Acórdão n.º 743/96 TC — Processo n.o 240/94 ("Assentos" STJ)

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    1995N.o 165 18-7-1996 DI RIO DA R EPBL ICA I S RIE -A

    go 2.o, no desempenho de misso no estrangeiro ao serviodo Estado Port ugus.

    2 Os beneficirios da pe nso atribuda nos t ermosdo nme ro ant erior sero os expressamente designadospela resoluo do Conselho de Ministros no respeitopelo disposto no artigo 4.o

    3 A pen so atribuda nos termos do n.o

    1 ser cal-culada e paga conforme o disposto nos artigos 9.o e 13.o

    4 O beneficirio no pode acumular a penso at ri-buda nos termos do n.o 1 deste artigo com qualqueroutra penso atribuda em consequncia dos mesmosfactos.

    Artigo 4.o

    Este diploma entra em vigor no dia seguinte ao dasua publicao.

    Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 20de J unho de 1996. Antnio Manuel de Oliveira Guter-res Jos Jlio Pereira Gom es Antnio Lu cianoPacheco de Sousa Franco Alberto BernardesCosta Jos Eduardo Vera Cruz Jardim.

    Promulgado em 5 de Julho de 1996.

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, JORGE SAMPAIO .

    Referend ado em 9 de Julho de 1996.

    O Primeiro-Ministro, Antnio Manuel de OliveiraGuterres.

    TRIBUNALCONSTITUCIONAL

    Acrdo n.o 743/96 Processo n.o 240/94

    Acordam no Tribunal Constitucional:

    I O pedido e os seus fundamentos

    O procurador-geral-adjunto em exerccio no TribunalConstitucional, como representante do MinistrioPblico, veio requerer, ao abrigo do disposto nos arti-gos 281.o, n.o 3, da Constituio e 82.o da Lei n.o 28/82,

    de 15 de Novembro, que este Tribunal aprecie edeclare, com fora obrigatria geral, a inconstituciona-lidade da norma constante do artigo 2.o do Cdigo Civil,na parte em que atribui aos tribunais competncia parafixar doutrina com fora obrigatria geral.

    Alegou que tal segmento normativo foi explicita-mente julgado inconstitucional, por violao d o precei-tuado no artigo 115.o, n.o 5, da Constituio, atravsdos Acrdos n.os 810/93, de 7 de Dezembro (publicadono Dirio da Republica, 2.a srie, n.o 51, de 2 de Marode 1994, a p. 1989), 407/94, de 17 de Maio, e 410/94,de 18 de Maio, estes inditos, instruindo o respectivopedido com cpia destes arestos.

    II A resposta do rgo autor da norma

    Em conformidade com o disposto nos artigos 54.o

    e 55.o da Lei do Tribunal Constitucional, foi notificadoo Primeiro-Ministro, a fim de, quere ndo, se pronu nciar

    sobre o pedido, no havendo, porm, sido oferecidoqualquer re sposta.

    Cabe agora a preciar e decidir.

    III O Acrdo n.o 810/93 do Tribunal Constitucional

    1 O Tribunal Constitucional, em sede de fiscali-zao concreta de constitucionalidade, julgou pela pri-meira vez inconstitucional a norma do artigo 2.o doCdigo Civil, na parte em que atribui aos tribunaiscompetncia para fixar doutrina com fora obrigatriageral, por violao do disposto no artigo 115.o, n.o 5,da Constituio, no Acrdo n.o 810/93 (in Dirio da

    Repblica, 2.a srie, de 2 de Maro de 1994), tiradopelo plenrio do Tribunal, cuja interveno teve lugarao abrigo do disposto no artigo 79.o-A, n.o 1, da suaLei O rgnica.

    As decises que posteriormente vieram a ser pro-feridas sobre aquela matria entre as quais se incluemos Acrdos n.os 407/94 e 410/94, referenciados no

    pedido limitaram-se a receber e perfilhar a funda-mentao ali aduzida e que passou a constituir a orien-tao jurisprudencial do Tribunal.

    E assim sendo, importa to-somente repetir aqui aslinhas essenciais da argumentao que serviu de suportequele aresto.

    Vejamos ento.2 D epois de se assinalarem algumas das vicissitudes

    sofridas pelo instituto dos assentos ao longo do seu per-curso histrico, ensaiou-se naquele acrdo uma snteseconclusiva na qual se fizeram avultar os aspectos maismarcantes e balizadores da evoluo neles verificada.

    E o p erfil dessa sntese foi assim delineado:

    a) Os assentos da Casa da Suplicao constituaminterpretao autntica das leis e tinham foralegislativa;

    b) Desde a sua instituio, em 1832, at entradaem vigor do Decreto n.o 12 353, de 22 de Setem-bro de 1926, o Supremo Tribunal de Justia nodispunha de competncia para proferir assentos,mas to-somente para uniformizar a jurispru-dncia, atravs da interpretao e aplicao daleinoscasosconcretosque lhe eram submetidos;

    c) O artigo 66.o deste ltimo diploma instituiu umrecurso inominado de uniformizao de juris-prudncia para o pleno do Supremo Tribunal

    de Justia;d) A jurisprudncia estabelecida por estes acr-dos era obrigatria par a os tr ibunais inferiorese para o Supremo Tribunal de Justia, enquantono fosse alterada po r outro acrdo da mesmaprovenincia;

    e) Apesar de o Decreto n.o 12 353 no atribuir,explcita ou implicitamente, a estes acrdos adesignao de assentos, o Supremo Tribunal deJustia assim passou a cham-los a partir deDezembro de 1927;

    f) O Cdigo de Processo Civil de 1939 consagroua denominao de assentos para os acrdosproferidos pelo pleno do Supremo Tribunal de

    Justia, mantendo no mais o regime do D ecreton.o 12 353;

    g) O Cdigo de Processo Civil de 1961 eliminoua faculdade de alterao do s assentos pelo pr-prio Supremo Tr ibunal de Justia;

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    1996 DIRIO DA REPBL ICA I SRIE-A N.o 165 18-7-1996

    h) O artigo 2.o do Cdigo Civil de 1967 veio atribuir doutrina fixada pelos assentos fora obriga-tria geral;

    i) O Decreto-Lei n.o 47 690, de 11 de Maio de1967, na redaco dada ao artigo 769.o, n.o 2,do Cdigo de Processo Civil, eliminou a refe-

    rncia que ali se fazia a respeito da eficciados assentos.

    3 Passando-se seguidamente a analisar a contro-vrsia doutrinal sobre a caracterizao jurdico-dogm-tica dos assentos e depois de se deixar meno da formacomo o nosso pen samento jurdico se tem concretizadoa este respeito actos de na tureza jurisdicional e normas

    jurdicas no seu sentido geral, como qualquer outro dosistema, ou mesmo puros actos de natureza legisla-tiva , escreveu-se no acrdo que se vem acompa-nhando d o modo seguinte:

    O Tribunal Constitucional, sem nunca haver con-siderado expressamente o tema da validade constitu-

    cional do instituto em apreo, e embora com o nicofito de avaliar da sua adequao ao conceito de norma,como pressuposto de sujeio a um juzo de constitu-cionalidade, teve ensejo de definir que a fixao dedoutrina, com fora obrigatria geral, operada atravsdos assentos, tradu z a existncia de uma norma jurdicacom eficcia erga omnes, em termos de, quanto a ela,ser possvel o accionamento do processo de fiscalizaoabstracta sucessiva de constitucionalidade (cf. Acr-dos n.os 8/87 e 359/91, in Dirio da Repblica, 1.a srie,de, respectivamente, 9 de Fevereiro de 1987 e 15 deOut ubro de 1991).

    Esta mesma caracterizao dos assentos como actosnormativos foi tambm assumida, nomeadamente, nos

    Acrdos n.os

    40/84, 68/86 e 104/86, in Dirio da Rep-blica, 2.a srie, de, respectivamente, 7 de Julho de 1984,7 de Junho e 4 de Agosto de 1986, havendo-se escritono primeiro destes arestos, nomeadamente:

    O carcter normativo dos assentos , na verdade,irrecusvel, face ao disposto no artigo 2.o do CdigoCivil, segundo o qual os tribunais podem fixar doutrinacom fora obrigatria geral. Os assentos interpretati-vos espcie de assentos sobre os quais se centrardoravante a nossa ateno fixam o sentido juridica-mente relevante de um preceito preexistente e com elea part ir da se confundem [ . . .] A norma a que se dirigetal tipo de assento, de norma de interpretao varivelevolui, por fora da valorao jurdica sobreposta que

    aquele consequencia, a norma de interpretao estvelou, pelo menos, mais estvel (o assento, como norma

    jurdica, tambm susceptvel de interpretao). A normavisada sofre, por via do assento interpretativo, profundarecomposio: uma nova norma, deste modo recom-posta, que passa a existir no direito positivo. H poiscomo que uma fuso entre a norma atingida e a normado assento que a modula.

    Com efeito, nesta linha de entendimento e luz detudo quanto vem de se expor, h-de afirmar-se que osassentos se apresentam com carcter prescritivo, cons-tituindo verdadeiras normas jurdicas com o valor dequaisquer outras normas do sistema, revestidas decarcter imperat ivo e fora obrigatr ia geral, isto , obri-gando no apenas os tribunais, mas todas as restantesautoridades, a comunidade jurdica na sua expressoglobal.

    No dizer denso e impressivo de Castanheira Neves,constituem os assentos uma prescrio jurdica (impe-

    rativo ou critrio normativo-jurdico obrigatrio) quese constitui no modo de uma norma geral e abstracta,proposta predeterminao normativa de uma aplicao

    futura, susceptvel de garantir a segurana e a igualdadejurdicas, e que no s se impe com a fora ou a e ficciade uma vinculao normativa universal, como se reco-

    nhece legalmente com o carcter de fonte de direito.4 Num terceiro momento passou a abordar-se avalidade jur dico-constitucional do instituto dos assentosface ao texto constitucional de 1976, examinando-se averso originria e as implicaes resultantes das alte-raes introduzidas em alguns preceitos na reviso cons-titucional de 1992, para se rematar e ste excurso analticocom as consideraes seguintes:

    Como consabido, os assentos no so os prpriosacrdos do tribunal pleno, mas estritamente as pro-posies normativas de estrutura geral e abstracta quese autonomizam, formal e normativamente, desses acr-dos. O assento o preceito que coroa a deciso docaso concreto com fora genrica (Antunes Varela,

    Do Projecto ao Cdigo Civil, p. 18), no a pr pria decisodo caso concreto ou o contedo normativo casusticodessa deciso.

    Originados embora numa deciso jurisprudencial quedeles constitui pressuposto jurdico, os assentos norma-tivamente objectivam, para alm dessa deciso, uma

    prescrio que fica a valer geral e abstractamente parao futuro, sendo assim equiparados a fontes de direito.

    E tanto assim sucede nos casos em que o assentofixa uma das vrias interpretaes possveis da lei (assen-tos interpretativos), como nos casos em que preencheuma lacuna do sistema e cria a norma correspondente,para depois fazer aplicao dela ao caso concreto (assen-tos integrativos).

    Por via do assento interpretativo a norma visada sofreprofunda recomposio: uma nova norma, deste modorecomposta, que passa a existir no direito positivo [. . . ]verificando-se como que uma fuso entre a norma inter-pretada e aquela que, a final, o assento acaba por modu-lar e r edefinir.

    O assento integrativo no oper a em termos de tradu ziruma reconstruo entre uma nor ma existente e a normaque nele se institui, representando antes uma normainteiramente or iginal, que preen che uma lacuna do sis-tema em conformidade com as regras gerais da inte-grao da lei definidas no artigo 10.o do Cdigo Civil.

    Deste modo, sendo funo dos assentos interpretar

    ou integrar autenticamente as leis, a norma que lhesatribui fora obrigatria geral no pode deixar de incor-rer em coliso com o art igo 115.o, n.o 5, da Constituio.

    E contra esta concluso no serve invocar oartigo 122.o, n.o 1, alnea g), da Constituio, que man dapublicar no jornal oficial, para alm das decises doTribunal Constitucional, as dos outros tribunais a quea lei confira fora obr igatria geral.

    Com efeito, esta disposio, na q ual alguma doutrinae jurisprudncia tem descortinado uma indicao dodireito constitucional positivo no sentido da legitimidadeconstitucional dos assentos (cf. Oliveira Ascenso, Osacrdos com fora obrigatria geral do Tribunal Cons-titucional como fonte de direito, in Nos Dez Anos daConstituio, 1986, p. 262; Antunes Varela, Revista de

    Legislao e de Jurisprudncia, ano 124, n.os 3813 e 3814,de 1 de Abril e 1 de Maio de 1992; Assento do SupremoTribunal de Justia de 18 de Maro de 1986, in Dirioda Repblica, de 17 de Maio de 1986), limita-se a prever

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    1997N.o 165 18-7-1996 DI RIO DA R EPBL ICA I S RIE -A

    a possibilidade de existirem decises dos tribunais comfora obrigatria geral, caso em que ser exigida a suapublicao no Dirio da Repblica, como alis sucedecom as de cises de declarao de ilegalidade d os regu-lamentos tiradas pelo Supremo Tribunal Administrativo.

    E, assim sendo, no pode ver-se neste preceito a inten-

    o de decidir do problema da validade constitucionaldos assentos, pois que, em tal caso, para alm de olegislador constituinte no se revelar razovel nem avi-sado, seria de todo aberrante que se tivesse queridotomar posio numa questo desta importncia atravsde um pr eceito com um objectivo to particular e mesmode manifesta ndole regulamentar (cf. CastanheiraNeves, O Instituto dos Assentos e a Funo Jurdica dosSupremos T ribunais, Coimbra, 1983, p. 408).

    No vale assim invocar em defesa da constituciona-lidade dos assentos, a norma sobre a publicidade dosactos, j que nela no se contm qualquer ressalva rela-tiva proibio da interpretao ou integrao dos actoslegislativos por actos de outra natureza, como sucede,

    manifestamente, com os assentos, ao fixarem doutrinaque, com fora obrigatria geral, interpreta ou integraautenticamente as leis em sentido formal.

    5 Enfrentando-se por fim a questo da constitu-cionalidade da norma do artigo 2.o do Cdigo Civil,centrou-se a fundamentao que haveria de conduzir emisso de um juzo de inconstitucionalidade, essen-cialmente, na seguinte retrica argumentativa:

    A gnese da coliso constitucional da norma doartigo 2.o do Cdigo Civil radica no facto de os assentosse arrogarem o direito de interpretao ou integraoautntica da lei, com fora obrigatria geral, assumindoassim a natureza de actos no legislativos de interpre-tao ou integrao das leis.

    A disposio genrica contida naquela norma rela-tivamente fora vinculativa geral dos assentos estevena origem da eliminao do n.o 2 do artigo 769.o doCdigo de Processo Civil de 1961, que, numa linha decontinuidade do artigo 768.o do Cdigo de ProcessoCivil de 1939, prescrevia que a doutrina assente peloacrdo que resolvesse o conflito de jurisprudncia seriaobrigatria para todos os tribunais.

    E, deste modo, a disputa qu e se vinha tr avando sobreo valor jurdico a atribuir aos assentos a partir daquelepreceito (o nico que contemplava tal matria) parauns, os assentos apenas vinculariam os tribunais hie-rarquicamente subordinados quele que os houvesse

    emitido, enquanto, para o utros, dispunham d e uma vin-culao normativa idntica s das normas gerais do sis-tema jur dico veio a ser expressamente r esolvida atra-vs da consagrao do en tendimento dou trinal que per-filhava a eficcia geral e incondicionada dos assentos,isto , a vinculao normativa geral prpria das fontesde direito.

    Por outro lado [ . . .] o Cdigo de Processo Civil de1961 suprimiu a possibilidade de mod ificao dos assen-tos constante do artigo 769.o do Cdigo de 1939, pos-sibilidade essa j contemplada no art igo 66.o do Decreton.o 12 353, que, por seu turno, recebera inspirao noDecreto n.o 4620.

    A consagrao de um tal sistema, rgido e imutvel,para alm de anquilosar e impedir a evoluo da juris-prudncia, necessariamente ditada pelo devir d o direitoe da sua adequada realizao histrico-concreta, con-traria manifestamente o sentido mais autntico da fun-o jurisprudencial.

    Ora, tanto a eficcia jurdica universal atribuda doutrina dos assentos como o seu carcter de imuta-bilidade no s se apresentam como atr ibutos anmalosrelativamente forma inicial da sua instituio em 1939mas tambm se configuram como formas de caracte-rizao inadequada de um instituto que visa a unidade

    do direito e a segurana da o rdem jurdica.E parece poder afirmar-se que, desprovida destacaracterizao, isto , sem fora vinculativa geral esujeita, em princpio, contradita das partes e modi-ficao pelo pr prio tribunal dela emitente, aquela dou -trina perder a natureza de acto normativo de inter-pretao e integrao aute ntica da lei.

    Desde que a doutrina estabelecida no assento apenasobrigue os juzes e os tribunais dependentes e hierar-quicamente subordinados quele que o tenha emitido,e no j os tribunais das outras ordens nem a comu-nidade em geral, deixa de dispor de fora obrigatriageral, o que representa, no entendimento de MarcelloCaetano, a perda automtica do valor que prprio

    dos actos legislativos (cf. Manual de Direito Adminis-trativo, Lisboa, 1973, t. I, pp. 122 e segs.)Com efeito, desde que o Supremo Tribunal de Justia,

    na sequncia de recurso interposto pelas partes, dis-ponha de competncia para proceder revisibilidadedos assentos e no cabe a este Tribunal pronunciar-sesobre os pressupostos e a amplitude do esquema pro-cessual a seguir em ordem concretizao desse objec-tivo , a eficcia interna dos assentos, r estringindo-seao plano especfico dos tribunais integrados na ordemdos tribunais judiciais de que o Supremo Tribunal deJustia o rgo superior da respectiva hierarquia, per-der o carcter normativo para se situar no plano damera eficcia jurisdicional e revestir a natureza de sim-

    ples jurisprudncia qualificada.E assim sendo, a norma do artigo 2.o do Cdigo Civil,entendida como significando que os tribunais podemfixar, por meio de assentos doutrina obrigatria paraos tribunais integrados na ordem do tribunal emitente,susceptvel de por este vir a ser alterada, deixar deconflituar com a norma do artigo 115.o, n.o 5, daConstituio.

    que, com tal sentido, o assento no representa jum acto nor mativo no legislativo capaz de , com eficciaexterna, fazer interpreta o ou integrao autnt ica dasleis.

    Mas, neste quadro de caracterizao normativo-pro-cessual do instituto, o facto de aos juzes dos tribunais

    integrados na ordem do tribunal emitente do assento(at mesmo os deste Tribunal enquanto no se operara sua reversibilidade) ser imposta a aplicao da dou-trina nele contida no representar violao da sua inde-pendncia decisria?

    Tem-se por seguro que no.Com efeito, no acompanhando embora o entendi-

    mento de Marcello Caetano no sentido de que existindouma hierarquia de tribunais, admite-se que a decisodo superior possa ser tornada obrigatria para os quedele depend am, exactamente como as instrues na h ie-rarquia administrativa (cf. ob. e loc. cits.), e tendo bempresente o princpio da independncia dos tribunais con-sagrado no artigo 206.o da Constituio, h-de ponde-rar-se que a definio jurisprudencial contida na decisodo Supremo Tribunal de Justia, nos termos propostos,no envolve prejuzo da autonomia da interpretao dodireito, que se compreende na independncia dostribunais.

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    1998 DIRIO DA REPBL ICA I SRIE-A N.o 165 18-7-1996

    Uma tal definio jurisprudencial, provinda do maisalto tribunal da hierarquia dos tribunais judiciais (nopresente processo de fiscalizao concreta de consti-tucionalidade apen as importa considerar os a ssentos doSupremo Tribunal de Justia), sem eficcia externa ergaomnes e susceptvel, em princpio, de impugnao pro-

    cessual pelas partes interessadas na causa, h-de ter-secomo adequado elemento integrativo da prpria estru-tura jurisdicional de que promana. A subordinaodevida pelos tribunais quela jurisprudncia tem algode comum com a generalidade das decises proferidasem via de recurso, s quais devido acatamento mesmoquando delas dissintam os juzes dos tribunais deinstncia.

    Alis, a prpria Constituio, no artigo 281.o, n.o 3,regendo sobre a declarao, com fora obrigatria geral,da inconstitucionalidade ou ilegalidade de qualquernorma, julgada inconstitucional o u ilegal pelo Tr ibunalConstitucional em trs casos concretos, no impondoembora uma automtica e obrigatria interveno do

    Tribunal em tal sentido, instituiu um sistema cuja matriztambm radica na unidade do direito e, de a lgum modo,na uniformidade da jurisprudncia.

    Este afloramento constitucional do valor da unifor-mizao jurisprudencial h-de ser en tendido em termosde, numa perspectiva global do funcionamento do sis-tema judicirio, justificar a subordinao de todos ostribunais judiciais jurisprudncia qualificada doSupremo Tribunal de Justia, sem que de tal subor-dinao resulte comprometida a sua independnciadecisria.

    E, na de corrncia da fundament ao cujos momentoscapitais se deixaram transcritos, concluiu-se no sentidoda inconstitucionalidade da norma do artigo 2.o do

    Cdigo Civil, na parte em que atribui aos tribunais com-petncia para fixar doutrina com fora obrigatria geral,por violao do disposto no artigo 115.o, n .o 5, da Cons-tituio [muito embora seja este o texto do originalarquivado no Tribunal Constitucional, por lapso mani-festo, aquando da sua publicao no Dirio da Repblica,foi omitida a referncia ao n.o 5 daquele preceitoconstitucional].

    Os Acrdos n.os 407/94 e 410/94, mencionados nopedido em concomitncia com o Acrdo n.o 810/93como decises fundamento, limitaram-se, seguindo napeugada deste ltimo, a acolher e sufragar a argumen-tao ali aduzida.

    IV A fundamentao

    1 Reitera-se agora o entendimento perfilhadonaqueles acrdos e a fundamentao que os suportouem termos de se julgar inconstitucional a norma doartigo 2.o do Cdigo Civil, na parte em que atribui aostribunais competncia para fixar doutrina com foraobrigatria geral.

    A Constituio no probe o legislador de estabelecerinstitutos adequ ados uniformizao da jurisprudncia era essa a primeira e essencial vocao dos assen-tos , mas veda-lhe seguramente a criao de instru-mentos ali no previstos, que, com eficcia externa (e,por maior ia de razo, com fora obrigatria geral), inter-pretem, integrem, modifiquem, suspendam ou revoguemnormas legais.

    A coliso daquela norma com o texto constitucionalradica, assim, no facto de os assentos se arrogarem odireito de interpretao ou integrao autntica da lei,

    com fora obrigatria geral, assumindo a natureza deactos no legislativos de interpretao ou integrao dasleis.

    2 Naqueles arestos, complementarmente apre-ciao da especfica questo de constitucionalidade eem plano circunscrito aos considerandos desenvolvidos

    na fundamentao, ponderou-se que a unidade pro-gressiva da jurisprudncia, ao invs da integral erra-dicao dos assentos, justifica a sua continuidade noordenament o, devendo porm no qua dro d as exignciasconstitucionais, encontrar-se o ponto de equilbrio quelegitime a subsistncia das irrecusveis vantagens queneles se contm, ensaiando-se depois, num quadro te-rico de inteira abstraco, a identificao de um sistemade uniformizao da jurisprudncia susceptvel deaquiescncia constitucional.

    Mas, e contrariamente ao sentido e alcance com quealguma doutrina se pronunciou sobre o Acrdon.o 810/93 (cf. Castanheira Neves, Revista de Legislaoe de Jurisprudncia, ano 127.o, n.o 3839, pp. 63 e segs,

    e n.o

    3840, pp. 79 e segs, e Jorge Teixeira Lopes, Polis,ano I, n.o 1, Outubro-Dezembro, 1994, pp. 157 e segs,no se empreendeu ali, em termos decisrios, qualquertarefa de reconstruo de um regime jurdico legisla-tivamente adoptado, nem se invadiu to-pouco a liber-dade de conformao do legislador.

    Com efeito, o Tribunal limitou-se, situando-se, alis,no plano que lhe pertence como tribunal supremo ergo superior de administrao da justia em matriade natureza jurdico-constitucional, a apresentar sub-sdios jurisprudenciais como complemento da sua acti-vidade decisria, fazendo-o enquanto rgo de criaodo direito, como necessariamente ho-de ser conside-rados todo s os tribunais supremos (cf., ainda sobre esta

    matria, Vitalino Canas, Introduo s Decises de Pro-vimento do Tribunal Constitucional, 2.a ed., 1994, pp. 16e 17).

    3 Como quer que seja, o certo que o De creto-Lein.o 329-A/95, de 12 de D ezembro, que procedeu r evi-so do Cdigo de Processo Civil e introduziu alteraesno Cdigo Civil e na Lei Orgnica dos Tribunais Judi-ciais, na esteira daquele aresto e da problematicidadeali suscitada, veio pr termo existncia do institutodos assentos e determinar, concomitantemente, a revo-gao da norma do artigo 2.o do Cdigo Civil.

    Na respectiva exposio preambular, justificou-seassim o sentido das solues ali adoptadas:

    Questo de particular complexidade a que decorre

    da criao dos mecanismos processuais adequados fixao de jurisprudncia na rea do processo civil, faces dvidas reiteradamente afirmadas pela doutrina sobrea nature za legislativa e a constitucionalidade dosassentos e necessidade de harmonizar o regime doactual recurso para o tribunal pleno com o decididopela jur isprudncia const i tucional no Acrdon.o 810/93, de 7 de Dezembro.

    A soluo encontrada baseou-se, no essencial, noregime da revista ampliada, instituda e regulada noprojecto do Cdigo de Processo Civil como sucedneodo actual recurso ordinrio para o tribunal pleno: con-sidera-se tal soluo claramente vantajosa em termosde celeridade processual, eliminando uma quarta ins-tnciad e recurso e pro piciando, mais do que o remdioa posteriori de conflitos jurisprudenciais j surgidos, asua preveno.

    Faculta-se s partes, de forma clara, a faculdade deintervirem activamente na deteco e preveno dos

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    1999N.o 165 18-7-1996 DI RIO DA R EPBL ICA I S RIE -A

    possveis conflitos jurisprudenciais, sendo certo que talinterveno ser po ssibilitada e incrementad a pelo indis-pensvel cumprimento do princpio do contraditrio epela necessidade da sua prvia aud io, de modo a pre-venir a prolao de decises surpresa.

    No se acompanhou, todavia, a soluo consistente

    em tratar o acrdo das seces cveis reunidas, pro-ferido em julgamento ampliado do recurso de revista,como assento, opt ando-se antes pela r evogao de talinstituto tpico e exclusivo do nosso ordenamento

    jurdico.Na verdade, como se refere no citado Acrdo

    n.o 810/93 do Tr ibunal Constitucional, sempre seria con-dio indispensvel no caracterizao do assentocomo acto normativo de interpretao e integraoautntica da lei o no ter a doutrina por ele fixadafora vinculativa geral e estar sujeita em princpio, contradita das partes e modificao pelo prprio tri-bunal dela emitente.

    Deste modo, para alm de a doutrina do assento no

    poder vincular tribunais situados fora d a ord em dos tri-bunais judiciais, no bastaria, para operar a constitu-cionalizao do instituto dos assentos, prever a pos-sibilidade de o prprio Supremo Tribunal de Justia,em recursos que ulteriormente perante si decorressem,revogar o assento anteriormente emitido, sendo indis-pensvel garantir s prprias partes, em qualquer ins-tncia, a possibilidade de impugnarem ou contraditarema doutrina que nele fez vencimento.

    Quebrada pela jurisprudncia constitucional a foravinculativa genrica dos assentos e imposto o princpioda sua ampla revisibilidade no apenas por iniciativado prprio Supremo, no mbito dos recursos peranteele pendentes, mas a requerimento d e qualquer das par-

    tes, em qualquer estado da causa , pareceu desne-cessria a instituio dos necessariamente complexosmecanismos processuais que facultassem a reviso dodecidido, por se afigurar que a normal autoridade efora persuasiva da deciso do Supremo Tribunal deJustia, obtida no julgamento ampliado de revista eequivalente, na prtica, conferida aos actuais acrdosdas seces reunidas , ser perfeitamente suficientepara assegurar, em termos satisfatrios, a desejvel uni-dade da jurisprudncia, sem produzir o enquistamentoou cristalizao das posies tomadas pelo Supremo.

    Deste modo, o legislador, considerando quebradapela jurisprudncia constitucional a fora vinculativagenrica dos assentos e imposto o princpio da sua ampla

    revisibilidade e recordando as possveis vias de com-patibilizao constitucional do instituto ali enunciados,confrontou-se com duas possveis vias de soluo:a) proceder instituio dos necessariamente comple-xos mecanismos processuais que facultassem a revisodo decidido; b) revogar definitivamente o instituto dosassentos.

    Optou-se por esta ltima alternativa, aditando-se aoCdigo de Processo Civil os artigos 732.o-A e 732.o-B,nos quais se instituiu um sistema de julgamentoampliado de revista, ponderando-se que a usual auto-ridade e fora persuasiva da deciso do Supremo Tri-bunal de Justia, obtida no julgamento ampliado derevista e equivalente, na prtica, conferida aos actuaisacrdos das seces reunidas , ser perfeitamente sufi-ciente para assegurar, em termos satisfatrios, a dese-

    jvel unidade da jurisprudncia, sem produzir o enquis-tamento ou cristalizao das posies tomadas peloSupremo.

    4 Nos termos do seu artigo 16.o, n.o 1, o Decre-to-Lei n.o 329.o-A/95 deveria entrar em vigor no dia1 de Maro de 1996.

    Contudo, a Lei n.o 6/96, de 29 de Fevereiro, veiodiferir o incio da vigncia daquele diploma para o dia15 de Setembro de 1996.

    Desde modo, a norma do artigo 2.o

    do Cdigo Civil,revogada pelo artigo 4.o, n.o 2, do Decreto-Lein.o 329-A/95, ainda subsiste no ordenamento, mantendopor isso inteira utilidade o pedido a que os presentesautos se reportam.

    E assim sendo, reiterando e acolhendo por inteiroa fundamentao desenvolvida nos acrdos funda-mento, em especial no Acrdo n.o 810/93, conclui-seno sentido da inconstitucionalidade da norma doartigo 2.o, na parte em que atribui aos tribunais com-petncia para fixar doutrina com fora obrigatria geral.

    V A deciso

    Nestes termos, decide-se declarar a inconstituciona-lidade, com fora obrigatria geral, da norma doartigo 2.o do Cdigo Civil, na parte em que atribui aostribunais competncia para fixar doutrina com foraobrigatria geral, por violao do disposto no artigo 115.o,n.o 5, da Constituio.

    Lisboa, 28 de Ma io de 1996. Antero Alves MonteiroDinis Lus Nunes de Almeida Messias Bento Fer-nando Alves Correia Bravo Serra Vtor Nunes de

    Almeida Armindo Ribeiro Mendes Jos de Sousa eBrito Alberto Tavares da Costa Guilherme da Fon-seca (com declarao de voto junta) Maria FernandaPalma (com declarao de voto) Jos Manuel Cardoso

    da Costa. Declarao de voto

    Circunscrito o objecto do presente processo de fis-calizao abstracta ponderao de anteriores e repe-tidos juzos de inconstitucionalidade das mesmas normas

    jurdicas, para se avanar para uma declarao deinconstitucionalidade, com fora obrigatria geral, des-sas normas, aqui o artigo 2.o do Cdigo Civil, na parteem que atribui aos tribunais competncia para fixar dou-trina com fora obrigatria geral, por violao do dis-posto no artigo 115.o, n.o 5, da Constituio, vejo-meimpedido de votar vencido, pois, em rigor, entenderiaaquele artigo 2.o, todo ele, em desconformidade com

    a lei fundamental, e no apenas na referida parte.Este meu entendimento vem j do tempo em queexerci funes de procurador-geral-adjunto neste Tri-bunal Constitucional, e, em peas processuais, a pro-psito da questo de saber se um assento do SupremoTribunal de Justia uma norma, para efeitos de fis-calizao concreta da sua constitucionalidade, acompa-nhei, embora no fosse esse o thema decidendum , a posi-o de Castanheira Neves quanto invalidade cons-titucional do instituto dos assentos (cf. a contra-ale-gao apre sentada no p rocesso n.o 69/83).

    Partindo exactamente da considerao daqueleautor e de outros, como Oliveira Ascenso, O Di-reito Introduo e Teoria Geral, p. 283 sobre a natu -reza jurdica do assento como uma n ova norma jurdicaque, como tal, fundamentalmente, se impe no sistema

    jurdico, repercutindo-se ao nvel jurdico da legis-lao ordinria (O Instituto dos Assentos e a Funo

    Jurdica dos Supremos Tribunais, p. 368), poderia con-

  • 8/7/2019 Acrdo n. 743/96 TC Processo n.o 240/94 ("Assentos" STJ)

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    2000 DIRIO DA REPBL ICA I SRIE-A N.o 165 18-7-1996

    cluir, como faz a conselheira Maria Fernanda Palma,na declarao de voto junta ao Acrdo deste TribunalConstitucional n.o 299/95, que a norma do artigo 2.o

    do C digo Civil conflitua com o princpio da t ipicidadedos actos legislativos estabelecido no artigo 115.o daConstituio e que a eficcia interna dos assentos viola

    o princpio da independncia decisria do s juzes, con-sagrado no artigo 206.o da Constituio.E, decisivamente, no plano dos valores do Estado

    de direito em sentido material, essa eficcia interna con-tenderia com o princpio democrtico (artigo 2.o daConstituio), tornando os assentos fontes de direitono derivadas da autovinculao subjacente ao come-timento de funo legislativa a rgos representativosdos cidados acrescenta-se nessa declarao de voto,que acompanho. Guilherme da Fonseca.

    Declarao de voto

    Votei o presente acrdo, sem prejuzo do voto devencida e r espectiva declarao n o A crdo n .o 299/95,publicado no Dirio da Repblica, 2.a srie, de 22 deJulho de 1995, por ser claro que este acrdo tem umaestrita funo generalizadora, visando apenas dotar de

    fora obrigatria geral o anterior julgamento proferidopelo Tribunal sobre o artigo 2.o do Cdigo Civil, naparte em que atribui aos tribunais competncia parafixar doutrina com fora obrigatria geral, por violaodo artigo 115.o, n.o 5, da Constituio. Assim, apesarde continuar a considerar inconstitucional, de modomais absoluto, esta norma legal, entendo que o julga-mento maioritrio, reiterado por trs vezes, que sobreele incidiu cria o pressuposto necessrio generaliza-o. Maria Fernanda Palma.

    DIRIO DA REPBLICADepsito legal n.o 8814/85

    ISSN 0870-9963

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