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ACESSO VASCULAR CATETERISMO DE VASOS UMBILICAIS CATETERISMO VENOSO CENTRAL PERCUTÂNEO Paulo R. Margotto/ Martha G. Vieira /Jefferson G. Resende/Patrícia Botelho de Souza Capítulo do livro Assistência ao Recém-nascido de Risco, editado pelo Dr. Paulo R. Margotto, 2 a Edição, 2004 A) CATETERISMO DE VASOS UMBILICAIS - CATETERISMO VENOSO UMBILICAL MATERIAL: Assepsia Campos estéreis Gorro Luvas estéreis Máscara Gaze Clorexidine a 0.5% etc. Bandeja com Material de Cateterismo propriamente dito: tesoura reta pinça fórceps de íris porta agulha bisturi com lâmina reta pinça tipo Hartman reta cadarço fio de sutura 4 - 0 seringa de 10 ml. água destilada ou soro fisiológico a 0.9% Se o cateterismo visa a realização de exsanguíneotransfusão (ET) separar duas torneiras de três vias.

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ACESSO VASCULAR

CATETERISMO DE VASOS UMBILICAIS CATETERISMO VENOSO CENTRAL PERCUTÂNEO

Paulo R. Margotto/ Martha G. Vieira /Jefferson G. Resende/Patrícia Botelho de Souza

Capítulo do livro Assistência ao Recém-nascido de Risco, editado pelo Dr. Paulo R. Margotto, 2a Edição, 2004

A) CATETERISMO DE VASOS UMBILICAIS - CATETERISMO VENOSO UMBILICAL

MATERIAL:

Assepsia Campos estéreis Gorro Luvas estéreis Máscara Gaze Clorexidine a 0.5% etc.

Bandeja com Material de Cateterismo propriamente dito: tesoura reta pinça fórceps de íris porta agulha bisturi com lâmina reta pinça tipo Hartman reta cadarço fio de sutura 4 - 0 seringa de 10 ml. água destilada ou soro fisiológico a 0.9%

Se o cateterismo visa a realização de exsanguíneotransfusão (ET) separar duas torneiras de três vias.CATETERES que podem ser utilizados são:

* Polivinil Argyler nº 05 ou 08 para os neonatos menores e maiores que 03 kg., respectivamente

* Sonda traqueal com orifício terminal 06 ou 08 respectivamente para crianças com peso inferior ou superior a 3 kg. Caso o Cateterismo vise a realização de ET o cateter deve ter obrigatoriamente pelo menos 01 orifício lateral além do terminal para evitar a lesão endotelial durante o puxa-empurra.

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O coto umbilical tem duas artérias geralmente localizadas as 05 e 07 horas e uma veia situada às 12 horas; além disso a veia apresenta uma forma ovalada e parede fina, enquanto as artérias têm a luz estrelada e a parede mais espessa. Após o anel umbilical a veia dirige-se cranialmente juntando-se ao sistema porta que se comunica com a veia cava inferior através do ducto venoso. Quando o cateter permanecer por um período prolongado na veia é necessário que a sua extremidade esteja adequadamente localizada na veia cava inferior, um pouco acima do diafragma. Para atingir a localização correta e determinar o comprimento do cateter a ser introduzido, deve-se medir a distância entre o ombro e o umbigo, e jogar o valor encontrado no quadro relativo à cateterização venosa . Quando o cateterismo visar a infusão de drogas na sala de parto não há necessidade de se medir o cateter, basta introduzi-lo cerca de 1.5 a 2 cm imediatamente após a passagem pelo anel umbilical, que o cateter se localizará na própria veia umbilical antes da veia porta. Evitar deixar a ponta do cateter no sistema porta.

A assepsia deve ser realizada com clorexidine a 0.5% com gaze e luva estéreis. Usar a técnica apropriada fazendo movimentos centrífugos a partir do coto. Como se vai cateterizar diretamente um vaso central, todo cuidado na assepsia é pouco. Colocar o cadarço estéril ao redor do coto umbilical, apertando-o suficiente para evitar o sangramento, porém não em excesso. Cortar o coto paralelo e horizontal em relação à superfície abdominal, cerca de 01 cm distante da pele; pode-se visualizar então, os vasos, as duas artérias e a veia; com o fórceps íris retirar delicadamente o coágulo sangüíneo existente na luz do vaso; antes de introduzir o cateter, preenchê-lo com soro fisiológico; caso este passo não tenha sido realizado, deve-se logo após a cateterização, aspirar o sangue venoso até que este preencha completamente o cateter para evitar a embolia gasosa.

Introduzir o cateter perpendicularmente até encontrar uma resistência distante 01 a 02 cm da entrada, correspondendo ao anel umbilical. Nesse momento, retificar o coto em direção caudal e orientar o cateter cranialmente para evitar falsos trajetos até a distância pré-determinada, aspirar delicadamente. Quando o cateterismo não for bem sucedido, não veio sangue ou o cateter não progrediu até a distância pré-determinada duas são as hipóteses mais prováveis: ou o cateter fez um falso trajeto ou ele não passou o ducto venoso. Em caso de falso trajeto, retirar imediatamente o cateter.

Quando o cateter está no sistema porta, puxá-lo cerca de 02 a 03 cm e reintroduzi-lo após uma rotação delicada. Sempre que a veia permanecer cateterizada por um período prolongado é obrigatória a sua confirmação radiológica, recomendando-se a realização do Raios-X em perfil, pois nessa posição visualiza-se melhor se houve ou não passagem do cateter pelo ducto venoso. Após a localização deve-se fazer uma sutura em bolsa no cordão tomando-se o cuidado de não transfixar as artérias ou o cateter. Fixar o cateter através do fio de sutura e depois fazer o curativo em ponte.

As principais complicações do cateterismo venoso são os fenômenos tromboembólicos ou mau posicionamento do cateter que pode desencadear arritmias cardíacas, enterocolite necrosante e perfuração do trato gastrintestinal. Além disso, eventualmente podem ocorrer perfuração do peritôneo e processos infecciosos. As contra-indicações ao cateterismo venoso são os defeitos de fechamento da parede abdominal, a presença de onfalite ou de peritonite, além de enterocolite necrosante e CIVD.

O catéter venoso umbilical deve ser mantido no máximo por 10 dias, exceto se complicações. Os RN que devem receber catéter umbilical venosos são aqueles com peso ao nascer menor que 1500g, com a finalidade de preservar a p[ele.

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-CATETERISMO ARTERIAL UMBILICALMATERIAL:

Assepsia Campos estéreis Gorro Luvas estéreis Máscara Gaze Clorexidine a 0.5% etc.

Bandeja com Material de Cateterismo propriamente dito: tesoura reta pinça fórceps de íris porta agulha bisturi com lâmina reta pinça tipo Hartman reta cadarço fio de sutura 4 - 0 seringas de 5 e 10 ml. torneiras de três vias água destilada ou soro fisiológico a 0.45%

CATETERES que podem ser utilizados são:Polivinil Argyler n.º 3.5 ou 05 de silicone médio ou fino para os neonatos

menores e maiores que 1.200 g. respectivamente .O cateter deve ter um orifício terminal para reduzir a incidência de formação de

trombos e para permitir a medida de pressão arterial invasiva, além disso o cateter deve apresentar uma linha radiopaca para sua localização radiológica.

O coto umbilical tem duas artérias geralmente localizadas as 05 e 07 horas e uma veia situada às 12 horas. Além disso a veia apresenta uma forma ovalada e parede fina, enquanto as artérias têm a luz estrelada e a parede mais espessa.

Após o anel umbilical a artéria se dirige caudalmente circundando a bexiga e juntando-se a artéria ilíaca interna que desemboca na artéria ilíaca comum e posteriormente na aorta. A distância do cateter a ser inserida dever ser calculada para que a sua extremidade fique na posição alta (entre T6 e T10) ou posição baixa (L3 e L4). Em nossa Unidade optamos pela posição alta. Esta posição é obtida pela medida da distância entre ombro e o umbigo (vide tabela 1). Na situação de urgência introduzir 6 (+) o peso (+) coto umbilical. A posição alta está associada à menor incidência de complicações vasculares clínicas (RR: 0.53-95% IC: 0.44-0.63), sem aumento de quaisquer complicações, como hemorragia peri/intraventricular, enterocolite necrosante e morte.

A assepsia deve ser realizada com clorexidine a 0.5% com gaze e luvas estéreis. Usar a técnica apropriada fazendo movimentos centrífugos a partir do coto. Como se vai cateterizar diretamente um vaso central, todo cuidado na assepsia é pouco. Colocar o cadarço estéril ao redor do coto umbilical, apertando-o suficiente para

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evitar o sangramento, porém não em excesso. Cortar o coto paralelo e horizontal em relação à superfície abdominal, cerca de 01 cm distante da pele. Pode se visualizar então, os vasos, as duas artérias e a veia. Fazer dois pontos de reparo na geléia do cordão para que se possa apresentar as artérias de maneira adequada para a sua cateterização. Tomar cuidado para não perfurar nenhum vaso. Antes de introduzir o cateter, preenchê-lo com soro fisiológico para evitar embolia gasosa. Dilatar o orifício da artéria delicadamente com o fórceps íris, evitar movimentos grosseiros e repeti-los em excesso para que não haja formação de falsos trajetos.

Após dilatar o vaso introduzir o cateter perpendicularmente até encontrar uma resistência distante 01 a 02 cm da entrada, correspondendo ao anel umbilical. Nesse momento, retificar o coto em direção cranial e orientar o cateter caudalmente para evitar falso trajeto até a distância pré-determinada, aspirar delicadamente. Quando o cateterismo não for bem sucedido, e você sentir uma resistência logo no início da introdução do cateter, então afrouxe o cadarço, retire o cateter, dilate a artéria um pouco mais e tente novamente .Quando o cateterismo não for bem sucedido e na introdução do cateter você sentir algo rompendo, então provavelmente você criou um falso trajeto.

Retire o cateter e tente a outra artéria. Quando o cateterismo não for bem sucedido e você sentir uma resistência após ter inserido cerca de 06 a 08 cm do cateter, então você deve estar no nível da bexiga, com dificuldade para avançar o cateter através da ilíaca interna. Para ultrapassar esta resistência aplicar uma pressão delicada por 30 a 60 segundos no cateter. Se mesmo assim este não progredir, infundir no cateter 0.5 ml de lidocaína sem adrenalina, para tentar dilatar o vaso. Não force o cateter. Se você introduzir o cateter facilmente até a distância pré-determinada, porém o sangue não refluir então você deve ter introduzido o cateter fora do vaso, remova-o e observe algum sinal de complicação.

Após a localização deve-se fazer a sutura em bolsa no cordão tomando-se o cuidado de não transfixar as artérias ou o cateter. Fixar o cateter através do fio de sutura.

É obrigatória a confirmação radiológica da posição do cateter. Quando mal localizado pode-se puxar o cateter, nunca introduzi-lo. Após a localização, fazer o curativo em ponte.

É importante manter o cateter sempre livre de sangue. Após a coleta de qualquer amostra sangüínea, limpá-lo com 0.5 ml de soro fisiológico a 0.9% e manter infusão contínua de líquido no intervalo das coletas. Na presença de obstrução, não forçar a infusão de soluções para desobstruí-lo. Nesse caso, retirar o cateter imediatamente. Evitar alimentar o paciente por via enteral, até 24 horas após a retirada do cateter.

O cateter deve ser retirado quando houver isquemia persistente do membro inferior, na suspeita de enterocolite necrosante ou de insuficiência renal, na presença de obstrução total ou parcial do cateter, quando não houver mais necessidade de colheitas repetidas de amostras de sangue arterial.

As principais complicações do cateterismo arterial estão relacionadas ao mau posicionamento do cateter, aos acidentes vasculares com a presença, por exemplo, de tromboembolismo, vasoespasmo, hipertensão arterial, insuficiência renal ou de embolia gasosa, aos acidentes com o cateter, como sua quebra ou a sua desconexão acidental, a infecção e a possibilidade de aparecimento de enterocolite

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necrosante. As contra-indicações ao cateterismo arterial são evidências de comprometimento vascular em ramo aórtico distal, a ponta do cateter, presença de onfalite, peritonite, ou de enterocolite necrosante ou ainda de insuficiência renal ou além de defeitos de fechamento da parede abdominal. Nos RN com história de diástole reversa (grave sofrimento fetal), evitar , quando possível,o cateterismo de vasos umbilicais.

A patência do catéter umbilical deve ser mantido com com soro fisiológico e heparina 0.25U/ml.

O catéter arterial umbilical deve ser mantido enquanto o recém,-nascido estiver grave (para controle de gasdes), até no máximo por 10 dias, exceto se complicações inerentes ao mesmo

Drogas que não devem ser infundidas pelo catéter umbilical arterial incluem; femobatbital endovbenoso,, gluconato de cálcio, NaCl a 3%, drogas vasoativas. Nào fazer transfusào de sangue.

A dieta não deve ser feita até 24 hs após a retirada do catéter, embora não haja consenso na literatura a respeito deste tema (geralmente não introduzimos a dieta nestes RN com catéteres umbilicaias arteriais porque são RN graves e instáveis). Ao colher sangue,não faz6e-lo além de 20 segundos (alteração na velocidade do fluxo sanguíneo cerebral com maior risco de hemorragia peri/intraventricular)

Os catéteres umbilicais arteriais estào indicados em situações de gravidade, independente do peso ao nascer (exemplo: RN com hipertensão pulmonar persistente)

Tabela 1.Distância Ombro-Umbigo (cm)

Distância da inserção do cateter (cm)

Localização Arterial alta Localização Venosa9 9,0 5,710 10,5 6,511 11,5 7,212 13,0 8,013 14,0 8,514 15,0 9,515 16,5 10,016 17,5 10,517 19,0 11,518 20,0 12,5Ahmanson Pediatric Center/ Cedars-Sinai Medical Center. [email protected]

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B) CATETERISMO VENOSO CENTRAL PERCUTÂNEO

Os recém nascidos de muito baixo peso (RN MBP) necessitam acesso venoso central

prolongado para propiciar uma nutrição adequada antes que se estabeleça a alimentação

enteral integral. A técnica envolve a inserção percutânea de um cateter venoso central de

silástico, de diâmetro muito reduzido, em uma veia periférica.

Comparando-se a outros métodos de acesso venoso, o cateter percutâneo tem vantagens já

documentadas, que incluem:

- Fácil introdução, podendo ser realizado na incubadora.

- Múltiplas escolhas para o local de inserção.

- Acesso venoso confiável.

- Segurança no acesso da nutrição parenteral .

- Procedimento de pouco stress para o RN

- Evita o sofrimento associado a inúmeras punções

- Melhor evolução/ resultado clínico.

- Facilita a interação dos pais com o RN.

- Melhor relação custo/benefício

As possíveis complicações incluem:

- Tromboembolismo gasoso.

- Trombose: Veia cava superior, átrio direito.

- Sepses: permanece a complicação mais comum (íncidência de 3 –16%). Êmbolos

infectados podem se soltar, causando abcessos disseminados.

- Rotura :

- a agulha introdutora pode rasgar o cateter durante a inserção.

- O cateter pode se partir dentro da veia (ou em sua parte externa) se uma tensão

excessiva for produzida.

- O cateter pode se romper devido a altas pressões exercidas no seu interior.

- Extravasamento: efusão pericárdica, hidrotórax, hemotórax (mais raro).

- Arritmias cardíacas: cateter posicionado muito enterrado no átrio direito.

Desvantagens:

- Não permite a infusão de sangue e hemoderivados

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- Acesso é difícil em locais anteriormente puncionados.

Inserção do Cateter

Equipamento necessário:

- Carrinho de curativos limpo com álcool a 70% por um minuto, seque. Máscaras (2),

solução heparinizada (50 U/5 ml), soluções para limpeza de pele fechadas (povidine

tópico, clorexidina aquosa), bomba de infusão.

- Material estéril:

- Cateter selecionado.(Vygon NeocathÒ, PremicathÒ ou Epicutâneo)

- Capote e luvas.

- Campos estéreis, incluindo campo fenestrado.

- Bandeja de curativo

- Equipo com frasco de infusão venosa.

- Seringas e agulhas variadas.

- Gaze montada.

- Duas unidades de three-way.

- Gazes estéreis.

- Curativo adesivo (como o TegadermÒ)

Antes de remover o cateter umbilical em uso, o médico assistente deve planejar a

colocação de um cateter venoso central percutâneo (CVCP) por 7 até 10 dias naqueles

bebês que requerem acesso venoso central prolongado.

Se o sítio de inserção do cateter for na cabeça, deve-se fazer tricotomia numa área se 5 cm

de diâmetro.

O cateter é inserido segundo técnica asséptica, usando máscara, gorro e capote.

Quanto maior o campo estéril utilizado, menor o risco de sepse. A limpeza do local de

inserção é uma das medidas mais importantes para evitar a sepse relacionada ao cateter.

Aplica-se solução alcoólica de clorexidina ao sítio de inserção e deixa-se secar por 2

minutos. Deve-se evitar que o bebê fique sobre o local molhado, removendo qualquer

campo ou lençol úmido assim que terminado o procedimento.

Escolhe-se o vaso a ser puncionado e procede-se a mensuração do cateter. Medir do

ponto de inserção até a junção do manúbrio esternal com a clavícula direita e até o 2o

espaço intercostal direito, acrescentar 3 cm a esse valor. Realizar a antissepsia local, usar

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paramentação cirúrgica e colocar os campos estéreis. Garrotear o braço e realizar a punção

com o introdutor do kit disponível. Uma vez dentro da veia, retira-se o mandril do

introdutor e com o auxílio de uma pinça introduz-se o cateter até a marca estabelecida.

Retira-se o introdutor.

Uma vez inserido, o restante do cateter é enrolado e fixado à pele usando tiras

adesivas estéreis. O conector do cateter é preso a um pequeno rolo de gaze estéril. O sítio

de inserção e o conector são cobertos com curativo oclusivo (Tegaderm®), fixando-se bem

suas bordas e evitando que o cateter fique embolado. Certifique-se de que o conector do

cateter está imobilizado e que o curativo permite a visualização do sítio de inserção.

Confirme a posição da ponta do cateter através de RX ou ultra-som antes de

infundir qualquer solução. O sítio de melhor localização é a veia cava superior, próximo à

chegada do átrio. Outros locais aceitáveis são as veias axilar, femoral, cefálica e temporal.

A circulação periférica deve estar preservada.

A experiência clínica tem mostrado que o risco de infecção do CVCP aumenta a

cada semana de permanência do cateter. Em geral a retirada eletiva do cateter ao término

da 4ª semana é um meio termo entre sua longevidade e o risco de infecção.

É importante anotar a data do procedimento, tipo de cateter, profundidade da

inserção e a localização radiológica.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA O CVCP

- O bebê deve estar seco e limpo, deve-se proceder o controle térmico.

- Trocas rotineiras de curativo estão contra-indicadas devido ao risco de infecção e de

deslocamento acidental do cateter. Os curativos devem ser trocados apenas quando o

curativo adesivo descola, o cateter estiver fixado incorretamente ou embolado, ou

quando o sítio de inserção necessitar de observação mais detalhada devido a edema,

inflamação ou extravasamento de fluidos.

- As trocas de curativo requerem a presença de duas enfermeiras bem treinadas na

técnica. É um procedimento estéril e a área deve ser limpa com povidine tópico e

clorexidina aquosa antes de reaplicar o curativo.

- Não é necessário imobilizar o membro puncionado com uma tala.

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- O sítio de inserção deve ser observado a cada hora para sinais de obstrução da veia cava

superior (inchaço do braço/pescoço), extravasamentos, sangramentos, sinais de infecção,

vazamento da infusão, segurança da fixação do cateter e do curativo oclusivo.

- A heparina profilática na solução infundida nos CVCP reduz a incidência de oclusão do

cateter, aumentando a vida útil do mesmo. A concentração ótima pode ser até um mínimo

de 0.25 U/ml nas nutrições parenterais e resulta em uma menor elevação de ácidos graxos

livres em infusões lipídicas.

- Os cateteres centrais não podem ficar heparinizados sem infusão, cuja vazão deve ser de

pelo menos 0.5 ml /h para assegurar sua patência.

- Não se deve infundir sangue ou hemoderivados nesses cateteres.

- Se o cateter ocluir, não tente desobstruí-lo com seringa, o que gera alta pressão e risco

de ruptura. É melhor retirá-lo, mesmo que depois seja necessário passar novo cateter.

- Não colha sangue para exames através do cateter. É altíssimo o risco de oclusão.

- O conector permanente tem um papel importante na sepse relacionada a cateter,

especialmente naqueles de uso prolongado.

- A rotura do cateter devida a pressões elevadas geradas em seu interior é um risco

potencialmente muito sério. A empresa Vygon estabelece que seus cateteres suportam:

* Pressão contínua de até 14.5 psi (750 mmHg)

* Pressão de infusão em bolo de até 17.4 psi (900 mmHg)

* Pode se rompe entre 58- 72 psi (3000-3700 mmHg)

No entanto,

* Seringas de 1 ml geram pressão de 150 psi (7800 mmHg)

* Seringas de 3 ml geram pressão de 120 psi (6200 mmHg)

* Seringas de 5 ml geram pressão de 90 psi (4608 mmHg)

Conforme foi exposto, quanto menor o volume da seringa, maior a pressão que ela pode

gerar, expondo o paciente ao risco de ruptura do cateter . Assim, orienta-se nunca usar

seringas de 1, 3 ou 5ml diretamente no conector do cateter.

O objetivo do cuidado de enfermagem é minimizar o número de vezes que a linha de

infusão é violada:

- Planeje as trocas de soro e a administração de medicamentos de forma a reduzir o número

de violações à linha.

Page 10: Acesso Vascular

- As infusões venosas devem ser preparadas seguindo-se técnica estéril, com gorro,

máscaras, capote e a assistência de uma segunda enfermeira.

- Antes de abrir a linha para fazer medicações aplique solução de clorexidina alcoólica a

0.5% no conector e deixe até secar.

- Troque todas as infusões administradas a cada 24h.

Procedimento para retirada do Cateter Venoso Central Percutâneo

O cateter deve ser removido tão logo o seu uso deixe de ter indicação clínica. Outras

indicações para retirada do cateter são:

- Bacteremia e/ou sintomas clínicos que persistam mais do que 24-48h após o início de

antibioticoterapia através do cateter.

- Infecção progressiva do sítio de inserção, especialmente por Pseudomonas.

- Septicemia devido a fungemia.

- Condição clínica instável do recém-nato e/ou instalação de hipotensão devido a sepse.

- Evidência de êmbolo séptico ou endocardite.

O CVCP pode ser retirado por uma enfermeira clínica usando técnica asséptica:

- Deve-se parar a infusão

- Retirar o curativo oclusivo e as tiras adesivas, cuidando para não ferir a pele. Pode-se

usar óleo vegetal.

- O cateter deve ser removido lentamente, usando uma tração controlada . Se prender,

pare e procure ajuda do médico assistente.

- Certifique-se de que o cateter está completo, com todas suas marcações.

- CVCP não são rotineiramente enviados para cultura, em caso de dúvida, discuta com o

médico assistente.

- Controle o sangramento fazendo pressão, se necessário.

- Cubra o sítio com um curativo pequeno e remova com 24h.

- Observe o sítio para ocorrência de sangramentos ou sinais de infecção.

- Relate o procedimento.

Page 11: Acesso Vascular

O acesso venoso central é essencial no cuidado do recém-nascido pré-termo,

favorecendo sua estabilização e a manutenção de uma nutrição adequada. É um

procedimento invasivo com riscos para o bebê. Tais riscos são minimizados quando se

adere minuciosamente a um programa de controle de infecção, além de educação e

treinamento contínuos.

Na presença de fungemia, todo catéter vascular central deve ser removido

imediatamente

PRESCRIÇÃO DE DROGAS INCOMPATÍVEIS EM UMA MESMA VIA DE INFUSÃO

O médico deverá conhecer se seu paciente tem uma ou mais vias de acesso de

drogas, e se há prolongadores na via (habitualmente, quando se trata de Jelco, o

prolongador é o Polifix, que tem 1,6 ml de volume interno( o PICC, 0,5 ml, e o cateter terá,

sempre, um Three-Way). Vide tabela 2.

1- Decidida a medicação contínua, exemplo da NPT (nutrição parenteral total), das

drogas vaso-ativas e sedo-analgésicas, o médico deverá se ater à necessidade de

“lavar” a via de infusão e, para tanto, deverá prescrever o procedimento a ser

adotado pela enfermagem:

3.1- Exemplo 1: no caso da prescrição de Furosemide de 12/12 horas em um RN

com Polifix usando Dopamina e Dobutamina, prescrever “lavar a via com 1,6 ml de

AD (água destilada) antes e depois de fazer o Furosemide”;

3.2- Exemplo 2: o RN está usando Vancomicina cada 8 horas e Dexametasona cada

12 horas. Se houver coincidência de horário às 02 horas, por exemplo, escrever

“lavar a via com 1,6 ml de AD(se usando Polifix) após fazer a Dexametasona e, só

então, injetar a Vancomicina no injetor lateral para iniciar sua infusão”;

3.3- Exemplo 3: o RN em NPT usando Amicacina, que é incompatível com Lipídio

e requer 30 minutos de infusão. A NPT deverá ser interrompida, a via deverá ser

lavada com 1,6 ml de AD(se usando Polifix) e colocada a correr com uma

quantidade de água destilada a ser determinada por escrito; ao final, prescrever que

a via de acesso deverá, novamente, ser lavada com 1,6 ml de AD, e somente após

isso a NPT deverá ser re-iniciada.

Page 12: Acesso Vascular

2- A NPT deverá ser prescrita dentro do tempo que resta para fazer 24 horas. Assim, se

ficar estabelecido que existirão duas interrupções de 30 minutos, a NPT deverá ter

seu gotejamento calculado para correr em 23 horas;

3- O médico deverá computar TODAS essas infusões de AD no cálculo da Taxa

Hídrica diária, além de considerá-la no cálculo dos eletrólitos;

4- Na dúvida, não prescreva o medicamento;

5- Lembramos que a prescrição de medicamentos é um ato médico e, como tal, sua

inteira e intransferível responsabilidade.

Tabela 2. Incompatibilidade de drogas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

AMICACINA

AMIN

OFILINA

AMPICILINA

CA

GLUCON

ATO

CEFEPIMA

DEXAMETAZONA

DIGOXINA

DOB

UTA

MINA

DO

PAMINA

FENOBARBI

TAL

FENI

TOINA

FENT

ANIL

FLUCON

AZOL

FRUT

OVI

TAM

FURO

SEMI

DE

GENTAMICINA

HEPARINA

>1U/ML

HIDROCO

RTISONA

INSULINA

KANAKION

LAN

ATOSI

DEO

1 AMICACINA X x x2 AMINOFILINA X X X3 AMPICILINA x x x4 CA GLUCONATO X5 CEFEPIMA X6 DEXAMETASONA7 DIGOXINA X X8 DOBUTAMINA X X X X X X9 DOPAMINA X X

10 FENITOINA X X X X X X X11 FENOBARBITAL X X X12 FENTANIL13 FLUCONAZOL X X X X14 FRUTOVITAM15 FUROSEMIDE X X X X

Page 13: Acesso Vascular

16 GENTAMICINA X X X X17 HEPARINA >1U/ML X* X X X*18 HIDROCORTISONA X X19 INSULINA X X X X20 KANAKION X21 LANATOSIDEO22 LIPIDIOS X X X X23 METRONIDAZOL X24 MIDAZOLAN X X X X X25 NALOXONE26 OXACILINA X X27 PIPERACILINA X X X28 PROSTIN29 RANITIDINA X X30 VANCOMICINA X X X X

Em resumo: www.perinatal.com.brTABELA DE INCOMPATIBILIDADE DE DROGAS:DROGA INCOMPATIBILIDADEAMICACINA Anfotericina, Ampicilina, Lipídeo

na NPT, Difenilhidantoína e Tiopental.

ANFOTERICINA Amicacina, Penicilina, Gentamicina, Fluconazol, Cálcio, Potássio, Dopamina, Cimetidina e Ranitidina.

AMPICILINA Aminoglicosídeos, Fluconazol e Metoclopramida.

CEFOTAXIME Aminofilina, Fluconazol e Bicarbonato.

CEFOTAZIDIME FluconazolCEFTRIAXONE Fluconazol e VancomicinaFLUCONAZOL Anfotericina, Ampicilina,

Cefotaxime, Ceftazidime, Ceftriaxone, Gluconato de Cálcio, Digoxina e Furosemida.

GENTAMICINA Anfotericina, Ampicilina, Oxacilina, Penicilina, Furosemida, Indometacina e Lipídeo.

METRONIDAZOL Dopamina e NPT.OXACILINA Aminoglicosídeos.DIFENILHIDANTOÍNA Amicacina, Dobutamina, Morfina,

Potássio, Ranitidina e NPT.DOBUTAMINA Aminofilina, Digoxina,

Furosemida, Indometacina, Fenitoína e Bicarbonato de Sódio.

INDOMETACINA Dobutamina, Dopamina, Gentamicina, Tolazolina, Cálcio,

Page 14: Acesso Vascular

NPT, Glicose a 7,5% e 10%.ISOPROTERENOL Furosemida e Bicarbonato de

Sódio.AMINOFILINA Cefotaxime, Dobutamina,

Isoproterenol, Insulina, Adrenalina e Metilprednisolona.

FUROSEMIDA Dobutamina, Fluconazol, Gentamicina, Isuprenalina e Morfina

DEXAMETASONA Vancomicina.FENTANIL Tiopental e NPT.MIDAZOLAN Fenobarbital, Ranitidina e

PotássioNUTRIÇÃO PARENTERAL (solução com lipídeo)

Amicacina, Gentamicina, Fenitoína, Indometacina, Anfotericina, Ampicilina, Metronidazol, Fenobarbital e Fentanil. OBS.: Dopamina, Dobutamina, Isoproterenol, Dexametasona, Cefalosporinas e Bicarbonato são compatíveis em sítio terminal.

FENOBARBITAL Potássio, Midazolan, Morfina, Ranitidina, Vancomicina, Insulina e NPT.

BICARBONATO DE SÓDIO

Cálcio, Cefotaxime, Dopamina, Morfina, Dobutamina, Magnésio e Adrenalina.

 

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