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FACULDADE CATÓLICA SALESIANA DO ESPÍRITO SANTO FABIANA FERREIRA CÂNDIDO AÇÕES DO ENFERMEIRO NA DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES NO BRASIL VITÓRIA 2013

AÇÕES DO ENFERMEIRO NA DETECÇÃO PRECOCE DO … DO ENFERMEIRO NA DETECCAO... · faculdade catÓlica salesiana do espÍrito santo . fabiana ferreira cÂndido . aÇÕes do enfermeiro

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  • FACULDADE CATLICA SALESIANA DO ESPRITO SANTO

    FABIANA FERREIRA CNDIDO

    AES DO ENFERMEIRO NA DETECO PRECOCE DO CNCER DE MAMA EM MULHERES NO BRASIL

    VITRIA 2013

  • FABIANA FERREIRA CNDIDO

    AES DO ENFERMEIRO NA DETECO PRECOCE DO CNCER DE MAMA EM MULHERES NO BRASIL

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado a Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo, como requisito obrigatrio para obteno do ttulo de Bacharel em Enfermagem.

    Orientador: Prof Dra.Lvia Perasol Bedin

    VITRIA 2013

  • FABIANA FERREIRA CNDIDO

    AES DO ENFERMEIRO NA DETECO PRECOCE DO CNCER DE MAMA EM MULHERES NO BRASIL

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado a Faculdade Catlica Salesiana do Esprito Santo,

    como requisito obrigatrio, para obteno do ttulo bacharel em enfermagem.

    Aprovada em .....de.............................de 2013, por:

    BANCA EXAMINADORA

    __________________________________

    Orientadora: Prof Dra.Lvia Perasol Bedin

    __________________________________

    Prof. Esp. Ingrid Frederico Barreto

    __________________________________

    Prof. Ms Daliana Lopes Morais

  • AGRADECIMENTOS

    Em primeiro lugar, agradeo Deus, pela fora e coragem durante toda esta longa

    caminhada.

    Dedico esta como todas as minhas demais conquistas, aos meus admirveis e

    amados pais, Jos Cndido e Iracema Ferreira Cndido, por acompanhar cada

    momento de dedicao e luta. E que mesmo percebendo o meu desespero,

    cansao, no me deixaram desistir em momento algum da concretizao deste

    grande objetivo.

    A esta vitria, tambm agradeo a todos os meus amigos que presenciaram de perto

    o meu esforo, foram longas noites de sono perdidas. Aos professores que me

    acompanharam durante a graduao, em especial a professora, Dra. Lvia Perasol

    Bedin, que teve toda dedicao e pacincia para a realizao deste to sonhado

    trabalho.

  • O sucesso nasce do querer, da determinao e persistncia em se chegar a um

    objetivo. Mesmo no atingindo o alvo, quem busca e vence obstculos, no mnimo

    far coisas admirveis.

    Jos de Alencar

  • RESUMO

    Esta pesquisa estabeleceu como delimitao do estudo, identificar as aes do

    enfermeiro na deteco precoce do cncer de mama em mulheres no Brasil, analisar

    sua etiologia e os fatores de risco relacionados, ressaltando a importncia da

    preveno primria e secundaria na sade pblica. Diante deste contexto, balizou-se

    como objetivo geral descrever as aes do enfermeiro na preveno primria e

    secundria do cncer de mama. Em relao aos objetivos especficos, demarcou-se:

    apresentar o que o cncer de mama e seus principais tipos e, identificar a situao

    do cncer de mama no Brasil. Metodologia: Pesquisa de reviso bibliogrfica, com

    consulta a artigos publicados entre o perodo de 2002 a 2012 na base do Instituto

    Nacional Cncer, LILACS,SISMAMA e DATASUS As concluses do estudo

    demonstraram que o carcinoma da mama cada vez mais visvel no mundo, assim

    como na sociedade brasileira, caracterizando uma preocupao e uma tendncia

    universal. Atravs desta pesquisa, considerando a literatura apresentada, identifica-

    se como extrema importncia o enfoque da preveno primria na sade pblica

    no que se refere educao coletiva das mulheres para a prtica de exames

    peridicos que possibilitem o diagnstico precoce do cncer de mama, j que, esta

    neoplasia responsvel pela morte de grande nmero de mulheres que no

    realizam a sade ginecolgica. tambm de igual importncia, a preveno

    secundria que tambm precisa ser destacada, na medida em que aps a deteco

    precoce do cncer de mama, possui como finalidade comear o tratamento o mais

    rpido possvel e impedir que acontea a infiltrao de clulas cancergenas nos

    tecidos sadios.

    Palavras-chave: Cncer de mama. Preveno. Diagnstico. Sade.

  • ABSTRACT

    This research established as delimitation of the study, identifying actions of the nurse

    in early detection of breast cancer in women in Brazil, analyzing its etiology and risk

    factors, emphasizing the importance of primary prevention and secondary public

    health. Given this context, buoyed up as a general objective describing the actions of

    the nurse in primary and secondary prevention of breast cancer In relation to the

    specific objectives, it drew attention to: present what is breast cancer and their main

    types and identify the situation of breast cancer in Brazil The study's findings showed

    that breast cancer is becoming increasingly visible on the world as well as in

    Brazilian society, featuring a concern and a universal trend. Through this research,

    considering the literature presented, it is identified as extremely important to focus on

    primary prevention in public health with regard to the collective education of women

    to the practice of periodic tests that enable early diagnosis of breast cancer, as that

    this neoplasm is responsible for the death of large numbers of women who do not

    perform gynecological health. It is also of equal importance, secondary prevention

    also needs to be highlighted, in that after the early detection of breast cancer, has as

    its purpose to begin treatment as soon as possible and prevent it from happening

    infiltration of cancerous cells in healthy tissues .

    Keywords: Breast cancer. Prevention. Diagnosis. Health.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Prevalncia de atividade fsica suficiente no tempo livre, em

    porcentagem. ................................................................................................................ 26

    Tabela 2 Taxa de incidncia de neoplasias malignas (nmero de casos por

    100.000 habitantes, por regio do Brasil, em 2010 e 2011). ......................................... 29

    Tabela 3 Taxa de mortalidade especfica por neoplasias malignas, em mulheres na

    faixa etria dos 50 a 59 anos, 60 e 69 anos. ................................................................. 30

    Tabela 4 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona rural ..... 30

    Tabela 5 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona rural

    (continuao) ................................................................................................................. 31

    Tabela 6 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona

    urbana ......................................................................................................................... 32

    Tabela 7 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona urbana

    (continuao) ................................................................................................................. 32

    Tabela 8 Proporo da populao feminina de 50 a 69 anos que refere ter

    realizado a ltima mamografia em at 2 anos ............................................................... 33

    Tabela 9 Proporo da populao feminina de 50 a 59 anos que refere nunca ter

    realizado mamografia. ................................................................................................... 34

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 A mama e seus lbulos, alvolos e ductos lactferos secretrios (ductos

    de leite) que constituem a glndula mamaria (A). As ampliaes mostram um lbulo

    (B) e clulas secretoras de leite de um alvolo (C) ....................................................... 22

    Figura 2 Fases Tumor Primrio: 1/4; 2/4; 2/3; 4/4 ...................................................... 24

    Figura 3 Sinais e sintomas - Mama com aspecto de casca de laranja ....................... 25

    Figura 4 Realizando o Exame Clnico da Mama ........................................................ 60

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Populao-alvo e periodicidade dos exames ............................................ 40

  • LISTA DE ABREVIATURA

    AIS Aes Integradas da Sade

    CA Cncer

    ECM Exame Clnico das Mamas

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    INCA Instituto Nacional do Cncer

    MS Ministrio da Sade

    OMS Organizao Mundial da Sade

    PAISM Programa de Ateno Integral Sade das Mulheres

    PRO-ONCO Programa de Oncologia

    PNAO Poltica Nacional de Ateno Oncolgica

    SISMMA Sistema de Informao do Cncer de Mama

    SUS Sistema nico de Sade

    SAI Sistema de Informao Ambulatorial

    RAO Rede de Ateno Oncolgica

  • SUMRIO 1 INTRODUO ........................................................................................................... 13

    2 REFERENCIAL TERICO ......................................................................................... 19

    2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA ................................................................... 19

    2.2 CNCER E MAMA .................................................................................................. 23

    2.3 PREVENO PRIMRIA E SECUNDRIA DO CNCER DE MAMA .................... 37

    2.4 POLTICAS PBLICAS DE SADE ........................................................................ 43

    2.4.1 Programas Do Ministrio da Sade .................................................................. 46

    2.4.1.1 Programa Viva Mulher ....................................................................................... 47

    2.4.1.2 Estratgia Sade da Famlia ............................................................................. 48

    2.5 EDUCAO EM SADE ........................................................................................ 50

    2.6 AES DE ENFERMAGEM NA PREVENO DO CNCER DE MAMA .............. 54

    3 CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 67

    REFERNCIAS ............................................................................................................ 71

  • 13

    1 INTRODUO

    Cncer a doena considerada mais habitual da mama, muitas vezes se

    concentrando em mulheres entre 40 e 60 anos de idade. De incio, o carcinoma da

    mama se apresenta com um tumor de pequena extenso, que no se move e sem

    causar dor, quase no ocasionando efeitos aos gnglios das axilas; posteriormente

    o tumor passa a crescer o volume dos gnglios regionais mais prximos; com o

    andamento da enfermidade, o tumor cresce em tamanho, examinvel com as mos

    com facilidade e incorpora-se fscia profunda e aos msculos subjacentes; nas

    etapas mais progredidas acontece lcera do tumor, com seu estabelecimento s

    composies mais adentro do trax, estagnao linftica no brao atingido,

    metstases para os ossos e determinadas vsceras (BONASSA, 2005; INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2006; SMELTZER et. al., 2009).

    O cncer uma doena que se desenvolve, devido a questes hereditrias e pela

    qualidade de vida do indivduo. Esta patologia causada pela multiplicao anormal

    das clulas da mama, que forma um tumor maligno. A neoplasia de mama tem cura,

    se descoberto no incio (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2010).

    Esta enfermidade tem-se mostrado cada vez mais visvel no mundo, assim como na

    sociedade brasileira, caracterizando uma preocupao e uma tendncia universal.

    Ele considerado um grande problema de sade pblica em pases desenvolvidos,

    sendo responsvel pela alta incidncia de bitos a cada ano (GALLO; GUERRA;

    MENDONA, 2005).

    Os autores Davim e colaboradores (2003) relatam que atualmente tem-se visto uma

    grande discusso em torno do cncer de mama, onde se buscam medidas que

    promovam o seu diagnstico de forma precoce, e dessa forma, a reduo de sua

    morbimortalidade. Isso ocorre, pois o cncer de mama uma patologia de extrema

    gravidade para sade pblica, em nvel mundial, devido seus elevados ndices de

    incidncia.

    Dessa forma, a educao em sade, atravs de campanhas de conscientizao e

    orientaes ambulatoriais que abarcam o exame clinico da mama, o dever de

    preveno ginecolgica anualmente e o aumento de prticas preventivas, como a

    ausncia de contato aos fatores de risco, so imprescindveis na busca do combate

  • 14

    desta enfermidade (DAVIM et al., 2003; SCLOWITZ et al., 2005).

    Atualmente, a neoplasia considerada o segundo tipo mais comum no mundo o

    cncer de mama, sendo tal carcinoma, tambm, o mais comum entre as mulheres, o

    que o oposto do cncer de colo de tero que possui como fatores de risco a

    promiscuidades, falta de higiene, multiparidade e outros e para o cncer de mama

    pode-se citar a exposio elevada das mulheres a produtos qumicos vindos do atual

    processo de industrializao, causado pela entrada da mesma no mercado de

    trabalho que anteriormente era somente vivenciado por homens, alm de outros

    fatores de risco j conhecidos, como a baixa paridade, menarca precoce e

    menopausa tardia, lcool, tabagismo, obesidade, sedentarismo (GALLO; GUERRA;

    MENDONA, 2005).

    De acordo com o Instituto Nacional de Cncer (2009), sem levar em conta os

    tumores de epiderme no melanoma, o cncer de mama a forma mais comum nas

    mulheres das regies Sul (64/100.000).

    Atualmente, esta forma de cncer vem sendo considerado um problema de extrema

    relevncia para sade pblica na Amrica Latina, sendo possvel verificar, nesta

    regio, um crescimento slido nas taxas de mortalidade por cncer de mama nos

    ltimos quarenta anos (GALLO; GUERRA; MENDONA, 2005).

    O crescimento dos casos de cncer da mama, nas distintas populaes, est

    associado a fatores que assinalam os diversos graus de progresso scio econmico

    cultural e sujeio aos poluidores do meio ambiente estabelecido pelos modos

    diversificados de vida. Os fatores de predisposio podem ser relativos aos

    alimentos, hormnios, reprodutivos e de formao (VALLE, 1999).

    Para Kligerman (2001) o cncer de mama representa uma questo de sade

    pblica, e sua preveno e seu domnio precisa permanecer sendo destacados em

    nvel nacional, mesmo naqueles em que, inicialmente, a populao ainda revela

    baixos fatores de risco de tornar-se enfermo.

    A neoplasia da mama um dos tipos mais estudados atravs de mltiplas

    caractersticas, sobretudo, no que se refere s seus aspectos epidemiolgicos. O

    cncer a expresso utilizada para se referir a uma srie de mais de 100 doenas

    que se distingue pelo aumento desenfreado das clulas malignas, havendo uma

    enorme probabilidade de colonizar demais estruturas orgnicas (metstase)

  • 15

    (FREIRE; MASSOLI, 2006).

    O cncer de mama considerado uma das grandes complexidades de sade

    coletiva no mundo, sendo possivelmente o que mais aflige as mulheres por causa da

    sua elevada ocorrncia e tambm devido a suas consequncias psicolgicas (DIAS;

    GONALVES, 1999).

    Os cancros da mama podem acontecer em qualquer parte da mama, mas, mais

    comum serem localizados no quadrante superior externo, em que se encontra a

    grande parte da formao mamria. Geralmente, os danos proporcionam dor, so

    tumores fixos e endurecidos com margens desiguais (SMELTZER et. al., 2009).

    No Brasil o carcinoma da mama tido como a doena que mais provoca bitos entre

    as mulheres, no ano de 2006 ocorreu mais episdio de cncer de mama, chegando

    a alcanar mais 48.000 casos novos. Estes dados indicam que o crescimento

    aparece em pases desenvolvidos ou em pases em desenvolvimento (FREIRE;

    MASSOLI, 2006).

    Os ndices de caso de acordo com a idade nos Registros de Cncer de Base

    Populacional de distintos continentes, nas dcadas de 60 e 70, foram objeto de

    mudanas em 10 vezes, conforme informaes da Organizao Mundial de Sade

    (OMS). No ano de 1987, essa enfermidade foi causa da morte de 15% das

    mulheres do Brasil (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2006).

    O carcinoma de mama corresponde ao motivo central para causa de morte em

    mulheres no Brasil, e no mundo fica atrs somente do cncer de pulmo

    (CANTINELLI et al., 2006).

    Por ser, na maioria das vezes, diagnosticado em estgios mais avanados, as taxas

    de bitos por cncer de mama no Brasil ainda se encontram elevadas. (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2010).

    No que se refere ao carcinoma de mama, um estudo aponta que a sobrevida relativa

    para os pacientes de quase 50% em cinco anos. Apesar desta estatstica, ainda

    no existem pesquisas suficientes no Brasil, para precisar a sobrevida de pacientes

    com neoplasia de mama. Seria necessria uma rotina ininterrupta atravs de um

    grande perodo de tempo, como ocorre em determinados pases. Porm possvel

    apontar que existem pesquisas especificas em alguns lugares do Brasil, podendo

  • 16

    ser utilizadas como exemplo para apresentar alguns resultados (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2008).

    Conforme Pivetta (2004), no Brasil, o cncer compe a segunda causa de morte,

    vindo depois apenas das doenas cardiovasculares.

    Segundo o Instituto Nacional do Cncer (2011), as previses para o ano de 2013

    sero as mesmas do ano de 2012, nas quais se apontavam a incidncia de cerca de

    518.510 casos no Brasil. Inclui-se tambm nessa lista as neoplasias de pele no

    melanoma, mostrando dessa forma a dimenso do problema que o cncer no pas.

    Como revela Smeltzer e colaboradores (2009), a sade da mulher corresponde a

    uma matria especifica de cuidado sade exclusiva e em ampliao. Na medida

    em que as mulheres utilizam o servio de assistncia sade com maior constncia

    que os homens e representam a maior parte dos profissionais de sade, tratar das

    necessidades e inquietaes relacionadas sade da mulher aprimorar a

    qualidade oferecida e o ingresso para todos os indivduos.

    Constata-se que o cncer de mama corresponde a uma grande questo de sade

    pblica no Brasil. a neoplasia de mama mais recorrente que ataca as mulheres,

    sendo capaz de ocasionar enormes transformaes anatmicas, psicolgicas e

    sociais, interferindo na qualidade de vida das pacientes e provocando inferncia na

    interveno do profissional de sade. Nesse sentido, verifica-se que o cncer de

    mama e a sua teraputica geralmente mutiladora, sendo possvel direcionar a

    mulher a transformaes na sua imagem prpria, diminuio funcional, mudanas

    psquicas e sociais (BARRA; DIAS; MAKLUF, 2006).

    Dados do Instituto Nacional do Cncer (2012) destacam que a incidncia do

    carcinoma de mama para o Brasil ser de 52.680, com estimativa de 52 casos novos

    a cada 100 mil mulheres. Estima se para o Esprito Santo 900 casos para 100.000

    habitantes. No que se refere mortalidade, no ano de 2010, o nmero de mortes

    alcanou um percentual de 12.852, sendo 147 homens e 12.705 (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2010).

    Diante desse contexto, apresenta-se como problema de pesquisa a seguinte

    questo: Quais so as aes educativas desenvolvidas pelos enfermeiros na

    deteco precoce do cncer de mama em mulheres no Brasil?

  • 17

    Com a finalidade de responder a esta questo delimitou-se como objetivo geral,

    descrever as aes do enfermeiro na preveno e diagnstico do cncer de mama.

    Com relao aos objetivos especficos, definiu-se apresentar o que o cncer de

    mama e seus principais tipos e, identificar a situao do cncer de mama no Brasil.

    A relevncia deste estudo se justifica na contribuio em identificar os problemas na

    preveno e deteco do cncer no servio de ateno bsica e secundria no

    Brasil.

    Com o objetivo de ser mais bem compreendido, o trabalho foi estruturado em quatro

    partes distintas. A primeira parte apresenta o tema, o problema de pesquisa, os

    objetivos gerais e especficos. A segunda parte analisa o cncer de mama, dando

    nfase anatomia da mama, sua fisiologia, seus fatores de risco, o diagnstico e

    apresenta situao do carcinoma de mama no Brasil. A terceira parte descreve as

    aes do enfermeiro na preveno e diagnstico do cncer de mama. E por fim, a

    ltima parte em que se realiza a anlise dos dados sobre as possveis lacunas das

    polticas pblicas em relao s aes do enfermeiro no cncer de mama.

    Em relao ao tipo de pesquisa metodolgica e mtodo adotado, foi delimitado como

    instrumento de anlise a pesquisa bibliogrfica, com consulta a artigos publicados

    entre o perodo de 2002 a 2012 na base do Instituto Nacional Cncer (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em

    Cincias da Sade) SISMAMA (sistema de informao do cncer de mama), na

    base Scielo, Biblioteca Virtual (biblioteca virtual em sade), outra fonte em que a

    pesquisa se fundamentou foram os artigos do DATASUS do perodo de 2000 a

    2010, salientando que no existem na referida base dados mais recentes,

    permitindo, assim, traar o referencial terico relacionado ao tema em questo.

    De acordo com Gil (1999), a pesquisa bibliogrfica pode ser entendida enquanto

    uma elaborao a partir de material j publicado, construdo, sobretudo a partir de

    livros, artigos de perodos e atualmente com material disponibilizado em revistas

    acadmicas na internet.

    relevante lembrar que a escolha das fontes de pesquisa foi baseada em

    publicaes de autores mais atuais relacionadas ao assunto no meio acadmico. A

    definio da pesquisa contemplou as fases de levantamento e seleo da

    bibliografia; coleta de dados; leitura minuciosa sobre o assunto.

  • 18

    2 REFERENCIAL TERICO 2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA

    As mamas so rgos binrios, que se encontram na parede anterior do trax, sobre

    os msculos da grande peitoral. Do lado externo, a mama, na sua rea central,

    constata-se uma arola e uma papila. Na papila mamria exteriorizam-se 15 a 20

    aberturas ductais, que correspondem aos acessos de substncias das partes

    funcionantes, que so os lobos mamrios (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER,

    2002). justaposta parte superior ao ligamento peitoral maior, que cobre as

    costelas, estendendo em configurao perpendicular a partir no plano da segunda

    costela alcanando at a sexta ou stima. Na horizontal percebvel localiz-la

    desde a margem do osso externo at prximo a linha imaginria demarcadora da

    terminao das axilas (GOUVEIA; RFO, 2009).

    A mama repartida em 15 a 20 lobos mamrios avulsos, afastados por tecido

    fibroso, de maneira que cada um tem a sua via de drenagem, que direciona para a

    papila, atravs do sistema ductal (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2002).

    Elas so formaes complexas compostas por trs modelos fundamentais de

    tecidos distintos: o tecido glandular, no qual so encontradas as composies que

    respondem pela fabricao de leite no decorrer da lactao; ao redor deste h o

    tecido adiposo, gordura na qual o volume em relao s glndulas no momento

    normal mais extenso do que no momento em que a mulher est amamentando,

    enquanto no decorre da lactao a quantidade de glndulas mamrias cresce

    relativamente s gorduras para preencher as demandas da criana. Por fim, a

    terceira espcie de tecido que se localiza na mama da mulher corresponde a tecidos

    conectivos, ou conjuntivo, formado por colgeno e elastina (GOUVEIA; RFO,

    2009).

    O cino corresponde a uma amostra terminal da rvore mamria, em que se

    encontram as cavidades secretoras que fabricam o leite. O lbulo mamrio

    representa o conjunto de cinos. Por sua vez, o lobo mamrio diz respeito unidade

    de funcionamento composta por uma srie de lbulos (15-20) que esto associados

    papila atravs de um ducto lactfero. Elemento distinto que compe a mama o

    ducto lactfero, ele corresponde a um sistema de canais (15-20) que conduz o leite

  • 19

    at a papila, a qual lanada por meio do orifcio ductal. Por sua vez a papila

    equivale a uma salincia formada de fibras musculares elsticas em que se

    transpem os ductos lactferos. A arola uma composio central da mama em

    que se delineia a papila. Formada de tecido adiposo, todo o remanescente da mama

    completado por tecido adiposo ou gorduroso, a qual a quantidade se altera com as

    particularidades fsicas, situao nutricional e idade da mulher (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2002).

    Elemento que tambm faz parte da mama so os ligamentos de Cooper, que tem o

    papel de contrao cutnea nos episdios de cncer de mama, so dilataes

    fibrosas que se pressionam na glndula mamria. Constata-se que as mulheres

    mais novas revelam mamas com maior parte de tecido glandular, o que faz desses

    rgos mais pesados e estveis (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2002).

    No momento em que a mulher est prxima da menopausa, o tecido mamrio

    comea a se atrofiar e sendo trocado gradualmente por tecido gorduroso, at se

    compor, quase que unicamente, de gordura e resqucios de tecido glandular na

    etapa ps-menopausa. Possuem como papel fundamental a fabricao do leite para

    a amamentao, porm, apresentam tambm enorme relevncia para a mulher,

    revelando um papel essencial na formao de sua autoestima e autoimagem. Alm

    disso, evidenciam a beleza do contorno do corpo feminino e cumprem uma funo

    ertica e de atrao sexual (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2002).

    relevante mencionar que a mama possui diversos papis, o primeiro deles a

    participao na lactao. Porm, a feminilidade evidenciada quando esta parte do

    corpo est em abundncia, j que considerada como uma das mais relevantes

    caractersticas sexuais da mulher, agindo em ocasies de procriao como um dote

    sexual, o que corresponde a uma funo secundria (MAIESKI; SARQUIS, 2007).

    Na fase infantil, as meninas demonstram pouco volume na regio mamria, devido a

    presena de tecido mamrio rudimentar. J na adolescncia, a hipfise, uma

    glndula que encontra-se no crebro, fabrica os hormnios folculo estimulante e

    luteinizante, que dominam a fabricao hormonal de estrognios pelos ovrios.

    Assim, as mamas comeam seu alargamento com a reproduo dos cinos e

    lbulos. A progesterona que comea a ser fabricada no momento em que os ciclos

    menstruais passam a ser ovulatrio, esta sujeita a atuao anterior do estrognio,

  • 20

    diferenciadora da rvore ducto-lobular mamria (INSTITUTO NACIONAL DO

    CNCER, 2008).

    Em relao lactao e o desenvolvimento das mamas, ainda que se inicie na

    puberdade, percebe-se que ele estimulado pelo estrognio do ciclo menstrual

    feminino, que tambm estimulam o crescimento da parte glandular das mamas e o

    depsito de gordura, que concede massa as mesmas. Na gravidez o crescimento

    das mamas bem mais intenso devido ao elevado nvel de estrognios, o que faz

    com que enfim o tecido glandular se torne completamente desenvolvido para

    produzir leite. (GUYTON, 2006).

    No que se refere ao crescimento do sistema de ductos e o papel dos estrognios, no

    decorrer de toda a gravidez, as grandes quantidades de estrognios secretadas pela

    placenta fazem com que o sistema de ductos das mamas cresa e ramifique-se. Ao

    mesmo tempo, o estroma das mamas aumenta em quantidade, e grandes

    quantidades de gorduras so depositadas no estroma (GUYTON, 2006).

    Quatro outros hormnios so da mesma forma relevante para o crescimento do

    sistema de ductos: hormnio do crescimento, prolactina, os glicocorticides,

    adrenais e a insulina. Sabe-se que cada um deles tem no mnimo alguma funo no

    metabolismo das protenas, o que esclarece sua funo no desenvolvimento das

    mamas (GUYTON, 2006).

    Ao atingir a fase adulta, o incentivo cclico de estrognios e progesterona faz com

    que as mamas fiquem mais inchadas no perodo pr-menstrual, por fixao de

    lquido. A atuao da progesterona, na prxima etapa do ciclo, causa uma reteno

    de lquidos no organismo, mais elevada nas mamas, originando nelas aumento de

    volume, endurecimento e dor. Aps a menopausa, por causa da carncia hormonal,

    acontece o enfraquecimento glandular e convergncia substituio do tecido

    parenquimatoso por gordura (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008)

    Durante a gestao, o estmulo de estrognio e progesterona (hormnios esteroides)

    elevado, por causa da sua fabricao pela placenta, porm demais hormnios

    tambm se aumentam na gestao, imprescindveis para realizar a lactao. So

    eles: prolactina, hormnios da tireoide, corticosteroides e lactognio placentrio. A

    plenitude funcional das mamas acontece na amamentao, com a fabricao e

    sada do leite (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

  • 21

    Figura 1 A mama e seus lbulos, alvolos e ductos lactferos secretrios (ductos de leite) que constituem a glndula mamaria (A). As ampliaes mostram um lbulo

    (B) e clulas secretoras de leite de um alvolo (C).

    Fonte: Guyton (2006, p.1182).

    A sada do leite, na ocasio das mamadas, consequncia fundamentalmente da

    contrao das clulas mioepiteliais, que apertam os cinos, incitadas pelo estimulo

    de outro hormnio, a ocitocina, que fabricado na hipfise posterior ou neuro-

    hipfise. A mulher que no amamenta nunca alcana a maturidade funcional da

    mama (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

  • 22

    Segundo aponta Smeltzer e colaboradores (2009), no h qualquer motivo particular

    nico para o desenvolvimento do cncer de mama. Um conjunto de fatores

    hormonais, genticos e, provavelmente do ambiente em que se vive, capaz de

    induzir a um aumento do risco para seu progresso.

    2.2 CNCER DE MAMA

    O cncer uma enfermidade que se progride, devido a questes hereditrias e pela

    qualidade de vida do indivduo. Esta doena ocasionada pela reproduo anormal

    das clulas da mama, que configura um tumor maligno. A neoplasia de mama tem

    cura, se identificada no comeo (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2010).

    A neoplasia de mama uma situao de grande preocupao para a sociedade em

    geral causando nas mulheres um enorme impacto, devido ao alto ndice de

    morbimortalidade e de mutilao, provocando queda da auto-estima, o que acarreta

    em comprometimento do seu desenvolvimento na sociedade (ARAJO et al., 2008).

    O cncer de mama corresponde a um conjunto heterogneo de doenas, que possui

    condutas diferentes. A heterogeneidade que este cncer possui, permite observar

    distintas reaes clnicas e morfolgicas, variadas assinaturas genticas e como

    resultado variadas reaes teraputicas (INSTITUTO NACIONAL DO CANCER,

    2012).

    O carcinoma de mama definido por um crescimento anormal e maligno que se

    prolifera por meio dos tecidos e rgos, invadindo outras partes do corpo, o que

    chamamos de metstase, h cerca de 100 tipos de doenas com essa

    caracterstica. Sendo uma das maiores causas de morte por cncer no sexo

    feminino, o cncer de mama o segundo tipo mais comum entre essa populao, o

    que causa uma grande preocupao nos servios de sade pblica e entre as

    mulheres (MOURA et al., 2010).

    O carcinoma mamrio espalha-se por meio linftico, atravs da corrente sangunea

    e por influncia direta. Os linfonodos atuam como filtros fundamentais das clulas

    que se desligam do tumor primrio. Aps cruzar o filtro ganglionar, normalmente, as

    clulas tumorais envolvem os linfonodos supra claviculares e ingressam na

    circulao venal. Mais do que se difundir at a axila as clulas tumorais so capazes

    de alastrar-se para os gnglios mamrios internos, sobretudo, na medida em que for

  • 23

    originrio de tumor situado no quadrante medial e na regio areolar, sendo possvel

    se difundir para os linfonodos mediastinais. O fluxo sanguneo a essncia via de

    disperso para demais rgos e sistemas (CHARANEK; TOCCI, 2004).

    Figura 2 Fases Tumor Primrio: 1/4; 2/4; 2/3; 4/4

    Fonte: INSTITUTO NACIONAL DO CNCER (2012)

    Entre os principais carcinomas da mama, destaca-se o cncer no invasivo ou

    carcinoma in situ corresponde primeira etapa na qual o cncer pode ser

    classificado (essa classificao no se aplica aos cnceres do sistema sanguneo).

    Nessa etapa (in situ), as clulas atingidas esto apenas na diviso de tecido em que

    se aumentaram e ainda no se disseminaram para outras partes do rgo de

    procedncia. Em muitos casos o cncer in situ curvel se for adequadamente

    cuidado antes de avanar para a etapa de cncer invasivo (INSTITUTO NACIONAL

    DO CNCER, 2012).

    Segundo Silva (2012), o cncer de mama caracteriza-se por tumor em uma das

    mamas, onde manifesta alteraes no formato e cor, aparecem tambm leses

    indolores, acometendo o quadrante superior externo. Quando em estgios mais

    avanados apresentam modificaes na pele.

    Para Vieira e outros (2008) o cncer invasivo de mama so tumores malignos que

    se caracterizam por invadir rgos vizinhos por metstase. Estes tumores originam

    se das clulas do ducto terminal do lbulo mamrio. No cncer invasivo, as clulas

    cancerosas dominam outras divises celulares do organismo, atingindo a corrente

  • 24

    sangunea ou linftica e possui o poder de se espalhar para outros membros do

    corpo (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2012).

    O carcinoma ductal invasor ou invasivo (CDI) sem outra especificao o grupo

    maior dos carcinomas invasivos da mama, (75-80% dos carcinomas invasivos),

    representando uma parcela heterognea de tumores sem aspectos histolgicos

    especficos. J que um diagnstico de eliminao, existe enorme diversidade

    histolgica seja relativa ao padro, seja referente s particularidades citolgicas.

    Para um cncer ser classificado como carcinoma ductal invasivo (OLIVEIRA et al.,

    2011).

    Figura 3 Sinais e sintomas - Mama com aspecto de casca de laranja

    Fonte: Semiologia: bases para a prtica assistencial (2006, p. 258).

    Essa caracterstica que os tumores malignos oferecem, de irrupo, de disperso e

    de fabricao de outros tumores em distintos rgos do corpo, tendo como incio um

    ponto existente, e fundamental aspecto para esse tipo de cncer. Esses novos

    pontos em que se forma a doena so denominados de metstases

    (INSTITUTONACIONAL DO CNCER, 2012).

    A deteco precoce da neoplasia a nica forma de diminuir suas taxas de

    morbidade e de mortalidade. O exame clnico das mamas e a mamografia so

    procedimentos utilizados para o diagnstico precoce (MOLINA et al., 2003).

    Muitos fatores de risco considerados como variveis j foram reconhecidos, como:

    uso de tabaco e lcool, rotina alimentar incorreta, falta de atividade fsica, agentes

    infecciosos, contato com substncias txicas no ambiente de trabalho, radiao,

  • 25

    alimentos infectados, situao econmica. Alm desses, possvel considerar o uso

    de drogas hormonais, caractersticas reprodutivas e imunossupresso. Este contato

    cumulativo ao longo do tempo, e, nesse sentido, a possibilidade do cncer crescer

    no decorrer da idade. Porm, a relao entre os fatores modificveis e os no

    modificveis que poder definir o risco de cncer de cada paciente (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2012).

    O sedentarismo est diretamente relacionado com a possibilidade de aumento de

    peso e, consequentemente, com risco de surgimento de cncer de mama em

    pessoas bem acima do peso, devido ao fato do estrgeno ser secretado pelo tecido

    adiposo (PIRHARD, 2009).

    Em estudos realizados sobre atividade fsica no sexo feminino, nas faixas etrias 45

    a 54 anos, 55 a 64 anos e 65 e mais, considerando todas as regies do Brasil,

    (Tabela 1) possvel observar que no ano de 2006 foi maior na regio centro-oeste

    (16,5%). E entre os anos de 2007 e 2010 foi notado um declnio da taxa de atividade

    fsica suficiente no tempo livre.

    Tabela 1 Prevalncia de atividade fsica suficiente no tempo livre, em porcentagem.

    Regio (Capitais) 2006 2007 2008 2009 2010

    Regio Norte 10 10,6 9,7 11 10,3

    Regio Nordeste 13,9 14,4 12,3 12,5 11,8

    Regio Sudeste 10,7 10,9 13 10,8 11,1

    Regio Sul 12,8 13,8 11 11,7 10,9

    Regio Centro-Oeste 16,5 12,3 14,1 14,6 15,9

    Fonte: DATASUS (2006-2010).

    Por sua vez, a regio com o menor ndice de prevalncia de atividade fsica

    suficiente no tempo livre, foi regio Norte, atingindo em 2006 o ndice de 10%, que

    se manteve com o ndice variando pouco para mais ou para menos no decorrer dos

    anos de 2007 a 2010.

    Estes dados so preocupantes, pois, a doena est associada ao sedentarismo,

    inatividade fsica, e os estudos apontam que a realizao de atividade fsica regular

  • 26

    reduz o risco de cncer de mama na ps-menopausa; e ainda mais, diminui a

    possibilidade de originar uma obesidade. Esta ltima considerada um fator de risco

    relevante para diversos tipos de cnceres. A ingesto exagerada de bebidas

    alcolicas capaz de originar diversos tipos de cnceres. Somado a estes, os

    agentes infecciosos, que so responsveis por 18% dos cnceres no mundo

    (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

    De acordo com Smeltzer e colaboradores (2009), no existe nenhuma causa

    especfica isolada para o cncer de mama. Um conjunto de fatores hormonais,

    genticos e, provavelmente, ambientais pode causar a um maior risco para seu

    aumento.

    Segundo Pirhard e outros (2009) mulheres com histria familiar me, irm e filha

    ocorrem maior probabilidade de desenvolver a neoplasia mamaria, outro fator

    importante que, mulheres que j foram curadas de cncer de mama tm maior

    predisposio em desenvolver a patologia na mama no acometida.

    A neoplasia de mama pode ter causa multifatorial, sendo os fatores de risco

    divididos em: reprodutivos, hormonais, nutricionais, familiares e hereditrio,

    causando modificaes anormais nas clulas do tecido mamrio, tendo a idade

    como maior fator de risco. Vrios estudos alistam primeira menstruao,

    menopausa e idade da primeira gravidez ao risco de desenvolvimento de cncer de

    mama (LOPES et al., 2008).

    Mulheres que durante a ps-menopausa se encontram obesas, ou que possuem

    histrico de cncer de ovrio, doena benigna da mama, exposio ao tabaco, a

    radiao, e/ou pesticidas e possuem uma maior densidade mamria, apresentam

    um risco elevado para desenvolverem o cncer de mama. Alm de todos os fatores

    citados acima, mulheres com histrico anterior de cncer em um dos seios tm risco

    maior de desenvolverem a neoplasia na mama no acometida anteriormente

    (GONALVES et al., 2010).

    Nesse sentido, um lado positivo em relao aos fatores ambientais que eles esto

    sujeitos ao comportamento do indivduo, que passvel de ser alterado, diminuindo

    a possibilidade de originar um cncer. Muitas dessas transformaes esto

    diretamente ligadas apenas ao indivduo, por outro lado, as outras necessitam de

    mudanas em escala populacional, como por exemplo, uma mudana no que diz

  • 27

    respeito ao indivduo seria a suspenso da utilizao do tabaco e, em nvel mais

    amplo, a insero de uma vacina buscando o controle do agente infeccioso

    associado com avano do cncer. importante mencionar tambm que um grande

    ndice de mortalidade por cncer seria impedido, porm, nesse sentido seria

    necessrio que todos precisam cooperar para transformar o risco de originar um

    cncer (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

    Ainda pode-se afirmar que o aparecimento de novas neoplasias de mama est

    associado com o desenvolvimento da urbanizao da sociedade, este

    desenvolvimento aumenta o risco de adoecimento de mulheres, elevando a

    incidncia de risco de adoecimento entre mulheres com padro de vida diferenciado

    (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2012).

    No que se refere rotina alimentar, a alimentao inadequada baseada em gordura

    saturada e carente de verduras, frutas, eleva a possibilidade de desenvolvimento

    dos cnceres de mama. Por outro lado, uma alimentao com base em produtos de

    grande densidade energtica amplia o risco de aumento de peso e surgimento da

    obesidade, considerada um fator de risco para uma variedade de tipos de cncer

    (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

    Em relao aos fatores de risco no modificveis, so os fatores de risco que no

    esto sujeitos ao comportamento, costumes e estilo de vida individual. So

    denominados tambm como fatores de risco intrnsecos, como: gnero, etnia/raa e

    herana gentica ou hereditariedade. baixssimo o nmero de casos de cnceres

    que tem como origem fatores apenas hereditrios familiares ou tnicos, mesmo que

    o fator gentico desempenhe uma relevante funo na oncognese (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2008).

    A idade um fator que eleva a possibilidade do surgimento do cncer, sendo assim,

    eles acontecem com mais frequncia na faixa etria de pessoas com idade

    avanada. A etnia outro fator considerado, j que as diferenas genticas fazem

    variar os riscos de cnceres entre as etnias humanas. Somado a este, a

    hereditariedade corresponde a outro fator de risco, pois, os genes de cnceres

    hereditrios so responsveis por 4% de todos os casos. O gnero tambm outro

    fator, determinados tipos de cnceres surgem somente em um dos sexos, pois, diz

    respeito s caractersticas anatmicas, como prstata e colo do tero; por outro

  • 28

    lado, alguns acontecem nos dois sexos, no entanto, com ndices notadamente

    distintos entre um sexo e outro (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

    O cncer de mama raro antes dos 35 anos, crescendo rpida e progressivamente

    com a idade, sendo descoberto, principalmente, entre 40 a 60 anos (SILVA; RIUL,

    2012).

    Verifica-se tambm que ocorrem modificaes numricas em relao ao

    aparecimento da doena e as regies do Brasil.

    Conforme a tabela 2, a taxa de incidncia de neoplasias malignas em relao a

    nmero de casos por 100.000 habitantes apresentou maior ndice na regio sudeste

    (64,54), sendo o menor ndice a regio norte (16,62) reforando o argumento de que

    quanto maior o ndice de industrializao da regio maior a incidncia de casos.

    Tabela 2 Taxa de incidncia de neoplasias malignas (nmero de casos por 100.000 habitantes, por regio do Brasil, em 2010 e 2011). Regio Mama feminina

    Regio norte 16,62

    Regio nordeste 30,11

    Regio sudeste 64,54

    Regio sul 64,3

    Regio centro-oeste 37,68

    Total: 49,27

    Fonte: DATASUS (2010).

    A mortalidade causada devido a neoplasias mostra enorme alterao entre os

    estados no pas, representando os distintos perfis de contato a fatores de risco e

    estilos de vida. Normalmente, os ndices so mais elevados em unidades da

    federao da Regio Sul e mais baixos na Regio Norte, revelando assim, um

    marco na conjuntura da sade no Brasil. Esse modelo geogrfico sofre bastante

    influencia no que se refere qualidade das informaes do Sistema de Informaes

    sobre Mortalidade (SIM), considerando que se identificam as elevadas taxas de

    motivos mal definidos de morte nas regies Norte e Nordeste, mesmo que a melhora

    seja identificada na ltima dcada (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

    possvel observar na tabela 3, que as regies do Brasil mais industrializadas so

    as que apresentam maiores nmeros de carcinoma da mama, levando morte, j

  • 29

    que este possui relao direta com o processo de industrializao, levando ao risco

    de adoecimento associado ao nvel socioeconmico, verificou-se que a regio

    sudeste em no ano 2000 a que apresenta o maior nmero de casos, aumentando

    de acordo com o decorrer dos anos. Por outro lado, a regio Centro-Oeste a que

    registra o menor nmero de casos no ano 2000 mantendo-se quase que estvel nos

    dois prximos anos e registrando um aumento em 2003.

    Tabela 3 - Taxa de mortalidade especfica por neoplasias malignas, em mulheres na faixa etria dos 50 a 59 anos, 60 e 69 anos.

    Regio 2000 2001 2002 2003

    Regio Nordeste 565 548 620 658

    Regio Sudeste 2108 2310 2411 2325

    Regio Sul 744 754 807 839

    Regio Centro-Oeste 186 191 187 238

    Total: 3603 3803 4025 4060

    Fonte: DATASUS (2000-2003).

    A partir da tabela 4 e 5 identificou-se que a escolaridade da populao de 15 anos

    ou mais na zona rural bem menor quando comparado com as tabelas 6 e 7

    (abaixo) em relao populao de 15 anos ou mais na zona urbana.

    Tabela 4 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona rural Regio 2001 2002 2003 2004 2005

    Regio Norte 99640 92368 98040 1023931 1033219

    Reg. Nordeste 4355912 4465293 4553797 4609302 4809641

    Regio Sudeste 2115188

    2099435

    2124269

    2107993

    2179801

    Regio Sul 1644413

    1645767

    1643022

    1667701

    1672113

    Regio Centro-Oeste

    501417

    500018

    560867

    556120

    586483

    Total: 8716570

    8802881

    8979995

    9965047

    10281257

    Fonte: DATASUS (2001-2005).

  • 30

    Andrade e outros (2005) e Nascimento, Silva e Machado (2009) mencionam que as

    pacientes com grau educacional, renda e apoio social mais elevado so as que mais

    aceitam e que possuem mais informaes acerca da prtica do exame clinico das

    mamas, apontando a concretizao da realizao desse exame.

    Esta situao aproxima mais as pessoas de baixa escolaridade da zona rural dos

    fatores de risco. J que o analfabetismo funcional corresponde a menos de 4 anos

    de estudo, a partir do conhecimento dos fatores de risco para cncer de mama, as

    pessoas tm mais condies para adotar as medidas preventivas e de promoo de

    sade, com vistas melhor qualidade de vida (INSTITUTO NACIONAL DO

    CNCER, 2009).

    O nmero de casos de cncer aumenta no Brasil, assim como em todo o mundo,

    numa proporo que segue o avano da idade da populao tendo como principal

    motivao o crescimento da expectativa de vida. Assim, este ltimo fator est

    diretamente ligado s grandes mudanas no contexto da sociedade, como a

    condio de sade da populao causada pela urbanizao acelerada, dos novos

    estilos de vida e comportamento de consumo (INSTITUTO NACIONAL DO

    CNCER, 2008).

    Tabela 5 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona rural

    Regio 2006 2007 2008 2009

    Regio Norte 1016191 999325

    994301

    1017779

    Regio Nordeste 4769947 4847884 4869278 4901734

    Regio Sudeste 2196586 2227847 2251021 2244452

    Regio Sul 1666619 1693608 1708377 1727886

    Regio Centro-Oeste 593037

    590855

    570940

    582266

    Total: 10242380 10359519 10393917 10474117

    Fonte: DATASUS (2006-2009).

    Analisando as tabelas acima (Tabela 4 e 5), pode-se ver que as camadas mais

    carentes de informao e conscientizao sobre a importncia da tcnica do exame

  • 31

    clnico das mamas na deteco precoce do cncer de mama apresentam

    desconhecimento quanto prtica e momento de realizao e que por muitas vezes

    no o pratica.

    Tabela 6 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona urbana

    Regio 2001 2002 2003 2004 2005

    Regio Norte

    3184985

    3350580 3458730 3661048 3827188

    Regio Nordeste

    12753594

    13077313 13407651 13920778 14020353

    Regio Sudeste 26680814

    27233630 27881620 28317328 28723255

    Regio Sul 7918608

    8196655 8403677 8519948 8724373

    Regio Centro-Oeste

    3848421

    3994009 4076776 4230672 4307863

    Total: 54386422

    55852187 57228454 58649774 59603032

    Fonte: DATASUS (2001 2005).

    Tabela 7 Escolaridade da populao feminina de 15 anos ou mais na zona urbana (Continuao)

    Regio 2006 2007 2008 2009

    Regio Norte 3953131 4140865 4268931 4410779

    Regio Nordeste 14421211 14754835 15154336

    15587549

    Regio Sudeste 29456557 29717991 30389594 30789076

    Regio Sul 8952615 9079960 9245909 9453123

    Regio Centro-Oeste 4421527 4514308 4689292 4841692

    Total: 61205041 62207959 63748062 65082219

    Fonte: DATASUS (2006-2009).

    A anlise das tabelas 6 e 7 pode-se notar que o grau de escolaridade tambm deve

    ser avaliado, pois, verifica-se que mulheres com mais anos de estudo acabam tendo

    mais informaes e se cuidam mais como j foi afirmado nos pargrafos anteriores.

    Mas, isto no significa que no tero a doena, segundo o Instituto Nacional do

  • 32

    Cncer (2012) qualquer mulher pode vir a ter um cncer de mama, no entanto, h

    determinados grupos com maiores probabilidades.

    Ao analisar a tabela 8, no perodo de estudo de 2003 a 2008, refere-se ao nmero

    de mulheres na faixa etria dos 50 a 69 anos que menciona ter feito a ltima

    mamografia em at dois anos, os dados apresentam um aumento deste nmero em

    todas as regies, sendo predominante a regio sudeste. Em contraposio a regio

    norte foi a que apresentou o menor ndice em 2003 e que o aumento nos anos

    seguintes no foi significativo.

    Tabela 8 - Proporo da populao feminina de 50 a 69 anos que refere ter realizado a ltima mamografia em at 2 anos

    REGIO DO PAS ANO/2003 ANO/2008

    Regio Norte 30,3 35,3

    Regio Nordeste 30 39,8

    Regio Sudeste 56 63,8

    Regio Sul 44,9 55,1

    Regio centro-sul 47,7 52,4

    Total: 46,1 54,2

    Fonte: IBGE (2003-2008).

    A nica forma de reduo da morbimortalidade do cncer de mama a deteco

    precoce. Esse diagnstico precoce realizado pela mamografia, e o exame clnico

    das mamas tambm utilizado como forma de perceber qualquer alterao mamria

    (MOLINA et al., 2003).

    Todos esses dados permitem concluir que h uma deficincia no servio, e o

    nmero insuficiente de mamgrafos faz com que o paciente no consiga realizar o

    exame no tempo solicitado pelo mdico, o que caracteriza um agravante para a

    sade pblica.

    O diagnstico precoce efetivado com a finalidade de identificar o quanto antes uma

    doena atravs dos sinais clnicos do paciente. O contato com fatores de risco um

    dos critrios a que se deve prestar mais ateno em caso de suspeita de um cncer,

    sobretudo, no caso do paciente estiver em meio a tais fatores (INSTITUTO

    NACIONAL DO CNCER, 2012).

  • 33

    A mamografia um exame realizado pelo profissional de sade, e tem sido usada

    como exame de diagnstico na deteco precoce do cncer de mama em mulheres

    com idade acima de 50 anos, seguindo o protocolo de cada programa de

    rastreamento. Para as mulheres que esto no climatrio, que fazem terapia de

    reposio hormonal, a mamografia tem se mostrado um importante exame para

    analisar as mamas neste grupo populacional. Este exame tambm tem sido

    realizado em mulheres que apresentam risco mamrio aps os 35 anos com

    suspeita clnica de malignidade (MOLINA et al., 2003).

    A infra-estrutura apresenta-se como principal limitao ao acesso das mulheres s

    vantagens proporcionadas pela utilizao regular da mamografia no rastreamento do

    carcinoma da mama (CORREA, 2002).

    Em oposio a tabela 8, a tabela 9 apresenta a proporo da populao feminina de

    50 a 59 anos, nos anos de 2003 e 2008, que refere nunca ter realizado a

    mamografia. Verifica-se que o ndice maior nas regies menos industrializadas

    registrando as regies norte e nordeste como sendo as maiores taxas (62,7 e 63,5,

    respectivamente).

    Tabela 9 Proporo da populao feminina de 50 a 59 anos que refere nunca ter realizado mamografia.

    Regio 2003 2008

    Regio Norte 62,7 50,2

    Regio Nordeste 63,5 45,1

    Regio Sudeste 34 18,1

    Regio Sul 46,8 28,2

    Regio Centro-Oeste 44,3 31,2

    Total: 45,3 28,9

    Fonte: DATASUS (2003-2008).

    J o sudeste a rea mais industrializada do Brasil revela uma maior conscientizao

    a respeito de se realizar a mamografia, com o ndice de 34% da populao feminina

    entrevistada relatando no ter realizado o exame, esta taxa caiu em 2008 para 18,1,

    o que pode representar maior conscientizao por parte das mulheres.

    A mamografia o melhor mtodo de deteco precoce do cncer de mama, sendo a

    sua interpretao um desafio para o profissional de sade. H evidncias de que

    muitos dos cnceres detectados nas mamografias de rastreamento so visveis

  • 34

    retrospectivamente, mas no identificados pelo radiologista no momento da anlise

    (CALAS et al., 2012).

    Guimares (2004) diz que mulheres com histria de cncer de mama em parentes

    de primeiro grau instruem se a realizao da mamografia de rastreamento 10 anos

    antes do recomendado, pois h um elevado ndice de desenvolvimento do

    carcinoma em idade mais precoce.

    Na mamografia so analisadas partes anatmicas de cada mama, este exame

    realiza compresso da mama de cima para baixo, de um lado para o outro. Ao

    realizar a mamografia pelo profissional de sade, pode acontecer das mulheres

    sentirem um leve desconforto, pois a compresso mxima necessria para que se

    atinja a visualizao desejada (TAVARES apud SMELTZER et. al., 2009).

    Apesar de historicamente a ultrassonografia mamria ter sido amplamente usada

    para a diferenciao de leses liquidas e slidas, o interesse de diferenciar massas

    benignas e malignas tem crescido cada vez mais. A ultrassonografia utilizada

    como coadjuvante no processo diagnstico aos pacientes com ndulos de mama

    pois, ela utilizada para caracterizar o tumor encontrado pelo exame da

    mamografia, o que faz com que a bipsia desnecessria seja evitada.

    (NASCIMENTO; SILVA; MACHADO, 2009).

    Guimares (2004) considera a ultrassonografia como um exame de grande

    importncia no auxlio do diagnstico do cncer de mama, seu uso vem crescendo

    devido s informaes precisas que o mesmo fornece.

    Para Instituto Nacional do Cncer (2004) a ultrassonografia o opo de tcnica

    para anlise atravs de imagem das leses palpveis, em pacientes com idade

    abaixo de 35 anos. Em pacientes 35 anos ou mais, a mamografia a alternativa

    mais apropriada. possvel de complement-la com a ultrassonografia nas

    seguintes condies: ndulo sem aparecimento, j que a mama pesada ou porque

    est em zona cega na mamografia; ndulo regular ou levemente lobulado, que

    possivelmente seja um cisto; densidade assimtrica difusa, que seja capaz de ser

    leso slida, cisto ou parnquima mamrio.

    Segundo Frankel e outros (2011) a puno aspirativa por agulha fina, trata se de um

    procedimento realizado pelo mdico com o auxlio do enfermeiro, considerado um

  • 35

    procedimento seguro, com poucas intercorrncias, utilizado nos programas de

    deteco precoce para o cncer de mama.

    Guimares (2004) argumenta que a biopsia por agulha grossa facilita a retirada de

    pequenos pedaos do tecido mamrio. Este procedimento realizado com o auxlio

    de agulhas de grosso calibre, um procedimento mais eficaz que puno aspirativa

    por agulha fina. Considerando que este procedimento realizado pelo profissional

    da sade, com o auxlio do enfermeiro no preparo do paciente para o exame.

    De acordo com Instituto Nacional do Cncer (2012), destacam-se como orientaes

    e indicaes para a identificao precoce do cncer de mama conforme a queixa ou

    alteraes percebidas pelas mulheres enfermas ou pelo profissional de sade:

    Para o sintoma de dor, calor, endema, enrubescimento ou descamao da

    mama, modificao na configurao ou estatura da mama, transformao na

    aurola ou no mamilo; constatao de ndulo ou condensao na mama, ao

    redor a ela, ou na axila. Orientao: o rastreamento atravs de avaliao clnica da mama, para mulheres iniciando pela idade de 40 anos, prtica do

    uma vez ao ano. Esta prtica entendida enquanto componente da ateno

    integral sade da mulher, necessitando ser prtica do em qualquer

    atendimento clnico, para qualquer idade da mulher (INSTITUTO NACIONAL

    DO CNCER 2012).

    Para o sintoma de irritao ou vazo de excreo pelo mamilo, entrada do

    mamilo para o interior da mama. Orientao: Na idade de 50 a 69 anos, depois da avaliao clnica da mama anualmente, a mulher precisa realizar

    uma mamografia no intervalo de cada dois anos (INSTITUTO NACIONAL DO

    CNCER, 2012).

    Para a manifestao de rugas ou enrijecimento da pele da mama (a pele

    revela uma aparncia de casca de laranja). Orientao: Avaliao clnica da mama e mamografia anual, com incio aos 35 anos, para as mulheres que

    fazem parte de setores populacionais com alto grau para progresso de

    cncer de mama; acessibilidade a diagnstico, teraputica e

    acompanhamento para todas as pacientes com mudanas nos exames

    efetivados (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2012).

    As mudanas demogrficas que incide sobre os habitantes ocasionaram como

  • 36

    implicao um aumento do registro de episdios de doenas crnicas dentre as

    quais se destaca o cncer (MENDONA, 1993).

    Dados levantados pelos Registros de Cncer de Base Populacional, acessveis para

    16 municpios do Brasil, revelam que na dcada de 1990, o carcinoma da mama foi

    o mais recorrente no pas. Os elevados ndices de ocorrncias foram verificados nas

    cidades de So Paulo, no Distrito Federal e em Porto Alegre (BRASIL, 2004).

    A progresso de novos eventos de cncer de mama aguardados para o Brasil em

    2010 era de 49.240, com um risco considerado de 49 casos a cada 100 mil mulheres

    (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2009).

    De acordo com Mendona (1993), as neoplasias malignas, em particular os tumores

    de mama, apresentam sua importncia no nmero de incidncias de enfermidades

    de bitos das mulheres brasileiras.

    A neoplasia da mama a segunda forma de cncer mais recorrente no mundo e o

    mais freqente entre as mulheres. No Brasil, anualmente, por volta de 22% dos

    episdios novos de cncer em mulheres so de mama (INSTITUTO NACIONAL DO

    CNCER, 2009).

    Isto acontece principalmente devido a um diagnstico mdico realizados

    tardiamente, insuficientes estudos na rea, tardia deliberao das mulheres de

    buscar auxlio mdico e tambm comum a no realizao da tcnica do auto-

    exame de mama (SARDIAS, 2009).

    Levando em conta a procedncia dos cnceres mamrios, estima-se que 90% a

    95% deles consistam em casos espordicos (no familiares) e provenham de

    mutaes do corpo, que se percebem no decorrer da vida, e que 5% a 10% sejam

    originados por via gentica (NASCIMENTO; SILVA; MACHADO, 2009).

    2.3 PREVENO PRIMRIA E SECUNDRIA DO CNCER DE MAMA

    A preveno primria tem como objetivo promoo da sade, promovendo alegria

    do bem-estar e proteo especfica, voltada a um determinado tipo de agravo. Tal

    mtodo preventivo para o carcinoma de mama responsvel por evitar o surgimento

    da patologia por meio de intervenes no meio ambiente e em seus fatores de risco.

    Logo somos impossibilitados de modificar nossa tendncia hereditria, portanto a

  • 37

    promoo de sade a melhor maneira de se evitar a doena e a oportunidade de

    prticar aes sobre as exposies e os fatores causais do cncer (OLIVEIRA et al.,

    2011).

    De acordo com o Instituto Nacional do Cncer (2010) a preveno primria desta

    patologia possvel desde que se identifiquem as mulheres que apresentam

    predisposio gentica e demais fatores de risco que rodeiam a sua etiologia. Novas

    medidas de rastreamento em pases com dficit econmico tm sido avaliadas e, at

    o instante, a mamografia, para mulheres com idade 50 a 69 anos, indicado como

    forma estratgica para deteco precoce.

    Thuler (2003) diz que as aes de preveno primria consistem em promover a

    educao da populao feminina promovendo campanhas educativas,

    desenvolvendo o conhecimento dos sinais e sintomas do cncer de mama na

    populao.

    Na preveno primria fundamental informar populao sobre o carcinoma de

    mama e promover aes primordiais que favoream deteco precoce desta

    neoplasia. A educao em sade essencial, pois instrui a comunidade na

    elaborao de novos conhecimentos, proporcionando um hbito conhecedor de

    comportamentos preventivos (SILVA et al., 2011).

    A preveno secundria envolve aes para deteco precoce, compreendido por

    rastreamento. Para o carcinoma mamrio, esta preveno envolve o diagnstico e o

    tratamento precoce, sendo assim, tm-se maiores chances de cura (OLIVEIRA et al.,

    2011).

    Portanto, o rastreamento no tem por finalidade diagnosticar, mas apontar pessoas

    que, por mostrarem exames modificados ou suspeitos, devem ser conduzidos para

    averiguao diagnstica (THULER, 2003).

    Outra dificuldade observada est relacionada ao entendimento das orientaes para

    o rastreamento do cncer, existindo a necessidade de se estabelecer plos de

    educao permanente para este setor de profissionais, levando-se em considerao

    que os profissionais de sade se equivalem aos educadores das pacientes

    atendidas (BRITO et al., 2010).

    Ao se realizar a preveno secundria tem-se como inteno promover o

    diagnstico precoce do cncer por meio do exame clinico das mamas. Os autores

  • 38

    Brentani; Coelho; Kowalski, (2003) ainda relatam que ao se associar a preveno

    primaria com a secundria a reduo da mortalidade por cncer pode chegar at

    15%.

    Segundo Thuler (2003) a preveno secundria trabalha com aes para

    interromper o curso do carcinoma quando este est em seu estgio inicial, adotando

    medidas que permitam sua interveno precoce.

    Thuler (2003) cita ainda que na preveno secundria o rastreamento consiste em

    um importante programa onde ser investigada a pessoa assintomtica com maior

    predisposio para desenvolver a doena.

    O controle do cncer de mama possui um foco na preveno secundria, tendo um

    comprometimento maior com as aes de deteco precoce, onde se busca a

    identificao de tumores quando os mesmo ainda se encontram pequenos

    (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

    Percebe-se que nessa situao, com base na carncia de recursos para preveno

    de comprometimento da sade da populao feminina com objetivo de controlar

    novos episdios de neoplasias mamrias como mtodos eficientes de deteco

    precoce ao cncer de mama localizam-se como alternativas o exame sistemtico da

    mama, ou exame clnico, realizado pelo profissional especializado, e a mamografia.

    O exame clnico devido a sua caracterstica de no possuir custo pode ser

    empregado enquanto mtodo de alternativa em grandes contingentes populacionais

    enquanto maneira de preveno secundria (MONTEIRO et al.,2003;

    NASCIMENTO; SILVA; MACHADO, 2009).

    No que se refere ao diagnstico, o rastreamento (screening) corresponde ao exame

    de pessoas saudveis (sem sintomas de doenas) com a finalidade de escolher as

    que possuem elevada possibilidade de desenvolver uma enfermidade devido ao fato

    de revelarem no exame alteraes ou suspeitas, e que, assim, necessitam ser

    conduzidas para a verificao diagnstica (INSTITUO NACIONAL DO CANCER,

    2008).

    O diagnstico precoce do CA possui relao decisiva com a possibilidade de acesso

    a informao para as possveis portadoras, isto , a educao em sade, cumprindo

    um papel de conscientizao acerca da prtica do auto-exame da mama, do exame

  • 39

    clinico e da mamografia, trs elementos essncias em que se fundamenta o

    rastreamento dessa modalidade de cncer (MARINHO et al., 2003).

    O Instituto Nacional do Cncer (2004) preconiza conforme o quadro 1 que as

    mulheres entre 40 a 49 anos realizem o exame clnico das mamas anual (ECM) e,

    em caso de alterao, recomendado a mamografia diagnstica. Para mulheres

    com idade entre 50 a 69 anos, recomendado o ECM e mamografia de

    rastreamento a cada dois anos. Por fim, enfatiza que as mulheres de 35 anos ou

    mais com risco elevado, devem realizar o ECM e mamografia de rastreamento anual

    Quadro 1 Populao-alvo e periodicidade dos exames Populao-alvo Periodicidade dos exames

    Mulheres de 40 a 49 anos Exame clnico das mamas anual (ECM) e, se alterado, mamografia diagnstica

    Mulheres de 50 a 69 anos ECM e mamografia de rastreamento a cada dois anos

    Mulheres de 35 anos ou mais com risco elevado

    ECM e mamografia de rastreamento anual

    Fonte: INSTITUTO NACIONAL DO CNCER (2004).

    Conforme a Organizao Mundial de Sade (2013), o rastreamento realizado pelo

    profissional da sade possui algumas maneiras distintas de ser apresentado: O

    primeiro, rastreamento organizado, realizado a indivduos convocados, atravs de

    conjunto etrio especfico, com continuidade definida e aplicada atravs de uma

    organizao ativa, podendo abranger toda populao ou ser seletivo. O segundo, o

    rastreamento populacional que equivale a quando no existe escolha

    predeterminada de pessoas seguindo um histrico que direcione para um risco de

    enfermidade, por exemplo, identificar atravs do rastreamento todas as mulheres

    entre 50 e 69 anos, moradores de uma localidade especfica, para o cncer de

    mama. O terceiro, rastreamento seletivo, que corresponde quando prestado a uma

    categoria populacional considerada como de elevado risco para determinada

    enfermidade, por exemplo, rastrear, depois dos 35 anos, mulheres ligadas a um

    grupo alto risco de originar cncer de mama (com histrico familiar de ao menos um

    parente de primeiro grau, com diagnstico de cncer de mama antes dos 50 anos.

    Por fim, o rastreamento oportunstico que prestado, de forma oportuna, a pessoa

    que, por outros motivos, busca os servios de sade, por exemplo, fazer, por

  • 40

    deliberao do profissional de sade ou pedido do prprio paciente, exame clnico

    das mamas nas mulheres que aparecerem para consulta ginecolgica. Enquanto

    atuao de preveno secundria, isto , de deteco precoce do cncer de mama,

    a OMS aponta trs estratgias, integrantes entre si, so elas (ORGANIZAO

    MUNDIAL DE SADE, 2013):

    autoconhecimento das mamas;

    exame clnico das mamas (ECM); e

    mamografia.

    O Instituto Nacional de Cncer no recomenda o auto-exame das mamas como

    mtodo nico de deteco precoce dessa enfermidade. A orientao que o auto-

    exame das mamas componha o conjunto da srie de aes de educao em sade

    que englobam o conhecimento acerca do prprio corpo (INSTITUTO NACIONAL DO

    CNCER, 2004).

    O autoconhecimento a inspeo visual e a palpao sistemtica de cada mama

    pela prpria mulher, mensalmente, aps a menstruao, geralmente do 7 ao 10 dia.

    Consiste na palpao detalhada da mama, permitindo o encontro de tumores

    maiores do que 1 cm, quando superficiais (ORGANIZAO MUNDIAL DA SADE,

    2013).

    O conhecimento da mulher sobre o seu prprio corpo contribui para a percepo de

    qualquer alterao que possa surgir em suas mamas, permitindo assim buscar

    orientao com o profissional de sade na unidade de atendimento mais prxima de

    sua casa (JACOME et al., 2011).

    No mesmo contexto, Silva e outros (2009), mencionam aes para a educao da

    populao relacionadas ao autoconhecimento das mamas, como a implementao

    de prticas para a populao orientadas para a promoo em sade, habilitao

    atravs de seminrios, cursos e aconselhamento profissional, expedientes

    informativos, campanhas de conscientizao, informaes obtidas atravs dos

    meios de comunicao, atuao das pacientes no domnio dos fatores de risco e

    permanente anlise corporal (SILVA et al., 2009).

    O exame clnico das mamas (ECM) praticado pelo profissional de sade (mdico

    ou enfermeiro) usualmente no decorrer do atendimento. Ele diagnostica mudanas

    macroscpicas verificveis na inspeo, palpao das mamas, regies axilares e

  • 41

    supra claviculares.

    As duas medidas apontadas acima, reforam consideravelmente a possibilidade de

    deteco do cncer em estgios iniciais, permitindo que a descoberta de tumores

    menores (de 1 a 3 cm), de maneira que a teraputica da doena seja possvel ser

    realizada em fase inicial (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2002).

    Estes procedimentos auxiliam nos cuidados com o corpo que a mulher tem que ter

    alm de aumentar seu conhecimento sobre o cncer, pois, ela acaba recebendo

    orientaes sobre a doena e os cuidados que devem ter para deteco precoce.

    Assim, o emprego desses dois exames conscientiza a mulher para o

    autoconhecimento com o seu corpo e incentivam os enfermeiros para o diagnstico

    da doena (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2002).

    A mamografia corresponde a um exame radiolgico efetivado em equipamento de alta resoluo, o mamgrafo, atravs do qual os raios X so capazes de conceber

    imagens tumorais, calcificaes etc. A mamografia possui suas recomendaes

    apontadas abaixo (BASSETT; JACKSON, 2000):

    a) Para auxiliar o diagnstico da enfermidade, constatada pelo mdico, atravs

    do exame clnico das mamas e, geralmente, pela mulher, atravs do auto-

    exame das mamas (BASSETT; JACKSON, 2000).

    b) No acompanhamento cotidiano de mulheres avaliadas com situao de alto risco, isto , que j possuram leses pr-neoplsicas ou neoplsicas ou com histrico na famlia da enfermidade em ascendentes e parentes diretos. As

    referentes sugestes do perodo para prtica da mamografia so (BASSETT;

    JACKSON, 2000):

    c) pacientes com leses antecipadamente diagnosticadas como hiperplasia

    atpica ou neoplasia lobular in situ, ou cncer de mama anterior independente

    da idade precisaro realizar o exame anual; mulheres com 40 anos ou mais

    de idade, com episdios na famlia de cncer de mama na me ou irm,

    acontecidos na pr-menopausa precisaro realizar o exame anual

    (BASSETT; JACKSON, 2000).

    d) Para diagnstico precoce de tumores ainda no constatados pelo

    autoconhecimento da mulher sobre o corpo e o ECM. Para isso, mulheres na

    faixa etria de 50 a 69 anos de idade comeariam a realizar a cada 2 anos a

  • 42

    mamografia com a finalidade de identificar o que os outros procedimentos no

    alcanam. A essa mamografia prtica da com o objetivo de verificar leses

    suspeitas de malignidade em paciente assintomtica, se chama de

    mamografia de rastreamento (screening) do cncer de mama (BASSETT;

    JACKSON, 2000).

    2.4 POLTICAS PBLICAS DE SADE

    A Poltica Nacional de Ateno Oncolgica (PNAO) admite que o cncer uma

    questo de sade pblica e estabelece que os procedimentos visando seu domnio

    no Brasil aconteam por meio de uma Rede de Ateno Oncolgica (RAO), com a

    atuao direta e indireta do Governo Federal, das Secretarias Estaduais e

    Municipais de Sade, das unidades de ensino superior, dos servios de sade, dos

    centros de pesquisa, das ONGs e da sociedade de maneira genrica. A RAO tem

    como finalidade: (1) solidificar a ao de idealizao e a avaliao dos

    procedimentos de assistncia oncolgica; (2) capacitar os distintos sujeitos sociais

    para o entendimento e controle da questo do cncer no pas; (3) estimular a

    gerao de informao cientfica e o aprimoramento tecnolgico na esfera da

    ateno oncolgica; (4) movimentar a sociedade civil no sentido de participar de

    maneira integrada; (5) promover a obteno de verbas para a ao contra o cncer;

    e (6) incentivar a conexo de prticas buscando a eficincia na aplicao dos

    recursos (BRASIL, 2005).

    Em relao ao processo histrico da implementao do Sistema nico de Sade,

    verifica-se que muitas mudanas ocorreram favorecendo a implantao de novos

    servios em benefcio da populao. Assim, a sade obteve um significativo

    reconhecimento e incluso na nova Constituio Federal, proclamada1988,

    enfatizando-se sua admisso como um elemento da seguridade social, a distino

    dos servios e procedimentos de sade como de grande valor pblico e seu

    referencial poltico bsico. (BRASIL, 2006b)

    De acordo com Benevides e Passos citando a Constituio afirmam que ficou

    estabelecido que

    a sade um direito de todos e dever do Estado, (Constituio Federal, 1988) direito este garantido mediante polticas sociais e econmicas que visem reduo do risco de doenas e de outros agravos e ao acesso

  • 43

    universal e igualitrio s aes e servios para a sua promoo, proteo e recuperao. Alm disso, foram assumidos tambm os princpios da universalidade, da eqidade e integralidade s aes de Sade (BENEVIDES; PASSOS, 2005, p. 563).

    Outra questo tambm discutida no mbito das polticas pblicas diz respeito a

    humanizao que surge em distintos momentos histricos e apresenta mltiplas

    aes no desenvolvimento da construo do Sistema nico de Sade (SUS). De

    incio avaliado como problema de menor importncia, percebido com desprezo ou

    suspeita pelos movimentos polticos que compuseram o movimento social da

    reforma sanitria, foi gradativamente se assegurando como referncia das questes

    mais intimamente postas pela vivncia, seja na esfera clnica, na prestao de

    atendimento a sade do SUS, quanto na esfera das polticas de participao e

    aquisio de direitos associados sade pblica (BENEVIDES; PASSOS, 2005).

    A formao da Poltica Nacional de Humanizao da Ateno e Gesto a Sade

    (PNH) surgiu de uma avaliao do processo de desenvolvimento do SUS, em que se

    checaram o que havia sido implementado e os novos nimos a se concretizar - do

    SUS que temos ao SUS que queremos, atribuindo valor, seja dentro como fora do

    Estado, s dimenses coletivas mais diretamente associadas a vivencias efetiva de

    criao de novas formas de existncia, iniciando com os desafios de gerar sade

    nas distintas esferas da rede pblica de sade (BENEVIDES; PASSOS, 2005).

    A Poltica Nacional de Humanizao tem como pressuposto um novo humanismo,

    no mais fundamentado em valores genricos que dizem respeito a um homem ideal

    (BENEVIDES; PASSOS, 2005).

    Porm focalizado no encontro com a experincia concreta de um homem em

    processo de produo de si e de sua sade (BENEVIDES; PASSOS, 2005, p.19).

    Os autores ainda evidenciam que por meio da Poltica da Humanizao tornou-se

    vivel estabelecer uma assistncia transversal aos inmeros procedimentos e

    domnios administrativos do Sistema nico de Sade, unindo metas e prticas

    divididas e determinadas pelo tipo de programa, como prtica de uma nova forma de

    criar e de realizar poltica pblica de sade, em que o pblico no est associado

    somente ao Governo ou ao Estado, mas tambm diz respeito a experincia

    concreta dos coletivos, em que a sade se mostra como um problema pblico e,

  • 44

    em sua maneira de proceder com o SUS, abarca a participao dos distintos

    agentes: usurios, trabalhadores e gestores.

    Foi estabelecido para a Poltica da Humanizao, no um programa, mas uma forma

    de perpassar todos os programas como uma poltica transversal que se busca

    acompanhar em todos os mbitos administrativos do SUS e nos distintos

    procedimentos pblicos de sade. So noes que orientam a PNH: a

    inseparabilidade entre a ateno e a gesto dos processos de produo de sade e

    de sujeitos, o estimulo da transversalidade compreendida enquanto o crescimento

    do nvel de comunicao entre os setores hierrquicos (eixo vertical) e os setores e

    servios (eixo horizontal), incentivando a abertura das corporaes e a difuso das

    rodas de discusso e deciso coletiva (BENEVIDES; PASSOS, 2005).

    A humanizao dos servios de sade, principalmente da enfermagem, se

    caracteriza como um processo contnuo e depende de uma reflexo diria da equipe

    sobre o cuidado (ALMEIDA; MARIUTTI; PANOBIANCO, 2007).

    A nova Poltica Nacional de Ateno Oncologia, foi instituda em dezembro de 2005,

    atravs da Portaria no 2.439/GM, de 8 de dezembro de 2005, em consonncia com

    as diretrizes e estratgias de democratizao institucional, institudas no mbito da

    construo do SUS, estimulando a descentralizao e atribuindo valor a co-

    responsabilidade entre o conjunto de servios e os grupos de profissionais, com o

    objetivo de realizar a integralidade da ateno em Oncologia (BRASIL, 2005).

    A Oncologia uma rea que exige alta complexidade assistencial no decorrer de

    todo o andamento do tratamento, alm de exigir dos enfermeiros significativa

    capacidade de se relacionar afetivamente, levando-se em conta as necessidades e

    particularidades de cada paciente (BRASIL, 2005).

    Os profissionais que trabalham em contato direto com a ateno oncolgica, se

    deparam com situaes complicadas, como os sentimentos de dor, desesperana, e

    morte, alm de conviver com os efeitos colaterais que causam danos tanto fsicos

    quanto emocionais aos pacientes, com as mutilaes, com o sofrimento dos

    familiares e com a perspectiva de cura da doena. Tais caractersticas atribuem aos

    profissionais o dever de encarar de forma humanizada o paciente no decorrer da

    operacionalizao do atendimento prestado ao mesmo (BRASIL, 2005).

  • 45

    Considerando esse pressuposto, possvel analisar como essas tais problemas

    influenciam os profissionais de enfermagem em oncologia e que medidas

    precisariam ser empregadas pelos enfermeiros no sentido de que a ateno

    oncolgica, tanto aos usurios quanto aos seus entes queridos, esteja direcionada a

    implementao de espaos que possibilitem a comunicao das suas emoes, os

    ajude na procura de recursos adequados para os problemas que se referem ao seu

    tratamento, preparando-os para tomada de decises acerca da teraputica indicada

    (COLLET; ROZENDO, 2003).

    A responsabilidade e o compromisso da equipe de enfermagem em criar vnculos e

    estabelecer relaes prximas e claras com o sofrimento do paciente possibilitam

    uma relao de transferncia entre o usurio e o profissional, tendo como

    consequncia a constituio da independncia do paciente (RIZZOTTO, 2002).

    Assim, h que se considerar que a humanizao da assistncia nesse contexto

    pressupe o cuidado com a realizao pessoal e profissional dos trabalhadores de

    enfermagem. Existe a necessidade de um projeto coletivo, no qual toda instituio

    se identifique e se atribua valor, trazendo tona as relaes entre enfermeiros e

    pacientes, entre os prprios profissionais, entre esses profissionais e a instituio e

    entre a instituio e a comunidade (COLLET; OLIVEIRA; VIERA, 2006).

    preciso a avaliao contnua sobre as maneiras de oferecer assistncia, de

    constituir um relacionamento com os pacientes dos servios e das efetivas

    circunstancias de atuao prtica no contexto social em que trabalham os

    enfermeiros (COLLET; ROZENDO, 2003).

    2.4.1 Programas do Ministrio da Sade

    O Governo Federal disponibiliza programas de preveno primria que tem como

    finalidade amenizar o nmero de casos de neoplasias da mama, porm, no so

    suficientes no que se refere ao cncer de mama por causa de seus aspectos

    biolgicos e recursos tecnolgicos disponveis (INSTITUTO NACIONAL

    DOCNCER, 2008).

    Programas de deteco precoce cumprem essencial papel na diminuio da

    mortalidade. Portanto torna-se indispensvel capacitao dos profissionais da

    sade visando orientar a populao feminina sobre o cuidado essencial que deve

  • 46

    ser dada s mamas, mesmo sabendo-se que a diminuio das mulheres

    assintomticas aos programas ambulatoriais devida a preocupao com a

    discriminao em relao patologia (INSTITUTO NACIONAL DO CNCER, 2008).

    Em nosso pas

    o controle da doena vem se desenvolvidas ao longo dos anos de forma isolada, alguns estados e municpios trabalham de forma a garantir o controle da doena e a deteco precoce,no sendo assegurada uma cobertura adequada nem uma conexo com as polticas nacionais de sade. Vrias iniciativas tm sido tomadas no sentido de alertar e recrutar a populao para a realizao do exame preventivo (exame citopatolgico), mas estas iniciativas tm se baseado frequentemente em campanhas de abrangncia e periodicidade insuficientes (BRASIL, 2001).

    O Programa Nacional de Humanizao da Ateno Hospitalar (PNHAH), criado em

    2000, tem como pressuposto estimular uma nova mentalidade de assistncia

    sade no Brasil, tendo como finalidade essencial aperfeioar as relaes entre

    profissionais, entre usurios/profissionais e entre hospital e comunidade, com o

    objetivo de melhorar a qualidade e eficincia dos servios oferecidos por

    instituies associadas ao SUS, como o INCA (BRASIL, 2001).

    Conforme o Inca para o cncer de mama,

    no dia 27 de novembro de 2000, foi lanada a primeira fase que se constitui no Projeto de Capacitao de Recursos Humanos na rea da Sade, com distribuio de material para treinamento contendo folhetos, livretes e vdeo para profissionais de sade alocados nos diversos nveis de ateno sade e no Projeto de Organizao da Rede de Servio, prevendo a alocao de mamgrafos e pistolas para bipsia por agulha grossa (core biopsy) em plos de diagnsticos estaduais (BRASIL, 2001).

    2.4.1.1 Programa Viva Mulher

    O VIVA MULHER Programa Nacional de Controle do Cncer do Colo do tero e

    de Mama foi organizado possuindo como meta minimizar a mortalidade e as

    conseqncias fsicas, psquicas e sociais de tais cnceres na mulher, atravs do

    oferecimento de assistncia para preveno e identificao em etapas de incio da

    enfermidade e a teraputica e reabilitao das mulheres. Assim, as instrues e

    estratgias definidas para o Programa constituem uma rede nacional unificada, com

    fundamento em um centro geopoltico administrativo, com sede no municpio, que

    possibilitar expandir o ingresso da mulher aos servios de sade. Outro aspecto

  • 47

    que, a habilitao de recursos humanos e o estimulo a mulher no sentido de que ela

    cuide da prpria sade iro fortalecer e aumentar a eficcia da rede constituda para

    o controle do cncer (BRASIL, 2001).

    De acordo com o Brasil (2001, p.16) as diretrizes e estratgias do programa englobam:

    1) articular e integrar uma rede nacional, esta diretriz possui como estratgia Consolidar uma base geopoltica gerencial do Programa, O objetivo desta estratgia o de articular uma rede nacional de controle do cncer do colo do tero e de mama, dentro do contexto do SUS, integrando-a aos diversos segmentos e grupos organizados da sociedade;

    2) motivar a mulher a cuidar de sua sade, esta diretriz possui como estratgia Articular uma rede de comunicao com a mulher. Esta estratgia visa ao estabelecimento de uma rede de comunicao coma mulher, a fim de que as aes de comunicao social desenvolvida dentro das diversas etapas do Programa possam, efetivamente motivar, ou seja, engajar a mulher para o controle do cncer do colo do tero e de mama.

    3) Reduzir a desigualdade de acesso da mulher rede de sade, esta diretriz possui como estratgia Redimensionar a oferta real de tecnologia para deteco, diagnstico e tratamento do cncer do colo do tero e de mama. Este redimensionamento est baseado no diagnstico da capacidade instalada no pas, com previso do atendimento da demanda e da capacitao de recursos humanos existentes na rede. Tem por objetivo reduzir a desigualdade de acesso da mulher rede de sade para o diagnstico e tratamento do cncer do colo do tero e de mama.

    4) Melhorar a qualidade do atendimento a mulher. Esta diretriz possui como estratgia Informar, capacitar e atualizar recursos humanos e disponibilizar recursos materiais, de forma continuada nos diversos nveis. Esta estratgia tem o objetivo de uniformizar e dar conhecimento das normas e procedimentos de preveno, diagnstico precoce, tratamento e medidas de reabilitao do cncer do colo do tero e de mama; garantindo fluxos definidos e conhecidos de encaminhamento na rede de sade, com boa resoluo, dentro da lgica da ateno integrada da sade da mulher, e objetivando a melhoria de seu atendimento. Visa capacitao de recursos humanos nas instncias: gerencial do Programa, diagnstico e teraputica, mobilizao social, vigilncia e avaliao, e formao acadmica

    5) Aumentar a eficincia da rede de controle de cncer, esta diretriz possui como estratgia Criar um plano de vigilncia e avaliao do cncer do colo do tero e de mama. O objetivo desta estratgia aumentar a eficincia da rede de ateno ao cncer de mama, reduzindo a possibilidade de m utilizao e fraudes; assegurar o controle de qualidade; monitorar e avaliar as etapas de implantao do programa; acompanhar alteraes no perfil da mulher e do profissional envolvido na ateno ao cncer de mama (hbitos, crenas e costumes), para melhorar as atividades de comunicao social e, finalmente, estudar possveis incorporaes tecnolgicas rede do SUS.

    No que se refere abordagem do programa para o controle do Cncer de Mama,

    com a finalidade de ensinar a mulher e valendo-se da sua presena na Unidade de

    Sade para concretizar o exame. O profissional de sade realiza a anamnese, o

    ECM e instrui a como fazer o AEM. Depois do ECM as mulheres com exame atpico

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    sero direcionadas a uma consulta mdica especializada na qual ser analisada a

    possibilidade de mamografia, exame citopatolgico ou histopatolgico, assim como a

    recomendao de teraputica apropriada ou regresso para uma nova avaliao

    (BRASIL, 2001).

    2.4.1.2 Estratgia de Sade da Famlia

    O Programa Estratgia de Sade da Famlia (ESF) foi institudo pelo Ministrio da

    Sade em 1994, com o objetivo de realizara reorganizao da pratica assistencial

    em nova estrutura e pressupostos, alterado o modelo tradicional de assistncia,

    orientado para a cura de doenas e no hospital (BRASIL, 2008).

    Nesse contexto, a Ateno Bsica marcada por um conjunto de procedimentos de

    sade, em mbito particular e coletivo, que abarcam a promoo e a proteo da

    sade, a preveno de agravos, o diagnstico, o tratamento, a reabilitao e a

    manuteno da sade (BRASIL, 2008).

    Outra caracterstica que guiado

    [...] por meio da instaurao de procedimentos de gesto e sanitrios, democrticos e participativos, por meio da ao em grupo, voltada a populaes de regies bem delimitadas, nas quais recm a responsabilidade sanitria, considerando a dinamicidade que existe no territrio em que residem essas populaes (BRASIL, 2008).

    Aplica tecnologias de complexo grau e restringida massa volumar, que necessitam

    resolver os problemas de sade de ampla recorrncia e relevncia em seu espao.

    o relacionamento e prioridade dos pacientes com SUS. Orienta-se pelos preceitos

    da universalidade, da acessibilidade a todos e da estruturao da ateno, da

    conexo e continuidade, da integralidade, da responsabilizao, da humanizao, da

    equidade e da participao social (BRASIL, 2008).