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Identificação Acórdão 1558/2003 - Plenário Número Interno do Documento AC-1558-40/03-P Ementa Auditoria. Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Área de aquisições de bens e serviços de informática. Processo de denúncia apensado para apuração conjunta. Dispensa indevida de licitação. Descumprimento de exigências e inconsistências no projeto básico. Utilização irregular de serviços de empregado da empresa contratada. Pagamento de faturas sem comprovação do recolhimento de encargos sociais pela contratada. Utilização de notas fiscais frias. Conhecimento da denúncia. Procedência parcial. Fixação de prazo para adoção de providências. Determinação. Juntada às contas anuais. - Exigência de comprovação dos recolhimentos de encargos sociais pela contratada. Considerações. Grupo/Classe/Colegiado Grupo I / Classe V / Plenário Processo 008.693/2003-3 Natureza Relatório de Auditoria Entidade Unidade: Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC Interessados Responsáveis: Neuton de Faria Soares, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, desde 09/01/2003 (CPF 297.102.431- 87); José Oswaldo da Silva, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 11/09/2001 a 01/01/2003 (CPF 011.659.096-34); José Lincoln Daemon, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 22/02/2000 a 11/09/2001 (CPF 315.031.017-20); Júlio César de Oliveira de Albuquerque Pereira, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração,

Acórdão 1558 2003

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Identificação

Acórdão 1558/2003 - Plenário

Número Interno do Documento

AC-1558-40/03-P

Ementa

Auditoria. Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Área de aquisições de bens e serviços de

informática. Processo de denúncia apensado para apuração conjunta. Dispensa indevida de

licitação. Descumprimento de exigências e inconsistências no projeto básico. Utilização

irregular de serviços de empregado da empresa contratada. Pagamento de faturas sem

comprovação do recolhimento de encargos sociais pela contratada. Utilização de notas

fiscais frias. Conhecimento da denúncia. Procedência parcial. Fixação de prazo para adoção

de providências. Determinação. Juntada às contas anuais.

- Exigência de comprovação dos recolhimentos de encargos sociais pela

contratada. Considerações.

Grupo/Classe/Colegiado

Grupo I / Classe V / Plenário

Processo

008.693/2003-3

Natureza

Relatório de Auditoria

Entidade

Unidade: Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC

Interessados

Responsáveis: Neuton de Faria Soares, Subsecretário de Planejamento,

Orçamento e Administração, desde 09/01/2003 (CPF 297.102.431-87); José Oswaldo da Silva,

Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de 11/09/2001 a 01/01/2003

(CPF 011.659.096-34); José Lincoln Daemon, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e

Administração, de 22/02/2000 a 11/09/2001 (CPF 315.031.017-20); Júlio César de Oliveira de

Albuquerque Pereira, Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração, de

21/01/1999 a 22/02/2000 (CPF 311.739.691-87); Bianor de Queiroz Fonseca, Subsecretário

de Assuntos Administrativos, de 01/01/1998 a 21/01/1999 (CPF 027.623.407-30); Hilton

Kruschewsky Duarte, Coordenador-Geral de Serviços Gerais, desde 04/02/2003 (CPF

096.239.495-53); Edmundo Soares do Nascimento Filho, Coordenador-Geral de Serviços

Gerais, de 01/01 a 08/05/1998 e de 01/01/1999 a 04/02/2003 (CPF 224.487.053-72); Sérgio

Luís de Castro Abrantes Ferrão, Coordenador-Geral de Serviços Gerais Substituto, de 08/05 a

31/12/1998 (CPF 224.487.053-72)

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Sumário

Auditoria de conformidade realizada com o objetivo de avaliar a legalidade e a

oportunidade das aquisições de bens e serviços de informática. Processo de denúncia

apensado para apuração conjunta. Realização de dispensa de licitação sem apresentação dos

parâmetros comprobatórios da compatibilidade do preço ajustado. Inconsistência na

elaboração de projeto básico. Utilização de empregados de empresa contratada para a

realização de atividades não avençadas. Descumprimento de disposições contidas no projeto

básico e no contrato. Disponibilização de técnicos da empresa contratada para prestar

serviços à Ancine. Pagamento de faturas sem a comprovação de realização do recolhimento

dos encargos sociais pela contratada. Interferência da administração do MDIC na indicação

de empregados da empresa contratada. Ausência de planejamento nas aquisições de bens e

serviços de informática. Ausência de parcelamento do objeto contratado nos termos

preconizados pelo art. 23, § 1°, da Lei n° 8.666/93. Conhecimento da denúncia para

considerá-la parcialmente procedente. Audiência dos responsáveis. Determinações.

Levantamento da chancela de sigilo, exceto quanto à identidade do denunciante. Ciência aos

interessados.

Assunto

Relatório de Auditoria

Ministro Relator

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Unidade Técnica

SECEX-5 - 5ª Secretaria de Controle Externo

Dados Materiais

TC 008.693/2003-3

Apenso: TC 006.533/2003-0 - Denúncia - Sigiloso (c/ 1 volume)

Relatório do Ministro Relator

Trata-se de relatório de auditoria realizada na Coordenação-Geral de Serviços

Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC com o

objetivo de avaliar a legalidade e a oportunidade das aquisições de bens e serviços de

informática efetuadas por aquela unidade no período compreendido entre os exercícios de

1998 e 2002, conforme deliberação contida na Decisão n° 1.214/2002 - Plenário.

2.Transcrevo os excertos mais relevantes do relatório elaborado pela equipe da

5ª Secex, conforme se segue.

“ACHADOS DE AUDITORIA

3.1Dispensa de licitação fundamentada no inciso VIII do art. 24 da Lei nº

8.666/93 sem apresentação de parâmetros que confirmassem ser o preço oferecido pelo

contratado compatível com o de mercado, bem como ser plausível a razão para escolha do

fornecedor.

3.1.1.Situação encontrada: celebração de contrato com o Instituto de Pesquisas

Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT/SP) para desenvolver um banco de dados de apoio

Page 3: Acórdão 1558 2003

ao planejamento estratégico de empresas exportadoras da cadeia produtiva de couro e

calçados. Constatamos que, apesar de ter sido solicitada proposta de preços a 3 instituições,

apenas o IPT a apresentou, sem contudo ter sido demonstrado que a escolha fosse em razão

do preço de mercado. Não consta dos autos parâmetro para corroborar que o preço

contratado seja compatível com o praticado no mercado. Outro ponto observado foi que a

justificativa para escolha do fornecedor não foi plausível.

3.1.2.Critério: art. 24, inciso VIII, e art. 26, parágrafo único, inciso II, da Lei nº

8.666/93.

3.1.2.1.A Lei nº 8.666/93 estabelece, in verbis: (...)

3.1.3.Evidências: processo 52000.0026847/2001-15 (fls. 01/07 do Anexo I).

3.1.4.Conclusão: Não há, nos autos do processo de dispensa, um comparativo

que demonstre que o preço do serviço contratado esteja de acordo com o praticado no

mercado, assim como a razão da escolha do fornecedor ou executante não foi plausível.

3.1.5.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que, quando da

dispensa de licitação fundamentada no art. 24, inciso VIII, da Lei nº 8.666/93, faça constar do

processo licitatório justificativa do preço baseada em pesquisa de mercado, bem como razão

plausível para a escolha do fornecedor ou executante, conforme dispõe o art. 26, parágrafo

único, inciso II, dessa mesma lei.

3.1.6.Provável benefício da proposta: realização de dispensa de licitação em

conformidade com as disposições da Lei nº 8.666/93.

3.2.Inconsistência no Projeto Básico relativo à Concorrência nº 02/99.

3.2.1.Situação Encontrada: o Projeto Básico propõe a locação de 182

microcomputadores e 106 impressoras pelo MDIC, haja vista que os equipamentos

pertencentes ao órgão, àquela época, não eram suficientes para atender às necessidades

cada vez crescentes dos usuários. Tal projeto, entretanto, não chega a cogitar a possibilidade

de compra dos referidos equipamentos, apresentando a locação como solução única para as

necessidades do Ministério.

3.2.1.1.Um Projeto Básico consistente deve demonstrar as vantagens da

solução técnica adotada, abordando aspectos quanto à economicidade e adequação ao

interesse público. Nesse sentido, o mencionado Projeto Básico propicia dúvidas quanto à

conveniência e oportunidade de se locar equipamentos de informática, quando, a princípio,

poderiam ter sido comprados. Tanto isso é verdade, que recentemente o próprio Ministério

realizou licitação (Pregão Eletrônico nº 15/2002) na área de informática, porém, desta vez,

não para locação, mas para aquisição de microcomputadores e impressoras.

3.2.2.Critério: artigos 3º, 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/93.

3.2.3.Evidências: Projeto Básico referente à Concorrência nº 02/99 (fls. 08/13,

Anexo I).

3.2.4.Conclusão: o Projeto Básico relativo à Concorrência nº 02/99 não

apresenta informações sobre as vantagens de se locar, em vez de comprar, os equipamentos

de informática que menciona, deixando, assim, de demonstrar a economicidade dos serviços

de locação e sua adequação ao interesse público.

3.2.5.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que, em atenção

ao disposto no artigos 3º, 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/93, faça constar nos projetos

básicos referentes a locações de equipamentos, em especial os de informática, informações

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a respeito da economicidade de se efetuar tais locações em comparação com a possibilidade

de aquisição dos equipamentos.

3.2.6.Provável benefício da proposta: sujeitar as aquisições de serviços de

locação de equipamentos aos aspectos da economicidade e adequação ao interesse público.

3.3.Utilização de empregados da Poliedro na execução de atividades não

abrangidas pelo objeto do Contrato nº 17/98.

DADOS DO PROCESSO RELACIONADO AO ACHADO

CONTRATADA: Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda.

PROCESSO: 52000.001193/97-25.

OBJETO: prestação de serviços técnicos de informação e informática nos órgãos

da administração direta do MDIC, localizados em Brasília/DF e no Rio de Janeiro/RJ.

MODALIDADE DE LICITAÇÃO: Concorrência.

CONTRATO: n° 17/98.

3.3.1.Situação Encontrada: verificamos que, nos anos de 2001 e 2002, alguns

empregados de nível superior da Poliedro foram designados para exercer atividades em

setores - Secretaria Executiva, Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração,

Coordenação-Geral de Recursos Humanos, Coordenação-Geral de Serviços Gerais,

Coordenação-Geral de Planejamento, Orçamento e Finanças - cujas atribuições principais não

estavam relacionadas com o objeto do contrato. A partir de março de 2003, medidas

corretivas foram adotadas, não se constatando, nas relações referentes a esse mês e aos

meses de abril e maio (fls. 82/90 do Anexo I), ocorrências dessa espécie. Os empregados da

contratada que ainda continuam nos referidos setores são de nível médio (Técnicos em

Processamento de Dados) e possuem atribuições de menor complexidade, razão pela qual

entendemos que possam prestar serviços nos locais em que se encontram atualmente.

3.3.2.Critério: Projeto Básico (fls. 228/251 do Anexo I), Contrato nº 17/98 (fls.

262/274 do Anexo I) e Regimento Interno do Ministério (fls. 126/131).

3.3.3.Evidências: relações de empregados da Poliedro, no período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2003, nas quais são informados os setores/unidades do Ministério que

em que cada um dos relacionados exerceu atividades (fls. 14/81 do Anexo I).

3.3.4.Comentários do gestor: o Coordenador-Geral de Modernização e

Informática informou (Memorando nº 336/CGMI/SPOA-MDIC, fls. 104/110 do vol. principal)

que não há procedimentos que regulamentem a escolha dos setores/unidades do MDIC em

que devem atuar os técnicos da Poliedro. Segundo ele, “as demandas são apresentadas e

considerando a particularidade de cada caso, torna-se mais produtivo o atendimento através

de técnico em regime de disponibilidade permanente, lotado no setor demandante.” O

referido coordenador, entretanto, não explicou satisfatoriamente quais são as atividades

desenvolvidas nas dependências dos setores retro citados.

3.3.5.Conclusão: há evidências suficientes para se concluir que os serviços

prestados por alguns empregados da Poliedro não estavam relacionados com o Contrato nº

17/98. Em que pese esse fato, percebemos que a grande maioria desses técnicos

encontrava-se na Coordenação-Geral de Modernização e Informática e em outros setores

com funções ligadas à área de informática e tecnologia, realizando atividades relacionadas

ao objeto contratual. Ressalte-se, também, que, a partir de março de 2003, medidas

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corretivas foram adotadas, não se verificando, nas relações referentes a esse mês e aos

meses de abril e maio, ocorrências dessa espécie.

3.3.5.1.Oportuno, aqui, informar que o Contrato nº 17/98 já foi analisado no TC

016.068/1999-8, que trata de auditoria realizada no MDIC durante o período de 16/11/1999 a

28/01/2000, com vistas a avaliar a legalidade de contratos de Consultoria celebrados pelo

Ministério. Uma das ocorrências constantes do Relatório de Auditoria (fls. 01/57 do TC

016.068/1999-8) foi a de que o MDIC, mediante a realização de contratos de serviços - entre

os quais o retro mencionado - promoveu a execução indireta de atividades inerentes às

categorias profissionais pertencentes aos quadros da Administração, sendo esse um dos

fatos que motivou a audiência dos responsáveis naqueles autos. Assim, considerando que o

TC 016.068/1999-8 - cujos autos atualmente se encontram no Gabinete do Ministro-Relator -

ainda não foi apreciado pelo Tribunal, deixamos, nessa oportunidade, de analisar essa

mesma questão no presente relatório, para nos atermos apenas ao aspecto pertinente à

inobservância do objeto do Contrato nº 17/98.

3.3.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote

medidas no sentido de evitar que os empregados de firmas contratadas para prestar serviços

terceirizados venham a executar atividades não previstas no respectivo contrato.

3.3.7.Provável benefício da proposta: evitar que se utilizem empregados de

prestadoras de serviços terceirizados na execução de atividades não abrangidas pelo objeto

contratual.

3.4.Descumprimento de exigência estabelecida no Projeto Básico referente ao

Contrato nº 17/98, celebrado entre o MDIC e a firma Poliedro Informática, Consultoria e

Serviços Ltda.

3.4.1.Situação Encontrada: conforme exigência do Projeto Básico (fls. 248 do

Anexo I), os empregados da contratada designados para determinadas atividades, entre elas

a de Análise de Sistemas, deveriam possuir 3º grau, como nível de formação mínimo.

Entretanto, analisando-se os currículos entregues pela administração do Ministério,

verificamos que os empregados a seguir relacionados, apesar de não atenderem ao

mencionado requisito, foram designados para o exercício dessas atividades:

VIDE TABELA NO DOCUMENTO ORIGINAL

3.4.1.1.Excetuado o Sr. Henrique Ramiro Viegas do Nascimento, verificamos

que os demais (ver listagem às fls. 88/90 do Anexo I) ainda prestam serviços ao MDIC, na

qualidade de empregados da Poliedro.

3.4.2.Critério: quadro intitulado “Nível de Formação dos Recursos Humanos

para Atribuições Técnicas”, constante do Projeto Básico que integra o Contrato nº 17/98 (fls.

248 do Anexo I).

3.4.3.Evidências: relações de empregados da Poliedro (fls. 14/90 do Anexo I) e

respectivos currículos (fls. 157/196 do Anexo I).

3.4.4.Comentários do gestor: conforme as explicações apresentadas pelo

Coordenador-Geral de Modernização e Informática (fls. 104 do vol. principal), o exame dos

currículos apresentados leva em consideração o grau de conhecimento dos candidatos,

aderência aos objetivos do trabalho a ser realizado, experiência e participação em cursos

técnicos. O coordenador acrescenta ainda (fls. 106 do vol. principal): “não obstante a

exigência de nível mínimo de formação contida no Projeto Básico, (...) pode-se afirmar que

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atuam no mercado de informática profissionais com significativa experiência profissional e

técnica, (...) os quais, entretanto, ou não têm formação superior ou estão cursando

faculdades.” Assim, conclui ele, a exigência contratual de nível superior para determinadas

atribuições é despropositada.

3.4.5.Conclusão: descumpriu-se a exigência, contida no Projeto Básico, de

qualificação mínima exigida para a aceitação, no MDIC, de empregados da contratada.

Quanto ao alegado despropósito dessa exigência, trata-se de questão que deveria ter sido

analisada quando da elaboração do Projeto Básico.

3.4.5.1.Confrontando-se as relações de empregados (fls. 14/90 do Anexo I) com

o currículos apresentados pelo Ministério (fls. 157/196 do Anexo I), somos levados a concluir

que o MDIC, enquanto efetuava pagamentos por serviços cuja execução requeria (Projeto

Básico, fls. 248 do Anexo I) a disponibilização de profissionais de nível superior, em

contrapartida recebia da Poliedro, em diversos casos, profissionais sem essa qualificação

exigida (ver quadro no subitem 3.4.1.), o que possivelmente prejudicou o contratante (a

qualidade dos serviços diminui quando o nível de qualificação dos empregados é inferior ao

esperado) e beneficiou a contratada (os salários pagos a profissionais de nível médio

freqüentemente são menores que os pagos aos de nível superior).

3.4.5.2.Cabe ressaltar que o Ministério aparentemente não atentou para a

existência desse eventual prejuízo. Além do mais, os elementos constantes dos documentos

fornecidos pela Administração durante os trabalhos de campo não permitiram à equipe de

auditoria concluir quanto à ocorrência efetiva de prejuízo decorrente da situação vertente,

bem como quanto ao seu respectivo montante. Esclareça-se, ainda, que a relação constante

do subitem 3.4.1. não é exaustiva, podendo haver outros empregados que, durante a

execução do contrato, não atendiam às qualificações exigidas para as respectivas

atribuições: primeiro, porque, apesar de a execução do contrato ter se iniciado em 1998, o

exame dos currículos pela equipe restringiu-se aos anos de 2001 a 2003 (ver Ofício de

Requisição nº 04/2003, fls. 70 do vol. principal); segundo, porque, mesmo em relação a esse

período, não foram apresentados alguns currículos.

3.4.5.3.Assim, além da evitar que situações como essa venham a ocorrer

futuramente, o Ministério deverá adotar medidas com vistas a avaliar os eventuais prejuízos

decorrentes do fato de se receber serviços de profissionais de nível médio e de se pagar, por

esses mesmos serviços, valores relativos a profissionais de nível superior -, adotando as

medidas necessárias para obter a devolução, pela contratada, dos valores que, porventura,

venham a ser considerados como indevidamente pagos.

3.4.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote

medidas no sentido de:

3.4.6.1.assegurar que os empregados da Poliedro que prestam ou venham a

prestar serviços no Ministério atendam aos requisitos de qualificação mínima estabelecidos

no Projeto Básico correspondente ao Contrato nº 17/98;

3.4.6.2.avaliar os eventuais pagamentos a maior efetuados em favor da

Poliedro - decorrentes do fato de se receber serviços de profissionais de nível médio e de se

pagar, por esses mesmos serviços, valores relativos a profissionais de nível superior -,

adotando as medidas necessárias para obter a devolução, pela contratada, dos valores que

venham a ser considerados como indevidamente pagos.

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3.4.7.Provável benefício da proposta: vincular a execução do contrato aos

requisitos estabelecidos no Projeto Básico, assegurando a qualidade na prestação de serviços

terceirizados.

3.5.Disponibilização de técnicos da Poliedro à ANCINE, contrariando os termos

do Contrato nº 17/98, do Projeto Básico e do Edital de Licitação nº 01/97.

3.5.1.Situação Encontrada: verificamos que a Agência Nacional do Cinema

(Ancine) beneficia-se de serviços prestados pelos técnicos da Poliedro. Até o final de 2002,

tais serviços foram pagos pelo MDIC com fundamento no Convênio nº 001/2002, celebrado

entre a Agência e o Ministério, em 22/07/2002, com o objetivo de proporcionar a cooperação

na compra de bens e na contratação de serviços de interesse mútuo das partes. O prazo do

convênio, entretanto, venceu em dezembro de 2002, não sendo renovado. Em que pese esse

fato, os técnicos da Poliedro continuaram prestando serviços à Ancine, conforme se verifica

nas Relações de Empregados relativas aos meses de janeiro a maio de 2003 (fls. 77/90 do

Anexo I).

3.5.1.1.Não consideramos regular a situação ora exposta, visto que o Contrato

nº 17/98, celebrado entre o MDIC e a referida firma, contempla a prestação de serviços

somente em entidades da administração direta do contratante. Da mesma forma também

dispõem o Projeto Básico e o Edital de Licitação nº 01/97, aos quais está vinculado o

contrato.

3.5.2.Critério: item 15.1 do Edital de Licitação nº 01/97 (fls. 225 do Anexo I),

Projeto Básico (fls. 250 do Anexo I) e cláusula primeira do Contrato nº 17/98 (fls. 262 do

Anexo I).

3.5.3.Evidências: Relação de empregados da Poliedro que prestam ou

prestavam serviços no MDIC (fls. 69/90 do Anexo I) e informações prestadas pelo

Coordenador-Geral de Modernização e Informática mediante o Memorando nº

336/CGMI/SPOA-MDIC, de 24/06/2003 (fls. 104/110 do vol. principal).

3.5.4Comentários do gestor: o Coordenador-Geral de Modernização e

Informática informa que a interrupção do apoio que vem sendo dado à Ancine inviabilizaria

totalmente o funcionamento daquela entidade, motivo pelo qual os empregados da Poliedro

continuam prestando serviços à Agência. Esclarece ainda o referido coordenador que o

Convênio nº 001/2002 encerrou-se em dezembro de 2002 sem ser renovado.

3.5.5.Conclusão: é irregular a prestação de serviços de técnicos da Poliedro em

favor da Ancine, sob o amparo do Contrato nº 17/98, cuja cláusula primeira prevê a

prestação de serviços, pela contratada, somente em favor dos órgãos da administração

direta do contratante. Para corrigir essa situação, necessário se faz interromper a prestação

de serviços, pelos empregados da Poliedro, na Agência. Essa medida, a princípio, não

acarreta prejuízos à Ancine, que possui autonomia para promover licitações, assinar

contratos e ordenar despesas, a teor dos artigos 9º e 10 da Medida Provisória nº 2.228-1, de

06/09/2001.

3.5.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote

providências no sentido de interromper a prestação de serviços, por empregados da Poliedro,

à Ancine, em atenção ao disposto na Cláusula Primeira do Contrato nº 17/98, no item 15.1 do

Edital referente à Concorrência nº 01/97 e no Projeto Básico em anexo a esse edital.

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3.5.7.Provável benefício da proposta: impedir o descumprimento de disposições

editalícias e de cláusulas contratuais.

3.6.Pagamento de faturas sem a comprovação de que a contratada houvesse

efetuado o recolhimento dos encargos sociais relativos aos empregados que prestaram

serviços no MDIC.

3.6.1.Situação Encontrada: nos processos de pagamento referentes à execução,

nos anos de 1998 a 2001, do Contrato nº 17/98, não foram encontrados os comprovantes de

recolhimento dos encargos sociais devidos pela Poliedro, relativamente aos empregados que

prestavam serviços no MDIC. Já em 2002, as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à

Previdência Social (GFIP) foram juntadas ao processo de pagamento correspondente (fls.

424/433 do Anexo II; fls. 527/535 e 548/555 do Anexo III), porém somente em relação a

alguns meses de competência (março, outubro e novembro).

3.6.1.1.A situação vertente contraria o disposto no parágrafo segundo da

cláusula quinta do referido contrato, que estabelece o seguinte:

'O pagamento somente poderá ser efetuado após a comprovação do

recolhimento das contribuições sociais, correspondente ao mês da última competência

vencida, compatível com o declarado, e após verificada a consulta ‘on line’ ao SICAF.'

3.6.1.2.Tal dispositivo contratual protege o contratante contra eventual prejuízo

decorrente da assunção de ônus relacionado às obrigações sociais da empresa contratada.

Isso porque o art. 71, § 2º, da Lei nº 8.666/93, atribui à Administração Pública

responsabilidade solidária com o contratado em relação aos encargos previdenciários

resultantes da execução contratual. Há também o inciso IV do Enunciado TST nº 331, cujo

teor dispõe que o inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador,

implica na responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações,

inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas,

das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da

relação processual e constem também do título executivo judicial.

3.6.1.3.Observe-se ainda que o Tribunal já firmou entendimento (Decisão nº

705/1994-Plenário, TC 020.032/93-5) no sentido de que, 'nos contratos de execução

continuada ou parcelada, a cada pagamento efetivado pela administração contratante, há

que existir a prévia verificação da regularidade da contratada com o sistema da seguridade

social, sob pena de violação do disposto no § 3º do art. 195 da Lei Maior'.

3.6.1.4.Tal entendimento também ampara-se no disposto no art. 55, inciso XIII,

da Lei nº 8.666/93, segundo o qual é cláusula necessária dos contratos 'a obrigação do

contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as

obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na

licitação'.

3.6.2.Critério: art. 195, § 3º da CF; art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93;

Decisão nº 705/1994-Plenário; parágrafo segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98;

3.6.3.Evidências: Processos de pagamento nºs. 52000.002842/2002-70 (fls.

279/404 do Anexo II), 52000.002721/2001-47 (fls. 405/479 do Anexo II e fls. 480/580 do

Anexo III), e informações apresentadas, em 25/06/2003, pela Coordenadora de Execução

Orçamentária e Financeira (fls. 113/114 do vol. principal).

Page 9: Acórdão 1558 2003

3.6.4.Comentários do gestor: a Coordenadora de Execução Orçamentária e

Financeira informou o seguinte (fls. 114 do vol. principal): 'Esta administração não recebe e

nem tem a guarda das guias de recolhimento do INSS da empresa Poliedro, em que pese já

tenha sido solicitada à mesma que as encaminhasse juntamente com as Faturas. Na falta de

atendimento ao pleito, foram considerados suficientes, para processar os pagamentos

relativos aos serviços executados, os procedimentos acima descritos [consulta da

regularidade fiscal da contratada no SICAF]. Mesmo estando a referida empresa

inadimplente, a suspensão do pagamento não tem amparo legal, aplicando-se sim, as

penalidades previstas em lei, ou seja, comunicação por escrito para regularização da

pendência, concedendo prazo para regularizar ou informar o motivo da não regularização,

multa e em seguida a rescisão do contrato.'

3.6.5.Conclusão: a administração do Ministério não vem observando o disposto

no parágrafo segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98 e nas demais normas e

jurisprudência citadas no subitem 3.6.2. Ressalte-se que a consulta ao SICAF não afasta a

obrigação da contratada de comprovar o recolhimento dos encargos sociais, a teor do

mencionado dispositivo contratual.

3.6.6.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que, em

observância ao art. 195, § 3º, da CF, art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93, Decisão TCU nº

705/1994-Plenário e parágrafo segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98, somente

efetue pagamento em favor da Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. após a

comprovação, por essa firma, do recolhimento das contribuições sociais correspondentes aos

empregados que prestam serviços no Ministério, fazendo o mesmo em relação aos demais

contratos de prestação de serviços.

3.6.7.Provável benefício da proposta: impedir a eventual responsabilização da

administração pelo recolhimento de obrigações sociais devidas pelas firmas contratadas que

prestam serviços terceirizados, assim como fazer com que a legislação, a jurisprudência e o

dispositivo contratual mencionados no subitem 3.6.2. sejam cumpridos.

3.7.Ingerência da administração na escolha dos técnicos da Poliedro para a

prestação de serviços no MDIC.

3.7.1.Situação Encontrada: o Coordenador-Geral da CGMI (Memorando

336/CGMI/SPOA-MDIC, fls. 104/110 do vol. principal) declarou que a escolha dos empregados

da Poliedro para prestação de serviços no MDIC se dá de acordo com a solicitação da unidade

do Ministério interessada, a qual encaminha informalmente à empresa o currículo do técnico

a ser contratado. A empresa, por sua vez, contrata os técnicos que são indicados dessa

forma.

3.7.1.1.A escolha, ainda que de maneira informal e indireta, de empregados da

Poliedro pela administração do MDIC, além de não estar prevista no Contrato nº 17/98,

constitui interferência indevida no gerenciamento dos recursos humanos da contratada. A

seleção de empregados é prerrogativa inerente ao empregador e constitui elemento

característico da relação trabalhista, da qual não participa o Ministério. Nesse sentido,

destaque-se a lição de Francisco Antônio de Oliveira (citada no voto condutor da Decisão nº

740/2002-Plenário, TC 014.888/2001-3), para quem a terceirização é o 'liame que liga uma

empresa tomadora à empresa prestadora de serviços, mediante contrato regulado pelo

direito civil, comercial ou administrativo, com a finalidade de realizar serviços coadjuvantes

Page 10: Acórdão 1558 2003

da atividade fim, por cuja realização somente responde a empresa prestadora de serviço,

não tendo a empresa tomadora qualquer possibilidade de ingerência na mão-de-obra da

empresa prestadora.' (Da Terceirização e da Flexibilização como Estágios para a

Globalização. ADV Advocacia Dinâmica: Seleções Jurídicas 10/97, vol. 17, p. 28).

3.7.1.2.Assim, concluímos pela irregularidade do procedimento ora comentado,

não sendo possível, entretanto, definir os responsáveis pelos encaminhamentos dos

currículos, que eram efetuados de maneira informal.

3.7.2.Critério: Contrato nº 17/98, conceito doutrinário de terceirização e

princípio da impessoalidade.

3.7.3.Evidências: Memorando 336/CGMI/SPOA-MDIC (fls. 104/110 do vol.

principal).

3.7.4.Conclusão: à vista das informações prestadas pelo Coordenador-Geral de

Modernização e Informática, a administração do Ministério influenciava e influencia na

escolha dos técnicos a serem contratados pela Poliedro para prestação de serviços no órgão.

3.7.5.Proposta de encaminhamento: determinar à CGSG/MDIC que adote

medidas no sentido de evitar qualquer forma de interferência do Ministério, ou seus

servidores, no gerenciamento dos recursos humanos pertencentes às firmas terceirizadas,

em especial, a consistente na indicação dos empregados que devem ser contratados por tais

firmas para prestarem serviços no âmbito do Ministério.

3.7.6.Provável benefício da proposta: garantir a observância do princípio da

impessoalidade, bem como possibilitar o exercício, pelas firmas terceirizadas, das

prerrogativas inerentes à condição de empregadoras, em especial, a relativa à escolha de

seus empregados.

APURAÇÃO DA DENÚNCIA RELATIVA AO TC 006.533/2003-0

4.1.HISTÓRICO

4.1.1.Antes do início da auditoria, foi protocolada denúncia relativa a supostas

irregularidades praticadas no âmbito do MDIC, objeto do TC 006.533/2003-0. A denúncia

centra-se no relato de fatos relacionados à execução do Contrato nº 17/98, celebrado com a

firma Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda., para prestação de serviços técnicos

na área de informática. Mediante o despacho de fls. 01 dos autos daquele processo, o

Ministro-Relator entendeu preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 235

do Regimento Interno, razão pela qual determinou a autuação e imediata instrução da

denúncia.

4.1.2.A instrução inicial foi, então, realizada, às fls. 40/44 daqueles autos, pelo

assessor do titular desta unidade técnica, o qual analisou detidamente os fatos narrados na

denúncia e propôs, ao final, a apuração dos fatos no âmbito desta auditoria, proposta essa

que obteve, respectivamente, às fls. 45 e 46 do TC 006.533/2003-0, a concordância do

Secretário da 5ª Secex e do Ministro-Relator.

4.1.3.Em decorrência disso, a equipe de auditoria, durante os trabalhos de

campo, buscou elementos que pudessem esclarecer as questões levantadas na peça de

denúncia, relacionadas a supostas irregularidades praticadas durante a execução do

Contrato nº 17/98, que já foi objeto de análise em itens anteriores do presente relatório (ver

subitens 3.3. a 3.7.). São elas:

Page 11: Acórdão 1558 2003

a)Indicação de empregados da Poliedro pela administração do MDIC: o Sr. José

Oswaldo da Silva, durante a sua gestão à frente da Subsecretaria de Planejamento,

Orçamento e Administração, teria diversas vezes indicado quais pessoas a Poliedro deveria

contratar para prestar serviços ao MDIC.

b)Prestação, por diversos empregados da Poliedro, de serviços não relacionados

com o objeto do Contrato nº 17/98: diversos empregados da Poliedro desenvolveriam, no

MDIC, atividades nas áreas de planejamento e apoio administrativo do Gabinete da

Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração - SPOA.

c)Pagamento de empregados da Poliedro mediante apresentação de notas

fiscais frias: os salários de vários empregados da Poliedro não seriam pagos por meio de

crédito em folha de pagamento e sim mediante a apresentação de notas fiscais frias de

serviços, emitidas contra a Poliedro por outras firmas, as quais apenas formalmente seriam

as beneficiárias de tais pagamentos.

d)Desenvolvimento, pela firma Poliedro, do Sistema de Informações

Orçamentárias e Financeiras - SIOFI, o qual consistiria em adaptação de sistema existente

em outro Ministério: o sistema teria sido desenvolvido pelo Sr. Cláudio Sardinha, empregado

da Poliedro, mediante uma adaptação de um sistema existente no Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento.

4.1.4.Além destas, outras questões foram levantadas na peça denunciatória,

entretanto, ou não se referiam exatamente a irregularidades ou não estavam acompanhadas

de elementos suficientes, razões pelas quais não foram objeto de investigação pela equipe

de auditoria.

4.2ANÁLISE

4.2.1.A seguir, apresentamos a análise das questões elencadas no subitem

4.1.3. supra.

4.2.2.Item a: os trabalhos de campo culminaram no achado de auditoria

descrito no item 3.7. deste relatório, o qual consiste na conclusão de que o MDIC interferia

indevidamente na escolha daqueles que deveriam ser contratados pela Poliedro para prestar

serviços no âmbito do Ministério. No subitem 3.7.5., encontra-se a proposta de determinação

pertinente a esse achado.

4.2.3.Item b: apuramos que diversos empregados da Poliedro desenvolviam

atividades não relacionadas com o objeto do Contrato nº 17/98. A análise pormenorizada

dessa situação encontra-se no item 3.3. deste relatório, tendo sido proposta determinação.

4.2.4.Item c: a situação descrita diz respeito à forma de pagamento adotada

pela Poliedro em relação a alguns de seus empregados, notadamente aqueles que recebem

os maiores salários. Tais empregados, para receber o pagamento de sua remuneração,

necessitariam apresentar nota fiscal de prestação de serviços emitida por outras firmas

contra a Poliedro. Esta, por conseguinte, efetuaria o pagamento, tendo como beneficiário,

apenas formalmente, a empresa emitente da nota, pois, de fato, quem o recebe é o

empregado da Poliedro.

4.2.4.1O esquema de pagamento descrito sugere a hipótese de que a empresa

que o adota esteja tentando ocultar o vínculo trabalhista existente entre ela e os

empregados pagos dessa forma, possivelmente com a intenção de evitar o recolhimento dos

encargos sociais previstos na legislação trabalhista e previdenciária (FGTS e contribuição

Page 12: Acórdão 1558 2003

previdenciária). Reforçando essa hipótese, há o documento de fls. 153 do Anexo I - que

consiste em uma folha sem pauta e sem timbre, escrita a mão -encaminhado à equipe de

auditoria juntamente com o currículo da funcionária da Poliedro, Sra. Giovanna Scagliarini

Jardim. Nele, uma senhora chamada Ana Lúcia informa que “as admissões referentes são por

NF, e não por CLT”.

4.2.4.2.Solicitamos então (Ofício de Requisição nº 09/2003, fls. 76/79 do vol.

principal) à administração do MDIC esclarecimentos sobre o vínculo de trabalho existente

entre a Poliedro e os técnicos tidos como empregados desta firma, assim como manifestação

a respeito do documento referido na parágrafo anterior. Em resposta (Memorando nº

335/CGMI/SPOA-MDIC, fls. 112 do vol. principal), o Coordenador-Geral de Modernização e

Informática explicou que não há previsão contratual que torne possível ao contratante

verificar as condições em que são contratados os técnicos da Poliedro que prestam serviços

no Ministério. Quanto ao documento encontrado em anexo ao currículo da funcionária

Giovanna Scagliarini Jardim, o coordenador julgou ser despacho interno de autoria de

empregado da área de pessoal da empresa Poliedro, versando sobre orientações para a

contratação da referida funcionária. Por fim, acrescentou que não cabe qualquer ingerência,

por parte do Ministério, no conteúdo desse documento.

4.2.4.3.De fato, no Contrato nº 17/98 não há cláusula prevendo a possibilidade

de fiscalização, pelo contratante, das condições de admissão e pagamento dos empregados,

adotadas pela Poliedro. Como conseqüência, esta não é obrigada a apresentar a carteira de

trabalho assinada de cada técnico que inicia a prestação de serviços no MDIC e as folhas de

pagamento periodicamente emitidas.

4.2.4.4.Conclui-se, então, que o conhecimento do suposto esquema de

pagamento de empregados mediante a apresentação de notas fiscais frias não estaria ao

alcance da administração do MDIC. Tais circunstâncias também impediram que a equipe de

auditoria obtivesse os documentos necessários ao esclarecimento do caso, tais como as

folhas de pagamento emitidas pela prestadora de serviços.

4.2.4.5.Assim, consideramos prejudicada a possibilidade de se afirmar, com

plena convicção, que a contratação e o pagamento de empregados da Poliedro mediante a

apresentação de notas fiscais frias tenha efetivamente ocorrido. Para tanto, seria necessário

obtermos acesso às folhas de pagamento emitidas pela firma em questão e confrontá-las

com as relações de empregados que se encontram no Anexo I ao presente processo.

4.2.4.6.Como esses documentos encontram-se na empresa e não no MDIC,

entendemos que a melhor solução a ser adotada é o envio das informações constantes

desses autos à Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal, para que sejam tomadas

as providências cabíveis.

4.2.5.Item d: verificamos que a Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e

Administração (SPOA/MDIC), após levantamento - realizado pelo Coordenador-Geral de

Modernização e Informática, Sr. José Roberto Loureiro (Memorando nº 38 CGMI/SPOA/2001,

fls. 581/584 do Anexo III) - de diversas falhas e irregularidades supostamente cometidas

durante a execução do contrato com a Poliedro, instaurou Sindicância e, posteriormente,

Processo Administrativo Disciplinar para apuração dos fatos, sendo que esses procedimentos

se desenrolaram nos autos do Processo nº 17109/2001-79.

Page 13: Acórdão 1558 2003

4.2.5.1.Algumas dessas falhas e irregularidades se referem ao desenvolvimento

do SIOFI, porém diversas outras questões foram apuradas no decorrer dos trabalhos de

sindicância. Dado que essas questões fazem parte do escopo da auditoria, a presente análise

abordará os fatos - somente os relevantes - objeto do referido processo apuratório.

4.2.5.2.Antes, porém, de listarmos as ditas falhas e irregularidades,

entendemos oportuno tecer algumas considerações sobre a forma de execução de serviços

terceirizados mediante o Contrato nº 17/98.

4.2.5.3.A firma Poliedro presta ao MDIC serviços nas áreas de informática e

informação, mediante a alocação de pessoal na estrutura física do Ministério localizada em

Brasília e no Rio de Janeiro. Conforme a cláusula segunda do contrato, uma parte desses

serviços é de natureza contínua (digitação, suporte, comunicação de dados de redes,

processamento de dados, manutenção de sistemas implantados e as respectivas supervisões

técnicas e operacionais) e a outra é de natureza sazonal ou aleatória (temporária), destinada

ao atendimento de demandas específicas (desenvolvimento de sistemas, treinamentos

técnicos, serviço técnico especializado em informação e as respectivas supervisões técnicas

e operacionais). Geralmente, tais serviços temporários vêm, no decorrer da execução do

contrato, se traduzindo no desenvolvimento de sistemas específicos, a exemplo do SIOFI.

4.2.5.4.Quanto à forma de execução e medição dos serviços prestados, o

contrato fixa um determinado número de horas a serem cumpridas mensalmente por cada

categoria de empregados (no total, são 13, entre as quais há Analistas de Sistemas,

Administradores de Dados, Operadores de Microcomputador, entre outras categorias). O

número de horas mensais trabalhados e os respectivos valores unitários variam de uma

categoria para outra e são a base para a definição do valor a ser pago, mensalmente, à

contratada. Isso se aplica tanto aos serviços contínuos e rotineiros como aos serviços

temporários, inclusive o de desenvolvimento de sistemas. Assim, quando um sistema é

formulado, o contratante paga as horas de trabalho destinadas ao seu desenvolvimento e

não o sistema em si, sem prejuízo, evidentemente, da verificação da conformidade dos

serviços com as solicitações feitas pelo contratante.

4.2.5.5.No caso específico de formulação de sistemas, verificamos que a rotina,

estabelecida no MDIC, para o desenvolvimento de cada um deles seria a seguinte:

a)o MDIC solicita à Poliedro a elaboração de projeto sobre determinado sistema;

b)a Poliedro elabora o projeto e o apresenta ao MDIC;

c)o MDIC autoriza o início do desenvolvimento dos sistemas mediante a Emissão

de Autorização de Execução de Serviços - AES, que possui, entre outros, os seguintes

campos: especificação dos serviços a serem executados; prazo de execução; período de

execução; datas para emissão, pelo gestor do contrato, de Relatórios de Acompanhamento e

Controle - RACs (parciais e finais); e autorização da execução dos serviços, geralmente

assinada pelo gestor do contrato e pelo Subsecretário de Planejamento, Orçamento e

Administração;

d)emissão, pela Poliedro, dos RACs, parciais e finais, relativos ao

desenvolvimento dos sistemas, nas épocas assinaladas nas AESs, contendo as seguintes

informações, entre outras: os quantitativos de horas, por cada categoria de serviços,

cumpridas com a finalidade de desenvolver o sistema; as atividades executadas no período a

que se refere o relatório; eventuais pendências ou dificuldades registradas no decorrer da

Page 14: Acórdão 1558 2003

fase de desenvolvimento de sistema; e a aprovação, com ou sem restrições, do RAC pelo

gestor do contrato;

4.2.5.6.Além desses documentos, emite-se o Boletim de Medição de Serviços -

BMS, que especifica os número de horas cumpridas por cada categoria e os valores totais

devidos pela prestação de serviços em um determinado mês. A diferença desse documento

para o RAC é que este apresenta os dados específicos de cada AES emitida, enquanto o BMS

apresenta o total de horas a serem pagas, englobando todas as AES emitidas.

4.2.5.7.Cabe ressaltar que os sistemas, em regra, demoram mais de um mês

para serem desenvolvidos. Ainda assim, por se tratar de contrato de serviços estipulado em

horas mensais a serem prestadas pelos empregados da contratada em favor do MDIC

(conforme já se explicou anteriormente neste relatório), este último efetua o pagamento dos

serviços parciais de desenvolvimento dos sistemas, com base nos quantitativos de horas

trabalhadas informados nos RACs e BMSs, independentemente de o sistema só vir a ser

concluído em momento posterior.

4.2.5.8.Dito isso, passaremos a listar e analisar os fatos relevantes objeto das

investigações levadas a termo pela Comissão de Sindicância e, posteriormente, pela

Comissão de Processo Administrativo Disciplinar.

a)Termos de Referência (projetos de desenvolvimento de sistemas) e

Autorizações de Execução de Serviços (AESs) sem especificação dos custos e/ou não

datados;

4.2.5.9.A Comissão de Sindicância verificou que as AESs nºs. 001/99, 002/99,

003/99, 004/99, 001/00 e 002/00 (fls. 587/606 do Anexo III), bem como os Termos de

Referência nºs. 1360/99, 1398/99 e 1439/99, não especificam os custos de execução dos

serviços a que estão associadas. Além disso, o Termo de Referência nº 1398/99 não está

datado.

4.2.5.10.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar não indiciou os

responsáveis em relação à ocorrência vertente. Concluiu ela, em seu relatório final (fls. 1705

e 1707 do Anexo IX), que os Termos de Referência retro mencionados continham elementos

técnicos e proposta financeira, bem como que a ausência de dados sobre os custos na AES

nº. 001/99 estaria justificada por tratar de serviços de natureza contínua, não tendo, segundo

a comissão, como se mensurar antecipadamente os serviços relacionados.

4.2.5.11.Nosso entendimento é de que, apesar da importância das AESs e dos

Termos de Referência no contexto dos controles necessários à execução dos serviços pela

Poliedro, não constituem falhas graves a não-especificação de custos e a falta de data em

um desses termos. Se por um lado é conveniente estabelecerem-se os valores que serão

pagos por cada atividade a ser realizada, por outro, verifica-se que tais valores são de

natureza apenas estimativa, pois o parâmetro de medição de serviços prestados - e,

consequentemente, dos valores a serem pagos mensalmente -, a teor do contrato, é a

quantidade efetiva de horas trabalhadas pelos empregados no MDIC. Além disso, os

relatórios finais das duas comissões apresentam sugestões de melhoria dos controles

contratuais, o que, nesse caso, já é satisfatório.

b)Colocação no MDIC, pela Poliedro, de empregado cujo grau de escolaridade

não atende ao disposto no Projeto Básico referente ao Contrato nº 17/98;

Page 15: Acórdão 1558 2003

4.2.5.12.A Comissão de Sindicância apurou que o Sr. Cláudio César Sardinha do

Amaral, empregado da Poliedro, prestava serviços ao MDIC sem possuir a qualificação

mínima estabelecida no Projeto Básico.

4.2.5.13.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, por outro lado, não

indiciou os responsáveis em relação a essa questão, bem como, sobre ela, não se manifestou

de forma circunstanciada no relatório final (fls. 1697/1764 do Anexo IX). O referido relatório

apenas contém recomendação à Administração do MDIC (fls. 1763 do Anexo IX) no sentido

de “atender o que determina o Anexo I do Projeto Básico do Edital, referente ao Quadro

‘Nível de Formação dos Recursos Humanos para Atribuições Técnicas’ (...)”

4.2.5.14.Convém observar que a situação vertente já foi por nós plenamente

analisada no subitem 3.4. deste relatório, constituindo um dos achados da auditoria.

Conforme ali mencionado, a irregularidade em questão se estende a outros empregados da

Poliedro, que não possuem a qualificação exigida para o cumprimento de suas atribuições.

c)o SIOFI seria uma adaptação de outro sistema existente no Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);

4.2.5.15.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar não se manifestou

sobre essa questão no relatório final (fls. 1705 e 1707 do Anexo IX). Entretanto, não

deixaremos de demonstrar nosso entendimento sobre a situação, tomando-se por base os

documentos encontrados nos autos do Processo Administrativo Disciplinar e juntados aos

presentes autos.

4.2.5.16.Dito isso, verificamos que próprio solicitante do SIOFI, Sr. Júlio César de

Oliveira de Albuquerque Pereira, confirmou, em depoimento prestado à Comissão de

Sindicância (fls. 1318/1323 do Anexo VII), que esse sistema foi desenvolvido a partir do SIOR

(Sistema de Informações Orçamentárias), pertencente ao MAPA. Segundo o depoente, este

Ministério havia cedido ao MDIC as fontes do SIOR, para adaptação. Como prova disso,

apresentou o Ofício nº 007, de 04/10/2001 (fls. 1391/1392 do Anexo VII), do então

Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do MAPA, Sr. Neuton de Faria

Soares, que expressa o seguinte: '(...) informamos que este Sistema [SIOR] foi colocado à

disposição do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio - MDIC, com suas

respectivas fontes, em 1999, para avaliação da possibilidade de implantação com

readequação e desenvolvimento de módulos específicos, para atendimento das demandas do

referido Ministério.'

4.2.5.17.Assim, a princípio, não vislumbramos irregularidade na utilização do

SIOR como base para o desenvolvimento do SIOFI, à vista das informações passadas pelo Sr.

Neuton de Faria Soares. Ademais, pelas informações constantes dos diversos depoimentos

prestados, o sistema não foi simplesmente copiado, tendo sido adaptado pela Poliedro para -

acredita-se - atender às necessidades do MDIC.

4.2.5.18.Esclareça-se ainda que o MDIC não efetuou, em favor da Poliedro,

pagamentos pela disponibilização do sistema pertencente ao MAPA, o que seria indevido. Os

pagamentos feitos estão relacionados tão somente aos trabalhos dos empregados da

referida firma destinados a colocar o sistema disponibilizado em conformidade com as

necessidades do MDIC, segundo demostram os RACs constantes às fls. 821/822, 826/827,

833/834, 842/843. Além disso, tais documentos, destinados a informar as horas de serviços

cumpridas pelos mencionados empregados da contratada, estão devidamente assinados pelo

Page 16: Acórdão 1558 2003

gestor do contrato, atestando, dessa forma, que os trabalhos de adequação do sistema

original foram realizados.

d)o sistema SIOFI não teria sido utilizado após a sua conclusão, tendo-se, ainda,

questionado a necessidade de sua elaboração;

4.2.5.19.A não-utilização do sistema foi levantada inicialmente pelo Sr. José

Roberto Loureiro (Memorando nº 38 CGMI/SPOA/2001 de 19/01/2001, fls. 581/584 do Anexo

III). Segundo ele, tal fato devia-se à adequação do SIOFI apenas ao orçamento de 1999, vez

que seu desenvolvimento não levou em consideração 'os novos procedimentos a serem

adotados pelo MDIC, principalmente pela estrutura orçamentária do ano 2000 e sua

execução, cujas demandas já seriam plenamente atendidas pelos sistemas SIAFI e SIDOR.'

4.2.5.20.Os vários depoimentos são divergentes quanto a essa questão,

havendo vários posicionamentos a respeito, os quais serão transcritos a seguir: (...)

4.2.5.21.Sobre a implantação ou não do SIOFI, nenhum servidor ou responsável

foi indiciado pela Comissão de Processo Administrativo Disciplinar. Esta, ao analisar a

questão no relatório final (fls. 1705 do Anexo IX), afirmou que 'o sistema foi utilizado pelo

próprio Subsecretário, como também pelo Sr. Silvino Hipólito da Silva Neto, Chefe da Divisão

de Execução Orçamentária e Financeira da CGSG (...).'

4.2.5.22.Quanto ao nosso entendimento sobre o caso, podemos verificar que os

depoentes divergem nas suas declarações. Por um lado, as pessoas envolvidas com a

solicitação ou o desenvolvimento do sistema afirmaram que este foi utilizado, apontando os

supostos usuários. Por outro, há servidores que ora dizem que o sistema não foi utilizado, ora

apenas afirmam que desconhecem a sua utilização ou mesmo a sua implantação no âmbito

do Ministério.

4.2.5.23.Essas divergências nos impossibilitam afirmar, com a devida

segurança, como teria ocorrido a implementação do sistema SIOFI no MDIC - se é que

ocorreu -, por quanto tempo e por quantas pessoas teria sido utilizado e quais os motivos

que determinaram a descontinuidade de sua eventual utilização. Além do mais, as mudanças

ocorridas nos cargos de confiança do Ministério desde a época dos fatos, com a saída de

vários dos eventuais usuários citados pelo Sr. Cláudio Sardinha, prejudicou, durante a

auditoria, a apuração dos fatos mediante a realização de entrevistas.

4.2.5.24.Quanto à alegada desnecessidade de elaboração do SIOFI (ver

depoimentos às fls. 926/928 e 929/932 do Anexo V) - que seria decorrente do fato de suas

funções já serem desempenhadas pelos demais sistemas do Governo Federal que tratam de

matéria orçamentária e financeira (SIDOR, SIAFI e do SIAFI Gerencial) -, a Comissão de

Processo Administrativo Disciplinar se manifestou nos seguintes termos (fls. 1705 do Anexo

IX):

'(...) julgar um sistema como inadequado é muito subjetivo, pois, adequado para

uns pode não ser para outros (...). Se o sistema não estava adequado aos interesses da nova

administração e o foi para a administração anterior, cujos serviços executados pela

contratada não são motivos de dúvidas, e pelos quais foram pagos, resta a atual

administração resgatar o referido sistema, adequando-o de acordo com suas necessidades,

tendo em vista, que existe previsão contratual, inclusive com ônus para a contratada.

Page 17: Acórdão 1558 2003

Por oportuno, cabe ressaltar que a Comissão pode observar, através de

documentos acostados aos autos, que sistemas similares a esse estão sendo utilizados em

outros Ministérios (...)'

4.2.5.25.Quanto à nossa opinião, constatamos que é verdade que as

especificações contidas no Termo de Referência nº 1360/99 (fls. 995/1175 do Anexo VI) e na

AES nº 02/99 (fls. 587 do Anexo III), relativos ao SIOFI, dão conta de funções que, na maioria,

pelo menos, são desempenhadas por um ou mais dos três sistemas do Governo Federal

citados no parágrafo anterior. Entretanto, isso, por si só, não nos autoriza a concluir que a

elaboração do SIOFI tenha sido desnecessária, pois é preciso considerar ainda as possíveis

diferenças entre os sistemas em diversos aspectos (por exemplo, a forma de processamento

e apresentação de dados voltada para as necessidades específicas do Órgão). Além do mais,

o sobredito termo de referência deixa claro que o SIOFI não viria para substituir os sistemas

já existentes, mas para complementá-los, conforme se depreende dos seguintes trechos (fls.

999 do Anexo VI): (...)

4.2.5.26.Concluímos então que, das duas supostas irregularidades retro

comentadas - a desnecessidade de desenvolvimento do SIOFI e a falta de sua implantação e

utilização efetiva -, nenhuma foi efetivamente definida ou comprovada. O que podemos

afirmar é apenas que o referido sistema não se encontrava em operacionalização à época da

instauração dos procedimentos apuratórios pelo MDIC, tomando-se por base os diversos

depoimentos apresentados às duas comissões (a de Sindicância e a de Processo

Administrativo Disciplinar).

4.2.5.27.Assim, resta-nos propor que se determine à CGSG/MDIC a realização de

estudos sobre as possibilidades de aproveitamento do SIOFI, devendo a Administração adotar

as providências entendidas como pertinentes, caso seja encontrada qualquer alternativa

viável, oportuna e conveniente de aproveitamento a ser implementada.

e)pagamento de etapas do desenvolvimento dos sistemas Data Warehouse e

Alice Web, que não teriam sido concluídos;

4.2.5.28.Ambos os sistemas, cuja solicitação de desenvolvimento havia sido

formalizada mediante a emissão da AES nº 004/99, emitida em 30/04/99 (fls. 601/602 do

Anexo III), ainda não estavam concluídos à época da abertura da Sindicância, apesar do

terem sido pagas, em 1999, parcelas relativas a etapas de sua elaboração, no montante de

R$ 243.474,62.

4.2.5.29.Segundo informações do atual Coordenador da CGMI (fls. 583 do Anexo

III), o Alice Web continuou a ser desenvolvido pela Poliedro, estando previsto que entraria em

operação em 01/10/2001 (fls. 907 do Anexo V). Quanto ao Data Warehouse, não há notícias

sobre a continuidade de seu desenvolvimento e a data provável de sua conclusão.

4.2.5.30.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, no relatório final

(fls. 1706 do Anexo IX), manifestou-se nos seguintes termos:

'(...) a não conclusão do DW [Data Warehouse] prendeu-se a diversos fatores

alheios a vontade da Contratada, calcados não só nos depoimentos a seguir, como na falta

de interação entre as áreas envolvidas, em sucessivas mudanças de Coordenadores da

Coordenador-Geral de Modernização e Informática, na mudança de Secretário de Comércio

Exterior, bem como nas dificuldades apontadas no documento de fls. 1778 a 1884

Page 18: Acórdão 1558 2003

[esclarecimentos prestados à Comissão pela Sr. Adriane Martins de Paula, fls. 1413/1419 do

Anexo VIII].'

4.2.5.31.A referida comissão não se manifestou expressamente sobre o atraso

na conclusão do Alice Web, possivelmente porque tal fato não constou no relatório da

Comissão de Sindicância como questão a ser apurada (ver quadro de tipificação dos fatos às

fls. 787/790 do Anexo IV).

4.2.5.32.E, efetivamente, constatamos que os depoimentos prestados às

comissões pelas pessoas envolvidas com o desenvolvimento dos sistemas, bem como as atas

da reuniões das quais participaram essas mesmas pessoas - em que pese não estarem tais

atas devidamente assinadas - revelam diversos fatores que teriam influenciado no atraso da

conclusão do Alice Web e na paralisação do desenvolvimento do Data Warehouse:

4.2.5.32.1.divergências entre a unidade técnica do MDIC e a Secretaria de

Comércio Exterior, principal interessada nos sistemas (fls. 614 e 653 do Anexo III, fls. 907,

909, 916 e 922 do Anexo V, fls. 1422/1581 do Anexo VIII);

4.2.5.32.2.discussão e alteração de características dos sistemas, após iniciados

os trabalhos de elaboração do Alice Web e do Data Warehouse, denotando a ausência de um

planejamento eficiente (fls. 921/922 do Anexo V, fls. 1409/1412 e 1422/1581 do Anexo VIII);

4.2.5.32.3.atraso na transferência, ao MDIC, de dados encontrados no SERPRO e

na Secretaria da Receita Federal, bem como do implemento de determinadas condições

técnicas, com aquisição softwares específicos (fls. 1409/1412 e 1422/1581 do Anexo VIII);

4.2.5.33.Em nossa análise, quanto aos dois primeiros fatores retro, está claro

que são evitáveis mediante a realização de um planejamento completo e fundamentado nas

necessidades dos usuários. Se bem planejado, o desenvolvimento de um sistema não precisa

ser objeto de divergências e mudanças que prejudiquem demasiadamente os andamento dos

trabalhos. Em relação ao último fator, acreditamos se tratar de situação para a qual não

concorreu a administração do MDIC, não obstante tenha, provavelmente, influenciado

negativamente no desenvolvimento dos trabalhos.

4.2.5.34.Sendo somente essas as causas que encontramos para a situação em

apreço e considerando a manifestação, anteriormente mencionada, da Comissão de Processo

Administrativo Disciplinar, não vislumbramos qualquer conduta grave que tenha sido

responsável pelas dificuldades na elaboração dos dois referidos sistemas. Além disso, deve-

se notar que a não-conclusão deles nos prazos previstos não significa, necessariamente, a

perda dos trabalhos realizados. Tanto isso é verdade que o Alice Web continuou a ser

desenvolvido, conforme já mencionamos anteriormente. Em consulta ao site do Ministério

(www.desenvolvimento.gov.br), podemos, inclusive, constatar que o sistema apresenta-se

disponível aos interessados (fls. 1695/1696 do Anexo IX).

4.2.5.35.Nada impede, portanto, que o Data Warehouse venha a ser concluído -

se ainda não o foi -, trazendo, consequentemente, benefícios à Administração Pública. Além

do mais, os pagamentos feitos em 1999, no montante de R$ 243.474,62, a princípio foram

devidos, vez que não se questionou, no decorrer dos procedimentos apuratórios, se os

serviços relacionados às etapas de desenvolvimento dos sistemas em questão foram

efetivamente prestados pelos empregados da Poliedro, havendo relatórios sobre tais

serviços, aprovados, sem restrições, pelo representante da administração (fls. 837/838,

844/845, 849/850 e 854/855 do Anexo V).

Page 19: Acórdão 1558 2003

4.2.5.36.Isso exposto, propomos as determinações sugeridas ao final do

presente relatório, com vistas a evitar que, futuramente, se repitam situações como a ora

comentada, assim como promover a conclusão do Data Warehouse, caso não ocorrida.

f)pagamento parcial dos serviços de desenvolvimento da página eletrônica do

MDIC, a qual não teria sido implantada em dois idiomas, em inobservância ao especificado na

AES 002/2000;

4.2.5.37.Conforme a AES nº 002/2000 (fls. 605/606 do Anexo III), a

reestruturação do site do Ministério deveria ter sido feita em dois idiomas, o que não

aconteceu. Isso, entretanto, não gerou qualquer prejuízo ao MDIC, pois, assim como os

serviços relativos à introdução do segundo idioma não foram realizados, também não foram

pagos (ver informações às fls. 583 e 607 do Anexo III). Verifique-se que o RAC

001/AES002/2000 (fls. 758/759 do Anexo IV), no qual se encontra descrita a parte executada

dos serviços relativos à aludida reestruturação, corretamente não menciona a inclusão do

idioma estrangeiro.

4.2.5.38.Quanto à previsão de introdução do segundo idioma, o atual

Coordenador-Geral de Modernização e Informática (fls. 911 do Anexo V) informou que esta

ocorreria tão logo terminasse a reformulação do site provocada pelo grande volume de

informações desnecessárias e programações em flash que tornaram excessivamente lenta a

sua visitação.

4.2.5.39.A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar não indiciou

qualquer servidor ou responsável pelo fato em questão. No relatório final (fls. 1707 do Anexo

IX), a referida comissão apenas informou que foi paga somente a 'primeira parcela, tendo em

vista a pendência do segundo idioma, pendência essa em regularização' e recomendou (fls.

1763 do Anexo IX) que se exigisse da contratada a conclusão dos serviços de inclusão do

segundo idioma.

4.2.5.40.Em que pesem essas informações, constatamos que permanece

descumprido o planejamento inicial dos trabalhos de reestruturação do site, consubstanciado

na AES nº 002/2000, cujo teor prever a apresentação de informações em dois idiomas. Neste

documento estabeleceram-se duas etapas, de um mês cada uma (janeiro e fevereiro de

2000), para a conclusão dos serviços ali descritos, o que não foi cumprido.

4.2.5.41.Entendemos que isso pode ser decorrente tanto do mau planejamento

dos serviços, quanto da sucessão de situações imprevisíveis. Apesar de não podermos indicar

qual desses fatores teria influído na execução incompleta dos serviços descritos na AES nº

002/2000, cabe ressaltar que já realizamos anteriormente, neste relatório (ver subitem

4.2.5.33.), análise quanto às deficiências de planejamento prejudiciais ao cumprimento de

prazos de desenvolvimento de sistemas. Dispensável, portanto, o aprofundamento da

questão, devendo-se ressaltar, ainda, que a determinação relativa a essa análise

antecedente também se aplica à situação em apreço.

4.2.5.42.Estas foram as ocorrências apuradas no âmbito da Sindicância e do

Processo Administrativo Disciplinar, das quais entendemos conveniente tratar. Ressalte-se,

por oportuno, que não foram elas as únicas a serem investigadas no transcorrer dos

mencionados procedimentos apuratórios.

4.2.5.43.Deixamos, por exemplo, de nos manifestar sobre as falhas atribuídas,

pela Comissão de Processo Administrativo Disciplinar, ao Sr. Ricardo Luiz Alves Barreto,

Page 20: Acórdão 1558 2003

Coordenador da CGMI de maio de 1997 a fevereiro de 1999 (ver quadro com as condutas

agravantes, constante no Relatório da Comissão de PAD, fls. 1761 do Anexo IX), por

considerarmos dispensável. Além de, por tais falhas, o Sr. Ricardo já ter sido apenado (a

aplicação de pena de destituição de cargo em comissão ao referido senhor foi a conclusão

final a que chegou a comissão, às fls. 1763/1764 do Anexo IX, a qual foi aceita pelo

Ministério), nelas, segundo demonstram os autos do procedimento apuratório, não

incorreram os coordenadores que o sucederam, Sra. Adriane Martins de Paula e Sr. Gledson

Correa da Costa Cordeiro, o que denota a adoção das providências necessárias. Não

abordamos também diversas outras ocorrências levantadas no decorrer dos trabalhos das

comissões, seja por terem sido devidamente explicadas, seja pela ausência de provas a

respeito.

(...)

CONCLUSÃO DA AUDITORIA

5.1.A execução da presente auditoria resultou em diversos achados, descritos

no presente relatório (item 3). Por ocasião da análise de cada um deles, sugerimos a

realização de determinações pertinentes a cada caso, as quais também constam da proposta

de encaminhamento (item 6).

5.2.Além do exame das aquisições de bens e serviços de informática

relacionados à amostra selecionada pela equipe de auditoria, procedemos à apuração da

denúncia objeto dos autos do TC 006.533/2003-0, referente a irregularidades que teriam sido

cometidas durante a execução do Contrato nº 17/98, celebrado entre o MDIC e a firma

Poliedro. Alguns dos fatos levantados pelo denunciante foram confirmados (subitens 4.2.2. e

4.2.3.), razão pela qual a denúncia poderá ser considerada parcialmente procedente.

5.3.Porém, uma das questões levantas na denúncia, qual seja, o pagamento de

empregados da Poliedro com a utilização de notas fiscais frias, não foi suficientemente

esclarecida, não obstante os indícios de que tal fato possa ser verdadeiro (ver subitem

4.2.4.). Conforme já expomos no desenvolvimento do presente relatório, entendemos que,

nesse caso, devam ser remetidas à Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal

informações, constantes dos presentes autos e dos autos do TC 006.533/2003-0 (referente à

denúncia abordada no presente relatório, mais especificamente no item 4), que possibilitem

a este órgão de fiscalização trabalhista adotar as providências que entender cabíveis.

5.4.A apuração da denúncia ensejou ainda a análise do Processo nº

17109/2001-79, que trata de Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar instaurados

pelo MDIC, com vistas a apurar irregularidades que também teriam sido cometidas no

decorrer da execução do contrato com a Poliedro. Os elementos constantes dos autos desse

processo subsidiaram a análise concernente a ponto específico da denúncia: suposta

irregularidade no desenvolvimento do sistema SIOFI (ver subitens 4.2.5.15. a 4.2.5.27.).

Outras ocorrências investigadas no âmbito da Sindicância e do Processo Administrativo

Disciplinar, apesar de não serem mencionadas na peça denunciatória, foram abordadas no

decorrer do presente relatório.

5.5.Por fim, considerando que propusemos apenas determinações em relação

às ocorrências relatadas e considerando ainda que as diversas questões anteriormente

tratadas se relacionam a mais de um exercício financeiro (1999 a 2002), os presentes autos,

Page 21: Acórdão 1558 2003

depois de apreciados, poderão ser apensados às contas de 1999 (TC 008.646/2000-9), por

serem mais relevantes os fatos referentes a esse exercício, sendo oportuno

que se junte às demais contas - à exceção das referentes ao exercício de 2000

(TC 009.891/2001-8), que já foram julgadas - cópias do relatório de auditoria e da decisão

que vier a ser proferida.”

3.Como proposta de encaminhamento, a equipe de auditoria sugeriu (fls.

31/32):

a)considerar parcialmente procedente a denúncia tratada nos autos do TC

006.533/2003-0;

b)fazer as determinações propostas ao longo do relatório de auditoria;

c)enviar à Delegacia Regional do Trabalho do Distrito Federal cópia da peça

denunciatória e demais documentos reunidos, do relatório de auditoria e da decisão proferida

pelo Tribunal, alentando o destinatário quanto ao sigilo, caso mantido, das informações

relacionadas à denúncia;

d)com fundamento no art. 55, § 1º, da Lei nº 8.443/92, retirar a chancela de

sigiloso que recai sobre os autos do TC 006.533/2003-0, preservando, contudo, o sigilo

quanto à autoria da denúncia;

e)apensar os presentes autos às contas da Coordenação-Geral de Serviços

Gerais do MDIC relativas ao ano de 1999 (TC 008.646/2000-9);

f)juntar às contas de 2001 e 2002 cópia do relatório de auditoria e da decisão

que vier a ser proferida pelo Tribunal;

g)dar ciência ao denunciante da decisão que vier a ser proferida;

h)encaminhar à CGSG/MDIC cópia do relatório de auditoria, bem como da

decisão que vier a ser proferida, acompanhada do relatório e do voto que a fundamentarem.

4.A Sra. Diretora da 2ª Diretoria Técnica da 5ª Secex, após deixar anotado que o

presente processo detém natureza sigilosa em face do apensamento de denúncia aos autos,

manifestou-se de acordo com as proposições da equipe (fls. 119). Esse posicionamento foi

endossado pelo Titular da Unidade Técnica (fls. 120).

É o relatório.

Voto do Ministro Relator

A presente auditoria foi realizada em cumprimento à Decisão n° 1214/2002,

proferida na Sessão Plenária de 18/09/2002, quando foi examinado o TC 013.458/2000-0, que

tratou de dar atendimento à solicitação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do

Senado Federal, requerendo a relação dos contratos firmados pelo Governo Federal desde

1995, com base em dispensa ou inexigibilidade de licitação, cujo objeto consistia na

prestação de serviços e/ou na aquisição de bens de informática.

2.A partir das informações reunidas naquele processo, o Tribunal considerou

que existiam razões suficientes para justificar a realização de trabalhos de auditoria que

tivessem o propósito de avaliar a legalidade e a oportunidade da contratação e da aquisição

de bens e serviços de informática pelos diversos órgãos e entidades integrantes da

Administração Pública Federal.

3.O trabalho executado na Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - CGSG/MDIC envolveu, além das

questões objeto da Decisão n° 1214/2002-Plenário, o esclarecimento de denúncia apensada

Page 22: Acórdão 1558 2003

aos presentes autos (TC 006.533/2003-0) e a coleta de dados para juntada ao TC

005.574/1999-4, que versa sobre solicitação da Comissão de Ciência e Tecnologia,

Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados no sentido de ser realizada

fiscalização nos contratos corporativos celebrados pela Administração Pública Federal com a

empresa TBA Informática Ltda.

4.No tocante às contratações de bens e serviços de informática levadas a efeito

pela CGSG/MDIC, a equipe apontou as seguintes ocorrências:

a)realização de dispensa de licitação, fundamentada no art. 24, VIII, da Lei nº

8.666/93, visando à contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São

Paulo - IPT/SP para desenvolvimento de um banco de dados de apoio ao planejamento de

empresas exportadoras, sem que fossem apresentados parâmetros que confirmassem ser o

preço ajustado compatível com o de mercado;

b)inconsistência na elaboração de projeto básico ao não abordar aspectos

referentes à economicidade e à adequação ao interesse público para fundamentar a opção

pela locação de equipamentos de informática na Concorrência n° 02/99;

c)utilização de empregados de empresa contratada para a realização de

atividades não abrangidas pelo objeto do Contrato n° 17/98, celebrado com a empresa

Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. para a prestação de serviços técnicos de

informática;

d)descumprimento, pela Administração, de disposições contidas no projeto

básico e no Contrato n° 17/98 ao permitir que a execução de atividades por profissionais da

empresa contratada com qualificação técnica inferior àquela avençada;

e)disponibilização de técnicos da empresa Poliedro para prestar serviços à

Agência Nacional do Cinema - Ancine em desacordo com os termos do Contrato n° 17/98, do

projeto básico e do Edital de Licitação n° 01/97;

f)pagamento de faturas sem a comprovação de que a contratada havia

efetuado o recolhimento dos encargos sociais relativos aos empregados alocados à execução

do Contrato n° 17/98;

g)ingerência da Administração na escolha dos técnicos da Poliedro para a

prestação de serviços no MDIC.

5.A meu ver, é adequado o encaminhamento de determinações corretivas

proposto pela 5ª Secex nas questões contidas nas alíneas “a” a “d” e “f” e “g”. No entanto,

considero necessário realizar a audiência dos responsáveis pelas falhas constatadas, uma

vez que ficou configurada infração às normas relativas a licitações e contratos.

6.No que tange à alínea “b” do item 4 supra, penso que cabe também

determinar à 5ª Secex que verifique os preços praticados na locação de microcomputadores

e impressoras com vistas a avaliar a possibilidade de ter ocorrido prejuízo econômico em

decorrência da adoção dessa opção em detrimento da aquisição dos equipamentos.

7.Sobre a matéria objeto da alínea “c” - utilização de empregados de empresa

contratada para a realização de atividades não previstas no ajuste -, anoto que o assunto foi

tratado em processo específico relativo aos contratos de consultoria celebrados pelo MDIC

(TC 016.068/1999-8). Como o referido processo já foi apreciado pelo Tribunal na Sessão de

08/10/2003, torna-se despiciendo dar prosseguimento ao exame do assunto.

Page 23: Acórdão 1558 2003

8.Por outro lado, cabe analisar mais detalhadamente a disponibilização de

técnicos da empresa Poliedro para prestar serviços à Agência Nacional do Cinema - Ancine

(alínea “e” do item 4 retro).

9.Em 22/07/2002, a Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração

do MDIC e a Ancine celebraram o Convênio n° 01/2002 com vigência até dezembro daquele

exercício, objetivando a cooperação na compra de bens e contratação de serviços (fls. 208 -

Anexo 1). No plano de trabalho, constava a meta intitulada “Desenvolvimento de sistemas e

automatização da área de informática da Ancine e do MDIC” com o indicador de 6.000 horas

(fls. 210 - Anexo 1).

10.Informa a Unidade Técnica que a referida meta vem sendo executada,

mesmo após expirado o convênio, mediante a prestação de serviços à Ancine por técnicos da

empresa Poliedro com fundamento no Contrato n° 17/98.

11.Entendo que se configura irregular o procedimento adotado para dar

execução ao Convênio n° 01/2002 na área de informática.

12.De início, é de se notar que a prestação de serviços à Ancine pela Poliedro

não foi objeto da Concorrência n° 01/97, que promoveu a contratação da empresa no âmbito

do Ministério. Conforme se observa no item 15 do edital de licitação, no Anexo I (projeto

básico) e no Anexo VII (minuta de contrato), os serviços licitados deveriam ser executados

nos órgãos do Ministério situados em Brasília, bem como no Departamento Nacional de

Registro Comercial - DNRC e na Secretaria de Comércio Exterior - Secex, estas duas últimas

unidades situadas no Rio de Janeiro (fls. 218/261 - Anexo1).

13.Resulta que não há previsão contratual para a referida prestação de

serviços, conclusão que se confirma a partir da leitura da cláusula primeira do Contrato n°

17/98, in verbis:

“CLÁUSULA PRIMEIRA - OBJETO

Constitui objeto do presente Contrato a prestação de serviços técnicos nas

áreas de Informática e Informação, para apoio aos órgãos da administração direta do

CONTRATANTE em Brasília/DF e no Rio de Janeiro/RJ.” [Grifei.]

14.Tem-se, portanto, que os serviços prestados à Ancine não foram licitados e

não foram regularmente contratados, ficando caracterizada a infração aos arts. 2° e 60,

parágrafo único, da Lei n° 8.666/93.

15.Diante desse quadro, propõe a Unidade Técnica que seja determinado à

CGSG/MDIC que adote providências para interromper a prestação de serviços da Poliedro à

Ancine. Em contraposição, o Coordenador-Geral de Modernização e Informática do Ministério

argumenta que tal interrupção inviabilizará o funcionamento daquela Agência.

16.Entendo que assiste razão à 5ª Secex em propor que a irregularidade seja

sanada por meio da interrupção da prestação de serviços relativos ao Contrato n° 17/98 à

Ancine. Por outro lado, deve ser levado em conta o argumento de que a suspensão brusca

dos serviços poderá ocasionar prejuízos ao funcionamento da entidade. A fim de se equilibrar

o dever de restaurar a legalidade com a necessidade de fornecer condições de

funcionamento à autarquia, penso que a solução menos traumática seria fixar o prazo de 30

(trinta) dias para que a CGSG/MDIC e a Ancine adotem providências para fazer cessar a

prestação de serviços à conta do Contrato n° 17/98 naquela autarquia, devendo a Agência,

durante esse período, promover a contratação emergencial específica dos referidos serviços.

Page 24: Acórdão 1558 2003

17.Além da providência acima, entendo que a falha deva ser também objeto de

audiência dos gestores.

18.Com relação à denúncia apensada a estes autos, os trabalhos de apuração

enfocaram os seguintes pontos:

a)interferência da administração do MDIC na indicação de empregados da

Poliedro para prestarem serviços relativos ao Contrato n° 17/98;

b)prestação, por diversos empregados da Poliedro, de serviços não relacionados

com o objeto do Contrato nº 17/98;

c)pagamento de empregados da Poliedro mediante apresentação de notas

fiscais frias;

d)desenvolvimento, pela firma Poliedro, do Sistema de Informações

Orçamentárias e Financeiras - Siofi, que seria mera cópia de sistema já existente em outro

Ministério.

19.Como resultado dos exames, a Unidade Técnica chegou às conclusões

abaixo:

a)as unidades do MDIC indicam informalmente à empresa as pessoas que irão

prestar os serviços objeto do Contrato n° 17/98, consoante admitido pelo Coordenador-Geral

de Modernização e Informática (fls. 104 - v.p.);

b)até março de 2003, houve a designação de empregados da Poliedro para

exercer atividades não abrangidas pelo objeto do Contrato n° 17/98;

c)não foi possível confirmar a existência de irregularidades no pagamento de

empregados da contratada, posto que se trata de assunto interno da empresa;

d)o sistema Siofi foi adaptado às necessidades do MDIC a partir de outro

sistema em operação no Ministério da Agricultura, tendo os respectivos pagamentos se

limitado a cobrir os trabalhos de adaptação.

20.As ocorrências mencionadas nas alíneas “a” e “b” retro geraram a

proposição de determinações saneadoras, cabendo lembrar que a última falha já está sendo

tratada em outro processo, como registrado no item 7 supra. Já a alínea “c” motivou a

sugestão de envio dos respectivos documentos à Delegacia Regional do Trabalho para que a

unidade adote as medidas que entender cabíveis quanto à possível utilização de notas fiscais

para encobrir o vínculo trabalhista entre os empregados e a empresa Poliedro.

Complementando a providência sugerida, entendo adequado também dar notícia da

ocorrência ao Ministério Público do Trabalho. Em todos os demais casos citados, manifesto-

me de acordo com as propostas da 5ª Secex.

21.Por sua vez, a questão atinente ao sistema Siofi levou a outros

questionamentos, a saber, a falta de utilização do sistema, os atrasos no desenvolvimento do

sistema Alice Web, a não conclusão do desenvolvimento do sistema Data Warehouse, bem

como a ausência de implantação de um segundo idioma no site do Ministério.

22.A equipe de auditoria constatou que os pagamentos realizados à conta

desses sistemas corresponderam a serviços efetivamente executados. No entanto, verificou-

se que o resultado final não se apresentou integralmente satisfatório, uma vez que o sistema

Siofi não vinha sendo utilizado e o sistema Data Warehouse não chegou a ser concluído. Nos

dois casos, a equipe entendeu que esse resultado deveu-se à falta de planejamento da

Unidade, mas que os trabalhos desenvolvidos ainda poderiam ser aproveitados.

Page 25: Acórdão 1558 2003

23.A julgar pelos relatórios de auditoria similares que já deram entrada em meu

Gabinete, é questão recorrente a ausência de planejamento nas aquisições de bens e

serviços de informática realizados pela Administração Pública.

24.Não custa repisar a importância do planejamento para o Setor Público por se

constituir em ferramenta indispensável à concretização do princípio constitucional da

eficiência. O planejamento é, assim, o instrumento que permite a otimização e a economia

na utilização dos recursos públicos de modo a evitar prejuízos à sociedade.

25.Fazendo remissão às considerações desenvolvidas em outras oportunidades,

especialmente no TC 009.356/2003-8 (relatório de auditoria nas contratações e aquisições de

bens e serviços de informática pela Suframa), entendo cabível expedir as determinações

semelhantes de maneira a propiciar a devida orientação sobre o assunto à Unidade agora

fiscalizada.

26.Outro aspecto que chama a atenção refere-se ao objeto do Contrato n°

17/98, conforme cláusula contratual transcrita no item 13 retro.

27.O projeto básico da contratação assim especifica os serviços contratados (fls.

229/251 - anexo 1):

a)planejamento e modelagem conceitual de sistemas de informação: “serviços

de planejamento e modelagem conceitual de sistemas de informação, tais como:

levantamento de dados, análise conceitual de sistemas, elaboração de plano estratégico de

informação e informática, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas

operacionais do MICT [atual MDIC] (Windows, Windows NT, Unix e Netware), bem como com

os processos gerais de administração do setor público”;

b)coordenação geral de projetos: “serviços técnicos de coordenação geral de

projetos, englobando: elaboração e acompanhamento de Plano de Ações Estratégicas de

Informação e Informática, elaboração e acompanhamento de Plano de contingência das

informações e de processamento, contemplando, dentre outras obviedades, a de política de

back up, definindo meios e processos que assegurem a manutenção das informações vitais

para o MICT, administração dos serviços/dados/suporte/recursos tecnológicos/banco de

dados/projetos, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do

MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware), bem como com o ambiente de rede”;

c)administração e suporte a redes: “serviços de administração, customização,

suporte e operação da rede, promovendo, periodicamente, auditoria dos recursos de

hardware/software, visando obter maior eficiência no atendimento aos usuários. Implementar

instrumentos que viabilizem a estreita observância às normas e orientações emanadas do

Órgão Central do Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática,

mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT (Windows,

Windows NT, Unix e Netware), bem como com o ambiente de rede”;

d)suporte a usuários: “serviços de atendimento aos usuários, visando solução

de problemas de softwares diversos (editores de texto, planilhas, bancos de dados, etc.),

bem como manutenção de hardware, mantendo registro histórico das ocorrências.

Implementar instrumentos que viabilizem a estreita observância às normas e orientações

emanadas do Órgão Central do Sistema de Administração dos Recursos de Informação e

Informática, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT

(Windows, Windows NT, Unix e Netware) e com o ambiente de rede”;

Page 26: Acórdão 1558 2003

e)projetos de desenvolvimento de sistemas: “serviços técnicos de

administração de projetos de desenvolvimento, implantação, programação e manutenção de

sistemas, compreendendo: definição de metodologia específica de desenvolvimento de

sistema; planejamento/desenvolvimento/implantação/manutenção de sistemas

informatizados, assegurando, atualização permanente de documentação técnica; auditoria e

análise dos sistemas, verificando a qualidade das informações e seus aspectos de eficiência

no atendimento às finalidades estratégicas do MICT, bem como suas correspondentes

relações de custo/benefício; articulação com os usuários e/ou prestadores de serviços

objetivando o uso adequado dos sistemas e a respectiva racionalização do uso das

informações; implementação de rotinas de integração de sistemas visando facilitar acesso às

bases de dados, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do

MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware) e com o ambiente de rede”;

f)administração de dados e serviços: “serviços envolvendo a utilização de

metodologia específica para administração de dados e serviços, mantendo atualizadas todas

as informações contidas nas bases de dados, tanto operacionais quanto gerenciais, provendo

a modelagem de dados, bem como o gerenciamento de contas (cadastramento de usuários,

definição de privilégios, controle de acesso, etc.), buscando sempre a compatibilização com

as plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware) e com o

ambiente de rede”;

g)administração de banco de dados: “serviços de administração de processos

para obtenção, atualização e armazenamento de dados em Sistemas Gerenciadores de

Banco de Dados (Zim, Oracle, SQL-Server e Informix), bem como implantação e otimização

do SGBD, implementação da arquitetura Cliente-Servidor e compatibilização com as

plataformas operacionais do MICT (Windows, Windows NT, Unix e Netware)”;

h)serviço especializado: “serviços técnicos especializados na área de

informática e informação e de organização, visando a estruturar plano de ações estratégicas,

bem como apoiar os diversos órgãos na elaboração de projetos e serviços de alta

especialização técnica”;

i)documentação de projetos de sistemas: “serviços de documentação de

projetos de sistemas, usando metodologia específica, que permita manter atualizada a

documentação de diversos sistemas, catalogando os programas, módulos e rotina de cada

aplicativo, mantendo sempre a compatibilização com as plataformas operacionais do MICT e

os ambientes de rede”;

j)processamento de imagens e documentação: “serviços de digitalização de

imagens de documentos, com captura via scanner de alta resolução e performance e

masterização de arquivos de impressão (spool) de relatórios. Após a captura, os conjuntos de

imagens geradas devem estar prontos para a posterior indexação (customizada caso a caso),

tendo por último a respectiva customização/implantação do software de consulta e

arquivamento eletrônico de imagens, permitindo gerência de work-flow, recuperação dos

processos eletrônicos, adição de documentos de origens heterogêneas (planilhas, editores,

bancos de dados, outros) com diversos níveis de conectividade e segurança de acesso e

dados disponíveis”;

k)serviços técnicos de processamento de dados: “serviços técnicos de

processamento de dados que permitam manter ativas as rotinas de produção e execução dos

Page 27: Acórdão 1558 2003

sistemas, executando procedimentos técnicos de consistência do ambiente de produção,

cumprindo normas de segurança específica da área, registrando, rotineiramente, todas as

ocorrências de maior relevância em documento apropriado”;

l)serviços de digitação: “serviços de digitação, envolvendo a entrada de dados,

a digitação propriamente dita, conferência, crítica e geração de meio magnético sem

ocorrência de erro, mantendo controle específico dos serviços, bem como de prazos de

execução, através da adoção de rotina informatizada”;

m)operação de microcomputadores: “serviços técnicos de operação de

microcomputadores que permitam manter ativas as rotinas de produção e execução de

aplicativos, executando procedimentos de operacionalização de microcomputadores e do

softwares utilizados pelo MICT (Word, Excel e outros), cumprindo normas de segurança

específica da área”.

28.Como se vê a partir da extensa descrição acima, os serviços contratados

pelo MDIC englobam diversas áreas independentes, a saber, gerência estratégica,

desenvolvimento de software, gerenciamento de dados, administração de rede, suporte a

usuários, manutenção de hardware, operação de microcomputadores e digitação. É, pois,

fácil perceber que o objeto contratado deveria ter sido licitado separadamente nos termos

preconizados pelo art. 23, § 1°, da Lei n° 8.666/93, de modo a ensejar a ampliação do

universo dos competidores e a obtenção de propostas mais vantajosas para a Administração.

29.Não obstante a irregularidade dessa situação, verifico que a “consolidação”

de serviços de informática autônomos em um só contrato é ocorrência bastante freqüente no

âmbito da Administração Pública Federal. A título de exemplo, trago à colação situação

similar ocorrida no TC 003.789/1999-3            003.789/1999-3      , que tratou, entre outros

assuntos, da contratação do fornecimento de licenças de software Microsoft juntamente com

a prestação de serviços técnicos de informática. Por entender que a essência do exame

empreendido aproveita à questão ora discutida, transcrevo abaixo trecho da Proposta de

Decisão proferida por este Relator naquele processo:

“22.De todo o exposto nas instruções das Unidades Técnicas e do Ministério

Público junto ao TCU, bem como nos diversos elementos trazidos aos autos pelas empresas

Microsoft Informática Ltda. e TBA Informática Ltda., observo que a essência do contrato

Select é o licenciamento de uso dos softwares da Microsoft e não a prestação serviços

técnicos de informática. Tais serviços, embora se tenha consciência de sua importância,

podem ser considerados elementos acessórios ao licenciamento. Ou seja, a finalidade do

contrato corporativo é o fornecimento de licenças de software e não se vislumbra a

existência de contrato dessa natureza para prestação de serviços unicamente.

(...)

24.Não podem prosperar, portanto, os argumentos apresentados pela TBA de

que o objeto do contrato Select é de natureza complexa, representando uma solução

integrada, que não comporta o fracionamento do seu objeto em fornecimentos

independentes das licenças de uso dos softwares Microsoft e dos serviços correspondentes.

25.Quanto à obrigatoriedade do fracionamento do objeto do contrato Select e a

necessidade de licitação para os serviços que costumeiramente são incluídos nesse contrato,

a questão, já foi dirimida por este Tribunal, nas Decisões 186/1999, 538/2000 e 811/2002,

todas do Plenário.

Page 28: Acórdão 1558 2003

26.Na Decisão nº 186/1999, posteriormente confirmada, em sede de recurso,

pela Decisão nº 538/2000, prolatada nos autos do TC 002.646/1997-8            002.646/1997-

8      , da relatoria eminente Ministro Bento José Bugarin, consta a seguinte determinação:

'(...)

8.2. com fulcro no art. 45 da Lei n° 8.443/92, fixar o prazo de 15 (quinze) dias

para que a ECT exclua do contrato de n° 8.756/96, firmado com a empresa TBA Informática

Ltda., caso este tenha sido prorrogado após 31/12/98, os serviços de assistência técnica e

treinamento, haja vista terem sido contratados sem licitação, com inobservância aos

preceitos da Lei n° 8.666/93, uma vez que é possível a competição para a espécie, consoante

demonstram os próprios estudos técnicos daquela empresa pública, devendo, portanto, caso

ainda seja de seu interesse, ser realizado o competente processo licitatório para a

contratação dos aludidos serviços, observando-se, nessa hipótese, todos os dispositivos da

mencionada Lei n° 8.666/93; [grifei] (...)'

27.Cabe ressaltar que o contrato nº 8.756/96 acima referido, conforme já

mencionado no item 6.7 do Relatório antecedente, é exatamente um contrato Select, firmado

entre a ECT e a TBA Informática Ltda. Portanto, resta claro que a Decisão 186/1999 aponta

no sentido de que os serviços de assistência técnica e treinamento, na área de informática,

devem ser licitados pela Administração Pública, independentemente da aquisição das

licenças de software.

28.A Decisão nº 811/2002 - Plenário - TCU foi prolatada nos autos do TC

006.337/2002, relatado pelo eminente Ministro Benjamin Zymler, referente à representação

do próprio TCU acerca de irregularidades ocorridas na Concorrência LICSUPGA 20022113948,

realizada pelo Serpro para a aquisição de produtos e serviços para a plataforma Microsoft. No

voto condutor da referida decisão, o eminente Relator consignou:

'No caso concreto, não se verificou nenhuma justificativa para a realização de

uma única licitação para a aquisição de bens de informática e de prestação de serviços que,

a princípio, poderiam perfeitamente ser objeto de certames distintos (...)'

29.Na parte dispositiva da referida decisão, este Tribunal prolatou as seguintes

determinações ao Serpro:

'8.2.3. celebre distintas licitações para aquisição ou atualização de licenças de

software e para fornecimentos de serviços na plataforma Microsoft;

8.2.4. nas licitações de serviços na plataforma Microsoft, sejam especificados e

contratados separadamente dos demais os serviços de treinamento e certificações, de

suporte técnico e de consultoria, utilizando-se o parcelamento ou a adjudicação por itens

como forma de obtenção de melhor preço entre os licitantes.' [Grifei]

30.Conforme pode ser observado nas determinações supracitadas, não apenas

o fornecimento de serviços deve ser licitado separadamente da aquisição ou atualização de

licenças de software, como os próprios fornecimentos de serviços devem ser licitados de

forma a se permitir a contratação separadamente por itens, conforme a natureza do serviço.

31.Há que se considerar ainda que os requisitos de qualificação técnica para o

fornecimento de serviços devem ser diferenciados daqueles exigidos para o fornecimento

das licenças de software. No primeiro caso, as exigências de qualificação técnica devem ser

suficientemente seletivas de forma que os interessados na prestação dos serviços

comprovem a necessária capacitação, enquanto que para o caso do simples fornecimento de

Page 29: Acórdão 1558 2003

licenças, tal qualificação deve ser bem mais simples, já que qualquer que seja a modalidade

contratual adotada, as licenças de software são as mesmas.

32.Da mesma forma, devem ser definidos distintamente os requisitos de

qualificação técnica de cada espécie de serviço (assistência técnica, treinamento e

certificação, suporte técnico e consultoria), vez que as exigências de conhecimento técnico

para os prestadores de cada um deles também é distinta. Essa proposta visa a ampliar a

competição no processo licitatório, pois evita, numa única licitação para a contratação de

diversos serviços técnicos, que utilize a qualificação necessária à prestação de serviços de

consultoria, que pode ser de alto grau e que poucos credenciados detenham, venha a ser

utilizada também para contratação de serviços de assistência técnica ou treinamento, que

nem sempre é alta, excluindo os eventuais credenciados para estes últimos da participação

do certame.” [Grifo no original.]

30.As conclusões do exame procedido no citado processo originaram a prolação

de Acórdão na Sessão Plenária de 08/10/2003, que fixou o seguinte entendimento acerca da

matéria:

“9.2.1. quanto à contratação de serviços técnicos de informática (assistência

técnica, treinamento e certificação, suporte técnico e consultoria) para o ambiente Microsoft:

9.2.1.1. deve obrigatoriamente ser precedida de licitação, ante a comprovada

viabilidade de competição nessa área, e as licitações devem ser distintas das utilizadas para

a aquisição das licenças de software, conforme a jurisprudência deste Tribunal

consubstanciada nas Decisões 186/99 e 811/02, todas do Plenário;

9.2.1.2 os serviços de treinamento e certificação, suporte técnico e consultoria

devem ser especificados, licitados e contratados separadamente dos demais serviços

técnicos, utilizando-se o parcelamento ou a adjudicação por itens como forma de obtenção

do melhor preço entre os licitantes, conforme prevê a Decisão 811/02 do Plenário;

9.2.1.3 os requisitos de qualificação técnica para contratação desses serviços

devem necessariamente ser distintos para cada espécie de serviço a ser contratado e

diferenciados daqueles utilizados para a contratação de licenças de software, vez que estes

últimos são, em regra, mais simples;” [Grifo no original.]

31.Compulsando os autos, verifiquei que o Contrato n° 17/98 teve sua vigência

prorrogada excepcionalmente, nos termos do art. 57, § 4°, da Lei n° 8.666/93, em

11/05/2003 por mais 12 (doze) meses (fls. 277/278 - Anexo I), o que demonstra a

impossibilidade legal de se efetuar nova prorrogação do instrumento. Assim, entendo que

deva ser determinado à CGSG/MDIC que adote providências para assegurar que a nova

licitação a ser promovida para a contratação dos referidos serviços estabeleça o

parcelamento do objeto nos moldes previstos no art. 23, § 1°, da Lei n° 8.666/93.

32.Como registrei em item precedente, são muitos os casos em que licitações

de serviços de informática vêm sendo promovidas pela Administração Pública sem que se

proceda ao parcelamento do objeto, apesar de tal alternativa se mostrar viável. A título de

exemplo, cito alguns processos sob a minha Relatoria, como o TC 10.220/2000-8

(representação referente a licitação realizada pelo Ministério da Justiça), o TC 015.588/2003-

8 (representação relativa a concorrência promovida pela Ancine) e o TC 007.247/2003-4

(representação atinente a licitação realizada pelo Ministério do Trabalho).

Page 30: Acórdão 1558 2003

33.Algumas contratações equivalem a um CPD completo e terceirizado no

âmbito do órgão ou entidade contratante. Verifico no caso do MDIC, em tela, que o contrato

abrange planejamento e modelagem, coordenação-geral de projetos, administração e

suporte de redes, suporte a usuários, projetos e desenvolvimento de sistemas, administração

de dados e serviços e administração de banco de dados (se há diferença entre essas

atividades, não consegui bem compreendê-la), serviço especializado (não se encontra bem

definido), documentação de projetos, processamento de imagens, serviços técnicos de

processamento de dados, serviços de digitação, operação de microcomputadores (muito

semelhante aos “serviços técnicos de processamento de dados”, não se compreende bem a

diferença).

34.Minha primeira preocupação, em relação a esses contratos, é a perfeita

identificação desses serviços, com o estabelecimento das especificações de cada um, sem

intercessão entre eles. A segunda, a perfeita identificação das necessidades do órgão ou

entidade em cada um dos serviços. Como há serviços de natureza contínua, como suporte

técnico, e serviços de natureza não-contínua, com prazo determinado ou fixo, como o

desenvolvimento de projetos, tenho sérias dúvidas se a expressão dessas necessidades em

“homen-hora” é a mais adequada para ambos os tipos de serviço.

35.Na hipótese de desenvolvimento de projeto, por exemplo, a contratação por

“homen-hora” conduz ao paradoxo do lucro-incompetência. Ou seja, quanto menor a

qualificação e capacitação dos prestadores do serviço, maior o número de horas necessário

para executá-lo e, portanto, maior o custo para a Administração-contratante e maior o lucro

da empresa contratada. Será que não há outras maneiras de contratar tais serviços,

eliminando essa disfunção?

36.São muitas as preocupações com essa espécie de contrato faz-tudo, já

mencionei também a necessidade da adjudicação por itens. Mas devo ressaltar uma outra da

maior relevância: a segurança do Estado e da Administração. Sabe-se que o que há de mais

valioso no momento atual é a informação. A informação precisa ser bem adquirida, tratada e

bem guardada, às vezes com o devido sigilo. As informações do Estado e da Administração

Pública são digitalizadas, tratadas e guardadas nos seus computadores. Transitam nos

computadores do Governo federal informações sobre comércio externo e interno, sobre

agricultura, educação, saúde, infra-estrutura, e outras mais. Questiono-me se a terceirização

de todos os serviços de informática não compromete a segurança dessas informações. Nessa

linha, fico a indagar quais serviços de Informática a Administração Pública deve preservar

para execução por seus servidores devidamente habilitados? Quais podem ser terceirizados

sem riscos para o Estado?

37.Para não alongar, a última preocupação é o custo desses serviços. Tais

contratos, em regra, são de valores altíssimos. Para que se possa ter idéia, estimo que o

contrato em tela, entre o MDIC e a Poliedro, durante os seis anos de vigência, tenha custado

à Administração mais de R$ 30 milhões, considerando que em 1999 o total pago foi de R$

6,701 milhões. Fico a refletir sobre o custo-benefício dessa terceirização, em detrimento da

utilização de servidores pelo menos em algumas dessas atividades, em que se exige maior

qualificação técnica. Vale lembrar que os custos com novos servidores será reduzido em face

da atual Reforma da Previdência.

Page 31: Acórdão 1558 2003

38.Estando tal relevante problema generalizado no âmbito da Administração

Pública Federal, penso que o Tribunal não pode deixar de se manifestar sobre o assunto de

modo a fornecer orientações de conduta aos gestores. A fim de propiciar os elementos para

fundamentar essa manifestação, há a necessidade de se realizar estudos mais aprofundados

sobre os parâmetros que devem balizar a contratação de tais serviços técnicos de

informática, levando em consideração as preocupações que mencionei, bem como os

critérios de delimitação e parcelamento do objeto licitado, a forma de execução desses

serviços - se contínua ou não - e o regime de contratação dos empregados das empresas

prestadoras de serviços (celetistas, cooperados), entre outros aspectos. Para tanto, entendo

que esse estudo deva ser deixado a cargo da Segecex, que deverá contar também com o

auxílio da Setec na realização do trabalho.

Feitos os comentários cabíveis e efetuadas as adaptações necessárias ao

encaminhamento sugerido pela 5ª Secex, entendo que o presente processo se encontra em

condições de ser apreciado, motivo pelo qual VOTO por que o Tribunal acolha a deliberação

que ora apresento a este Colegiado.

Sala das Sessões, em 15 de outubro de 2003.

Augusto Sherman Cavalcanti

Relator

Acórdão

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de relatório de auditoria realizada na

Coordenação-Geral de Serviços Gerais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior - CGSG/MDIC com o objetivo de avaliar a legalidade e a oportunidade das

aquisições de bens e serviços de informática efetuadas por aquela unidade no período

compreendido entre os exercícios de 1998 e 2002, conforme deliberação contida na Decisão

n° 1.214/2002 - Plenário;

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão

Plenária, em:

9.1. conhecer da denúncia tratada nos autos do TC 006.533/2003-0 (apenso)

por preencher os requisitos de admissibilidade previstos no art. 235 do RI/TCU para, no

mérito, considerá-la parcialmente procedente;

9.2. fixar o prazo de 30 (trinta) dias para que a CGSG/MDIC e a Ancine adotem

providências para fazer cessar a prestação de serviços à conta do Contrato n° 17/98 naquela

autarquia, devendo a Agência, durante esse período, promover a contratação emergencial

específica dos referidos serviços em atendimento ao disposto nos arts. 2° e 60, parágrafo

único, da Lei n° 8.666/93 e no art. 71, IX, da Constituição Federal;

9.3. determinar à CGSG/MDIC com fulcro no art. 71, IX, da Constituição Federal

que:

9.3.1. quando da dispensa de licitação fundamentada no art. 24, inciso VIII, da

Lei nº 8.666/93, faça constar do processo licitatório justificativa de preço baseada em

pesquisa de mercado, bem como razão para a escolha do fornecedor ou executante,

conforme dispõe o art. 26, parágrafo único, inciso II, dessa mesma lei;

9.3.2. atente para o disposto no artigos 3º, 6º, inciso IX, e 12 da Lei nº 8.666/93,

fazendo constar dos projetos básicos referentes a locações de equipamentos, em especial os

Page 32: Acórdão 1558 2003

de informática, informações a respeito da economicidade de se efetuar tais locações em

comparação com a possibilidade de aquisição dos equipamentos;

9.3.3. cumpra fielmente as cláusulas pactuadas nos contratos, evitando solicitar

que os empregados das empresas contratadas venham a executar atividades não previstas

na respectiva avença, de modo a dar atendimento às disposições contidas no art. 66 da Lei

n° 8.666/93;

9.3.4. adote providências para assegurar que, nos termos dos arts. 54, § 1°, e

66 da Lei n° 8.666/93 os empregados da empresa Poliedro Informática, Consultoria e

Serviços Ltda. alocados na execução do Contrato nº 17/98 atendam aos requisitos de

qualificação mínima estabelecidos no projeto básico correspondente;

9.3.5. proceda à avaliação e ao cálculo dos eventuais prejuízos decorrentes do

fato de o órgão ter recebido serviços de profissionais de nível médio no âmbito do Contrato

nº 17/98 e de ter, em contrapartida, pago à empresa Poliedro Informática, Consultoria e

Serviços Ltda. valores relativos a profissionais de nível superior, adotando as medidas

necessárias para obter a devolução ou a compensação dos valores que venham a ser

considerados como indevidamente pagos;

9.3.6. em observância ao art. 195, § 3º, da CF, ao art. 55, inciso XIII, da Lei nº

8.666/93, ao entendimento firmado na Decisão/TCU nº 705/1994-Plenário e ao parágrafo

segundo da cláusula quinta do Contrato nº 17/98, somente efetue os pagamentos relativos

ao Contrato n° 17/98 após a comprovação, pela contratada, do recolhimento das

contribuições sociais correspondentes aos empregados que prestam serviços no Ministério,

fazendo o mesmo em relação aos demais contratos de prestação de serviços;

9.3.7. assegure a observância aos princípios constitucionais da impessoalidade

e da moralidade, impedindo qualquer forma de interferência do Ministério, ou de seus

servidores, no gerenciamento dos recursos humanos pertencentes a empresas que prestam

serviços terceirizados, em especial, no tocante à indicação dos empregados que devem ser

contratados por tais empresas para prestarem serviços no âmbito do Ministério;

9.3.8. realize estudos sobre as possibilidades de aproveitamento do Sistema de

Informações Orçamentárias e Financeiras - Siofi e do Sistema Data Warehouse, devendo a

Administração adotar as providências que entender pertinentes, caso seja encontrada uma

alternativa viável, oportuna e conveniente de utilização dos sistemas;

9.3.9. atente para a necessidade de fazer cumprir o princípio constitucional da

eficiência e as disposições contidas no art. 6º, I, do Decreto-Lei nº 200/67, implantando, na

área de informática, um processo de planejamento que organize as estratégias, as ações, os

prazos, os recursos financeiros, humanos e materiais, a fim de eliminar a possibilidade de

desperdício de recursos públicos e de prejuízo ao cumprimento dos objetivos institucionais da

unidade;

9.3.10. faça com que os trabalhos de elaboração e implantação de sistemas de

software solicitados pelo Ministério a empresas contratadas sejam precedidos de

planejamento detalhado, estabelecendo, com base em estudos prévios e fundamentados nas

necessidades dos usuários, as especificações técnicas desses sistemas, de forma que seu

desenvolvimento não sofra atraso ou solução de continuidade;

9.3.11. ao proceder a licitação de bens e serviços de informática, elabore

previamente minucioso planejamento, realizado em harmonia com o planejamento

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estratégico da unidade e com o seu plano diretor de informática, em que fique precisamente

definido, dentro dos limites exigidos na Lei nº 8.666/93, os produtos a serem adquiridos, sua

quantidade e o prazo para entrega das parcelas, se houver entrega parcelada; o resultado do

planejamento mencionado no item anterior deve ser incorporado a projeto básico, nos

termos do art. 6º, IX, e 7º da Lei nº 8.666/93, que deverá integrar o edital de licitação e o

contrato;

9.3.12. quando da contratação de serviços técnicos de informática (gerência

estratégica, desenvolvimento de software, gerenciamento de dados, administração de rede,

suporte a usuários, manutenção de hardware, operação de microcomputadores e digitação)

em substituição ao Contrato n° 17/98, especifique, licite e contrate separadamente os

referidos serviços, utilizando-se o parcelamento ou a adjudicação por itens como forma de

obtenção do melhor preço entre os licitantes, conforme preceituado no art. 23, § 1°, da Lei n°

8.666/93;

9.3.13. estabeleça distintos requisitos de qualificação técnica para cada espécie

de serviço técnico de informática a ser contratado;

9.4 determinar à 5ª Secex que:

9.4.1 com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/92 e no art. 250,

inciso IV, do Regimento Interno, promova a audiência dos responsáveis pelas ocorrências

abaixo arroladas para que apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência, as

respectivas razões de justificativa:

9.4.1.1. contratação direta do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de

São Paulo - IPT/SP, com enquadramento indevido no art. 24, inciso VIII, da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.2. contratação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São

Paulo - IPT/SP sem apresentação de parâmetros que confirmassem ser o preço ajustado

compatível com o de mercado, em desacordo com o art. 26, parágrafo único, inciso II, da Lei

n° 8.666/93;

9.4.1.3. inconsistência do projeto básico e ausência de justificativas referentes à

economicidade e à adequação ao interesse público para fundamentar a realização da

Concorrência n° 02/99, que objetivou a locação de 182 (cento e oitenta e dois)

microcomputadores e 106 (cento e seis) impressoras, ao invés da aquisição dos

equipamentos, contrariando os arts. 3°, 6°, inciso IX, e 12 da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.4. descumprimento, pela Administração, de disposições contidas no

projeto básico e no Contrato n° 17/98 ao realizar pagamentos pela execução de atividades

por profissionais da empresa contratada com qualificação técnica inferior àquela avençada,

em desrespeito aos arts. 54, § 1°, e 66 da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.5. disponibilização de técnicos da empresa Poliedro Informática,

Consultoria e Serviços Ltda. para prestar serviços à Agência Nacional do Cinema - Ancine em

desacordo com os termos do Contrato n° 17/98, do projeto básico e do Edital de Licitação n°

01/97, bem assim com os arts. 2° e 60, parágrafo único, da Lei n° 8.666/93;

9.4.1.6. manutenção do ajuste e realização de pagamentos relativos ao

Contrato n° 17/98 sem a comprovação, pela contratada, do recolhimento das contribuições

sociais correspondentes aos empregados que prestam serviços no MDIC, em inobservância

ao art. 195, § 3º, da CF, ao art. 55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93 e ao entendimento firmado

na Decisão/TCU nº 705/1994-Plenário;

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9.4.1.7. ingerência da Administração na escolha dos técnicos da empresa

Poliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda. para a prestação de serviços no MDIC, em

desrespeito aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade;

9.4.2. apure e delimite as responsabilidades pelas irregularidades tratadas no

item 9.4.1 e subitens retro, a fim de proceder à audiência dos gestores, conforme

determinado;

9.4.3. verifique os preços praticados na locação de microcomputadores e

impressoras realizada no âmbito da Concorrência n° 02/99, com vistas a avaliar a

possibilidade de ter ocorrido prejuízo econômico em decorrência da adoção dessa opção em

detrimento da aquisição dos equipamentos;

9.5. com fundamento no art. 55, § 1º, da Lei nº 8.443/92, retirar a chancela de

sigiloso que recai sobre os autos do TC 006.533/2003-0, preservando o sigilo quanto à

autoria da denúncia;

9.6. enviar, ao Ministério Público do Trabalho e à Delegacia Regional do

Trabalho do Distrito Federal para as providências cabíveis em face da possibilidade de

tentativa de ocultação do vínculo trabalhista existente entre a empresa Poliedro Informática,

Consultoria e Serviços Ltda., contratada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior - MDIC mediante o Contrato n° 17/98, e seus empregados alocados à

execução daquele contrato, conforme descrito no item 4.2.4 do relatório de auditoria, cópia

da peça denunciatória e dos respectivos documentos anexos, constantes a fls. 01/44 do TC

006.533/2003-0; dos documentos de fls. 76/79 e 112 do vol. principal, de fls. 424/433 do

Anexo II, de fls. 527/535 e de fls. 548/555 do Anexo III; da presente deliberação, bem como

do Relatório e do Voto que a fundamentam, mantido o sigilo quanto à pessoa do

denunciante;

9.7. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo - Segecex que, com

auxílio da Secretaria de Tecnologia da Informação - Setec, realize estudo sobre os

parâmetros que devem balizar a contratação de serviços técnicos de informática, levando em

consideração os fatores mencionados nos itens 33 a 38 do Voto, bem com os critérios de

delimitação e parcelamento do objeto licitado, a forma de execução desses serviços, se

contínua ou não, e o regime de contratação dos empregados das empresas prestadoras de

serviço (celetistas, cooperados, etc.), entre outros aspectos, a fim de propiciar elementos

para manifestação do Tribunal sobre o assunto;

9.8. juntar às contas da CGSG/MDIC dos exercícios de 1999, 2001 e 2002 cópia

desta deliberação, bem como do Relatório e do Voto que a fundamentam;

9.9. dar ciência deste acórdão ao denunciante;

9.10. encaminhar à CGSG/MDIC e à Ancine cópia da presente deliberação, bem

como do Relatório e Voto que a fundamentam.

Quorum

12.1. Ministros presentes: Adylson Motta (Vice-Presidente, no exercício da

Presidência), Humberto Guimarães Souto, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira,

Ubiratan Aguiar, Benjamin Zymler e os Ministros-Substitutos Lincoln Magalhães da Rocha e

Augusto Sherman Cavalcanti (Relator).

12.2. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.

Page 35: Acórdão 1558 2003

Publicação

Ata 40/2003 - Plenário

Sessão 15/10/2003

Aprovação 20/10/2003

Dou 23/10/2003 - Página 0

Referências (HTML)

Documento(s):TC 008.693.doc

Fonte: http://contas.tcu.gov.br/portaltextual/PesquisaFormulario#