola

constitui um bom exemplo para este tipo de

ondas sísmicas. Fig. 1 – Direção de Propagação das ondas primárias

Fig. 2 – Direção de Propagação das ondas secundárias

Transversais – Ondas S (Secundárias)

As ondas S ou secundárias são ondas

tranversais ou de cisalhamento, o que

significa que o solo é deslocado

perpendicularmente à direção de propagação.

10 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

É relevante acrescentar que, normalmente, um sismo tem uma

duração máxima de 1 minuto. Após o sismo principal, seguem-se

alguns sismos de menor intensidade que se denominam de réplicas

e que originam devido ao reajustamento do material rochoso.

Existem os abalos premonitórios que antecedem o sismo principal e

que servem por vezes como forma de antevisão do que está por vir.

2. A origem dos sismos

Os sismos têm origem no movimento das placas tectónicas

(série de placas rígidas em situação de contínuo deslocamento)

existentes na litosfera (crusta terrestre e parte abaixo) e nos seus

movimentos lentos e constante de deslizamento sobre a astenosfera

(zona abaixo da litosfera) que resultam de forças e tensões. Esse

deslizamento ocorre até ao limite de elasticidade da placa gerando

uma grande quantidade de energia que, quando é finalmente

libertada, leva à propagação das ondas longitudinais e das ondas

transversais. As zonas de maior risco de sismo são as zonas em que

estas placas da litosfera se dividem, os designados limites das placas

tectónicas. Os sismos que ocorrem nessas zonas designam-se de

sismos interplacas e resultam maioritariamente de falhas nesses

limites. Existem ainda sismos que ocorrem em falhas ativas

localizadas no interior das placas litosféricas e que se designam por

sismos intraplacas.

11 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Quando os sismos ocorrem nos oceanos há a possibilidade de

ocorrência de tsunamis que podem, assim como os sismos, trazer

grande destruição para as populações.

FIg. 3 – Localização das placas Tectónicas

12 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

2.1. Métodos de classificação de sismos

Ao longo dos anos, os cientistas desenvolveram sistemas de

classificação de sismos de modo a poderem fazer um estudo

intensivo destes fenómenos e terem um método para os poderem

diferenciar. Estes métodos de classificação dizem respeito à

intensidade e à magnitude do sismo e designam-se de,

respetivamente por Escala de Mercalli e Escala de Richter.

A escala de Mercalli é usada para definir a intensidade do sismo, se

ndo uma medida qualitativa que descreve os efeitos produzidos pelo

mesmo em locais da superfície terrestre. A classificação desta

escala é feita através da observação dos danos resultantes dos

sismos.

A escala de Richter quantifica a energia libertada pelo sismo no

hipocentro (zona situada no interior da Terra onde ocorreu o sismo).

Um sismo tem sempre a mesma magnitude, mas pode ter

várias intensidades consoante a distância ao epicentro (projeção à

superfície da Terra do hipocentro).

13 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Fig. 4 – Tabela demonstrativa das escalas de Mercalli e Richter

14 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

3. Sismicidade em Portugal

A sismicidade em Portugal nunca foi muito intensa nem muito

frequente ao longo da sua história. No entanto, ao longo dos anos,

foram ocorrendo em Portugal, continental e ilhas, alguns sismos com

magnitude e intensidade elevados

No contexto da tectónica de placas, Portugal situa-se na placa

Euro-Asiática, limitada a sul pela falha Açores-Gibraltar (fronteira

entre as placas euro-asiática e africana) e a oeste pela falha dorsal

do oceano Atlântico. É nos limites destas placas que ocorre a

atividade sísmica interplacas, onde se definem zonas de elevada

relevância para este fenómeno geológico de entre quais se destacam

a região dos Açores e a zona do Banco de Gorringe (situa-se a oeste-

sudoeste do Cabo de São Vicente). A atividade sísmica interplacas é

responsável por vários sismos de elevada intensidade e magnitude

que ocorreram em Portugal, tais como o terramoto de 1755 e o que

ocorreu a 28 de fevereiro de 1969. A este tipo de sismo estão

normalmente associados graves danos estruturais e por vezes

destruição completa de áreas de habitação e urbanização.

Fig. 5 – Localização

tectónica de Portugal

15 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Relativamente, à atividade sísmica intraplaca, existe a

ocorrência de alguns sismos históricos, maioritariamente na zona na

zona litoral de Portugal continental, com magnitude estimada em

cerca de 7. A observação de um mapa de Portugal Continental

permite mesmo verificar que a maioria dos sismos intraplaca que

ocorreram no país estão associados a zonas de acumulação de

elevada atividade sísmica que se encontram no litoral, e que estão

associados a algumas falhas que existem no território nacional. De

entre estas falhas destacam-se a falha do Interior do Vale do Tejo,

que está associada ao sismo de Benavente que ocorreu em 1969, e

a falha de Setúbal, que é associada ao sismo que ocorreu nessa

cidade a 11 de novembro de 1858. Normalmente, estes sismos não

estão associados a graves danos estruturais, mas continuam a

constituir um perigo para a população.

Fig. 6 - Falhas existentes em Portugal

16 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

4. Efeitos sísmicos sobre as estruturas

Um edifício encontra-se, predominantemente, sujeito a cargas

na direção vertical, como por exemplo, peso das pessoas, peso dos

materiais que constituem a estrutura, etc.

No entanto, numa situação de sismo, o edifício será sujeito a cargas

na direção horizontal. Por isso, para percebermos os efeitos de um

sismo sobre uma estrutura, é importante perceber o comportamento

de um edifício aquando de um sismo.

1ª Lei de Newton: "Um corpo em repouso tende a permanecer

em repouso, e um corpo em movimento tende a permanecer em

movimento." (Isaac Newton)

Um sismo provoca o movimento dos terrenos. Portanto, um

edifício aí presente irá mover-se na base em consonância com os

movimentos terrestres, pelo facto de se encontrar em contacto direto

com o solo. Numa situação hipotética, o resto do edifício teria uma

tendência para se manter na posição inicial (Princípio da Inércia), só

que, na realidade, há também movimento por parte do resto do

edifício. Isto acontece devido ao simples facto das colunas e paredes

estarem conectadas entre si e sofrem também movimento. Utilizando

uma pequena analogia para percebermos melhor esta situação, ao

andarmos de autocarro, quando este arranca, o nosso corpo tem

tendência para se manter na mesma posição, mas sofremos um

movimento brusco por termos os pés assentes no autocarro e de os

nossos membros corporais estarem interligados.

17 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

2ª Lei de Newton: “A força é sempre diretamente proporcional

ao produto da aceleração de um corpo pela sua massa.” (Isaac

Newton)

Um dos fatores que influenciam a força da inércia é a massa de

um edifício. Quanto maior a massa de um corpo, maior será a força

de inércia exercida sobre esse mesmo corpo, ou seja, maior será o

movimento experimentado pelo edifício. Por vezes, há a ideia errada

de que quanto maior massa tiver um edifício, mais resistente ele será.

Porém, isso apenas se encontra associado à resistência dos

materiais que o constituem. Elevadas forças de inércia podem

provocar a fendilhação1 e deformação dos materiais que constituem

o edifício.

1 Fendilhação – Ato ou efeito de fendilhar ou de abrir pequenas fendas.

Fig. 7 – Efeito da Inércia sobre um edifício

18 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

5. Zonas de construção

Quando se constrói um edifício, é necessário ter em atenção a

zona onde este vai ser edificado. Uma escolha inadequada poderá

ter repercussões futuras, tanto a nível estrutural como monetário. É,

por isso, necessário respeitar um conjunto de fatores:

Geológicos - os terrenos de fundação e a zona sísmica do local onde

será edificada a estrutura são preponderantes para o facto de um

edifício ser ou não ser vulnerável à ação sísmica. Terrenos com

pouca capacidade de suportar um edifício são uma má escolha,

assim como construções em zonas de elevado risco sísmico. Para

além disto, a estabilidade e inclinação dos terrenos e a tendência

para inundações são outros fatores geológicos que têm um papel

importante;

Climáticos - os danos causados pelas chuvas, queda de granizo,

humidade e zonas ventosas devem ser tomados em conta para

minimizar os riscos. Em particular, numa situação de elevada

pluviosidade, a saturação dos terrenos com água poderá provocar a

instabilidade de vertentes e escarpas conduzindo a deslizamentos ou

escorregamentos de terras e desabamentos.

19 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

6. Alvenaria VS Betão Armado

Tanto a alvenaria como o betão armado estão associados a

épocas históricas bem distintas e permitem-nos compreender como

evoluiu a conceção estrutural de um edifício. No entanto, para

compreendermos melhor as vantagens e desvantagens da utilização

de alvenaria ou de betão armado, é importante, primeiramente,

conhecer cada um dos tipos de construção.

Alvenaria - é a construção de estruturas utilizando blocos,

pedras, tijolos ou até mesmo betão, unidos entre si por argamassa.

Betão armado - betão reforçado com varões de aço, grelhas,

fibras ou outros materiais inorgânicos ou orgânicos. A utilização de

varões de aço em betão de cimento, permite ultrapassar a sua baixa

resistência à tração, tornando este material muito resistente tanto a

esforços de tração como de compressão.

Como é possível perceber, as diferenças entre a alvenaria e o

betão armado são bastante relevantes. Mas, a utilização de cada um

destes elementos tem vantagens e desvantagens.

20 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Vantagens:

Alvenaria - as edificações em alvenaria levam pouco tempo a

ser construídas, os materiais são mais baratos e o tipo de construção

é bastante simples e económica.

Betão armado - as edificações em betão armado, são de fácil

manutenção e execução, fácil adaptação a outros edifícios, elevada

resistência a abalos sísmicos e longa durabilidade.

Desvantagens:

Alvenaria - a rápida degradação dos materiais, difícil

manutenção e a elevada vulnerabilidade sísmica são as grandes

desvantagens das edificações em alvenaria.

Betão armado – a lentidão das construções, difícil demolição

dos edifícios e o facto de ser bastante dispendioso são as

desvantagens mais relevantes da utilização do betão armado.

Ora, comparando as vantagens e desvantagens de cada um

dos tipos de construções, é possível perceber que a alvenaria,

embora mais económica, é mais vulnerável do que o betão armado

(que é mais dispendioso a nível económico). No entanto, é possível

perceber que tanto o betão armado como a alvenaria

complementam-se. Daí surge a alvenaria confinada e a alvenaria

armada, onde a alvenaria e o betão armado surgem em simultâneo

neste tipo de edificações. Para além disto, são soluções com

bastante sucesso a nível antissísmico.

21 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Fig. 8 - Exemplo de construção em alvenaria

Fig. 9 – Exemplo de construção

em betão armado

22 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

7. Exemplos de Sismos

7.1. Amatrice, Itália

A 24 de Agosto de 2016 ocorreu, em Itália, um sismo de

proporções bastante graves e que levou à morte de um número

elevado de pessoas (298). Este sismo, com epicentro na região

centro de Itália, numa zona que abrange as localidades de Accumolli,

L'aquila e Perugia, teve uma magnitude de aproximadamente 6.2 na

escala de Richter e teve repercussões tão graves e tantos edifícios

destruídos devido principalmente a uma controvérsia em torno do

desrespeito de uma lei italiana de 1974 que visava a construção e de

edifícios antissísmicos e renovação de outros, lei essa que continha

todas as técnicas necessárias para a execução de tais intervenções.

Após o sismo veio-se a descobrir que vários edifícios públicos que

foram renovados ou construídos após a implementação dessa lei,

não tinham características antissísmicas e varias famílias morreram

devido ao desabamento destas construções.

Fig. 10 – Antes e depois do sismo em Itália

23 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

7.2. Equador

A 16 de Abril de 2016 ocorreu, no Equador, um sismo com

magnitude de 7.8 na escala de Richter e com uma intensidade VIII

na escala de Mercalli. Este sismo teve epicentro a 27 km das cidades

Muisne e Pedernales e levou à morte de 673 pessoas tal como a um

elevadíssimo número de feridos. Este sismo sucedeu-se muito por

causa da localização tectónica do país. O Equador encontra-se numa

zona em que existe colisão entre a placa de Nazca e a placa sul-

americana, sendo por isso uma zona de atividade sísmica frequente.

Em resultado deste sismo, vários edifícios e habitações foram

destruídos devido à falta de preparação e de leis que fomentem a

utilização de técnicas durante a construção dos edifícios, que lhes

permitam suportar os efeitos destes fenómenos.

Fig. 11 – Destruição causada pelo sismo no Equador

24 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

7.3. Taiwan

A 6 de Fevereiro de 2016, ocorreu um sismo de magnitude de

6.4 na região a sul de Taiwan que levou à morte de 117 pessoas e

causou ferimentos a meio milhar de pessoas. Este sismo teve uma

intensidade de VII na escala de Mercalli, pelo que a maioria das

mortes resultantes deste sismo foi causada pela queda de edifícios,

em especial a queda de um edifício designado por. Este edifício foi

construído por uma empresa que foi responsabilizada e condenada

pela utilização de técnicas de construção que não se adequavam à

situação tectónica em que a província se encontra. De facto, o prédio

não possuía as características necessárias para resistir ao sismo,

pelo que o seu colapso foi determinante para a queda de outras

construções em torno deste, contribuindo assim para acentuar o

número de mortes e feridos neste evento sísmico.

Fig. 12 – Efeitos do sismo sobre o

edifício Wheigan Jinlong

25 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Conclusão

Os sismos são, todos os anos, responsáveis pela perda de

muitas vidas humanas, devido principalmente à queda de edifícios ou

de outro tipo de estruturas. Para além disso, são também

responsáveis pelas enormes perdas económicas que os países, e a

população em geral, sofrem após ocorrem estes fenómenos. A

reconstrução das cidades após estes fenómenos pode levar anos ou

mesmo décadas, afetando assim a economia e o desenvolvimento

do país.

Com a realização deste trabalho, a nossa equipa chegou à

conclusão de que o desabamento de edifícios, durante o período de

atuação do sismo, acontece principalmente devido à falta de

comprometimento por parte dos responsáveis pela obra e devido à

falta de legislação que obrigue a utilização de técnicas ou materiais

com propriedades antissísmicas, que tornem as estruturas dos

edifícios resistentes a estes fenómenos. Pode também ocorrer,

devido à falta de estudos prévios que informem se o sítio ou o tipo de

construção planeada será eficiente.

É por isso importante, ocorrer uma sensibilização global para

este problema, de forma a surgirem soluções que permitam no futuro

uma minimização do número de mortes durante os sismos de maior

intensidade, contribuindo assim para um futuro melhor para as

próximas gerações e também para o desenvolvimento de tecnologias

nesta área.

26 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

Referências bibliográficas

- Bradsher, Keith. 2016. “Taiwan Earthquake Investigators Arrest

Developer of Collapsed Building”. The New York Times, 9 de

fevereiro de 2016. Acedido a 20 de outubro de 2016.

http://www.nytimes.com/2016/02/10/world/asia/taiwan-earthquake-

arrest-wei-guan.html?_r=0

- Chen, Jay. 2016. “Strong Earthquake hits Southern Taiwan, trapping

residents”. Focus Taiwan News Channel, 6 de fevereiro de 2016.

Acedido a 20 de outubro de 2016.

http://focustaiwan.tw/news/asoc/201602060002.aspx

- Dias, Guerner A., Paula Guimarães e Paulo Rocha. 2011. Geologia

10. Biologia e Geologia – 10º ano. Porto: Areal Editores.

- Dias, J. Alveirinho. 2000. “Sismos – Sismicidade de Portugal”.

Última atualização 2006. Acedido a 12 de outubro de 2016.

http://w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GA5_Sismos/57_Portugal/572_S

ismicidPort.html

- Engenharia Civil na Internet. 2001. “Alvenaria”. Acedido a 16 de

outubro de 2016.

http://www.engenhariacivil.com/dicionario/alvenaria.

27 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

- Engenharia Civil na Internet. 2001. “Betão armado”. Acedido a 16

de outubro de 2016.

http://www.engenhariacivil.com/dicionario/betao-armado.

- IITK – BMTPC (Indian Institute of Technology Kanpur). 2002.

Earthquake Tip 5. What are the Seismic Effects on the Structures?.

India: IITK – BMTPC. Acedido a 8 de outubro de 2016.

http://www.iitk.ac.in/nicee/EQTips/EQTip05.pdf

- Jamieson, Alastair. 2016. “Western Ecuador Rattled by Magnitude

6.7 Earthquake: USGS”. NBC NEWS, 18 de Maio de 2016. Acedido

a 14 de outubro de 2016.

http://www.nbcnews.com/news/world/western-ecuador-rattled-

magnitude-6-7-earthquake-usgs-n575906

-Meijes, Toby. 2016. “This is life now for people who lost entire town

in Italian Earthquake”. Metro, 20 de setembro de 2016. Acedido a 14

de outubro de 2016. http://metro.co.uk/2016/09/20/this-is-life-now-

for-people-who-lost-entire-town-in-italian-earthquake-6139342/

- National Information Centre of Earthquake Engineering - Kanpur –

INDIA. 2005. “IITK-BMTPC Earthquake Tips:: Learning Seismic

Design and Construction”. Acedido a 8 de outubro de 2016.

http://www.nicee.org/EQTips.php

28 FEUP, Porto, 2016 – Ação sísmica sobre os edifícios

- Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas. 2005.

“Sismicidade e tectónica em Portugal”. Acedido a 14 de outubro de

2016. http://www-

ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/divulgacao/tectonica.html

- Proença, Jorge Miguel. 2012. “Magnitude 9: Porque caem as

casas?”. Youtube vídeo, 30:56. Acedido a 8 de outubro de 2016.

https://www.youtube.com/watch?v=uvvd4_HkMb4

- Silva, José, Mariana Magalhães, Henrique Amaral, Ana Rita Silva,

Bruno Guimarães, Sebastião Leite. 2014. Ação Sísmica sobre os

Edifícios. Porto: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Acedido a 15 de outubro de 2016.