19
ACESSIBILIDADE EM IMÓVEIS: QUESTIONAMENTOS Luiz Antonio Miguel Ferreira 1 Resumo: fundamento legal; quais os imóveis que devem ser adaptados à pessoa com deficiência; o que deve conter um imóvel acessível; imóveis antigos, com plantas aprovadas antes das exigências legais, também devem ser adaptados; Existem imóveis que não devem ser adaptados ou que não comportam adaptação? Imóveis tombados; aprovação de plantas e alvará de funcionamento; Responsabilidade técnica; compensação financeira pela adaptação do imóvel; jurisprudência. 1. FUNDAMENTO LEGAL. A introdução da política pública de acessibilidade ocorreu com a vigência da Constituição Federal de 2008, que no capítulo referente à Família, Criança, Adolescente e Idoso estabeleceu: Artigo 227 - § 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. 1 Promotor de Justiça da Pessoa com Deficiência do Ministério Público do Estado de São Paulo. Especialista em direitos difusos e coletivos pela ESMP. Mestre em educação pela UNESP. Autor do livro O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Professor (Ed. Cortez). Home page: www.pjpp.sp.gov.br - junho/2008. 1

ACESSIBILIDADE- questionamentos

Embed Size (px)

Citation preview

ACESSIBILIDADE: QUESTIONAMENTOS

PAGE 7

ACESSIBILIDADE EM IMVEIS: QUESTIONAMENTOSLuiz Antonio Miguel Ferreira

Resumo: fundamento legal; quais os imveis que devem ser adaptados pessoa com deficincia; o que deve conter um imvel acessvel; imveis antigos, com plantas aprovadas antes das exigncias legais, tambm devem ser adaptados; Existem imveis que no devem ser adaptados ou que no comportam adaptao? Imveis tombados; aprovao de plantas e alvar de funcionamento; Responsabilidade tcnica; compensao financeira pela adaptao do imvel; jurisprudncia.

1.FUNDAMENTO LEGAL.

A introduo da poltica pblica de acessibilidade ocorreu com a vigncia da Constituio Federal de 2008, que no captulo referente Famlia, Criana, Adolescente e Idoso estabeleceu:

Artigo 227 - 2 - A lei dispor sobre normas de construo dos logradouros e dos edifcios de uso pblico e de fabricao de veculos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado s pessoas portadoras de deficincia.

Nas Disposies Constitucionais Gerais, complementou a citada norma acrescentando:

Art. 244 - A lei dispor sobre a adaptao dos logradouros, dos edifcios de uso pblico e dos veculos de transporte coletivo atualmente existentes, a fim de garantir acesso adequado s pessoas portadoras de deficincia, conforme o disposto no artigo 227, 2.

Pela norma constitucional, constata-se que o legislador constituinte estabeleceu a necessidade de lei para regulamentar a questo da acessibilidade nos edifcios de uso pblico, tanto no que se refere construo (art. 227, 2) como a adaptao (art. 244).

Atendendo a tal comando, foram editadas, dentre outras, as seguintes leis que podem ser consideradas principais no que diz respeito a acessibilidade em imveis, tanto no que diz respeito construo como adaptao:

a) Lei n. 7.853 de 24 de outubro de 1989 dispe sobre o apoio s pessoas portadoras de deficincia, sua integrao social, sobre a CORDE, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuao do Ministrio Pblico, define crimes e d outras providncias.

b) Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamentou a Lei n. 7.853/89, e dispe sobre a poltica Nacional para a Integrao da Pessoa portadora de deficincia, consolidando normas de proteo.

c) Lei n. 10.098 de 19 de dezembro de 2000 estabeleceu normas gerais e critrios bsicos para a promoo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida.

d) Decreto n. 5.296 de 02 de dezembro de 2004 Regulamentou as Leis n. 10.048/2000, que d prioridade de atendimento s pessoas que especifica e Lei n. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promoo de acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida.

De uma maneira geral, toda essa legislao visa garantir a pessoa com deficincia a plena integrao social com a garantia de acessibilidade aos prdios de uso pblico, ou melhor, nos edifcios de uso pblico e os privados destinados ao uso coletivo. Como estabelece o artigo 2, V da Lei n. 7.853 de 24 de outubro de 1989, visa a lei a adoo e a efetiva execuo de normas que garantam a funcionalidade das edificaes e vias pblicas, que evitem ou removam os bices s pessoas portadoras de deficincia, permitam o acesso destas a edifcios, a logradouros e a meios de transporte.Com fundamento nesta legislao que se busca garantir administrativamente e se for necessrio, judicialmente a acessibilidade da pessoa com deficincia nos prdios de uso pblico e os privados destinados ao uso coletivo. Foi necessria a regulamentao da norma constitucional por leis e decretos em face das peculiaridades de cada situao que envolve a pessoa com deficincia, seja fsica, mental, visual, auditiva ou mltipla.

Na verdade, o que se constatou pela legislao citada que o impedimento ou a ausncia de acessibilidade no est na pessoa e sim no ambiente, que deve sofrer os ajustes necessrios para que se garanta a plena incluso.

2.QUAIS OS IMVEIS QUE DEVEM SER ADAPTADOS PESSOA COM DEFICINCIA.

A Constituio Federal utiliza a terminologia edifcios de uso pblico, ou seja, o edifcio pblico (que naturalmente de uso pblico) e o privado que se destina ao pblico.

A legislao subseqente, em especial a Lei n. 10.098 de 19 de dezembro de 2000 e o Decreto n.5.296/2004 fala em edifcios pblicos ou privados destinados ao uso coletivo, como tambm em edifcios de uso privado e edificaes de uso privado multifamiliar. Por sua vez, o Decreto n. 5.296/2004 fala, alm das designaes supra, em edificaes de uso coletivo.Podem-se fazer as seguintes consideraes a respeito destas categorias de imveis, segundo o artigo 8 do Decreto n. 5.296/2004:Edifcios de uso pblico e edifcios pblicos: Bens pblicos para o Cdigo Civil (art. 98) so aqueles pertencentes s pessoas jurdicas de direito pblico interno. Pelo Decreto citado, so aqueles bens imveis administrados por entidades da administrao pblica, direta e indireta, ou por empresas prestadoras de servios pblicos e destinados ao pblico e geral.

Edifcios privados so aqueles destinados a habitao, que podem ser classificadas como unifamiliar (uma residncia por lote), multifamiliar (mais de uma habitao por lote condomnios verticais e horizontais, por exemplo) e os conjuntos residenciais.

Edifcios de privados destinados ao uso coletivo: O mesmo Cdigo Civil (art. 98) diz que tirando os bens pblicos mencionados, os demais so todos particulares, ou seja, de natureza privada. Estes bens podem ser utilizados de forma exclusivamente privada, como por exemplo, uma moradia familiar; como tambm podem ser transformados em comrcios, com a utilizao de uso coletivo.

Edificaes de uso coletivo: aquelas destinadas s atividades de natureza comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, turstica, recreativa, social, religiosa, educacional, industrial e de sade, inclusive as edificaes de prestao de servios de atividades da mesma natureza;

Vale ressaltar que o imvel inicialmente de natureza privada se for transformado para destinao de uso coletivo deve necessariamente sofrer as adaptaes pessoa com deficincia.

3.O QUE DEVE CONTER UM IMVEL ACESSVEL.

O Decreto n. 5.296/2004 define-se acessibilidade como:

Art. 8, I - A condio para utilizao, com segurana e autonomia, total ou assistida, dos espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, das edificaes, dos servios de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicao e informao, por pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida.O imvel acessvel no deve conter barreiras que constitui qualquer entrave ou obstculo que limite ou impea o acesso, a liberdade de movimento ou a circulao com segurana da pessoa com deficincia. As barreiras apresentadas no entorno e interior dos imveis de uso publico e coletivo e no entorno e nas reas internas de uso comum nas edificaes de uso privado multifamiliar, constituem o que se denominam BARREIRAS NAS EDIFICAES.

A acessibilidade garantida atravs da observncia das Normas Tcnicas da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas), merecendo destaque as seguintes normas:a) NBR 9050 Acessibilidade a Edificaes Mobilirio, Espaos e Equipamentos Urbanos;b) NBR 13994 Elevadores de Passageiros Elevadores para Transportes de Pessoa Portadora de Deficincia;Alm destas duas normas, existem outras que garantem a acessibilidade, mas no especificamente em imveis, como:

a) NBR 14020 Acessibilidade a Pessoa Portadora de Deficincia Trem de Longo Percurso;b) NBR 14021 - Transporte - Acessibilidade no sistema de trem urbano ou metropolitano;c) NBR 14022 Acessibilidade a Pessoa Portadora de Deficincia em nibus e Trlebus para Atendimento Urbano e Intermunicipal; d) NBR 14273 Acessibilidade a Pessoa Portadora de Deficincia no Transporte Areo Comercial; e

e)

HYPERLINK "http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/ABNT/NBR15250.pdf" NBR 15250 - Acessibilidade em caixa de auto-atendimento bancrio.A acessibilidade deve ser garantida a pessoa com deficincia fsica, visual, auditiva, mental e mltipla, o que gera varias situaes, de acordo com as normas tcnicas da ABNT. Basicamente, esta acessibilidade pode ser garantida com: Rampas de acesso ao imvel;

Elevadores de acesso rea externa do imvel (equipamento eletromecnico de descolamento vertical) como tambm internamente;

Sanitrios;

Piso ttil e direcional;

Estacionamento ou garagens reservados;

Escadas com corrimo

Circulao interna acessvel.

De acordo com a destinao do imvel, como, por exemplo, clubes, escolas, cinemas, teatros, estdios esportivos, devem ocorrer outras obras para a garantia da acessibilidade, como nas:

Quadras esportivas

Salo de festas e reunies

Piscinas

Saunas

Portarias

Secretarias com mveis rebaixados

Bibliotecas

Laboratrios;

reas de lazer

Quadro negro adaptado

Carteiras

Reserva de espao em auditrios (no caso de teatros, cinemas, estdios, etc).

Na verdade, so inmeros os requisitos necessrios para se garantir que o imvel est acessvel pessoa com deficincia, devendo o mesmo passar por anlise de profissional tcnico da rea (engenheiro ou arquiteto).4.IMVEIS ANTIGOS, COM PLANTAS APROVADAS ANTES DAS EXIGNCIAS LEGAIS, TAMBM DEVEM SER ADAPTADOS.

Pelo que foi estabelecido pela Constituio Federal, todos os imveis devem ser adaptados pessoa com deficincia, pouco importando se a sua planta foi aprovada pela municipalidade antes do advento da nova lei. Isto porque, a Constituio estabeleceu duas regras claras: uma para os imveis a serem edificados e outra para adaptao dos imveis j construdos. Logo, no h excluso de nenhum imvel na adaptao a pessoa com deficincia.

Alis, a lei clara no sentido de estabelecer que a emisso de carta de habite-se ou habilitao equivalente e para a sua renovao, quando esta tiver sido emitida anteriormente as exigncias de acessibilidade contidas na legislao especfica, devem ser observadas e certificadas as regras de acessibilidade nos termos do decreto n. 5.297/2004 e das normas tcnicas da ABNT (art. 13, 2).5.EXISTEM IMVEIS QUE NO DEVEM SER ADAPTADOS OU QUE NO COMPORTAM ADAPTAO?

A lei no exclui qualquer imvel, dentre aqueles apontados uso pblico ou privados destinados ao uso coletivo - da necessidade de ser adaptado a pessoa com deficincia. A lei no comporta exceo. O que se verifica na prtica que alguns imveis antigos, construdos sem qualquer planejamento de acessibilidade, encontraro maiores dificuldades para a sua adaptao e apresentaro um custo mais elevado na reforma para garantir tal direito. Isto porque o imvel inicialmente construdo com os critrios de acessibilidade tem um custo inferior daquele que necessita sofrer adaptaes para garantir a acessibilidade.

Com os recursos existentes na rea de engenharia civil, pode-se afirmar que todo e qualquer imvel pode ser adaptado pessoa com deficincia. Eventual recusa do proprietrio em adaptar o imvel em face de ausncia de condies para se garantir a acessibilidade dever ser questionada judicialmente.

6.IMVEIS TOMBADOS.

A Lei n. 10.098/2000 estabeleceu textualmente:Art. 25. As disposies desta Lei aplicam-se aos edifcios ou imveis declarados bens de interesse cultural ou de valor histrico-artstico, desde que as modificaes necessrias observem as normas especficas reguladoras destes bens.

Assim, constata-se que os imveis tombados tambm foram includos entre aqueles que devem sofrer adaptaes. A restrio fica por conta das especificidades do bem. Nos casos de reas ou elementos onde no seja possvel promover a adaptao do imvel para torn-lo acessvel ou visitvel, deve-se garantir o acesso por meio de informao visual, auditiva ou ttil das reas ou dos elementos cuja adaptao seja impraticvel. No caso de stios considerados inacessveis ou com visitao restrita, devem ser oferecidos mapas, maquetes, peas de acervo originais ou suas cpias, sempre proporcionando a possibilidade de serem tocados para compreenso ttil (Guia prtico de acessibilidade. CD Fernando Gonalves de Castro MP/SP).7.APROVAO DE PLANTAS E ALVAR DE FUNCIONAMENTO.

Pela legislao em questo, a aprovao ou licenciamento ou emisso de certificado de concluso de projeto arquitetnico ou urbanstico (habite-se) dever ser atestado o atendimento s regras de acessibilidade previstas nas normas tcnicas da ABNT (art. 10, 2 e 13, 2 do Dec. n. 5.296/2004).O mesmo ocorre para a obteno ou renovao do alvar de funcionamento (para qualquer atividade art. 13, 1 do Dec. n. 5.296/2004). A atividade somente poder ser desenvolvida em imvel adaptado, ou seja, acessvel.

8.RESPONSABILIDADE TCNICA.

Estabelece o Decreto n. 5.296/2004 o seguinte:Art. 11. A construo, reforma ou ampliao de edificaes de uso pblico ou coletivo, ou a mudana de destinao para estes tipos de edificao, devero ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessveis pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida. 1 As entidades de fiscalizao profissional das atividades de Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabilidade tcnica dos projetos, exigiro a responsabilidade profissional declarada do atendimento s regras de acessibilidade previstas nas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT, na legislao especfica e neste Decreto.

2 Para a aprovao ou licenciamento ou emisso de certificado de concluso de projeto arquitetnico ou urbanstico dever ser atestado o atendimento s regras de acessibilidade previstas nas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT, na legislao especfica e neste Decreto.

Verifica-se pela disposio legal que o engenheiro ou arquiteto da obra responsvel pelo projeto arquitetnico no que diz respeito a acessibilidade, sendo que eventual falsidade lanada no mesmo implicar em responsabilidade. E o proprietrio do imvel que utilizar a planta, sabendo ser falsa as afirmaes lanadas quanto a acessibilidade tambm poder ser responsabilizado penalmente.

9.COMPENSAO FINANCEIRA PELA ADAPTAO DO IMVEL.A questo que se coloca a seguinte: naqueles imveis cuja planta foi aprovada sem adaptao e anteriormente a exigncia legal, agora, com o novo preceito de ordem pblica referente garantia de acessibilidade, pode o proprietrio exigir uma indenizao por parte do poder pblico em razo desta obrigatoriedade de acessibilidade?

Esta questo no nova encontrando na doutrina, posicionamento tanto a favor como contra. Confira a propsito os ensinamento de Jos dos Santos Carvalho Filho (Manual de Direito Administrativo, 7 edio, Rio de Janeiro, 2001, Lumenjuris, pg. 428), Celso Antonio Bandeira de Melo (Curso de Direito Administrativo, 19 Edio, So Paulo, 2005, Malheiros Editores, pg. 940/941), Maria Silvia Zanella Di Pietro (Direito Administrativo, 11 edio, So Paulo, Ed. Atlas, 1999, pg. 508) e Adriano Aparecido Arrias de Lima (Texto Responsabilidade civil do Estado pela edio de ato legislativo. Consultado na internet no site: Jus Navigandi em junho de 2008, com o seguinte endereo: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9702)

No caso especfico, no vislumbro a possibilidade de responsabilizao do poder pblico. As leis que especificaram a questo da acessibilidade a pessoa com deficincia foram editadas por fora da Constituio Federal e em conformidade com o ordenamento jurdico e buscam dar efetividade ao principio da igualdade.

10.JURISPRUDNCIA.

A seguir so registradas algumas decises a respeito do tema:

AO CIVIL PBLICA - CIDADANIA - MINISTRIO PBLICO - LOGRADOUROS E EDIFCIOS PBLICOS - PORTADOR DE DEFICINCIA - ACESSO ADEQUADO - EXIGIBILIDADE - LEGALIDADE - admissvel ao civil pblica para que o Poder Pblico, Federal, Estadual e Municipal, seja obrigado a garantir pessoa portadora de deficincia, seu acesso irrestrito a logradouros e edifcios de uso pblico e veculos de transporte coletivo. Ilcita, porm, a ordem judicial explicitando a forma, por descaber ao Poder Judicirio, sob pena de invaso de competncia, dizer qual obra deva ou no o Executivo realizar - Inteligncia da CF/1988, arts. 2o, 24, inciso XIV, e seu 4o, e 227, 2o, e 244, da Constituio Bandeirante, art. 280 e art. 55 do seu ADCT, e da Lei n, 10.098, de 19.12.2000, arts. 11, caput, e seu Pargrafo nico, incisos I a IV, e 23, Pargrafo nico. OBRIGAO DE FAZER - MULTA DIRIA - COMINAO - LEGALIDADE - No ostenta ilegalidade alguma a aplicao de multa diria, caso o responsvel legal, no prazo fixado pelo Juiz, no implemente as medidas necessrias destinadas a assegurar aos portadores de deficincia, seu acesso a logradouros, edifcios de uso pblico e veculos de transporte pblico, ainda que se cuide de poder pblico, por estar contemplada em lei, sem quaisquer ressalvas, essa medida excepcional - Inteligncia da Lei n. 7.347, de 24.7.1985, art, 11. Recurso parcialmente provido. (Apelao Com Reviso 2152735600; Relator(a): Xavier de Aquino; Comarca: Comarca no informada; rgo julgador: 5 Cmara de Direito Pblico ; Data do julgamento: No disponvel; Data de registro: 08/09/2003 ).

AO CIVIL PBLICA - DEFICIENTE FSICO - ACESSO ESCOLA (andar das salas de aula) dificultado por escada Infringncia ao artigo 227, 2o da Constituio Federal, que determina a eliminao de barreiras que impeam o livre acesso dos deficientes - Recurso provido. (Apelao Com Reviso 2202215100; Relator(a): Antonio Carlos Malheiros; Comarca: Comarca no informada; rgo julgador: 3 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: No disponvel; Data de registro: 24/05/2006)

AO CIVIL PBLICA - DEFICIENTE FSICO - NBR 9.050/94; LF 8.275/75; DE n 20.811/83 e DM n 10.874/74 - Construo de rampas de acesso em todos os compartimentos da escola - Adaptao de banheiros e colocao de corrimos nas escadas existentes - 1. Deficientes fsico: Acesso. Remoo de barreiras e obstculos ao acesso de deficientes fsicos a prprios estaduais foi disciplinada no Estado pela LE n 3.710/83 (com a redao dada pela LE n 5.500/87) e pelo DE n 27.383/87, tornando desnecessrio o acesso Constituio Federal ou legislao federal. Desnecessrio, em conseqncia, definir se os dispositivos constitucionais ou legais federais so de eficcia contida ou de eficcia plena. - 2. Obrigao de fazer. Separao de poderes. A determinao ao Executivo do cumprimento da lei, ainda que isso implique na realizao de despesas, no ofende o principio da separao de poderes: a) o Poder Pblico tambm se submete ao imprio da lei e cabe ao Judicirio, ao decidir a lide, aplicar a lei conforme entender pertinente. Outra interpretao impede ao Judicirio o exerccio de sua atribuio constitucional; e b) h expressa autorizao legal na LF n 7.347/85 como se nota de seu art. 12, em que o 1o cuida da suspenso de liminares a pedido 'da pessoa jurdica de direito pblico interessada', a denotar que a obrigao de lazer ou no fazer (art. 11) pode ser determinada liminar ou definitivamente contra o Estado. - 3. Obrigao de fazer. Separao de poderes. questo tormentosa saber at que ponto pode o Judicirio interferir na gesto da coisa pblica, determinando ao Executivo a realizao de obras e fixando prazos. A anlise da jurisprudncia indica uma tendncia a deixar discrio do Executivo a realizao de obras de maior vulto ou que envolvam definio mais difusa de prioridades, dele exigindo no entanto a realizao de servios e obras de pequeno vulto. (Apelao Com Reviso 2736395100; Relator(a): No disponvel; Comarca: Comarca no informada; rgo julgador: 7 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: No disponvel; Data de registro: 26/04/2005; Apte: Fazenda Estadual Apdo: Ministrio Pblico Origem: 1a Vara Cvel (Ribeiro Preto) - Proa n 1.985/00 Juiz: Mrcia Blanes).

AO CIVIL PBLICA - DEFICIENTE FSICO - Acesso s salas de aula em escola pblica dificultado por escadas - Obrigao de fazer consistente na realizao de obras para as devidas adaptaes do prdio - Admissibilidade - Direito de livre circulao em imvel de uso comum assegurado na Constituio Federal de 1988, sobretudo a escola pblica, que deve facilitar o quanto se pode o acesso ao ensino - Norma cuja aplicabilidade no pode ser condicionada edio de lei estadual, que, passados dezesseis anos da Constituio Federal, no foi providenciada, constituindo reprovvel conduta que fere princpios ticos e ostenta flagrante inconstitucionalidade por omisso - Ao procedente - Recursos improvidos. (Apelao Com Reviso 2759645900 ; Relator(a): No disponvel; Comarca: Comarca no informada; rgo julgador: 7 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: No disponvel; Data de registro: 23/03/2005)

EMBARGOS INFRINGENTES - AO CIVIL PBLICA - REALIZAO DE OBRAS PARA PERMITIR O INTEGRAL ACESSO DOS DEFICIENTES EM PRDIO ESCOLAR - Inteligncia do art 244 do CF/S8 - Aplicao do princpio da razoabilidade - Inexistncia de previso oramentria - Negado provimento ao recurso, nos termos do acrdo. (Embargos Infringentes 2275915101; Relator(a): No disponvel; Comarca: Comarca no informada; rgo julgador: 9 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: No disponvel; Data de registro: 16/09/2004).

AO CIVIL PBLICA. CONDIES PARA ACESSO A EDIFCIOS. OBRIGAO DE FAZER POR PARTE DO ESTADO. Arts.227, par.2 e 244 da CF788 e Leis Estaduais ns 5.500 de 31.12.1986 e 9086 de 03.3.1995. Recurso de apelao provido. (Apelao Com Reviso 2442535200; Relator(a): Gama Pellegrini; Comarca: Comarca no informada; rgo julgador: 3 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: No disponvel; Data de registro: 09/06/2004).

AO CIVIL PBLICA - REMOO DE BARREIRAS ARQUITETNICAS EM ESCOLA PBLICA PARA GARANTIR O PLENO ACESSO DE PESSOAS PORTADORAS DE DEFICINCIA - Sentena de procedncia mantida, com fixao de prazo para as obras necessrias, estabelecendo muita aps o trmino do prazo para concluso das obras - Recurso parcialmente provido. (Apelao Com Reviso 2074775300; Relator(a): Peiretti de Godoy; Comarca: Comarca no informada; rgo julgador: 3 Cmara de Direito Pblico; Data do julgamento: No disponvel; Data de registro: 03/10/2003).

Promotor de Justia da Pessoa com Deficincia do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo. Especialista em direitos difusos e coletivos pela ESMP. Mestre em educao pela UNESP. Autor do livro O Estatuto da Criana e do Adolescente e o Professor (Ed. Cortez). Home page: HYPERLINK "http://www.pjpp.sp.gov.br" www.pjpp.sp.gov.br - junho/2008.