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A Acção humana – análise e compreensão do agir
Do latim agere, que significa agir.
Uma acção é uma interferência consciente e voluntária de um ser humano (o agente) no normal decurso das coisas, que sem a sua interferência seguiriam um caminho distinto.A acção humana supõe a existência de:- motivos- intenção/projecto- agente (aquele que é causa da acção)- deliberação- decisão/escolha
Não há acção sem vontade: capacidade racional que o homem tem de determinar por si mesmo a sua acção.
Definição de Acção:
A Acção humana – análise e compreensão do agir
Intenção:
Do latim intentio, que significa estar orientado para; A intenção é o propósito da acção. Uma acção, porque é consciente e voluntária, tem sempre uma finalidade, um fim; A acção é intencional, porque é pensada, visa concretizar um determinado projecto. A intenção está sempre orientada para o futuro.
Em suma: a intenção é o fim da nossa acção; é o que o agente pretende ser ou fazer; implica motivos.
Responde à questão: Que quer fazer aquele que age?
A Acção humana – análise e compreensão do agir
Motivo
Do latim motus. O motivo é a razão de uma acção.
A acção humana não é gratuita, obedece a razões (conscientes ou inconscientes – não são obra da nossa vontade mas condicionados por crenças e desejos). Estes explicam, tornam compreensível a acção.Têm uma função explicativa da minha acção: fundamentam, legitimam e justificam as nossas acções.
Respondem à questão: Porque ages?
A Acção humana – análise e compreensão do agir
Deliberação:
Do latim deliberatio, significa consulta, exame.A deliberação é o processo racional de reflexão que antecede a decisão.O sujeito “pesa” os prós e os contras do projecto que concebeu.
Decisão (escolha):
Do latim decisio, que vem de decidere, que significa cortar, separar. Decisão será, portanto, corte, separação. Após deliberar o sujeito decide: escolhe uma das várias possibilidades.
A decisão implica, então, uma ruptura/corte entre diferentes possibilidades de acção e de ser. Escolher realizar um projecto implica negar a concretização de outros projectos. As nossas acções implicam decisões. O homem é responsável pelas suas decisões já que as fez em liberdade.
A Acção humana – análise e compreensão do agir
Agente (sujeito):
Do latim agens, que significa aquele que age, aquele que toma a iniciativa de uma acção
É na noção de agente que convergem todas as noções da rede conceptual da acção. Só é possível compreender a palavra agente em função de toda a rede conceptual da acção, porque todas as noções da rede conceptual estão interligadas e só ganham sentido na relação umas com as outras.
Se a acção humana implica uma decisão em vista de um propósito que obedece a determinados motivos, ela exige necessariamente a presença de alguém a quem é atribuível – um sujeito que é simultaneamente o seu autor e agente, isto é, aquele que tem o poder de a realizar, produzindo, por sua iniciativa, alterações no decurso das coisas.
O agente é o que pode responder à pergunta: quem agiu?
A Acção humana – análise e compreensão do agir
Liberdade
Do latim libertas, que significa independência: o homem de condição livre era o que não era escravo de outro.
É a capacidade humana de decidir racionalmente os actos a praticar e realizá-los sem coacções (sem ser obrigado).
A liberdade caminha a par com a responsabilidade – ser livre é ser responsável.
Responsabilidade
Etimologicamente deriva do latim repondere, que significa ser capaz de se comprometer, mostrar-se digno, à altura de…
A responsabilidade é a capacidade e a obrigação de assumirmos as nossas acções, considerá-las nossas e portanto, responder por elas suportando-lhes as consequências. Ser responsável é, assim, reconhecermo-nos como agentes e autores dos actos livremente escolhidos e praticados; é, em suma, reconhecermo-nos comprometidos neles e com eles.
A responsabilidade não é apenas individual, mas social: se as minhas acções deixam marcas no mundo, eu não sou responsável apenas perante mim, mas também perante os outros.
A Acção humana – análise e compreensão do agir
ACÇÃO HUMANA
SUJEITOAGENTE CRIADOR
PROJECTA MOTIVOS
TEM INTENÇÃO DE… RAZÃO DE…
DELIBERA / DECIDE
AUTOR DE… PODER DE…
LIBERDADE
RESPONSABILIDADE
ATENÇÃO: Paul Ricoeur alerta para o facto dos conceitos que constituem a rede conceptual da acção aparecerem interligados em relação recíproca, de tal modo que apenas podem compreender-se uns pelos outros;
Rede conceptual da acção: conjunto dos conceitos definidores (atributos ou características) do conceito de acção humana.
A Acção humana – análise e compreensão do agir
1.º MOMENTO
Estabelecemos conscientemente uma meta a atingir e esboçamos o meio de a alcançar.
O agente concebe o projecto da acção a desenvolver.
4.º MOMENTO
Pomos em prática a decisão tomada, que conscientemente deliberámos.
É a execução do que se concebeu – Acção.
2.º MOMENTO
O agente delibera/analisa os motivos que o poderão levar ou não a agir.
No acto de deliberar avalia os prós e os contras da realização do projecto concebido.
3.º MOMENTOApós deliberar o agente vai decidir. Escolhemos o acto pelo qual nos determinamos a agir. De entre as possibilidades optamos por uma delas.
A escolha significa que da comparação dos motivos resultou a relevância de uns em detrimento de outros.
A Acção humana – análise e compreensão do agir
1.º MOMENTO
O João (agente) optou por ser médico (intenção). Definiu para si o seu projecto.
4.º MOMENTO
Põe em prática a decisão tomada, que conscientemente deliberou e inscreve-se no Curso de Ciências e Tecnologias.
2.º MOMENTO
O João delibera/analisa os motivos que o poderão levar ou não a agir.
3.º MOMENTO
Analisados os motivos, o João escolhe a vida de médico, negando outras possibilidades, outras vidas.
DELIBERAÇÃO
Prós (Motivos)Ajudar os outrosGanhar muito dinheiroObter prestígioPromover a saúdeFazer o que gosta
ContrasTer de estudar ainda durante muitos anosQuando começar a exercer irá sobrar-lhe pouco tempo para si, para a família e amigos